JLS (1969) 193-320 Printed in Great Britain
Syllables
E.C. Fudge
Department of Linguistics, University of Cambridge
1. Introdução
Kohler (1966b, 1966b : 346-348) questiona se a sílaba é um universal fonológico e
conclui negativamente1. A maneira de sustentar essa conclusão não é difícil de
imaginar: o tipo de objeções específicas para a a sílaba que Kohler propõe, se bem
fundadas, seriam suficientes para comprovar esse caso.
Eu desejaria sustentar o ponto de vista oposto. Eu gostaria de estabelecer minha
crença firme de que a sílaba é um universal fonológico. Como qualquer outro ato de fé,
ele envolve ao mesmos três partes: (i) o estudo aprofundado de um conjunto de
hipótese; (ii) a seleção de uma delas como a que está mais proximamente de ser
verdadeira do que as outras e (iii) a prontidão para enfrentar contra-argumentos em
relação à hipótese selecionada e, ainda, colocá-la, ela própria, em teste. Os contraargumentos de Kohler são, acredito, bem respondidos por Anderson (1969) (os
argumentos de Haugen (1967: 806-808) também são alemães), e eu não os discutirei
sistematicamente neste artigo (se bem que eventualmente eu possa indicar a
relevância do ponto em que eu estou em relação a um contra-argumento específico).
Enfrentarei outros
contra-argumentos e espero respondê-los, tal como foram
apresentados.
Dessa maneira, está bastante claro que cai sobre mim a necessidade de testar
minhas hipóteses selecionadas, primeiro tornando-a explícita (veja parágrafo 2
abaixo), e então tentar relacioná-la com os fatos de tantas línguas quanto for possível
(parágrafos 3-5 abaixo): uma falha completa nesse sentido seria, de fato, suficiente
1
Eu gostaria de trazer à tona mia apreciação de muitas discussões que tive com Klaus Kohle sobre o
tema deste ensaio — embora não tenha sido produtivo quanto a chegarmos a um acordo, sempre
foram discussões cordiais e construtivas. Eu agradeço a muitos outros por sugestões, principalmente a
John Wells e David Crystal.
para destruir isso como uma hipótese universalmente aplicável. Por outro lado, alguns
fatos em uma língua particular que me permitem manipular particularmente
ordenadamente pelo uso da sílaba provisionam-me com munição genuína contra
aqueles dos meus oponentes que diriam, então, que a sílaba não é um universal
fonológico. Kohler, por exemplo, tem o argumento muito forte de que isso é
universalmente possível para se fazer, sem a sílaba: '... pode-se demonstrar que a
sílaba é tanto um conceito DESNECESSÁRIO, porque a divisão da cadeia sonora da fala
nessa unidades é conhecida por outras razões, quanto é IMPOSSÍVEL, porque qualquer
divisão poderia ser arbitrária, ou ainda PERIGOSO, porque ele se choca com formantes
gramaticais (1966a: 207; 1966b: 346). Em tais casos, os oponentes têm de mostrar
como uma fonologia sem sílabas lidaria com fatos relevantes
2. PRELIMINARES TEÓRICOS
2.1 A sílaba tem dupla função:
(a) Forrnecer uma base para características prosódicas: "Les particularites
prosodiques n'appartiennent pas aux voyelles en tant que telles, mais aux SYLLABES"2
(TRUBETZKOY, 1949, p. 196). Mesmo quanto elementos tonais ou acentuais não sejam
diretamente atribuíveis às sílabas, seu domínio (mora, etc.) serão relacionados à
sílaba: "L'unite prosodique phonologique n'est pas a vrai dire simplement identique a la
syllabe" (au sens phonetique), mais elle a toujours un rapport avec la syllabe, etant
donne qu'elle est, selon les langues, une partie determinee de la syllabe ou toute une
suite de syllabes"3 (TRUBETZKOY, 1949, p. 196, ver também os exemplos das páginas
202-203)
(b) Nossa preocupação principal neste trabalho será explicar a restrições sobre a
sequência de fonemas possíveis (PIKE, 1947, p. 180-181). Algumas dessas restrições
por ser explicadas por meio da estrutura silábica (FIRTH, 1957b, p. 17) e, então, pela
2
N.T.: "As notas características prosódicas não são pertinentes às vogais enquanto tais, mas sim às
SÍLABAS."
3
N.T.: "Não se pode dizer simplesmente que a unidade prosódica da fonologia seja exatamente a sílaba
(no sentido fonético), ela sempre tem uma relação com a sílaba, que se estabelece segundo as línguas,
com uma parte determinada da sílaba ou com uma sequência de sílabas.
postulação de sistemas diferentes em diferentes lugares dessa estrutura (ALLEN, 1957,
p. 72; CHENG, 14966, p. 139); em outros casos, a escolha de uma elemento particular
em um lugar da estrutura, afeta o conjunto das escolhas em outro lugar. (ALLEN, 1957,
p. 72-74; HIL, 1966, p. 217-220)
2.2 Com quais estratos ou níveis de discussão a sílaba estará associada? E qual será
o estatuto de seus componentes?
Parece que, pelo menos, dois tipos diferentes de sílabas terão de ser postulados.
Eles correspondem aproximadamente às sílabas fonéticas tradicionais e às sílabas
fonêmicas ou fonológicas (ROSETTI, 1963, e demais trabalhos citados aqui): " On peut
definir la syllabe phonologique et l'opposer a la syllabe phonetique"4 (op. cit., p. 21).
Nossa sílaba fonológica será definida como um elemento do nível fonêmico sintático
(no sentido abstrato de FUDGE, 1967, p. 3-8), e nossa sílaba fonética como uma
elemento do nível fonético sintático (CHOMSKY, 1964, p. 68) (mais especificamente, o
tipo alofônico extrínseco (LADEFOGED, 1967; FUDGE, 1969). O primeiro tipo não terá
necessariamente qualquer relação próxima com a pronúncia. Tais sílabas consistem de
conjuntos de traços fonêmicos sistemáticos (preferivelmente rotulados em termos não
fonéticos); espera-se que eles deem uma base comum para a descrição de dialetos
mutuamente compreensíveis, mesmo quando eles sejam foneticamente muito
diferentes um do outro. O segundo tipo representará a norma de pronúncia de um
dialeto ou variedade particular e tais sílabas deverão consistir de conjuntos de traços
articulatórios (LADEFOGED, 1967, p. 49-50) ou alguma representação de base
neurofisiológica das articulações relevantes (FROMKIN, 1966; TATHAM; MORTON,
1968)
Não há necessariamente uma relação de um para um entre a sílaba fonêmica
subjacente ao enunciado e a sílaba fonética subjacente à sílaba fonêmica. Essa falta de
isomorfismo caracteriza nossas sílaba suas funções:
(a) "Se os núcleos das sílabas fonéticas não coincidem com unidades de tom ou de
colocação de localização de acento, isso é normalmente útil para postulares, com fins
4
N.T>: "Pode-se definir a sílaba fonológica e fazer sua oposição à sílaba fonética."
descritivos, sílabas fonêmicas que são unidades estruturais, relacionadas com sílabas
fonéticas, cujos núcleos não coincidem." (PIKE, 1947, p. 145)
(b) "Para línguas específicas, o estudante deve estar preparado para verificar que a
sílaba fonética não corresponde com os agrupamentos segmentais mais pertinentes da
estrutura. Da mesma maneira que os segmentos devem ser analisados como fonemas
estruturais, também as sílabas fonética precisam ser analisadas como sílabas
fonêmicas estruturais. (ib. p. 90)
Assim, em francês, temos o bem conhecido "e mudo" que, embora seja
normalmente realizados como zero, tem de ser considerado no nível fonêmico: em
qualquer outra base, vários fatos morfológicos são mais difíceis de se estabelecer.
Como um exemplo de tais fatos morfológicos, consideraremos como as formas
masculinas e femininas dos adjetivos estão relacionadas. Foneticamente, temos as
formas mostradas na Tabela I. Cada forma é monossilábica. As regras que estabelecer
as relações são excessivamente complexas se tomarmos o masculino como a forma
básica; se a forma feminina for tomada como nosso ponto de partida, teremos:
masc.
'alto'
o
'feio'
lɛ
'grosso'
gro
'cinza'
gri
'vermelho' ruʒ
Tabela I
fem.
ot
'amarelo'
lɛd
'fino'
gros
'são'
griz
'santo'
ruʒ
'bom'
masc.
ʒon
fæ̃
sæ̃
sæ̃
bõ
fem.
ʒon
fin
sɛn
sæ̃ t
bɔn
Cada forma é monossilábica. As regras que estabelecer as relações são
excessivamente complexas se tomarmos o masculino como a forma básica; se a forma
feminina for tomada como nosso ponto de partida, teremos:
-ʒ, -on
-in, -ɛn
→
-ɔn
→
-t, -d, -s, -z →
inalterado
-æ̃
-õ
zero
A Tabela 2 mostra uma abordagem menos baseada na fonética, incorporando o ə
como um fonema:
masc.
'alto'
hot
'feio'
lɛd
'grosso'
gros
'cinza'
griz
'vermelho' ru-ʒə
Tabela 2
fem.
ho-tə 'amarelo'
lɛ-də
'fino'
gro-sə 'são'
gri-zə 'santo'
ru-ʒə
'bom'
masc.
ʒo-nə
fin
sɛn
sɛNt
bɔn
fem.
ʒo-nə
fi-nə
sɛ-nɛ
sɛN-tə
bɔ-nə
(a abordagem de Togeby (1951) é muito similar a essa); todos os femininos agora são
dissílabos, bem como as formas masculinas de 'vermelho' e 'amarelo'. O masculino
agora é a melhor escolha para ser a forma básica, e as regras são as seguintes:
Regras morfológicas
Adj.
→ Adj.
+ (sujeita à restrição geral de que duas instâncias de ə não
ə
podem ser adjacentes na mesma palavra — assim, ru-ʒə e
fem.
masc.
ʒo-nə não podem receber outro ə)
Regras fonológicas (relevantes para a língua)
i
ɛ
ɔ
+
n
N
→
t, d, s, z, ə → zero
æ̃
æ̃
õ
quando não estiverem separados por uma fronteira de sílaba
em final de palavra
Outro exemplo pode ser a vogal longa "u" do inglês. Sua realização fonética
como [ju:] possibilita encontros formados de [Consoante] + [j] paralelos a [Consoante]
+ [w], [l] ou [r] que se realizam fonemicamente como encontros consonantais. Nesse
caso, a estrutura fonética da sílaba poderia diferir da fonêmica em dois aspectos:
(a) O inventário dos elementos capazes de atuar como o segundo membro de
encontros consonantais iniciais diferirá (três termos no nível fonêmico e quatro no
nível fonético); o fato de que apenas a vogal [u:] segue normalmente um [j] nesses
encontros não afeta a questão. Na verdade, há poucas palavras com [CjV] inicial em
que [V] não seja [u:], a exceção é piano. Para aqueles que pronunciam [pi'ænou], a
forma é obviamente trissilábica fonéaca e fonemicamente, poderia ser um trissílabo
fonêmico /pĭ - æ̒ - nou/, mesmo para aqueles que pronunciam ['pjænou]. Esse caso
poderia ser tratado como um empréstimo, mas está suficientemente bem estabelecido
para indicar um tipo de inovação estrutural que futuramente poderá espalhar-se no
inglês.
(b) O inventário dos elementos capazes de atuar como o primeiro membro do
encontro consonantal inicial diferirá (oclusivas e fricativas surdas, exceto palatais, no
nível fonêmico; todas as consoantes, exceto palatais e [w], [r] e [l], no fonético).
2.3 A relação de sílabas fonéticas a pulsos expiratórios (Stetson, 1945: 6) ou sopros
de ar (Rosetti, 1963) ou sonorização (Halla, 1961) não será discutida. Elementos
sistemáticos não se definem em termos de suas manifestações físicas - na verdade,
eles não se definem como postulados semelhantes a elementos de cálculo abstrato
em termos do qual o sistema subjacente pode ser descrito. Só depois que eles forem
postulados (como um sistema caracterizado por certas relações) esses elementos
abstratos vinculam-se por regras de realização com fenômenos observáveis; estes
últimos CARACTERIZAM, mas não DEFINEM os elementos abstratos. A justificativa para
postular um sistema de elementos e regras de realização, em vez de outro é
'renovação de conexão' de mão dupla (Firth, 1957b: 1): (i) isso permite predizer quais
tipos de eventos fonéticos são suscetíveis de ocorrer (cf. CHOMSKY "adequação
observacional", 1964, p. 29-30), (ii) eles concordam com a intuição dos falantes nativos
sobre sua língua (cf. CHOMSKY "adequação descritiva", 1964, p. 29-30). Se, além disso,
houver uma justificativa fonética independente para postular algum elemento, então
isso vai proporcionar mais uma confirmação da regularidade para fazê-lo. Por exemplo,
a grande diferença acústica entre vogais e consoantes (consoantes são modificações
acústica de vogais em vez de elementos por si mesma — HOCKETT, 1955, p. 206-208)
tende a confirmar a adequação de uma sílaba que é basicamente CVC na natureza. Há
também o ponto de que alguns afásicos são incapazes de pronunciar certas palavras,
mas lembram-se e reproduzem o número de sílabas e da posição do acento de palavra
(JAKOBSON, I968, po. 64).
O uso glossemático do termo", com sua insistência em critérios distributivos
isolados(cf. Togeby, 1951, p. 80-87) pode ser tão enganosa como usos que implicam
definição em termos de propriedades intrínsecas. Mais uma vez, podemos dizer que
um elemento sistemático é CARACTERIZADO e não DEFINIDO por sua distribuição:
assim, o fato de que em dinamarquês p e k têm distribuições distribuição idêntica não
importa - eles são postulados como elementos distintos e, então, pode-se dizer que
são caracterizados por distribuição idêntica (cf. Bazell, 1953p. i6). A 'definição' circular5
de "sílaba" e "acento" feita por Hjelmslev (um como função do outro) (1939, p. 266268) não é circular, se for entendida como uma caracterização de sílaba e acento, que
são de fato postulados primitivos. O mesmo poderia ser dito da 'definição' de vogais e
consoantes feita por A. A. Hill (1958, p. 68-69).
Para uma abordagem dos morfemas, que é análoga à nossa própria abordagem de
elementos fonêmicos, veja Koutsoudas (1963): "O morfema é aquela unidade da
gramática cujo arranjo é especificado pela sintaxe e que resulta de sequências usadas
para predizer a forma física das sentenças" (p. 169)
Deve-se lembrar que os procedimentos pelos quais montamos a sílaba em uma
língua particular (ou por que nós decidimos onde colocar fronteiras silábicas em
palavras dessa língua) não fazem parte de sua definição como uma unidade teórica,
nem de maneira geral ou nem na língua específica. Não se afirma que esses processos
não sejam importantes na fase da "descoberta" do trabalho linguístico, mas é uma
afirmação de que essa fase deve ser cuidadosamente distinguida da fase de
'apresentação', e que este último que é, teoricamente, básico - procedimentos de
descoberta são essencialmente "tentativa e erro" em sua natureza, e devem ser
avaliados em termos de se seus resultados concordam com o melhor sistema montado
para a descrição da língua. A negação de Chomsky do estatuto teórico da distribuição
complementar (1964: 93) é provavelmente para ser entendido sob esta ótica.
Um problema importante que qualquer teoria da sílaba deve enfrentar é a relação
entre sílaba e morfema. A adoção de um quadro generativo coloca esse problema de
uma forma aguda: em que ponto e de que forma pode uma fonologia baseada na
sílaba (como Saporta; Contreras, 1962) "encaixar-se" numa gramática baseada em
morfemas e formantes (tal como Halle, 1959)? Kohler corta o nó górdio, dizendo que
não há uma resposta simples para esta pergunta, uma gramática baseada em sílaba é
simplesmente impensável: '. . . pode-se demonstrar que a sílaba é tanto um conceito
5
Acusado de ser circular por Togeby (1951: 75), apesar de Hjelmslev afirmar explicitamente estar
evitando circularidade (HJELMSLEV, 1939, p. 267).
DESNECESSÁRIO,. . . ou IMPOSSÍVEL, ... ou mesmo PREJUDICIAL, porque ela se choca
com formantes gramaticais"(1966a, p. 207; 1966b, p. 346). Na verdade, o
reconhecimento explícito desta falta de isomorfismo não impediu outros estudiosos de
ver a necessidade de ambos os tipos de unidade: "padrões mórficos podem ser
inteiramente ligados ao padrão silábico, como em chinês; fortemente ligados ao
padrão silábico, como nos dialetos Bantu; fracamente ligados ao padrão silábico, como
em turco ou Inglês; ou independente do padrão silábico, como nos dialetos semitas
"(Bazell, 1953, p. 62).
2.5 A maneira de se fazer a ligação entre sílaba a morfema não pode ser entendido
senão com uma distinção clara entre MORFEMA (uma unidade funcional, voltada para
a gramática e não decomponível em fonemas) e o MORFE (uma unidade manifesta,
voltada para a fonologia, que consiste, em geral, de uma sequência de fonemas). A
relação entre os dois é de representação: assim Inglês SANK consiste de um morfe
(quatro fonemas de comprimento), que representam dois morfemas. Para esta
distinção ver Bazell (1953, p. 51-60).
2.6 O elemento fonológico PALAVRA desse ponto de vista é uma sequência de
morfes que, como morfes individuais, não têm nenhuma relação necessária com
sílabas (cf. a citação de Bazell acima), e consiste, de outro ponto de vista, de uma
sequência de um número inteiro de sílabas — assim, a sequência de morfes está
relacionada com a sílaba, mas apenas indiretamente, através da palavra. Se um
morfema ou uma sequência de morfemas que formam uma unidade de construção
passa a ser representado por uma única palavra, vamos tratar isso como uma
coincidência: em outras palavras PALAVRA GRAMATICAL não é um elemento com
estatuto sistemático. No nível gramatical, os morfemas serão combinados em
CONSTRUTOS, cujos limites não coincidem necessariamente com as fronteiras de
palavras em tudo: assim morfemas de tempo são mais considerados como estando em
construção gramaticalmente com um predicado completa, embora morfes
representem morfemas essas são muito frequentemente ligado com o radical verbal
(cf. Harris, 1951, p. 278-279; I957, p. 325).
O caso extremo é exemplificado pela partícula interrogativa -ne no Latim: a
construção gramatical é Q + Núcleo não Q + primeira palavra, enquanto
fonologicamente temos a sílaba CV-ne aparecendo como a última sílaba da primeira
palavra (fonológica) (n.b. não está 'ligado' àquela palavra — em qualquer caso
particular, quando -ne está presente, eu sinto que é mais apropriado dizer que o morfe
ou a sequência mórfica à qual está ligado não forma uma palavra, a despeito do fato
de que ele nos casos em que -ne não está presente: assim, em César veniet 'César virá',
César é uma palavra, enquanto em Caesarne veniet' César virá? 'César' não é uma
palavra).
Apenas um pouco menos extremos são casos como o chinês -de que, quando ligado
ao último elemento de uma série de sílabas que representam uma frase ou uma
cláusula, permite que a frase ou a oração de funcionar como um nome modificador.
Gramaticalmente,
a
construção
é,
digamos,
Oração
+
Adjetivador,
mas,
fonologicamente, é última sílaba da sintagma + -de, a despeito do estatuto gramatical
da sílaba - o tom de -de é inteiramente dependente do tom da sílaba a que está
anexado (HOCKETT, 1947, p. 257).
Muito semelhante, novamente, é problema inglês do 's: em the King of England
hat6, -'s é uma palavra? Se não for, como pode estar em construção com um sintagma
(the King of England)? Mas se for, como porque ele nunca ocorre como uma forma
livre? A solução é reconhecer que as construções fonológicas podem não precisam
corresponder com as gramaticais: gramaticalmente temos sintagma nominal +
possessivo, enquanto fonologicamente temos o the + king + of + England's + hat.
Ingland's é uma palavra, mas England (neste caso particular) não é.
6
N.T. 'O chapéu do rei da Inglaterra'
sentenças
grupos
entoacionais
Frases
construtos
palavras
morfemas
sílabas
sequências de
fonemas
("morfes")
segmentos
pronúncia
Figura I
Assim, a hierarquia gramatical deve ser rigorosamente distinguida da hierarquia
fonológica (ver Fig. I.) (Ver Pike, 1967; cap. 9, p 409-410). Haverá estreita
correspondência ou mesmo identidade entre os elementos em certos casos
particulares (cf. a afirmação de Bazell da relação entre sílaba e morfe citada em 2.4
acima): as linhas pontilhadas na Figura I mostram algumas dessas correspondências
possíveis. Morfes formam a ponte entre as duas hierarquias: a relação entre morfemas
e morfes, e a composição mórfica das palavras (Essa último área, é, penso eu, o mais
próximo que se tem de "palavras gramaticais") juntos compõem o domínio da
morfologia (que deve ser dissociada da fonologia, e não nele incluído como parece ser
cada vez mais a moda hoje em dia). A ligação entre as formas e as estruturas geradas
pela hierarquia fonológica pode ser realizada por um algoritmo que leva em conta a
ordem dos fonemas que compõem os morfes e os atribui aos segmentos apropriados
na estrutura da sílaba e na estrutura da palavra. Isso proporcionaria um meio de
ajustar a posição silábica de fonemas que pertencem a um morfe de acordo com o
contexto mórfico do último — o /v/ de driver é final de sílaba, mas é mais natural
tomar /v/ de driving como inicial de sílaba (cf. KURYTOWICZ, 1948: 82-83).
As "frases fonológicas" de Chomsky e Halle (1968: 9-1O) correspondem aos nossos
grupos de entoação (que são os "domínios máximos dos processos fonológicos"): as
regras para a inserção de fronteiras frase fonológica são parte das regras para a
conversão de "estrutura de sintática superfície" (a saída do componente sintático) na
"estrutura fonológica superficial" (a entrada para o componente fonológico) (1O, 13).
Este enquadramento tem a desvantagem de introduzir necessariamente elementos
fonológicos de maneira ad hoc, e não sistematicamente, estabelecendo relações entre
os vários elementos. Estas relações são, de fato, relativamente simples: cada elemento
é constituído por uma cadeia com um número inteiro de ocorrências dos elementos do
nível imediatamente abaixo dela — uma frase consiste de uma ou mais palavras, uma
palavra de um ou mais sílabas. A única estrutura mais complexa é a sílaba, em que as
estruturas de ramificação, ao contrário das sequências, são relevantes (ver a seção
seguinte).
2.7 Obviamente, os morfes e as estruturas geradas pela hierarquia fonológica
devem ser compatíveis entre si. Surge a questão, que tipo de estrutura tem prioridade
lógica? Em outras palavras, são as sequências de fonemas que consistem de morfes
sujeitas às restrições incorporadas nas regras de estrutura silábica, ou é o inverso?
Neste último caso, sem regras de estrutura silábica, as regras para estrutura mórfica
só podem ser do tipo de "estado finito" (como ŠAUMJAN, 1962, propõe), o que leva a
problemas tais como a dificuldade de tratar sílabas VC casos especiais de sílabas CVC,
que por sua vez leva a descrições desnecessariamente complicadas, como as de
Roceric-Alexandrescu (1967). Regras de estrutura silábica com a possibilidade de zeros
em alguns lugares nos permitem usar as regras de "estrutura de frase" (cf. novamente
ŠAUMJAN, 1962), que reduzem bastante o número de diferentes tipos de sílaba (por
exemplo, no caso de Roceric-Alexandrescu, de 20 para 4, ou ainda menos).
Além disso, regras de estrututa mórfica serão aplicadas ou a morfes sem vogais (ex:
Inglês plural s/z,
passado t/d passado, e talvez mudança de acento denotando
nominalização), ou precisam ser mais complexas para explicar tais casos, com um
conjunto constituído adequadamente de regras de estrutura de sílaba, por outro lado,
este problema não se coloca (ver mais abaixo, 55). Aliás, seria interessante saber como
Kohler trataria de uma palavra bi-mórfica como goes — ele violaria sua terceira
objeção (ou seja, de que divisão silábica e divisão mórfica às vezes se chocam),
aceitando-a como um monossílabo? — Sua única alternativa seria tratá-la como
dissílaba, o que parece pouco satisfatório e desnecessário.
As "regras de estrutura de morfema" de Halle (1959, p. 39, 58-61) parecem ser
(finito estado) regras de estrutura mórfica (de estado finito) puras e simples: as sílabas
não desempenham nenhum papel explícito na fonologia. Em um artigo recente,
Stanley (1967) propõe que a noção de Halle de um conjunto ordenado de regras de
estrutura de morfema, a par com outros tipos de regra fonológica, deve ser substituído
por um conjunto não ordenado de "condições de estrutura de morfema " diferentes na
forma, a partir de regras fonológicas apropriadas, e deve ser mantido separado deles.
É importante notar a proposição de Stanley (432) de que condições de estrutura de
morfema de um determinado tipo ("condições positivas") são necessárias para fins de
se 'estabelecer restrições sobre a estrutura silábica, isto é, ao indicar as restrições
relativas aos traços Consonantal, Vocálico e, talvez, Obstruinte '. Se isso é verdade,
essas propostas representam um passo em frente, mas ainda sofrem de dois
inconvenientes importantes:
(a) Seu caráter de "estado finito" permanece inalterado;
(b) Elas trabalham muito bem para língua de um tipo especial em que morfes e sílabas
correlacionam-se muito proximamente: o exemplo dado no texto (427) é um caso
extremo desse tipo. A situação típica das línguas semíticas é muito diferente: morfes
são de três tipos distintos:
(i) raízes, muito frequentemente com a forma CCC,
(ii) Infixos, normalmente com a forma VV (com zero sendo uma escolha para
qualquer V),
(iii) Partículas, prefixos e sufixos, normalmente como (C)V(C).
O tipos (i) e (ii) são descontínuos e "entrelaçados" produzindo sequências em que o
tipo comum de restrições silábicas opera, e para os quais as regras de estrurura
silábica deve, portanto, ser configurada completamente distinta das regras de
estrutura mórfica para os principais classes de palavras.
Por isso, é necessário falar em termos de sílabas; entretanto, não é suficiente.
Chomsky e Halle (1968) invocaram sílabas continuamente — monossílabos, dissílabos,
etc. — em suas discussões formais (no texto frequentemente, mas algumas vezes,
também, nos sistemas de regras propostos), e sempre postularam um traço Silábico
"que caracterizaria tosos os segmentos que constituem um pico silábico" (354).
Infelizmente, nenhum desses termos são colocados de maneira explícita no texto ou
nas regras; somos levados a inferir que um monossílaba é provavelmente um
formativo com apenas uma vogal ("Em monossílabos, a vogal recebe o acento
primário" (16) e talvez também a sílaba seja uma sequência de fonemas que ontem um
e apenas uma vogal (Ʃ, [is] uma sílaba acentuada, isto é, um sequência com a forma
CoVC0). O termo "sílaba" nem mesmo figura no índice de Chomsky e Halle (1968).
Na verdade, pode-se afirmar que isto não é satisfatório para lidar com a estrutura
de um elemento em termos de afirmações desenvolvidas para lidar com a estrutura de
um elemento essencialmente diferentes e apenas indiretamente relacionado. Se
queremos estabelecer uma estrutura silábica, devemos introduzir explicitamente o
elemento 'sílaba' em nossa descrição linguística, e estabelecer suas relações com os
outros elementos da hierarquia fonológica; é precisamente isto que Chomsky e Halle
(1968) deixam de fazer.
3. Exemplo I
3.1 O primeiro dos casos a ser trazido como um desafio aos oponentes da sílaba
(ver cap. I) está correlacionado com o estágio de desenvolvimento linguístico de meu
filho. Com a idade de um anos e quatro meses, suas palavras caem nas seguintes
classes estruturais:
(a) VC: somente duas palavras: [am] 'jam', [ʌp] 'up'.
(b) CV(C): o tipo mais frequente: consoante bilabial que ocorre somente com vogais
posteriores arredondadas, por. ex., [bo] 'ball' ou 'book', [bɔm] 'batida em um tambor
ou toque no piano' (a falta de diferenciação não é meramente lexical!); consoante
alveolar que ocorre algumas vezes com vogais posteriores, por exemplo, [don] 'down',
mas mais mais frequentemente com vogais anteriores, [ti] 'a drink [beber]', [den]
'again [novamente]'. O lugar de articulação da consoante final (normalmente uma
nasal) era sempre o mesmo da consoante inicial.
(c) CV(C)-CV(C) (reduplicado): duas (talvez três) palvras: [bo-bo] 'dog [cachorro]' e [taɁtaɁ] 'brick [tijolo]' (derivado de on top [em cima]), junto com uma ocorrência de [deɁdeɁ] 'teddy [ursinho de pelúcia] (normalmente [deddi] — ver classe (d)); as restrições
mencionadas na classe (b) parecem servir para esta classe também. Em relação ao
acento, essas formas foram tratadas como duas palavras nesse estágio (por isso o
hífen foi acrescentado).
(d) CVCCV: todas as consoantes eram idênticas em uma dada palavras: alveolares
ocorreiam com vogais anteriores, e bilabiais com vogais posteriores, sem exceções;
vogais fechadas numa eram seguidas por vogais abertas na mesma palavra, por
exemplo: [daddi] 'Daddy [papai]', [mɔmmo] 'Mummy [mamãe]'.
Para esse estágio, seria razoável postular um inventário de fonemas como na Tabela
3, com as regras de realização da Tabela 4. O sistema obviamente presta-se melhor
para uma abordagem prosódica, mas isso não será elaborado nesse momento. Sobre a
"harmonia consonantal'' compare-se Jespersen (1922, p. 109-110); sobre a restrição
entre consoantes e vogais, compare-se Jakobson (1968, p. 29-30).
Tabela 3
A
a
1
p/b
b
2
B
t
(i)
(ii)
P
i/e
o
Q
a
ɔ/ʌ
d
m
n
Tabela 4
[p] final de palavra
A1
→
B1
→
B1a
B1b
A2
B2
→
→
→
→
P(i)
→
P(ii)
Q(i)
[b] em qualquer posição
[Ɂ] final de palavra (sincretismo de t e d nessa
posição
[t]
[d]
[m]
[n]
[e] antes de consoantes
[i] em qualquer posição
[o]
[a]
[ʌ]
quando estiver precedido por uma consoante
[ɔ]
em qualquer posição
Q()ii
3.3 Os próximos desenvolvimentos significativos são:
(i) (Na idade de 1,4 anos) As velares foram acrescentadas ao inventário de alofones:
fonemicamente, isso significa que o acréscimo de uma coluna C ao diagrama na Tabela
3. Para começar, elas quanse sempre ocorreram com vogais não arredondadoas, por
exemplo [kʌk] 'cake [bolo]' or 'truck[trator]', [gʌn] 'garden [jadim]' (as duas da classe
(b)), [gʌgɯ] 'doggie [cachorro] (class (d)), embora houvesse exceções, por exemplo [ka]
'car [carro]'.
(ii) (1,4-1,5 meses) As restrições "harmônicas" entre vogais e consoantes começam a
ser vencidas, por exemplo [bɛ] 'bear [urso]', [gaŋ] 'garden [jardim]'; as restrições entre
vogais numa palavra, e entre consoantes numa palavra, entretanto, ainda se matêm:
[memi] 'Mummy [mamãe]', [kigi] 'piggie [leitão]', [bap] 'back [atrás]'. . [e] e [i] agora
representam diferentes fonemas, e as geminadas mediais das palavras da classe (d)
tornam-se consoantes simples.
(iii) (1,5 meses) As palavras com a forma CVNC aparecem pela primeira vez [giŋk] 'sink
[afundar]', [dont] 'don't [não faça]'.
(iv) (1.5-1,6 meses) Acréscimo das laterais (em sílaba inicial): [lɔi] 'lorry [caminhão]';
fricativas [ɕ] e ocasionalmente [x] (em sílaba final): [piɕ] 'please [por favor]', [gax] 'scarf
[lenço]'; vogal [i] numa função "consonantal" (em sílaba final): [bɔi] 'boy [menino]'
(extrinsecamente CVC [bɔy]).
(v) (1,5-1,6) Primeiros sinais de relaxamente na restrição de "harmonia consonantal":
alveolares (incluindo [ɕ]) começam a aumentar sua ocorrência em posição final
quando labiais ou velares correm inicialmente [piɕ] 'please [por favor]', [niɕ] ou [miɕ]
como formas variantes de 'missed [desaparecido]', [ban] 'bang [barulho de tiro]',
[map] ou [mat] como formas variantes de 'smack [beijo]'. Isso poderia confirmar a
hipótese de que o ponto de articulação alveolar é não marcado em relação a todos os
outros (cf. JAKOBSON, 1968, p. 87-88; KOHLER, 19678b, p. 146).
(vi) (1.5-1.6 anos) Palavfras reduplicadas (classe (c)) foram acentudadas como palavras
simples, isto é, em relação ao ritmo [tattat] 'brick [tijolo]' e [dadi] 'Dady [papai]' agora
são idênticas; a redução de encontros consonantais aparece em muitos casos:
[maman] 'milkman [leiteiro]' (extrinsecamente [manman]), [babai] 'bye-bye [tchau]'
(extrinsecamente [baybay]), assimalações em outros casos: [kikkit] 'ticket [tíquete]'
(extrinsecamente [kitkit]).
(vii) (1,6 anos) Aparecem palavras que se constituem de CVNC reduplicado: [kiŋkkint]
'kitchen [cozinha]' (extrinsecamente [kintkint]), [pamppamp] 'Grandpa [vovô]'.
(viii) Aparece os primeiros dissílabos verdadeiros (isto é, não reduplicados): [pumptint]
'pencil [lápis]', [pʌptit] 'butter [manteiga]', [kuttit] 'scooter [patinete]'; a segundo
sílaba era sempre com a forma de [tint] quando a primeira era CVNC e sempre [tit]
quando a primeira era CVC. Isso poderia ser tomado como uma boa confirmação da
hipótese da "alveolar não marcada", e sugerir que a vogal [i] também poderia ser vista
como não marcada, pelo menos raciocínio.
3.3 Acima, mas incluindo, do estágio (v), as regras de estrutura de palavras seriam
suficientes para manipular as restrições na coocorrência de fonemas; entretanto, os
estágios (vi) e (viii) demandam o reconhecimento da sílaba como um elemento
distinto. Pode-se perceber que qualquer tentativa de fugir desse reconhecimento, por
exemplo, dizendo que "onde a primeira metade da palavra tem a forma CVC, a
segunda metade é [tit]; onde a primeira metade é CVNC, a segunda metade é [tint]',
claramente ainda envolveria o pesquisadora num reconhecimento implícito da sílaba.
O próprio Kohler parece ter essa posição: "É importante que a criança primeiro
aprende a estrutura básica, que é comum a todas as língua, ou seja CV, e que depois
acrescente outras ligações pelo desenvolvimento dessa base"7 (1967a, p. 126). Essa
estrutura CV não é dada com reconhecimento sistemático apesar de seu estatuto de
importância universal; e, apesar de seu papel alegado como perpetuador da idéia
(errônea) de sílaba: "Como uma explicação possível para a tenacidade com que a ideia
e o termo ["Silbe"] levaram a cabo, é a estrutura básica CV..."8 (ibid.). Eu preferiria
acreditar que a razão pela qual as sílabas ainda estão conosco é que elas são válidas
como elementos da estrutura linguística, e que não podemos fazer nada sem elas.
3.4 A Figura 2 mostra uma maneira de explicar as diferenças notáveis entre a forma
de superfície da versão adulta (b) e a da versão infantil (d) de pencil 'lápis'. A sílaba
inicial não reduzida de (a) foi realizada como uma sílaba inicial acentuada de (b)
(simbolizada por |). As consoantes da sílaba não acentuada (mas talvez não a vogal:
veja abaixo) foram ignoradas pela criança, mas a presença dessa não foi (em contraste
com as sílabas pretônicas não acentuadas cuja presença foi normalmente ignorada
pela criança pequena). O [n] pós-vocálico foi tomado pela criança como uma prosódia
silábica (Fith, 1957b, p. 24) de nasalidade; nesse estágio do desenvolvimento da
criança, haverá uma regra que estabelece que quando N ocorre na primeira sílaba de
uma palavra ele precisa igualmente ocorrer na segunda. O [p] inicial é adquirido sem
mudanças. H no último segmento da sílabas inicial significa um Homorgânico,
7
N.T.: o autor cita no original: Es ist . .. von Wichtigkeit, dass das Kind die Grundstruktur zuerst lernt, die
auch allen Sprachen gemein ist, namlich CV, und dass es alle weiteren Verbindungen durch Ausbau
dieser Basis erwirb.
8
N.T.: o autor cita no original: Als eine mogliche Erklarung fur die Hartnackigkeit mit der sich der Begriff
und der Terminus ["Silbe"] gehalten haben, bietet sich wiederum diese Grundstruktur CV an...
implicando que essa posição é ocupada por uma oclusiva surda que sempre tem o
mesmo ponto de articulação daquele que está na sílaba inicial (outras possibilidades
aqui são [ɕ], [t] e zero). A sílaba final contém o símbolo U, para não marcado9,
implicando que as posições inicial e final são ocupadas por [t] e que a vogal é [i] (o
outro elemento nesse sistema é R[eduplicação]). Explicar a vogal da sílaba inicial não é
fácil: ela não é selecionada automaticamente pela consoante (temos uma vogal
diferente em [pʌpit] 'butter [manteiga]'; ela poderia ser vista como um reflexo da
vogal porsterior da segunda sílaba de (b), a vogal anterior da primeira sílaba de (b)
refletida pelo [i] automática da segunda sílaba de (d). Por rações de simplicidade
articulatória (supostamente), essa palavra logo tomaria o feitio de uma alofone
intrínseco [puntint].
Figura 2
Fonêmica
Adulto
palavra
sílaba
segmento
p.e.N
(a)
∪
s.i.l
Fonética
(alofone
intrínseco)
|
pen
sɣɫ
(b)
(alofone
extrínseco)
palavra
Criança sílaba
segmento
N
puH
U
(c)
|
pump
tint
(d)
4. Exemplo II
Antes de fazer uma investigação aprofundada das sílabas do inglês (par. 5, abaixo),
vamos definir a cena considerando brevemente a estrutura silábica do Chinês
(particularmente o mandarim) com referência especial às questões de estrutura
9
N.T.: Unmarked, no original
interna que serão genericamente mais relevantes e que serão, particularmente,
relevantes para o inglês.
De fato, é impossível dizer se as fórmulas para a estrutura silábica do chinês são
relavantes para a sílabas ou se são relevantes para os morfes, uma vez que as duas
unidades não indistinguíveis entre si no chinês (ver par. 2.4). Hockett já mostrou isso: "
'a sílaba' de Hartman = nosso microssegmento monossilábico'; Hartamn, tal qual seus
predecessores, não encontraram microssegmentos dissilábicos, e não examinaram tão
detalhadamente
o
problema
de
se
estabelecer
sílabas
como
unidades
fonologicamente semelhantes (1947, nota 27). Por consequência, precisamos estar
preparados para descobrir que algumas das restrições para a combinação de fonemas
em inglês, ou em qualquer outra língua, são relevantes para morfes ou relevantes para
palavras mais do que relevantes para sílabas (aqui, eu gostaria de enfatizar que a sílaba
é uma unidade NECESSÁRIA, mas não SUFICIENTE). Entretanto, isso não implica que
precisamos justificar sílabas aprioristicamente (como Hockett parece propor aqui):
como já afirmamos anteriormente (p. 2.3), nós as postulamos e esperamos justificá-las
pela sua aplicação em nossa descrição dos fatos da língua.
4.2 Não há falta de estudos da estrutura silábica do chinês (por ex., FIRTH; ROGERS,
1937; HOCKETT, 1947; SCOTT, 1947; 1956; HALLIDAY, 1959 (Apêndice A); CHENG,
1966): esse grande número provavelmente reflete o fato de que os dialetos chineses,
em geral, demandam esse tratamento. A estrutura de quatro lugares proposta por
Hockett (1947, p. 258-6; JOSS, 1957, p. 221) e Cheng (1966, p. 142, cf. 146) para o
mandarim parece ser útil para a descrição de muitos outros dialetos chineses. Nós o
adotaremos aqui preferencialmente a outras estruturas. Da mesma maneira que
Cheng (1966, p. 135-136), excluiremos sílabas "morfofonemicamente derivadas" do
conjunto de sílabas a serem consideradas. A Tabela 5 mostra os vários sistemas que
operam em cada lugar. Nós adotaremos o sistema de três vogais de Hockett (1947, p.
259; JOOS, 1957, p. 221), substituindo # por I, em vez de o sistema de cinco vogais
proposto por Cheng (p. 140-142), no qual a disltinção i - u - ü ocorre
(redundantemente) em dois lugares da estrutura. Nesse caso particular, não se tentou
equiparar elementos de um sistema com elementos de outro (cf. ALLEN, 1957, p. 74);
o que não implica que não há possibilidade de se fazer isso (cv. par. 5.1 abaixo).
A instituição de uma estrutura silábica certamente explica de uma maneira
adequada a maioria das restrições sistemáticas para sequências sonoras: o restante
pode ser estabelecido em termos da coocorrência de elementos particulares do
sistema com os elementos particulares de outro — adaptando a terminologia de Firth
(1957b, p. 11-14) para o nível fonológico, podemos chamá-las de "restrições de
colocação" em oposição às "restrições de coligação", resumidas na Tabela 5.
4.3 Tal como foi estabelecido por Hockett (1947, p. 259) (e equivalentemente por
CHENG, 1966, p. 145), /w/ não ocorre no lugar 2 e no lugar 4 na mesma sílaba, e o
mesmo é verdadeiro para /y/, exceto para /yAy/ que é "raro e talvez unicamente
literário" (HOCKETT, 1947, p. 259, e cf. nota 16). Esses fatos foram estabelecidos
abaixo (numerais superescritos representam tons e . representam seleção de zero):
regra 1: 2(b) ⇒ ∼ 4(F7)
regra 2: 2(ii) ⇒ ∼ 4(E7) exceto /.yAy2/, /khyAy3/
Tabela 5
Sílaba
inicial
lugar 1
final
medial
lugar 2
i
ii
a
zero
y
rima
núcleo
lugar 3
final
lugar 4
I
E
A
E
n
y
b
w
Ɩ᷈
6
7
F
ŋ
w
zero
A
1
2
3
4
5
h
p
p
f
m
-
B
x
h
t
t
-
C
y
h
ts
ts
s
n
l
zero
h
tʂ
tʂ
ʂ
D
h
h
k /tɕ
k/tɕ
x/ɕ
ʐ
A regra 1 pode ser parafraseada: "Se um elemento fonêmico b ocorre no lugar 2,
então o elemento fonêmico f7 não pode ocorrer no lugar 4". As sílabas excepcionais
poderiam ser chamadas de "sílabas desviantes" (extendendo a terminologia de
Chomsky (1961, p. 233-235) para um contexto fonológico), ou "semi-sílabas" (extendo
Katz, 1964, similarmente); este último tem a desvantagem de sugerir alguma coisa que
é meia sílaba em duração, e, doravante, adotaremos o primeiro termo. A regra 1 será
chamada de "restrição não violável" e a regra 2 (que permite exceções) se4rá chamda
de "restrição violável" (entretanto, veja a nota enre parênteses em "Regras associando
os lugares 1 e 2" (par. 5.8).
5. Exemplo III
Tabela 6
sílaba
ataque
rima
(terminação)
coda
pico
1
2
3
4
5
6
5.1 A Tabela 6 mostra o esquema para a estrutura da sílaba do inglês, tal como ela
foi estabelecida para os propósitos deste estudo. Como uma justificação parcial para
esse esquema, consideraremos algumas possibilidades alternativas e explicaremos
porque as rejeitamos (par. 5.2-5.7 abaixo).
O lugar 6 é usado é sílabas em final de palavras, somente, e pode ser ocupado por
um dos membros do sistema que opera lá, ou por uma sequência de dois
(excepcionalmente três) desses membros. Assim, representa-se boxes como /b.o.kSS/
(uma sílaba fonológica, mas duas sílabas fonéticas), e sixths como (s.i.SΘS/, em que o
símbolo . indica a seleção de zero. Regra de realização para Bia/b, D2 no lugar 6 são:
/D2/ →
C
)(– – – )
D2
S em qualquer posição
iS
(
iT no contexto (Bi)(– – – )
T em qualquer posição
(os parênteses encerram segmentos simples)
Bia/b → "
O traço de vozeamento é, então, acrescentado pelos alofones extrínsecos [S] , [T],
de acordo com seu valor no alofone precedente. Se o lugar 6 não é zero, implica haver
uma fronteira de morfe imediatamente antes dele, apesar de /S/, /T/ e /st/ ocorrerem
ocasionalmente sem uma fronteira: next 'próximo' /n.e.kst/, James /j.ā.mS/, apt
/..a.pT/, glimpse 'vislumbrar' /glNps/, etc. Quando uma palavra monomorfêmica puder
ser explicada tanto pela seleção dos lugares 4 e 5 quanto pelos lugares 5 e 6 (por
exemplo, hand 'mão'), o primeiro será preferido.
A distinção enre m e n no lugar 5 não é geralmente feita em sílabas que não são
finais: assim, rumble 'rumor' é representado como /r.ʌ.N - b.e.l/ (os hifens denotam
fronteiras silábicas, e as linhas verticais serão usadas para mostrar fronteiras mórficas).
Há poucas exceções para essa regra, em que /m/ precisa estar totalmente
especificado, por exemplo, gremlim 'duende', clumsy 'desajeitado'.
Para uma posição contra fonética de s, z e r num sistema consonantal, ver meu
ensaio (FUDGE, 1967, p. 20-21). Note-se que estamos implicando aqui que, por
exemplo, r no lugar 4 é comparável, se não precisamente equivalente, com r no lugar
1, e, além disso, quase todas as consoantes que ocorrem no lugar 5 pode ser
precisamente equivalentes com se númeso oposto no lugar 1. Isso é um contraste
direto com o chinês, caso do parágrafo 4, bem como difere do ensino firthiano normal
sobre isso (ALLEN, 1957, p. 74-75). A menos que nós façamos isso, hão há como
permitir que o mesmo fonema ocupe diferentes posições silábicas em diferentes
formas do mesmo lexema: assim (cf. exemplo no par., 2,6 acima) drive 'dirigir' é
/drī.v./, mas driving 'dirigindo' é / drī..- v.iNg./; bind 'ligar is /b.īNd./, mas binding
'ligação' é /b.ī.N - d.iNg./.
Tabela 7
Posição 1
Posição 2
Posição 3
/ir/
ə:r (stirring)
ir (itirrup)
ə:
(stir)
/er/
ə:r (deterring)
er (ferry, deterrent)
ə:
(deter)
/ʌr/
ə:r (furry)
ʌr (hurry, recurrent)
ə:
(fur, hurt)
/ar/
a:r (starry)
ær (marry, comparative)
a:
(star, cart)
/or/
ɔ:r (abhorring)
ɔr (lorry, abhorrent)
ɔ:/ɔə (abhor, port)
/īr/
ai(ə)r (firing, iris)
aiə (fire)
/ēr/
iər
iə
/ʌ̄r/
juər (furius, during
juə (pure)
/ūr/
uər (touring)
uə (tour)
/ār/
ɛər (bearing)
ɛə
/ō/
ɔ:r
ɔ:/ɔə (store)
/aur/
(fearing, hero)
(storing, storage, story)
auər (flowering)
(fear, fierce)
(bear, scarce)
auə (flower)
Posição 1: antes de uma vogal em final de morfe, se estiver seguida por um afixo
flexional ou por uma afixo adjetivador como -y
Posição 2: antes de uma vogal qualquer
Posição 3: em qualquer posição
A inclusão de um r pós-vocálico (lugar 4 e 5) não precisa ser tomado de maneira que
implique que o esquema não se aplica a diletos em que r não ocorra: D3 é uma
elemento abstrato que, em alguns dialetos (notadamente RP) frequentemente não
tem realização de si mesmo, mas que poderão, por assim dizer, contribuir para a
realização da vogal precedente. Para RP, temos as regras de realização mostradas na
Tabela 7. Há sincretismo entre /ir/, /e/ e /ʌr/ nas posições 1 e 3 (ainda que alguns
dialetos escoceses mantenham a distinção no nível de realização - GRANT, 1914, p. 50,
55-56, 62). Também há sincretismo entre /or/ e /ōr/ nas mesmas posições (ainda que
alguns dialetos escoceses mantenham a distição entre horse 'cavalo' [hɔrs] e hoarse
'rouco' [hors] (GRANT, 1914, p. 58-59) - fonemicamente talves /h.ors./ versus /h.ōrs./.
Por outro lado, a distinção precisa se manter quando seguem alguns sufixos
derivacionais: abhor precisa ser /..a.b - h.o.r./ porque abhorrent /..a.b - h.o.. - r |
.eNt./, mas store precisa ser /st.ō.r./ porque storage /st.ō.. - r |.ā.j.;/; entretanto, é
concebível que isto seja, novamente, uma questão de diferentes subsistemas do
vocabulário.
Outro importante sincretismo é o de /ʌ̄/ e de /ū/ que ocorre em RP:
(i) para todos os falantes, apos /w/, /r/, /l/ e palatais, isto é, todas a consoantes da
mesma linha ou coluna, como /y/. A posição pivô de /y/ nesse grupo associa-se muito
bem com a relação:
Realização de /ʌ̄/ = Realização de /y/ + Realização de / ū/;
(ii) para muitos falantes, após /s/ e /z/;
(iii) para alguns falantes, após /Θ/.
Outras variedades do inglês (incluindo muito tipos americanos) perderam o
contraste após qualquer consoante alveolar.
Pares de palavras idênticos foneticmente pode algumas vezes ter representações
diferentes: find 'achar' /f.īNd./ and fined 'multado' /f.ī.n|T/, board 'prancha' /b.ord./ e
bored 'aborrecido' /b.ō.r|T/. Ainda que tide 'corrente' /t.ī.d./ e tied /t.ī..|T/ sejam
pronunciados idênticamente em RP, isso não ocorre no escocês, em que eles são [tʌid]
e [taed] respectivamente (cf. GRANT, 1914; p. 63); reconhecidamente, entretanto, isso
poderia ser vistos simplesmente como consequência do posição final de morfe de / ī /
no segundo caso.
Essas considerações indicam que o esquema proposto tem possibilidades
interessants como a base para um diassistema, ainda que haja distinções em alguns
dialetos que ele não possa manipular, por exemplo, o contraste em alguns em alguns
diletos da Irlanda do Norte entre lie 'mentir' e lie 'reclinar'.
Alguns dos elementos fonêmicos estão mai fortemente estabelecidos no sistema do
que outros: as vogais z são mais marginais entre as vogais, enquanto a oposição Θ/ð é
talvez mais questionável consonantal ([ð] ocorrendo intervocalicamente, e
inicialmente nos demonstrativos, etc.: [Θ] em outras posições10). A vogal zIIIα
10
Exceções a esta regra não são raras: bathe, loathe(nenhuma delas eu incluiria como um [ð]
intervocálico, ether (com um [Θ] intervocálico). Isso não prejudica o valor de se estabelecer a regra mesmo uma "regra 80%" vale a pena estabelecer, estipulando-se que as exceções a ela serão indicadas.
(foneticamente [a:]) é particularmente marginal, porque quase todas as sua
ocorrências podem ser vistas como realizações de outras sequências ou elementos
fonêmicos bem estabelecidos. Assim (para RP):
1. /ar/ →
2. /al/ →
3. /a/ →
(i)
(iii)
[a:] na posição 3 (ver Tabela 7)
2a
[a:] no contexto: (–––) (A )
4
(i.e, antes de f e de m)
[a:] nos seguintes contextos:
A
1c
(–––) B ) (i.e. antes de fricativas surdas, exceto š)
C 2a
exceto na posição 1, assim: pass, passing, mas passage, tassel
com [æ]; telegraph(ing) mas telegraphic, traffic com [æ].
Bi
(–––) (4) ( C1 a) (i. é, antes de -nt, -nč, -ns)
D2
exceto na posição 2, como em: plant, planted, mas plantation,
canter com [æ]; dance, dancing, mas fancy com [æ].
e possivelmente
(iv)
em final de palavras em sílabas não reduzidas: grandma 'vovó'.
Há mjitas exceções para essas regras: assim, o contexto para a regra 2 poderia ser
extendido para "antes de f, v ou m" para manipular halve, mas haveria, então,
dificuldades com valve e (em alguns dialetos) salve. Outras exceções:
(a) [æ] em lugar do esperado [a:]: (regra 3(ii)) ass, crass, lass, mass: gaff (riff-)raff: asp:
(regra 3(iii)) ant, cant 'hipocrisia', pant, rant; stance.
(b) [a:] em lugar do esperado [æ]: (regra3(ii)) master, basket, rascal; father, rather;
(regra3(iii)) command, demand, slander.
(c) qualquer pronúncia: drastic, lather ([dræstik], mas [la:ðə] na minha fala).
Indicações são de que as exceções estão aumentando em vez de diminuir, isto é, o
fonema zIIIα está ganhando terreno: a introdução de abreviaturas (caff, maths, Staffs)
toma lugar sem que a regra seja aplicada.
A ocorrência de [ɔ:] por, em certa medida, ser explicadas de maneira semelhante:
1. /or/ →
2. /al/ →
2a. /a/ →
[ɔ:] na posição 3
[ɔ:] no contexto: (–––)(D1α) (i.é, antes de k)
#
[ɔ:] no contexto: (–––)(B3)( B1 )
D2
(i.é, antes de -lt, -ld, -ls e l em final de palavra)
e (para alguns dialetos mais antigos)
3/o/
→
→
(ii)
(iii)
[ɔ:] nos seguintes contgextos
[ɔ:]
B1c
A
(–––) ( ) (i.é, antes de fricativa surda, exceto š)
B 2 a
D
(–––) (4) (C1a) (i.é, antes de -nč)
5.2 Primeiro, nós tentaremos justificar a estrutura de ramificação particularmente
postulada para a sílaba do inglês. Outros esquemas possíveis, incluem os das Tabelas 8,
9 e 10. Nos prefrimos a Tabela 6 pelas seguintes razões:
(a) A tabela 8 implica que há dois tipos de Coda (não final de palavra, na qual o lugar 6
não é usado, e a final de palavra); ela também associa o normalmente lugar
morfológico 6 muito proximamente à Coda — nós desejaríamos ignorar o lugar 6
quando estudarmos as restrições de coocorrência com a sílaba (parágrafo 5.8 abixo, e
também FUDG, a sair: p. 3.2).
(b) A tabela 9 implica que o relacionamento entre pico e coda não é tão próximo
quanto o enre pico e onset. Para o inglês isso não é verdadeiro — mais importante
nesse caso dos que os fatos relatados por Kurylowics (1948, p. 104) apoiando a
estrutura de ramificação nas tabelas 6 e 8, é o fato de que determinados picos não coocorrem com algumas codas (somente vogais x com /-Np/, /-Nk/ e /-Ng/, etc.), se não
houver restrições entre ataque e pico (cf. T. HILL, 1966, p. 209).
(c) O último fato mencionado no item (b) é também uma razão para rejeitar o
esquema da Tabela 10 (para o qual ver TOGEBY, 1951, p. 55). Além disso, regras
transformacionais seriam necessárias para essa abordagem —para razões contrárias,
ver parágrafo 5.6 abaixo.
Tabela 8
sílaba
ataque
rima
pico
1
2
coda
Tabela 9
3
sílaba
ataque
rima
4
5
(6)
coda
Tabela 10
sílaba
margem
núcleo
inicial
3
1
final
2
4
5
(6)
5.3 A próxima tabela alternativa à Tabela 6 é o esquema da Tabela 11, no qual
[sp]m [st] e [sk] são vistos como realizações de encontros de dois fonemas. A
vantagem principal do esquema preferido (para o qual estou em dívida com Kohler
(1967b, p. 151); algo como isso também foi proposto por Firth (1936, p. 543; 1957a, p.
73), embora Firth também pareça advogar que str- etc., também poderia ser tomado
como unidades indivisíveis) é que ele permite a necessidade de se postular um lugar
extra na estrutura da sílaba (lugar 0) para o qual um sistema de apenas um elemento
opere, e que precisa ser preenchido por zero, exceto quanto o lugar 1 contiver p, t, k,
m, n, e talvez f, v; outras vantagens incluem a possibilidade de uma decisão arbitrária
de se identificar a porção oclusiva de [sp] com a oclusiva da série a (isto é, [p]) ou com
a da série b (isto é [b]) (ainda que, pode-se admitir, que isso poderia se obtido
postulando-se que a distinção a/b não opera nos fonemas da série 1 quando eles estão
precedidos por s), e a possibilidade de se separar "as estruturas inerentes /sp, st, sk/
das estrangeiras /sf, sv/" (KOHLER, 1964b, p. 151)
Tabela 11
sílaba
0
1
2
s
5.4 A Tabela 12 mostra o que parece ser um conjunto mais simples para o lugar de
ataque — na Tabela 6, a ocorrência de w, l, r, m e n, é redundante, uma vez que
nenhuma combinação ocorre entre os elementos que são membros desse conjunto; na
Tabela 12 essa redundância é eliminada pela exclusão das séries 3 e 4 do lugar 1. A
Tabela 6 é preferida neste ponto porque em nossos estudos posteriores das restrições
dentro da sílaba (parágrafo 5.9 abaixo), torna0-se claro que as restrições colocacionais
para l, r, m, n em encontros iniciais são mais severas do que para l, r, m, n
permanecendo isolados em posição inicial. Há a vantagem adicional de que o esquema
da Tabela 6 estabeleça o lugar 1 como pressuposto, em relação ao lugar 2: em outras
palavras, se o lugar 1 estiver vazio, então o lugar 2 precisa estar preenchido.
5.5 Um esquema alternativo, mais foneticamente baseado, para o lugar 3 é
mostrado na Tabela 13. A Tabela 6 é preferida por causa da facilidade com a qual as
alternâncias morfológicas podem ser manipuladas (cf. Kohler, 1967b, p. 158, 164-165;
Chomsky; Halle, 1968: passim); a mais frequentemente vogal alternante difere por
apenas um traço: ī/i (divine/divinity), ē/e (serene/serenity), ō/o (provoke/provocative),
ʌ̄/ʌ (produce/production) são simplesmente y/x. Assim, uma formulação mais
desajeitada dessas regras requerida por um traço distintivo é evitada (Chomsky; Halle,
1968, p. 178-219).
Eventualmente, uma localização mais satisfatória para [au] no sistema pode ser
como realização variante de ʌ̄ n(cf. profound/profoundity, south/southern, etc.), o
fator condicionante sendo membro de um sistema fonêmico coexistente e não de
outro. Para os propósitos deste estudo, entretanto, nós deixaremos [au] na série z das
vogais.
Embora a Tabela 6 seja a que adotamos, é preciso admitir que o relacionamento da
Tabela 13 tem influência no sistema fonológico — mudanças sonoras pressionam a
estrutura fonética na direção de inovações, enquanto o relacionamento morfológico
que persiste através de uma mudança sonora tende a empurrar na direção de se
conservar o antigo sistema fonêmico. Há, então, um conflito e a implicação de nossa
abordagem é que esse conflito ocorre entre a fonética e a morfologia da atualidade:
nós não precisamos importar considerações diacrônicas pra o nível teórico básico. Por
outro lado, dissimilaridades entre padronização fonêmica e padronização fonética
refletira comumente mudanças sonoras da mesma maneira: a posição de [ʌ] como
realização de /x1β/ (Tabela 6) é um desses casos — ele reflete a mudança sonora [u] →
[ʌ], mas sem implicar que o [ʌ] do inglês moderno é uma vogal arredondada posterior,
mesmo em um nível subjacente. A abordagem de Chomsky e Halle (1965, p. 124-125;
1968, p. 203) implica exatamente isso, com a implicação adicional de que o "conflito"
mencionado acima está entre a fonética atual e a fonética de um estágio passado da
língua; isso, então, falha quanto à adequação descritiva — podemos esperar que o
falante nativo (não treinado_ saiba alguma coisa da história passada de sua língua?
Tabela 12
ataque
1
2
A Tabela 13 oferecem possibilidades melhores de restringir o lugar 3 para vogais x,
e acrescentar w e y ao lugar 4 do sistema para manipular vogais w e vogais y,
respectivamente, bem como na Tabela 14; compare-se este último com a abordagem
de Trager e Smith (1951, p. 27). Sílabas com vogais longas e encontros consonantais no
final precisariam de uma representação ligeiramente diferente: bind poderia ser
/b.aynT/ em vez de /b.īNd./. Algumas poucas sílabas desse tipo que não bastante
normais pelo sistema da Tabela 6 poderiam tornar-se desvios nesse sistema
alternativo (faint, fierce, scarce: esses, de fato, seriam impossíveis de se representar a
menos que o vozeamento fosse admitido como distintivo no lugar 6); por outro lado, a
Tabela 6 provavelmente gera mais sílabas não desejadas do que a Tabela 14, e assim
necessita de mais restrições colocacionais extensivas.
5.6 O esquema mostrado na Tabela 15 trata [sp], [st] e [sk] (desta vez em final de
sílaba) novamente como realizações de dois elementos fonêmicos sucessivos. Isso
estabelece a complicação de ter de incluir uma linha extra (linha 2) no lugar 4;
entretanto, isso habilita tratar -ft no mesmo nível de -st, e também distinguir
fonemicamente entre os fonemicamente idênticos -ft e -ffed. A Tabela 16 mostra as
diferenças entre os esquema nesse ponto específico. Diferentemente da situação 1
(parágrafo 5.3 acima) o [p] de [sp] poderia ser sem ambiguidades a /p/: ele seleciona o
membros surdos de S e T depois dele.
Tabela 13
pico
3
No final das contas, parece ser antieconômico incluir uma linha extra para um lugar
na estrutura de maneira a gerar apenas um encontro consonantal (-fp e -fk não
ocorrem) que poderia ser adequadamente gerado sem ele — daí que nossa
preferência pelo esquema da Tabela 6 aqui. Incidentalmente, a Tabela 6 é mais
simétrica do que a Tabela 15: o sistema no lugar 1 é muito similar àquele do lugar 5, e
os sistemas dos lugares 2 e 4 também são comparáveis. Apesar dessa similaridades,
nós não adotaremos a sugestão de Šaumjan (1962) aqui, em que os encontros finais
podem ser derivados de encontros iniciais pela aplicação de regras transformacionais
("reflexo de espelho"): tal regra não poderia ser universal — ela não se aplica ao chinês
(par. 4 acima), espanhol (SAPORTA; CONTRERAS, 1962) e muitas outras línguas. Para
línguas tais como o inglês, em que tal relação ocorre, pode-se estabelecer, DEPOIS de
ambos os tipo de encontros teerem sidos gerados: a transformação como a de Harris,
melhor ainda do que a de Chomsky (MATTHEWS, 1961, p. 200-201). Dessa maneira,
discrepâncias menores entre encontros iniciais e finais pode causar menores
dificuldades (por exemplo, o inglês permite o encontro inicial gl- mas não o final -lg, o
final -lt mas não o inicial -tl.)
Tabela 14
rima
pico
coda
3
5
4
(6)
Tabela 15
coda
4
(6)
5
Tabela 16
no esquema da T. 6
no esquema da T. 15
mist
m.i.st
m.ist.
missed
m.i.sT
m.i.sT
lift
l.i.fT
l.ift.
sniffed
sni.fT
sni.fT
Incidentalmente, o fato de que [st] ocorra livremente tanto tanto no início quanto
no final de palavra (ou ou sem fronteira mórfica no se for no final), enquanto [ts] não
ocorre inicialmente, e ocorre no final somente com fronteira mórfica (exceto em
empréstimos como blitz, ritz) pode ser tomado como uma boa evidência pra trata [st]
como a realização de um elemento fonêmico simples). Além disso, o fato de que é
possível, tanto quanto eu saiba, descrever a estrutura fonológica11 de qualquer língua
de maneira bastante adequada sem regras transformacionais parece refletir alguma
coisa essencial sobre a natureza da hierarquia fonológica ao ser comparada com a
natureza da hierarquia gramatical.
5.7 Da maesma maneira que para os lugares 1 e 2 (parágrafo 5.4 acima), um
inventário ligeiramente menor pode ser obtido pela eliminação de r do lugar 5, mas,
novamente, isso poderia obscurecer a diferença entre as restrições colocacionais que
atuam sobre o r final (isolado) e as que afetam o r em encontros consonantais finais.
Podemos eliminar m e n do lugar 5 somente se nos estivermos inclinados a criar
palavras como elm, kln que fogem do padrão, enquanto l precisa ser mantido por
causa do grupo bastante regular girl, curl, etc. Assim, diferentemente do caso do
parágrafo 5.4, embora o inventário esteja reduzido, o sistema ainda permanece
complexo (nenhuma linha ou coluna pode ser removida).
5.8 Nós continuaremos agora a estabelecer restrições colocacionais, usando regras
comoas que foram formuladas para o chinês (parágrafo 4.3 acima). Primeiro, nós
listaremos a restrições não violáveis.
Regras Gerais
1(zero)→2(zero)
5(zero)→ 4(zero)
(Essas regras estabelecem os lugares 1 e 5
como cabeça de ataque e coda
respectivamente)
Regras que governam encontros consonantais iniciais:
2 (não zero)
A
1
→ ( B )
C 2a
2(4)
→1(D2a)
2(A3)
→~ 1(A)
2(B3)
11
→~ 1(B)
Apenas oclusivas e fricativas surdas (mas não as
da série C) pode ocorrer em encontros iniciais
Apenas s pode formar encontros iniciais com m e
n
Não são possíveis pw-, bw-, spw-, fw-, exceto em
palavras emprestadas
Não são possíveis tl-, dl-, stl-, Θl-
"fonológica" no sentido proposto no parágrafo 2.6, isto é, excluindo as regras morfológica (HALLE,
1959, p. 37-38). Em outras palavras, a hierarquia fonológica como se define normalmente não envolve
regras transformacionais.
Regras que governam encontros consonantais finais:
4 (4)
4 (B3)
4 (D3)
1a
→ 5( 1b )
2a
1a
1b
→ 5( 2a )
A2b
4
Apenas oclusivas e fricativas surdas (mas não as
da série C) pode ocorrer em encontros iniciais
Aic
Dic
→ ~5(
)
B2b
D3
Regras que lidam com restrições entre os lugares 3 e 4:
4(4)
4(B3)
4(D3)
→3(x) sem 5(D2) ou 5(B1)
→3(x) sem 5(B1b)
→3(x) sem 5(D2a) ou 5(B1b)
Note-se que D2 e B1 são alveolares:
novamente não marcadas?
Regras que lidam com restrições entre os lugares 2 e 4:
2(B4)
→~4(B3)
2(4)
2(B3)
2(D3)
→~4(4)
→~4(B3)
→~4(D3)
(Nenhuma sílaba começa com sn- e termina com encontro
com l-)
(O mesmo elemento não pode ser selecionado
simultamente nos lugares 2 e 4 )
Neste ponto, podemos justificar a inclusão de w, l, r, m e n, no lugar 1 bem como no
lugar 2 (parágrafo 5.4 acima): a regra 1(B3) →~4(B3) é violada pela palavra lilt,
2(B3)→ ~5(B3) por flail (veja abaixo). A restrição 1(B3) → ~5(B3) dificilmente pode
ser estabelecida: das 16 palavra possíveis com a forma /l.V.l./, ao menos 4 ocorrem
normalemente (lull, loll, lall, lisle, e talvez loyal) — uma proporção muito alta. Twaddell
(1939; 1941) notou a pequena incidência de lVl e rVr no alemão, mas não pode fazer
distinção entre, por exemplo , C1V1C e l.V.l, pela mesma razão de que ele não
postulou uma estrutura silábica, mas só trabalhou com termos no "estado finito".
Regra que lidam com restrições entre os lugares 3 e 5:
5(zero)
→~3(x)
em final de palavra
Essa regra, que poderia estender-se a todas as sílabas se consoantes simples
entremeassem vogais x imediatas (HOCKETT, 1955, p. 52), foram tratadas como se
pertencessem fonemicamente tanto à sílaba precedente quanto à seguinte: assim
butter seria /b.ʌ.t.e.r/, e, então, seria necessária uma regra que estabelecesse que
consoantes geminadas dentro de uma palavras fossem realizadas como consoantes
simples. As palavras is, was, has, does, says, had, did, said, could, shouldk, would são
exceções se tratarmos suas consoantes finais como S ou T (e não como z ou d) como
indicado
pela
gramática.
Alternativamente,
poderíamos
omitir
essa
regra
completamente e permitir que vogais x ocorressem em final de palavras, com a
cláusula de que elas fossem realizadas como vogal contrapartida y- ou z- (cf. regras
3(iv) acima (parágrafo 5.1); também CHOMSK; HALLE, 1968, p. 74-75): isso se torna
mais complexo pela redução vocálica.
Regra que lidam com restrições entre os lugares 1 e 5
1(1C)
→~5(1C)
(sílabas não iniciam nem terminam com s + oclusiva exceto
se a "oclusiva" for no lugar 6)
Nós arrolaremos agora algumas das restrições violáveis, com as palavras fora do
padrão que as violam (para os asteriscos, ver abaixo parágrafo 5.10):
2(B3)
2(D3)
→~4(D3)
→~4(B3)
blurb, blurt, *clerk, flirt, slurp, splurge
*grilse
smarm, *smart, *smelt (o verbo to smelt), smirch, smirk, snarl,
2(4)
→~4(3)
snort
(Note-se que blurred, thrilled, snored, etc são /blʌ.rT/, /Θri.lT/, /sno.rT/
respectivamente, e, por isso não violam essas regras.)
Regras que associam os lugares 1 e 4:
1(B3)
→~4(B3)
1(D3)
→~4(D3)
1(4) e 5(a)
1(B4)
→~4(4)
→~4
lilt
(Sem exemplos: a regra está incluída aqui e não como
não violável por causa de sua similaridade com a regra
precedente. Isso significa uma ligeira modificação em
nossas definições anteriores: por nossos critérios
atuais tanto a regra 1 quanto a regra 3 do parágrafo
4.3 poderiam dadas como violáveis.)
mumps
*(a)noint, *nymph (ninth é /n.ī.n|Θ/)
Regras que associam os lugares 2 e 5
2(4)
2(A4)
→~5(4)
→~5(A)
2(B4)
→~5(B)
2(B3)
→~5(B3)
2(D3)
→~5(D3)
smarm
smarm
*snail, snide, *?snood, snoot, snort, snot, snout (e
ainda um grande número de exceções toleradas —
alveolares não marcadas novamente)
* flail
drear, e talvez *briar, *friar (*payer e *drawer vão de
acordo com o padrão, mas provavelmente incluem
fronteiras mórficas)
5.9 Nesta seção, consideraremos um forma alternativa de organizar a estrutura
silábica, o que permite uma economia considerável no número de restrições a ser
estabelecida, mas que, por outra lado, complica o estabelecimento de um sistema
operando em cada lugar.
Começaremos considerando o lugar 2, instalando o mesmo sistema como na Tabela
6:
w, l, r, m, n, zero
Temos, então para o lugar 1 os seguintes sistemas:
s
Antes de m ou de n:
s
Antes de w:
B
1
a
b
2
a
Antes de l:
1
a
b
c
2
Antes de r:
1
2
a
b
c
D
t
d
Θ
k
g
s
A
D
p
b
sp
f
k
g
A
B
D
p
b
sp
f
t
d
st
Θ
k
g
sk
s
s
Antes de zero:
Como na Tabela 6, com zero como a última alternativa
Para o lugar 4 (com zero como uma opção possível em cada caso):
B
Depois de l + vogal
D
3
4
r
N
B
Depois de r + vogal:
3
4
Depois de m ou n + vogal:
3
Em todos os outros contextos:
3
4
D
l
N
B
D
l
r
B
l
D
r
N
Para o lugar 5:
Depois de N:
A
B
C
D
č
j
k
1
a
b
p
2
a
f
t
d
Θ
A
B
C
D
p
b
f
v
m
t
d
č
j
k
A
B
C
D
p
b
t
d
č
j
k
g
Θ
š
s
z
Depois de l:
1
2
a
b
a
b
4
Depois de r:
1
2
3
4
a
b
c
a
b
s
s
n
st
f
v
l
m
n
Depois de zero:
como a Tabela 6, com zero como a última alternativa.
Essa formação é claramente equivalente à anterior, que, entretanto, parece
claramente preferível; em nossos futuros trabalhos, nos restringiremos às formulações
anteriores.
5.10 Ainda uma restrição violável poderia ser formulada, mas nota-se que o número
de formas fugiriam ao padrão seria muito grande. Entretanto, algumas das listas de
palavras que fugiram ao padrão são interessante de um ponto de vista semântico —
que considere as seguintes regras que envolvem sílabas finais em encontros de
Nasal+Consoante:
4(4) e 5()A
→~1(A)
4(4) e 5(d1)
→~1(D1)
blimp, bump,frump, mumps, pimp, plump, pomp, primp,
*pump, vamp
clang, clank, cling, clink, clonk, clung, clunk, conk, crank,
*gang, gink, gong, gunk, *king, kink, skunk
Essa lista de palavras fora do padrão tem uma proporção muito alta de palavras que
poderiam muito facilmente ser descritas como "expressivas" (essa noção ser mais
explícita em FUDGE, a sair; eu me contentarei aqui mostrando o grande número de
palavras onomatopaicas ou pejorativas). As palavras que não caem nessa categoria
têm um asterisco na lista aqui e no parágrafo 5.8 acima. Análogas às duas aregras
recentemente dadas, estão as seguintes (mas note-se o caráter diferente das palavas
fora do padrão):
4(4) e 5(B)
→~1(B)
4(4) e 5(C)
→~1(C)
daunt, *dent, *dint, *don't, *(re)dound, *land, *lend,
*lent, *lint, *(a)noint, *stand, *(in)stant, *stint, (a)stound,
*strand, stunt, *(re)straint, taint, taunt, *tend, *tent,
*tint, *trend, *(ro)tund, e também, *(ek)stend, *(ek)stent
*change
No primeiro caso, há 26 exceções, das quais apenas 5 receberam asterisco: no
segundo caso há somente uma exceção, que está com asterisco.
Interpretaremos essa situação tal como vai indicado na coluna B, que é não
marcada em relação a A, C e D: é uma reminiscência da hipótese "alveolar não
marcada" novamente, exceto porque B não corresponde completamente com o ponto
de articulação alveolar. De fato, entretanto, se D for dividido entre D1 (velares) e D2/3
(alveolares), veremos que as últimas comportam-se muito maias como as outras
alveolares do que D1 (veja Tabela 17). Isso sugere fortemente que ele é traços
alofônicos (de ponto de articulação) e não traços fonéticos que são operados neste
nível. A figura para labiais (A) e velares (D1) mostra conclusivamente que esses dois
lugares são marcados em relação às alveolares (B e D2/3) para sílabas tipo sob
consideração. As figuras para palatais (C) são muito pequenas para obstar o desenho
de inferências seguras (cf. TWADDELL, 1939, p. 197-199).
Tabela 17
Palavras fora do padrão que contém sílabas da forma C(L)VNC, resumidas de
acordo com o ponto de articulação de C's nos lugares 1 e 5. A primeira figura de
cada par dá o número de palavras fora do padrão, a segunda dá o número dela
que tem traço semântico "expressivo".
Lugar 5:
A
B
C
D1
D2/3
A
11/9
67/2
23/10
34/15
18/6
B
14/6
26/5
11/5
33/9
9/2
C
4/2
5/2
1/0
4/2
1/0
D1
13/7
19/6
9/5
17/14
4/1
D2/3
7/2
17/2
5/2
26/6
3/0
Os fatos que foram tocados nesta última seção serão tratados de mais mais
estensiva num estudo (FUDGE, a sair) que dará suporte à hipótese de que há uma
conexão estatística entre estrutura silábica e estrutura de traços de
"expressividade".
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