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FUDGE. E. C. Syllables.

JLS (1969) 193-320 Printed in Great Britain Syllables E.C. Fudge Department of Linguistics, University of Cambridge 1. Introdução Kohler (1966b, 1966b : 346-348) questiona se a sílaba é um universal fonológico e conclui negativamente1. A maneira de sustentar essa conclusão não é difícil de imaginar: o tipo de objeções específicas para a a sílaba que Kohler propõe, se bem fundadas, seriam suficientes para comprovar esse caso. Eu desejaria sustentar o ponto de vista oposto. Eu gostaria de estabelecer minha crença firme de que a sílaba é um universal fonológico. Como qualquer outro ato de fé, ele envolve ao mesmos três partes: (i) o estudo aprofundado de um conjunto de hipótese; (ii) a seleção de uma delas como a que está mais proximamente de ser verdadeira do que as outras e (iii) a prontidão para enfrentar contra-argumentos em relação à hipótese selecionada e, ainda, colocá-la, ela própria, em teste. Os contraargumentos de Kohler são, acredito, bem respondidos por Anderson (1969) (os argumentos de Haugen (1967: 806-808) também são alemães), e eu não os discutirei sistematicamente neste artigo (se bem que eventualmente eu possa indicar a relevância do ponto em que eu estou em relação a um contra-argumento específico). Enfrentarei outros contra-argumentos e espero respondê-los, tal como foram apresentados. Dessa maneira, está bastante claro que cai sobre mim a necessidade de testar minhas hipóteses selecionadas, primeiro tornando-a explícita (veja parágrafo 2 abaixo), e então tentar relacioná-la com os fatos de tantas línguas quanto for possível (parágrafos 3-5 abaixo): uma falha completa nesse sentido seria, de fato, suficiente 1 Eu gostaria de trazer à tona mia apreciação de muitas discussões que tive com Klaus Kohle sobre o tema deste ensaio — embora não tenha sido produtivo quanto a chegarmos a um acordo, sempre foram discussões cordiais e construtivas. Eu agradeço a muitos outros por sugestões, principalmente a John Wells e David Crystal. para destruir isso como uma hipótese universalmente aplicável. Por outro lado, alguns fatos em uma língua particular que me permitem manipular particularmente ordenadamente pelo uso da sílaba provisionam-me com munição genuína contra aqueles dos meus oponentes que diriam, então, que a sílaba não é um universal fonológico. Kohler, por exemplo, tem o argumento muito forte de que isso é universalmente possível para se fazer, sem a sílaba: '... pode-se demonstrar que a sílaba é tanto um conceito DESNECESSÁRIO, porque a divisão da cadeia sonora da fala nessa unidades é conhecida por outras razões, quanto é IMPOSSÍVEL, porque qualquer divisão poderia ser arbitrária, ou ainda PERIGOSO, porque ele se choca com formantes gramaticais (1966a: 207; 1966b: 346). Em tais casos, os oponentes têm de mostrar como uma fonologia sem sílabas lidaria com fatos relevantes 2. PRELIMINARES TEÓRICOS 2.1 A sílaba tem dupla função: (a) Forrnecer uma base para características prosódicas: "Les particularites prosodiques n'appartiennent pas aux voyelles en tant que telles, mais aux SYLLABES"2 (TRUBETZKOY, 1949, p. 196). Mesmo quanto elementos tonais ou acentuais não sejam diretamente atribuíveis às sílabas, seu domínio (mora, etc.) serão relacionados à sílaba: "L'unite prosodique phonologique n'est pas a vrai dire simplement identique a la syllabe" (au sens phonetique), mais elle a toujours un rapport avec la syllabe, etant donne qu'elle est, selon les langues, une partie determinee de la syllabe ou toute une suite de syllabes"3 (TRUBETZKOY, 1949, p. 196, ver também os exemplos das páginas 202-203) (b) Nossa preocupação principal neste trabalho será explicar a restrições sobre a sequência de fonemas possíveis (PIKE, 1947, p. 180-181). Algumas dessas restrições por ser explicadas por meio da estrutura silábica (FIRTH, 1957b, p. 17) e, então, pela 2 N.T.: "As notas características prosódicas não são pertinentes às vogais enquanto tais, mas sim às SÍLABAS." 3 N.T.: "Não se pode dizer simplesmente que a unidade prosódica da fonologia seja exatamente a sílaba (no sentido fonético), ela sempre tem uma relação com a sílaba, que se estabelece segundo as línguas, com uma parte determinada da sílaba ou com uma sequência de sílabas. postulação de sistemas diferentes em diferentes lugares dessa estrutura (ALLEN, 1957, p. 72; CHENG, 14966, p. 139); em outros casos, a escolha de uma elemento particular em um lugar da estrutura, afeta o conjunto das escolhas em outro lugar. (ALLEN, 1957, p. 72-74; HIL, 1966, p. 217-220) 2.2 Com quais estratos ou níveis de discussão a sílaba estará associada? E qual será o estatuto de seus componentes? Parece que, pelo menos, dois tipos diferentes de sílabas terão de ser postulados. Eles correspondem aproximadamente às sílabas fonéticas tradicionais e às sílabas fonêmicas ou fonológicas (ROSETTI, 1963, e demais trabalhos citados aqui): " On peut definir la syllabe phonologique et l'opposer a la syllabe phonetique"4 (op. cit., p. 21). Nossa sílaba fonológica será definida como um elemento do nível fonêmico sintático (no sentido abstrato de FUDGE, 1967, p. 3-8), e nossa sílaba fonética como uma elemento do nível fonético sintático (CHOMSKY, 1964, p. 68) (mais especificamente, o tipo alofônico extrínseco (LADEFOGED, 1967; FUDGE, 1969). O primeiro tipo não terá necessariamente qualquer relação próxima com a pronúncia. Tais sílabas consistem de conjuntos de traços fonêmicos sistemáticos (preferivelmente rotulados em termos não fonéticos); espera-se que eles deem uma base comum para a descrição de dialetos mutuamente compreensíveis, mesmo quando eles sejam foneticamente muito diferentes um do outro. O segundo tipo representará a norma de pronúncia de um dialeto ou variedade particular e tais sílabas deverão consistir de conjuntos de traços articulatórios (LADEFOGED, 1967, p. 49-50) ou alguma representação de base neurofisiológica das articulações relevantes (FROMKIN, 1966; TATHAM; MORTON, 1968) Não há necessariamente uma relação de um para um entre a sílaba fonêmica subjacente ao enunciado e a sílaba fonética subjacente à sílaba fonêmica. Essa falta de isomorfismo caracteriza nossas sílaba suas funções: (a) "Se os núcleos das sílabas fonéticas não coincidem com unidades de tom ou de colocação de localização de acento, isso é normalmente útil para postulares, com fins 4 N.T>: "Pode-se definir a sílaba fonológica e fazer sua oposição à sílaba fonética." descritivos, sílabas fonêmicas que são unidades estruturais, relacionadas com sílabas fonéticas, cujos núcleos não coincidem." (PIKE, 1947, p. 145) (b) "Para línguas específicas, o estudante deve estar preparado para verificar que a sílaba fonética não corresponde com os agrupamentos segmentais mais pertinentes da estrutura. Da mesma maneira que os segmentos devem ser analisados como fonemas estruturais, também as sílabas fonética precisam ser analisadas como sílabas fonêmicas estruturais. (ib. p. 90) Assim, em francês, temos o bem conhecido "e mudo" que, embora seja normalmente realizados como zero, tem de ser considerado no nível fonêmico: em qualquer outra base, vários fatos morfológicos são mais difíceis de se estabelecer. Como um exemplo de tais fatos morfológicos, consideraremos como as formas masculinas e femininas dos adjetivos estão relacionadas. Foneticamente, temos as formas mostradas na Tabela I. Cada forma é monossilábica. As regras que estabelecer as relações são excessivamente complexas se tomarmos o masculino como a forma básica; se a forma feminina for tomada como nosso ponto de partida, teremos: masc. 'alto' o 'feio' lɛ 'grosso' gro 'cinza' gri 'vermelho' ruʒ Tabela I fem. ot 'amarelo' lɛd 'fino' gros 'são' griz 'santo' ruʒ 'bom' masc. ʒon fæ̃ sæ̃ sæ̃ bõ fem. ʒon fin sɛn sæ̃ t bɔn Cada forma é monossilábica. As regras que estabelecer as relações são excessivamente complexas se tomarmos o masculino como a forma básica; se a forma feminina for tomada como nosso ponto de partida, teremos: -ʒ, -on -in, -ɛn → -ɔn → -t, -d, -s, -z → inalterado -æ̃ -õ zero A Tabela 2 mostra uma abordagem menos baseada na fonética, incorporando o ə como um fonema: masc. 'alto' hot 'feio' lɛd 'grosso' gros 'cinza' griz 'vermelho' ru-ʒə Tabela 2 fem. ho-tə 'amarelo' lɛ-də 'fino' gro-sə 'são' gri-zə 'santo' ru-ʒə 'bom' masc. ʒo-nə fin sɛn sɛNt bɔn fem. ʒo-nə fi-nə sɛ-nɛ sɛN-tə bɔ-nə (a abordagem de Togeby (1951) é muito similar a essa); todos os femininos agora são dissílabos, bem como as formas masculinas de 'vermelho' e 'amarelo'. O masculino agora é a melhor escolha para ser a forma básica, e as regras são as seguintes: Regras morfológicas Adj. → Adj. + (sujeita à restrição geral de que duas instâncias de ə não ə podem ser adjacentes na mesma palavra — assim, ru-ʒə e fem. masc. ʒo-nə não podem receber outro ə) Regras fonológicas (relevantes para a língua) i ɛ ɔ + n N → t, d, s, z, ə → zero æ̃ æ̃ õ quando não estiverem separados por uma fronteira de sílaba em final de palavra Outro exemplo pode ser a vogal longa "u" do inglês. Sua realização fonética como [ju:] possibilita encontros formados de [Consoante] + [j] paralelos a [Consoante] + [w], [l] ou [r] que se realizam fonemicamente como encontros consonantais. Nesse caso, a estrutura fonética da sílaba poderia diferir da fonêmica em dois aspectos: (a) O inventário dos elementos capazes de atuar como o segundo membro de encontros consonantais iniciais diferirá (três termos no nível fonêmico e quatro no nível fonético); o fato de que apenas a vogal [u:] segue normalmente um [j] nesses encontros não afeta a questão. Na verdade, há poucas palavras com [CjV] inicial em que [V] não seja [u:], a exceção é piano. Para aqueles que pronunciam [pi'ænou], a forma é obviamente trissilábica fonéaca e fonemicamente, poderia ser um trissílabo fonêmico /pĭ - æ̒ - nou/, mesmo para aqueles que pronunciam ['pjænou]. Esse caso poderia ser tratado como um empréstimo, mas está suficientemente bem estabelecido para indicar um tipo de inovação estrutural que futuramente poderá espalhar-se no inglês. (b) O inventário dos elementos capazes de atuar como o primeiro membro do encontro consonantal inicial diferirá (oclusivas e fricativas surdas, exceto palatais, no nível fonêmico; todas as consoantes, exceto palatais e [w], [r] e [l], no fonético). 2.3 A relação de sílabas fonéticas a pulsos expiratórios (Stetson, 1945: 6) ou sopros de ar (Rosetti, 1963) ou sonorização (Halla, 1961) não será discutida. Elementos sistemáticos não se definem em termos de suas manifestações físicas - na verdade, eles não se definem como postulados semelhantes a elementos de cálculo abstrato em termos do qual o sistema subjacente pode ser descrito. Só depois que eles forem postulados (como um sistema caracterizado por certas relações) esses elementos abstratos vinculam-se por regras de realização com fenômenos observáveis; estes últimos CARACTERIZAM, mas não DEFINEM os elementos abstratos. A justificativa para postular um sistema de elementos e regras de realização, em vez de outro é 'renovação de conexão' de mão dupla (Firth, 1957b: 1): (i) isso permite predizer quais tipos de eventos fonéticos são suscetíveis de ocorrer (cf. CHOMSKY "adequação observacional", 1964, p. 29-30), (ii) eles concordam com a intuição dos falantes nativos sobre sua língua (cf. CHOMSKY "adequação descritiva", 1964, p. 29-30). Se, além disso, houver uma justificativa fonética independente para postular algum elemento, então isso vai proporcionar mais uma confirmação da regularidade para fazê-lo. Por exemplo, a grande diferença acústica entre vogais e consoantes (consoantes são modificações acústica de vogais em vez de elementos por si mesma — HOCKETT, 1955, p. 206-208) tende a confirmar a adequação de uma sílaba que é basicamente CVC na natureza. Há também o ponto de que alguns afásicos são incapazes de pronunciar certas palavras, mas lembram-se e reproduzem o número de sílabas e da posição do acento de palavra (JAKOBSON, I968, po. 64). O uso glossemático do termo", com sua insistência em critérios distributivos isolados(cf. Togeby, 1951, p. 80-87) pode ser tão enganosa como usos que implicam definição em termos de propriedades intrínsecas. Mais uma vez, podemos dizer que um elemento sistemático é CARACTERIZADO e não DEFINIDO por sua distribuição: assim, o fato de que em dinamarquês p e k têm distribuições distribuição idêntica não importa - eles são postulados como elementos distintos e, então, pode-se dizer que são caracterizados por distribuição idêntica (cf. Bazell, 1953p. i6). A 'definição' circular5 de "sílaba" e "acento" feita por Hjelmslev (um como função do outro) (1939, p. 266268) não é circular, se for entendida como uma caracterização de sílaba e acento, que são de fato postulados primitivos. O mesmo poderia ser dito da 'definição' de vogais e consoantes feita por A. A. Hill (1958, p. 68-69). Para uma abordagem dos morfemas, que é análoga à nossa própria abordagem de elementos fonêmicos, veja Koutsoudas (1963): "O morfema é aquela unidade da gramática cujo arranjo é especificado pela sintaxe e que resulta de sequências usadas para predizer a forma física das sentenças" (p. 169) Deve-se lembrar que os procedimentos pelos quais montamos a sílaba em uma língua particular (ou por que nós decidimos onde colocar fronteiras silábicas em palavras dessa língua) não fazem parte de sua definição como uma unidade teórica, nem de maneira geral ou nem na língua específica. Não se afirma que esses processos não sejam importantes na fase da "descoberta" do trabalho linguístico, mas é uma afirmação de que essa fase deve ser cuidadosamente distinguida da fase de 'apresentação', e que este último que é, teoricamente, básico - procedimentos de descoberta são essencialmente "tentativa e erro" em sua natureza, e devem ser avaliados em termos de se seus resultados concordam com o melhor sistema montado para a descrição da língua. A negação de Chomsky do estatuto teórico da distribuição complementar (1964: 93) é provavelmente para ser entendido sob esta ótica. Um problema importante que qualquer teoria da sílaba deve enfrentar é a relação entre sílaba e morfema. A adoção de um quadro generativo coloca esse problema de uma forma aguda: em que ponto e de que forma pode uma fonologia baseada na sílaba (como Saporta; Contreras, 1962) "encaixar-se" numa gramática baseada em morfemas e formantes (tal como Halle, 1959)? Kohler corta o nó górdio, dizendo que não há uma resposta simples para esta pergunta, uma gramática baseada em sílaba é simplesmente impensável: '. . . pode-se demonstrar que a sílaba é tanto um conceito 5 Acusado de ser circular por Togeby (1951: 75), apesar de Hjelmslev afirmar explicitamente estar evitando circularidade (HJELMSLEV, 1939, p. 267). DESNECESSÁRIO,. . . ou IMPOSSÍVEL, ... ou mesmo PREJUDICIAL, porque ela se choca com formantes gramaticais"(1966a, p. 207; 1966b, p. 346). Na verdade, o reconhecimento explícito desta falta de isomorfismo não impediu outros estudiosos de ver a necessidade de ambos os tipos de unidade: "padrões mórficos podem ser inteiramente ligados ao padrão silábico, como em chinês; fortemente ligados ao padrão silábico, como nos dialetos Bantu; fracamente ligados ao padrão silábico, como em turco ou Inglês; ou independente do padrão silábico, como nos dialetos semitas "(Bazell, 1953, p. 62). 2.5 A maneira de se fazer a ligação entre sílaba a morfema não pode ser entendido senão com uma distinção clara entre MORFEMA (uma unidade funcional, voltada para a gramática e não decomponível em fonemas) e o MORFE (uma unidade manifesta, voltada para a fonologia, que consiste, em geral, de uma sequência de fonemas). A relação entre os dois é de representação: assim Inglês SANK consiste de um morfe (quatro fonemas de comprimento), que representam dois morfemas. Para esta distinção ver Bazell (1953, p. 51-60). 2.6 O elemento fonológico PALAVRA desse ponto de vista é uma sequência de morfes que, como morfes individuais, não têm nenhuma relação necessária com sílabas (cf. a citação de Bazell acima), e consiste, de outro ponto de vista, de uma sequência de um número inteiro de sílabas — assim, a sequência de morfes está relacionada com a sílaba, mas apenas indiretamente, através da palavra. Se um morfema ou uma sequência de morfemas que formam uma unidade de construção passa a ser representado por uma única palavra, vamos tratar isso como uma coincidência: em outras palavras PALAVRA GRAMATICAL não é um elemento com estatuto sistemático. No nível gramatical, os morfemas serão combinados em CONSTRUTOS, cujos limites não coincidem necessariamente com as fronteiras de palavras em tudo: assim morfemas de tempo são mais considerados como estando em construção gramaticalmente com um predicado completa, embora morfes representem morfemas essas são muito frequentemente ligado com o radical verbal (cf. Harris, 1951, p. 278-279; I957, p. 325). O caso extremo é exemplificado pela partícula interrogativa -ne no Latim: a construção gramatical é Q + Núcleo não Q + primeira palavra, enquanto fonologicamente temos a sílaba CV-ne aparecendo como a última sílaba da primeira palavra (fonológica) (n.b. não está 'ligado' àquela palavra — em qualquer caso particular, quando -ne está presente, eu sinto que é mais apropriado dizer que o morfe ou a sequência mórfica à qual está ligado não forma uma palavra, a despeito do fato de que ele nos casos em que -ne não está presente: assim, em César veniet 'César virá', César é uma palavra, enquanto em Caesarne veniet' César virá? 'César' não é uma palavra). Apenas um pouco menos extremos são casos como o chinês -de que, quando ligado ao último elemento de uma série de sílabas que representam uma frase ou uma cláusula, permite que a frase ou a oração de funcionar como um nome modificador. Gramaticalmente, a construção é, digamos, Oração + Adjetivador, mas, fonologicamente, é última sílaba da sintagma + -de, a despeito do estatuto gramatical da sílaba - o tom de -de é inteiramente dependente do tom da sílaba a que está anexado (HOCKETT, 1947, p. 257). Muito semelhante, novamente, é problema inglês do 's: em the King of England hat6, -'s é uma palavra? Se não for, como pode estar em construção com um sintagma (the King of England)? Mas se for, como porque ele nunca ocorre como uma forma livre? A solução é reconhecer que as construções fonológicas podem não precisam corresponder com as gramaticais: gramaticalmente temos sintagma nominal + possessivo, enquanto fonologicamente temos o the + king + of + England's + hat. Ingland's é uma palavra, mas England (neste caso particular) não é. 6 N.T. 'O chapéu do rei da Inglaterra' sentenças grupos entoacionais Frases construtos palavras morfemas sílabas sequências de fonemas ("morfes") segmentos pronúncia Figura I Assim, a hierarquia gramatical deve ser rigorosamente distinguida da hierarquia fonológica (ver Fig. I.) (Ver Pike, 1967; cap. 9, p 409-410). Haverá estreita correspondência ou mesmo identidade entre os elementos em certos casos particulares (cf. a afirmação de Bazell da relação entre sílaba e morfe citada em 2.4 acima): as linhas pontilhadas na Figura I mostram algumas dessas correspondências possíveis. Morfes formam a ponte entre as duas hierarquias: a relação entre morfemas e morfes, e a composição mórfica das palavras (Essa último área, é, penso eu, o mais próximo que se tem de "palavras gramaticais") juntos compõem o domínio da morfologia (que deve ser dissociada da fonologia, e não nele incluído como parece ser cada vez mais a moda hoje em dia). A ligação entre as formas e as estruturas geradas pela hierarquia fonológica pode ser realizada por um algoritmo que leva em conta a ordem dos fonemas que compõem os morfes e os atribui aos segmentos apropriados na estrutura da sílaba e na estrutura da palavra. Isso proporcionaria um meio de ajustar a posição silábica de fonemas que pertencem a um morfe de acordo com o contexto mórfico do último — o /v/ de driver é final de sílaba, mas é mais natural tomar /v/ de driving como inicial de sílaba (cf. KURYTOWICZ, 1948: 82-83). As "frases fonológicas" de Chomsky e Halle (1968: 9-1O) correspondem aos nossos grupos de entoação (que são os "domínios máximos dos processos fonológicos"): as regras para a inserção de fronteiras frase fonológica são parte das regras para a conversão de "estrutura de sintática superfície" (a saída do componente sintático) na "estrutura fonológica superficial" (a entrada para o componente fonológico) (1O, 13). Este enquadramento tem a desvantagem de introduzir necessariamente elementos fonológicos de maneira ad hoc, e não sistematicamente, estabelecendo relações entre os vários elementos. Estas relações são, de fato, relativamente simples: cada elemento é constituído por uma cadeia com um número inteiro de ocorrências dos elementos do nível imediatamente abaixo dela — uma frase consiste de uma ou mais palavras, uma palavra de um ou mais sílabas. A única estrutura mais complexa é a sílaba, em que as estruturas de ramificação, ao contrário das sequências, são relevantes (ver a seção seguinte). 2.7 Obviamente, os morfes e as estruturas geradas pela hierarquia fonológica devem ser compatíveis entre si. Surge a questão, que tipo de estrutura tem prioridade lógica? Em outras palavras, são as sequências de fonemas que consistem de morfes sujeitas às restrições incorporadas nas regras de estrutura silábica, ou é o inverso? Neste último caso, sem regras de estrutura silábica, as regras para estrutura mórfica só podem ser do tipo de "estado finito" (como ŠAUMJAN, 1962, propõe), o que leva a problemas tais como a dificuldade de tratar sílabas VC casos especiais de sílabas CVC, que por sua vez leva a descrições desnecessariamente complicadas, como as de Roceric-Alexandrescu (1967). Regras de estrutura silábica com a possibilidade de zeros em alguns lugares nos permitem usar as regras de "estrutura de frase" (cf. novamente ŠAUMJAN, 1962), que reduzem bastante o número de diferentes tipos de sílaba (por exemplo, no caso de Roceric-Alexandrescu, de 20 para 4, ou ainda menos). Além disso, regras de estrututa mórfica serão aplicadas ou a morfes sem vogais (ex: Inglês plural s/z, passado t/d passado, e talvez mudança de acento denotando nominalização), ou precisam ser mais complexas para explicar tais casos, com um conjunto constituído adequadamente de regras de estrutura de sílaba, por outro lado, este problema não se coloca (ver mais abaixo, 55). Aliás, seria interessante saber como Kohler trataria de uma palavra bi-mórfica como goes — ele violaria sua terceira objeção (ou seja, de que divisão silábica e divisão mórfica às vezes se chocam), aceitando-a como um monossílabo? — Sua única alternativa seria tratá-la como dissílaba, o que parece pouco satisfatório e desnecessário. As "regras de estrutura de morfema" de Halle (1959, p. 39, 58-61) parecem ser (finito estado) regras de estrutura mórfica (de estado finito) puras e simples: as sílabas não desempenham nenhum papel explícito na fonologia. Em um artigo recente, Stanley (1967) propõe que a noção de Halle de um conjunto ordenado de regras de estrutura de morfema, a par com outros tipos de regra fonológica, deve ser substituído por um conjunto não ordenado de "condições de estrutura de morfema " diferentes na forma, a partir de regras fonológicas apropriadas, e deve ser mantido separado deles. É importante notar a proposição de Stanley (432) de que condições de estrutura de morfema de um determinado tipo ("condições positivas") são necessárias para fins de se 'estabelecer restrições sobre a estrutura silábica, isto é, ao indicar as restrições relativas aos traços Consonantal, Vocálico e, talvez, Obstruinte '. Se isso é verdade, essas propostas representam um passo em frente, mas ainda sofrem de dois inconvenientes importantes: (a) Seu caráter de "estado finito" permanece inalterado; (b) Elas trabalham muito bem para língua de um tipo especial em que morfes e sílabas correlacionam-se muito proximamente: o exemplo dado no texto (427) é um caso extremo desse tipo. A situação típica das línguas semíticas é muito diferente: morfes são de três tipos distintos: (i) raízes, muito frequentemente com a forma CCC, (ii) Infixos, normalmente com a forma VV (com zero sendo uma escolha para qualquer V), (iii) Partículas, prefixos e sufixos, normalmente como (C)V(C). O tipos (i) e (ii) são descontínuos e "entrelaçados" produzindo sequências em que o tipo comum de restrições silábicas opera, e para os quais as regras de estrurura silábica deve, portanto, ser configurada completamente distinta das regras de estrutura mórfica para os principais classes de palavras. Por isso, é necessário falar em termos de sílabas; entretanto, não é suficiente. Chomsky e Halle (1968) invocaram sílabas continuamente — monossílabos, dissílabos, etc. — em suas discussões formais (no texto frequentemente, mas algumas vezes, também, nos sistemas de regras propostos), e sempre postularam um traço Silábico "que caracterizaria tosos os segmentos que constituem um pico silábico" (354). Infelizmente, nenhum desses termos são colocados de maneira explícita no texto ou nas regras; somos levados a inferir que um monossílaba é provavelmente um formativo com apenas uma vogal ("Em monossílabos, a vogal recebe o acento primário" (16) e talvez também a sílaba seja uma sequência de fonemas que ontem um e apenas uma vogal (Ʃ, [is] uma sílaba acentuada, isto é, um sequência com a forma CoVC0). O termo "sílaba" nem mesmo figura no índice de Chomsky e Halle (1968). Na verdade, pode-se afirmar que isto não é satisfatório para lidar com a estrutura de um elemento em termos de afirmações desenvolvidas para lidar com a estrutura de um elemento essencialmente diferentes e apenas indiretamente relacionado. Se queremos estabelecer uma estrutura silábica, devemos introduzir explicitamente o elemento 'sílaba' em nossa descrição linguística, e estabelecer suas relações com os outros elementos da hierarquia fonológica; é precisamente isto que Chomsky e Halle (1968) deixam de fazer. 3. Exemplo I 3.1 O primeiro dos casos a ser trazido como um desafio aos oponentes da sílaba (ver cap. I) está correlacionado com o estágio de desenvolvimento linguístico de meu filho. Com a idade de um anos e quatro meses, suas palavras caem nas seguintes classes estruturais: (a) VC: somente duas palavras: [am] 'jam', [ʌp] 'up'. (b) CV(C): o tipo mais frequente: consoante bilabial que ocorre somente com vogais posteriores arredondadas, por. ex., [bo] 'ball' ou 'book', [bɔm] 'batida em um tambor ou toque no piano' (a falta de diferenciação não é meramente lexical!); consoante alveolar que ocorre algumas vezes com vogais posteriores, por exemplo, [don] 'down', mas mais mais frequentemente com vogais anteriores, [ti] 'a drink [beber]', [den] 'again [novamente]'. O lugar de articulação da consoante final (normalmente uma nasal) era sempre o mesmo da consoante inicial. (c) CV(C)-CV(C) (reduplicado): duas (talvez três) palvras: [bo-bo] 'dog [cachorro]' e [taɁtaɁ] 'brick [tijolo]' (derivado de on top [em cima]), junto com uma ocorrência de [deɁdeɁ] 'teddy [ursinho de pelúcia] (normalmente [deddi] — ver classe (d)); as restrições mencionadas na classe (b) parecem servir para esta classe também. Em relação ao acento, essas formas foram tratadas como duas palavras nesse estágio (por isso o hífen foi acrescentado). (d) CVCCV: todas as consoantes eram idênticas em uma dada palavras: alveolares ocorreiam com vogais anteriores, e bilabiais com vogais posteriores, sem exceções; vogais fechadas numa eram seguidas por vogais abertas na mesma palavra, por exemplo: [daddi] 'Daddy [papai]', [mɔmmo] 'Mummy [mamãe]'. Para esse estágio, seria razoável postular um inventário de fonemas como na Tabela 3, com as regras de realização da Tabela 4. O sistema obviamente presta-se melhor para uma abordagem prosódica, mas isso não será elaborado nesse momento. Sobre a "harmonia consonantal'' compare-se Jespersen (1922, p. 109-110); sobre a restrição entre consoantes e vogais, compare-se Jakobson (1968, p. 29-30). Tabela 3 A a 1 p/b b 2 B t (i) (ii) P i/e o Q a ɔ/ʌ d m n Tabela 4 [p] final de palavra A1 → B1 → B1a B1b A2 B2 → → → → P(i) → P(ii) Q(i) [b] em qualquer posição [Ɂ] final de palavra (sincretismo de t e d nessa posição [t] [d] [m] [n] [e] antes de consoantes [i] em qualquer posição [o] [a] [ʌ] quando estiver precedido por uma consoante [ɔ] em qualquer posição Q()ii 3.3 Os próximos desenvolvimentos significativos são: (i) (Na idade de 1,4 anos) As velares foram acrescentadas ao inventário de alofones: fonemicamente, isso significa que o acréscimo de uma coluna C ao diagrama na Tabela 3. Para começar, elas quanse sempre ocorreram com vogais não arredondadoas, por exemplo [kʌk] 'cake [bolo]' or 'truck[trator]', [gʌn] 'garden [jadim]' (as duas da classe (b)), [gʌgɯ] 'doggie [cachorro] (class (d)), embora houvesse exceções, por exemplo [ka] 'car [carro]'. (ii) (1,4-1,5 meses) As restrições "harmônicas" entre vogais e consoantes começam a ser vencidas, por exemplo [bɛ] 'bear [urso]', [gaŋ] 'garden [jardim]'; as restrições entre vogais numa palavra, e entre consoantes numa palavra, entretanto, ainda se matêm: [memi] 'Mummy [mamãe]', [kigi] 'piggie [leitão]', [bap] 'back [atrás]'. . [e] e [i] agora representam diferentes fonemas, e as geminadas mediais das palavras da classe (d) tornam-se consoantes simples. (iii) (1,5 meses) As palavras com a forma CVNC aparecem pela primeira vez [giŋk] 'sink [afundar]', [dont] 'don't [não faça]'. (iv) (1.5-1,6 meses) Acréscimo das laterais (em sílaba inicial): [lɔi] 'lorry [caminhão]'; fricativas [ɕ] e ocasionalmente [x] (em sílaba final): [piɕ] 'please [por favor]', [gax] 'scarf [lenço]'; vogal [i] numa função "consonantal" (em sílaba final): [bɔi] 'boy [menino]' (extrinsecamente CVC [bɔy]). (v) (1,5-1,6) Primeiros sinais de relaxamente na restrição de "harmonia consonantal": alveolares (incluindo [ɕ]) começam a aumentar sua ocorrência em posição final quando labiais ou velares correm inicialmente [piɕ] 'please [por favor]', [niɕ] ou [miɕ] como formas variantes de 'missed [desaparecido]', [ban] 'bang [barulho de tiro]', [map] ou [mat] como formas variantes de 'smack [beijo]'. Isso poderia confirmar a hipótese de que o ponto de articulação alveolar é não marcado em relação a todos os outros (cf. JAKOBSON, 1968, p. 87-88; KOHLER, 19678b, p. 146). (vi) (1.5-1.6 anos) Palavfras reduplicadas (classe (c)) foram acentudadas como palavras simples, isto é, em relação ao ritmo [tattat] 'brick [tijolo]' e [dadi] 'Dady [papai]' agora são idênticas; a redução de encontros consonantais aparece em muitos casos: [maman] 'milkman [leiteiro]' (extrinsecamente [manman]), [babai] 'bye-bye [tchau]' (extrinsecamente [baybay]), assimalações em outros casos: [kikkit] 'ticket [tíquete]' (extrinsecamente [kitkit]). (vii) (1,6 anos) Aparecem palavras que se constituem de CVNC reduplicado: [kiŋkkint] 'kitchen [cozinha]' (extrinsecamente [kintkint]), [pamppamp] 'Grandpa [vovô]'. (viii) Aparece os primeiros dissílabos verdadeiros (isto é, não reduplicados): [pumptint] 'pencil [lápis]', [pʌptit] 'butter [manteiga]', [kuttit] 'scooter [patinete]'; a segundo sílaba era sempre com a forma de [tint] quando a primeira era CVNC e sempre [tit] quando a primeira era CVC. Isso poderia ser tomado como uma boa confirmação da hipótese da "alveolar não marcada", e sugerir que a vogal [i] também poderia ser vista como não marcada, pelo menos raciocínio. 3.3 Acima, mas incluindo, do estágio (v), as regras de estrutura de palavras seriam suficientes para manipular as restrições na coocorrência de fonemas; entretanto, os estágios (vi) e (viii) demandam o reconhecimento da sílaba como um elemento distinto. Pode-se perceber que qualquer tentativa de fugir desse reconhecimento, por exemplo, dizendo que "onde a primeira metade da palavra tem a forma CVC, a segunda metade é [tit]; onde a primeira metade é CVNC, a segunda metade é [tint]', claramente ainda envolveria o pesquisadora num reconhecimento implícito da sílaba. O próprio Kohler parece ter essa posição: "É importante que a criança primeiro aprende a estrutura básica, que é comum a todas as língua, ou seja CV, e que depois acrescente outras ligações pelo desenvolvimento dessa base"7 (1967a, p. 126). Essa estrutura CV não é dada com reconhecimento sistemático apesar de seu estatuto de importância universal; e, apesar de seu papel alegado como perpetuador da idéia (errônea) de sílaba: "Como uma explicação possível para a tenacidade com que a ideia e o termo ["Silbe"] levaram a cabo, é a estrutura básica CV..."8 (ibid.). Eu preferiria acreditar que a razão pela qual as sílabas ainda estão conosco é que elas são válidas como elementos da estrutura linguística, e que não podemos fazer nada sem elas. 3.4 A Figura 2 mostra uma maneira de explicar as diferenças notáveis entre a forma de superfície da versão adulta (b) e a da versão infantil (d) de pencil 'lápis'. A sílaba inicial não reduzida de (a) foi realizada como uma sílaba inicial acentuada de (b) (simbolizada por |). As consoantes da sílaba não acentuada (mas talvez não a vogal: veja abaixo) foram ignoradas pela criança, mas a presença dessa não foi (em contraste com as sílabas pretônicas não acentuadas cuja presença foi normalmente ignorada pela criança pequena). O [n] pós-vocálico foi tomado pela criança como uma prosódia silábica (Fith, 1957b, p. 24) de nasalidade; nesse estágio do desenvolvimento da criança, haverá uma regra que estabelece que quando N ocorre na primeira sílaba de uma palavra ele precisa igualmente ocorrer na segunda. O [p] inicial é adquirido sem mudanças. H no último segmento da sílabas inicial significa um Homorgânico, 7 N.T.: o autor cita no original: Es ist . .. von Wichtigkeit, dass das Kind die Grundstruktur zuerst lernt, die auch allen Sprachen gemein ist, namlich CV, und dass es alle weiteren Verbindungen durch Ausbau dieser Basis erwirb. 8 N.T.: o autor cita no original: Als eine mogliche Erklarung fur die Hartnackigkeit mit der sich der Begriff und der Terminus ["Silbe"] gehalten haben, bietet sich wiederum diese Grundstruktur CV an... implicando que essa posição é ocupada por uma oclusiva surda que sempre tem o mesmo ponto de articulação daquele que está na sílaba inicial (outras possibilidades aqui são [ɕ], [t] e zero). A sílaba final contém o símbolo U, para não marcado9, implicando que as posições inicial e final são ocupadas por [t] e que a vogal é [i] (o outro elemento nesse sistema é R[eduplicação]). Explicar a vogal da sílaba inicial não é fácil: ela não é selecionada automaticamente pela consoante (temos uma vogal diferente em [pʌpit] 'butter [manteiga]'; ela poderia ser vista como um reflexo da vogal porsterior da segunda sílaba de (b), a vogal anterior da primeira sílaba de (b) refletida pelo [i] automática da segunda sílaba de (d). Por rações de simplicidade articulatória (supostamente), essa palavra logo tomaria o feitio de uma alofone intrínseco [puntint]. Figura 2 Fonêmica Adulto palavra sílaba segmento p.e.N (a) ∪ s.i.l Fonética (alofone intrínseco) | pen sɣɫ (b) (alofone extrínseco) palavra Criança sílaba segmento N puH U (c) | pump tint (d) 4. Exemplo II Antes de fazer uma investigação aprofundada das sílabas do inglês (par. 5, abaixo), vamos definir a cena considerando brevemente a estrutura silábica do Chinês (particularmente o mandarim) com referência especial às questões de estrutura 9 N.T.: Unmarked, no original interna que serão genericamente mais relevantes e que serão, particularmente, relevantes para o inglês. De fato, é impossível dizer se as fórmulas para a estrutura silábica do chinês são relavantes para a sílabas ou se são relevantes para os morfes, uma vez que as duas unidades não indistinguíveis entre si no chinês (ver par. 2.4). Hockett já mostrou isso: " 'a sílaba' de Hartman = nosso microssegmento monossilábico'; Hartamn, tal qual seus predecessores, não encontraram microssegmentos dissilábicos, e não examinaram tão detalhadamente o problema de se estabelecer sílabas como unidades fonologicamente semelhantes (1947, nota 27). Por consequência, precisamos estar preparados para descobrir que algumas das restrições para a combinação de fonemas em inglês, ou em qualquer outra língua, são relevantes para morfes ou relevantes para palavras mais do que relevantes para sílabas (aqui, eu gostaria de enfatizar que a sílaba é uma unidade NECESSÁRIA, mas não SUFICIENTE). Entretanto, isso não implica que precisamos justificar sílabas aprioristicamente (como Hockett parece propor aqui): como já afirmamos anteriormente (p. 2.3), nós as postulamos e esperamos justificá-las pela sua aplicação em nossa descrição dos fatos da língua. 4.2 Não há falta de estudos da estrutura silábica do chinês (por ex., FIRTH; ROGERS, 1937; HOCKETT, 1947; SCOTT, 1947; 1956; HALLIDAY, 1959 (Apêndice A); CHENG, 1966): esse grande número provavelmente reflete o fato de que os dialetos chineses, em geral, demandam esse tratamento. A estrutura de quatro lugares proposta por Hockett (1947, p. 258-6; JOSS, 1957, p. 221) e Cheng (1966, p. 142, cf. 146) para o mandarim parece ser útil para a descrição de muitos outros dialetos chineses. Nós o adotaremos aqui preferencialmente a outras estruturas. Da mesma maneira que Cheng (1966, p. 135-136), excluiremos sílabas "morfofonemicamente derivadas" do conjunto de sílabas a serem consideradas. A Tabela 5 mostra os vários sistemas que operam em cada lugar. Nós adotaremos o sistema de três vogais de Hockett (1947, p. 259; JOOS, 1957, p. 221), substituindo # por I, em vez de o sistema de cinco vogais proposto por Cheng (p. 140-142), no qual a disltinção i - u - ü ocorre (redundantemente) em dois lugares da estrutura. Nesse caso particular, não se tentou equiparar elementos de um sistema com elementos de outro (cf. ALLEN, 1957, p. 74); o que não implica que não há possibilidade de se fazer isso (cv. par. 5.1 abaixo). A instituição de uma estrutura silábica certamente explica de uma maneira adequada a maioria das restrições sistemáticas para sequências sonoras: o restante pode ser estabelecido em termos da coocorrência de elementos particulares do sistema com os elementos particulares de outro — adaptando a terminologia de Firth (1957b, p. 11-14) para o nível fonológico, podemos chamá-las de "restrições de colocação" em oposição às "restrições de coligação", resumidas na Tabela 5. 4.3 Tal como foi estabelecido por Hockett (1947, p. 259) (e equivalentemente por CHENG, 1966, p. 145), /w/ não ocorre no lugar 2 e no lugar 4 na mesma sílaba, e o mesmo é verdadeiro para /y/, exceto para /yAy/ que é "raro e talvez unicamente literário" (HOCKETT, 1947, p. 259, e cf. nota 16). Esses fatos foram estabelecidos abaixo (numerais superescritos representam tons e . representam seleção de zero): regra 1: 2(b) ⇒ ∼ 4(F7) regra 2: 2(ii) ⇒ ∼ 4(E7) exceto /.yAy2/, /khyAy3/ Tabela 5 Sílaba inicial lugar 1 final medial lugar 2 i ii a zero y rima núcleo lugar 3 final lugar 4 I E A E n y b w Ɩ᷈ 6 7 F ŋ w zero A 1 2 3 4 5 h p p f m - B x h t t - C y h ts ts s n l zero h tʂ tʂ ʂ D h h k /tɕ k/tɕ x/ɕ ʐ A regra 1 pode ser parafraseada: "Se um elemento fonêmico b ocorre no lugar 2, então o elemento fonêmico f7 não pode ocorrer no lugar 4". As sílabas excepcionais poderiam ser chamadas de "sílabas desviantes" (extendendo a terminologia de Chomsky (1961, p. 233-235) para um contexto fonológico), ou "semi-sílabas" (extendo Katz, 1964, similarmente); este último tem a desvantagem de sugerir alguma coisa que é meia sílaba em duração, e, doravante, adotaremos o primeiro termo. A regra 1 será chamada de "restrição não violável" e a regra 2 (que permite exceções) se4rá chamda de "restrição violável" (entretanto, veja a nota enre parênteses em "Regras associando os lugares 1 e 2" (par. 5.8). 5. Exemplo III Tabela 6 sílaba ataque rima (terminação) coda pico 1 2 3 4 5 6 5.1 A Tabela 6 mostra o esquema para a estrutura da sílaba do inglês, tal como ela foi estabelecida para os propósitos deste estudo. Como uma justificação parcial para esse esquema, consideraremos algumas possibilidades alternativas e explicaremos porque as rejeitamos (par. 5.2-5.7 abaixo). O lugar 6 é usado é sílabas em final de palavras, somente, e pode ser ocupado por um dos membros do sistema que opera lá, ou por uma sequência de dois (excepcionalmente três) desses membros. Assim, representa-se boxes como /b.o.kSS/ (uma sílaba fonológica, mas duas sílabas fonéticas), e sixths como (s.i.SΘS/, em que o símbolo . indica a seleção de zero. Regra de realização para Bia/b, D2 no lugar 6 são: /D2/ → C )(– – – ) D2 S em qualquer posição iS ( iT no contexto (Bi)(– – – ) T em qualquer posição (os parênteses encerram segmentos simples) Bia/b → " O traço de vozeamento é, então, acrescentado pelos alofones extrínsecos [S] , [T], de acordo com seu valor no alofone precedente. Se o lugar 6 não é zero, implica haver uma fronteira de morfe imediatamente antes dele, apesar de /S/, /T/ e /st/ ocorrerem ocasionalmente sem uma fronteira: next 'próximo' /n.e.kst/, James /j.ā.mS/, apt /..a.pT/, glimpse 'vislumbrar' /glNps/, etc. Quando uma palavra monomorfêmica puder ser explicada tanto pela seleção dos lugares 4 e 5 quanto pelos lugares 5 e 6 (por exemplo, hand 'mão'), o primeiro será preferido. A distinção enre m e n no lugar 5 não é geralmente feita em sílabas que não são finais: assim, rumble 'rumor' é representado como /r.ʌ.N - b.e.l/ (os hifens denotam fronteiras silábicas, e as linhas verticais serão usadas para mostrar fronteiras mórficas). Há poucas exceções para essa regra, em que /m/ precisa estar totalmente especificado, por exemplo, gremlim 'duende', clumsy 'desajeitado'. Para uma posição contra fonética de s, z e r num sistema consonantal, ver meu ensaio (FUDGE, 1967, p. 20-21). Note-se que estamos implicando aqui que, por exemplo, r no lugar 4 é comparável, se não precisamente equivalente, com r no lugar 1, e, além disso, quase todas as consoantes que ocorrem no lugar 5 pode ser precisamente equivalentes com se númeso oposto no lugar 1. Isso é um contraste direto com o chinês, caso do parágrafo 4, bem como difere do ensino firthiano normal sobre isso (ALLEN, 1957, p. 74-75). A menos que nós façamos isso, hão há como permitir que o mesmo fonema ocupe diferentes posições silábicas em diferentes formas do mesmo lexema: assim (cf. exemplo no par., 2,6 acima) drive 'dirigir' é /drī.v./, mas driving 'dirigindo' é / drī..- v.iNg./; bind 'ligar is /b.īNd./, mas binding 'ligação' é /b.ī.N - d.iNg./. Tabela 7 Posição 1 Posição 2 Posição 3 /ir/ ə:r (stirring) ir (itirrup) ə: (stir) /er/ ə:r (deterring) er (ferry, deterrent) ə: (deter) /ʌr/ ə:r (furry) ʌr (hurry, recurrent) ə: (fur, hurt) /ar/ a:r (starry) ær (marry, comparative) a: (star, cart) /or/ ɔ:r (abhorring) ɔr (lorry, abhorrent) ɔ:/ɔə (abhor, port) /īr/ ai(ə)r (firing, iris) aiə (fire) /ēr/ iər iə /ʌ̄r/ juər (furius, during juə (pure) /ūr/ uər (touring) uə (tour) /ār/ ɛər (bearing) ɛə /ō/ ɔ:r ɔ:/ɔə (store) /aur/ (fearing, hero) (storing, storage, story) auər (flowering) (fear, fierce) (bear, scarce) auə (flower) Posição 1: antes de uma vogal em final de morfe, se estiver seguida por um afixo flexional ou por uma afixo adjetivador como -y Posição 2: antes de uma vogal qualquer Posição 3: em qualquer posição A inclusão de um r pós-vocálico (lugar 4 e 5) não precisa ser tomado de maneira que implique que o esquema não se aplica a diletos em que r não ocorra: D3 é uma elemento abstrato que, em alguns dialetos (notadamente RP) frequentemente não tem realização de si mesmo, mas que poderão, por assim dizer, contribuir para a realização da vogal precedente. Para RP, temos as regras de realização mostradas na Tabela 7. Há sincretismo entre /ir/, /e/ e /ʌr/ nas posições 1 e 3 (ainda que alguns dialetos escoceses mantenham a distinção no nível de realização - GRANT, 1914, p. 50, 55-56, 62). Também há sincretismo entre /or/ e /ōr/ nas mesmas posições (ainda que alguns dialetos escoceses mantenham a distição entre horse 'cavalo' [hɔrs] e hoarse 'rouco' [hors] (GRANT, 1914, p. 58-59) - fonemicamente talves /h.ors./ versus /h.ōrs./. Por outro lado, a distinção precisa se manter quando seguem alguns sufixos derivacionais: abhor precisa ser /..a.b - h.o.r./ porque abhorrent /..a.b - h.o.. - r | .eNt./, mas store precisa ser /st.ō.r./ porque storage /st.ō.. - r |.ā.j.;/; entretanto, é concebível que isto seja, novamente, uma questão de diferentes subsistemas do vocabulário. Outro importante sincretismo é o de /ʌ̄/ e de /ū/ que ocorre em RP: (i) para todos os falantes, apos /w/, /r/, /l/ e palatais, isto é, todas a consoantes da mesma linha ou coluna, como /y/. A posição pivô de /y/ nesse grupo associa-se muito bem com a relação: Realização de /ʌ̄/ = Realização de /y/ + Realização de / ū/; (ii) para muitos falantes, após /s/ e /z/; (iii) para alguns falantes, após /Θ/. Outras variedades do inglês (incluindo muito tipos americanos) perderam o contraste após qualquer consoante alveolar. Pares de palavras idênticos foneticmente pode algumas vezes ter representações diferentes: find 'achar' /f.īNd./ and fined 'multado' /f.ī.n|T/, board 'prancha' /b.ord./ e bored 'aborrecido' /b.ō.r|T/. Ainda que tide 'corrente' /t.ī.d./ e tied /t.ī..|T/ sejam pronunciados idênticamente em RP, isso não ocorre no escocês, em que eles são [tʌid] e [taed] respectivamente (cf. GRANT, 1914; p. 63); reconhecidamente, entretanto, isso poderia ser vistos simplesmente como consequência do posição final de morfe de / ī / no segundo caso. Essas considerações indicam que o esquema proposto tem possibilidades interessants como a base para um diassistema, ainda que haja distinções em alguns dialetos que ele não possa manipular, por exemplo, o contraste em alguns em alguns diletos da Irlanda do Norte entre lie 'mentir' e lie 'reclinar'. Alguns dos elementos fonêmicos estão mai fortemente estabelecidos no sistema do que outros: as vogais z são mais marginais entre as vogais, enquanto a oposição Θ/ð é talvez mais questionável consonantal ([ð] ocorrendo intervocalicamente, e inicialmente nos demonstrativos, etc.: [Θ] em outras posições10). A vogal zIIIα 10 Exceções a esta regra não são raras: bathe, loathe(nenhuma delas eu incluiria como um [ð] intervocálico, ether (com um [Θ] intervocálico). Isso não prejudica o valor de se estabelecer a regra mesmo uma "regra 80%" vale a pena estabelecer, estipulando-se que as exceções a ela serão indicadas. (foneticamente [a:]) é particularmente marginal, porque quase todas as sua ocorrências podem ser vistas como realizações de outras sequências ou elementos fonêmicos bem estabelecidos. Assim (para RP): 1. /ar/ → 2. /al/ → 3. /a/ → (i) (iii) [a:] na posição 3 (ver Tabela 7) 2a  [a:] no contexto: (–––) (A  ) 4  (i.e, antes de f e de m) [a:] nos seguintes contextos: A    1c  (–––) B    ) (i.e. antes de fricativas surdas, exceto š) C  2a    exceto na posição 1, assim: pass, passing, mas passage, tassel com [æ]; telegraph(ing) mas telegraphic, traffic com [æ]. Bi    (–––) (4) ( C1  a) (i. é, antes de -nt, -nč, -ns) D2   exceto na posição 2, como em: plant, planted, mas plantation, canter com [æ]; dance, dancing, mas fancy com [æ]. e possivelmente (iv) em final de palavras em sílabas não reduzidas: grandma 'vovó'. Há mjitas exceções para essas regras: assim, o contexto para a regra 2 poderia ser extendido para "antes de f, v ou m" para manipular halve, mas haveria, então, dificuldades com valve e (em alguns dialetos) salve. Outras exceções: (a) [æ] em lugar do esperado [a:]: (regra 3(ii)) ass, crass, lass, mass: gaff (riff-)raff: asp: (regra 3(iii)) ant, cant 'hipocrisia', pant, rant; stance. (b) [a:] em lugar do esperado [æ]: (regra3(ii)) master, basket, rascal; father, rather; (regra3(iii)) command, demand, slander. (c) qualquer pronúncia: drastic, lather ([dræstik], mas [la:ðə] na minha fala). Indicações são de que as exceções estão aumentando em vez de diminuir, isto é, o fonema zIIIα está ganhando terreno: a introdução de abreviaturas (caff, maths, Staffs) toma lugar sem que a regra seja aplicada. A ocorrência de [ɔ:] por, em certa medida, ser explicadas de maneira semelhante: 1. /or/ → 2. /al/ → 2a. /a/ → [ɔ:] na posição 3 [ɔ:] no contexto: (–––)(D1α) (i.é, antes de k) #    [ɔ:] no contexto: (–––)(B3)( B1  ) D2   (i.é, antes de -lt, -ld, -ls e l em final de palavra) e (para alguns dialetos mais antigos) 3/o/ → → (ii) (iii) [ɔ:] nos seguintes contgextos [ɔ:] B1c      A   (–––) (    ) (i.é, antes de fricativa surda, exceto š)  B 2 a   D     (–––) (4) (C1a) (i.é, antes de -nč) 5.2 Primeiro, nós tentaremos justificar a estrutura de ramificação particularmente postulada para a sílaba do inglês. Outros esquemas possíveis, incluem os das Tabelas 8, 9 e 10. Nos prefrimos a Tabela 6 pelas seguintes razões: (a) A tabela 8 implica que há dois tipos de Coda (não final de palavra, na qual o lugar 6 não é usado, e a final de palavra); ela também associa o normalmente lugar morfológico 6 muito proximamente à Coda — nós desejaríamos ignorar o lugar 6 quando estudarmos as restrições de coocorrência com a sílaba (parágrafo 5.8 abixo, e também FUDG, a sair: p. 3.2). (b) A tabela 9 implica que o relacionamento entre pico e coda não é tão próximo quanto o enre pico e onset. Para o inglês isso não é verdadeiro — mais importante nesse caso dos que os fatos relatados por Kurylowics (1948, p. 104) apoiando a estrutura de ramificação nas tabelas 6 e 8, é o fato de que determinados picos não coocorrem com algumas codas (somente vogais x com /-Np/, /-Nk/ e /-Ng/, etc.), se não houver restrições entre ataque e pico (cf. T. HILL, 1966, p. 209). (c) O último fato mencionado no item (b) é também uma razão para rejeitar o esquema da Tabela 10 (para o qual ver TOGEBY, 1951, p. 55). Além disso, regras transformacionais seriam necessárias para essa abordagem —para razões contrárias, ver parágrafo 5.6 abaixo. Tabela 8 sílaba ataque rima pico 1 2 coda Tabela 9 3 sílaba ataque rima 4 5 (6) coda Tabela 10 sílaba margem núcleo inicial 3 1 final 2 4 5 (6) 5.3 A próxima tabela alternativa à Tabela 6 é o esquema da Tabela 11, no qual [sp]m [st] e [sk] são vistos como realizações de encontros de dois fonemas. A vantagem principal do esquema preferido (para o qual estou em dívida com Kohler (1967b, p. 151); algo como isso também foi proposto por Firth (1936, p. 543; 1957a, p. 73), embora Firth também pareça advogar que str- etc., também poderia ser tomado como unidades indivisíveis) é que ele permite a necessidade de se postular um lugar extra na estrutura da sílaba (lugar 0) para o qual um sistema de apenas um elemento opere, e que precisa ser preenchido por zero, exceto quanto o lugar 1 contiver p, t, k, m, n, e talvez f, v; outras vantagens incluem a possibilidade de uma decisão arbitrária de se identificar a porção oclusiva de [sp] com a oclusiva da série a (isto é, [p]) ou com a da série b (isto é [b]) (ainda que, pode-se admitir, que isso poderia se obtido postulando-se que a distinção a/b não opera nos fonemas da série 1 quando eles estão precedidos por s), e a possibilidade de se separar "as estruturas inerentes /sp, st, sk/ das estrangeiras /sf, sv/" (KOHLER, 1964b, p. 151) Tabela 11 sílaba 0 1 2 s 5.4 A Tabela 12 mostra o que parece ser um conjunto mais simples para o lugar de ataque — na Tabela 6, a ocorrência de w, l, r, m e n, é redundante, uma vez que nenhuma combinação ocorre entre os elementos que são membros desse conjunto; na Tabela 12 essa redundância é eliminada pela exclusão das séries 3 e 4 do lugar 1. A Tabela 6 é preferida neste ponto porque em nossos estudos posteriores das restrições dentro da sílaba (parágrafo 5.9 abaixo), torna0-se claro que as restrições colocacionais para l, r, m, n em encontros iniciais são mais severas do que para l, r, m, n permanecendo isolados em posição inicial. Há a vantagem adicional de que o esquema da Tabela 6 estabeleça o lugar 1 como pressuposto, em relação ao lugar 2: em outras palavras, se o lugar 1 estiver vazio, então o lugar 2 precisa estar preenchido. 5.5 Um esquema alternativo, mais foneticamente baseado, para o lugar 3 é mostrado na Tabela 13. A Tabela 6 é preferida por causa da facilidade com a qual as alternâncias morfológicas podem ser manipuladas (cf. Kohler, 1967b, p. 158, 164-165; Chomsky; Halle, 1968: passim); a mais frequentemente vogal alternante difere por apenas um traço: ī/i (divine/divinity), ē/e (serene/serenity), ō/o (provoke/provocative), ʌ̄/ʌ (produce/production) são simplesmente y/x. Assim, uma formulação mais desajeitada dessas regras requerida por um traço distintivo é evitada (Chomsky; Halle, 1968, p. 178-219). Eventualmente, uma localização mais satisfatória para [au] no sistema pode ser como realização variante de ʌ̄ n(cf. profound/profoundity, south/southern, etc.), o fator condicionante sendo membro de um sistema fonêmico coexistente e não de outro. Para os propósitos deste estudo, entretanto, nós deixaremos [au] na série z das vogais. Embora a Tabela 6 seja a que adotamos, é preciso admitir que o relacionamento da Tabela 13 tem influência no sistema fonológico — mudanças sonoras pressionam a estrutura fonética na direção de inovações, enquanto o relacionamento morfológico que persiste através de uma mudança sonora tende a empurrar na direção de se conservar o antigo sistema fonêmico. Há, então, um conflito e a implicação de nossa abordagem é que esse conflito ocorre entre a fonética e a morfologia da atualidade: nós não precisamos importar considerações diacrônicas pra o nível teórico básico. Por outro lado, dissimilaridades entre padronização fonêmica e padronização fonética refletira comumente mudanças sonoras da mesma maneira: a posição de [ʌ] como realização de /x1β/ (Tabela 6) é um desses casos — ele reflete a mudança sonora [u] → [ʌ], mas sem implicar que o [ʌ] do inglês moderno é uma vogal arredondada posterior, mesmo em um nível subjacente. A abordagem de Chomsky e Halle (1965, p. 124-125; 1968, p. 203) implica exatamente isso, com a implicação adicional de que o "conflito" mencionado acima está entre a fonética atual e a fonética de um estágio passado da língua; isso, então, falha quanto à adequação descritiva — podemos esperar que o falante nativo (não treinado_ saiba alguma coisa da história passada de sua língua? Tabela 12 ataque 1 2 A Tabela 13 oferecem possibilidades melhores de restringir o lugar 3 para vogais x, e acrescentar w e y ao lugar 4 do sistema para manipular vogais w e vogais y, respectivamente, bem como na Tabela 14; compare-se este último com a abordagem de Trager e Smith (1951, p. 27). Sílabas com vogais longas e encontros consonantais no final precisariam de uma representação ligeiramente diferente: bind poderia ser /b.aynT/ em vez de /b.īNd./. Algumas poucas sílabas desse tipo que não bastante normais pelo sistema da Tabela 6 poderiam tornar-se desvios nesse sistema alternativo (faint, fierce, scarce: esses, de fato, seriam impossíveis de se representar a menos que o vozeamento fosse admitido como distintivo no lugar 6); por outro lado, a Tabela 6 provavelmente gera mais sílabas não desejadas do que a Tabela 14, e assim necessita de mais restrições colocacionais extensivas. 5.6 O esquema mostrado na Tabela 15 trata [sp], [st] e [sk] (desta vez em final de sílaba) novamente como realizações de dois elementos fonêmicos sucessivos. Isso estabelece a complicação de ter de incluir uma linha extra (linha 2) no lugar 4; entretanto, isso habilita tratar -ft no mesmo nível de -st, e também distinguir fonemicamente entre os fonemicamente idênticos -ft e -ffed. A Tabela 16 mostra as diferenças entre os esquema nesse ponto específico. Diferentemente da situação 1 (parágrafo 5.3 acima) o [p] de [sp] poderia ser sem ambiguidades a /p/: ele seleciona o membros surdos de S e T depois dele. Tabela 13 pico 3 No final das contas, parece ser antieconômico incluir uma linha extra para um lugar na estrutura de maneira a gerar apenas um encontro consonantal (-fp e -fk não ocorrem) que poderia ser adequadamente gerado sem ele — daí que nossa preferência pelo esquema da Tabela 6 aqui. Incidentalmente, a Tabela 6 é mais simétrica do que a Tabela 15: o sistema no lugar 1 é muito similar àquele do lugar 5, e os sistemas dos lugares 2 e 4 também são comparáveis. Apesar dessa similaridades, nós não adotaremos a sugestão de Šaumjan (1962) aqui, em que os encontros finais podem ser derivados de encontros iniciais pela aplicação de regras transformacionais ("reflexo de espelho"): tal regra não poderia ser universal — ela não se aplica ao chinês (par. 4 acima), espanhol (SAPORTA; CONTRERAS, 1962) e muitas outras línguas. Para línguas tais como o inglês, em que tal relação ocorre, pode-se estabelecer, DEPOIS de ambos os tipo de encontros teerem sidos gerados: a transformação como a de Harris, melhor ainda do que a de Chomsky (MATTHEWS, 1961, p. 200-201). Dessa maneira, discrepâncias menores entre encontros iniciais e finais pode causar menores dificuldades (por exemplo, o inglês permite o encontro inicial gl- mas não o final -lg, o final -lt mas não o inicial -tl.) Tabela 14 rima pico coda 3 5 4 (6) Tabela 15 coda 4 (6) 5 Tabela 16 no esquema da T. 6 no esquema da T. 15 mist m.i.st m.ist. missed m.i.sT m.i.sT lift l.i.fT l.ift. sniffed sni.fT sni.fT Incidentalmente, o fato de que [st] ocorra livremente tanto tanto no início quanto no final de palavra (ou ou sem fronteira mórfica no se for no final), enquanto [ts] não ocorre inicialmente, e ocorre no final somente com fronteira mórfica (exceto em empréstimos como blitz, ritz) pode ser tomado como uma boa evidência pra trata [st] como a realização de um elemento fonêmico simples). Além disso, o fato de que é possível, tanto quanto eu saiba, descrever a estrutura fonológica11 de qualquer língua de maneira bastante adequada sem regras transformacionais parece refletir alguma coisa essencial sobre a natureza da hierarquia fonológica ao ser comparada com a natureza da hierarquia gramatical. 5.7 Da maesma maneira que para os lugares 1 e 2 (parágrafo 5.4 acima), um inventário ligeiramente menor pode ser obtido pela eliminação de r do lugar 5, mas, novamente, isso poderia obscurecer a diferença entre as restrições colocacionais que atuam sobre o r final (isolado) e as que afetam o r em encontros consonantais finais. Podemos eliminar m e n do lugar 5 somente se nos estivermos inclinados a criar palavras como elm, kln que fogem do padrão, enquanto l precisa ser mantido por causa do grupo bastante regular girl, curl, etc. Assim, diferentemente do caso do parágrafo 5.4, embora o inventário esteja reduzido, o sistema ainda permanece complexo (nenhuma linha ou coluna pode ser removida). 5.8 Nós continuaremos agora a estabelecer restrições colocacionais, usando regras comoas que foram formuladas para o chinês (parágrafo 4.3 acima). Primeiro, nós listaremos a restrições não violáveis. Regras Gerais 1(zero)→2(zero) 5(zero)→ 4(zero) (Essas regras estabelecem os lugares 1 e 5 como cabeça de ataque e coda respectivamente) Regras que governam encontros consonantais iniciais: 2 (não zero) A   1  → ( B   ) C 2a    2(4) →1(D2a) 2(A3) →~ 1(A) 2(B3) 11 →~ 1(B) Apenas oclusivas e fricativas surdas (mas não as da série C) pode ocorrer em encontros iniciais Apenas s pode formar encontros iniciais com m e n Não são possíveis pw-, bw-, spw-, fw-, exceto em palavras emprestadas Não são possíveis tl-, dl-, stl-, Θl- "fonológica" no sentido proposto no parágrafo 2.6, isto é, excluindo as regras morfológica (HALLE, 1959, p. 37-38). Em outras palavras, a hierarquia fonológica como se define normalmente não envolve regras transformacionais. Regras que governam encontros consonantais finais: 4 (4) 4 (B3) 4 (D3) 1a    → 5( 1b  ) 2a    1a  1b    → 5( 2a  ) A2b   4  Apenas oclusivas e fricativas surdas (mas não as da série C) pode ocorrer em encontros iniciais Aic  Dic    → ~5(  ) B2b   D3  Regras que lidam com restrições entre os lugares 3 e 4: 4(4) 4(B3) 4(D3) →3(x) sem 5(D2) ou 5(B1) →3(x) sem 5(B1b) →3(x) sem 5(D2a) ou 5(B1b) Note-se que D2 e B1 são alveolares: novamente não marcadas? Regras que lidam com restrições entre os lugares 2 e 4: 2(B4) →~4(B3) 2(4) 2(B3) 2(D3) →~4(4) →~4(B3) →~4(D3) (Nenhuma sílaba começa com sn- e termina com encontro com l-) (O mesmo elemento não pode ser selecionado simultamente nos lugares 2 e 4 ) Neste ponto, podemos justificar a inclusão de w, l, r, m e n, no lugar 1 bem como no lugar 2 (parágrafo 5.4 acima): a regra 1(B3) →~4(B3) é violada pela palavra lilt, 2(B3)→ ~5(B3) por flail (veja abaixo). A restrição 1(B3) → ~5(B3) dificilmente pode ser estabelecida: das 16 palavra possíveis com a forma /l.V.l./, ao menos 4 ocorrem normalemente (lull, loll, lall, lisle, e talvez loyal) — uma proporção muito alta. Twaddell (1939; 1941) notou a pequena incidência de lVl e rVr no alemão, mas não pode fazer distinção entre, por exemplo , C1V1C e l.V.l, pela mesma razão de que ele não postulou uma estrutura silábica, mas só trabalhou com termos no "estado finito". Regra que lidam com restrições entre os lugares 3 e 5: 5(zero) →~3(x) em final de palavra Essa regra, que poderia estender-se a todas as sílabas se consoantes simples entremeassem vogais x imediatas (HOCKETT, 1955, p. 52), foram tratadas como se pertencessem fonemicamente tanto à sílaba precedente quanto à seguinte: assim butter seria /b.ʌ.t.e.r/, e, então, seria necessária uma regra que estabelecesse que consoantes geminadas dentro de uma palavras fossem realizadas como consoantes simples. As palavras is, was, has, does, says, had, did, said, could, shouldk, would são exceções se tratarmos suas consoantes finais como S ou T (e não como z ou d) como indicado pela gramática. Alternativamente, poderíamos omitir essa regra completamente e permitir que vogais x ocorressem em final de palavras, com a cláusula de que elas fossem realizadas como vogal contrapartida y- ou z- (cf. regras 3(iv) acima (parágrafo 5.1); também CHOMSK; HALLE, 1968, p. 74-75): isso se torna mais complexo pela redução vocálica. Regra que lidam com restrições entre os lugares 1 e 5 1(1C) →~5(1C) (sílabas não iniciam nem terminam com s + oclusiva exceto se a "oclusiva" for no lugar 6) Nós arrolaremos agora algumas das restrições violáveis, com as palavras fora do padrão que as violam (para os asteriscos, ver abaixo parágrafo 5.10): 2(B3) 2(D3) →~4(D3) →~4(B3) blurb, blurt, *clerk, flirt, slurp, splurge *grilse smarm, *smart, *smelt (o verbo to smelt), smirch, smirk, snarl, 2(4) →~4(3) snort (Note-se que blurred, thrilled, snored, etc são /blʌ.rT/, /Θri.lT/, /sno.rT/ respectivamente, e, por isso não violam essas regras.) Regras que associam os lugares 1 e 4: 1(B3) →~4(B3) 1(D3) →~4(D3) 1(4) e 5(a) 1(B4) →~4(4) →~4 lilt (Sem exemplos: a regra está incluída aqui e não como não violável por causa de sua similaridade com a regra precedente. Isso significa uma ligeira modificação em nossas definições anteriores: por nossos critérios atuais tanto a regra 1 quanto a regra 3 do parágrafo 4.3 poderiam dadas como violáveis.) mumps *(a)noint, *nymph (ninth é /n.ī.n|Θ/) Regras que associam os lugares 2 e 5 2(4) 2(A4) →~5(4) →~5(A) 2(B4) →~5(B) 2(B3) →~5(B3) 2(D3) →~5(D3) smarm smarm *snail, snide, *?snood, snoot, snort, snot, snout (e ainda um grande número de exceções toleradas — alveolares não marcadas novamente) * flail drear, e talvez *briar, *friar (*payer e *drawer vão de acordo com o padrão, mas provavelmente incluem fronteiras mórficas) 5.9 Nesta seção, consideraremos um forma alternativa de organizar a estrutura silábica, o que permite uma economia considerável no número de restrições a ser estabelecida, mas que, por outra lado, complica o estabelecimento de um sistema operando em cada lugar. Começaremos considerando o lugar 2, instalando o mesmo sistema como na Tabela 6: w, l, r, m, n, zero Temos, então para o lugar 1 os seguintes sistemas: s Antes de m ou de n: s Antes de w: B 1 a b 2 a Antes de l: 1 a b c 2 Antes de r: 1 2 a b c D t d Θ k g s A D p b sp f k g A B D p b sp f t d st Θ k g sk s s Antes de zero: Como na Tabela 6, com zero como a última alternativa Para o lugar 4 (com zero como uma opção possível em cada caso): B Depois de l + vogal D 3 4 r N B Depois de r + vogal: 3 4 Depois de m ou n + vogal: 3 Em todos os outros contextos: 3 4 D l N B D l r B l D r N Para o lugar 5: Depois de N: A B C D č j k 1 a b p 2 a f t d Θ A B C D p b f v m t d č j k A B C D p b t d č j k g Θ š s z Depois de l: 1 2 a b a b 4 Depois de r: 1 2 3 4 a b c a b s s n st f v l m n Depois de zero: como a Tabela 6, com zero como a última alternativa. Essa formação é claramente equivalente à anterior, que, entretanto, parece claramente preferível; em nossos futuros trabalhos, nos restringiremos às formulações anteriores. 5.10 Ainda uma restrição violável poderia ser formulada, mas nota-se que o número de formas fugiriam ao padrão seria muito grande. Entretanto, algumas das listas de palavras que fugiram ao padrão são interessante de um ponto de vista semântico — que considere as seguintes regras que envolvem sílabas finais em encontros de Nasal+Consoante: 4(4) e 5()A →~1(A) 4(4) e 5(d1) →~1(D1) blimp, bump,frump, mumps, pimp, plump, pomp, primp, *pump, vamp clang, clank, cling, clink, clonk, clung, clunk, conk, crank, *gang, gink, gong, gunk, *king, kink, skunk Essa lista de palavras fora do padrão tem uma proporção muito alta de palavras que poderiam muito facilmente ser descritas como "expressivas" (essa noção ser mais explícita em FUDGE, a sair; eu me contentarei aqui mostrando o grande número de palavras onomatopaicas ou pejorativas). As palavras que não caem nessa categoria têm um asterisco na lista aqui e no parágrafo 5.8 acima. Análogas às duas aregras recentemente dadas, estão as seguintes (mas note-se o caráter diferente das palavas fora do padrão): 4(4) e 5(B) →~1(B) 4(4) e 5(C) →~1(C) daunt, *dent, *dint, *don't, *(re)dound, *land, *lend, *lent, *lint, *(a)noint, *stand, *(in)stant, *stint, (a)stound, *strand, stunt, *(re)straint, taint, taunt, *tend, *tent, *tint, *trend, *(ro)tund, e também, *(ek)stend, *(ek)stent *change No primeiro caso, há 26 exceções, das quais apenas 5 receberam asterisco: no segundo caso há somente uma exceção, que está com asterisco. Interpretaremos essa situação tal como vai indicado na coluna B, que é não marcada em relação a A, C e D: é uma reminiscência da hipótese "alveolar não marcada" novamente, exceto porque B não corresponde completamente com o ponto de articulação alveolar. De fato, entretanto, se D for dividido entre D1 (velares) e D2/3 (alveolares), veremos que as últimas comportam-se muito maias como as outras alveolares do que D1 (veja Tabela 17). Isso sugere fortemente que ele é traços alofônicos (de ponto de articulação) e não traços fonéticos que são operados neste nível. A figura para labiais (A) e velares (D1) mostra conclusivamente que esses dois lugares são marcados em relação às alveolares (B e D2/3) para sílabas tipo sob consideração. As figuras para palatais (C) são muito pequenas para obstar o desenho de inferências seguras (cf. TWADDELL, 1939, p. 197-199). Tabela 17 Palavras fora do padrão que contém sílabas da forma C(L)VNC, resumidas de acordo com o ponto de articulação de C's nos lugares 1 e 5. A primeira figura de cada par dá o número de palavras fora do padrão, a segunda dá o número dela que tem traço semântico "expressivo". Lugar 5: A B C D1 D2/3 A 11/9 67/2 23/10 34/15 18/6 B 14/6 26/5 11/5 33/9 9/2 C 4/2 5/2 1/0 4/2 1/0 D1 13/7 19/6 9/5 17/14 4/1 D2/3 7/2 17/2 5/2 26/6 3/0 Os fatos que foram tocados nesta última seção serão tratados de mais mais estensiva num estudo (FUDGE, a sair) que dará suporte à hipótese de que há uma conexão estatística entre estrutura silábica e estrutura de traços de "expressividade". REFERÊNCIAS Allen, W. S. (1957). Aspiration in the Harauti nominal, in Studies in Linguistic Analysis. Oxford: Blackwell. 68-86. Anderson, J. M. (I969). Syllabic and non-syllabic phonology. JL 5. I36-142. Bazell, C. E. (I953). Linguistic Form. Istanbul: Istanbul Press. Cheng, R. L. (I966). Mandarin phonological structure. YL 2. 135-159. Chomsky, N. (I96I). Some methodological remarks on generative grammar. Word 17. 219-239 Chomsky, N. (I964). Current Issues in Linguistic Theory. (Janua Linguarum, Series Minor, 38.) The Hague: Mouton. Chomsky, N. & Halle, M. (I965). 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