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Trabalho e Práxis: novas configurações, velhos dilemas Vinicius Tomaz Fernandes Arelys Esquenazi Borrego Lívia de Cássia Godoi Moraes (organizadores) Capitalismo e patriarcado em pauta: aproximações e distanciamentos entre feminismo e marxismo 1 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Lívia de Cássia Godoi Moraes 2 Desde a década de 1970, há um debate pungente a respeito dos “casamentos e divórcios” entre marxismo e feminismo (ou feminismo e marxismo). O sentido dessas aproximações e distanciamentos tem implicações tanto no campo teórico quanto na práxis política. Aqui, neste capítulo, não faremos uma historiografia do movimento feminista 3, demonstrando em que momentos o marxismo apareceu como mediação para lutas das mulheres, ainda que empreendamos um esforço no sentido de apontar as implicações políticas da relação em análise. No que diz respeito ao debate teórico, do nosso ponto de vista, três autoras são fundamentais para este desenvolvimento: Heidi Hartmann, com o artigo “El infeliz matrimonio entre marxismo y feminismo: hacia uma unión más progressista” (1975-1977 4), Iris Young, com o artigo “Marxismo y feminismo, más allas del ‘matrimonio infeliz’ (una crítica al sistema dual)” (1981) e, por fim, Cinzia Arruzza, com o capítulo de livro 5 “Uma união queer entre marxismo e feminismo?” (2010). 1 Uma primeira versão deste capítulo foi publicada nos anais do Colóquio Internacional Marx e o Marxismo 2019, com o tema “Marxismo sem tabus – Enfrentando opressões”, ocorrido em agosto de 2019, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Rio de Janeiro. 2Docente do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Trabalho e Práxis. 3 Para análise neste sentido, ver Arruzza (2019) 4 Os primeiros esboços do referido texto circularam entre 1975 e 1977 e tinham a coautoria de Amy S. Bridges, que, posteriormente, abandonou o projeto. 5 O livro em questão foi traduzido e publicado no Brasil no ano de 2019, pela editora Usina, com o título “Ligações perigosas: casamentos e divórcios entre marxismo e feminismo”. 87 É preciso destacar que, apesar dessa temática ter sido efervescente nas décadas de 1970 e 1980, ela arrefeceu nos anos 1990, especialmente porque, com o fim do chamado socialismo real, e com a simbólica derrubada do Muro de Berlim, era comum ouvir que “Marx morreu”, que o capitalismo era o “fim da história”, que não haveria espaço para qualquer revolução que não fosse a revolução interior. Tal perspectiva individualista veio a corroborar com a hegemonia do feminismo liberal. Entretanto, especialmente depois da crise capitalista na sua expressão mais financeirizada, iniciada entre 2007 e 2008, Karl Marx ressurgiu como um relevante teórico para pensar o tempo presente. A sua importância se expressa, inclusive, pela forte campanha da extrema direita mundial em negar o marxismo, com repercussões no Brasil 6. As feministas marxistas, contudo, não abandonaram o marxismo e continuaram produzindo ao longo das décadas em que as críticas ao capitalismo haviam recuado. O fato de que o texto de Arruzza sobre o tema das controvérsias entre feminismo e marxismo ter sido publicado em 2010 demonstra que o debate não foi encerrado, e as aproximações e distanciamentos entre marxismo e feminismo continuaram a ocorrer. Já é 2020, e continuamos a analisar a temática, fenômeno reforçado pela conjuntura econômica e política mundial, de incessante ataque à classe trabalhadora. Em resposta à austeridade, surgem expressivos movimentos de resistência feministas em âmbito internacional. Podemos destacar: a marcha de mulheres contra Trump (especialmente as racializadas e imigrantes) nos Estados Unidos, bem como o movimento viral da internet #MeToo, que denunciou casos de assédio e abusos sexuais envolvendo poderosos da indústria estadunidense do cinema, em especial de Holywood; o #niunaamenos (2015-2016) e a luta pela legalização do aborto (2018-9), na Argentina; o movimento de mulheres chilenas, iniciado pelo coletivo “Las Tesis”, de Valparaíso, com a frase que 6No Brasil, representantes do governo do presidente Jair Bolsonaro (2019 – atual) expressaram claramente em seus discursos o repúdio ao que chamam, sob influência de Olavo de Carvalho, de “marxismo cultural”. São exemplos, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub (ESTADÃO, 2019) e o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (ESTADÃO, 2018). 88 repercutiu em outros países “O violador é você”, com referência ao Estado liberal que produziu desigualdade social crescente acompanhada de forte repressão policial; a luta das mulheres contra Bolsonaro #elenão, no Brasil, em 2018; e outros protestos de mulheres que também ocorreram no Equador, na Bolívia e na Colômbia, em torno de demandas sociais, da questão indígena e em defesa da democracia (PROTESTOS, 2020); por fim, o 8M, o dia da greve internacional de mulheres, em marcha desde 2017, e que abarca cada vez mais países, cujo manifesto (ARRUZZA; BHATTACHARYA; FRAZER, 2019) deixa claro: trata-se de um feminismo radicalmente anticapitalista. Mediante esse contexto, nosso objetivo é apresentar as principais teses, avanços e limites das três mencionadas publicações, na tentativa de dialogar com as autoras,dado que é bastante importante que uma base teórica feminista marxista seja uma arma revolucionária para enfrentar o avanço da barbárie capitalista do tempo presente. Em conexão direta com o debate entre feminismo e marxismo está a relação entre capitalismo e patriarcado, que nos parece ser o ponto fulcral dos três artigos, especialmente a polêmica, por um lado, se são sistemas separados que convergem neste tempo histórico ou se, por outro lado, só faz sentido pensar uma teoria unitária que reúna capitalismo e patriarcado como partes do mesmo sistema. Nessa seara, outro elemento surge como fundamental para pesquisas que desejam investigar trabalho e gênero, para além das interfaces entre marxismo e feminismo e capitalismo e patriarcado: a relação entre produção e reprodução, a qual também será abordada no presente capítulo, primordial para a perspectiva a que temos nos dedicado com mais afinco, a da Teoria da Reprodução Social 7. 7A Teoria da Reprodução Social é de base marxista, mas pretende avançar na análise das questões de gênero. Tal teoria parte do princípio de que a produção de bens e serviços e a produção da vida são parte de um mesmo processo, um processo integrado (BHATTACHARYA, 2019). As pessoas que produzem coisas, também são produzidas. No modo de produção capitalista, há particularidades que exigem uma análise que conecte as relações de classe e gênero, com um projeto maior de pensar como ontologia integrativa entre classe, gênero, raça e sexualidade. Por isso, a necessidade de uma “teoria unitária”, conforme ficará explicitado no capítulo.Destacam-se como importantes pesquisadoras/es nesse 89 Para os objetivos mencionados, organizamos o capítulo da seguinte forma: a primeira seção trata do sistema dual materialista proposto por Hartmann (1983 [1977]), em contraposição ao sistema dual das feministas radicais; a segunda seção apresenta a proposta de uma teoria unitária (capitalismo e patriarcado) por Young (1992 [1981]); a terceira seção apresenta a concepção de união queer entre marxismo e feminismo, por Arruzza (2019 [2010]), que dialoga com a teoria unitária de Young, entretanto, tentando pensar os desafios postos pelo tempo presente, de uma economia global, entrelaçando classe e gênero; por fim, a última seção conta com apontamentos da autora do capítulo sobre limites e alcances do debates mencionados, com sugestões por onde marxismo e feminismo devem caminhar, a partir das contribuições anteriormente apresentadas. Hartmann e o matrimônio infeliz entre marxismo e feminismo. Hartmann (1983 [1975-77]) inicia sua argumentação no artigo “El infeliz matrimonio entre marxismo y feminismo: hacia una unión más progressista” dizendo que o casamento entre marxismo e feminismo se assemelha ao casamento entre esposo e esposa: marxismo e feminismo são unitários, e essa unidade é o marxismo, assim como no casamento convencional, a unidade está no marido. Ela diz que, até então, as tentativas de integrar marxismo e feminismo foram insatisfatórias para as feministas, porque subordinaram a luta feminista à luta mais ampla, contra o capital. Na percepção da estudiosa, ou se constitui um casamento saudável entre marxismo e feminismo ou seria melhor o divórcio total entre eles. O argumento de Hartmann (1983) é o de que, apesar da análise marxista prover conhecimentos primordiais sobre as leis do desenvolvimento histórico e do modo de produção capitalista em particular, as categorias marxistas estão “cegas com relação campo: Lise Vogel, Martha Gimenez, Johanna Brenner, Susan Ferguson, David Mc Nally, Cinzia Arruzza e Tithi Bhattacharya, 90 ao sexo”. Para essa pesquisadora, contudo, também a análise feminista estava sendo cega à história, bem como insuficientemente materialista. Sem negar a importância do marxismo, Hartmann sugere uma nova direção para a análise do feminismo marxista. Ao propor um novo direcionamento, Hartmann (1983) se centrou, especificamente, na relação entre capitalismo e patriarcado. Para melhor compreensão desse direcionamento, faz-se necessário diferenciar a noção de patriarcado para Hartmann e para as feministas radicais, com quem ela dialoga no artigo. As feministas radicais surgiram nos Estados Unidos, no contexto de intensa agitação política dos anos 1960. O american dream abalado pelo assassinato de Kennedy e a recusa à Guerra do Vietnã, em uma realidade racista, de exploração da classe trabalhadora e imperialista, fizeram surgir, nos Estados Unidos, movimentos sociais radicais. Não somente se constituía uma Nova Esquerda, como as mulheres, no interior do próprio movimento, estavam insatisfeitas sobre como eram tratadas, bem como sobre a forma como a questão da mulher era abordada em seus escritos e agitações. Esses movimentos radicais não estavam interessados em reformas políticas, estavam interessados em criar novas formas de vida, novas formas de viver. Foi assim que, entre 1967 e 1975, se desenvolveu o feminismo radical (PEDREIRA, 2008). Em contraste com a abordagem pragmática tomada pelo feminismo liberal, o feminismo radical visa remodelar a sociedade e reestruturar as instituições que enxergam como eminentemente patriarcais [...] Elas lutaram para substituir as relações hierárquicas e tradicionais de poder, que consideravam refletir o viés masculino da sociedade, com abordagens não-hierárquicas e anti-autoritárias de política e organização (GHANDI, 2016, p. 32). É importante ressaltar que as análises são muito circunscritas ao capitalismo dos países centrais, em especial, dos Estados Unidos. No feminismo radical, destacaram-se duas autoras: Juliet Mitchell e Shulamith Firestone, as quais não negaram completamente o marxismo, mas quiseram colocar seu 91 método à serviço das questões feministas. Inclusive o “radical” é inspirado nas noções marxistas de tomar as questões pela raiz. Elas tinham por objetivo encontrar a raiz das opressões. Firstone (1970) colocou a reprodução, ao invés da produção, como a força motora da história, com ênfase muito forte nas motivações biológicas e psicológicas para a condição da mulher. Já Mitchell, segundo Hartmann (1983), foi incapaz de analisar a participação dos aspectos materiais no processo de formação da personalidade e na criação do gênero, ou como o sexo (biológico) se converte em gênero (social). No sentido já apontado, de acento nas questões psicológicas, o principal slogan do movimento feminista radical era “o pessoal é político”. ‘Lo personal es político’ significa, para las feministas radicales, que la división de classe original y básica es entre los sexos, y que la fuerza que motiva esto en la historia es el esfuerzo de los hombres para dominar y mantener su poder sobre las mujeresen la dialéctica del sexo (HARTMANN, 1983, s.p.). A relação entre homens e mulheres é pensada a partir de uma relação de poder, de dominação, centrada no ego. “Lo masculino busca poder y dominación: él es egocêntrico e individualista; competitivo y pragmático; el ‘modo tecnológico’ según Firestone, es masculino. Lo feminino es artístico, filosófico, el cuidado y crianza de los niños; el ‘modo estético’ es feminino” (HARTMANN, 1983, s.p.). Tal relação de poder colocada pela dialética dos sexos das feministas radicais, com raízes biológicas, psicológicas e culturais, definem uma noção de patriarcado que, para Hartmann (1983), é bastante complicada, para não dizer pouco rigorosa. O patriarcado referir-se-ia ao sistema social caracterizado pela dominação masculina sobre as mulheres. Ocorre, assim, uma universalização histórica do patriarcado que perde de vista as particularidades. A universalização histórica do patriarcado, ou seja, o fato de que a dominação dos homens sobre as mulheres existe na maior parte das sociedades, torna o patriarcado a-histórico. 92 Esta definición de patriarcado del feminismo radical se aplica a la mayoría de las sociedades que conocemos y no se puede distinguir entre ellas. El uso de la historia por las feministas radicales está tipicamente limitado a suministrar ejemplos de la existência del patriarcado em todos los tempos y lugares (HARTMANN, 1983, s.p.). Atenta à base histórica das análises marxistas, Hatmann (1983) buscou recuperar a história do patriarcado. Segundo a pesquisadora, a concepção de patriarcado hegemônica antes desse desenvolvimento teórico das feministas radicais, seja para os marxistas, seja para as demais principais correntes científicosociais do ocidente era: [...] el patriarcado se referia a um sistema de relaciones entre hombres que formaban los lineamientos económicos y políticos de sociedades feudales y de algunas prefeudales, em las cuales la jerarquia seguia ciertas características adscritas. Las sociedades capitalistas son entendidas por los científicos sociales burgueses, como meritocráticas, burocráticas e impersonales. Los marxistas vem las sociedades capitalistas como sistemas de dominación de classe (HARTMANN, 1983, s.p.). O feminismo radical traz uma proposta de definição de patriarcado nova: sistemas de relações que permitem/ possibilitam a que homens dominem as mulheres. Carece, entretanto, às feministas radicais, uma explicação das bases materiais do patriarcado, por exemplo, a divisão sexual do trabalho e controle que os homens exercem sobre a força de trabalho das mulheres. Isso tem impacto, inclusive no controle do corpo e da sexualidade das mulheres. Ao se centrar na reprodução no lugar da produção social, as feministas radicais perderam de vista a relação intrínseca entre produção e reprodução social na sociedade capitalista. Ao proporem uma espécie de “patriarcado puro”, sem história, sem materialidade, acabaram por apagar as particularidades do patriarcado e, em especial, de desvendar quais os determinantes históricos do patriarcado no modo de produção capitalista. Esse olhar sobre a particularidade é muito importante, porque também quebra com leituras teleológicas da história 93 dentro do próprio marxismo, na medida em que possibilita afirmar que, mesmo no socialismo, uma sociedade pode permanecer sendo patriarcal. Ou seja, que a revolução em si não produziria, automaticamente, a superação de outras opressões, como a de gênero. Hartmann (1983) concorda com o fato de que o patriarcado esteve presente na maioria das sociedades que conhecemos, porém afirma que se modifica em forma e em intensidade. Bem como “las mujeres de diferente classe, raza, nacionalidade, estado marital, grupo de orientação sexual, están sujetas a diferentes grados de poder patriarcal” (HARTMANN, 1983, s.p.). A centralidade na questão da relação de poder entre homens e mulheres é tão grande para as análises das feministas radicais, que essas passaram a rechaçar a luta conjunta entre homens e mulheres. Estudantes negros do Studaent Non-violent Coordination Council (SNCC) (que haviam feito campanha para os direitos civis para os negros) expulsaram os estudantes homens e mulheres brancas na Convenção de Chicago, com a justificativa de que apenas os negros deviam lutar pela liberação dos negros. Da mesma forma, a ideia de que a libertação das mulheres é a luta exclusiva das mulheres ganhou terreno. Neste contexto, as mulheres membros do Students for a Democratic Society (SDS) exigiram que a libertação das mulheres seria uma parte de seu conselho nacional em sua convenção em junho de 1968. Mas foram vaiadas e votaram contra. Muitas destas mulheres saíram e formaram a Women’s Radical Action Project (WRAP) em Chicago. Mulheres de dentro da New University Conference (NUC) – um corpo a nível nacional de estudantes universitários, funcionários e professores que queriam um EUA socialista – formaram um caucus de mulheres. Marlene Dixon e Naomi Wisstein de Chicago lideraram este processo. Shulamith Firestone e Pamela Allen começaram atividades semelhantes em Nova York e formaram o New York Radical Women (NYRW). Todas elas rejeitaram a visão liberal que mudanças nas leis e uma emenda de direitos iguais resolveriam os problemas da opressão da mulher e acreditavam que toda a estrutura da sociedade deveria ser transformada. Daí, chamavam a si 94 mesmas de radicais. Sustentaram a opinião que grupos e partidos mistos (homens e mulheres) como o Partido Socialista, SDS, New Left não seriam capazes de levar adiante a luta pela emancipação da mulher e um movimento de mulheres, autônomo dos partidos, seria necessário (GANDHI, 2016, p. 26). Hartmann (1983) não nega a classe social nem a luta conjunta de mulheres e homens da classe trabalhadora, o que, para ela, teria repercussões graves à luta anticapitalista. Ao contrário, sua intenção, com o artigo em análise, diz respeito ao desafio de aproximar o marxismo e o feminismo. Para tanto, propõe uma nova concepção de patriarcado: [...] el patriarcado como um conjunto de relaciones sociales que tiene uma base material y em la cual hay relaciones jerárquicas entre los hombres y solidariedade entre ellos, lo que les permite dominar a las mujeres. La base material del patriarcado es el control de los hombres sobre la fuerza de trabajo de las mujeres. Dicho control se mantiene negando acceso a las mujeres a los recursos productivos economicamente necessários y restringiendo su sexualidade (HARTMANN, 1983, s.p.). Com essa nova proposta de definição de patriarcado, Hartmann (1983) buscou tornar mais próxima a relação entre capitalismo e patriarcado, ao apontar para a base material do deste último, relacionando a hierarquia entre homens e mulheres com a divisão do trabalho. Ao produzir sua crítica, Hartmann (1983) também assinalou para o interesse, no interior do proletariado, de se manter uma relação de controle dos homens sobre as mulheres, principalmente quando esses argumentavam que a entrada das mulheres no mercado de trabalho reduziria os próprios salários, de modo que seria melhor que elas continuassem cumprindo suas tarefas no lar. Também criticou uma leitura mecanicista marxista que afirmava que o patriarcado desapareceria frente à necessidade do capitalismo de proletarizar a todos e todas. Segundo a estudiosa, os que faziam esse tipo de afirmação subestimaram a força e a flexibilidade tanto do patriarcado quanto do capital. 95 Hartmann (1983) propôs, conclusivamente, a partir de toda essa análise, uma união mais progressista entre marxismo e feminismo para, dessa forma, organizar uma prática que se dirigisse tanto contra o patriarcado como contra o capitalismo. “[...] mientras que los hombres han luchado por más tiempo contra el capital, las mujeres sabemos por qué luchar” (s.p.). Arruzza (2015 [2014]), em análise mais recente, propõe reabrir o debate entre capitalismo e patriarcado. Em sua pesquisa, formulou três teses: a “teoria dos sistemas duplos ou triplos”; a do “capitalismo indiferente” e a “teoria unitária”. A teoria dos sistemas duplos seria aquele que analisa capitalismo e patriarcado como dois sistemas diversos, com estrutura própria.O sistema triplo seria aquele que incluiria, além de capitalismo e patriarcado, um terceiro sistema, para tratar a questão racial, de forma autônoma, ainda que interseccionando-se com os dois primeiros. Na tese do “capitalismo indiferente”, a opressão de gênero, expressa no patriarcado, é vista como reminiscente de formas sociais anteriores ao capitalismo.Este teria uma relação oportunista com a desigualdade de gênero e poderia superá-la sem maiores dificuldades. Uma importante teórica do campo marxista aparece como representante dessa tese: Ellen Wood. Já a teoria unitária busca dar “uma explicação teórica única e integrada tanto da opressão às mulheres quanto do modo de produção capitalista” (FERGUSON; MCNALLY, 2017, p. 33). Apesar das cobranças que Hartmann faz quanto as aproximações entre marxismo e feminismo, Arruzza (2015) adverte que Hartmann (1983) recai na teoria dos sistemas duplos, porque não colocam capitalismo e patriarcado como parte de uma mesma unidade. Tal conclusão está em consonância com a leitura de Young, que analisaremos a seguir. Young: para além de uma aliança progressista Se Hartmann (1983) fez grandes avanços no que diz respeito à relação entre marxismo e feminismo, Young (1992 [1981]) quer ir além. Para a mencionada pesquisadora, apesar 96 de Hartmann ter dado bases materiais ao patriarcado, ainda tratou capitalismo e patriarcado como um sistema dual. Young (1992) propõe uma teoria unitária. Diz a autora: Yo plantearé, sin embargo, que la teoria del sistema dual no puede reparar el infeliz matrimonio del marxismo y el feminismo. Hay buenas razones para crer que la situación de la mujer no está condicionada por dos sistemas distintos de relaciones sociales que tienen estructuras, dinâmicas e historias distintas. Es más, el marxismo feminista no puede contentarse com um mero “matrimonio” de dos teorias – marxismo y feminismo – que reflejan dos sistemas: el capitalismo y el patriarcado. Por el contrarío, el proyecto del feminismo socialista debe ser el desarrollar uma teoria única, aprovechando lo mejor del marxismo e del feminismo radical, para compreender el patriarcado capitalista como um sistema em el cual la opresión de la mujer es um atributo central (YOUNG, 1992, s.p.). Young (1992) concorda com as críticas que Hartmann (1983) faz às feministas radicais, principalmente no que diz respeito ao acento exagerado nos cuidados dos filhos e no fato de considerarem o patriarcado um fenômeno psicológico ou cultural, apartado da materialidade real concreta, portanto, estático e a-histórico. Apesar de estar de acordo com Hartmann nos aspectos mencionados, Young (1992) observa que, mesmo que tendo proposto bases materiais para o patriarcado, ela ainda posiciona o capital e o patriarcado como formas distintas de relações sociais, com conjuntos distintos de interesses. Coexistem, porém, não necessariamente se relacionam. Para Hartmann, segundo a leitura de Young (1992), há leis de transformação específicas do patriarcado, que se diferem das leis gerais do capitalismo. Se Hartmann (1983) afirma que as relações sociais patriarcais dentro do capitalismo contemporâneo não se restringem ao âmbito da família, mas alcançam o espaço do trabalho assalariado, bem como outras instituições fora do lar, torna difícil olhar para o patriarcado e o capitalismo como sistemas distintos, ou seja,de forma dual. “Parece razonable, sin 97 embargo, admitir que, si el patriarcado y el capitalismo se manifiestan em estructuras económicas sociales idênticas, entonces pertenecem a um sistema, y no a dos” (YOUNG, 1992, s.p.). Corre-se o risco, em se mantendo uma análise dual, de se propor que o patriarcado seja um modo de produção em si mesmo, alertou Young (1992). Sob influência das feministas radicais, também as feministas materialistas 8 enveredaram para o debate de classe de sexo, tendo sido um artigo fundante neste sentido o intitulado “O inimigo principal: a economia política do patriarcado”, de Christine Delphy, de 1970, no qual ela indica que há um modo de produção patriarcal em paralelo ao modo de produção capitalista, e que as mulheres devem se atentar para a exploração que ocorre dentro dos lares, estabelecida pelo antagonismo de classe de sexo. Na verdade, ao pretender que as mulheres pertencem à classe do marido, mascara-se exatamente que elas pertencem por definição a uma classe diferente da do marido. Ao pretender que o casamento pode substituir as relações de produção no sistema capitalista como critério de pertencimento de classe nesse sistema, mascara-se tanto a existência de outro sistema de produção quanto o fato de que as relações de produção nesse sistema colocam precisamente maridos e mulheres em classes antagônicas (em que uns tiram um proveito material da exploração das outras). Por fim, a “reintegração” das mulheres nas classes por sua definição como propriedade do marido objetiva precisamente velar o fato de que elas são uma propriedade do marido (DELPHY, 2015, p. 114-115, grifos nossos). A separação do que ocorre no centro da família (trabalho não pago) do que se passa no âmbito do trabalho pago faz com que faltem ferramentas de análise para entender a opressão sexista a essas análises, podendo, no limite, servirem aos interesses do próprio capitalismo. 8O grupo das feministas materialistas francesas se formou com várias mulheres reunidas em torno da revista “Questions Féministes”, tais como Christine Delphy, Colette Guillaumin, Nicole-Claude Mathieu, Monique Wittig e outras, as quais se debruçaram no debate da desnaturalização do sexo. 98 Young (1992) sugere às feministas, destarte, que não se “casem” com o marxismo, mas que se apropriem das análises das relações de produção e das relações sociais do marxismo para propor uma teoria que tome o trabalho das mulheres como central, portanto, “[...] um sistema único en el cual la diferenciación de género es un atributo central” (YOUNG, 1992, s.p.). Assim como o sistema de classes é categoria central de análise para o marxismo tradicional, Young (1992) propõe que a “divisão do trabalho por gênero” seja categoria central dessa teoria unitária a ser proposta pelas feministas. Em concordância com Hartmann (1983), para Young (1992), o conceito de classe é sem dúvida “cego ao gênero” no marxismo. Segundo a pesquisadora, a categoria “divisão do trabalho” permaneceu sem desenvolvimento após importante explanação de Marx e Engels em “A ideologia Alemã”. Young (1992) procurou avançar com relação à Hartmann (1983) ao dizer que as tarefas tradicionais da mulher no lar também cabem dentro da categoria trabalho, aproximando produção e reprodução como parte das relações sociais. As relações de gênero e a posição da mulher devem estar no centro da análise materialista histórica, de modo a relacionar a emergência da sociedade de classes à divisão do trabalho por gênero sem, com isso, repetir o equívoco das feministas radicais de afirmar que a sociedade de classes deriva da opressão sexual. Outro elemento que já aparece em Hartmann (1983) e que é reforçado por Young (1992) é a importância da relação entre universal e particular, para quem a divisão do trabalho por gênero evita generalizações de que as mulheres em diferentes espaços geográficos e tempos históricos sofrem da mesma forma a opressão sexual. Há variações de graus de subordinação das mulheres aos homens, inclusive com relação à raça, origem étnica etc. Feito esse desenvolvimento teórico, Young (1992) apresenta sua tese central: “[...] la marginalización de la mujer y, por conseguiente, nuestro funcionamento como uma fuerza laboral secundária, es uma característica fundamental e essencial del capitalismo” (YOUNG, 1992, s.p.). 99 Sem usar o conceito de Marx (2013), Young (1992) diz que a mulher compõe a superpopulação relativa, que responde às flutuações em torno da massa empregada. Citando Saffioti, ela coloca os homens no núcleo central ou como trabalhadores primários, e as mulheres como trabalhadoras secundárias ou marginais. O capital precisa de critérios para absorver ou não uma determinada quantidade de trabalhadores no mercado de trabalho, respondendo às suas necessidades. O capitalismo se utiliza de critérios técnicos e raciais, mas o mais óbvio e permanente, segundo Young (1992), tem sido a divisão por sexo. A depender da conjuntura, os trabalhadores homens bem pagos são trocados por mulheres mal remuneradas. Ainda assim, mesmo que tidas como secundárias, os capitalistas continuam a promover a ideologia da “feminilidade doméstica” para justificar baixos salários, sua indispensabilidade no lar e para impedir que se organizem (YOUNG, 1992, s.p.). Para Lerner (2019), estudiosa da história da opressão das mulheres, esse caráter ideológico é reforçado materialmente: O sistema do patriarcado só pode funcionar com a cooperação das mulheres. Assegura-se essa cooperação por diversos meios: doutrinação de gênero, carência educacional, negação às mulheres do conhecimento da própria história, divisão de mulheres pela definição de “respeitabilidade” e “desvio” de acordo com suas atividades sexuais; por restrições e coerção total; por meio de discriminação no acesso a recursos econômicos e poder político e pela concessão de privilégios de classe a mulheres que obedecem (LERNER, 2019, p. 267). Também atenta às bases materiais, e para defender a teoria unitária em contraposição à teoria dual, Young (1992) desenvolve sobre as implicações práticas da teoria. Segundo ela, seria muito difícil fazer uma luta contra o patriarcado (na definição materialista posta por Hartmann) em separado da luta contra o capitalismo. No máximo, ela consegue citar a luta por direitos reprodutivos. 100 Mas, se recorrermos a publicações contemporâneas àquelas, como a de Guillaumin (2014 [1978]) 9, para quem a mulher é uma fábrica de fazer filhos, portanto, de produzir força de trabalho, cuja vida é, não somente explorada e oprimida, mas também seu corpo apropriado privada e coletivamente, veremos que nem os direitos reprodutivos seriam exceção. Assim, para Young (1992), a luta é uma só e urgente: contra o capital e contra o patriarcado, que compõem um único sistema. Arruzza: a união queer entre marxismo e feminismo. Diante da pergunta inicial de Hartmann sobre o casamento saudável entre marxismo e feminismo ou o divórcio total, Arruzza (2019 [2010]), face ao enorme processo de feminização do trabalho diante da mundialização do capital, descarta, sem reticências, a possibilidade do divórcio. No século XXI, nada obstante, Arruzza (2019) continua constatando a dificuldade da teoria marxista integrar os debates de divisão sexual do trabalho, do papel da reprodução capitalista e de como a ideologia patriarcal se relaciona com a dinâmica da acumulação. A pesquisadora observa que movimentos sociais e as teóricas do feminismo têm feito a retirada da categoria classe social de suas análises, em nome de uma sororidade universal das mulheres. Em Arruzza (2019), a relação entre capitalismo e patriarcado também aparece como relevante, em conexão com a teoria unitária. Contudo, nos parece que outra relação, conectada à anterior, é primordial no referido capítulo: a relação entre classe e gênero. “O que interessa não é se a classe vem antes do gênero ou o gênero antes da classe, mas como o gênero e a classe se entrelaçam nas relações de produção capitalista [...]” (ARRUZZA, 2019, p. 140). Desenvolver uma visão que possa dar sentido às ligações e decifrar a complexa relação entre os vestígios patriarcais Ainda que se trate de uma feministas materialista, acreditamos que a contemporaneidade do debate se faz relevante. 9 101 que se movem como fantasmas em um mundo capitalista globalizado e estruturas patriarcais que, ao contrário, foram integradas, usadas e transformadas pelo capitalismo, exige uma renovação do marxismo. Esta renovação é necessária para ir além da contraposição entre as categorias cultura e economia, material e ideológico. Um projeto político que busque construir um novo movimento de trabalhadores requer uma séria reflexão sobre como gênero e raça influenciam tanto a composição da força de trabalho quanto o processo de subjetivação. Além disso, significa o fim da disputa sobre a “opressão original” (ARRUZZA, 2019, p. 140). Segundo explicação de Nancy Fraser (apud Arruzza, 2019, p. 129), a teoria queer 10 não tem por objetivo a reivindicação de uma identidade homossexual, transexual ou intersexual, mas desconstruir a dicotomia homossexual/ heterossexual. Portanto, assim como a teoria revolucionária marxista quer o fim das classes sociais, a teoria queer quer o fim do gênero. Quando Arruzza (2019) fala de união queer, ela está se referindo às tentativas equivocadas de fazer do gênero uma classe ou da classe um gênero, pulverizando relações pessoais e as reduzindo a opressões singulares, a esperar um espaço na fila pela inclusão no projeto de emancipação. A defesa de uma teoria unitária, por Arruzza (2015; 2019), passa pela necessidade de se olhar o capitalismo como uma totalidade articulada e contraditória, cuja reprodução é tão primordial para a sua sustentação quanto a produção, as quais se movimentam dialeticamente enquanto uma unidade. Conforme defendido do Huws (2014), vida, trabalho e valor sustentam esse modo de produção. 10 A teoria queer foi desenvolvida na década de 1990 e tem como principal teórica a filósofa Judith Butler. Em crítica a leituras deterministas, essencialistas e biologicistas, a estudiosa ressalta o caráter performativo do gênero, na tentativa de quebrar com a lógica normativa preponderante. Arruzza (2019) ressalta importância da análise de Butler por ter conectado elementos da cultura com a base material. Contudo, enxerga como limite um distanciamento da base econômica que estrutura as relações de poder. 102 O termo reprodução social, na tradição marxista, normalmente indica o processo de reprodução de uma sociedade em sua totalidade [...]. Na tradição marxista feminista, entretanto, reprodução social significa algo mais preciso: a manutenção e reprodução da vida, em nível diário e geracional. Neste contexto, reprodução social designa a forma na qual trabalho físico, emocional e mental necessário para a produção da população é socialmente organizado (ARRUZZA, 2015, p. 55). É preciso ter claro que, na teoria unitária, o espaço da reprodução não se restringe ao lar, mas avança para os campos da educação, saúde, política social em geral, porque valor de troca está em unidade contraditória com o valor de uso e, apesar do capital produzir morte 11, ele não existe sem a reprodução da vida. O desafio, portanto, das feministas marxistas é trabalhar nessa contradição para formação de uma nova subjetividade e novas práticas revolucionárias. Marxismo feminista e feminismo marxista Essa recuperação do debate demonstra a relevância política dessa aproximação entre marxismo e feminismo, ao mesmo tempo em que aponta para algo primordial ao marxismo: a autocrítica. Karl Marx, até o final da vida, repensou a teoria que produziu. Musto (2018), em biografia dos dois últimos anos de vida de Marx, apresentou um pesquisador que ainda fazia profundas descoberta no campo da antropologia e da propriedade comum nas sociedades pré-capitalistas, por exemplo, para aprimorar a sua crítica da economia política. Devemos seguir o exemplo de Marx, que não tinha receio em repensar a sua teoria e renovar o marxismo, sem desviar de seus fundamentos, em especial de seu método. Da década de 1970 aos dias atuais, foram traduzidas e publicadas muitas obras inéditas de Marx, bem como o próprio marxismo se desenvolveu, especialmente no que diz respeito à Desde o trabalho morto no processo de reprodução capitalista até a repressão de cariz genocida, que elimina força de trabalho excedente. 11 103 crítica dialética a um materialismo histórico economicista 12. Tal crítica torna muito equivocado tratar a reprodução em separado da produção social, quanto mais afirmar que o patriarcado é parte da superestrutura ou apenas uma expressão ideológica da produção econômica. Também consideramos que essa (re)visitação à obra de Marx pode invalidar a afirmação de que o autor e marxismo são cegos em relação ao sexo/gênero 13. Ao falar de classe e divisão do trabalho, Marx não ignorou a questão da mulher. Podemos dizer que são apontamentos não aprofundados, mas consideramos um tanto quanto exagerado afirmar que era cego no que diz respeito às mulheres na composição social das classes. Outros marxistas, como István Meszáros (2002), dedicaram espaço em suas obras para discutir especificamente a libertação da mulher 14. Além de um exercício na utilização do método materialista histórico dialético, se faz necessária uma análise ontológica do ser social mulher na sociedade capitalista para entender o patriarcado em sua intrínseca relação com o modo de produção capitalista, observando diferentes níveis de abstração na análise, que deem conta da relação universal, particular e singular. As autoras chamam atenção, e estamos de acordo com elas, para a necessidade de pesquisas empíricas, que nos permitam melhor nos apropriarmos da materialidade concreta da sua posição de mulher (em toda a sua heterogeneidade de classe, raça e orientação sexual), sob opressão patriarcal, na sociedade capitalista. Em conclusão ao debate, fazemos a defesa de uma teoria unitária, que pense capitalismo e patriarcado como uma totalidade integrada e não como dois sistemas em separado. Cientes de que o patriarcado existe na história há muito mais tempo que o modo de produção capitalista, analisamos que o capitalismo eleva o patriarcado a um novo patamar, cujas Para este debate, ver Moraes (2017). O debate em torno do uso dos conceitos sexo e gênero podem ser encontrado em Cisne (2014) e Scott (1986). 14 Para este debate, ver Mészáros (2002) e Moraes (2018). 12 13 104 particularidades e singularidades podem ser expressas em pesquisas empíricas. É preciso destacar e fazer a autocrítica para o fato de que as feministas marxistas têm se centrado nos âmbitos de gênero e classe, e que a questão racial tem sido marginalizada em boa parte da produção teórica desse campo. Por mais que se reivindique que não é possível pensar ontologicamente a mulher a não ser em sua diversidade concreta –isso significa pensar tanto raça, quanto classe, quanto sexualidade como fundantes do que seja o ser social mulher na sociedade capitalista –, ainda há que se avançar nesse sentido. O rigor teórico, a observância do método, a análise da materialidade concreta e proposição política de um feminismo anticapitalista podem ser fortes instrumentos na luta contra a barbárie capitalista que se aprofunda velozmente com a mundialização financeira do capital. Tal arcabouço pode revelar que uma revolução social só se concretiza se o marxismo for feminista e se o feminismo for marxista. Referências ARRUZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%. São Paulo: Boitempo, 2019. ARRUZZA, Cinzia. Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado e/ou capitalismo. Revista Outubro, n. 23, 1° semestre de 2015. 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