O triunfo do jornalismo de comunicação ou a erosão de uma profissão em mudança
Autor(es):
Figueira, João
Publicado por:
Imprensa da Universidade de Coimbra
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URI:http://hdl.handle.net/10316.2/38252
DOI:
DOI:http://dx.doi.org/10.14195/1647-8622_15_3
Accessed :
18-Oct-2017 11:35:19
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O triunfo do jornalismo de comunicação
ou a erosão de uma profissão em mudança
João Figueira
João Figueira, Professor auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
e Investigador integrado do CEIS20. Email: jjfigueira@sapo.pt
http://dx.doi.org/10.14195/1647-8622_15_3
57
O TRIUNFO DO JORNALISMO
DE COMUNICAÇÃO OU A
EROSÃO DE UMA PROFISSÃO
EM MUDANÇA
THE THRIUMPH OF COMMUNICATION JOURNALISM
O R T H E E RO S I O N O F A
CHANGING PROFESSION
LE TRIOMPHE DU JOURNALISME DE LA COMMUNICATION OU L’EROSION D’UNE
PROFESSION EN EVOLUTION
O jornalismo enfrenta os maiores
desafios e dilemas da sua história.
O novo ambiente digital, o aumento da influência das redes sociais
e a possibilidade de cada pessoa
poder produzir e distribuir informação a larga escala constituem
elementos que reenquadram o
exercício do jornalismo. O presente
artigo parte do contexto atual em
que a profissão é exercida, para
perceber como tais transformações estão a mudar a prática e o
entendimento sobre o jornalismo e
também o seu modelo de negócio.
Procuramos, assim, entender se os
processos de comunicação dominantes na nova ecologia mediática
reforçam ou enfraquecem o papel
do jornalismo, ou se este, como
nós o conhecemos, está a mudar
ou, no limite, corre o risco de
extinção.
Apoiados no tecido teórico de
autores como Pavlik (2014),
Bradshaw (2014) Rost (2014),
Kovach & Rosenstiel (2004), Neveu (2005), Nichols & McChesney
(2013), Deuze (2008), Sebastião
(2012) e Baldissera (2008) entre
outros, procuramos perceber os
novos caminhos do jornalismo e as
suas fragilidades, tendo em conta
a ação estratégica das fontes organizadas e com elevada capacidade
de influência na Agenda noticiosa.
Jo u r n a l i s m f a c e s i t s b i g g e s t
challenges and dilemmas to date.
The new digital environment, the
growth of social media influence
and the possibility each person
has to produce and disseminate
information at a large scale represent the elements that refocus the
practice of journalism. This paper
starts from the present context in
which the profession is practised
to understand how such transformations are changing the practice
and understanding of journalism,
as well as its business model.
We endeavour to understand if
the new ecological processes of
media communication strengthen
or weaken journalism’s function,
or if journalism, as we know it,
is changing or is on the brink of
extinction.
Supported by theories of authors
such as Pavlik (2014), Bradshaw
(2014) Rost (2014), Kovach &
Rosenstiel (2004), Neveu (2005),
Nichols & McChesney (2013),
Deuze (2008), Sebastião (2012)
and Baldissera (2008) among
others, we try to understand the
new paths of journalism, and its
weaknesses, considering the strategic actions of organized sources
with the means to influence News
coverage.
Le journalisme affronte les plus
grands défis et les plus grands
dilemmes de son histoire. La
nouvelle ambiance numérique,
l’augmentation de l’influence des
réseaux sociaux et la possibilité
que chaque personne produise et
distribue de l’information à large
échelle constituent des éléments
qui recadrent l’exercice du journalisme. Le présent article part de
l’actuel contexte dans lequel le métier est exercé, afin de comprendre
comment de telles transformations
sont en train de changer la pratique et l’entendement qui existe
à propos du journalisme et aussi
son modèle d’affaire.
Nous cherchons ainsi à comp r e n d re s i l e s p r o c e s s u s d e
communication dominants dans
la nouvelle écologie médiatique
renforcent ou affaiblissent le rôle
du journalisme, ou si celui-ci,
comme nous le connaissons, est
en train de changer ou, à la limite,
court un risque d’extinction.
Basés sur le tissu théorique
d’auteurs tels que Pavlik (2014),
Bradshaw (2014) Rost (2014),
Kovach & Rosenstiel (2004), Neveu (2005), Nichols & McChesney
(2013), Deuze (2008), Sebastião
(2012) et Baldissera (2008) entre
autres, nous avons cherché à
comprendre les nouveaux chemins
du journalisme et ses fragilités,
étant donné l’action stratégique
des sources organisées et ayant
une haute capacité d’influence sur
l’Agenda de la presse.
Palavras-chave: Jornalismo, Redes
sociais, Relações públicas, Comunicação.
Keywords: Journalism, Social
networks, Public relations, Communication.
Mots-clefs: Journalisme, Réseaux
sociaux, Relations publiques,
Communication.
58
O antigo “dom da escuta” que Walter Benjamin tanto apreciava e o qual assenta,
precisamente, nessa capacidade especial de prestar uma atenção profunda, está ausente
da sociedade ativa dos nossos dias. Nesta sociedade de produção, onde os indivíduos
já “são empresários de si próprios” (HAN, 2014, p. 19) aquilo que impera é o sujeito
produtivo — esse sujeito sem consciência social, uma vez que toda a sua ação é determinada pela vontade de “maximizar a produção” (HAN, 2014, p. 20). Eis, afinal, o que
se exige hoje de um jornalista e a uma redação crescentemente exígua e descapitalizada
de recursos humanos: produzir muito, depressa e o mais barato possível. Mesmo que,
paradoxalmente, se gastem fortunas com despedimentos e rescisões amigáveis, como
tem sucedido em vários países, Portugal incluído 1, e como foi o processo levado a cabo
nos últimos meses de 2014, no New York Times, que conduziu à saída de 85 editores
e jornalistas com mais de 20 anos de casa, num processo cujo objetivo era chegar aos
100 despedimentos2.
A influência e potencialidades da tecnologia, a par de toda uma reconfiguração
dos modelos de negócio dos novos media, constituem as principais explicações para as
modificações e turbulência que o sector vive na maioria dos países, onde as mudanças
de hábitos e de comportamentos dos públicos — eles também, doravante, armados
das mesmas tecnologias dos media, passaram a disputar o seu espaço, protagonismo
e capacidade de produzir e transmitir informação.
Para que serve o jornalismo?
O “triunfo da comunicação” a que Wolton (1999, p. 159) se refere quando discorre
sobre as relações entre ela e a política e como esta passou a depender da primeira, ganha
aqui uma especial e renovada acuidade, dado que o mundo atual das redes sociais,
do skype, do 3D e da net 2.0 é muito diferente do quotidiano e da tecnologia de há
15 anos. Com estas alterações profundas o exercício do jornalismo mudou também.
Da mesma maneira que emergiram novas abordagens e noções sobre o jornalismo e
o modo de o praticar, mas também de o limitar e influenciar.
Situados, portanto, no interior de um mundo em acelerada mudança e observando
as várias profissões ligadas aos media que desapareceram nas últimas quatro décadas,
faz todo o sentido, a nosso ver, questionarmo-nos sobre se o jornalismo não estará
igualmente a desaparecer, quiçá porque a sua existência ou necessidade começa a estar
esgotada. Ou, é outra hipótese, porque o jornalismo foi completamente pulverizado pela
tecnologia e, nessa medida, como a produção de informação passou a estar ao alcance
de todos, tudo pode ser considerado jornalismo e qualquer cidadão é um jornalista.
1
Não existem dados precisos e atualizados sobre o número de jornalistas despedidos em Portugal. A
anterior direção do Sindicato do Jornalistas tinha conhecimento de 500 casos entre 2007 e 2013. Mas com
o despedimento coletivo levado a cabo no verão de 2014 na Controlinveste e o encerramento do Primeiro
de Janeiro, entre outros emagrecimentos e sem novos investimentos no setor, o número de jornalistas
desempregados continua a aumentar.
2
Nos Estados Unidos, entre 2009 e 2013, foram despedidos cerca de cinco mil jornalistas só na imprensa
diária. Em Portugal, segundo números do Sindicato dos Jornalistas, cerca de 600 ficaram sem emprego ou
pediram a reforma antecipada, nos últimos três anos.
59
Tal perspetiva como que reatualiza uma questão antiga, dado que o jornalismo
foi, desde sempre, uma profissão aberta, no sentido de que é o seu exercício (nos
respetivos quadros legais, éticos e deontológicos) que determina a respetiva identidade
profissional e não a existência de uma formação de tronco comum, formal e especificamente pensada para preparar futuros profissionais, como sucede, por exemplo, com
os médicos, arquitetos, engenheiros ou juristas (TRAQUINA, 2004; Singer, 2003).
O conceito de profissão ou, melhor dizendo, os quadros teóricos ligados à noção de
profissão que marcaram uma boa parte do século XX hesitaram muito em acolher o
jornalismo como profissão, preferindo olhá-lo antes como uma ocupação. Essa foi,
sobretudo, a atitude da linha funcionalista, cujas raízes mergulhavam no pensamento
de Durkheim (MACDONALD, 1999), mas à qual outras correntes posteriores, como
as teorias interacionistas, haveriam de contrapor renovados olhares e entendimentos3.
Hoje, no entanto, o debate é menos sociológico porque o centro das atenções foi
desviado para o campo da tecnologia, uma vez esta ter criado “uma nova organização
económica do jornalismo, na qual as normas da profissão estão a ser postas à prova,
redefinidas e, por vezes, efetivamente abandonadas” (KOVACH & ROSENSTIEL,
2004, p. 15). No fundo, o que estes dois investigadores norte-americanos nos dizem, ao
relembrar uma expressão de Jeff Jarvis, é que está ao alcance da maioria dos cidadãos a
capacidade de realizarem atos de jornalismo, dado que dispõem dos meios tecnológicos
para a produção e difusão de informação.
Tais atos de jornalismo correspondem, numa outra aceção e contexto, às iniciativas
e capacidades de automedicação que as pessoas podem ter e fazer, sem que isso faça
delas um médico. Entendemos, por isso, que existe um saber específico ligado ao
exercício e à responsabilidade (ética e deontológica, desde logo) do jornalismo que
vai muito para além das possibilidades tecnológicas e das competências técnicas de
cada um. Por outro lado, não sendo o exercício do jornalismo um discurso sobre si
mesmo, mas um conjunto de procedimentos e decisões com finalidades concretas e
bem definidas — informar, noticiar, tornar público e do conhecimento de todos algo
que antes o não era — com impacto na sociedade, sujeitos a determinadas regras e
princípios, muitas vezes, como sucede em Portugal, com honras de reconhecimento
constitucional, entendemos que a raíz da questão estará na resposta à pergunta de
Kovach & Rosenstiel (2004): “para que serve o jornalismo? (p. 15).
Na opinião dos dois autores, “a finalidade do jornalismo não é definida pela
tecnologia, nem pelos jornalistas ou pelas técnicas que estes empregam(...) mas pela
função que as notícias desempenham na vida das pessoas” (2004, p. 15). Defendem,
por isso e sem a menor hesitação, que “a principal finalidade do jornalismo é fornecer
aos cidadãos a informação de que precisam para serem livres e se autogovernarem”
(2004, p. 16).
3
Escapa ao objeto do presente artigo a abordagem concetual do jornalismo no quadro das profissões.
Essa questão pode, todavia, ser aprofundada em Claude Dubar & Pierre Tripier (1998), Sociologie des
professions; Joaquim Fidalgo (2008), O Jornalista em construção; Meryl Aldridge & Julia Evetts (2003,
dezembro), Rethinking the conceptual of professionalism: the case of journalism. The British Journal of
Sociology, 54 (4).
60
Concordamos, no essencial, com esta posição, na medida em que a nosso ver é
impensável uma sociedade aberta, livre e democrática sem um jornalismo igualmente livre,
plural e capaz de dar aos cidadãos todos os elementos e informações de que necessitam
para melhor exerceram a cidadania, formarem as suas opiniões e tomarem decisões.
Contudo, a democraticidade tecnológica que antes referimos e a quase desregulação
em que o sector dos media entrou nos anos mais recentes e cujos desenvolvimentos
são, ainda, algo nebulosos, estão a conduzir o jornalismo para um caminho e mundo
novos, onde a ideia de cidadão está a ser substituída pela de consumidor e, onde antes
o antigo profissional da informação era um elemento imprescindível, ele é hoje um
ator secundário no contexto da empresa e na cadeia de prioridades de um negócio
em profunda transformação.
A linguagem comercial no interior das redações
É indiscutível que os processos de comunicação e os meios para a veicular alteraram-se
profundamente e, com eles, é o próprio exercício do jornalismo que está em mudança.
Isto é, os velhos órgãos de comunicação estão a transformar-se em plataformas digitais,
nas quais, segundo a perspetiva de Juan Varela, as redações convertem-se numa rede
social — espaço de encontro para clientes e fornecedores, no sentido de potenciar e
diversificar as possibilidades de negócio, através do aumento da oferta (conteúdos e
formatos), uma vez que a produção da informação segundo os moldes tradicionais é
manifestamente insuficiente (VARELA, 2011).
Esse espaço de encontro com vista a aumentar as capacidades de oferta a que se refere
Varela (2001) vêmo-lo já redefinido e publicamente assumido na revista Time, cujo
CEO, Joseph Ripp, anunciou, em dezembro de 2013, que os jornalistas e os comerciais
passariam a partilhar a redação e que os primeiros teriam de passar a ter em conta
recomendações e chamadas de atenção dos segundos. O objetivo, segundo foi explicado,
é conseguir melhores resultados operacionais4. Longe vão, pois, os tempos em que o
fundador da Time, Henry Luce, preconizava a separação entre a Igreja (informação)
e o Estado (negócios) no interior da revista ou, ainda, do célebre diretor do Chicago
Tribune, Robert McCormick, que, no início do século passado, criou dois conjuntos
de elevadores separados no edifício do jornal (Tribune Tower), para que os repórteres
nem ali se cruzassem com os publicitários (KOVACH & ROSENSTIEL, 2004).
Ainda em 2013, mas em novembro, o recém demissionário responsável pela secção
“Local World” do influente diário inglês, The Guardian, Steve Auckland, defendeu na
comunicação que fez na conferência anual do grupo, que os jornalistas e os editores
têm um papel importante no capítulo do negócio da empresa e que, por isso, deveriam
usar os seus contactos para vender publicidade, sem deixarem, ao mesmo tempo, de
escrever notícias5.
4
Para mais detalhes, consultar: http://www.nytimes.com/2013/12/30/business/media/time-inc-is-preparing-to-head-out-on-its-own.html?pagewanted=all&_r=0
5
Para mais detalhes, consultar em: http://www.pressgazette.co.uk/journalists-and-editors-should-sell-advertising-well-filling-copy
61
A questão tem mais lastro do que se pensa, designadamente onde ela é mais
abertamente debatida. Sandra Rowe, diretora do Portland Oregonian entre 1993-2010
— em cujo período o jornal conquistou cinco Prémios Pulitzer (incluindo o de Serviço
Público) e eleita em 2011 presidente do “Committee to Protect Journalists” — defendia,
enquanto responsável daquele diário, que “não há problema algum em ensinar princípios
comerciais aos jornalistas” (KOVACH & ROSENSTIEL, 2004, p. 62).
O New York Times iniciou, de resto, em novembro de 2014, a publicação de
conteúdos patrocinados — content marketing — tanto na edição em papel como
online. O primeiro cliente foi a multinacional Shell, que, de acordo com um relatório
da Capital New York, terá pago mais de 200 mil dólares pela criação de um conteúdo
intitulado “cities energized: the urban transition”.
No final do referido conteúdo informa-se que este foi inteiramente produzido pelo
departamento comercial do NYT em colaboração com a Shell e que a redação do jornal
não teve qualquer papel na sua preparação. Não obstante esta desejável transparência, é
difícil não perceber e detetar a semelhança ou, até, a contaminação narrativa existente
entre aquilo que é um conteúdo publicitário com estas caraterísticas e uma reportagem.
A questão é de tal forma óbvia e pertinente, que David Carr, autor da coluna “Os
media em equação”, no NYT, e professor de estudos dos media na universidade de Boston,
considera a native advertising — em cujo âmbito se insere o content marketing — o
novo perigo do jornalismo, uma vez que a sua forma e modelo de narrativa vestem o
mesmo uniforme do jornalismo.
O facto de o NYT e também a prestigiada revista New Yorker terem demorado mais
que outras publicações a aderir aos modelos do native advertising, apenas significa
que já nem as marcas informativas de referência escapam a essa onda gigante que, no
fundo, está intimamente ligada com a diversificação da oferta de produtos, tendo em
vista a potencialização do novo modelo de negócio, como refere Varela (2011), que o
novo ambiente digital proporciona (ROST, 2014).
Esta tendência, que agora é muito mais visível e assumida, já tinha começado
subtilmente uns anos antes, designadamente quando os órgãos e comunicação passaram
a estar incorporados em grandes grupos e “a responsabilidade financeira entrou na
redação e trouxe consigo a linguagem comercial”, sublinham Kovach & Rosenstiel
(2004, p. 63), que não deixam de realçar, ainda, expressão que um dia ouviram ao
antigo diretor do San Jose Mercury, Bob Ingle: “os melhores diretores são executivos
de marketing” (p. 63).
Mudanças na forma e nos estilos
Em França, a mais visível resistência à mudança circunscreveu-se a uma curta greve
seguida de uma troca de diretor. Referimo-nos ao caso controverso protagonizado
pelo diário francês Libération, cuja primeira página da edição de 7 de fevereiro de
2014 — “nós somos um jornal, não um restaurante ou uma rede social” — era
um grito de alerta e de alarme face às transformações em curso que culminaram
com a demissão do diretor. No final de agosto, era anunciado que o papel deixava
definitivamente de ser a prioridade do jornal, ao mesmo tempo que era divulgado
62
o nome do responsável que, a partir de 1 de setembro, iria liderar o novo modelo
de informação.
No outro lado do Atlântico, o NYT anunciava, entretanto, a criação do editor para
a inovação e estratégia. Kinsey Wilson, que desde 2008 desempenhava as funções de
vice-presidente executivo da National Public Radio (NPR) dos Estados Unidos, foi o
nome escolhido pelo diário de Nova Iorque que, com a criação desta nova editoria,
visa expandir os conteúdos nos dispositivos móveis e criar novas ofertas de conteúdos
digitais.
Agora, Kinsey Wilson é a principal ligação da redação nas questões digitais com
a área financeira da empresa. Depois de ter transformado a NPR — uma grande
rádio — numa multiplataforma que atualmente distribui programas para cerca de
800 estações públicas norte-americanas, K. Wilson tem, desde fevereiro, altura em
que iniciou funções, a missão de acelerar a transformação do NYT numa organização
jornalística capaz de distribuir informação noticiosa em todas as plataformas.
A mesma ambição é assumida pelo prestigiado diário inglês, The Guardian. Com
cerca de 100 milhões de leitores em todo o mundo que, mensalmente, acedem às
suas edições electrónicas, o jornal, numa atitude inusitada e surpreendente, abriu,
no início deste ano, concurso público6 para o cargo de diretor. Além dos requisitos
que o concurso estipulava relativamente às competências e ao perfil da pessoa que
procurava, era dada especial relevância a dois aspetos: capacidade para afirmar o The
Guardian como uma marca global e uma explicitação acerca da visão estratégica que o
respetivo candidato tinha para o crescimento do jornal. Após as últimas duas décadas,
marcadas pela liderança de Alan Rusbridger, que transformou o diário inglês que
vendia umas centenas de milhar de exemplares numa organização transnacional de
informação7 — com os referidos 100 milhões de leitores mensais — exige-se agora, no
entender da administração do grupo, um novo passo capaz de afirmar o jornal como
uma das mais influentes marcas digitais de informação em todo o mundo.
A referência e a atenção que prestamos tanto ao NYT 8 como ao The Guardian,
apesar dos resultados económicos diferentes que tiveram em 2014,9 justificam-se
pelo facto de se tratar de duas importantes organizações de media à escala global e,
nessa medida, as suas estratégias servirem de referência e farol para todo um campo
em mutação, fruto, afinal, das mudanças de hábitos e de leitura das pessoas e, por
consequência, do seu acesso à informação. Logo, à sua distribuição.
6P
ara mais informação ver: http://www.theguardian.com/info/2014/dec/29/-sp-editor-in-chief-guardian-news-media-role-specification
7P
ara mais informação ver:http://www.theguardian.com/info/2014/dec/19/-sp-appointing-a-new-editor-in-chief-of-guardian-news-media
8
Dados do próprio jornal publicados a 30/10/2014 referiam a existência de 875 mil subscritores das
edições eletrónicas: http://www.nytimes.com/2014/10/31/business/new-york-times-co-reports-3Q-earnings.
html?_r=0
9
As receitas no The Guardian subiram 6.8% face a 2013, situando-se nos 210.2 milhões de Libras,
contra os 196.8 milhões ao ano anterior; no NYT as receitas no terceiro trimestre de 2014 registaram
uma subida de 0.8%, mas as perdas com os custos operacionais, fruto das indemnizações a pagar aos 100
jornalistas que despediu (e a que já fizemos referência) e com investimentos em novos produtos e iniciativas
contribuíram para perdas na ordem dos 9 milhões de dólares.
63
Jornalismo de ubiquidade
As novas oportunidades de comunicação propiciadas pela tecnologia estão a
conduzir, na realidade, à afirmação de uma nova cultura, digamos assim, de fazer
jornalismo. O blogging ao vivo, que tão bons resultados tem dado, quer quando ao
serviço de estratégias de marketing, quer como produtor e indutor de informação
(BRADSHAW, 2014), é apenas um exemplo das transformações que o jornalismo,
cada vez mais inserido no ambiente digital, enfrenta e protagoniza, uma vez que é
impossível ficar à margem das mudanças em curso, quando “a tecnologia vem na nossa
direção” (LORENZ, 2014, p.153).
Uma das consequências deste novo contexto comunicacional é o que Pavlik (2014)
designa por jornalismo de ubiquidade, na perspetiva de que a sua produção, ao não
estar já sob a esfera da ação exclusiva de profissionais, resulta da iniciativa das pessoas
e estas estão em toda a parte. Dá como exemplos os casos da Primavera Árabe e do
movimento “Occupay Wall Street”, aos quais podemos juntar, também, as manifestações
no Brasil, nomeadamente, em S. Paulo, em cujo contexto emergiu a Media Ninja10.
Nos dois primeiros casos, “cidadãos equipados com dispositivos móveis conectados à
rede foram capazes de fornecer, em fluxo contínuo, textos em tempo real e vídeos para
todo o mundo através de mídias sociais como twitter, facebook e mensagens de textos.
As autoridades foram frustradas pela publicação ubíqua e por sua reduzida habilidade
em controlar o fluxo de informação” (PAVLIK, 2014, pp. 165-166). A Media Ninja,
por seu lado, além de dar a perspetiva do lado dos manifestantes, influenciou, com
a sua ação e crescente audiência, a cobertura dos principais orgãos de comunicação
que, doravante, tiveram de ajustar o seu olhar e atenção para aspetos que, até então,
ignoravam ou secundarizavam.
A ingerência ou intrusão de novos atores no espaço mediático, agora totalmente
disponível e mais democrático, trouxe consigo um aumento exponencial de informação.
Por outro lado, o ambiente digital em que toda ou grande parte da comunicação
passou a efetivar-se transcende os códigos, as rotinas, os princípios e até o tipo de
relacionamentos que durante um século marcaram o jornalismo. Este, confrontado com
a influência crescente de novas linguagens e formatos que veiculam informação, como
os blogues e depois as redes sociais, levou a que os orgãos de comunicação tradicionais
tivessem de os adicionar nos seus espaços e aderir a eles (ROST, 2014) para melhor
comunicarem (porque os seus públicos passaram a frequentar outras plataformas) e
manterem a necessária visibilidade pública.
Um órgão de comunicação passou a ser, assim, mais do que o seu próprio título
e espaço. Ele é agora um conjunto de várias plataformas, através das quais comunica,
cria laços e vende produtos, naquilo a que Rost (2014) classifica como “transmedia”
10
Eis como a Media Ninja se define e situa o seu trabalho: “A Internet mudou o jornalismo e nós
fazemos parte dessa transformação. Vivemos uma cultura peertopeer (P2P), que permite a troca de
informações diretas entre as pessoas, sem a presença dos velhos intermediários. Novas tecnologias e novas
aplicações têm permitido o surgimento de novos espaços para trocas, nos quais as pessoas não só recebem
mas também produzem informações. Neste novo tempo, de redes conectadas às ruas, emergem os cidadãos
multimídia, com capacidade de construir sua opinião e compartilhá-la no ambiente virtual” (https://ninja.
oximity.com/partner/ninja/about).
64
(p. 75). Tal entendimento tem implícita a ideia da interatividade seletiva, uma vez
que a variedade de suportes e de plataformas disponíveis propiciam a autonomia
dos diferentes produtos com a vantagem de fomentarem o nível de participação dos
utilizadores. Nesse sentido, “há uma tendência clara para uma maior personalização
dos conteúdos, num ambiente cada vez mais modular” (ROST, 2014, p. 76). Cada
utilizador configura, portanto, a sua própria rede de acesso às notícias, ao mesmo
tempo que se aumentam também “as possibilidades de pesquisa e recuperação da
informação, assim como as alternativas que cada utilizador tem para selecioná-la e
administrá-la” (ROST, 2014, p.76).
Informação personalizada
A capacidade de decisão e de escolha do destinatário da informação nunca foi
tão grande nem o seu grau de comprometimento com ela assumiu as proporções
que hoje ela nos revela. Se, por um lado, Pavlik (2014) coloca uma especial ênfase
no jornalismo de ubiquidade, no qual o epicentro da informação está em cada um
de nós, Rost (2014) e Lorenz (2014) optam por olhar para a capacidade seletiva da
informação e para a sua dimensão individual; ou seja, a informação é vista segundo
as necessidades e finalidades que servem ao o respetivo destinatário e para o modo
fácil e cómodo como ele pode aceder a ela, fruto dos avanços informáticos que
parecem resolver tudo.
Olhar para o consumidor de informação como outras áreas de negócio olham para
os seus públicos, ou seja, de forma personalizada, como que procurando satisfazer,
neste caso, as suas necessidades e desejos informativos ou noticiosos, através de uma
personalização da oferta, eis o caminho que alguns autores apontam.
“Mais vale querer saber que desejos são satisfeitos, e de que modo”, propõe
Innerarity (2010, p. 91), que atribui aos meios de comunicação uma boa parte do
conhecimento que temos, quando afirma que “vivemos num mundo em segunda mão”
(p. 89), justamente para sublinhar a dimensão mediadora que eles desempenham ao
fornecerem “a matéria da nossa realidade” (p. 89). E aquilo que está em jogo, sustenta
o mesmo investigador, não é tanto a verdade, mas antes a satisfação de um conjunto
de funções sociais como “a estabilidade, o entretenimento ou a criação de uma boa
consciência” (p. 91). Ora, a satisfação dessas necessidades e a resposta aos desejos
individuais de cada um apontam, na perspetiva de Lorenz (2014), para a ideia de uma
informação personalizada, hoje tornada possível graças à informática e aos algoritmos
que a tornam cada vez mais ágil e inteligente.
“Uma razão para pensar a personalização é a crescente disponibilidade de software
sofisticado, muitas vezes, a custo muito baixo”, sustenta Lorenz (2014, p. 153), que
alerta para a importância de os media olharem para plataformas como o Hadoop,
Amazon, Statwing e Kinesis, que pesquisam grandes volumes de informação e
analisam dados e cujas aplicações e funcionalidades permitem uma personalização
da informação.
65
Atos de jornalismo
A era digital transformou sem dúvida as nossas vidas, modificou relacionamentos,
encurtou distâncias, trouxe também novas práticas profissionais e, no campo da
comunicação e da informação, as alterações que está a provocar só têm paralelo com
a revolução de Gutenberg.
Pavlik (2014) considera que, neste contexto, o jornalismo tende a expandir-se.
Porém, ele não entende a sua prática circunscrita aos profissionais, porquanto estes
já não habitam o mundo antigo onde só eles podiam dirigir-se a todos e em que só
eles detinham o poder de informar. Hoje, qualquer cidadão, na perspetiva de Pavlik
(2014) ou de Gillmor (2005) é mais do que um mero recetor ou destinatário de
notícias — “contribui para o fluxo informacional” (PAVLIK, 2014, p. 181).
À luz deste raciocínio, “o valor do jornalismo deve ser alargado para abarcar a
crescente natureza participativa das notícias em um mundo conectado. Jeff Jarvis,
diretor executivo do Tow-Knight Center for entrepreneurial Journalism da escola
superior de Jornalismo na City university of New York, argumenta que o verdadeiro
valor do jornalismo no século XXI é sua contribuição para a qualidade de vida de cada
pessoa bem como de toda a sociedade” (PAVLIK, 2014, p. 181).
Aquilo que mobiliza Pavlik é, sobretudo, a liberdade de expressão e o seu sentido
e valor em democracia. Nessa medida, ele olha para o fenómeno da informação e do
jornalismo como zonas libertadas dos territórios corporativos e institucionais, razão
pela qual defende que tal liberdade só é inteiramente vivida enquanto processo em
curso — “busca interminável”, na sua expressão — que implica e apela à participação
conjunta dos jornalistas e “da força ubíqua” dos cidadãos. (PAVLIK, 2014, p. 181).
O jornalismo tende, assim, à luz deste novo quadro de referências, a perder o lugar
central que ocupava ou, dito de outra maneira, a ser obrigado a repensar o seu papel,
posicionamento e função, num processo de mudança em que são já os próprios orgãos de
comunicação a encorajar e fomentar a produção de informação junto dos seus públicos.
Jornalismo perde a sua centralidade
Podemos afirmar, então, que mais do que uma tendência, estamos diante de um
caminho sem retorno, não obstante desconhecermos o seu destino. É precisamente
nesta direção que vai o pensamento de Emily Bell 11. Na conferência que deu em
novembro de 2014 no instituto Reuters da universidade de Oxford, defendeu que o
jornalismo foi desalojado do lugar central e de liderança que durante décadas ocupou
na esfera pública. O seu ponto de partida, que é também em grande medida o cenário
em que situa o seu pensamento, são as redes sociais e a importância que elas hoje têm
no desenho da atualidade noticiosa.
Claro que o impacto e influência das redes sociais na informação noticiosa é diversa,
como demonstra um estudo recente realizado por investigadores de uma universidade
11
Atual diretora do Tow Center, Centro de Pesquisa de Jornalismo Digital da Universidade de Columbia
(EUA) e ex-responsável pelos conteúdos eletrónicos do jornal britânico, The Guardian.
66
de Praga, segundo os quais o papel dos media sociais, enquanto fonte de informação
para os meios tradicionais checos, é ainda bastante periférico.
Pelo contrário, nos Estados Unidos, “30% dos americanos utilizam o facebook para
se informarem”, sublinhou Emily Bell, na sua conferência intitulada, “Silicon Valley
and journalism: make up or break up?”, concluindo que, “se existe uma imprensa
livre, os jornalistas já não são os responsáveis por isso”.
Em seu entender, os grandes responsáveis pela informação a que a maioria das
pessoas acede resulta da ação de engenheiros que raramente pensam no jornalismo e
no impacto cultural ou na responsabilidade democrática dos media.
Mesmo assim, são eles, os engenheiros, que diariamente tomam decisões que
modelam a forma como a atualidade é criada e partilhada. No passado — relembra a
mesma investigadora — os pioneiros do jornalismo, como Paul Reuter e John Reith,
na BBC, foram também os pioneiros nas tecnologias de comunicação. Hoje não
é assim. Para Emily Bell são os engenheiros que desenvolvem plataformas como o
youtube, facebook, instagram, twitter, linkedin, entre outras, ao passo que nenhuma
empresa dos media criou ou desenvolveu qualquer plataforma ou rede social de larga
utilização. Tal situação, como se sabe, tem igualmente grandes consequências ao nível
das receitas com a publicidade, cujos investimentos são ainda largamente direcionados
para aquelas plataformas.
Colocado, portanto, perante a perda do monopólio que teve durante mais de um
século na distribuição de informação a larga escala e no acesso às fontes, o jornalismo
vive uma circunstância nova e paradoxal. Se é certo que existem mais meios e mais
mercado e que os recursos humanos nunca atingiram o grau de preparação que hoje
apresentam, a verdade é que, por outro lado, a atual forma de organização das empresas
— reunidas em grandes conglomerados e grupos económicos — leva-as a estarem sujeitas
a pressões enormes por parte dos respetivos investidores e acionistas que, por sua vez,
condicionam e determinam as condições de exercício do jornalismo e da respetiva
informação noticiosa (BAGDIKIAN, 2004; NICHOLS & MCCHESNEY, 2010).
Num mundo onde, então, todos comunicam com todos e todos podem produzir
informação, como pode o jornalismo competir com a ubiquidade informativa que
aponta Pavlik (2014) e, ao mesmo tempo, criar valor na informação que presta, para
que a sua função se mantenha relevante, na linha do entendimento de Picard (2010),
quando se assiste a uma redução constante dos recursos das redações, limitando, no
fundo, a sua capacidade de trabalho e qualidade de produção? e como pode o jornalismo,
face a tais desinvestimentos, ambicionar ser um negócio rentável? ou é porque deixou
de o ser que passou a trabalhar com menos recursos?
Do que não há dúvida é que as redações dispõem crescentemente de menos
profissionais, ao passo que outras áreas profissionais cuja ação visa influenciar os media
estão a aumentar a sua capacidade de influência.
Relações Públicas e jornalismo
Em 1960, nos Estados Unidos, havia mais jornalistas que profissionais de relações
públicas; em 1990, essa relação era de um jornalista para dois profissionais de relações
67
públicas. Em 2012 a proporção tinha aumentado para 4-1. As atuais previsões apontam
para a existência, a breve prazo, de um jornalista para seis relações públicas (NICHOLS
& MCCHESNEY, 2013).
Um outro estudo, publicado em 2011 pela comissão federal de comunicação
dos EUA, refere que o jornalismo está em risco, porque o seu exercício, segundo os
princípios da independência e da velha função do “watchdog” já não existem. Em
Dollarocracy, Nichols & McChesney (2013) apresentam as mesmas preocupações e
chamadas de atenção. Os dois investigadores concluem que a informação jornalística vive
sob a influência e domínio dos profissionais de relações públicas e das suas mensagens
manufaturadas destinadas aos espaços noticiosos. Por todas essas razões entendem que
“pode não haver muito jornalismo, mas há seguramente muitas ‹‹notícias››” (NICHOLS
& MCCHESNEY, 2013, p. 194).
É também neste sentido que vão as conclusões de uma outra pesquisa realizada
no Reino Unido que incidiu sobre cinco jornais de grande expansão (The Times, The
Guardian, Independent, Daily Telegraph e Daily Mirror), incluiu os serviços informativos
da BBC-Radio e ainda as estações televisivas da BBC, ITV News e Sky News. A
equipa de investigadores liderada por Justin Lewis observou que no caso dos pivôs
de televisão, as informações disponibilizadas pelas fontes (Relações Públicas) chegam
a ser aproveitadas na íntegra em quase 60% das situações, percentagem essa que é
superior no que respeita à produção informativa na imprensa (LEWIS et al. 2008).
O mesmo estudo conclui, de resto, que é inegável o peso e influência das fontes
profissionais na produção noticiosa, sublinhando, ainda, que tal é particularmente visível
não apenas do ponto de vista do assunto ou tema que conseguem colocar na Agenda
noticiosa, mas também na perspetiva e no sentido que o discurso jornalístico assume,
com base nos dados fornecidos pela respetiva fonte. Isto é, o ângulo de abordagem
apresentado na narrativa jornalística corresponde à visão que a respetiva fonte (organização
empresarial ou outra) quer dar de si, na linha, aliás, da noção de “manufactured messaging”
(NICHOLS & MCCHESNEY, 2013, p. 194) a que já nos referimos, e cujo significado
e intenção encontramos também em Oliver et. al (2006), com a vantagem de o seu
ponto de observação ser o da estratégia da comunicação organizacional: “prepackaged
stories present information about the firm and its activities from angles that increase
the perceptions of the importance and efficacy of the firm” (p. 62).
Quer isto dizer que os jornalistas são sempre e generalizadamente instrumentalizados? Claro que não. Lewis et al. (2008) afirmam, de resto, que será injusto atacar
e criticar apenas os jornalistas — que trabalham sob constrangimentos económicos
e organizacionais que os levam a uma enorme dispersão e impossibilidade de agirem
segundo as normas e princípios da profissão — por utilizarem com tanta frequência
a informação formatada pelas fontes. A mesma equipa de investigadores não deixa,
por isso, de assinalar de forma inequívoca que tal panorama conduz a uma indesejável
fragilização do campo jornalístico, uma vez que o seu estudo mostra que a qualidade
e independência da informação está a ser muito afetada, por via do aumento na
confiança dos materiais e dados fornecidos pelas agências de comunicação e relações
públicas (LEWIS et al. 2008).
O papel do profissional de relações públicas, assim entendido, já não se circunscreve
à gestão da comunicação entre uma organização e os seus públicos, como era visto
68
por Grunig & Hunt (1984), mas a uma “filosofia de relacionamento estratégico”, na
expressão de Baldissera (2009, p.11) e cuja ação é realizada entre uma dada entidade,
individual ou coletiva, e a sua alteridade. Neste contexto, aquilo que se espera de
um profissional de relações públicas é que ele promova e leve a cabo processos de
“investigação e interpretação de relacionamentos, definição de estratégias e seleção,
construção e circulação de sentidos, mediante processos de significação/comunicação,
para a legitimação da entidade e das suas ações” (Baldissera, 2009, p. 11).
A realidade portuguesa
No caso português, “a assessoria de imprensa mantém-se como o serviço mais
procurado, face ao desejo de ampliação mediática das ações das organizações-clientes”
(SEBASTIÃO, 2012, p. 35), donde resultará, depois, um ganho de visibilidade e de
notoriedade. Tal ideia é amplamente comprovada no estudo12 feito pela principal e mais
antiga associação do sector — APECOM — que, entre as quatro áreas que analisou
(assessoria mediática/relações com a imprensa; comunicação de marca e produtos;
comunicação interna; edição/produção de suportes), concluiu que a que mais atenção
e oferta de serviços concentra é as relações com os media. O mesmo estudo sublinha
ainda que 90 por cento das agências referem que, a par da comunicação institucional,
o relacionamento com os media é a área mais procurada pelos seus clientes.
A importância dada ao relacionamento com os media reflete, no fundo, o valor que
a informação veiculada através deles ainda possui. Daí o cuidado e os meios postos em
prática para que a comunicação junto deles produza os efeitos desejados, isto é, que a
construção de sentido que as organizações visam realizar através do campo jornalístico
vá ao encontro dos seus interesses.
É claro que se pode sempre desdramatizar a situação, argumentando que a realidade
portuguesa, maioritariamente constituída por pequenas e médias empresas, ainda estará
longe dos patamares anteriormente referidos. Sendo verdade, a prática e as preocupações
dizem-nos que não há motivos para desdramatizações. Primeiro, porque a nossa realidade
mediática é bastante mais concentrada (circunscrita a quatro grandes grupos: Impresa,
Cofina, Media Capital e Controlinveste) e menos musculada financeiramente que os
grupos de comunicação de boa parte dos países da Europa. Em segundo lugar, porque
o enorme emagrecimento da totalidade das redações, agravado pela precariedade laboral
e escassez de alternativas de emprego no sector está longe de fortalecer a prática e
independência jornalísticas. Finalmente, observa-se a emergência de uma diversidade
de conteúdos híbridos, cada vez mais visíveis nas televisões dedicadas à informação,
como são os casos, entre outros, dos programas “Sucesso.pt” e “Imagens de marca”
12
Este estudo foi publicado na revista Meios & Publicidade, novembro 6, 2009, Suplemento Comercial
Consultoras de Comunicação. Seria pertinente saber a evolução deste setor, em Portugal, de 2009 para cá.
Infelizmente, a APECOM e a sua direção, não obstante a nossa insistência ao longo de vários meses, nunca
nos respondeu aos sucessivos pedidos de dados que fizemos, apesar do objetivo académico da matéria, como
sempre fizemos questão em sublinhar.
69
(SIC-Noticias) ou “RTP running” (RTPI)13, onde não existe qualquer fronteira entre o
que deve ser o trabalho jornalístico distanciado de quaisquer interesses, e a promoção
pura e simples de produtos, pontos de vista e consumos, que nos é dada sob o formato
de notícias, entrevistas ou pequenas reportagens.
Aos olhos do grande público não é visível onde acaba o jornalismo e começa a
comunicação, com a agravante de, no mínimo, ser questionável do ponto de ético que
um programa de informação tenha no seu título o nome de uma empresa14. Assim como
é questionável que frequentemente os jornais, como é o caso da edição de 6/4/2014 do
Público, dê dois terços da capa e três páginas no interior ao início da quarta temporada
da série televisiva, “Guerra dos Tronos”, só porque o canal que a transmite — Syfy —
convidou o jornal a ir a Londres assistir ao lançamento do novo episódio.
Paralelamente, um comunicado do Conselho Deontológico do Sindicato dos
Jornalistas 15 divulgado no final de dezembro do ano passado dá consistência aos
maiores receios, quando considera que “as condições de exercício do jornalismo no
período 2010-2014 agravaram-se com implicações no domínio ético-deontológico”.
Segundo o mesmo documento, o exercício do jornalismo tem sido nos últimos anos,
“impulsionado por uma orientação estratégica dos media centrada em transformar a
informação em mercadoria, com o intuito de produzir espetáculo mediático e assegurar
audiências e vendas. Esta perspetiva — sustenta ainda o Conselho Deontológico —
conduziu gradualmente o jornalismo à situação de refém do interesse de fontes organizadas
e à mercê da duvidosa qualidade de uma informação que se pretende vendável”.
O problema, no entanto, está longe de ser nacional ou de se restringir a dois ou
três países. A Associação de Imprensa Internacional manifestava, em março de 2010,
a sua maior preocupação pelo facto de, pela primeira vez em 50 anos, o número de
correspondentes junto da comissão europeia, em Bruxelas, ter diminuído. Ao mesmo
tempo que aumentava o número de países membros e com eles o fluxo de informação,
para as empresas era mais barato publicar os comunicados oficiais enviados de Bruxelas
ou usar os vídeos inseridos nos websites das instituições europeias.
Num cenário de cerca de 40 mil funcionários, oito centenas de deputados e 15
mil profissionais de lobbying, observamos que face à maior profissionalização das
instituições e das fontes organizadas e ao aumento da sua capacidade de influência,
corresponde uma diminuição de jornalistas.
Nova ecologia mediática
Dito isto, será que ainda existe espaço e futuro para o jornalismo? Inspirado no
conceito de sociedade líquida do sociólogo polaco Bauman (2000), para quem tudo
13
No caso do programa da RTI, os créditos finais confirmam que os conteúdos são produzidos pela
Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS).
14
Há ainda outro fenómeno, mas que escapa ao objeto do presente artigo, que é a criação de órgãos de
comunicação institucionais ou, não o sendo, são propriedade de empresas ou estão ligados a marcas. Em
Portugal, o caso mais conhecido é, porventura, o jornal “Dica da Semana” propriedade do Lidl.
15
Trata-se de um documento de final de mandato, aprovado a 20 de dezembro de 2014, designado,
“Considerações apreciativas do mandato e do estado da deontologia”.
70
é temporário e se altera antes de se solidificar, Deuze (2008) propõe que olhemos
para estes tempos de incerteza como se eles anunciassem a emergência de uma nova
ecologia mediática. No essencial, o que este autor nos propõe é que olhemos para
o exercício do jornalismo tendo em conta as suas atuais condições, ou seja, a sua
circunstância.
Ao considerar que o exercício do jornalismo não pode ser interpretado isoladamente, isto é, fora das múltiplas dinâmicas sociais, sob pena de o seu pensamento se
tornar irrelevante, Deuze (2008) defende que é necessário integrar nesta discussão os
despedimentos em massa, os processos de aquisição de empresas, a precariedade e as
pressões. Qualquer estudo sobre jornalismo — defende o mesmo investigador — tem
de ter em conta o contexto precário do seu objeto de estudo.
Atualmente, nos contextos organizacionais em que os jornalistas operam observa-se que a intensificação produtiva é comum à generalidade dos sectores industriais.
Por outro lado, uma das facetas da intensificação é a polivalência de funções e o
multifuncionalismo, agora mais facilitados pela tecnologia digital (ALDRIDGE &
EVETTS, 2003). Porém, todas essas transformações são menos significativas que a
mudança registada ao nível dos conceitos de valores profissionais e de auto-identidade
por parte dos empregadores na busca dos objetivos organizacionais que não serão,
necessariamente, partilhados pelos seus empregados (ALDRIDGE & EVETTS, 2003)
ou colaboradores, como agora se diz, embora quando olhamos para experiências como
as que são protagonizadas pela Time e NYT, tenhamos de aceitar que a questão é
demasiado complexa. Também por isso entendemos que problemas novos em contextos
igualmente novos solicitam soluções também novas. Uma das variáveis desse novo
contexto tem a ver com a falência do antigo modelo de negócio, estribado nas receitas
de publicidade. Em 2013, o investimento publicitário nos media, em Portugal, segundo
a Marktest, foi de 516 milhões de euros, dos quais 40 milhões foram canalizados para
órgãos digitais16.
A fuga de vultuosas receitas de publicidade dos órgãos de comunicação para outras
plataformas, constituem um problema sério ao ponto de, se tais fluxos não forem em
parte recuperados, poderem colocar em risco de vida uma atividade profissional e
empresarial nos termos em que a conhecemos. Muito sumariamente, fiquemos com
alguns desses números: em 2012 a publicidade rendeu ao Facebook 1.6 mil milhões de
dólares norte-americanos, o que representa um aumento de 40% face ao ano anterior;
o Linkedin, por seu lado, embora 2012 tenha sido um ano de transição, segundo Jeff
Weiner, CEO da empresa, teve receitas da ordem dos 972.3 milhões de dólares, mais
80% que em 2011. Tais valores, ao expressarem uma fuga massiva da publicidade para
plataformas que se inserem no universo das redes sociais, confirmam o protagonismo
e a importância estratégica que elas hoje assumem no quotidiano dos cidadãos.
16
A estes números, segundo a Marktest, podem ainda somar-se 29 milhões gastos em publicidade nos
outdoors e dois milhões nos cinemas, perfazendo, assim, um total de 549.8 milhões de euros investidos
em publicidade. No momento em que o presente texto foi redigido são ainda desconhecidos os resultados
finais de 2014. Todas as projeções apontam, no entanto, para valores superiores aos de 2013, fruto do
campeonato do Mundo de futebol (Brasil), da megacampanha da NOS e do lançamento da nova imagem
do Banco Novo (ex-BES).
71
A informação como marca
Entendendo, pois, o jornalismo no quadro da sociedade em que se insere e tendo em
conta não apenas as suas capacidades de transformação, mas igualmente os múltiplos
fatores que o condicionam — sejam as dimensões económicas e políticas, sejam as
profissionais, sociais e tecnológicas — a que acresce a intervenção voluntariosa de
um número cada vez maior de atores e de informações na diversidade dos espaços
proporcionados pela comunicação online, de que o jornalismo participativo e/ou de
ubiquidade (HERMIDA, 2011; PAVLIK, 2014) são duas variantes, há que concordar
com Cardoso (2006) quando afirma que, apesar de tudo isso, “os jornalistas continuam
a ser fundamentais para assegurar um processo de credibilização das notícias” (p.
271), porque aquilo que observamos na pluralidade do universo virtual é o exercício
da complementaridade entre fontes, públicos e jornalistas.
É por esta linha de raciocínio que segue também Castells (2004) que, colocado
perante a proliferação de informação em massa na Internet, entende que “é aí que os
meios de comunicação têm um papel essencial, já que tende a dar-se mais credibilidade
à La Vanguardia, ao New York Times, ao El País ou ao El Periodico de Cataluña” (p.
243), do que a um qualquer cidadão que coloque online o que quer que seja ou,
ainda, acrescentamos nós, que seja publicado através de órgãos corporativos. Aquilo
que o sociólogo catalão nos propõe e defende remete, no fundo, para a ideia e imagem
do bom nome, do prestígio da marca (“branding”) que comunica e informa, na
perspetiva de que a credibilidade é a principal garantia de sobrevivência de uma marca
informativa, leia-se órgão de comunicação social, num contexto global de comunicação
e informação generalizada17.
Pois bem: é justamente essa ideia de perceção pública de credibilidade por parte
das audiências para com os media noticiosos a que se refere Castells (2004), que
justifica o investimento e a aposta das organizações — empresariais e outras — no
papel das agências de comunicação e dos profissionais de relações públicas, a que já nos
referimos, com vista a que as suas mensagens, pensamento, pontos de vista e produtos
sejam objeto de tratamento jornalístico. Pela mesma ordem de razões, as empresas e
as marcas, embora apostem cada vez mais em veículos próprios de comunicação e de
informação, consideram que ainda lhes é útil e vantajoso usarem os media alheios não
apenas como meio de afirmarem a sua notoriedade e afirmarem no espaço público as
suas ideias, mas também porque “noticiar passou a ser a mais eficaz forma institucional
de agir” (CHAPARRO, 2001, p. 44) e ela será tanto mais consequente quanto for
realizada por um meio considerado independente.
17
Numa longa entrevista dada ao El País de 16/10/2011, Arianna Hufington, presidente de The
Huffiington Post Media Group (que em fevereiro de 2011 vendeu por 231 milhões de euros a empresa que
fundou com Keneth Lerer, à AOL) reconhece que muitos jornalistas se sentem ameaçados pela concorrência
dos não profissionais. Porém, insiste que é fundamental manter “as virtudes do jornalismo tradicional”,
porque não acredita numa “web incivilizada”. Ou seja, sustenta que, mais do que nunca, é imprescindível
o papel dos editores na filtragem das notícias, porque os leitores querem saber tudo o que se passa no
mundo, mas que essa seleção lhes chegue através de uma multiplicidade de fontes fiáveis.
72
Informação como mercadoria
Contudo, se no plano formal essa noção de órgão independente, no sentido da
titularidade da respetiva propriedade e da generalidade dos estatutos que regem a
atividade jornalística ainda é uma ideia vigente, o mesmo não se dirá do quadro em que
o seu exercício é concretizado. “Infelizmente, essa noção de jornalismo, enclausurado
por detrás de uma muralha, unicamente votado ao serviço do público, enquanto todos
os outros se empenhavam livremente na obtenção do lucro, era uma metáfora sem
aplicação na realidade” (KOVACH & ROSENSTIEL, 2004, p. 65).
Estes mesmos autores referem, de resto, o caso de uma estação de televisão do grupo
FOX, no estado do Tennessee, que prometia, por escrito, realizar coberturas noticiosas
positivas a quem anunciasse nos seus espaços. Em Portugal, são amplamente conhecidos
os casos de organismo oficiais (e não só) que apoiam financeiramente, por norma
através de publicidade, determinados órgãos de comunicação, com a contrapartida de
estes realizarem peças jornalísticas positivas sobre eles e os seus responsáveis18.
Face ao que temos vindo a dizer, observa-se que ganhou corpo a ideia de que a
informação é uma mercadoria como qualquer outra (RIEFEL, 2003). A expressão
jornalismo de mercado, consagrada desde meados dos anos 90 do século passado19
e cujo alcance abrange já uma redefinição da prática jornalística, antecipa de certa
forma a escalada comercial que irá mais tarde impor-se. O destino desse jornalismo
dependente das regras de mercado e em que os critérios comerciais e de marketing se
sobrepõem às decisões editoriais, corresponde à “dissolução da profissão de jornalista
num continuum de ofícios da comunicação, ilustrado no neologismo americano de
media-worker” (NEVEU, 2005, p. 119).
A partir do pensamento de Charron & Bonville (1996), que propõem, à luz deste
quadro de transformações, o aparecimento de um novo conceito de jornalismo, Neveu
(2005) retoma e reapropria-se dessa linha de raciocínio para nos sugerir o triunfo de um
jornalismo de comunicação, “proveniente de uma hiperconcorrência entre publicações,
meios de comunicação social e mensagens”, como anteriormente o jornalismo “objetivo
da penny press tinha, no século XIX, suplantado o jornalismo de opinião” (p. 119).
Conclusão
Atendendo ao que se disse e aos exemplos mostrados, concluímos que o jornalismo
está num processo de erosão. Erosão, no sentido em que já não é ele que domina
inteiramente os fluxos de comunicação e não é em função dele que são tomadas
as principais decisões ao nível da gestão. Erosão, ainda, porque as redações estão a
18
Existe ainda um sem número de publicações que são distribuídas como encartes de alguns dos mais
prestigiados jornais, que dão uma imagem pública de independência e qualidade, quando, na verdade, a
inserção dos conteúdos, incluindo entrevistas, apenas são publicadas se houver um pagamento através de
publicidade.
19
É essencial, a este respeito, a obra de John Herbert Mc Manus (1994), Market-driven journalist. Let
the citizens beware? Londres: Sage.
73
reduzir ao máximo os seus recursos, deixando que outros profissionais da comunicação
influenciem a informação e determinem as agendas noticiosas.
Erosão também, porque outras áreas da comunicação assumem formas e estruturas
narrativas próprias do jornalismo. Finalmente, esta erosão do jornalismo é acelerada
pela crise do seu modelo de negócio e pela nossa indiferença, enquanto cidadãos, ao
seu destino e à sua função, além de que todos consideram normal que hoje se desfrute
gratuitamente de um bem que é tanto mais caro quanto maior for a sua qualidade,
quando antes era necessário pagar para aceder à sua leitura.
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