Brasilidades

Impossível dizer da alegria que é fazer parte das discussões do SEDISC, este evento-acontecimento na área da Análise de Discurso e de outras áreas de conhecimento, e, que ao longo de sua V edição (realizada em 2020), a meu ver, produziu alguns dos necessários deslocamentos no campo das reflexões que precisam levar em conta a dimensão de gênero e raça nas discussões em análise de discurso. Por esse motivo parabenizo toda a comissão organizadora, e em especial a professora Nadia Neckel, coordenadora do eixo IV, no qual este texto – fruto de minha fala na mesa desse eixo –  se situa e ao qual se junta para pensar discurso, corpo e equívoco.
Inicio fazendo um adendo. A minha participação, nessa mesa, teve o intento de mostrar muito mais do que eu formulei, além de ter levado – por meio da modalidade de apresentação remota devido ao contexto da pandemia do COVID-19 – aos participantes e público, excertos audio-visuais de tambores de crioulas, de modo que minha fala se deu ao ritmo dos tambores. Tenho então neste texto a difícil tarefa de tentar recriar um pouco dessa atmosfera, e por isso, convido o/a leitor/a a acompanhar a sua leitura dos seis vídeos que disponibilizo aqui  de modo a também ultrapassar os limites do texto escrito e (se)deslocar (n)os sentidos do equívoco das materialidades.
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Entre os dias 26 e 29 de junho de 2012, a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), na reunião das Pós-Graduações em Letras e em Ciências Sociais e (PPGL e PPGL), dos Departamentos de Letras e de Ciências Sociais (DLL e DCSO) e do Centro de Educação (CE), apoiada pelo PAEP/CAPES e pela FAPES, realizou o I Congresso Nacional Africanidades e Brasilidades: ensino, pesquisa e crítica. É um dos resultados dos intensos dias de interlocução entre pesquisadores brasileiros, de distintas regiões no país, e moçambicanos, em diferenciadas inserções acadêmicas, o presente Dossiê que leva o nome do Congresso, acolhido generosamente pela REALIS.

Carmen Miranda, entre os anos 1930 e 1950, foi responsável por propagar a cultura brasileira no exterior por meio de sua imagem, com signos de brasilidade em forma de canções, de filmes, da comunicação publicitária, etc. Este artigo estudou o filme Uma Noite no Rio (1941), produção estadunidense da 20th Century Fox, dirigido por Irving Cummings, e estrelado pelos atores Carmen Miranda, Don Ameche e Alice Faye. Utilizou-se como embasamento teórico os autores Bernardet (2006), Penafria (2009), Aumont e Marie (2011), Gardies (2011) e Parent-Altier (2011) para poder realizar a análise fílmica. A seleção das cenas para o estudo estabeleceu os seguintes critérios: ser um número musical e ter a presença de Carmen Miranda. Os resultados alcançados apontam para uma forte comunicação da cultura brasileira, de forma estereotipada, em todos os números musicais analisados.