O mercado de capitais possui destacada importância no processo de desenvolvimento econômico. Uma de suas discussões são as estratégias de seleção de portfólios face a Hipótese do Mercado Eficiente. No Brasil, apenas recentemente os...
moreO mercado de capitais possui destacada importância no processo de desenvolvimento econômico. Uma de suas discussões são as estratégias de seleção de portfólios face a Hipótese do Mercado Eficiente. No Brasil, apenas recentemente os estudos acadêmicos têm se aprofundado na questão com o uso de refinadas técnicas matemáticas e estatísticas. Com o objetivo de avançar na compreensão do mercado acionário brasileiro foram propostas e analisadas técnicas de identificação de variáveis e reconhecimento de padrões para a construção de portfólios baseadas em Métodos Estatísticos Multivariados e na Teoria da Informação. Partiu-se da base teórica da Análise Fundamentalista pelo modelo de múltiplos e por meio da filtragem passiva, Análise Fatorial, Análise Discriminante, Regressão Logística e Árvores de Decisão baseadas nas entropias de Shannon e Rényi avaliou-se os ativos de empresas não-financeiras negociados na Bolsa de Valores de São Paulo no período de 1999 a 2009, apontando indícios contrários à eficiência do mercado nacional. Os modelos construídos foram avaliados pela abordagem da Lachenbruch e foram realizados estudos empíricos por meio de estudos de carteira de um, dois, três e cinco anos em dados não presentes no conjunto de treinamento, com a rentabilidade aferida através do retorno logarítmico, índice de Sharpe e Alfa de Jensen. Os resultados demonstram sucesso na aplicação de técnicas multivariadas e de reconhecimento de padrões, sendo possível explicar boa parte da variabilidade dos dados a partir dos fatores liquidez, precificação do valor contábil, rentabilidade e grau de endividamento. Todas as estratégias propostas tiveram ao menos um índice de retorno ajustado ao risco significativamente superior ao mercado (tomado como o Ibovespa), com os melhores resultados sendo alcançados pelo modelo de filtragem passiva construído a partir dos filtros de Graham originais, mas com qualificadores elaborados para a realidade brasileira: retorno logarítmico anual de 39,78%, face a 12,37% do Ibovespa, índice de Sharpe de 0,0975, contra 0,0053 do Ibovespa, e alfa de Jensen de 25,81%. Entretanto, a diversificação desse modelo apresentou problemas em períodos de altas mais longas. De forma a contornar o problema, propôs-se o uso de escores fatoriais a partir da Análise Fatorial, sendo essa a segunda melhor estratégia entre as elaboradas, obtendo um retorno logarítmico de 38,05% ao ano, índice de Sharpe de 0,0578 e alfa de Jensen de 26,14%. As técnicas de reconhecimento de padrões também apresentaram resultados satisfatórios, mas não tão contundentes quanto os dos dois modelos citados. Por outro lado, tiveram um índice de acerto na classificação em torno de 80%, com o melhor resultado logrado pela Árvore de Decisão com base na entropia de Shannon: índice de acerto de 87,75%. Essas técnicas também permitiram identificar as variáveis Preço de Mercado, Preço por Valor Contábil e Dividend Yield como as que melhor discriminam os ativos de rentabilidade superior a do mercado, apontando as ações de valor como as mais rentáveis no período. Assim, as técnicas empregadas permitiram uma maior compreensão do mercado acionário e indicaram a possibilidade de se identificar sistematicamente ativos subavaliados e de se obter retornos excedentes.