O objetivo principal da pesquisa foi compreender as possibilidades de ação transdisciplinar em equipes de saúde, elegendo-se as práticas de equipes multiprofissionais, com inserção de psicólogos, dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família...
moreO objetivo principal da pesquisa foi compreender as possibilidades de ação transdisciplinar em equipes
de saúde, elegendo-se as práticas de equipes multiprofissionais, com inserção de psicólogos, dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) das cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE.
Especificamente, buscou-se delinear aspectos que expandissem e os que restringissem a ação
transdisciplinar em equipes, além de conhecer e analisar as frestas construídas para esta ação. De
partida, compreende-se ação transdisciplinar como produção coletiva, ocorrendo no contexto dos
encontros diversos nas redes de atenção à saúde. O cenário é o da Atenção Primária à Saúde,
centrando-se na Estratégia Saúde da Família e, sobretudo, na atuação dos NASFs. Destaca-se que a
entrada da pesquisadora nesse universo ocorreu via rede de cuidados em saúde mental. A proposta se
justificou pela dificuldade apontada em diversos estudos de uma atuação em saúde integrada e
sintonizada com as demandas dos usuários, em que o trabalho em equipe é continuamente sinalizado
como uma ferramenta crucial. O marco teórico-filosófico recorre principalmente ao pensamento de
Nietzsche, Espinosa e Arendt. O método se caracterizou como pesquisa-interventiva, a partir de uma
perspectiva nietzscheana, respaldando-se na cartografia, como modo de entrada e permanência em
campo, e na avaliação genealógica das práticas das equipes. A experiência é tomada como fonte
primeira de produção compreensiva. Os principais interlocutores foram profissionais integrantes das
nove equipes NASF existentes nos municípios, cuja composição abrangia: assistentes sociais,
profissionais de educação física, farmacêuticos, nutricionistas e psicólogos. A inserção cartográfica
ocorreu por cinco meses em cada uma das cidades, tendo sido priorizada a participação em reuniões
formais das equipes, contatos/diálogos informais em grupos ou individuais com os profissionais e
atividades nas unidades de saúde da família. Foram elaborados registros em diário de bordo, além da
gravação em áudio de conversas individuais e grupais e, em vídeo, do encontro final com todo o grupo
NASF de cada município. A matéria-prima colhida foi extensivamente analisada, dando margem à
construção de contos. Embora os próprios contos já expressem viés interpretativo, guiado pela questão
de pesquisa, tal caráter é aprofundado em posterior elaboração, com produção de compreensões
acerca do experimentado, contemplando articulações com outros estudos e o marco teórico-filosófico.
O sentido apontado foi o de que é imprescindível a valorização dos espaços coletivos, destacando-se
que o fundamental para a ação transdisciplinar é a compreensão de que ela não cabe em prescrições,
sendo fundamentalmente da ordem da poiésis. Seu acontecimento se apóia na sustentação de tensão:
entre núcleo profissional e campo, prescrição e criação, técnica e techné, atuação por especialidades e
ação transdisciplinar.