O trabalho pretende apresentar a visualização – antecipação mental de imagens futuras – como movimento central da fotografia, especialmente em sua modalidade cinematográfica. Um gesto que antecede a própria invenção da...
moreO trabalho pretende apresentar a visualização – antecipação mental de imagens futuras – como movimento central da fotografia, especialmente em sua modalidade cinematográfica. Um gesto que antecede a própria invenção da ‘caixa-preta’, a visualização sublinha a predominância da dimensão visual na história cultural do Ocidente e sugere que situemos a fotografia na intersecção entre artes e ciências. A exploração desta região de fronteira se dá através da investigação das tentativas de aproximação entre arte e ciência levadas a cabo a partir da segunda metade do século XX. A iniciativa, que tem como ponto de partida a exposição ‘Kunst und Naturform’, que exibiu lado a lado imagens científicas e artísticas, acaba por revelar a relação da cisão entre artes e ciências com a divisão do pensamento em duas modalidades fundamentais: aquele linear-conceitual, baseado em textos; e outro de natureza visual, expresso em imagens. A dicotomia texto-imagem, proposta por Flusser como estruturante da dinâmica cultural do Ocidente, orienta o esforço de pesquisa, que busca problematizar imagens do ‘artista’ e do ‘cientista’ há muito arraigadas no senso comum, em especial através de um novo entendimento das relações entre realidade objetiva e experiência subjetiva. Neste percurso, discute-se também uma noção fundamental para ambas personagens: a criatividade. Dividido em três partes, o texto expressa em suas entrelinhas a dificuldade de tradução em texto de uma maneira de pensar, em sua origem, visual.