João Rafael Santos

The paper offers a systematized perspective on a selection of complex public space projects delivered in Lisbon metropolitan area, through which three key rationales are discussed: 1) promotion of environmental resilience through green and blue infrastructure networks, 2) promotion of low-carbon mobility through improved conditions for walkability, active modes and access to public transport, 3) promotion of territorial cohesion through better connected and more cohesive neighborhood public spaces. Concluding remarks and contributions reveal the lessons learned on how each project’s rationale and systemic articulation complement each other, as well as the future prospects in terms of assemblage mechanisms towards an incremental logic of public space development.

The article portraits the inter-relationships between mobility and the use and reorganization of public space in Lisbon municipality during the pandemic. It offers an outline of the city’s major dynamics felt before COVID-19, followed by a mapped identication of physical changes triggered, accelerated or introduced as a response to the pandemic situation and, finally, laying some topics for critical discussion and future
adaptation.

The spatial complexity of metropolitan territories is the result of the accumulation of various forms of urban and infrastructural development, some of which can be characterized as being based on a fragmentary mode of production. The chapter aims at building an empirical approach to a broader discussion regarding spatial fragmentation as part of metropolitan territorial development using an example on an important suburban territory in the Lisbon metropolitan area (Portugal). As such, it will provide a conceptual review of contemporary urban and morphological approaches to metropolization and the issue of urban-rural relationships, an overview of Lisbon's metropolitan development and the specific changes identified in the case study, the overview and results of morphological analysis regarding land subdivision processes, and a discussion on a design-oriented description of territorial components with potential to reinforce the spatial synergies of urban fabrics, infrastructures...

In the wake of severe economic slowdown during the 2008-2015 crisis, and despite continued constraints on public investment in large scale infrastructure, Lisbon is emerging as one of the most attractive destinations in Europe. Tourism has been driving major spatial, functional and social changes, initially in the city’s historical districts, and nowadays exerts impact across a much larger urban and regional area. Tourism, together with new drivers of the real-estate market, is promoting the renovation of formerly vacant or rundown built stock, taking advantage of a rather fragile socio-economic milieu and changing the face of residential, commercial and public space landscapes. Recently upgraded transportation nodes and extensive improvements on public space have also played a meaningful role in this process. Central government and municipality rationale have underpinned its role in providing accessibility, “attractivity”, and “heritage valorisation”, aiming to attract young reside...

1 ABSTRACT Infrastructure has been a key element driving change in contemporary urban and metropolitan formations. The introduction of new infrastructural strata overlapping existing fabric and rustic open space is acknowledged as one of the most expressive and challenging transformation faced by urban planners and designers. Since the 1940's, Lisbon metropolis witnessed a profound change with new highways built along old national roads, often defining parallel itineraries together with railroad lines and power and water supply infrastructures. In the last decade, Lisbon's motorway network reached a state of maturation and connectivity, based on a combination of radial, ring and tangential structures. New mobility and location patterns of a increasingly polinuclear configuration are emerging and opening up what used to be border spaces at the metropolis edge. As these infrastructures attain a rather consistent degree of development, fulfilling much of the National Road Plan ...

A formação do território metropolitano de Lisboa assentou numa complexa articulação entre o suporte fisiográfico e hidrográfico e o traçado de diversas redes infraestruturais, nomeadamente rodoviárias e ferroviárias, aterros e espaços portuários, limites e estruturas militares. Dessa articulação resultaram espaços de interface com tecidos urbanos de diversa natureza. A sua reconstituição e interpretação cartográfica permite descodificar as lógicas subjacentes aos processos de territorialização que, frequentemente, coexistem e se sobrepõem, resultantes também de alterações de uso e de racionalidade programática. Numa perspetiva diacrónica, revelam-se os traços da sua transformação: adições, justaposições, mas também persistências, subtrações e demolições. Alguns resultam fragmentados e desagregados, restos de estruturas que se perderam no esteio de mudanças tecnológicas e funcionais, descontinuados no espaço e no tempo. Espaços vacantes na atualidade, constituem áreas de oportunidade...

SANTOS, João Rafael, 2020, , , n. 14, pp. 85-101, ISSN: 2183-427X.

O artigo propõe uma leitura propositiva do espaço público metropolitano, enquanto ideia aberta a debate e partilha entre disciplinas e entre âmbitos de governo, de programação e de projeto. Explora-se esta ideia a partir do reconhecimento do espaço público na sua condição de suporte das territorialidades metropolitanas contemporâneas, traçando uma breve visão sobre a sua evolução no quadro disciplinar do urbanismo, numa relação com a evolução das formas e processos de urbanização e de metropolização, em especial
no sul da Europa. Em seguida, são revisitados os últimos vinte anos de transformação do papel do espaço público em Portugal, nas suas dimensões da conceptualização e reconhecimento, das concretizações, dos âmbitos geográficos de intervenção e da integração em políticas territoriais, propondo um balanço e a identificação de questões críticas.
Deste percurso cruzado entre as configurações territoriais atuais e a experiência portuguesa de transformação do espaço público são lançadas linhas sobre a sua conceção/projeto à escala metropolitana.

In the wake of severe economic slowdown during the 2008-2015 crisis, and despite continued constraints on public investment in large scale infrastructure, Lisbon is emerging as one of the most attractive destinations in Europe. Tourism has been driving major spatial, functional and social changes, initially in the city's historical districts, and nowadays exerts impact across a much larger urban and regional area. Tourism, together with new drivers of the real-estate market, is promoting the renovation of formerly vacant or rundown built stock, taking advantage of a rather fragile socioeconomic milieu and changing the face of residential, commercial and public space landscapes. Recently upgraded transportation nodes and extensive improvements on public space have also played a meaningful role in this process. Central government and municipality rationale have underpinned its role in providing accessibility, "attractivity", and "heritage valorisation", aiming to attract young residents after decades of resident population decline. In contrast to considerable public investment in public space and infrastructure, very limited funding or policy has been targeted at maintaining an affordable housing and real-estate market: thus leaving much of the public investment return to the private sector. Criticism of gentrification and "touristification", rising housing prices, and pressure on infrastructure is growing accordingly. The paper provides insight into aspects of this process, with a focus on the relational aspects of mobility upgrade, public space renewal and inner-city urban regeneration. Several urban projects are mapped and broadly characterised in their spatial and functional relationship with tourism. An interpretative framework that combines them with the forms of territorialisation and the main conflicts and tensions is offered as a contribution to the ongoing discussion. Conclusions point to the complex and powerful role that public space and mobility infrastructure play in the impact of territorialising tourism: as supports for better qualified, multi-scalar and shared urban spaces and as drivers of a more balanced, diverse and socially-inclusive urban tourism development.

Apesar do declínio económico e da diminuição do investimento público em grandes infraestruturas, Lisboa tem vindo a afirmar-se como um dos
destinos mais atrativos da Europa. O turismo tem desempenhado um papel significativo na indução de transformações funcionais e espaciais nas áreas históricas da cidade. Para isso também contribuíram diversos projetos de requalificação de espaço público, de renovação de equipamentos urbanos e de melhoria de ligações nodais das redes de
transporte coletivo. Contudo, este processo tem sido também acompanhado por aspetos críticos associados à turistificação e a situações de conflitualidade com tecidos sociais e usos existentes.
O artigo desenvolve uma leitura relacional desta dinâmica, a partir da discussão de alguns projetos urbanos específicos.

Coord.: João Rafael Santos e João Silva Leite
Textos: Álvaro Domingues, Filipa Roseta, João Rafael Santos, João Silva Leite, Maria Matos Silva, Pedro George. Apresentação: Carlos Dias Coelho.

Neste livro são explorados diversos contornos da relação entre infraestrutura e território, a partir de uma reflexão conceptual e, sobretudo, tendo por base um conjunto de propostas projetuais especulativas desenvolvidas na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Tomando a integração de uma linha rápida de transporte público de grande capacidade e potencial na autoestrada A5, ligação viária fundamental do território metropolitano de Lisboa, como hipótese instigadora lançada pela Câmara Municipal de Cascais, desenvolveu-se um conjunto de projetos académicos enquadrados no Mestrado Integrado em Arquitetura, com especialização em Urbanismo, onde se imaginaram potenciais formas de intervenção ao longo da A5, equacionando modos alternativos de habitar o espaço infraestrutural e a revisão do seu papel ordenador metropolitano.

O território alargado de Lisboa evidencia um conjunto diversificado de tecidos e formas urbanas que, na sua génese, evolução e estado actual, o configuram como uma realidade com características metropolitanas. Nesse processo de formação e transformação, as infraestruturas de mobilidade, de abastecimento e de comunicação desempenham um papel preponderante, estabelecendo uma relação dinâmica e muito diferenciada com os tecidos metropolitanos. A sua inscrição na rica matriz fisiográfica e hidrográfica da região produz combinações de grande interesse do ponto de vista da paisagem e das suas continuidades com a ocupação urbana.

A dissertação estrutura-se a partir da conceptualização da mediação infraestrutural, explorando-a como instrumento interpretativo e projectual da condição metropolitana, tanto quanto mecanismo morfogenético. Dada a importância dessa conceptualização, desenvolve-se e apresenta-se uma sistematização dos seus mecanismos morfológicos: reticulação, a tecedura e a interfacialidade. Recorre-se a uma leitura temporal, balizada entre 1856 e 2007, intervalada segundo cinco momentos representativos do desenvolvimento infraestrutural do território metropolitano de Lisboa. A organização de uma base cartográfica e a elaboração de desenhos interpretativos são instrumentos que se combinam com a dimensão conceptual neste processo.

A investigação ocorre num momento em que se aferem intervenções significativas neste domínio para a metrópole de Lisboa. Constitui, nesse quadro, uma oportunidade para o aprofundamento de uma abordagem trans-escalar, multi-infraestrutural e suportada por uma dimensão espacial afirmada.

Como contributo para a discussão que tem vindo a merecer destaque nos últimos dias relativa às inundações verificadas em meio urbano, a equipa do MetroPublicNet elaborou um documento onde apresenta um conjunto de reflexões sobre o papel do espaço público na promoção da necessária adaptação do espaço urbano ao ciclo da água e, em particular, aos fenómenos extremos de precipitação.

Nesse âmbito, sugerem-se cinco princípios de atuação, acompanhados por uma seleção de dezoito projetos implementados na Área Metropolitana de Lisboa (um por município), que procuram valorizar exemplos interessantes onde se articulou a estruturação de espaços públicos com a qualificação de linhas de água e da estrutura ecológica.

Em síntese, coloca-se a necessidade de enquadrar a gestão da água em meio urbano numa escala mais alargada, considerando as bacias hidrográficas como sistemas de referência, bem como o reforço das competências e de recursos ao nível regional/metropolitano, como nível adequado para uma mais articulada e robusta capacidade de intervenção.