Macbeth
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Sobre este e-book
William Shakespeare
William Shakespeare (1564–1616), English poet and dramatist of the Elizabethan and early Jacobean period, is the most widely known author in all of English literature and often considered the greatest. He was an active member of a theater company for at least twenty years, during which time he wrote many great plays. Plays were not prized as literature at the time and Shakespeare was not widely read until the middle of the eighteenth century, when a great upsurge of interest in his works began that continues today.
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Macbeth - William Shakespeare
Esta é uma publicação Principis, selo exclusivo da Ciranda Cultural
© 2020 Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda.
Texto
William Shakespeare
Adaptação
Júlio Emílio Braz
Revisão
Fernanda R. Braga Simon
Fátima Couto
Produção editorial e projeto gráfico
Ciranda Cultural
Diagramação
Fernando Laino
Ebook
Jarbas C. Cerino
Imagens
GeekClick/Shutterstock.com;
wtf_design/Shutterstock.com;
aksol/Shutterstock.com;
RATOCA/Shutterstock.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
S527m Shakespeare, William
Macbeth [recurso eletrônico] / William Shakespeare ; adaptado por Júlio Emílio Braz. - Jandira, SP : Principis, 2021.
128 p. ; ePUB ; 1,9 MB. - (Shakespeare, o bardo de Avon)
Adaptação de: Macbeth
Inclui índice. ISBN: 978-65-5552-336-2 (Ebook)
1. Literatura inglesa. 2. Teatro. I. Braz, Júlio Emílio. II. Título. III. Série.
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura inglesa 823
2. Literatura inglesa 821.111
1a edição em 2020
www.cirandacultural.com.br
Todos os direitos reservados.
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Fora, mancha maldita!
Fora, estou dizendo!
MACBETH – Ato V – Cena I
ATO I
Quando é que vamos nós três
encontrar-nos outra vez?
Com chuva, raio ou trovão?
Terminada a agitação,
ganho o combate e perdido.
Antes de o sol ter caído,
Onde?
A charneca é o lugar
para Macbeth nos achar.
Cena I
A manhã nascia mais uma vez funesta e sombria, e à noite nevoenta e amedrontadora se sucedia o céu enfarruscado, onde pesadas nuvens negras se metamorfoseavam constantemente ao sabor do imaginário e do temor das tropas em monstros apavorantes, demônios desconhecidos, campos de batalhas ainda por vir, mas inescapavelmente sangrentas. O vento soprava enregelante e interminável desde as primeiras horas de mais um dia, estandartes e bandeiras dos vários feudos ali reunidos preparando-se para uma nova marcha por meio da vastidão fantasmagórica das charnecas, onde os cadáveres putrefatos dos mortos de outras tantas batalhas sucumbiam pacientemente ao tempo e à expectativa de nova confrontação. Trombetas soavam de todas as direções conclamando ao combate e anunciando a possibilidade de novas mortes. Bravos experimentados amofinavam-se àquela constatação infeliz, enquanto os jovens guerreiros, muitos ainda imberbes, sonhavam com o sangue derramado em batalhas memoráveis, ansiando pela glória e pelas honrarias que sequer experimentariam.
Ferreiros e armeiros lançavam-se à faina habitual de seu ofício, consertando espadas, machados e outras tantas armas e escudos, produzindo arreios e arneses, reavivando, na medida do possível, a proteção das armaduras. Servos e escudeiros, pequenos pajens, taciturnos palafreneiros, uma apreciável multidão de prostitutas, curandeiros e espertalhões complementavam a persistente multidão que acompanhava as tropas reais e se misturavam à crescente balbúrdia do acampamento. Empoleirados no alto dos galhos retorcidos de algumas árvores desfolhadas, corvos sobrevoavam as tendas e os carroções, agourando a todos com um grasnar intermitente, tão ou mais perturbador do que o uivo angustiante do vento que soprava do norte, aos mais supersticiosos atribuído a feiticeiras que os perseguiam, premiando valentes e covardes, honoráveis e traidores, com a cega imparcialidade da morte.
O corpulento capitão das tropas reais chegara algumas horas antes e ainda encontrava muita dificuldade para responder a tantas indagações que lhe faziam Duncan e os muitos senhores da guerra que o acompanhavam.
− Quem é este homem todo ensanguentado, meu filho? – perguntou o rei, com certa impaciência.
Malcolm, um dos dois jovens príncipes que acompanhavam Duncan, apressou-se em responder:
− Devo minha vida a este homem, meu pai. O capitão lutou como um valente para impedir que eu caísse nas mãos do inimigo...
Nesse instante, o capitão o interrompeu e apressou-se em corrigi-lo:
− Nada mais fiz do que estar entre os bravos que seguiam o intrépido Macbeth, milord. É a ele e a sua coragem indômita que verdadeiramente devem ser gratos. O torpe rebelde Mcdonwald acabara de receber um formidável reforço de infantes galeses. Os kerns nunca foram grandes guerreiros, mas o seu número era assombrosamente grande. Os cavaleiros que os acompanhavam eram altos e fortes, e as machadinhas que carregavam abriram grandes clarões em nossas tropas. Não fosse o destemor do grande Macbeth, nem eu nem o príncipe teríamos escapado para chegar até Vossa Majestade. Ele inclusive se ocupou de Mcdonwald, abrindo-o do umbigo ao queixo e pendurando a cabeça do traidor em uma das ameias do castelo onde ele e suas tropas acreditavam que nos encurralariam.
– Valente Macbeth! – exultou Duncan. – A corte da Escócia não poderia ter alguém mais valoroso a defender sua causa do que o senhor de Glamis!
– Deve realmente saudá-lo, milord – afirmou o capitão. – Macbeth e Banquo não se satisfizeram com a vitória e a tornaram ainda mais completa, levando tanto o rei da Noruega quanto aqueles que dentre nós a ele se aliaram, traindo o rei e o povo da Escócia, a uma ainda maior batalha...
– Que prodígio de coragem! – surpreendeu-se Duncan. – Macbeth e Banquo merecem tudo o que deles se diz.
Um verdadeiro gigante entre outros cavaleiros de igual estatura, Duncan, o estimado rei da Escócia, rejuvenescia diante de todos. A fisionomia carregada, cavada em rugas profundas de permanente preocupação, desfazia-se ainda em tímidos sorrisos, o brilho faiscante restituía-lhe o ânimo aos olhos azul-acinzentados e até cansados diante da expectativa de derrota das forças norueguesas que haviam invadido o reino e, aliadas a vários lordes, marchavam para assumir o reino escocês.
Preocupado com o estado do soldado, apelou para que o conduzissem à tenda dos cirurgiões e rumou para dois outros cavaleiros que entravam a todo galope no acampamento.
– Quem vem aí? – indagou Duncan, dirigindo um olhar apreensivo e desconfiado aos recém-chegados.
O menor deles, um indivíduo de vasta cabeleira vermelha e grossas sobrancelhas encrespadas, achegou-se a ambos e, enquanto entregava as rédeas de sua montaria a um cavalariço, foi reconhecido por Malcolm, que, segurando a mão do pai, que fazia menção de desembainhar a espada, informou:
– É lorde Ross, milord.
No intuito possivelmente de apaziguar a alma inquieta do rei, Lennox, um dos membros da comitiva real, sorriu e disse:
– Seja bem-vindo, Ross!
– Deus guarde o Rei! – saudou Ross, eufórico.
Lennox era um gigante de enormes suíças acinzentadas e ventre volumoso, e acolheu entusiasticamente o abraço de Ross.
– Percebo que traz boas notícias, pois não? – afirmou.
– Certamente, milord – confirmou Ross.
– De onde vem, milord? – perguntou Duncan, mais calmo.
– De Fife, meu rei, onde as bandeiras norueguesas agora servem apenas para refrescar os nossos soldados do calor da batalha que conseguimos vencer. O próprio rei da Noruega e seu formidável exército, sempre com o infame traidor, lorde Cawdor, sucumbiram à força dos nossos