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Diário de Leitura - Roquevaldo Veloso

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
DISCIPLINA: GNERO E INTERSECCIONALIDADE
DOCENTE: MAISE ZUCCO
DISCENTE: ROQUEVALDO LIMA VELOSO

DIRIO DE LEITURA
ATIVIDADE NO CONGRESSO DE 70 ANOS DA UFBA
Durante o Congresso de 70 anos da UFBA, a LAPSIC (Liga Acadmica de Prticas
Integrativas e Complementares em Sade), em conjunto com voluntrios e trabalhadores do
Ambulatrio de Prticas Integrativas e Complementares em Sade do Hospital Magalhes
Neto, montou uma Tenda de Cuidados na qual oferecia algumas prticas alternativas quem
vm sendo utilizadas de forma complementar ao tratamento mdico convencional.
De acordo com o Ministrio da Sade:
O campo das Prticas Integrativas e Complementares (PICs) contempla
sistemas mdicos complexos e recursos teraputicos, os quais so tambm
denominados pela Organizao Mundial da Sade (OMS) de medicina
tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA) (BRASIL) 1.

A aplicao de tais tcnicas tem por objetivo uma estimulao natural do organismo,
com o intuito de promover uma melhor resposta imunolgica e, consequentemente, a melhora
do paciente, partindo de uma pressuposto teraputico holista de integrao entre o ser
humano, o meio ambiente e a sociedade. Esta conduta permite a ampliao do processo de
sade-doena, bem como permitir a utilizao de novas estratgias de cuidado.
No Brasil j h uma Poltica Pblica que regulamenta as PICs no SUS (Sistema nico
de Sade): A Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares em Sade no SUS
- PNPIC-SUS - publicada em maio de 2006. Em decorrncia disto, tcnicas como a
homeopatia, acupuntura, massoterapia, pranaterapia, frequncia de brilho dentre outras,
foram incorporadas ao SUS e passaram a serem oferecidas como formas alternativas de
tratamento,
Dentre as diversas prticas ofertadas na Tenda de Cuidados, escolhi participar da
Frequncia de Brilho, tcnica que j havia ouvido falar, mas com a qual no tivera at ento,
nenhuma familiaridade. A Frequncia de Brilho uma tcnica de cura que trabalha com a
1 Disponvel em http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pic.php

abertura de portais energticos nas partes anterior e posterior do corpo, atravs de toques
suaves. A ativao desses portais permitiria a introduo de frequncias de alto nvel nos
corpos emocionais e fsicos, o que possibilitaria a ativao das clulas e do sistema nervoso,
o que ativaria novas rea do crebro. Se constituiria portanto, como um trabalho de auto
lembrana, j que a ativao que ocorre, conforme o corpo tocado, desperta seu aspecto
espiritual num nvel quntico2.
Participar dessa atividade me proporcionou bem estar fsico, emocional e espiritual.
Para alm disto, ao escutar o relato do estado das pessoas que saiam das outras prticas,
algumas reflexes me surgiram: As PICs propiciam de fato uma outra relao no processo de
adoecimento do sujeito, dando a este a possibilidade de encarar a enfermidade por um outro
ngulo; Funcionam tambm como alternativas seguras e bem guiadas face aos tratamentos
alopticos tradicionais; A postura e conduta dos terapeutas ali presentes propiciavam um
clima acolhedor, humanizado e integral, onde o paciente/sujeito se tornava protagonista no
processo.

2 Mais informaes em http://www.frequenciasdebrilho.com.br

TEXTO: ATUALIDADE DO CONCEITO DE INTERSECCIONALIDADE PARA A


PESQUISA E PRTICA FEMINISTA NO BRASIL.
AUTOR: CRISTIANO RODRIGUES.
Nesse texto o autor faz um breve apanhado de como se cunhou o conceito de
interseccionalidade, a partir da atuao de feministas negras que problematizavam sobre a
falta do recorte de gnero no movimento negro, bem como a falta do recorte racial no
movimento feminista. Ele traz como essa construo e teorizao se deu nos EUA, como se
costurou e vem sendo trabalhado no Brasil e quais os desafios e perspectivas em terras
brasileiras para uma apropriao maior do conceito.
De acordo com Rodrigues, interseccionalidade se constitui como uma ferramenta
terico-metodolgica fundamental, pois desvela os processos de interao entre relaes de
poder e categorias como classe, gnero e raa em contextos individuais, prticas coletivas e
arranjos culturais/institucionais.
Ao longo do texto o autor ir trabalhar alguns temas que esto no bojo da discusso
sobre interccionalidade: histria do movimento negro e do ativismo social no Brasil,
identidades, estudos de gnero e feminismo negro, sexismo, sistema de classe, subordinao e
opresso.
Este o meu primeiro contato com a temtica, at ento no havia travado contato
com tais questes, o que me impede de ter uma viso mais crtica sobre o pesamento do autor.
Por outro lado, a leitura me desperta para uma realidade que estava encoberta aos meus olhos
e que passa a ganhar tonalidade e entendimento.

TEXTO: TUDO INTERSECCIONAL?


AUTORA: INA KERNER
Neste texto a autora apresenta o conceito de interseccionalidade aps esmiuar os
cenrios em que o racismo e o sexismo atuam, propondo - para alm do parmetro
interccional - mais trs modos de interao ou correlao entre eles. Ao seu ver, este modelo
multifatorial seria mais benfico para a compreenso das relaes entre racismo e sexismo do
que a tentativa de formular a relao em apenas uma dimenso e reduzi-la a um nico termo
como o da interseccionalidade ou da interdependncia.
O primeiro modo chamado de semelhana. Esta se d quando a correlao entre
racismo e sexismo geram produtos/opresses semelhantes. Eles j trazem a semelhana em
seu aspecto central, uma vez que seus sistemas de funcionamento atuam de forma anloga.
Ela diz que tanto nos casos de racismos como de sexismos, as respectivas atribuies
categoriais de diferenas so utilizadas para legitimar formas de estratificao e de
segregao.
O segundo modo classificado como diferena. Neste caso, apesar do analogia de
funcionamento dos dois sistemas, o produto/opresso gerado por um e por outro so
diferentes entre si.
O terceiro modo o da ligao. Neste tocante, h um intercruzamento entre racismo e
sexismo, no entanto um dos sistemas acaba sendo mais importante ou tem um peso maior

que o outro. J na interseco - o quarto modo - racismo e sexismo atuam de forma conjunta,
se combinam, no sendo possvel distinguir qual sistema mais opressor. Se confundem,
esto sobrepostos agindo de forma incisiva e excludente.
Esse sistema multifatorial defendido pela autora permite uma mair escrutinao dos
cenrios sociais, permitindo entender como o sexismo e o racismo atuam nos mais diversos
contextos e como suas variadas formas de interlocuo e correlao engendram mecanismos
de opresso e excluso.

TEXTO: MULHERES EM MOVIMENTO


AUTORA: SUELI CARNEIRO
Neste texto, a autora mostra o processo de enegrecimento do movimento feminista
brasileiro, propondo um novo cenrio de construo de prticas, saberes e - sobretudo posicionamento poltico, a fim de evidenciar as necessidades e especificidades da mulher
negra.
Ela elenca algumas das diversas frentes de combate das feministas brasileiras, que se
materializaram em direitos: implementao de polticas pblicas e seus equipamentos
(DEAMS); a retirada do ptrio poder; autonomia sobre o seu prprio corpo para decidir
quando ter ou no filhos; vivncia prazerosa da sexualidade; reserva de 20% das legendas dos
partidos para as candidatas mulheres, dentre outras.
Entretanto, aponta que durante um bom tempo o feminismo brasileiro - assim como
outros movimentos sociais atuantes no pas - reproduzia uma viso eurocntrica e
universalizante das mulheres, o que ocasionou a incapacidade de reconhecer, segunda ela, as
diferenas e desigualdades presentes no universo feminino, a despeito da identidade
biolgica. Em sua perspectiva, as vozes silenciadas e os corpos estigmatizados de mulheres
vtimas de outras formas de opresso alm do sexismo, continuaram no silncio e na
invisibilidade.

Diante de tal cenrio, coube ao movimento de mulheres negras apontar alternativas


concretas para ultrapassar esse paradigma. Foi necessrio trabalhar numa perspectiva
interseccional, entendendo os produtos opressores criados pela combinao do racismo,
sexismo e da classe. Desta forma, o enegrecimento do movimento feminista brasileiro
permitiu uma ampliao de entendimento das engrenagens de opresso, impelindo estas
mulheres a necessidades de criar ferramentas e estratgias de enfrentamento, para tratar de
tais especificidades.

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