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Engenharia de Superfície e Desgaste Resumo

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Engenharia de Superfície e Desgaste de Ferramentas

Tópico I - Introdução

Capítulo 1 – Introdução (Hutchings)

Tribologia é definida como “A ciência e tecnologia de superfícies que se interagem em um


movimento relativo”, e abrange o estudo do atrito, desgaste e lubrificação.

“Altamente sistêmica, não linear e de elevada sensibilidade.”

Em muitos casos, baixo atrito é desejável. A operação satisfatória de articulações, como a do


quadril humano, por exemplo, demanda uma baixa força de atrito. Contudo, baixo atrito não é
necessariamente benéfico em todos os casos. Em sistemas mecânicos, como os freios e
embreagens, atrito é essencial. Uma alta força de atrito também é desejável entre o pneu de
um veículo e a superfície do pavimento, assim como também é importante entre o calçado e o
piso durante a marcha. O mundo em que vivemos seria completamente diferente se não
houvesse o atrito entre os corpos ou se esta fosse menos intensa.

Sempre que duas superfícies se movimentarem, uma em relação à outra, ocorrerá o desgaste,
sendo que este pode ser definido como um prejuízo mecânico a uma ou as duas superfícies,
geralmente envolvendo perda progressiva de material. Em muitos casos, o desgaste é
prejudicial, levando a um aumento contínuo da folga entre as partes que se movimentam ou a
uma indesejável liberdade de movimento e perda de precisão. A perda por desgaste de
pequenas quantidades relativas de material pode ser suficiente para causar a completa falha de
máquinas grandes e complexas. Entretanto, no caso do atrito, altas taxas de desgaste são
algumas vezes desejáveis, como em operações de lixamento e polimento.

Um método de reduzir o atrito e, frequentemente, o desgaste, é a lubrificação das superfícies.


Ainda assim, mesmo que um lubrificante artificial não seja adicionado ao sistema, componentes
da atmosfera (especialmente oxigênio e vapor d’água) têm um importante efeito e precisam ser
considerados em qualquer estudo da interação de superfícies.

Capítulo 2 – Topografia de superfície e superfícies de contato (Hutchings)

- Todas as superfícies sólidas não são uniformes;

- No limite, as irregularidades de superfície estarão em escala de átomos ou moléculas


individuais;

- Contudo, a maioria das superfícies planas de componentes de engenharia altamente


polidos mostram irregularidades apreciavelmente maiores do que dimensões atômicas,
e muitos métodos diferentes tem sido empregados para estudar sua topografia alguns
envolvem exame da superfície através de:

Microscópio de elétrons ou de luz

Métodos óticos;

Aparelhos de contato;

Medições elétricas ou térmicas


...Maiores resoluções podem ser alcançadas através de técnicas de microscopia de força atômica
e microscopia de tunelamento, as quais tem resolução a nível de átomos; mas para a maioria
das superfícies de engenharia métodos menos sensíveis são adequados para estudar sua
topografia.

Um dos métodos mais comuns de acessar a topografia de superfície é o perfilômetro.

Uma ponta é arrastada suave e firmemente ao longo da superfície em exame;

- Na medida que a ponta varre a superfície, ela sobe e desce;

- Este deslocamento vertical é convertido por um transdutor em um sinal elétrico que é


amplificado, e através do instrumento, move a caneta sobre o registrador;

- O gráfico desenhado pela caneta representa o deslocamento vertical da ponta como


uma função da distância percorrida ao longo da superfície.

- A representação gráfica do perfil da superfície gerada pelo perfilômetro difere da forma


da seção transversal genuina da superfície por diferentes razões.

- A maior diferença é devido às diferentes ampliações empregadas pelo instrumento nas


direções verticais e horizontais. A extensão vertical das irregularidades de superfície é
quase sempre muito menor do que a escala horizontal. É portanto conveniente
comprimir o registro gráfico do perfil da superfície usando uma ampliação na direção
vertical que seja maior do que no plano da superfície. A taxa das ampliações dependerão
da rugosidade da superfície, mas tipicamente esta entre 10 e 5000; com refinamentos
pode ser usada ampliações verticais abolutas de até 106 .
- Uma limitação inevitável deste método de perfilometria resulta da forma da ponta de
medição.

- Por razões de resistência, as pontas de diamante usadas são piramidais ou cônicas, com
ângulos mínimos de 60º e raio da ponta de 1 a 2,5 µm. A combinação raio da ponta finito
e ângulo da ponta impede a ponta de penetrar completamente espaços profundos e
estreitos da superfície. Em algumas situações pode levar a erros significativos.

- Pontas especiais com cunhas tipo cinzel e raio da ponta mínimo de 0,1 µm podem ser
utilizadas para detalhes de superfícies muito finas.

- É conveniente diferenciar rugosidade (roughness), significando em pequena escala


irregularidades de superfície, e erro de forma (form error), que é a medida do desvio de
forma da superfície a partir de sua forma ideal. A distinção entre um e outro é arbitrária,
contudo claramente envolve a escala horizontal de irregularidade. Podendo se tornar
mais complicado pela presença de ondulação (waviness), uma ondulação de superfície
periódica intermediária em escala entre rugosidade e erro de forma.

- Erros macrogeométricos: erros de forma ou textura, que incluem: divergências de


ondulação, ovalização, multifacetamento, conicidade, cilindricidade, etc.
- Erros microgeométricos: erros de rugosidade ou textura primária.

- Por vários métodos, o erro de forma e ondulação podem ser subtraídos do perfil de
superfície registrado por um perfilômetro, de modo que o resultado descreva somente
a rugosidade, ou pequenos comprimentos de irregularidades.

Rugosidade

É o conjunto de irregularidades, isto é, pequenas saliências e reentrâncias que caracterizam


uma superfície. Essas irregularidades podem ser avaliadas com aparelhos eletrônicos, a
exemplo do rugosímetro. A rugosidade desempenha um papel importante no
comportamento dos componentes mecânicos.

Ela influi na:

- Qualidade de deslizamento;
- Resistência ao desgaste;
- Possibilidade de ajuste do acoplamento forçado;
- Resistência oferecida pela superfície ao escoamento de fluidos e lubrificantes;
- Qualidade de aderência que a estrutura oferece às camadas protetoras;
- Resistência à corrosão e à fadiga;
- Vedação;
- Aparência.

A rugosidade determina:

- área de contato;
- tensão do contato;
- bolsões para lubrificantes.
Capacidade de carga x rugosidade:

Tempo de produção x rugosidade:

Comprimento de Amostragem
O comprimento de onda do filtro, chamado “Cut-off”, determina o que deve ou não passar.
- O sinal de rugosidade apresenta altas frequências (pequenos comp. de onda)
- As ondulações e demais erros de forma apresentam sinais com baixas frequências

Sistema de medição de rugosidade superficial


- Linha média: definida como a linha disposta paralelamente `a direção geral do perfil,
dentro do percurso de medição, de tal modo que a soma das áreas superiores,
compreendida entre ela e o perfil efetivo seja igual `a soma das áreas inferiores.

O sistema da linha média é o mais utilizado. A norma ABNT NBR 6405-1985 adota no Brasil o
sistema M. Além do Brasil, os EUA, Inglaterra, Japão e Rússia adotam o sistema M. A Alemanha
e Itália adotam o sistema E. A França adota ambos os sistemas.

Parâmetros de Amplitude

- Desvio médio aritmético (Rugosidade média Ra): é a média aritmética dos valores
absolutos das ordenadas de afastamento (yi), dos pontos do perfil de rugosidade em
relação à linha média, dentro do percurso de medição (lm). Essa grandeza pode
corresponder à altura média de um retângulo, cuja área é igual à soma absoluta das
áreas delimitadas pelo perfil de rugosidade e pela linha média, tendo por comprimento
a linha de medição (lm).

- Desvio médio quadrático (Rq): é a raiz quadrada da média dos quadrados das ordenadas
do perfil efetivo em relação à linha média, no comprimento de amostragem l.
- Altura máxima do perfil (Rz): Corresponde à média aritmética dos cinco valores de
rugosidade parcial. Rugosidade parcial (Zi) é a soma dos valores absolutos das ordenadas
dos pontos de maior afastamento, acima e abaixo da linha média, existentes no
comprimento de amostragem (cut off). Na representação gráfica do perfil, esse valor
corresponde à altura entre os pontos máximo e mínimo do perfil, no comprimento de
amostragem (Ie).

- Rmáx = Rz5

- Altura máxima de pico (Rp):

- Profundidade máxima de vale (Rv):


- Altura total do perfil (Rt): Corresponde à distância vertical entre o pico mais alto e o vale
mais profundo.

Relação de apoio

Curva de Abbott

- Em 1993 Abbott e Firestone desenvolveram uma forma de descrever todas as


propriedades de amplitude de uma superfície através da curva da razão de apoio
(Bearing ratio curve), mais tarde denominada de curva de Abbott – Firestone.

- Esta curva é gerada através do fracionamento de uma superfície desde o maior pico até
o vale mais profundo dentro de um comprimento determinado L conforme mostrado
na figura. A fração, denominada Rmr conforme ISO 4287 (1997), é determinada
somando-se os comprimentos interseccionados pela linha de corte no perfil da
rugosidade dividido pelo comprimento analizado L, conforme expresso pela relação
abaixo.
Coeficiente de assimetria

- é a medida de assimetria de desvios de superfície sobre o plano médio.

Coeficiente de achatamento (RKU)

- é apresentado junto ao skewness para descrever a forma da distribuição de altura de


topografia. É uma medida de achatamento da distribuição de altura de topografia.

Tópico II – Contato entre superfícies

Quando duas superfícies nominalmente planas e paralelas são suavemente colocadas


juntas, o contato irá ocorrer inicialmente em apenas alguns pontos. Como a carga normal é
aumentada, as superfícies se movem próximas e um alto número de altas áreas ou asperezas
nas duas superfícies tornam-se em contato. Desde que as asperezas forneçam apenas alguns
pontos nas quais se tocam, elas serão responsáveis por suportar a carga normal na superfície e
para gerar alguma força de atrito na qual atue entre elas. Se uma corrente elétrica passar de
uma superfície para a outra, ela deverá atravessar através dos pontos de contato. Um
conhecimento deve ser o jeito no qual as asperezas de duas superfícies interagem abaixo da
variação de cargas é essencial para o estudo do atrito, desgaste ou contato de resistência
elétrica.
- A soma das áreas em contato constitui a área real de contato;

- A área real é função de:

- Textura superficial;
- Propriedades do material;
- Carga na interface.

Na região do contato  tensão, que se opõe à carga aplicada

- A deformação pode ser elástica, plástica ou viscoelástica, e depende de:

- carga normal

- tensão de cisalhamento (carga/ área aparente)

- rugosidade superficial e

- propriedades do material, como dureza

- As tensões nos picos das asperezas são muito maiores que as tensões nominais.
- Tensões nominais podem atingir o regime elástico, enquanto as tensões nos picos
podem exceder limite elástico (tensão de escoamento).

Contato elástico
As primeiras análises de deformação e pressão de contato entre dois sólidos elásticos foram
feitas por Hertz (1882), considerando:

- superfícies contínuas, lisas e não-conformes,

- as deformações pequenas,

- cada sólido como um espaço elástico, e

- superfícies sem atrito.

Superfícies conformes Superfície não conforme

Quando uma esfera e um material elástico é pressionada contra um plano sob uma carga normal
w, o contato irá ocorrer entre os dois, uma área circular a, dada pela seguinte equação:

Área de contato: Raio de contato:

Ar = πa 2= πRδ
Tensão de cisalhamento:

Deformação plástica

Como a carga normal entre as esferas e o plano aumenta, um dos componentes


possivelmente deverá iniciar a deformação plástica. A situação deve ser simplificada
considerando dois casos: primeiro, no qual a esfera assume ser rígida e o fluxo de deformação
plástica é confinada no plano, e segundo, que na qual o plano não deve ser deformado e o fluxo
plástico ocorre apenas na esfera.

Índice da plasticidade (y) define:

A parcela das asperezas em contato que sofre deformação plástica:

E: rigidez do sistema;

H: dureza das asperezas;

σ*/r: acabamento superficial.

Metais: ψ varia de 0,1 a 100

Cerâmicas e polímeros: ψ ≈ 0,1 ψmetais

O índice de plasticidade define:


Ψ < 0,6 – deformação plástica apenas com pressões extremamente altas;
Ψ > 1 – deformação plástica com cargas pequenas.

Tópico III – Atrito; Atrito entre metais, cerâmicas e polímeros; Stick-Slip


ATRITO

- Resistência ao movimento (deslizamento ou rolamento);


- Força tangencial resistiva = força de atrito;
- Fest – força necessária para iniciar o movimento;
- Fcin ou Fdin – força necessária para manter o movimento.
A força denominada atrito pode ser definida como a resistência encontrada por um
corpo ao se mover contra outro. Esta ampla definição, envolve duas importantes classes de
movimento relativo: o deslizamento e o rolamento. A distinção entre atrito de deslizamento e
atrito de rolamento é usual, mas as duas não são mutualmente exclusivas e aparentemente o
rolamento puro sempre envolve o deslizamento. Em ambos, deslizamento e rolamento, uma
força tangencial é necessária para mover o contra corpo sobre a face estacionária.

1ª Lei do atrito de Amontons (1699):

- A força de atrito é proporcional a carga normal.

Amontons, nos experimentos no qual deduziu esta lei, usou vários metais e madeiras
todos lubrificados com gordura de porco. Estes materiais no entanto, experimentaram a ligação
e lubrificação. Contudo, a primeira lei também é válida para deslizamento não lubrificado, ao ar,
conforme observado na figura abaixo no deslizamento de um aço contra alumínio polido. O
coeficiente de atrito permanece efetivamente constante apesar da variação da carga por um
fator de aproximadamente 10-6. Apesar da maioria dos metais e muitos outros materiais
obedecerem a primeira lei, os polímeros frequentemente não obedecem.

Aço x alumínio polido sem lubrificação

2ª Lei do Atrito: Fa independe da área de contato aparente.

A segunda lei do atrito não é tão largamente explorada como a primeira mas mesmo
assim é bem atestada pela maioria dos materiais, novamente com exceção dos polímeros. A
figura abaixo mostra o coeficiente de atrito para o deslizamento de madeira em uma superfície
de aço não lubrificada. A carga normal se mantém constante, enquanto a área de contato
aparente varia por um fator de cerca de 250; o valor de μ é visto ser efetivamente constante.

3ª Lei do Atrito (Coulomb 1785): Fdin independe da velocidade de deslocamento

A terceira lei do atrito é um pouco menos fundada que a primeira e segunda. Uma
observação comum é que para iniciar o deslizamento geralmente é maior do que a necessária
para mantê-la, e consequentemente o coeficiente de atrito estático (μs) é maior que o
coeficiente de atrito dinâmico (μd). Mas uma vez estabilizado o deslizamento, μd é encontrado
para muitos sistemas como sendo praticamente independente da velocidade de deslizamento,
apesar da alta velocidade de deslizamento, na ordem de centenas de metros por segundo para
metais, μd cai com o aumento da velocidade.

Teorias do Atrito

O modelo de Coulomb no qual a ação das asperezas em forma de cunha fazem com que
as duas superfícies se separem à medida que deslocam na posição A para a posição B.
Posteriormente, pode ser facilmente mostrada, ao equacionar o trabalho feito pela força de
atrito, onde μ igual a tangente de θ. Considerando a próxima fase do movimento, de B para C,
no entanto, que um defeito fundamental deste modelo se torna aparente, agora a carga normal
funciona no sistema e toda a energia potencial armazenada na primeira fase do processo. O
movimento (de A para B) é recuperado. Nenhuma dissipação líquida de energia ocorre no ciclo
completo e, portanto, deve-se concluir que nenhuma força de atrito deve ser observada em uma
escala macroscópica se a interação entre superfícies reais seguisse exatamente o modelo
Coulomb.

Segundo Bowden e Tabor, a força de atrito é devida a duas fontes:


→ Forças de adesão: desenvolvidas nas áreas reais de contato (asperezas)

→ Forças de deformação: necessárias para riscar ou sulcar as asperezas da superfície de menor


dureza, pela de maior dureza.

Para superfícies limpas, livres de óxidos e outros filmes, além de gases adsorvidos →
significante ADESÃO é observada entre metais.

Força adesiva é mais forte entre metais dúcteis (Cu, Au).

Em metais menos dúcteis, estrutura hexagonal que tem menor nº de planos de deslizamento,
ou cerâmicos, a adesão é fraca.

“Atrito não é propriedade do material, mas resposta do sistema”

Superfícies limpas, sem filmes químicos → alto μ

Superfícies bem lubrificadas → fraca adesão → baixo μ

A junção entre metais distintos, quando em deslizamento, será mais forte que o metal
mais fraco, levando à retirada e transferência de fragmentos do metal de menor dureza para o
metal mais duro → levando a DESGASTE SEVERO.
Dois fenômenos importantes a serem considerados:

 Encruamento
 Crescimento de junções

No modelo simples, o material é assumido ter um fluxo de tensão constante. Contudo,


quase todos materiais encruam de alguma quantidade, e portanto a carga normal é suportada
pelo fluxo plástico de alguma distância a partir da vizinhança intermediária das junções das
asperezas. As junções encruarão significativamente, o que tenderá a aumentar o valor relativo
da tensão s em comparação à dureza H.

Crescimento de junções - Nos modelos descritos, assumimos que a área real de contato
é determinada somente pela carga normal, e que não é afetada por forças tangenciais. Isto de
fato é uma grande simplificação. Se o metal flui plasticamente ou não, isto é determinado por
um critério de escoamento, que leva em consideração a ação de tensões normais e de
cisalhamento.
Atrito entre metais

O comportamento do atrito depende da composição, microestrutura dos materiais e


das condições de medição.

Metais ao ar

Na maioria das aplicações práticas, os metais deslizam contra outro metal, na presença
de ar. Os coeficientes de atrito são então mais baixos que no vácuo, e caem tipicamente para
deslizamento não lubrificado, na faixa de 0,5 a 1,5.

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