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Psicologia Sistêmica

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Conceito básico:

A Psicologia Sistêmica é um tipo de terapia que busca abordar as pessoas não apenas
no nível individual, mas também como pessoas em relacionamentos, lidando com interações
dos grupos e com seus padrões e dinâmicas internacionais.
O foco da terapia sistêmica está baseado na compreensão dos padrões de
comunicação que ocorrem no âmbito familiar, nos locais de trabalho ou nos relacionamentos
entre casais.

Histórico do Pensamento Sistêmico:

● Ecologia
● Fisica Quântica
● Escola Gestalt

Irei discorrer agora, muito brevemente, sobre noções de Ecologia e Física Quântica
para dar uma pincelada no cenário científico da época, que sobre o contexto do pensamento
científico da época, em que a Ecologia e a Física Quântica também se debruçaram nestas
noções. É importante denotar que o pensamento sistêmico não é uma vertente exclusiva da
psicologia.
Em resumo, a Ecologia é uma das vertentes do Pensamento Sistêmico, quando
biólogos começam a estudar comunidades de organismos. É relacionada a concepção de
ecossistema, pois a compreensão dos sistemas vivos como redes oferece uma nova
perspectiva acerca das chamadas hierarquias da natureza.
Paralelamente ao nascimento da Ecologia, surge a Física Quântica, formulada por
Werner Heisenberg, na década de 20. Segundo a teoria, todos os fenômenos físicos poderiam
ser reduzidos às propriedades de partículas materiais rígidas e sólidas.
A teoria demonstra que os objetos materiais sólidos da física clássica se dissolvem, no
nível subatômico, em padrões de probabilidades semelhantes a ondas. As partículas
subatômicas não são coisas, são interconexões entre coisas que, por sua vez, são
interconexões entre outras coisas.
Portanto, não se pode decompor o mundo em unidades elementares que existem de
forma independente: estas só podem ser entendidas nas interrelações. Sendo assim, é o todo
que determina o comportamento das partes.
Ainda na década de 1920, na Alemanha, quando a tendência intelectual era negar a
fragmentação e o mecanismo, buscando a totalidade, surge a Psicologia da Gestalt. Essa
perspectiva psicológica enfatiza que a mente tende a perceber o todo e padrões unificados em
vez de pedaços que compõem essas totalidades e padrões. Por exemplo, quando assistimos a
um filme percebemos as imagens em movimento como um evento significativo, não uma
sucessão de fotos estáticas.
A escola Gestalt da psicologia é talvez mais conhecida pelo desenvolvimento de
princípios de percepção visual que descrevem como nós organizamos partes visuais em um
todo, por exemplo, como nós mentalmente separamos o primeiro plano e o fundo de uma
imagem.
A escola de pensamento olha para a mente humana e o comportamento como um todo.
Ao tentar entender o mundo que nos rodeia, a psicologia da Gestalt sugere que não nos
concentremos simplesmente em cada componente pequeno.
Em vez disso, nossas mentes tendem a perceber objetos como parte de um todo maior
e como elementos de sistemas mais complexos. Esta escola de psicologia desempenhou um
papel importante no desenvolvimento moderno do estudo da sensação e percepção humana.

Fonte: PDF As Origens do Pensamento Sistêmico

A PRÁTICA SISTÊMICA NO CAMPO DA PSICOLOGIA

No campo da Psicologia Clínica, até a década de 1940, a prática terapeutica era


orientada pela Psicanálise e a ideia hegemônica era de que o comportamento humano era
regido por forças intrapsíquicas. Como consequência da Segunda Guerra Mundial, houve um
movimento de união das famílias e tornaram-se fortes as críticas à Psicanálise por não dar a
ênfase necessária a contextos ambientais.
A Teoria Sistêmica começou a ganhar força por trazer a proposta de mudança no foco
das teorias clínicas do indivíduo para os sistemas humanos, ou seja, do intrapsíquico para o
interrelacional. Dessa forma, entre as décadas de 50 e 60, ocorre um movimento de
combinação entre abordagens já consolidadas, tais como a psicanalítica, e novos conceitos
baseados na Teoria dos Sistemas.
Desta nova combinação, nasce uma nova perspectiva sobre a complexidade e
reciprocidade do comportamento humano e seu desenvolvimento dentro da rede de relações e
da cultura da comunicação dentro da família.

A prática sistêmica no campo da Psicologia

Desta combinação nasce uma “nova

perspectiva sobre a complexidade e reciprocidade do comportamento humano e seu desenvolvimento

dentro da rede de relações e da cultura da comunicação dentro da família” (Kreppner, 2003, p. 202).

De acordo com a Perspectiva Sistêmica, os sistemas devem ser vistos como estruturas

organizadas hierarquicamente que precisam ser analisadas em sua totalidade: desde os aspectos

macro, como a ordem social, passando por níveis intermediários, como as culturas das comunidades
locais, até atingir um nível mais proximal (ou de microanálise), como as escolas e a família (Sifuentes,

Dessen & Oliveira, 2007). Conforme Grandesso (2000), a mudança de foco do intrapsíquico para o

interrelacional representou uma transformação paradigmática à medida que passou a configurar outro

sistema de pressupostos para informar a concepção dos problemas humanos e das práticas da

Psicologia. A ênfase passa a ser dada aos contextos e formula-se a postulação de uma causalidade

circular retroativa e recursiva para os fenômenos, o que favoreceu a abertura do campo da

psicoterapia para a interdisciplinaridade e ampliou as fronteiras para a compreensão da pessoa

humana para além do psicológico.

O Pensamento Sistêmico passa a ser o substrato de propostas de intervenção para a clínica de

família. Dessen (2010) ressalta a relevante contribuição da Teoria Sistêmica da família, a partir da

segunda metade do século XX, visto que trouxe um novo olhar para o contexto familiar. A adoção da

Perspectiva Sistêmica implica em entender a família como um sistema complexo, composto por

vários subsistemas que se influenciam mutuamente, tais como o conjugal e o parental (Kreppner,

2000). O estudo de Costa (2010) destaca brevemente os momentos cruciais da construção teórico-

metodológica que caracterizaram o início da Terapia de Família e marcaram seu desenvolvimento. A

autora também apresenta as diferentes Escolas de Terapia Familiar, desde aquelas fortemente

influenciadas pela Cibernética até aquelas que assimilaram as contribuições do Construtivismo e do

Construcionismo Social.

Böing, Crepaldi e Moré (2009) abordam os benefícios da adoção da epistemologia sistêmica

pelos profissionais de saúde, pois a compreensão da complexidade do processo saúde-doença leva-

os a reconhecer a necessidade da atuação interdisciplinar para a construção efetiva de atenção

integral à saúde, em conformidade com os princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde. De

acordo com as autoras, o Pensamento Sistêmico pode funcionar como uma base para o profissional

refletir, flexibilizar e contextualizar suas práticas, possibilitando que as mesmas respondam de forma

eficiente às demandas da atenção básica. Nesse sentido, pensar sistemicamente transcende a

atuação profissional, enriquece e amplia a visão e a atuação como cidadãos, o que possibilita a

reflexão e o diálogo em torno dos problemas sociais e comunitários de modo mais abrangente e

contextualizado (Moré & Macedo, 2006).

Böing et al. (2009) ressaltam que, na área da saúde, a escuta psicológica, de acordo com a

Perspectiva Sistêmica, é considerada uma estratégia para considerar seres humanos em contextos
de forma que as ações sempre partam do contexto e sejam dirigidas para o contexto. O profissional

de Psicologia, nesse cenário, desempenha um papel de mediador e catalisador das potencialidades e

dos recursos, tanto das pessoas em si como da comunidade, na satisfação das necessidades e na

melhora da qualidade de vida. O psicólogo, juntamente aos demais profissionais da equipe de saúde,

coordena ações que levem à ampliação da situação apresentada, criem contextos de autonomia e

14 ​Pensando Famílias, 18(2), dez. 2014, (3-16)


As Origens do Pensamento Sistêmica – L. Gomes, S. Bolze, R. Bueno, M. Crepaldi

favoreçam a mudança (Moré & Macedo, 2006; Vasconcellos, 2008).

O Pensamento Sistêmico pode ser utilizado em qualquer contexto, como em situações de

mediação familiar em ambiente jurídico (Bueno, Leal, & Souza, 2012). Nesse contexto, o

embasamento sistêmico se mostra útil para pensar as famílias e os casais cujo processo de

separação conjugal litigioso foi o motivo do encaminhamento. Ao compreender essas famílias como

sistemas, amplia-se o olhar sobre as mesmas, corresponsabiliza-se os membros da família pelo

modo de relacionamento estabelecido e questiona-se a problemática apresentada, explorando o que

está por trás do conflito. Realizar intervenções de modo a modificar os padrões de interação

disfuncionais tem se mostrado benéfico, pois ao desenvolver formas de relacionamento mais

funcionais, o sistema se mostra mais saudável.

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