HDR 2019 PT PDF
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Humano 2019
Além do rendimento, além das médias, além do presente:
Desigualdades no desenvolvimento humano no século XXI
O Relatório do Desenvolvimento Humano de 2019 é o mais recente de uma série de Relatórios do Desenvolvimento
Humano Globais publicados pelo PNUD desde 1990, como uma análise intelectualmente independente e
empiricamente fundamentada das principais questões, tendências e políticas do desenvolvimento.
Encontram-se disponíveis online recursos suplementares
relacionados com o Relatório do Desenvolvimento Humano
de 2019, em http://hdr.undp.org, incluindo versões digitais e
traduções do Relatório e da síntese em mais de 10 línguas; uma
versão Web interativa do Relatório; uma série de documentos
de investigação e de artigos de opinião e análise sobre o
desenvolvimento humano encomendados, tendo em vista a
elaboração do Relatório; visualizações interativas e bases de
dados, contendo indicadores de desenvolvimento humano,
explicações integrais das fontes e metodologias usadas nos
índices do relatório; fichas informativas dos países e outro
material de base; bem como os anteriores Relatórios do
Desenvolvimento Humano de cariz global, regional e nacional.
Estão igualmente disponíveis online correções e adendas.
A capa reflete as desigualdades no desenvolvimento humano num
mundo em mudança. Os pontos de cores diferentes representam
o caráter complexo e multidimensional destas desigualdades.
O espectro da crise climática e das arrebatadoras mudanças
tecnológicas, evocado pela cor do plano de fundo da capa,
que sugere calor, dará forma ao progresso do desenvolvimento
humano no século XXI.
Copyright @ 2019 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 1 UN Plaza, New York, NY 10017 USA
Todos os direitos reservados. Nenhum excerto desta publicação poderá ser reproduzido, armazenado num sistema de recuperação ou transmitido sob
qualquer forma ou por qualquer meio, nomeadamente, eletrónico, mecânico, de fotocópia, de gravação ou outro, sem permissão prévia.
eISBN: 978-92-1-004502-5
Declarações gerais de exoneração de responsabilidade. As designações empregues e a apresentação do material desta publicação não implicam
a expressão de opinião alguma por parte do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano (GRDH) do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) em relação ao estatuto jurídico de qualquer país, território, cidade ou área nem das respetivas autoridades, nem a respeito da
delimitação das respetivas fronteiras ou limites. As linhas pontilhadas e tracejadas nos mapas representam linhas fronteiriças aproximadas, para as quais
poderá ainda não haver um consenso.
As conclusões, análises e recomendações do presente Relatório, à semelhança dos anteriores Relatórios, não representam a posição oficial do PNUD
nem de qualquer dos Estados-membro da ONU que integram o seu Conselho Executivo. Não são, ademais, necessariamente subscritas pelas pessoas
mencionadas nos agradecimentos ou citadas.
A referência a empresas específicas não implica que sejam apoiadas nem recomendadas pelo PNUD em detrimento de outras de índole equiparável que
não sejam mencionadas.
Alguns dos números que constam da parte analítica do relatório foram, nos casos em que tal é indicado, estimados pelo GRDH ou por outros contribuidores
para o Relatório e não constituem, necessariamente, as estatísticas oficiais do país, da área ou do território em causa, que poderá recorrer a métodos
alternativos. Todos os números que constam do Anexo Estatístico provêm de fontes oficiais. O GRDH tomou todas as precauções razoáveis para verificar as
informações que constam da presente publicação. Todavia, o material publicado é distribuído sem qualquer garantia de índole alguma, quer explícita quer
implícita.
A responsabilidade pela interpretação e utilização do material incumbe ao/à leitor(a). Em caso algum o GRDH e o PNUD serão responsáveis por prejuízos
decorrentes da sua utilização.
Impresso nos EUA por AGS, RR Donnelley, com papel livre de cloro elementar certificado pelo Forest Stewardship Council. Impresso com tinta à base de
óleos vegetais.
Relatório do Desenvolvimento Humano 2019
Além do rendimento, além das médias, além do presente:
As desigualdades no desenvolvimento humano no século XXI
Publicado pelo
Programa das
Nações Unidas para o
Desenvolvimento
(PNUD)
Ao serviço
das pessoas
e das nações
Agradecimento:
A tradução e a publicação da edição portuguesa
do Relatório de Desenvolvimento Humano 2019
só foram possíveis graças ao apoio do Camões –
Instituto da Cooperação e da Língua.
Equipa do Relatório do Desenvolvimento
Humano 2019
Investigação e estatística
Jacob Assa, Cecilia Calderon, George Ronald Gray, Nergis Gulasan, Yu-Chieh Hsu, Milorad Kovacevic, Christina Lengfelder, Brian Lutz, Tanni
Mukhopadhyay, Shivani Nayyar, Thangavel Palanivel, Carolina Rivera e Heriberto Tapia
Contribuidores externos
Capítulo 3 (pelo World Inequality Lab): Lucas Chancel, Denis Cogneau, Amory Gethin, Alix Myczkowski e Thomas Piketty
Caixas e destaques: Elizabeth Anderson, Michelle Bachelet, Bas van Bavel, David Coady, James Foster, Nora Lustig e Ben Philips
s, integrated
promover e a enraizar desigualdades, tanto as esta-
and innovative way. Achim Steiner
Achim Steiner
belecidas quanto as novas. Conforme o Relatório do Administrador
Desenvolvimento Humano expõe, a incapacidade de Programa das Administrator
Nações Unidas para o
enfrentar estes desafios sistémicos levará ao reforço United Desenvolvimento
Nations Development Programme
Prefácio | iii
Agradecimentos
A elaboração de um Relatório do Desenvolvimento Carol Graham, Kenneth Harttgen, Homi Kharas,
Humano é um verdadeiro empreendimento coleti- Michèle Lamont, Santiago Levy, Ako Muto, Ambar
vo, que reflete os contributos, formais e informais, Nayaran, Alex Reid, Carolina Sánchez-Páramo,
de diversas pessoas e instituições. Aquilo que acaba Paul Segal, Amartya Sen, Juan Somavia, Yukio
por constar destas páginas não consegue espelhar, Takasu, Senoe Torgerson e Michael Woolcock.
na sua totalidade, a abundância de ideias, inter- Agradecemos, igualmente, as contribuições
ações, parcerias e colaborações associadas a este escritas de Lucas Chanel e dos nossos colegas
esforço. Estes agradecimentos são uma tentativa no World Inequality Lab, que contribuíram
imperfeita de reconhecer as pessoas que doaram, com o capítulo 3 do Relatório. As caixas e os
generosamente, o seu tempo e a sua energia para destaques foram um contributo de Elizabeth
ajudar a elaborar o Relatório do Desenvolvimento Anderson, Michelle Bachelet, Bas van Bavel,
Humano de 2019 — peço desculpa às muitas que David Coady, James Foster, Nora Lustig, Ben
contribuíram e que não nos foi possível incluir Philips, a Associação Internacional das Pessoas
aqui. Enquanto autores, esperamos que o conteú- Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo e o
do corresponda aos extraordinários contributos Instituto de Investigação para a Paz, em Oslo. Os
recebidos e que o Relatório acrescente àquilo que a documentos de investigação e contributos escritos
Assembleia Geral da ONU reconheceu como “um foram elaborados por Fabrizio Bernardi, Dirk
exercício intelectual independente” que se tornou Bezemer, Matthew Brunwasser, Martha Chen,
“uma importante ferramenta de sensibilização para Sirianne Dahlum, Olivier Fiala, Valpy FitzGerald,
o desenvolvimento humano em todo o mundo.” James K. Galbraith, Jayati Ghosh, John Helliwell,
A nossa primeira palavra de agradecimento Martin Hilbert, Patrick Kabanda, Emmanuel
é endereçada aos membros do nosso Conselho Letouze, Juliana Martínez, Håvard Mokleiv,
Consultivo, vigorosamente dirigido por Thomas José Antonio Ocampo, Gudrun Østby, Inaki
Piketty e Tharman Shanmugaratnam, na respetiva Permanyer, Ilze Plavgo, Siri Aas Rustad, Diego
qualidade de Co-Presidente. Os outros membros Sánchez-Ancochea, Anya Schiffrin, Jeroen P.J.M.
do Conselho Consultivo são Olu Ajakaiye, Kaushik Smits, Eric Uslaner, Kevin Watkins e Martijn van
Basu, Haroon Bhorat, Francisco Ferreira, Janet Zomeren. Estamos gratos a todos eles e a todas elas.
C. Gornick, David Grusky, Ravi Kanbur, Enrico Foram consultados vários peritos em determi-
Letta, Chunling Li, Nora Lustig, Laura Chinchilla nadas áreas temáticas e regiões, por diversas oca-
Miranda, Njuguna Ndung’u e Frances Stewart. siões, entre março e setembro de 2019, incluindo
Em complemento às recomendações do nosso em Beirute, Bona, Buenos Aires, Cairo, Doha,
Conselho Consultivo, o Painel de Consultores Genebra, Marraquexe, Nairóbi, Nursultan, Paris,
Estatísticos do Relatório ofereceu orientações quan- Rabat e Tóquio. Pelos seus contributos durante
to a vários aspetos metodológicos e dos dados do estas consultas, estamos especialmente gratos
Relatório, em particular no tocante ao cálculo dos a Touhami Abdelkhalek, Touhami Abi, Hala
índices de desenvolvimento humano do Relatório. Abou Ali, Laura Addati, Shaikh Abdulla bin
Estamos gratos a todos os membros do painel: Ahmed Al Khalifa, Ibrahim Ahmed Elbadawi,
Oliver Chinganya, Albina A. Chuwa, Ludgarde Asmaa Al Fadala, Abdulrazak Al-Faris, Najla
Coppens, Marc Fleurbaey, Marie Haldorson, Ali Murad, Facundo Alvaredo, Yassamin Ansari,
Friedrich Huebler, Dean Mitchell Jolliffe, Kuralay Baibatyrova, Alikhan Baimenov, Radhika
Yemi Kale, Steven Kapsos, Robert Kirkpatrick, Balakrishnan, Carlotta Balestra, Luis Beccaria,
Jaya Krishnakumar, Mohd Uzir Mahidin, Debapriya Bhattacharya, Roberto Bissio,
Max Roser e Pedro Luís do Nascimento Silva. Thomas Blanchet, Sachin Chaturvedi, Alexander
Muitos outros ofereceram sugestões generosas Chubrik, Paulo Esteves, Elyas Felfoul, Cristina
sem exercerem formalmente qualquer função con- Gallach, Amory Gethin, Sherine Ghoneim, Liana
sultiva, incluindo Sabina Alkire, Sudhir Anand, Ghukasyan, Manuel Glave, Xavier Godinot, Heba
Amar Battacharya, Sarah Cliffe, Miles Corak, Handoussa, Gonzalo Hernández-Licona, Ameena
Angus Deaton, Shanta Devarajan, Vitor Gaspar, Hussain, Hatem Jemmali, Fahmida Khatun, Alex
Agradecimentos | v
contínuos à investigação no domínio do desen- e aos peritos — pois essa é a única forma de fazer
volvimento e ao Relatório são muito prezados. progredir a causa do desenvolvimento humano.
Estamos gratos pela edição e pela paginação alta- Esperamos ter correspondido a estas expectativas.
mente profissionais da equipa da Communications
Development Incorporated — liderada por
Bruce Ross-Larson, com Joe Caponio, Nick
Moschovakis, Christopher Trott e Elaine Wilson.
Por fim, estamos extremamente gratos ao
Administrador do PNUD Achim Steiner por
nos desafiar constantemente a ambicionar mais, Pedro Conceição
dando-nos espaço para sermos ousados. Ele pediu- Diretor
nos um Relatório que apelasse ao público, às Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano
pessoas responsáveis pela formulação de políticas
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 3
Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento
Medir a desigualdade no rendimento e na riqueza 103 humano para o século XXI: A escolha é nossa 223
O combate à desigualdade começa com uma boa medição 103 Rumo à convergência nas capacidades, além do rendimento:
A curva em forma de elefante da desigualdade e do Do universalismo básico ao universalismo avançado 225
crescimento mundiais 109 Rumo ao aumento inclusivo do rendimento: Elevar a produtividade
Quão desigual é Africa? 116 e reforçar a equidade 233
A desigualdade nos países BRIC desde a década de 2000 119 Pós-escrito: A escolha é nossa 245
Desigualdade e redistribuição na Europa e nos Estados Unidos 120
Notas 257
Desigualdade na riqueza mundial: O capital está de volta 127
Referências 268
Posfácio: A transparência dos dados enquanto imperativo mundial 132
ANEXO ESTATÍSTICO 4.5 Alterações climáticas e desigualdade de género 163
Guia do Leitor 289 4.6 São necessários melhores dados acerca das desigualdades de género 165
Tabelas Estatísticas 5.1 Rendimento familiar, desigualdade e emissões de gases com
1. Índice de Desenvolvimento Humano e seus componentes 294 efeito de estufa 175
2. Tendências do Índice de Desenvolvimento Humano, 1990–2018 298 5.2 Do Holoceno ao Antropoceno: O poder — e quem o exerce — à beira
3. Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade 302 de uma nova era 177
4. Índice de Desenvolvimento Humano por Género 306 5.3 Quando a História deixa de ser um bom guia 187
5. Índice de Desigualdade de Género 310 5.4 O impacto da mudança do regime alimentar mundial sobre o
6. Índice de Pobreza Multidimensional: países em desenvolvimento 314 desenvolvimento humano sustentável 189
Painéis do desenvolvimento humano 6.1 A tecnologia móvel promove a inclusão financeira 203
1. Qualidade do desenvolvimento humano 317 6.2 Tecnologias digitais em prol dos Objetivos de Desenvolvimento
2. Disparidades de género no decurso da vida 322 Sustentável: 209
3. Capacitação das mulheres 327 6.3 A inteligência artificial e o risco de preconceito: agravamento das
4. Sustentabilidade ambiental 332 desigualdades horizontais? 212
5. Sustentabilidade socioeconómica 337 6.4 Os princípios de Enquadramento Ético dos Dados (Data Ethics Framework)
Regiões em vias de desenvolvimento 342 do Reino Unido 213
Referências Estatísticas 343 6.5 Direitos de propriedade intelectual, inovação e difusão da tecnologia 217
7.1 Reforço das capacidades na China: Abordagem das raízes da desigualdade 227
CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 7.2 Concretizar o potencial da educação pré-primária para o avanço do
desenvolvimento humano na Etiópia 227
Uma nova perspetiva da desigualdade 26
7.3 A persistência de gradientes da saúde apesar da cobertura universal
de cuidados de saúde 228
CAIXAS 7.4 As opções e oportunidades das raparigas na área da programação 230
1 Uma nova abordagem da Curva do “Grande Gatsby” 11 7.5 A igualdade de género no mercado de trabalho 235
I.1 A abordagem com base nas capacidades e a Agenda 2030 para o 7.6 Como a concentração do mercado pode afetar desproporcionalmente
Desenvolvimento Sustentável 25 as pessoas desfavorecidas 240
1.1 Desigualdade de capacidades 31 7.7 O poder da redistribuição fiscal 241
1.2 Artigo 25.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: D7.1.1 Ter razão não basta: Para reduzir a desigualdade, é necessário um
O direito a um nível básico de vida 37 movimento que parta da base 248
1.3 Desigualdade na esperança de vida saudável 38
1.4 Divergências ao nível da esperança de vida na terceira idade no Chile 43 FIGURAS
1.5 Crises e divergência 52
1 A percentagem da população que afirma que o rendimento deveria
1.6 Exclusão social das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo 54 ser mais equitativo aumentou entre as décadas de 2000 e 2010 2
1.7 Desigualdade ao nível da segurança humana no Japão: O papel da dignidade 55 2 As crianças nascidas em 2000, em países com rendimentos diferentes,
1.8 Desigualdades horizontais na Índia: Diferentes dinâmicas ao nível da farão um percurso muito desigual até 2020 2
capacidades básicas e avançadas 56 3 Além do rendimento, além das médias e além do presente: A exploração
1.9 Uma perspetiva psicossocial da desigualdade 58 das desigualdades no desenvolvimento humano conduz a cinco mensagens
D1.3.1 Cenários de redução da pobreza de rendimento até 2030 67 principais 3
2.1 Competências fundamentais de aprendizagem socioemocional 79 4 Pensar as desigualdades 5
2.2 Como a perceção das privações relativas afeta os resultados 5 O desenvolvimento humano, das capacidades básicas às capacidades
ao nível da saúde 80 avançadas 6
2.3 O poder das perceções de desigualdade na África do Sul 86 6 De forma transversal aos países, o mundo permanece profundamente
2.4 O poder de um vizinho 87 desigual quer ao nível das capacidades básicas quer das avançadas 8
2.5 Desigualdade económica e desenvolvimento humano 89 7 Convergência lenta das capacidades básicas, divergência rápida das
capacidades avançadas 9
2.6 Conflitos armados internos e desigualdades horizontais 92
8 Educação e saúde ao longo do ciclo de vida 10
3.1 O jornalismo de investigação à descoberta da desigualdade 106
9 Desigualdades, assimetrias de poder e a eficácia da governação 12
3.2 Que conceitos de rendimento medimos? 109
10 O preconceito contra a igualdade de género está a aumentar: A percentagem
3.3 E quanto ao consumo? 110
de mulheres e homens, à escala mundial, sem preconceitos quanto às normas
3.4 Qual é a sua posição na distribuição mundial do rendimento? 114 sociais em função do género decresceu entre 2009 e 2014 13
3.5 Aumento do rendimento dos 40 percentis inferiores — superior 11 Entre 1980 e 2017, o rendimento depois de impostos aumentou quase
à média nacional? 119 40% no caso dos 80% mais pobres da população europeia, em
4.1 Necessidades e interesses práticos e estratégicos de género 151 comparação com mais de 180% no caso dos 0,001% no topo 14
4.2 Identidades que se sobrepõem e intersectam 153 12 Um quadro para a conceção de políticas de correção das desigualdades no
4.3 O índice multidimensional de normas sociais de género — medição de desenvolvimento humano 15
enviesamentos, preconceitos e crenças 155 13 As transferências e os impostos redistributivos diretos explicam, quase na
4.4 A caixa da masculinidade 159 totalidade, a diferença entre a desigualdade de rendimento nas economias
avançadas e emergentes 16
Índice | ix
3.15 Entre 1981 e 2017, a taxa média do escalão superior do imposto sobre D4.1.1 Cerca de um terço das mulheres com idade igual ou superior a 15 anos
o rendimento de pessoas coletivas, na União Europeia, decresceu sofreram violência física ou sexual por parte de um parceiro íntimo, 2010 166
de cerca de 50 por cento para 25 por cento, enquanto a taxa média D4.1.2 As deputadas dos parlamentos europeus apresentam taxas elevadas de
do imposto sobre o valor acrescentado aumentou de cerca atos de violência política contra as mulheres, 2018 167
de 18 por cento para mais de 21 por cento 127 D4.1.3 As normas sociais tradicionais incentivam diversas formas de violência
3.16 A riqueza privada líquida dos países da Europa Ocidental elevou-se de contra as mulheres 168
250–400 por cento do rendimento nacional, em 1970, para 450–750 5.1 As pegadas ecológicas per capita aumentam com o desenvolvimento
por cento, em 2016 129 humano 176
3.17 Os países estão a enriquecer, mas os governos estão a ficar mais pobres 130 5.2 Os atuais países desenvolvidos são responsáveis pela grande maioria das
3.18 Tendências da desigualdade ao nível da riqueza 132 emissões cumulativas de dióxido de carbono 179
3.19 Se as atuais tendências persistirem, até 2050, os 0,1% do topo mundial 5.3 Entre os 10 percentis de países com as maiores emissões de equivalentes
poderão vir a deter uma parte da riqueza mundial equivalente à dos de dióxido de carbono, 40 por cento situam-se na América do
40 percentis médios da população mundial 133 Norte e 19 por cento, na União Europeia 179
D3.1.1 Padrões contíguos de desenvolvimento humano, transversais às fronteiras 5.4 A desigualdade intranacional em termos de emissões de dióxido
nacionais: o Golfo da Guiné 134 de carbono equivalente é, hoje em dia, tão importante quanto a
D3.1.2 Os níveis de subnutrição entre mulheres adultas e de crianças com um desigualdade entre países para a dispersão mundial das emissões
atraso no crescimento podem ser elevados em agregados familiares que de dióxido de carbono equivalente 180
não são pobres 135 5.5 Os prejuízos económicos decorrentes de riscos naturais extremos têm
D3.2.1 A curva de Lorenz 136 aumentado 181
4.1 Um progresso notável quanto às capacidades básicas sendo que bem 5.6 As crises de desenvolvimento humano são mais frequentes e profundas nos
menor no caso das capacidades avançadas 147 países em vias de desenvolvimento 184
4.2 A desigualdade de género está correlacionada com uma perda no 5.7 Quanto mais baixo o nível de desenvolvimento humano, mais mortíferas as
desenvolvimento humano devido à desigualdade 149 catástrofes 185
4.3 O progresso rumo à igualdade de género está a abrandar 150 5.8 Em El Salvador e nas Honduras, as pessoas que ocupam os quintis inferiores
4.4 Quanto maior a capacitação, mais acentuadas as disparidades de género 151 da distribuição do rendimento estavam mais suscetíveis a inundações e
deslizamentos de terras 185
4.5 Nos países em vias de desenvolvimento, geralmente, a percentagem de
trabalho informal no emprego não agrícola é, no caso das mulheres, 5.9 Menos mortes na década de 2000 do que nas de 1960 e 1970, apesar do maior
superior à dos homens 152 número de ocorrências de catástrofes naturais 186
4.6 Como as crenças sociais podem obstruir a capacitação de género e das 5.10 Os países mais ricos geram mais resíduos per capita 188
mulheres 154 5.11 Os países em vias de desenvolvimento serão responsáveis pela maior parte
4.7 Apenas 14 por cento das mulheres e 10 por cento dos homens, a nível do aumento da produção de carne até 2030 190
mundial, não apresentam quaisquer preconceitos quanto às normas 5.12 Nalguns países, a cobertura dos serviços básicos de água e saneamento é,
sociais de género 156 pelo menos, duas vezes superior no quintil mais abastado do que no quintil
4.8 A percentagem, à escala mundial, quer de mulheres quer de homens sem mais pobre 192
preconceitos quanto às normas sociais em função do género decresceu 6.1 Divisões digitais: Os grupos mais desenvolvidos têm um maior acesso e as
entre 2005–2009 e 2010–2014 156 desigualdades são mais acentuadas nas tecnologias avançadas, 2017 202
4.9 O progresso, entre 2005–2009 e 2010–2014, relativamente à percentagem 6.2 Dinâmicas do acesso à tecnologia 204
de homens sem preconceitos ao nível das normas sociais de género, foi mais 6.3 A disparidade, ao nível da largura de banda, entre os países com um
acentuado no Chile, na Austrália, nos Estados Unidos e nos Países Baixos, elevado rendimento e os restantes decresceu de 22 para 3 vezes mais 205
enquanto a maioria dos países evidenciou uma reação adversa na 6.4 A distribuição das assinaturas de telemóveis tem convergido com a
percentagem de mulheres sem preconceitos quanto às normas sociais distribuição regional da população, mas não o potencial instalado
em função do género 157 de largura de banda 206
4.10 Os países com maiores preconceitos ao nível das normas sociais tendem 6.5 Entre 1987 e 2007, pouco mudou na classificação mundial do potencial
a apresentar uma desigualdade de género superior 157 instalado de largura de banda, mas, a partir da transição de milénio,
4.11 Os preconceitos das normas sociais evidenciam um gradiente 158 a situação começou a mudar, com a expansão da largura de banda na
4.12 O uso de contracetivos é mais acentuado entre raparigas adolescentes Ásia Oriental e do Norte 206
não casadas e sexualmente ativas, mas também as necessidades de 6.6 O poder sobre o mercado tem vindo a crescer, sobretudo no caso de
planeamento familiar por satisfazer o são, 2002–2014 160 empresas com uma utilização intensiva de tecnologias de informação
4.13 As disparidades no trabalho não remunerado de prestação de cuidados e de comunicação 208
mantêm-se nas economias em vias de desenvolvimento 161 6.7 A tecnologia pode substituir algumas tarefas, mas também restaurar outras 210
4.14 Uma grande percentagem de mulheres com emprego considera que a opção 6.8 A probabilidade de frequência do ensino para adultos é superior no caso dos
pelo trabalho acarreta o sofrimento dos seus filhos, ao passo que uma trabalhadores com uma remuneração média ou elevada 214
elevada percentagem das donas de casa julga estar, ao ficar em casa, a 6.9 Existem enormes assimetrias ao nível da investigação e do desenvolvimento
abdicar de uma carreira ou da independência económica, 2010–2014 162 entre os agrupamentos de desenvolvimento humano 217
4.15 Em 2018, a percentagem de mulheres com conta junto de uma instituição 6.10 O rendimento e a produtividade apresentam uma forte correlação e,
financeira ou de um prestador de serviços de dinheiro móvel é inferior a quanto maior a produtividade, maior a parcela da produtividade que o(a)
80 por cento em todas as regiões de países em vias de desenvolvimento 163 trabalhador(a) mediano(a) aufere como remuneração 218
4.16 É mais provável que as raparigas e mulheres em idade fértil residam 6.11 Uma desvinculação significativa entre as emissões e o desenvolvimento
em agregados familiares pobres do que os rapazes e homens 164 permitiu a alguns países reduzirem as respetivas emissões de dióxido
de carbono, refletindo modos de produção mais eficientes 219
DESTAQUES
1.1 Concentração do poder e captura do Estado: Lições da História acerca
das consequências do domínio do mercado para a desigualdade e as
calamidades ambientais 60
1.2 Aumento das perceções subjetivas da desigualdade, desigualdades
crescentes ao nível da perceção de bem-estar 64
1.3 A base da distribuição: O desafio da erradicação da pobreza de rendimento 67
3.1 Uma perspetiva do seio dos países e dos agregados familiares 134
3.2 A escolha de um índice de desigualdade 136
3.3 Medir a redistribuição fiscal: conceitos e definições 139
4.1 O acesso desigual das mulheres à segurança física — e, portanto, à
capacitação social e política 166
5.1 Medir os impactos das alterações climáticas: Além das médias nacionais 194
5.2 Vulnerabilidade climática 195
7.1 Fazer face aos constrangimentos das opções sociais 246
7.2 A produtividade e a equidade assegurando simultaneamente a
sustentabilidade ambiental 249
7.3 Variação do impacto redistributivo das transferências e dos impostos
diretos na Europa 251
TABELAS
1.1 Convergência limitada na saúde e na educação, 2007–2017 49
D1.1.1 Casos certos e possíveis de economias de mercado 60
3.1 Principais fontes de dados para a medição da desigualdade 107
3.2 Diferença entre o crescimento do rendimento dos 40 percentis inferiores
e o crescimento médio do rendimento nas cinco sub-regiões de África,
1995–2015 (pontos percentuais) 118
Índice | xi
xii | RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2019
Síntese
As desigualdades
no desenvolvimento
humano no século XXI
Síntese
As desigualdades no desenvolvimento
humano no século XXI
Em todos os países, muitas pessoas têm poucas perspetivas de um futuro melhor. Desprovidas de esperança, propósito ou dignidade,
assistem, nas margens da sociedade, ao avanço dos outros, rumo a uma prosperidade cada vez maior. A nível mundial, muitos escaparam à
pobreza extrema, mas são ainda mais os que nunca tiveram nem as oportunidades nem os recursos para gerir as suas vidas. O género, a etnia
ou a riqueza dos pais ainda determinam, com demasiada frequência, o lugar de uma pessoa na sociedade.
Desigualdades. As provas estão por todo o lado. A esforço, do talento ou dos riscos corridos por em-
preocupação também. Em todo o mundo, um número preendedores, podem ser ofensivos para o sentido co-
crescente de pessoas, de todos os quadrantes políticos, letivo de equidade e uma afronta à dignidade humana.
consideram que a desigualdade de rendimento no Tais desigualdades no desenvolvimento humano
respetivo país deveria ser reduzida (figura 1). prejudicam as sociedades, enfraquecendo a coesão
As desigualdades no desenvolvimento humano são social e a confiança das pessoas no governo, nas insti-
mais profundas. Tome-se como exemplo duas crianças tuições e entre si. Na sua maioria, lesam as economias,
nascidas em 2000, uma num país com um nível muito desperdiçam o potencial das pessoas, no trabalho e
elevado de desenvolvimento humano e outra num na vida pessoal, impossibilitando-as de concretizá-lo
país com um baixo nível de desenvolvimento humano plenamente. Muitas vezes, impedem que as decisões
(figura 2). Hoje em dia, a primeira tem uma probabilidade políticas reflitam as aspirações da sociedade no seu
superior a 50% de estar matriculada no ensino superior: todo e protejam o planeta, já que uns poucos, melhor
mais de metade das pessoas com 20 anos de idade, nos posicionados, exercem o seu poder para moldar as de-
países com um nível muito elevado de desenvolvimento cisões à medida, sobretudo, dos seus atuais interesses.
humano, frequentam o ensino superior. Em contraste, é Em casos extremos, as pessoas podem sair para as ruas.
muito menos provável que a segunda esteja viva. Cerca Estas desigualdades no desenvolvimento humano
de 17 por cento das crianças nascidas em países com um são um obstáculo à implementação da Agenda 2030
baixo nível de desenvolvimento humano em 2000 terão para o Desenvolvimento Sustentável. Não se trata
morrido antes do seu 20.º aniversário, em comparação somente de discrepâncias no rendimento e na riqueza.
com apenas 1 por cento das crianças nascidas em países Não é possível representá-las através da mera utilização
com um nível muito elevado de desenvolvimento de indicadores sumários de desigualdade que se focam
humano. Também é pouco provável que a segunda numa única dimensão. Irão, além disso, enformar
criança frequente o ensino superior: nos países com um as perspetivas das pessoas que viverem até ao século
baixo nível de desenvolvimento humano, apenas 3 por XXII. A exploração das desigualdades no desenvolvi-
cento estão matriculadas. Já lhes foram determinados mento humano deve, por isso, ir além do rendimento,
percursos distintos e desiguais — e provavelmente além das médias e além do presente, o que nos conduz
irreversíveis — por circunstâncias quase inteiramente a cinco mensagens principais (figura 3).
alheias ao seu controlo. As desigualdades são igualmente Em primeiro lugar, enquanto muitas pessoas
elevadas no interior dos países — quer em vias de estão a superar os patamares mínimos de pro-
desenvolvimento quer desenvolvidos. Em alguns países gresso em termos de desenvolvimento humano,
desenvolvidos, as disparidades na esperança de vida aos as disparidades permanecem disseminadas. Nas
40 anos, entre o percentil mais elevado da distribuição primeiras duas décadas do século XXI, registou-se
do rendimento e o percentil mais baixo, foram estimadas um progresso notável na redução das privações ex-
num valor que chega a atingir 15 anos, no caso dos tremas, mas as discrepâncias permanecem inaceitav-
homens, e 10 anos, no das mulheres. elmente acentuadas num conjunto de capacidades
As desigualdades nem sempre espelham um mundo as liberdades necessárias para que as pessoas sejam e
injusto. Algumas, provavelmente, são inevitáveis, tais façam algo desejável, tal como ir à escola, conseguir
como as desigualdades resultantes da difusão de uma um emprego ou ter o que comer. Além disso, o pro-
nova tecnologia. No entanto, quando estes percursos gresso tem passado ao lado de algumas das pessoas
desiguais têm pouco que ver com a valorização do mais vulneráveis, mesmo no tocante às privações
Síntese | 1
FIGURA 1
A percentagem da população que afirma que o rendimento deveria ser mais equitativo aumentou entre as décadas de 2000 e
2010
Variação da percentagem
da população que afirma que
o rendimento deveria ser
mais equitativo entre as 35 em 33 em 32 em
décadas de 2000 e 2010 39 países 39 países 39 países
(pontos percentuais)
50
40
30
20
10
–10
–20
–30
–40
FIGURA 2
As crianças nascidas em 2000, em países com rendimentos diferentes, farão um percurso muito desigual até 2020
Matriculadas no
ensino superior 55
Crianças nascidas em 2000,
3 em países com um nível
muito elevado de
desenvolvimento humano
44
Não matriculadas
Crianças nascidas em 2000,
80 no
em países com um baixo nível
de desenvolvimento humano ensino superior
17 Falecidas antes 1
dos 20 anos de idade
Nota: Trata-se de estimativas (a partir de valores médios) para um indivíduo típico de um país com um baixo nível de desenvolvimento humano e de um país com um nível muito elevado de desenvolvimento humano. Os dados relativos à frequência do ensino superior baseiam-se nos dados de
inquéritos às famílias relativos a pessoas com idades entre os 18 e os 22 anos, tratados pelo Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, in www.education-inequalities.org (acedido em 5 de novembro de 2019). As percentagens dizem respeito
a pessoas nascidas em 2000. O número de pessoas falecidas antes do 20.º aniversário é calculado com base nos nascimentos ocorridos por volta de 2000 e na estimativa do número de mortes desse segmento populacional entre 2000 e 2020. O número de pessoas matriculadas no ensino superior
em 2020 é calculado com base no número estimado de pessoas vivas (pertencentes ao segmento nascido por volta de 2000) e nos dados mais recentes quanto à frequência do ensino superior. As pessoas não matriculadas no ensino superior constituem o complementar. Fonte: Cálculos do Gabinete
do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas e do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Além do rendimento, além das médias e além do presente: A exploração das desigualdades no desenvolvimento humano conduz a cinco mensagens principais
As disparidades no Está a surgir uma nova geração As desigualdades A avaliação e a resposta Podemos corrigir as
desenvolvimento humano de desigualdades, com a acumulam-se ao longo às desigualdades no desigualdades se agirmos já,
permanecem generalizadas, divergência nas da vida, refletindo, desenvolvimento humano antes que os desequilíbrios
apesar dos progressos capacidades avançadas, com frequência, desequilíbrios exige uma revolução no poder económico se
na redução apesar da convergência profundos de poder nas métricas consolidem politicamente
das privações extremas nas capacidades básicas
mais extremas, tanto que o mundo não está em Em terceiro lugar, as desigualdades no desen-
vias de as erradicar até 2030, conforme o apelo dos volvimento humano podem acumular-se ao longo
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. da vida e frequentemente serem realçadas por
Em segundo lugar, tem surgido uma nova geração profundos desequilíbrios de poder. Apresentam-se
de graves desigualdades no desenvolvimento huma- mais como uma consequência do que uma causa da
no, ainda que muitas das que ficaram por resolver no imparidade, impulsionadas por fatores profundamente
século XX estejam em declínio. Sob o espectro da crise enraizados nas sociedades, economias e estruturas
climática e das arrebatadoras mudanças tecnológicas, as políticas. O combate às desigualdades no desen-
desigualdades no desenvolvimento humano têm assu- volvimento humano implica a resposta aos seguintes
mido novas formas no século XXI. As desigualdades fatores: Uma melhoria genuína não partirá da tentativa
ao nível das capacidades estão a evoluir de variadas de corrigir as disparidades apenas quando as pessoas já
maneiras. As desigualdades relativas às capacidades auferem rendimentos muito diferentes, uma vez que as
básicas, associadas às privações mais extremas, têm vin- desigualdades têm início à nascença ou mesmo antes,
do a diminuir. Nalguns casos, vertiginosamente, como podendo acumular-se ao longo da vida das pessoas.
sucede com as desigualdades mundiais ao nível da espe- Tão-pouco assentarão num regresso ao passado e na
rança de vida à nascença. Muitas pessoas na base estão, simples tentativa de restaurar as políticas e instituições
atualmente, a alcançar as primeiras etapas do desenvolvi- que mantiveram as desigualdades sob controlo, por
mento humano. Simultaneamente, as desigualdades no vezes e em alguns países, durante o século XX. Foi nes-
domínio das capacidades avançadas estão a aumentar, o sas mesmas condições que os desequilíbrios de poder se
que reflete aspetos da vida que, provavelmente, se tor- agravaram, acentuando, em muitos casos, a acumulação
narão mais importantes no futuro, ao proporcionarem de vantagens ao longo do ciclo de vida.
uma maior capacitação. As pessoas que, nos dias de hoje, Em quarto lugar, a avaliação das desigualdades
se encontram adequadamente capacitadas parecem des- no desenvolvimento humano exige uma revolução
tinadas a avançar ainda mais amanhã. nas métricas. As boas políticas começam por uma boa
Síntese | 3
medição e uma nova geração de desigualdades carece de rendimento no Reino Unido entre o final da
de uma nova geração de indicadores. Conceitos mais década de 1970 e 2013. Não se pretende, com isto,
claros ligados aos desafios da atualidade, combinações afirmar que a redistribuição não importa — bem pelo
mais amplas de fontes de dados, ferramentas analíticas contrário. Ainda assim, a mudança a longo prazo,
mais incisivas — todos estes elementos são necessários. tanto ao nível do rendimento quanto do leque mais
Os trabalhos inovadores em curso sugerem que o rendi- vasto de desigualdades no desenvolvimento humano,
mento e a riqueza poderão estar a acumular-se no topo depende de uma abordagem que passa por políticas
em muitos países, a um ritmo demasiado veloz para mais amplas e sistémicas.
poder ser apreendido com base em indicadores sumários O que fazer? A abordagem proposta no Relatório
de desigualdade. A sistematização e ampliação destes es- delineia políticas que visam corrigir as desigualdades
forços pode contribuir para esclarecer os debates públicos no desenvolvimento humano, enquadradas de um
e tornar as políticas mais adequadas. As métricas podem modo que alie o aumento e a distribuição quer das
não parecer uma prioridade, até se contemplar o peso capacidades quer do rendimento. As opções abrangem
contínuo de indicadores como o produto interno bruto políticas pré-mercado, no mercado e pós-mercado. Os
desde a sua criação na primeira metade do século XX. salários, os lucros e as taxas de participação no mercado
Em quinto lugar, a correção das desigualdades laboral são, tipicamente, determinados pelos mercados,
no desenvolvimento humano, no século XXI, é os quais são condicionados pela regulamentação, pelas
O futuro das possível — se agirmos já, antes que os desequilíbrios instituições e pelas políticas vigentes (no mercado). No
no poder económico se traduzam num domínio entanto, estes fatores também dependem de políticas que
desigualdades no
político arraigado. A melhoria das desigualdades afetam as pessoas antes de surtirem efeito na economia
desenvolvimento humano, ao nível de algumas capacidades básicas comprova (pré-mercado). As políticas pré-mercado podem reduzir
no século XXI, está que o progresso é possível. Porém, os antecedentes as discrepâncias em termos de capacidades, contribuindo
nas nossas mãos. Não do progresso quanto às capacidades básicas não para que todas as pessoas entrem no mercado laboral
podemos, contudo, ser darão resposta às aspirações das pessoas para o atual com uma melhor preparação. As políticas no mercado
século. Para mais, o reforço continuado da redução afetam a distribuição do rendimento e das oportuni-
complacentes. A crise
das desigualdades ao nível das capacidades básicas, dades durante o trabalho, produzindo resultados que
climática mostra que o embora necessário, não é suficiente. Se é um facto que tanto podem promover como desincentivar a igualdade.
preço a pagar pela inação as capacidades avançadas estão associadas a um maior As políticas pós-mercado afetam as desigualdades depois
se agrava à medida que grau de poder, ignorar as discrepâncias emergentes de o mesmo, juntamente com as políticas no mercado,
o tempo passa, pois gera neste domínio pode levar à alienação das pessoas terem determinado a distribuição do rendimento e das
responsáveis pela formulação de políticas face às oportunidades. Estes conjuntos de políticas interagem.
mais desigualdade, o
necessidades das pessoas, a sua capacidade de fazer Por exemplo, a prestação de serviços públicos pré-mer-
que, por sua vez, pode escolhas que concretizem as suas aspirações e valores. cado poderá depender, em parte, da eficácia das políticas
dificultar a aplicação Apenas voltando a nossa atenção para o combate a pós-mercado (impostos sobre o rendimento derivado do
de medidas ambientais. uma nova geração de desigualdades ao nível das ca- mercado para financiar, a título exemplificativo, a saúde
A tecnologia já está a pacidades avançadas, muitas das quais só agora estão e a educação), que são importantes para arrecadar receita
a emergir, será possível evitar que as desigualdades no pública, de modo a custear aqueles serviços. Já os impos-
transformar os mercados
desenvolvimento humano se consolidem ainda mais tos, por sua vez, têm o seu fundamento no grau de redis-
laborais e a vida, embora
no decurso do século XXI. tribuição do rendimento, que a sociedade está disposta
se desconheça, por Como? Não será através de uma visão isolada das a efetuar, transferindo-o das pessoas mais abastadas para
enquanto, até que ponto políticas nem da fé numa solução mágica que resolva as menos favorecidas. O futuro das desigualdades no de-
as máquinas poderão todos os problemas. A redistribuição do rendimento, senvolvimento humano, no século XXI, está nas nossas
substituir as pessoas que domina, frequentemente, o debate das políticas mãos. Não podemos, contudo, ser complacentes. A crise
relativas à igualdade, é, por vezes, encarada como a climática mostra que o preço a pagar pela inação se agra-
tal solução mágica. Contudo, nem um pacote com- va à medida que o tempo passa, pois gera mais desigual-
pleto de medidas redistributivas, com quatro políticas dade, o que, por sua vez, pode dificultar a aplicação de
ambiciosas — impostos sobre o rendimento mais ele- medidas ambientais. A tecnologia já está a transformar
vados e progressivos, deduções aplicadas sobre os ren- os mercados laborais e a vida, embora se desconheça, por
dimentos auferidos nos escalões inferiores, subsídios enquanto, até que ponto as máquinas poderão substituir
tributáveis pagos por cada criança e um rendimento as pessoas. Estamos, porém, à beira de um abismo além
mínimo para todos os indivíduos — seria suficiente do qual será difícil recuperar. Apesar disso, a escolha é
para inverter, na íntegra, o aumento da desigualdade nossa — e devemos fazê-la agora.
Pensar as desigualdades
As desigualdades no desenvolvimento
humano irão formar as perspetivas das Além do presente
pessoas que viverem até ao século
XXII.
Síntese | 5
desigualdade de forma transversal à população, em dif- vida — são cruciais. As capacidades estão no âmago do
erentes lugares e ao longo do tempo. Em cada aspeto do desenvolvimento humano. O Relatório vai nesse senti-
desenvolvimento humano, o que importa é o gradiente de do e explora as desigualdades ao nível das capacidades.
desigualdade como um todo (as diferenças nas realizações As capacidades evoluem consoante as circunstâncias,
do conjunto da população, segundo uma variedade de os valores e a mudança nas exigências e aspirações das
características socioeconómicas). pessoas. Hoje em dia, possuir um conjunto de capaci-
dades básicas — as associadas à ausência de privações
Além do presente extremas — não é suficiente. As capacidades avançadas
têm vindo a tornar-se essenciais para que as pessoas as-
Uma grande parte das análises concentra-se no passado ou sumam a responsabilidade pela “narrativa das suas vidas”.
no aqui e agora. Porém, um mundo em mudança exige que As capacidades avançadas acarretam um maior grau
se considerem os fatores que moldarão a desigualdade no de ação ao longo da vida das pessoas. Dado que algumas
futuro. Os atuais — e novos — tipos de desigualdade irão capacidades são adquiridas no decurso da vida de uma
interagir com forças sociais, económicas e ambientais de pessoa, alcançar um conjunto básico — como sobre-
relevo, determinando as vidas da juventude de hoje e da viver até aos 5 anos ou aprender a ler — proporciona
sua descendência. O século XXI será moldado por duas um ponto de partida para a formação de capacidades
transições drásticas: as alterações climáticas e as transfor- avançadas em etapas posteriores da vida (figura 5).
mações tecnológicas. A crise climática já atinge com maior Uma evolução semelhante das capacidades básicas
dureza os mais pobres, enquanto os avanços tecnológicos, para as avançadas é a que se reflete na utilização da
como a aprendizagem automática e a inteligência artificial, tecnologia ou na capacidade de lidar com choques
poderão deixar grupos inteiros para trás, ou mesmo países ambientais, desde perigos frequentes, mas menores,
— assombrados pela incerteza do futuro dessas transições. até eventos imprevisíveis de grande escala. A distinção
é igualmente importante no que diz respeito à com-
As aspirações humanas em preensão das desigualdades de forma transversal aos
evolução: Das capacidades básicas grupos, como no caso da transição do direito de voto
às capacidades avançadas das mulheres (uma capacidade básica) para a partic-
ipação na política enquanto líderes nacionais (uma
Ao perguntar com que forma de desigualdade nos de- capacidade avançada). A evolução da ambição, das
veríamos preocupar, em última instância (“Igualdade de capacidades básicas às avançadas, espelha a passagem
quê?”), Amartya Sen argumentou que as capacidades dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio para os
das pessoas — a liberdade de fazer escolhas quanto à sua Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
FIGURA 5
Um mundo em mudança
exige que se leve em Exemplos de realizações
Capacidades - Acesso a cuidados de saúde de qualidade em todos os níveis
conta os fatores que avançadas
- Educação de alta qualidade em todos os níveis
- Acesso efetivo às atuais tecnologias
moldarão a desigualdade - Resiliência face a novos choques inéditos
no futuro. Os atuais
— e novos — tipos
de desigualdade irão
Exemplos de realizações
interagir com forças - Sobrevivência na primeira infância
Capacidades
- Ensino primário
sociais, económicas e - Nível elementar de tecnologia básica
- Resiliência face a choques recorrentes
ambientais de relevo,
determinando as vidas
da juventude de hoje e
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano.
da sua descendência
Síntese | 7
FIGURA 6
De forma transversal aos países, o mundo permanece profundamente desigual quer ao nível das capacidades básicas quer das
avançadas
Básicas Avançadas
Esperança de vida à nascença, 2015 Esperança de vida aos 70 anos de idade, 2015
(anos) (anos)
78.4 14.6
72.9 12.6
66.6 Saúde
59.4 11.1
9.8
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamento por IDH Agrupamento por IDH
População que concluiu o ensino primário, 2017 População que concluiu o ensino superior, 2017
(percentagem) (percentagem)
93.5
84.9
28.6
66.5
Educação
18.5
42.3
13.7
3.2
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamento por IDH Agrupamento por IDH
90.6 Acesso à
tecnologia
67.0
11.3
2.3
0.8
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamento por IDH Agrupamento por IDH
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da União Internacional de Telecomunicações, do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura e do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
Convergência lenta das capacidades básicas, divergência rápida das capacidades avançadas
Básicas Avançadas
5.9 1.2
Saúde
4.9
0.7 0.8
2.7 0.5
2.4
Baixo Médio Elevado Muito Elevado Baixo Médio Elevado Muito Elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Percentagem da população que concluiu o ensino primário Percentagem da população queconcluiu o ensino superior
Variação entre 2007 e 2017 (pontos percentuais) Variação entre 2007 e 2017 (pontos percentuais)
9.2
8.6
7.1
6.2 5.9
5.3 Educação
3.0
1.1
Baixo Médio Elevado Muito Elevado Baixo Médio Elevado Muito Elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
59.5 12.3
26.1
2.0
0.8
Baixo Médio Elevado Muito Elevado Baixo Médio Elevado Muito Elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da União Internacional de Telecomunicações, do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura e do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
Síntese | 9
apesar dos desafios no tocante aos dados, as estimativas Mensagem principal 3: As
apontam para ganhos ao nível da esperança de vida aos desigualdades acumulam-se ao longo
70 anos, entre 1995 e 2015, duas vezes superiores nos da vida, refletindo, com frequência,
países com um nível muito elevado de desenvolvimen- desequilíbrios profundos de poder
to humano, em relação aos países com um baixo nível
de desenvolvimento humano. Compreender a desigualdade — incluindo a desigual-
Existem elementos que demonstram a presença do dade de rendimento — significa apreender os processos
mesmo padrão de divergência num vasto leque de capaci- subjacentes que conduzem à mesma. Os diferentes
dades avançadas. De facto, as divergências no acesso a um tipos de desigualdade interagem, ao passo que a sua di-
conhecimento mais avançado e à tecnologia são ainda mensão e o seu impacto se alteram ao longo da vida das
mais vincadas. A proporção da população adulta com um pessoas. O corolário deste facto consiste na insuficiên-
grau de ensino superior, nos países com um nível muito el- cia de uma transferência mecânica de rendimentos para
evado de desenvolvimento humano, está a aumentar a um a formulação de políticas que combatam a desigual-
ritmo mais do que seis vezes superior ao dos países com dade económica. É, frequentemente, necessário que as
um baixo nível de desenvolvimento humano e as assinat- mesmas contemplem as normas sociais, as políticas e as
uras de banda larga fixa, a uma velocidade 15 vezes maior. instituições profundamente enraizadas na história.
Estas novas desigualdades — quer entre países quer
As desigualdades chegam dentro de cada país — têm um impacto tremendo. Desvantagens ao longo da vida
Dando forma às sociedades do século XXI, estão a dilatar As desigualdades podem começar antes do nascimento,
a começar antes do
as fronteiras no domínio da saúde e da longevidade, do sendo que muitas das disparidades podem agravar-se
nascimento, além de que conhecimento e da tecnologia. São, provavelmente, estas ao longo da vida. Quando isso acontece, pode levar
muitas das disparidades desigualdades que determinarão se as pessoas serão ca- a desigualdades persistentes. Isto pode acontecer de
podem agravar-se ao pazes de tirar partido das oportunidades do século XXI, variadas formas, em especial nas inter-relações entre a
longo da vida. Quando de se ajustar à economia do conhecimento e de lidar com saúde, a educação e o estatuto socioeconómico dos pais
as alterações climáticas. (figura 8).
isso acontece, pode
levar a desigualdades FIGURA 8
persistentes
Educação e saúde ao longo do ciclo de vida
Estatuto
socioeconómico
dos pais
Desenvolvimento
Saúde
na primeira
da criança
infância
Formação de casais
segundo um modo
seletivo de preferências
Saúde
Educação
dos adultos
Estatuto
socioeconómico
do adulto
Nota: Os círculos representam as diferentes fases do ciclo de vida, sendo que os laranja correspondem aos resultados finais. O retângulo representa o processo de formação de casais segundo um modo seletivo de
preferências. As linhas tracejadas referem-se às interações que não são descritas em detalhe. A saúde de uma criança afeta o desenvolvimento na primeira infância e as perspetivas educativas. Por exemplo, uma criança
portadora de deficiências cognitivas não poderá usufruir do desenvolvimento na primeira infância nem das oportunidades educativas do mesmo modo que uma criança saudável. A educação também pode promover um
estilo de vida saudável e transmitir informações sobre como recorrer a um determinado sistema de saúde em caso de necessidade (Cutler e Lleras-Muney 2010). Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano,
adaptado de Deaton (2013a).
Desequilíbrios de poder
As desigualdades de rendimento e de riqueza tra-
duzem-se, não raro, em desigualdade política, em menor cumprimento dos deveres tributários, isso en-
parte porque as desigualdades desincentivam a parti- fraquece a capacidade do Estado de oferecer serviços
cipação política, conferindo aos grupos de interesses públicos de qualidade. Este facto, por sua vez, pode
particulares uma maior margem de manobra para levar a um agravamento das desigualdades ao nível da
influenciarem as decisões em seu proveito. As pessoas saúde e da educação. Quando o sistema, na sua gene-
mais privilegiadas podem capturar o sistema, ajustan- ralidade, é visto como injusto, devido, possivelmente,
do-o de modo a corresponder às suas preferências, a exclusões ou clientelismos sistemáticos (a prestação
conduzindo, potencialmente, a um número ainda de apoio político em troca de ganhos pessoais), as
maior de desigualdades. As assimetrias de poder, pessoas tendem a retirar-se dos processos políticos,
inclusivamente, podem levar ao colapso das funções incrementando a influência das elites.
institucionais, prejudicando a eficácia das políticas. A Uma forma de compreender a interação entre a desi-
captura das instituições pelos mais prósperos faz com gualdade e as dinâmicas do poder consiste na criação de
que os cidadãos estejam menos dispostos a tomar um quadro que explique a forma como as desigualdades
parte nos contratos sociais (os conjuntos de normas e são geradas e perpetuadas. No seu âmago, este processo
expectativas comportamentais voluntariamente aca- é frequentemente apelidado de governação — ou o
tadas pelas pessoas que estão na base das sociedades modo como diferentes agentes sociais negoceiam para
estáveis). Quando este fenómeno se manifesta num chegarem a acordos (políticas e regras). Quando estes
Síntese | 11
acordos assumem a forma de políticas, podem alterar agentes. Uma vez mais, o modo como as assimetrias de
diretamente a distribuição dos recursos numa sociedade poder influenciam a arena das decisões políticas pode
(a seta na porção inferior do ciclo direito da figura 9, exacerbar e solidificar as desigualdades (é evidente que a
“jogo dos resultados”). Por exemplo, as políticas relativas desigualdade pode prejudicar a eficácia da governaça) ou
à fiscalidade e às despesas sociais determinam quem paga abrir caminho a dinâmicas mais igualitárias e inclusivas.
pelo sistema orçamental e quem beneficia do mesmo.
Estas políticas influenciam diretamente os resultados Desigualdade de género
ao nível do desenvolvimento, tais como a desigualdade
económica (e o crescimento). No entanto, ao redistri- Alguns grupos de pessoas são sistematicamente des-
buir os recursos económicos, estas políticas também privilegiados, de diversas formas. Estes grupos podem
redistribuem o poder de facto (a seta na porção superior definir-se pela etnia, pela língua, pelo género ou pela
do ciclo direito da figura 9). Este facto pode gerar (ou casta — ou, simplesmente, pelo facto de residirem no
reforçar) assimetrias de poder entre os agentes negocia- norte, sul, este ou oeste de um país. Existem muitos
dores na arena das decisões políticas, o que, por sua vez, exemplos de tais grupos, mas, a nível mundial, o maior
pode ter efeitos adversos sobre a sua implementação. Por é, sem dúvida, o das mulheres. Por toda a parte, as dis-
exemplo, as assimetrias de poder podem manifestar-se paridades de género estão entre as formas mais enraiza-
na captura das políticas por agentes da elite — minando das de desigualdade. Uma vez que estas desvantagens
a capacidade dos governos de se comprometerem com a afetam metade do mundo, a desigualdade de género é
consecução de objetivos a longo prazo. Em alternativa, uma da maiores barreiras ao desenvolvimento humano.
podem manifestar-se através da exclusão de certos gru- A desigualdade de género é complexa, com pro-
pos populacionais do acesso a serviços públicos de eleva- gressos e retrocessos distintos de um lugar para outro
da qualidade — minando a cooperação ao prejudicarem e consoante o assunto. O grau de sensibilização aumen-
a predisposição para pagar impostos. Isto pode conduzir tou através do movimento #MeToo ou do movimento
a um círculo vicioso de desigualdade (armadilhas de #NiUnaMenos, que chamaram a atenção para a violên-
desigualdade), em que as sociedades desiguais começam cia contra as mulheres. Além disso, em todo o mundo,
a institucionalizar a desigualdade. Este ciclo desenvol- as raparigas têm progredido em algumas áreas básicas,
ve-se nas instituições e normas sociais vigentes (o jogo como a matrícula no ensino primário.
dos resultados) e pode levar a que os agentes decidam Existem, porém, menos motivos para celebrar no que
alterar as regras do jogo (a seta na porção inferior do toca ao progresso além destas questões basicas. A desigual-
ciclo esquerdo da figura 9). Deste modo, o poder de jure dade ainda é acentuada na divisão do poder que os
também é redistribuído. Este fenómeno pode ter conse- homens e as mulheres exercem no lar, no local de trabalho
quências bem mais importantes, uma vez que não altera ou na política. Em casa, as mulheres efetuam mais do que
apenas os resultados presentes, como também estabelece o triplo do trabalho não remunerado de prestação de cui-
as condições que moldam o futuro comportamento dos dados do que os homens. Apesar de, em muitos países, as
FIGURA 9
Por toda a parte, as
Desigualdades, assimetrias de poder e a eficácia da governação
disparidades de género
estão entre as formas Assimetrias de Poder
mais enraizadas de Poder de jure Poder de facto
Nota: Regras refere-se a regras formais e informais (normas). Resultados ao nível do desenvolvimento refere-se à segurança, ao crescimento e à equidade.
Fonte: Banco Mundial 2017b.
FIGURA 10
O preconceito contra a igualdade de género está a aumentar: A percentagem de mulheres e homens, à escala mundial, sem
preconceitos quanto às normas sociais em função do género decresceu entre 2009 e 2014
Síntese | 13
A metodologia das contas nacionais distributivas ainda — e são muitos — devemos debruçar-nos sobre a totalidade
está a dar os primeiros passos e muitas das suas premissas da população, indo além das médias. Que percentagem das
foram postas em causa. Ainda assim, enquanto permanecer pessoas sobrevive até determinadas idades, atinge níveis funda-
inteiramente transparente e continuar a ser melhorada, mentais de instrução ou aufere um certo rendimento? E qual é
pode incorporar, numa agenda englobante, a combinação a probabilidade de a posição relativa de um indivíduo, de uma
dos dados do Sistema de Contas Nacionais, dos inquéritos família ou de um grupo específico na sociedade sofrer alter-
às famílias e dos dados administrativos, de forma a pro- ações ao longo do tempo? Os indicadores sumários perman-
porcionar novas perspetivas da evolução da distribuição ecem importantes — quando são o reflexo de propriedades
do rendimento e da riqueza. Este quadro abrangeria compatíveis com a avaliação das distribuições — mas não
algumas das principais recomendações da Comissão para passam de uma pequena janela para uma discussão mais ampla
a Medição do Desempenho Económico e do Progresso em torno das desigualdades no desenvolvimento humano.
Social (Commission on the Measurement of Economic
Performance and Social Progress), incluindo um enfoque
integrado no rendimento e nas desigualdades ao nível da ri- Mensagem principal 5: Podemos
queza. O Relatório apresenta resultados, com base na referi- corrigir as desigualdades
da metodologia, que revelam dinâmicas da desigualdade se agirmos já, antes que os
de rendimento mascaradas pela utilização de indicadores desequilíbrios no poder económico
sumários assentes numa única fonte de dados. A título de se consolidem politicamente
exemplo, os resultados sugerem que o topo da distribuição
do rendimento, na Europa, foi o principal beneficiário do Não há nada de inevitável em muitas das desigualdades mais
Não há nada de crescimento do rendimento desde 1980 (figura 11). perniciosas ao nível do desenvolvimento humano. Esta é a
inevitável em muitas Os indicadores sumários de desigualdade agregam infor- mensagem mais importante do Relatório. Cada sociedade
das desigualdades mais mações complexas num só número. Baseiam-se em juízos tem uma série de escolhas quanto aos níveis e espécies de
perniciosas ao nível implícitos acerca das formas de desigualdade que são — ou desigualdade que tolera. Tal não significa que o combate
não — importantes. Tais juízos raramente são transparentes à desigualdade seja uma tarefa fácil. Uma ação eficaz deve
do desenvolvimento
e podem nem sequer refletir os pontos de vista da sociedade. identificar os fatores por detrás da desigualdade, que são,
humano. Esta é, em Para compreender qualquer aspeto individual da desigualdade provavelmente, complexos e multifacetados, frequentemente
termos individuais,
a mensagem mais FIGURA 11
importante do Relatório
Entre 1980 e 2017, o rendimento depois de impostos aumentou quase 40% no caso dos 80% mais pobres da população europeia,
em comparação com mais de 180% no caso dos 0,001% no topo
150
100
50
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 99 99.9 99.99 99.999
Grupo de rendimento (percentil)
Nota: Após o 90.º percentil, a escala do eixo horizontal altera-se.A composição das faixas de rendimento mudou entre 1980 e 2017, pelo que as estimativas não representam as alterações do rendimento dos mesmos
indivíduos ao longo do tempo.
Fonte: Blanchet, Chancel e Gethin (2019); World Inequality Database (http://WID.world).
FIGURA 12
Pré-mercado
Políticas de:
- Aceleração da convergência
No mercado
Pré-mercado
Políticas de expansão
nas capacidades básicas inclusiva do rendimento
- Inversão da divergência nas (produtividade e equidade)
capacidades avançadas
- Eliminação das desigualdades
de género e horizontais Pós-mercado
Síntese | 15
FIGURA 13 o contexto e a política importam. É difícil alterar as normas
sociais que podem levar à discriminação. Mesmo com uma
As transferências e os impostos redistributivos diretos
explicam, quase na totalidade, a diferença entre a desigualdade legislação que estabeleça direitos iguais, as normas sociais
de rendimento nas economias avançadas e emergentes podem prevalecer na determinação dos resultados. A análise
que o Relatório faz da desigualdade de género evidencia que
Desigualdade de rendimento Economias avançadas
(redução absoluta Mercados emergentes as reações se tornam mais intensas em áreas onde está em
do coeficiente de Gini) e países em vias de causa mais poder, o que pode culminar numa reação adversa
desenvolvimento aos próprios princípios da igualdade de género. As políticas
0.48 0.49 de combate explícito aos estereótipos e à estigmatização de
0.45
grupos excluídos são uma parte importante do conjunto de
ferramentas de redução das desigualdades.
0.31
A economia política do combate à desigualdade
pode ser particularmente desafiante. No caso dos
serviços públicos, as mudanças podem partir do topo
para a base, alargando os benefícios usufruídos pelas
pessoas no topo às restantes (figura 14). Porém, os
Antes Depois que já são beneficiados poderão ter poucos incentivos
Fonte: Com base em FMI (2017a).
para o alargamento dos serviços se isso for associado
a uma redução da qualidade. A mudança também
pode partir da base para o topo, aumentando o limiar
políticas possam reduzir a desigualdade e melhorar o bem-es- mínimo do rendimento abaixo do qual uma família
tar social — conforme se observou anteriormente, processos passa a ser abrangida por serviços públicos gratuitos
como a difusão das novas tecnologias e as realizações ao ou comparticipados, por exemplo. Os grupos com
nível do desenvolvimento humano em vastos segmentos da rendimentos superiores podem, no entanto, resistir a
sociedade podem levar ao aumento da desigualdade. O que estas alterações se raramente utilizarem tais serviços.
importa é saber se o processo causador de desigualdade é, em Uma terceira abordagem consiste em partir do meio
si, de algum modo preconceituoso ou injusto. — caso em que um sistema abrange as pessoas que, não
sendo as mais pobres, são as mais vulneráveis, tais como
Criar incentivos à mudança os trabalhadores formais que auferem baixos salários.
Neste caso, a cobertura pode ser alargada tanto ao topo
Ainda que haja recursos disponíveis para encetar uma quanto à base. À medida que a qualidade do serviço
agenda de convergência quer ao nível das capacidades aumenta, torna-se provável que os grupos com maiores
básicas quer das avançadas, a redução das desigualdades é, rendimentos pretendam participar, ampliando o apoio
em última análise, uma opção social e política. A história, ao alargamento dos serviços às pessoas desfavorecidas.
FIGURA 14
É frequentemente possível Estratégias para o universalismo prático nos países em vias de desenvolvimento desiguais
alcançar o progresso,
Trajetória do topo Trajetória da base Trajetória da porção inferior do meio
em simultâneo, da para a base para o topo para o topo e a base
Qualidade
equidade e da eficiência Pessoas abastadas e Baixa Elevada
com elevados rendimentos
Classe média
Pessoas pobres
Difícil expansão, pois Eficaz para a satisfação de Uma alta qualidade relativa pode
comprometeria a qualidade. necessidades urgentes. Porém, de persuadir os grupos com elevados
difícil expansão, devido aos rendimentos a juntarem-se à classe
constrangimentos impostos pelos média. Esta situação pode ser explorada
recursos e visto que a baixa qualidade para financiar a expansão para a população
não atrai a participação da classe média. pobre (aliança entre classes).
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base na discussão in Martínez e Sánchez-Ancochea (2016).
Síntese | 17
FIGURA 15
14
12
10
2
Biocapacidade por pessoa, média
mundial (1,7 hectares globais)
0
Nota: Os dados abrangem 175 países constantes da base de dados da Global Ecological Footprint Network (www.footprintnetwork.org/resources/data/; acedido em 17 de julho de 2018). A pegada ecológica consiste na
utilização per capita de terras agrícolas e pastagens, quer internamente quer no estrangeiro. Cada bolha representa um país e o tamanho da bolha é proporcional à respetiva população.
Fonte: Cumming e von Cramon-Taubadel 2018.
dos países pode prejudicar a disseminação de novas tecn- entanto, enfrentam vários desafios na prática, uma vez
ologias ecológicas. A desigualdade pode, de igual modo, que a distribuição do dinheiro não é a única variável a
influenciar o equilíbrio de poder entre os que defendem considerar. É igualmente importante ter em conta um
e os que se opõem à diminuição das emissões de carbono. conjunto mais amplo de pacotes de políticas sociais que
A concentração do rendimento no topo pode coincidir abordem, simultaneamente, as desigualdades e o clima,
com os interesses de grupos opostos à adoção de medidas sem deixarem de promover a concretização dos direitos
Uma abordagem assente climáticas. humanos. Os países e as comunidades têm uma série de
As desigualdades no desenvolvimento humano escolhas, à medida que elevam as suas ambições quanto
no desenvolvimento
são cruciais para a crise climática de um outro modo. a um desenvolvimento humano inclusivo e sustentável.
humano abre novas Retardam a tomada de medidas eficazes, pois uma
perspetivas acerca das maior desigualdade tende a tornar a ação coletiva, Tirar partido do progresso tecnológico
desigualdades — por fundamental para a contenção das alterações climáticas, para reduzir as desigualdades no
que motivo importam, de quer no interior dos países quer entre os mesmos, mais desenvolvimento humano
difícil.
que modo se manifestam
Existem, contudo, opções para combater as desigual- O progresso científico e a inovação tecnológica — da
e o que fazer quanto às
dades económicas e a crise climática em simultâneo, roda ao microchip — têm proporcionado melhorias
mesmas — ajudando orientando os países para um desenvolvimento huma- nos padrões de vida ao longo da história. De resto, as
à transição para no inclusivo e sustentável. A definição de preços para mudanças tecnológicas permanecerão, provavelmente,
medidas concretas o carbono é uma delas. Alguns dos impactos distribu- o principal fator de prosperidade, impulsionando o
tivos inevitáveis dos preços do carbono podem ser solu- aumento da produtividade e, assim se espera, possibil-
cionados através da prestação de apoio financeiro às itando a transição para padrões mais sustentáveis de
pessoas mais pobres, desproporcionalmente atingidas produção e consumo.
por contas de energia mais elevadas. Tais estratégias, no
Efeito da Efeito do
deslocação restabelecimento
(tarefas relacionadas com a Efeito da (peritos em cibersegurança,
contabilidade e os registos produtividade especialistas em
contabilísticos, transformação digital,
agentes de viagens) cientistas de dados)
+
- +
Variação líquida
da procura de
mão-de-obra
Síntese | 19
Rumo à redução das desigualdades no destas aspirações já se repercutem na Agenda 2030 para
desenvolvimento humano no século XXI o Desenvolvimento Sustentável.
Os desequilíbrios de poder estão no âmago de mui-
No Relatório, argumentamos que o combate às desigual- tas desigualdades. Podem ser económicos, políticos ou
dades é possível. Porém, não é fácil. Exige a clarificação sociais. Exemplificando, as próprias políticas poderão
das desigualdades relevantes para o avanço do desen- ter de reduzir a influência política desproporcional
volvimento humano e uma melhor compreensão dos de um grupo específico. Poderá ser necessário criar
padrões de desigualdade e das respetivas forças motrizes. condições económicas equitativas, através de medidas
O Relatório insta todas as pessoas a reconhecerem que os antimonopólio que promovam a concorrência em
atuais indicadores normalizados para a representação da benefício dos consumidores. Nalguns casos, a remoção
desigualdade são imperfeitos e, frequentemente, engana- das barreiras à igualdade implica lidar com normas so-
dores — uma vez que se focam no rendimento, sendo ciais profundamente enraizadas na história e na cultura
demasiado opacos para esclarecer os mecanismos ger- de um país. São muitas as opções que tanto potenciar-
adores de desigualdades. Por este motivo, defendemos, iam a equidade quanto a eficiência — e o principal
no Relatório, o valor da análise das desigualdades além motivo para a raridade da sua prossecução tem que
A atual vaga de progresso do rendimento, além das médias — e dos indicadores ver com o poder dos interesses estabelecidos, que têm
sumários de desigualdade — e além do presente. pouco a ganhar com a mudança.
tecnológico tornará
Deveria celebrar-se o progresso notável que permitiu Assim, embora as políticas sejam importantes para
necessárias políticas a muitas pessoas de todo o mundo alcançarem os pa- as desigualdades, as desigualdades também o são para
antimonopólio mais drões mínimos de desenvolvimento humano. Contudo, as políticas. A ótica do desenvolvimento humano —
robustas e leis que rejam a a mera prossecução das políticas que conduziram a colocar as pessoas no centro da tomada de decisões —
utilização ética dos dados estes sucessos é insuficiente. Algumas pessoas foram é fulcral para uma nova perspetiva do combate à
deixadas para trás. Ao mesmo tempo, as aspirações desigualdade, inquirindo por que motivos e em que
e da inteligência artificial
de muitas pessoas estão a mudar. O enfoque exclusivo ocasiões esta é importante, como se manifesta e qual a
na desigualdade ao nível das capacidades mais básicas melhor forma de lidar com a mesma. Trata-se de uma
é uma atitude míope por parte das sociedades. Olhar conversa que cada sociedade deve ter. Trata-se, ainda,
além do presente significa sondar o futuro para recon- de uma conversa que deveria ter início hoje. É certo
hecer e lidar com as novas formas de desigualdade ao que a ação pode acarretar um risco político. A história
nível das capacidades avançadas, cuja importância tem ensina-nos, porém, que os riscos da inação podem ser
vindo a aumentar. As alterações climáticas e as trans- bem maiores, acabando as desigualdades acentuadas
formações tecnológicas estão a agudizar esta urgência. por impelir uma sociedade para tensões económicas,
O combate a estas novas desigualdades pode ter um sociais e políticas.
impacto profundo sobre a formulação de políticas. No Ainda há tempo para agir. O relógio, no entanto,
Relatório, não afirmamos que um mesmo conjunto de não para. Compete, em última instância, a cada
Ainda há tempo para agir. políticas irá resultar em toda a parte. Argumentamos, sociedade determinar o que fazer para solucionar
O relógio, no entanto, no entanto, que as políticas devem transpor a superfície as desigualdades no desenvolvimento humano. Essa
da desigualdade, de modo a lidarem com os fatores que determinação advirá de debates políticos porventura
não para. Compete, em
lhe subjazem. A abordagem de alguns destes fatores tensos e difíceis. O Relatório contribui para esses
última instância, a cada
implicará o realinhamento dos atuais objetivos das debates através da apresentação de factos relativos às
sociedade determinar o políticas: enfatizando, por exemplo, uma educação de desigualdades no desenvolvimento humano, da sua
que fazer para solucionar elevada qualidade em todas as faixas etárias, incluindo interpretação, mediante a abordagem com base nas
as desigualdades no ao nível pré-primário, ao invés do foco nas taxas de capacidades, e da proposta de ideias para a redução das
desenvolvimento humano. matrícula no ensino primário e secundário. Muitas mesmas no decurso do século XXI.
Além do rendimento
PARTE I.
Além do rendimento
Desigualdade de quê? Ao debruçar-se sobre esta pergunta aparentemente simples, Amartya Sen desenvolveu a abordagem que tem moldado os
Relatórios do Desenvolvimento Humano desde que o primeiro foi publicado, em 1990.1 Sen colocou aquela questão porque a celebração da diver-
sidade humana apela à reflexão sobre o tipo de desigualdade com o qual, em última análise, nos deveríamos preocupar. A resposta à interrogação
de Sen, “desigualdade de quê?”, é a “desigualdade de capacidades”.
À medida que a segunda década do século XXI desenvolvimento, em todo o mundo — cedeu o
se aproxima do fim, as questões em torno da primeiro lugar ao interesse pela desigualdade global.3
desigualdade que motivaram Sen, no final dos anos A redução da desigualdade foi consagrada na
70, têm ressurgido com uma urgência agravada. Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável,
Atualmente contudo, a discussão não tem somente com vários Objetivos de Desenvolvimento
a ver com a compreensão do tipo de desigualdade Sustentável (ODS) que atestam a aspiração à Em todo o mundo, um
a medir; prende-se, igualmente, com a forma de redução da desigualdade em diversas dimensões. Em número muito maior de
combatê-la.2 Em todo o mundo, um número muito sintonia com a Agenda 2030, a parte I do Relatório pessoas, com diversas
maior de pessoas, com diversas orientações políticas, expõe a necessidade de ir além do rendimento na orientações políticas,
considera, fortemente, que a desigualdade de exploração da temática da temática da desigualdade considera, fortemente,
rendimento deveria ser reduzida, uma preferência que — especialmente no combate às novas desigualdades que a desigualdade
tem vindo a intensificar-se desde a década de 2000 do século XXI. Postula a ideia de que a abordagem de rendimento deveria
(figura I.1). De facto, alguns dados indiciam que o assente nas capacidades é adequada à compreensão e ser reduzida, uma
interesse pelo crescimento global — frequentemente ao combate a estas novas desigualdades.4 preferência que tem
associado a melhorias mais profundas, ao nível do vindo a intensificar-se
desde a década de 2000
FIGURA I.1
A percentagem da população que afirma que o rendimento deveria ser mais equitativo aumentou entre as décadas de 2000 e 2010
Variação da percentagem
da população que afirma que
o rendimento deveria ser
mais equitativo entre as 35 em 33 em 32 em
décadas de 2000 e 2010 39 países 39 países 39 países
(pontos percentuais)
50
40
30
20
10
–10
–20
–30
–40
Nota: Cada ponto representa um dos 39 países com dados comparáveis. A amostra abrange 48 por cento da população mundial. Com base em respostas numa escala de 1 a 5, em que 1 significa “o rendimento deveria ser
mais equitativo” e 5, “ precisamos de maiores diferenças no rendimento.”
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Inquérito Mundial de Valores, 4.ª, 5.ª e 6.ª edições.
Como em cada ano, a edição de 2019 do Relatório do Desenvolvimento Humano do compreendidos. Estaremos plenamente cientes do impacto das migrações, dos efeitos das
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento convida-nos a olhar-nos ao espe- catástrofes climáticas ou das novas ameaças epidemiológicas à nossa coexistência? É,
lho. Ao integrar, sistematicamente, informações acerca do desenvolvimento das nossas pois, disto mesmo que se trata: como conseguir viver juntos, face a estes novos cenários,
sociedades, somos confrontados com provas do que conseguimos e daquilo em que temos e alcançar um nível superior de bem-estar para todos? É um trajeto que temos de aprender
falhado. a trilhar em conjunto.
Estas provas são bem mais do que uma compilação de números e figuras. Isto porque O acesso à saúde, à educação, às novas tecnologias, a áreas verdes e a espaços livres
o que realmente importa é o bem-estar das pessoas: Cada disparidade que subsiste ou de poluição constituem, cada vez mais, um indicador da forma como as oportunidades e o
aumenta é um chamamento ao combate à injustiça da desigualdade por meio de políticas bem-estar se distribuem entre grupos de pessoas e mesmo entre países.
eficazes. O que se pode esperar quando uma rapariga nasce em situação de pobreza, sem Explicar e compreender as dimensões das desigualdades mais vitais para o bem-estar
qualquer cobertura adequada de saúde e num ambiente em que é cada vez mais difícil obter das pessoas auxilia a escolha dos melhores rumos de ação. O diagnóstico não basta —
acesso a água potável devido às alterações climáticas? Por quanto tempo mais poderão devemos lutar por políticas públicas que combatam estas formas de injustiça.
as nossas sociedades persistir no erro quando aquilo que fazem viola direitos humanos Por isso, todos os países têm uma função a desempenhar. Ao longo de muitos anos,
básicos? São estes os problemas que a desigualdade nos faz confrontar. porém, temos descoberto que os esforços individuais não chegam; muitos dos desafios
Sabemos que as desigualdades assumem muitas formas. Em grande parte, como exigem uma abordagem coletiva.
no caso das desigualdades de rendimento ou de género, têm-nos acompanhado há mui- No Sistema das Nações Unidas, acreditamos que a Agenda 2030 para o
to tempo. O progresso considerável que foi alcançado em relação a estes problemas, em Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são
várias latitudes, deveria constituir um ponto de honra. O presente Relatório enfatiza que o tipo de resposta de que necessitamos nestes tempos modernos: Adotam uma perspe-
as desigualdades no domínio das capacidades básicas, refletindo privações extremas, têm tiva abrangente dos fenómenos e das soluções, visam a convergência entre as ações dos
decrescido. Por exemplo, o mundo tem-se aproximado da paridade de género, em média, no governos e as das agências internacionais e baseiam-se em indicadores transparentes e
acesso à educação primária e secundária. Ao mesmo tempo, porém, as desigualdades que comparáveis. Com a sua abordagem intersectorial e o compromisso de todos os governos,
refletem níveis superiores de capacitação e que serão mais importantes para o futuro ten- os ODS colocam-nos a todos ao serviço de um único empreendimento.
dem a ser mais acentuadas e, nalguns casos, a aumentar. Quanto a este fenómeno, ofere- O melhor exemplo daquilo que temos em mãos é o imenso desafio de limitar o au-
cemos o exemplo da representatividade das mulheres nas mais altas esferas da política. mento da temperatura global a 1,5 ºC. O nosso Comissariado das Nações Unidas para os
Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, temos acumulado experiências em Direitos Humanos disse-o claramente: As alterações climáticas afetarão, direta e indiret-
relação aos aspetos da proteção social, dos instrumentos financeiros e das trajetórias de amente, uma série de direitos humanos que devem ser garantidos. É com satisfação que
mobilidade social que funcionam. Existem casos de sucesso no que diz respeito a uma constatamos que a ciência, os governos, o mundo empresarial e a sociedade civil começam
maior representatividade das mulheres, a uma participação mais equitativa no mercado a congregar-se em torno de metas concretas. Assim, a pouco e pouco, tem-se quebrado o
laboral ou à eliminação da discriminação contra a diversidade sexual. O paradoxo da per- isolamento e as controvérsias sectoriais.
sistência de desigualdades tão imorredouras consiste em termos encontrado, enquanto É neste percurso que devemos insistir. Temos o dever de erradicar formas antigas e
sociedade, trajetórias de mudança positiva. O que falta, em muitos casos, é a vontade novas de desigualdade e exclusão que, quotidianamente, violam os direitos de milhões de
política. pessoas que habitam o nosso planeta.
Existem, contudo, desigualdades que nos colocam perante desafios ainda maiores. Seria um erro pensar que não houve sucessos, que a injustiça do mundo não recuou.
São precisamente estas que o Relatório visa elucidar: Trata-se de desigualdades com Porém, enquanto a desigualdade causar dor e sofrimento, é nosso dever confrontar aquilo
origem em novos fenómenos e conflitos globais. Estas desigualdades são mais desa- que estamos a fazer mal e o que podemos emendar.
fiantes, visto que reagem a processos complexos e dinâmicos que ainda não são bem Temos mais futuro do que ontem: É este o convite que cada pessoa deve tornar seu.
A desigualdade no
desenvolvimento
humano: “Alvos Móveis”
(Questões Fulcrais em
Permanente Mudança)
Infographic: Title
1.
A desigualdade no desenvolvimento
humano: “Alvos Móveis” (Questões
Fulcrais em Permanente Mudança)
O presente capítulo aborda duas questões principais: Em que ponto se encontram, atualmente, as desigualdades no desenvolvimento
humano e como estão a mudar? Muitas das desigualdades no desenvolvimento humano dão corpo à injustiça. Para se perceber de que
modo, tome-se como exemplo dois bebés, ambos nascidos em 2000, um num país com um baixo nível de desenvolvimento humano e outro
num país com um nível muito elevado de desenvolvimento humano (figura 1.1). O que sabemos acerca das suas perspetivas para a atual vida
adulta? Sabemos que são amplamente diferentes. O primeiro, muito provavelmente, estará matriculado no ensino superior, à semelhança da
maioria dos jovens com 20 anos de idade nos países atualmente mais desenvolvidos. Ela ou ele estará a preparar-se para viver num mundo
altamente globalizado e competitivo e tem uma hipótese de fazê-lo enquanto trabalhador(a) altamente qualificado(a).
Cerca de 17 por cento das crianças nascidas em países determinados percursos distintos e desiguais por
com um baixo nível de desenvolvimento humano em circunstâncias quase inteiramente alheias ao seu
2000 terão morrido antes do seu 20.º aniversário, controlo, em termos de saúde, educação, emprego
em comparação com apenas 1 por cento das crianças e rendimento — uma divergência que pode ser
nascidas em países com um nível muito elevado de irreversível.
desenvolvimento humano. Além disso, estima-se que Algumas desigualdades no seio dos países — quer
as que sobrevivem tenham menos 13 anos de vida em vias de desenvolvimento quer desenvolvidos — são
do que as suas congéneres do grupo dos países mais tão extremas quanto as do anterior exemplo entre
desenvolvidos. É igualmente improvável que a criança países. Nos Estados Unidos, a esperança média de vida
do país com um baixo nível de desenvolvimento aos 40 anos do percentil mais elevado da distribuição
humano ainda frequente o ensino: Apenas 3 por do rendimento e do percentil mais baixo diferem
cento cursam o ensino secundário.1 Ambos os jovens em 15 anos, no caso dos homens, e 10 anos, no das
acabam de iniciar a sua vida adulta, mas já lhes foram mulheres.2 Este tipo de disparidades têm-se dilatado.
FIGURA 1.1
As crianças nascidas em 2000 em países com rendimentos diferentes terão capacidades drasticamente diferentes em 2020
Matriculadas no
ensino superior 55
Crianças nascidas
3 em 2000, em países
com um nível muito
elevado de
desenvolvimento
44 humano
Crianças nascidas Não matriculadas
em 2000 em países 80 no ensino
com um baixo nível superior
de desenvolvimento
humano
17 Falecidas 1
antes dos 20 anos
de idade
Nota: Trata-se de estimativas (a partir de valores medianos) para um indivíduo típico de um país com um baixo nível de desenvolvimento humano e de um país com um nível muito elevado de desenvolvimento humano. Os dados relativos à frequência do ensino superior baseiam-se nos dados de inquéritos às
famílias relativos a pessoas com idades entre os 18 e os 22 anos, tratados pelo Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, in www.education-inequalities.org (acedido em 5 de novembro de 2019). As percentagens dizem respeito a pessoas nascidas em
2000. O número de pessoas falecidas antes do 20.º aniversário é calculado com base nos nascimentos ocorridos por volta de 2000 e na estimativa do número de mortes desse segmento populacional entre 2000 e 2020. O número de pessoas matriculadas no ensino superior em 2020 é calculado com base no
número estimado de pessoas vivas (pertencentes ao segmento nascido por volta de 2000) e nos dados mais recentes quanto à frequência do ensino superior. As pessoas não matriculadas no ensino superior constituem o complementar.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas e do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
FIGURA 1.2
90 25
15
20
80
10
15
70
10
5
60
5
50
0 0
Baixo Médio Elevado Muito Elevado Baixo Médio Elevado Muito Elevado Baixo Médio Elevado Muito Elevado
Agrupamento por IDH Agrupamento por IDH Agrupamento por IDH
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em cálculos dos valores subnacionais do Índice de Desenvolvimento Humano por Permanyer e Smits (2019).
CAIXA 1.1
Desigualdade de capacidades
À semelhança dos anteriores Relatórios do Desenvolvimento oportunidades: Não basta saber que alguém nunca viajou para o
Humano, o presente Relatório adota a premissa, de um ponto estrangeiro; é necessário saber se se tratou de uma escolha livre
de vista normativo, de que as desigualdades com uma importân- ou se a pessoa queria viajar, mas não tinha meios para tal ou a
cia intrínseca são as que existem ao nível das capacidades. As sua entrada foi recusada.3
capacidades — latamente definidas como a liberdade das pes- Os primeiros Relatórios do Desenvolvimento Humano adotaram
soas para escolherem o que ser e o que fazer — não se podem a abordagem assente nas capacidades para intervir no discurso contem-
porâneo em torno do desenvolvimento, numa época em que os debates
cingir, unicamente, ao rendimento e à riqueza, pois os mesmos
se focavam nas necessidades básicas,4 levando à introdução do Índice de
são instrumentais.1 Também não podem ser definidas como mera Desenvolvimento Humano (IDH) — que mede a capacidade de viver uma
utilidade nem medidas pelas opções efetivas das pessoas, uma vida longa e saudável, de adquirir conhecimento e auferir rendimentos
vez que isso encobriria as diferenças reais no modo como os suficientes para um nível mínimo de vida.5 Pretendia-se que o IDH fosse
indivíduos utilizam o rendimento para as realizações que valor- uma métrica de uma lista diminuta de capacidades, “visando níveis bási-
izam.2 Ao invés, as capacidades são as liberdades que permitem cos mínimos de qualidade de vida.”6 Nunca foi uma estatística a maximizar,
às pessoas escolherem o que pretendem ser e fazer — quer como no caso da utilidade agregada. Foi calculado ao nível nacional, devido,
principalmente, à disponibilidade de dados, destinando-se a enriquecer a
tomem, efetivamente, essas opções ou não. Assim, as capaci-
avaliação do desempenho dos países quanto ao desenvolvimento.7
dades estão estreitamente relacionadas com o conceito das
Notas
1. Sen (1980) foi além da teoria dos bens sociais primários de Rawls, adotando, essencialmente, o mesmo argumento — de que os mesmos são, na melhor das hipóteses, instrumentais. 2. Mais precisamente, Sen (1980)
pretendia expor as limitações do utilitarismo enquanto princípio normativo de avaliação do bem-estar. Segundo o utilitarismo, o bem-estar social é avaliado com base nas opções efetivamente tomadas pelas pessoas. Presume-
se que as pessoas maximizem a respetiva utilidade individual — uma função crescente do rendimento, embora gere menos utilidade à medida que o mesmo aumenta. Deste modo, alcançar o grau ideal de bem-estar social
implica a maximização do somatório da utilidade numa determinada sociedade. Por sua vez, tal só pode acontecer se o rendimento estiver distribuído por forma a nivelar a utilidade marginal individual. Sen recorreu a um
exemplo bem conhecido e convincente para ilustrar o modo como este princípio poderia dar azo a resultados contrários ao nosso sentido de equidade. Considere-se dois indivíduos: Um deles, que é portador de uma deficiência,
não é muito eficiente na conversão de um dólar adicional de rendimento em utilidade; o outro, pelo contrário, obtém satisfação com cada dólar suplementar. O utilitarismo ditaria a atribuição de um maior rendimento à segunda
pessoa, um resultado que ofende o nosso sentido de equidade. 3. Basu e Lopez-Calva 2011. 4. Stewart, Ranis e Samman 2018. 5. Sen (2005) reconhece o trabalho conjunto com Mahbub Ul Haq, com vista ao desenvolvimento
de um índice geral para a avaliação e crítica globais, indo além do produto interno bruto (PIB). 6. Sen 2005. 7. Porventura mais importante, citando Klasen (2018, p. 2), “Muitas das batalhas dos anos 90 que viriam a definir os
Relatórios do Desenvolvimento Humano foram ganhas. Hoje em dia, toda a comunidade do desenvolvimento aceita que o mesmo transcende o aumento do produto interno bruto (PIB) per capita... O IDH tornou-se canónico em
todos os manuais normalizados de economia do desenvolvimento ou de estudos do desenvolvimento... e é considerado a alternativa mais séria e abrangente ao PIB per capita. (...)”
Exemplos de realizações
- Acesso a cuidados de saúde de qualidade
Capacidades em todos os níveis
avançadas - Educação de alta qualidade em todos os níveis
- Acesso efetivo às atuais tecnologias
- Resiliência face a novos choques inéditos
Exemplos de realizações
- Sobrevivência na primeira infância Capacidades
- Ensino primário básicas
- Nível elementar de tecnologia
- Resiliência face a choques recorrentes
O mundo permanece profundamente desigual em áreas fundamentais do desenvolvimento humano, tanto nas capacidades
básicas nas avançadas
Básicas Avançadas
Esperança de vida à nascença, 2015 Esperança de vida aos 70 anos de idade, 2015
(anos) (anos)
78.4 14.6
72.9 12.6
66.6 Saúde
59.4 11.1
9.8
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
População que concluiu o ensino primário, 2017 População que concluiu o ensino superior, 2017
(percentagem) (percentagem)
93.5
84.9
28.6
66.5
Educação
18.5
42.3
13.7
3.2
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
90.6 Acesso à
tecnologia
67.0
11.3
2.3
0.8
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da União Internacional de Telecomunicações, do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura e do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
FIGURA 1.5
Em todas as regiões do mundo, a perda no desenvolvimento humano decorrente da desigualdade está a diminuir, refletindo o
progresso ao nível das capacidades básicas
11.7
Estados Árabes Ásia Oriental e Europa e América Latina e Ásia do Sul África Subsariana
Pacífico Ásia Central Caraíbas
Básicas Avançadas
5.9 1.2
Saúde
4.9
0.7 0.8
2.7 0.5
2.4
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Percentagem da população que concluiu o ensino primário Percentagem da população que concluiu o ensino superior
Variação entre 2007 e 2017 (pontos percentuais) Variação entre 2007 e 2017 (pontos percentuais)
9.2
8.6
7.1
6.2 5.9
5.3 Educação
3.0
1.1
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
59.5 12.3
26.1
2.0
0.8
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da União Internacional de Telecomunicações, do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura e do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
FIGURA 1.7
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
2005 2015
Desigualdades na mortalidade
Probabilidade de morte até aos 5 anos de idade Probabilidade de morte entre os 70–79 anos de idade
(percentagem) (percentagem)
13.2
58.3
54.7 51.4
8.8 47.5 43.8
7.5 39.7
35.2
29.8
4.9
3.2
2.1
1.0 0.6
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
CAIXA 1.3
Embora a longevidade seja importante para o desenvolvimento Árabes Unidos, mas cifra-se em 724 por 100.000 no Lesoto. A taxa
humano, o modo como se vive esse número de anos é igualmente de prevalência do VIH entre adultos é de 27,2 por cento no Reino
essencial. É possível desfrutá-los? Mantém-se um bom estado de de Essuatíni, mas de apenas 0,1 por cento numa grande parte dos
saúde? O indicador da esperança de vida saudável indicia grandes países com um grau muito elevado de desenvolvimento humano,
discrepâncias. A esperança de vida saudável, nos países com um entre os quais a Austrália, o Bahrein, o Koweit e a Roménia.2 A
grau muito elevado de desenvolvimento humano, ronda os 68 anos, malária foi erradicada no Sri Lanca e as projeções apontam para
em comparação com apenas 56 anos nos países com um baixo grau a sua erradicação, em 2020, na Argentina, no Belize, na Costa
de desenvolvimento humano.1 Rica, no Equador, em El Salvador, no México, no Paraguai e no
A atenção dada a algumas doenças específicas pode eluci- Suriname.3 Contudo, a prevalência ainda é elevada no Mali, com
dar as causas da desigualdade ao nível da esperança de vida e 459,7 casos por cada 1.000 pessoas em risco, e no Burquina Faso,
da esperança de vida saudável. A prevalência da tuberculose, por com 423,3.4 Em maio de 2019, na República Democrática do Congo,
exemplo, é de apenas 0,8 casos por 100.000 pessoas nos Emirados 1.572 pessoas padeciam de ébola.5
Notas
1. Ver tabela estatística 8 em http://hdr.undp.org/en/human-development-report-2019. 2. UNDP 2018a. 3. OMS 2017. 4. UNDP 2018a. 5. OMS 2019.
A desigualdade ao nível da esperança de vida em mudança, 2005–2015: Os países com um baixo nível de desenvolvimento humano estão a aproximar-se quanto à
esperança de vida à nascença, embora fiquem para trás em relação à esperança de vida na terceira idade
5.9 1.2
4.9
0.7 0.8
2.7 0.5
2.4
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Básicas Avançadas
Convergência Divergência
Desenvolvidos
África Subsariana
6
1.2
América Latina
4 Ásia do Sul
Ásia Oriental e Pacífico e Caraíbas
Europa e Ásia Central
Ásia Oriental e Pacífico Desenvolvidos
0.8
Estados Árabes Ásia do Sul
2 África Subsariana
América Latina Estados Árabes
e Caraíbas
Europa e Ásia Central
0 0.4
50 55 60 65 70 75 80 9 11 13 15
Esperança de vida à nascença, 2005 (anos) Esperança de vida aos 70 anos de idade, 2005 (anos)
Nota: A convergência e a divergência são testadas de duas formas: por meio do declive de uma equação que opera a regressão das alterações do valor inicial, datado de 2005, entre 2005 e 2015 (utilizando os métodos dos mínimos quadrados e das regressões robustas e medianas de quantis)
e através da comparação dos ganhos dos países com um nível muito elevado de desenvolvimento humano com os ganhos dos países com um nível baixo ou médio de desenvolvimento humano. Relativamente à esperança de vida à nascença, ambas as métricas revelam uma convergência
(valores-p inferiores a 1 por cento). Relativamente à esperança de vida aos 70 anos, ambas as métricas revelam uma divergência (valores-p inferiores a 1 por cento).
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
As taxas de mortalidade infantil, um fator determinante da esperança de vida à nascença, têm decrescido por toda a parte, mas subsistem gradientes significativos
103.6 102.0
93.4
–33.0 85.0 81.2
–33.0 79.0
–26.9 72.7
–22.8 –21.4 63.9
70.6 68.9 62.4 –27.7
66.5 –25.5 54.0 55.3
62.2 –14.4 59.8 48.0
–24.1
48.0 51.3 –20.8 –18.4 40.1
47.2 –19.0 34.1
39.8 33.2 36.9 –15.8 27.5
29.0 –11.3
24.3 –10.3
22.8
17.2
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
Desenvolvimento humano baixo Desenvolvimento humano médio Desenvolvimento humano elevado/muito elevado
Nota: Os dados relativos a 2007 referem-se ao ano mais recente disponibilizado durante o período de 1998–2007 e os dados relativos a 2017 referem-se ao ano mais recente disponibilizado durante o período de 2008–2017. Os dados representam médias simples para todos os grupos de
desenvolvimento humano. A amostra inclui um único país com um nível muito elevado de desenvolvimento humano (Cazaquistão). Os quintis que refletem uma distribuição intranacional dos ativos estão organizados por grupo de desenvolvimento humano.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas..
FIGURA 1.10
1.0 1.0
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
Igualdade absoluta
0.2 0.2
0.0 0.0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Percentagem da população Percentagem da população
Probabilidade de morte até aos 5 anos de idade Probabilidade de morte entre os 70–79 anos de idade
Variação entre 2005 e 2015 (pontos percentuais) Variação entre 2005 e 2015 (pontos percentuais)
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
–0.3
–1.1
–2.6
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados dos Inquéritos sobre Demografia e Saúde da ICF Macro e dos Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos do Fundo das
Nações Unidas para a Infância.
Historicamente, o Chile é um país desigual em termos de ren- do progresso ao nível da saúde, em todo o país. Tem havido
dimento, com um coeficiente de Gini de 0,50 em 2017 (números avanços no que diz respeito à vida saudável, embora estes não at-
oficiais do Inquérito CASEN (Caracterización Socioeconomica injam todos os grupos sociais e territórios de forma equitativa. Em
Nacional)). Quanto à esperança de vida na terceira idade, a segundo lugar, verificam-se efeitos distributivos potencialmente
desigualdade é, também, significativa. Na Região Metropolitana regressivos, através do sistema de pensões, em que as prestações
de Santiago, os residentes das comunas (municípios) mais abas- de reforma estão associadas ao montante amealhado numa con-
tadas têm uma maior esperança de vida aos 65 anos — superior, ta-poupança individual e à esperança de vida após a reforma —
em média, em mais de 2 anos (os que ocupam o canto superior atualmente comum a todos os grupos sociais.
direito da figura). Nos últimos 15 anos, assistiu-se a uma melho- Este exemplo ilustra a importância de uma análise abrangente
ria generalizada da esperança de vida (entre os censos de 2002 das desigualdades através do prisma do desenvolvimento humano,
e 2017). Contudo, as diferenças entre comunas são persistentes indo além do rendimento (avaliando a dimensão da saúde), além
e, de facto, aumentaram. Atualmente, em termos de esperança das médias (examinando dados desagregados em diversas áreas)
de vida na terceira idade, existem poucas semelhanças entre a e além do presente (abrangendo as desigualdades que se prevê
situação das comunas mais afortunadas e a das restantes. virem a tornar-se mais importantes nos próximos anos). Esta nova
A divergência ao nível da esperança de vida na terceira idade perspetiva das desigualdades emergentes é essencial para a con-
tem várias implicações. Em primeiro lugar, refletem o desequilíbrio ceção de políticas.
Os residentes das comunas mais abastadas da Região Metropolitana de Santiago viram a sua esperança de vida na terceira
idade, já superior, aumentar, em média, mais do que a dos residentes das comunas mais pobres
Esperança de vida aos 65 anos de idade, 2002 Esperança de vida aos 65 anos de idade, 2017
(anos) (anos)
24 24
Vitacura
Las Condes
Lo Barnechea
22 22
Ñuñoa
Las Condes
La Reina Providencia
Providencia
Vitacura
20 Ñuñoa 20
La Reina
Lo Barnechea
18 18
16 16
12.5 13.0 13.5 14.0 14.5 12.5 13.0 13.5 14.0 14.5
Registo do rendimento per capita do agregado familiar, 2017 Registo do rendimento per capita do agregado familiar, 2017
estão em vias de alcançar o ensino primário universal, concentração, que mostram a igualdade enquanto pro-
que representa a potencial aquisição de capacidades ximidade da diagonal (figura 1.13, painel superior). A
básicas. A matrícula no ensino secundário é quase desigualdade ao nível do ensino primário e secundário
universal nos países com um nível muito elevado de tem diminuído ao longo da última década. As pessoas
desenvolvimento humano, ao passo que, nos países com dos países com um baixo nível inicial de matrículas
um baixo nível de desenvolvimento humano, apenas (predominantemente, com um grau baixo ou médio
um terço das crianças estão matriculadas. O sucesso de desenvolvimento humano) apresentam os maiores
da redução da desigualdade é registado pelas curvas de aumentos, em média (ver figura 1.13, painel inferior).
Quanto mais baixo for o desenvolvimento humano de um país, maiores as disparidades no acesso à educação
Pré-escolar Primário
Taxa de matrícula Taxa de matrícula
(líquida) (bruta) 92.3 93.3 95.2 95.4
77.9 84.3 86.5
70.1 75.3
68.7
60.5
50.9
41.6
33.1
16.4
10.3
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
2007 2017
Secundário Superior
Taxa de matrícula Taxa de matrícula
(líquida) (bruta)
87.9 91.0
78.8
72.4
66.8
59.4 55.1
48.8 44.6
32.8 33.4
22.4 20.1
12.7
5.3 8.3
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
FIGURA 1.12
As disparidades no acesso à educação entre as crianças e os jovens também são acentuadas dentro de cada país
Taxa de frequência
(percentagem) Primário Secundário Superior
(líquida) (líquida) (bruta)
100
80
60
40
20
0
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
Baixo Médio Elevado/muito elevado Baixo Médio Elevado/muito elevado Baixo Médio Elevado/muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Nota: A amostra inclui um único país com um nível muito elevado de desenvolvimento humano (Montenegro). Dados referentes a 2016 ou ao ano mais recente disponível. Os quintis baseiam-se na distribuição da propriedade dos ativos no seio dos países.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados dos Inquéritos sobre Demografia e Saúde da ICF Macro, dos Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos do Fundo das Nações Unidas para a Infância e do Banco Mundial.
A desigualdade ao nível do ensino primário e secundário tem diminuído ao longo da última década
As desigualdades ao nível das capacidades básicas são menores e estão Contudo, as desigualdades no domínio das capacidades avançadas
a decrescer (convergência): é o caso das taxas de matrícula no ensino são acentuadas e estão a agravar-se (divergência): as desigualdades
primário e secundário. Os países com um baixo nível de desenvolvimento ao nível das taxas de matrícula no ensino pré-escolar e superior
humano estão a aproximar-se dos países com um nível elevado ou muito são acentuadas ou estão a agravar-se.
elevado de desenvolvimento humano.
Básicas Avançadas
11.2 11.6
10.4 10.5
9.5
8.5 7.8
6.6 7.4
6.4 6.0
3.1 3.0
2.2
1.0 0.2
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Nota: As curvas de concentração estão ordenadas segundo o valor do Índice de Desenvolvimento Humano.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ao nível nacional.
Percentagem da população que concluiu o ensino primário Percentagem da população que concluiu o ensino superior
Variação entre 2007 e 2017 (pontos percentuais) Variação entre 2007 e 2017 (pontos percentuais)
9.2
8.6
7.1
6.2
5.9
5.3
3.0
1.1
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Básicas Avançadas
Convergência Divergência
Percentagem da população que concluiu o ensino primário Percentagem da população que concluiu o ensino superior
Variação entre 2007 e 2017 Variação entre 2007 e 2017
(pontos percentuais) (pontos percentuais)
12 14
Ásia Oriental e Pacífico
10 América Latina 12
África Subsariana e Caraíbas Europa e Ásia Central
Arab States 10
8
Ásia do Sul
8
6 Ásia Oriental e Pacífico Desenvolvidos
América Latina
6 e Caraíbas
4 Arab States
Europa e Ásia Central 4
Ásia do Sul
2 2
Desenvolvidos África Subsariana
0 0
40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25
Percentagem da população que concluiu o ensino primário, 2007 Percentagem da população que concluiu o ensino superior, 2007
Nota: A convergência e a divergência são testadas de duas formas: por meio do declive de uma equação que opera a regressão das alterações do valor inicial, datado de 2007, entre 2007 e 2017 (utilizando os métodos dos mínimos quadrados e das regressões robustas e medianas de quantis)
e através da comparação dos ganhos dos países com um nível muito elevado de desenvolvimento humano com os ganhos dos países com um nível baixo ou médio de desenvolvimento humano. Relativamente à conclusão do ensino primário, ambas as métricas revelam uma convergência
(valores-p inferiores a 1 por cento em todas as regressões e inferiores a 5 por cento na comparação entre grupos de desenvolvimento humano). Quanto à conclusão do ensino superior, verifica-se, de acordo com ambas as métricas, uma divergência, sendo que as regressões apresentam graus
de significância diferentes: o parâmetro é positivo na totalidade dos casos; não é estatisticamente significativo na regressão dos mínimos quadrados, embora seja estatisticamente relevante na regressão robusta dos quantis (valor-p inferior a 10 por cento) e na regressão mediana dos quantis
(valor-p abaixo de 1 por cento), bem como para a comparação entre os grupos de desenvolvimento humano (valor-p inferior a 5 por cento).
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados do Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ao nível nacional.
Variação média
da taxa bruta de matrícula
16
12
0
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
Baixo Médio Elevado/muito elevado
Agrupamentos por IDH
Nota: A amostra inclui um único país com um nível muito elevado de desenvolvimento humano (Montenegro). Os quintis baseiam-se na distribuição da propriedade dos ativos no seio dos países.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados dos Inquéritos sobre Demografia e Saúde e dos Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos tratados pelo Banco Mundial.
0.5
0.0 0.5
0.2
0.0 0.1 A convergência ao nível básico
Baixo Médio Elevado Muito elevado não tem sido benéfica para todos:
Apesar de mais de 90 por Agrupamentos por IDH Identificar os mais desfavorecidos
cento das crianças, em Nota: Os dados representam médias simples para cada grupo de desenvolvimento humano.
TABELA 1.1
nascença
de vida à
Nota: As estimativas relativas ao desempenho dos países com um nível muito elevado de desenvolvimento são ponderadas pela população.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados ao nível subnacional de Permanyer e Smits (2019).
A mortalidade infantil está a convergir com o desenvolvimento humano, mas não para os 20 por cento mais pobres
Mali
100
80
60 20 % mais ricos
Nota: As cores representam limiares de desenvolvimento humano. Cada bolha representa um país e o tamanho da bolha é proporcional à respetiva população.
Fonte: Estimativas do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano.
Crises e divergência
As crises económicas são um importante fator de divergência destruídas ou danificadas em Moçambique e quase 305.000 cri-
das condições económicas e sociais. Os países que atravessam anças faltaram à escola após as inundações.4 Os casos de malária
recessões demoram, frequentemente, anos a recuperar.1 De ascenderam a 27.000 e os de cólera, a quase 7.000. Cerca de 1,6
resto, em cada país, as crises tendem a prejudicar as pessoas milhões de pessoas receberam auxílio alimentar e quase 14.000
mais vulneráveis. Num estudo dos países latino-americanos, foram forçadas a residir em centros de desalojados. Os efeitos
todas as crises económicas foram seguidas de um aumento da cumulativos das intempéries só serão plenamente conhecidos no
taxa de pobreza e, na maioria dos casos, de um aumento da decurso dos próximos anos.
desigualdade.2 Os conflitos são igualmente devastadores para o de-
As catástrofes associadas a riscos naturais podem ter um senvolvimento humano. Antes do agravamento do conflito
impacto devastador e lesar o desenvolvimento humano, conforme no Iémen, em 2015, o país estava classificado em 153.º lugar
se discute no capítulo 5. Além disso, tais catástrofes tornar-se-ão quanto ao desenvolvimento humano, 138.º em relação à pobreza
mais comuns à medida que a crise climática se agravar. Os efeitos extrema, 147.º ao nível da esperança de vida e 172.º em nível
podem ser verdadeiramente devastadores. A 14 de março de 2019, de instrução. O conflito inverteu a marcha do desenvolvimento
o ciclone Idai atingiu a costa do porto da Beira, em Moçambique, — provocando a morte de quase um quarto de milhão de pes-
antes de atravessar a região. Milhões de pessoas, no Malaui, em soas, ora diretamente, devido aos combates, ora indiretamente,
Moçambique e no Zimbabué, foram afetadas pela pior catást- em virtude da falta de alimentos, infraestruturas e serviços de
rofe natural em, pelo menos, duas décadas na África Austral.3 saúde. Aproximadamente 60 por cento das vítimas mortais são
Seis semanas depois, o ciclone Kenneth atingiu a costa Norte de crianças com menos de 5 anos de idade. O seu impacto a lon-
Moçambique — a primeira vez na história, desde que há registo, go prazo coloca-o entre os conflitos mais destrutivos desde o
que dois ciclones tropicais fortes atingiram o país na mesma es- final da Guerra Fria (ver figura) e já atrasou o desenvolvimento
tação. Os ciclones deixaram cerca de 1,85 milhões de pessoas, em humano do país em 21 anos. Caso o conflito prossiga até 2022,
Moçambique, entregues à sua sorte, com uma necessidade urgente inclusive, o desenvolvimento será atrasado em 26 anos — mais
de auxílio humanitário. do que uma geração. Se persistir até 2030, inclusive, o impacto
Foram apenas o início daquilo que se tornaria uma catást- aumentará para quase 40 anos.
rofe educativa e sanitária. Cerca de 3.400 salas de aula foram
2019
1998 (atraso de 21 anos)
2022
1991 (atraso de 39 anos)
2030
1991 (atraso de 39 anos)
Notes
1. São necessários mais de quatro anos para recuperar os empregos perdidos; cerca de dois anos, para o nível de produção (Reinhart e Rogoff 2009) e, em muitos casos, ainda mais (Cerra e Saxena 2008). 2. Lustig 2000. 3.
UNICEF 2019b. 4. Ver UNICEF (2019b).
Qual a melhor forma de gerir esta complexidade — presente secção contempla, em primeiro lugar, o modo
o cariz multidimensional e mutável das desigualdades como a desigualdade, frequentemente sob a forma da
— de modo a explorar as desigualdades emergentes no discriminação, priva as pessoas da sua dignidade. As
século XXI? desigualdades são prejudiciais porque condicionam o
A presente secção aborda esta questão através do exa- acesso aos frutos do progresso, com efeitos perversos
me de dois aspetos de relevo para a agência das pessoas, sobre a mobilidade social e o progresso social a longo
complementando os aspetos ligados às desigualdades prazo (capítulo 2), e porque erodem a dignidade
ao nível das capacidades anteriormente discutidas. humana — e, com ela, o reconhecimento social e o
Conforme se observou, as capacidades são fatores respeito, o que pode limitar a agência. Em segundo
determinantes do bem-estar e necessárias à agência — lugar, a desigualdade, por ser um conceito social e
mas não são os únicos fatores determinantes. Assim, a relacional, dá resposta a comparações transversais aos
Exclusão social das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo Associação Internacional das
Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo
À escala global, as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e Existe uma ampla investigação que evidencia o modo como as pes-
intersexo (LGBTI) continuam a enfrentar a exclusão social em dif- soas LGBTI sofrem apagamento, negação, discriminação e violên-
erentes esferas da vida, com base na sua orientação sexual, identi- cia:6 uma espiral de rejeição que pode ter início numa idade muito
dade de género, expressão de género e características sexuais. Os jovem, no seio da família, e continuar na escola,7 no emprego,8 nos
enquadramentos jurídicos restritivos, a discriminação e a violência estabelecimentos de cuidados de saúde e nos espaços públicos.9
com base nesses atributos (perpetradas por entidades estatais e As autoridades estatais podem ser os principais perpetradores de
não estatais), a par da ausência de políticas públicas eficazes, fig- violência e abuso contra as pessoas LGBTI, praticando detenções
uram entre as principais causas da exclusão de pessoas LGBTI.1 arbitrárias, chantagem, atos humilhantes, assédio e até exames
médicos forçados. As pessoas LGBTI enfrentam, ainda, a exclusão
Enquadramentos jurídicos restritivos do acesso à justiça, o que contribui para o défice na denúncia de
A criminalização é uma das maiores barreiras ao desenvolvimento casos de violência contra pessoas LGBTI e para as reduzidas taxas
das pessoas LGBTI. Em maio de 2019, 69 membros da ONU ainda de julgamento dos autores desta violência, dado que as pessoas
criminalizavam atos sexuais consentidos entre adultos do mesmo LGBTI se encontram, com frequência, isoladas das instituições
sexo, pelo menos 38 dos quais ainda detêm, julgam e condenam estatais por receio da autoincriminação e de ulteriores abusos.10
pessoas à prisão, a penas corporais ou até à morte com base neste
tipo de leis.2 De resto, muitos Estados-membros da ONU possuem, Ausência de políticas públicas eficazes
ainda, leis que criminalizam diversas formas de expressão de géne- O terceiro principal conjunto de causas da exclusão social das pes-
ro e de travestismo, utilizadas para a perseguição de pessoas trans soas LGBTI prende-se com a inação do Estado quanto às questões
e com diversidade de género.3 das políticas públicas de diversidade sexual e de género.11 À se-
A ausência de reconhecimento jurídico do seu género4 é um dos melhança de outros grupos sociais que foram submetidos a longos
obstáculos mais desafiantes à inclusão social das pessoas trans e períodos de discriminação, a plena inclusão social das pessoas
com diversidade de género. Quando os documentos pessoais não cor- LGBTI exige mais do que a eliminação da legislação discriminatória
respondem à aparência do(a) portador(a), convertem-se num enorme e a promulgação de proteções jurídicas. Para compensar os efeitos
entrave à realização de atividades comuns do dia-a-dia, como a ab- da exclusão sistémica, são necessárias políticas públicas eficazes
ertura de uma conta bancária, a candidatura a uma bolsa, a procura concebidas e implementadas de forma a combater, mitigar e, even-
de um emprego e o arrendamento ou a compra de um imóvel. Esta tualmente, erradicar o preconceito e o estigma social, sobretudo
situação expõe, além disso, as pessoas trans à devassa, à descon- no caso das pessoas que vivem em situação de pobreza. Poderão,
fiança e até à violência por parte de estranhos. Em muitos países, o ainda, ser necessárias ações afirmativas.
reconhecimento jurídico do género só é concedido mediante requisi- As pessoas intersexo enfrentam, igualmente, formas especí-
tos patologizantes, como cirurgias, tratamentos/exames invasivos ou ficas de exclusão que diferem das experienciadas por pessoas lés-
apresentações por terceiros.5 Acresce que, quando as leis de com- bicas, gays, bissexuais e trans. Em particular, são frequentemente
bate à discriminação não protegem, explicitamente, as pessoas com submetidas a intervenções médicas desnecessárias à nascença,
base na sua orientação sexual, identidade de género, expressão de caracterizadas como mutilação genital intersexo.12 Estas inter-
género e características sexuais, as pessoas LGBTI não conseguem venções são frequentemente executadas de acordo com protocolos
garantir que seja feita justiça em relação a atos discriminatórios médicos que permitem que os profissionais de saúde mutilem os
que as impeçam de aceder a serviços vitais, incluindo os cuidados corpos intersexo, sem consentimento, de forma a modificar car-
de saúde, a educação, a habitação, a segurança social e o emprego. acterísticas sexuais atípicas, normalmente quando as vítimas se
encontram na primeira infância. Estas experiências traumáticas e
Discriminação e violência com base na orientação sexual, intrusivas podem prosseguir no decurso da infância e da adoles-
identidade de género, expressão de género e características cência e provocar um sofrimento mental, sexual e físico grave.13
sexuais Este último é, em regra geral, agravado pelo total secretismo em
Ser vítima de violência e discriminação pode ter um impacto profun- torno das condições das pessoas intersexo, pela falta de infor-
do sobre a capacidade de levar uma vida produtiva e gratificante. mação dos familiares e pelo preconceito social.14
Fonte: Associação Internacional das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Notas
1. OutRight Action International 2019. 2. ILGA 2019. 3. Greef 2019; ILGA 2019. 4. O reconhecimento jurídico do género refere-se ao direito das pessoas trans de mudarem legalmente os elementos que indicam o seu
género e os seus nomes em documentos oficiais. Para um levantamento da legislação vigente relativa ao reconhecimento jurídico do género em mais de 110 países, ver Chiam, Duffy e Gil (2017). 5. Chiam, Duffy e
Gil 2017. 6. Harper e Schneider 2003. 7. Almeida e outros 2009. 8. Pizer e outros 2012; Sears e Mallory 2011. 9. Eliason, Dibble e Robertson 2011. 10. ILGA 2019. 11. Oleske 2015. 12. Wilson 2012. 13. Grupo de Estudo
da OMS sobre a Mutilação Genital Feminina e Resultados Obstetrícios 2006. 14. Human Rights Watch 2017.
Latina, as desigualdades horizontais parecem estar um inquérito. Uma mediana de 60 por cento dos in-
associadas a uma cultura de privilégio, com raízes na quiridos, nos países em vias de desenvolvimento, e de
época colonial.69 56 por cento, nos países desenvolvidos, concordam
que “o fosso entre os ricos e os pobres é um enorme
À descoberta dos fatores por trás das problema” nos seus países.70 Extraordinariamente,
perceções de desigualdade no século XXI esta impressão é comum a todos os quadrantes
políticos.
A proporção de pessoas que ambicionam uma maior De um modo semelhante, segundo os mais recentes
igualdade ao nível do rendimento tem aumentado ao inquéritos de perceção realizados na União Europeia,
longo da última década (ver figura 1.1). A desigual- uma esmagadora maioria julga que as diferenças de ren-
dade é considerada um desafio da máxima importân- dimento são excessivas (84 por cento), concordando
cia nos 44 países em que a Pew Research levou a cabo que os respetivos governos deveriam tomar medidas no
No Japão, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável con- da dignidade foi medida através de 26 indicadores: 7 relativos à
stituem uma oportunidade para revisitar as prioridades de de- situação das crianças e das mulheres, 6 quanto à confiança no
senvolvimento do país a partir de uma perspetiva centrada nas setor público, 2 acerca da satisfação com a vida e 11 sobre a
pessoas. O que define a privação quando a maior parte das carên- comunidade, a participação cívica e a integração adequada dos
cias materiais foram supridas? O Índice de Segurança Humana migrantes.
inclui três dimensões a vida, o sustento e a dignidade. A vida e Os primeiros resultados indiciam desigualdades significativas
o sustento estão associados à tranquilidade de espírito e a sen- no Japão, transversalmente às três dimensões principais. Contudo,
sações de segurança. A dignidade visa uma sociedade em que cada o subíndice da dignidade revela uma média inferior aos subíndices
pessoa possa orgulhar-se de si própria. relativos à vida e ao sustento. Segundo este ângulo, a maior mar-
INo Japão, foram recolhidos dados acerca de 47 prefeitu- gem para melhoria corresponderia à promoção da dignidade.
ras, com recurso a uma bateria de 91 indicadores. A dimensão
sentido da sua redução (81 por cento).71 Na América das preferências adaptativas — assente na tendência
Latina, a perceção de injustiça na distribuição da rique- dos indivíduos para a subestimação das privações, de
za aumentou desde 2012, regressando a níveis idênticos modo a torná-las suportáveis — feita a partir de uma Os indicadores subjetivos
aos do final da década de 1990; apenas 16 por cento perspetiva social. indicam, de forma
dos inquiridos consideraram a distribuição justa na sua Em suma, os indicadores subjetivos indicam, de for- consistente, que muitas
avaliação.72 Não se pretende, com isto, dar a entender ma consistente, que muitas pessoas, em todo o mundo, pessoas, em todo o
que se trata do único assunto, nem mesmo do mais consideram o atual nível de desigualdade excessivo.
mundo, consideram
importante, com que as pessoas se preocupam — mas Os dados relativos às perceções — nos casos em que
constitui uma prova clara do profundo e crescente de- as limitações são bem compreendidas — podem o atual nível de
sejo de uma maior igualdade. complementar os indicadores objetivos. Na verdade, desigualdade excessivo
Estas perceções importam e poderão depender de os indicadores subjetivos representam uma parte da
um contexto mais amplo, consoante os rendimentos vanguarda da medição das capacidades e da agência.75
estejam estagnados ou em expansão. As perceções de As perceções de desigualdade tendem à subestimação
desigualdade — por oposição aos níveis efetivos de da situação real, pelo que, em níveis elevados, revestem
desigualdade — condicionam as preferências sociais um valor particular enquanto sinal de alerta. Alguns
quanto à redistribuição.73 Na Argentina, as pessoas dos indicadores objetivos de desigualdade — tais como
que julgavam ocupar uma posição na distribuição do o coeficiente de Gini, nos países em vias de desenvolvi-
rendimento superior à que efetivamente lhes cabia ten- mento — ainda não registam esta realidade e é plausí-
diam a pretender uma maior redistribuição ao serem vel que omitam uma parte da narrativa.76 A discussão
informadas da sua classificação real.74 empírica a que se procede no presente relatório fornece
A forma como as sociedades processam as desigual- numerosos exemplos do modo como ir além do rendi-
dades é complexa. A tendência que as pessoas exibem mento, além das médias (e dos indicadores sumários,
para subestimar as desigualdades foi quantificada por como o coeficiente de Gini) e além do presente na
estudos de economia comportamental (ver destaque medição (captando elementos que se estima virem a
1.2 no final do capítulo). A psicologia social, além dis- tornar-se mais importantes) é relevante na descoberta
so, investigou os mecanismos e as condições socioes- das desigualdades crescentes que poderão subjazer às
truturais que determinam a perceção das desigualdades referidas perceções.
como resultados injustos e a resposta a essas perceções. Por último, a maior exigência de igualdade nos
A literatura em causa oferece novas perspetivas acerca inquéritos de perceção tem consequências concretas
dos motivos pelos quais as pessoas se conformam com para a sociedade. Independentemente do grau de subje-
um grau muito elevado de desigualdade, do ponto tividade e da potencial distorção, as opiniões em causa
de vista social. Em primeiro lugar, as pessoas podem podem vir a fazer parte do debate político e a promover
aceitar ou até contribuir para a desigualdade através da a tomada de medidas. Existe uma necessidade urgente
autossegregação, em busca da harmonia. Em segundo de abordagens políticas assentes em dados, por forma a
lugar, determinadas narrativas podem justificar a dar resposta a novas exigências.
desigualdade, além de que os estereótipos e as normas
sociais têm uma enorme influência (caixa 1.9). Trata-
se de um coerente e poderoso complemento à teoria
A Índia é uma economia em rápido crescimento. O seu rendimento Estes grupos são estigmatizados e excluídos há vários séculos. A
nacional bruto per capita mais do que duplicou desde 2005. Graças à Índia moderna tentou corrigir, constitucionalmente, as disparidades
combinação do crescimento económico acelerado e de políticas soci- através de ações afirmativas, da discriminação positiva e de políti-
ais, verificou-se uma redução acentuada da pobreza multidimensional. cas de reserva destinadas a estes grupos.3
Entre 2005/2006 e 2015/2016, o número de pessoas em situação de Em segundo lugar, desde 2005/06, verificou-se uma redução
pobreza multidimensional na Índia decresceu em mais de 271 mil- das desigualdades em áreas elementares do desenvolvimento hu-
hões. Em média, o progresso foi mais intenso no seio dos estados e mano. Por exemplo, há uma convergência do nível de instrução, em
dos grupos mais desfavorecidos.1 que os grupos historicamente marginalizados estão a aproximar-se
Apesar do progresso ao nível dos indicadores de desen- do resto da população no tocante à percentagem de pessoas com
volvimento humano, as desigualdades horizontais persistem e a cinco ou mais anos de educação. De um modo semelhante, verifi-
suas dinâmicas acompanham o padrão descrito no contexto das ca-se uma convergência no acesso a telemóveis e na adoção dos
desigualdades verticais no desenvolvimento humano: disparidades mesmos.
significativas, convergência nas capacidades básicas e divergência Em terceiro lugar, ocorreu um aumento das desigualdades nas
nas capacidades avançadas. áreas avançadas do desenvolvimento humano, tais como o acesso
Em primeiro lugar, as Castas Registadas, as Tribos Registadas a computadores e a um período de 12 ou mais anos de instrução:
e as Outras Classes Retardatárias apresentam um desempenho Os grupos mais avantajados em 2005/2006 obtiveram os maiores
inferior ao do resto da sociedade, de um modo transversal aos ganhos e os grupos marginalizados estão a evoluir, mas, em termos
indicadores de desenvolvimento humano, incluindo o nível de in- comparativos, têm ficado para trás, apesar dos progressos.
strução e o acesso às tecnologias digitais (figuras 1 e 2 da caixa).2
Figura 1 da caixa Índia: Desigualdade horizontal ao nível da instrução das pessoas em idade laboral (15–49 anos)
Homens Mulheres
Variação da população com 5 ou mais anos de educação Variação da população com 12 ou mais anos de educação
entre 2005 e 2015 (pontos percentuais) entre 2005 e 2015 (pontos percentuais)
20.6 20.0 10.8 11.4 11.1
10.5
18.0 17.8 9.8 9.4
8.8
13.3
11.3 6.7
10.4
7.3
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados dos Inquéritos sobre Demografia e Saúde.
(continuação)
8.0
4.8
3.0
Tribo Casta Outras Classes Outros Tribo Casta Outras Classes Outros
Registada Registada Retardatárias Registada Registada Retardatárias
A metamorfose das
Telemóvel, variação entre 2005 e 2015 Computador, variação entre 2005 e 2015 aspirações das pessoas,
(pontos percentuais) (pontos percentuais) em virtude de realizações
79.1 10.2 individuais e sociais, pode
77.4 ser uma componente
72.6 natural do processo
6.0
66.2 de desenvolvimento
4.0
2.3
Tribo Casta Outras Classes Outros Tribo Casta Outras Classes Outros
Registada Registada Retardatárias Registada Registada Retardatárias
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados dos Inquéritos sobre Demografia e Saúde.
Notas
1. Ver PNUD e OPHI 2019. 2. Ver IIPS e Macro International (2007) e IIPS e IFC International (2017). 3. Mosse 2018.
Esta caixa assenta numa perspetiva psicossocial emergente, que considera as pessoas preservar crenças acerca da equidade do sistema, a um nível mais amplo.7 A desigualdade
seres relacionais, motivadas para a regulação da sua rede de relações sociais. Esta pers- em termos de rendimento pode ser vista como justa pelas pessoas que subscrevem um sis-
petiva, que transcende as perspetivas mais individualistas, sugere que a inserção social (a tema de crenças meritocrático (que postula condições equitativas para todos). Com efeito, é
experiência da ligação social no seio de redes sociais e através de identidades coletivas) frequente usar-se estereótipos para admitir as desigualdades com vista à sua manutenção
e a privação relativa (a experiência de se encontrar, injustamente, numa situação pior do e, por conseguinte, à do sistema mais amplo em que se inserem.8
que a dos outros, com base em comparações sociais com os mesmos) têm consequências Contra este plano de fundo, uma perspetiva psicossocial oferece respostas a questões
importantes. como as razões da ação ou inação das pessoas no que diz respeito à desigualdade (como
Os humanos são uma espécie ultrassocial, com uma necessidade de pertença. Os no caso da discrepância salarial entre os géneros) e os motivos pelos quais parecem agir
vínculos psicológicos com os outros que os indivíduos desenvolvem através da interação de um modo irracional (votando, por exemplo, num partido que não protege os seus inter-
social refletem fontes de apoio social e agência e proporcionam alvos de comparação esses). Uma tal perspetiva ajuda a ir além das correlações gerais entre dados agregados
social (avaliações subjetivas da superioridade ou inferioridade da situação dos demais (tais como os indicadores entre países da desigualdade ao nível do rendimento e da saúde
face a si próprio).1 Este fenómeno é fundamental para a compreensão das consequências pública) e foca-se na parcela da relação mais ampla que é passível de explicação através
da desigualdade, visto que uma perspetiva psicossocial se foca na existência e nas car- de processos psicológicos como a inserção e a privação relativa.9
acterísticas da perceção e da sensação subjetivas dos indivíduos quanto ao facto de a Uma perspetiva psicossocial da desigualdade vai, ainda, além da desigualdade de
desigualdade depender da sua rede de relações. rendimento. Muitas das desigualdades ao nível da saúde têm antecedentes sociais em
Porém, mesmo quando os indivíduos percecionam a desigualdade, podem não con- várias formas de desigualdade, incluindo o género, a etnia e a raça.10 As obras de referên-
siderá-la injusta.2 As redes sociais tendem a ser homogéneas, uma vez que os indivídu- cia e os grupos de comparação social apontam para a importância de saber com quem as
os tendem a segregar-se a si próprios (“diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”).3 pessoas se comparam e, por conseguinte, quem pertence à sua rede e que identidades co-
Frequentemente, os indivíduos comparam-se a si mesmos com as pessoas à sua volta, as letivas valorizam — e as formas específicas de desigualdade que mais provavelmente con-
que formam uma “bolha” e que, por isso, apresentam uma maior probabilidade de afirmar- siderarão injustas e em relação às quais julgarão encontrar-se numa situação de privação.
em as suas opiniões quanto à desigualdade. O contacto com os demais — por exemplo, Estas dimensões psicológicas podem, com facilidade, perder-se à medida que o nível de
entre membros de grupos privilegiados e desfavorecidos — pode levar ao incremento da análise e de agregação se eleva.
consciência que as pessoas têm da desigualdade,4 embora a investigação também indique Atentemos na educação. Não se trata de um mero fator objetivo que concede ou veda
que o mesmo contacto é, com frequência, marcado pelo desejo de preservar a harmonia, oportunidades de mobilidade social. Pode, de igual modo, constituir um potencial fator
ao invés de discutir a verdade inconveniente da desigualdade entre grupos (a “ironia da de formação de bolhas e identidades no âmbito da participação política.11 Por exemplo,
harmonia”).5 Assim sendo, a inserção social comporta, frequentemente um efeito sedativo consciencializar as pessoas para as diferenças entre os estatutos de grupos com diferentes
no que toca à perceção da desigualdade — não é possível agir sobre o que não se vê no níveis de instrução só reforça essas diferenças, as quais, provavelmente, assentam na con-
interior da própria bolha.6 firmação dos estereótipos de competência associados às pessoas com um nível inferior ou
Existe, igualmente, uma explicação relacionada com as motivações para que não se superior de educação.12 Este fenómeno traz à memória o modo como a crença na meritoc-
considere a desigualdade, ainda que percecionada, injusta. Mais especificamente, os in- racia pode justificar as desigualdades.13
divíduos podem ser motivados a negar ou justificar a existência da desigualdade de forma a
Notas
1. Festinger 1954; Smith e outros 2012. 2. Deaton 2003; Jost 2019; Jost, Ledgerwood e Hardin 2008; Major 1994. 3. Dixon, Durrheim e Tredoux 2005. 4.
MacInnis e Hodson 2019. 5. Saguy 2018. 6. Cakal e outros 2011. 7. Jost, Ledgerwood e Hardin 2008; Major 1994. 8. Jost, Ledgerwood e Hardin 2008; Major 1994. 9. Corcoran, Pettinicchio e Young 2011; Green, Glaser e Rich 1998. 10. Marmot 2005. 11. Spruyt e Kuppens 2015. 12. Spruyt, Kuppens,
Spears e van Noord por publicar. 13. Jost 2019.
Fonte: Com base em dados de van Zomeren (2019).
XXI. Entre a base e o topo da distribuição do desen- o atingem e as restantes. Posteriormente, assim que
volvimento humano encontra-se a classe média global uma grande percentagem da população obtém acesso,
mais diversa da história. É diversa na sua composição a desigualdade principia o seu declínio: A maioria das
cultural, localização geográfica e posição relativa ao pessoas exibe um desempenho igualmente satisfatório.
nível das dinâmicas de convergência e de divergência. Este fenómeno evidencia a existência de diferentes
Trata-se, igualmente, de uma classe média cada vez tipos de desigualdade. São vários os processos de di-
mais fragmentada no seio dos países, no que toca ao vergência e de convergência que ocorrem ao mesmo
acesso a bens e serviços, uma realidade documentada tempo — curvas de Kuznets sobrepostas81—pelo que
nos países desenvolvidos.78 a mesma pessoa pode estar a aproximar-se ao nível das
Pode argumentar-se que algumas das novas desigual- capacidades básicas e, em simultâneo, ficar para trás
dades são uma consequência natural do progresso.79 quanto à aquisição de capacidades avançadas. Quando
O progresso tem de começar por algum lado, pelo estes padrões não são aleatórios e alguns grupos
que alguns grupos assumem a dianteira. Com base no tendem a assumir a dianteira, enquanto outros ficam
progresso gradual, a evolução da desigualdade pode constantemente para trás, é inevitável que este processo
assumir a forma de um “U” invertido ao longo do seja encarado como injusto.
tempo, uma versão da curva de Kuznets.80 Quando um Deste modo, ainda que a desigualdade transitória
número muito reduzido de pessoas alcança uma “meta” ande a par de algumas formas de progresso, uma tal de-
(como o acesso a uma nova tecnologia), o grau de de- sigualdade pode ser injusta se o progresso subsequente
sigualdade é baixo: A maior parte das pessoas tem um não se disseminar de forma ampla e suficientemente
desempenho igualmente fraco. Em seguida, à medida rápida. As desigualdades relativas às capacidades avan-
que mais pessoas obtêm acesso, a desigualdade começa çadas que já eram acentuadas há 10 anos atrás têm au-
a aumentar, refletindo a divisão entre as pessoas que mentado desde então. Esta situação pode ser alterada,
A organização dos mercados, o seu funcionamento, a trata, portanto, de um conjunto arbitrário, mas antes
sua interação com o Estado e os seus efeitos, a um nível de casos bem conhecidos de economias com mercados
mais amplo, sobre uma economia e sociedade desenvol- dominantes, que podem ser acompanhados ao longo
vem-se a um passo lento. Embora os debates em torno de um período extenso. Este processo permite uma
da desigualdade sejam dominados por acontecimentos melhor compreensão do modo de desenvolvimento
que se cingem a algumas décadas e até, com frequência, das economias de mercado, algo de que os trabalhos
alguns anos, a observação e análise do modo como a teóricos e formais, bem como os estudos de caso acerca
desigualdade surge, como leva à concentração do de breves períodos, são incapazes.
poder e como pode conduzir à captura dos mercados As seis economias de mercado exibiam, na sua tota-
e do Estado carecem de uma perspetiva histórica, com lidade, uma evolução semelhante. Em cada um dos três
um alcance bem maior. Uma tal abordagem a longo casos que foram objeto de uma análise aprofundada
prazo pode ter parecido irrelevante para questões re- — o Iraque, a Itália e os Países Baixos2—os mercados
lacionadas com a economia de mercado, dado que se surgiram numa conjuntura equitativa e tornaram-se
defendia amplamente que a economia de mercado era dominantes, com uma organização institucional que
um fenómeno moderno, que apenas se desenvolvera a facilitava o acesso ao mercado por parte de vastos
partir do século XIX, com uma associação próxima à segmentos da sociedade. As oportunidades oferecidas
modernização. O trabalho recentemente desenvolvido pelas trocas comerciais impulsionaram o crescimento e
no domínio da história económica transformou, con- o bem-estar económicos, com uma distribuição bastan-
tudo, esta ideia, ao identificar diversas economias de te igualitária dos frutos do crescimento. À medida que
mercado muito anteriores na história.1 os mercados se tornaram dominantes, especialmente os
Foram identificadas, com certeza, nove economias mercados fundiários, laborais e de capitais, a desigual-
de mercado, desde a antiguidade até à era moderna, dade também se acentuou, num processo lento, que
seis das quais deixaram dados suficientes para uma acompanhou a concentração da propriedade da terra
investigação adequada. (tabela D1.1.1). Não se e do capital. A desigualdade em termos de riqueza,
TABELA D1.1.1
FIGURA D1.1.2
Associação entre o risco de maré alta e as inundações catastróficas: A igualdade económica e política potencia o ajuste das
instituições às circunstâncias e a prevenção de catástrofes
Feedback
bem-sucedido
Catástrofe
(inundação de
Deficiente ajuste das instituições
grandes dimensões)
Risco
(maré alta)
Nota: Respostas dos inquiridos às questões de avaliação da vida colocadas na sondagem, numa escala de 0 (o pior possível) a 10 (o melhor possível).
Fonte: Helliwell 2019.
Notas
A tendência para uma maior desigualdade ao nível
1 Hauser e Norton 2017.
do bem-estar subjetivo constitui um desafio. Em 2 Norton e Ariely 2011.
primeiro lugar, a satisfação global das pessoas com a 3 Norton e Ariely 2013.
4 Kiatpongsan e Norton 2014.
sua vida é, de várias formas, um barómetro de tudo o 5 Cruces, Pérez-Truglia e Tetaz 2013.
6 Bublitz 2016. Estes países incluem o Brasil, a França, a Alemanha, a Federação
resto nas suas vidas. Existe uma forte associação entre Russa, a Espanha, a Suécia, o Reino Unido e os Estados Unidos. Em relação à
avaliações mais positivas da vida e vários indicadores estimativa da própria posição quanto ao rendimento, os indivíduos do quintil
inferior do rendimento apresentam um enviesamento positivo quanto à mesma,
fundamentais do desenvolvimento humano — in- enquanto os indivíduos dos quintis superiores do rendimento exibem uma pre-
cluindo uma maior satisfação com o emprego e um ponderância para subestimar a sua posição em termos de rendimento (exceto os
indivíduos do segundo quintil, que revelam um enviesamento quase nulo quanto
governo mais eficaz — e uma associação moderada à posição ao nível do rendimento).
7 Ver Sen (2008a).
entre uma maior satisfação com a vida, por um lado, e 8 Ver, por exemplo, Sen (1999, pp. 62–63).
um grau superior de liberdade de escolha e inferior de 9 Graham 2012.
10 Helliwell 2019.
desigualdade, por outro.11 Além disso, as variáveis que a 11 Ver Hall (2013).
12 Ver Hall (2013).
literatura acerca do bem-estar subjetivo e, de um modo 13 Helliwell 2019
Nos dias de hoje, cerca de 600 milhões de pessoas as atuais tendências persistam, em 2030, quase 9 em
vivem com menos de 1,90 $ por dia.1 A luta contra cada 10 das pessoas que vivem em situação de pobreza
a pobreza conheceu um progresso considerável nas extrema localizar-se-ão na África Subsariana.2
últimas décadas. A taxa de pobreza extrema de rendi- A pobreza de rendimento é apenas uma forma de
mento baixou de 36 por cento, em 1990, para 8,6 por pobreza. Os mais desfavorecidos padecem de priva-
cento, em 2018. Apesar deste progresso, o número de ções sobrepostas, de normas sociais discriminatórias
pessoas que vivem em situação de pobreza extrema, em e da ausência de capacitação política. Os riscos e as
todo o mundo, é inaceitavelmente elevado e a redução vulnerabilidades só enfatizam a fragilidade das realiza-
da pobreza poderá não ser suficientemente rápida ções — conforme se explica na iniciativa “Leaving No
para erradicar a pobreza até 2030, conforme ditam os One Behind” (“Não Deixar Ninguém para Trás”) do
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Após déca- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.3
das de progresso, a redução da pobreza está a abrandar A maioria dos países “fora de pista”, neste contexto,
(caixa D1.3.1). situa-se em África e mais de um terço dos mesmos
Em termos gerais, as taxas de pobreza extrema ten- apresentam níveis elevados de conflito ou violência.4
dem a ser mais elevadas em países com um baixo nível Juntos, constituem alguns dos desafios mais sérios
de desenvolvimento humano, mas é possível encontrar do mundo ao nível do desenvolvimento. Partilham,
pessoas pobres em países de todos os níveis de desen- além disso, um fraco esforço fiscal e um baixo nível de
volvimento (figura D1.3.1). Embora as taxas de pobre- despesas com a saúde e a educação. São prejudicados
za tenham decrescido em todas as regiões, o progresso pelo débil desenvolvimento do setor privado, no
tem sido desigual e mais de metade das pessoas que vi- segmento dos serviços não agrícolas, e têm em comum
vem em situação de pobreza extrema residem na África uma acentuada dependência dos recursos naturais. O
Subsariana, onde os números absolutos de pessoas que aumento do rendimento do trabalho é fulcral para as
vivem em situação de pobreza estão a aumentar. Caso pessoas que ocupam o fundo da base.5 O acesso a ativos
CAIXA D1.3.1
Atualmente, a cada minuto, 70 pessoas escapam à pobreza, mas, Figura 1 da caixa Contagem de pessoas em situação de
assim que a maioria dos países asiáticos alcançarem o objetivo pobreza por classificação da trajetória, 2017 e 2030
de pobreza, as projeções apontam para que a taxa de redução da
Contagem de pessoasem situação de pobreza com base
pobreza abrande para menos de 50 pessoas por minuto, em 2020. nos SSP 2 (milhões) 104 países
A taxa de pobreza mundial projetada para 2030 varia entre 4,5 por 23 milhões
cento (cerca de 375 milhões de pessoas) e quase 6 por cento (mais
de 500 milhões de pessoas) (ver figura). Mesmo as projeções mais 600 24 países 104 países 24 países
otimistas preveem que, em 2030, mais de 300 milhões de pessoas 207 milhões 10 milhões 10 milhões
vivam em situação de pobreza extrema na África Subsariana.
De acordo com o cenário de referência, 24 países estão em 400 40 países
40 países
vias de atingir o objetivo de pobreza, estimando-se que 207 mil- 202 milhões 131 milhões
hões de pessoas escapem à pobreza antes de 2030. Em 40 dos
200
países transviados, apesar da previsão de queda da contagem 20 países 20 países
de pessoas em situação de pobreza, estima-se que 131 milhões 242 milhões 290 milhões
de pessoas permaneçam nessa situação até 2030. Em 20 países, 0
projeta-se que o número de pessoas que vivem em situação de 2017 2030
Em vias de erradicação
pobreza aumente de 242 milhões para 290 milhões (ver figura). No Aumento da pobreza das privações extremas
entanto, o cenário de referência é uma perspetiva relativamente
Transviados Sem pobreza extrema
otimista do futuro desenvolvimento económico, especialmente na Nota: Os Shared Socioeconomic Pathways (Cenários Partilhados de Evolução
África Subsariana. Socioeconómica) do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas
refletem diversos graus de mitigação e de adaptação às alterações climáticas. O SSP2
corresponde ao cenário de referência e presume a continuação das atuais tendências
socioeconómicas globais.
Fonte: Cuaresma e outros 2018.
Cerca de 600 milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza de $1,90 por dia
80
60
40
20
Nota: Cada bolha representa um país e o tamanho da bolha é proporcional à respetiva população em situação de pobreza de rendimento.
Fonte: Estimativas do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano.
A pobreza ao nível dos $1,90 por dia está ligada à pobreza multidimensional
80
60
40
20
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Valor do Índice de Pobreza Multidimensional, 2007-2018
As desigualdades
no desenvolvimento
humano: Interligadas
e persistentes
Infographic: Title
2.
As desigualdades no desenvolvimento
humano: Interligadas e persistentes
“A desigualdade apresenta-se mais como uma consequência do que uma causa dos processos económicos, políticos e sociais. (...) Alguns
dos processos que geram desigualdade são amplamente considerados justos. Outros, contudo, são profunda e obviamente injustos, tendo-se
tornado numa fonte legítima de indignação e alheamento.”1
De que modo surgem os padrões de desigualdade no efetuada no capítulo 1 (sendo as alterações climáticas e a
desenvolvimento humano? Onde se encontram as opor- tecnologia abordadas em profundidade na parte III do
tunidades para os corrigir? Uma grande parte do debate Relatório), e tem em conta o que sucede às crianças desde
em torno destas questões tem-se centrado na tese de o seu nascimento e até antes a par do modo como as
que a desigualdade de rendimento, por si só, tem efeitos famílias, os mercados laborais e as políticas públicas dão
nocivos sobre o desenvolvimento humano. Assim, a forma às oportunidades das crianças.4 Os pais, através das
redução da desigualdade de rendimento — principal- suas ações e decisões, transmitem aos seus filhos as quali-
mente através da redistribuição, mediante impostos e dades que o mercado de trabalho valoriza ou desvaloriza,
transferências — também potenciaria as capacidades e o que explica, em parte, o modo como os antecedentes
levaria a uma distribuição mais igualitária das mesmas. familiares determinam o rendimento pessoal. O nível de
Trata-se, porém, de uma formulação demasiado instrução das crianças depende do estatuto socioeconó-
redutora e mecânica dos vínculos entre a desigualdade mico dos seus pais, o que também condiciona a saúde
de rendimento e as capacidades. Como no capítulo 1, é das crianças, desde antes do seu nascimento, e as suas
crucial ir além do rendimento e delinear os mecanismos capacidades cognitivas, em parte através dos estímulos
através dos quais as desigualdades ao nível do desenvolvi- na primeira infância. Esse estatuto também determina
mento humano surgem — e, frequentemente, persistem. o bairro em que crescem, as escolas que frequentam e as
A abordagem deste capítulo acompanha o argumento oportunidades de que dispõem no mercado laboral, em
de Amartya Sen em O Desenvolvimento como Liberdade, parte através do seu conhecimento e das suas redes.
segundo o qual o combate às privações numa dimensão Apesar de esta abordagem centrada no ciclo de vida ser
não só apresenta benefícios em si, como também auxilia útil para a elucidação dos mecanismos ao nível individual
a melhoria das demais.2 Por exemplo, as privações no e do agregado familiar, os fatores determinantes da dis-
domínio da habitação ou nutricionais podem prejudicar tribuição das capacidades não podem ser explicados, na
os resultados relativos à saúde e à educação. Embora o íntegra, pelo comportamento nestes domínios. As políti-
rendimento seja, igualmente, um fator, as privações não cas, as instituições e o ritmo de crescimento e de mudan-
estão, necessariamente, associadas à capacidade do agre- ça da estrutura económica, entre outros fatores, revestem,
gado familiar de comprar bens e serviços nos mercados. É de igual modo, uma grande importância. Por este moti-
essa a motivação do Índice de Pobreza Multidimensional vo, o capítulo adota uma segunda abordagem, de forma
global, o indicador não monetário de privação publicado a ter em consideração o modo como a desigualdade de
no Relatório do Desenvolvimento Humano desde 2010.3 rendimento interage com as instituições e os equilíbrios
Ter uma saúde precária e poucas qualificações académi- de poder, o modo de funcionamento das sociedades e Nos países com um
cas pode, por sua vez, prejudicar a capacidade de auferir até a natureza do crescimento económico. Ir além do
grau elevado de
rendimento ou participar na vida social e política. Estas rendimento não implica a exclusão da desigualdade ao
privações podem reforçar-se mutuamente e acumular-se nível do mesmo. Significa, ao invés, que a desigualdade
desigualdade de
ao longo do tempo — impulsionando e até agravando as de rendimento não deve, nas palavras de Angus Deaton, rendimento, a associação
disparidades em termos de capacidades. ser considerada uma espécie de “poluição” que prejudica, entre o rendimento
A dificuldade desta abordagem é, no entanto, seme- diretamente, os resultados ao nível do desenvolvimento dos pais e o dos seus
lhante à do capítulo 1: por onde começar? humano.5 É imprescindível explicar os mecanismos atra-
filhos é mais vincada —
O presente capítulo debruça-se sobre a questão me- vés dos quais a desigualdade de rendimento interage com
ou seja, a mobilidade
diante uma dúplice abordagem. A primeira adota uma a sociedade, com a política e com a economia e de que
perspetiva assente no ciclo de vida, idêntica à que inspi- forma podem, simultaneamente, produzir mais desigual- intergeracional ao nível
rou a análise das capacidades ligadas à saúde e à educação dades e lesar o desenvolvimento humano. do rendimento é inferior
Estatuto
socioeconómico
dos pais
Desenvolvimento
Saúde
na primeira
da criança
infância
Formação de casais
segundo um modo
seletivo de preferências
Saúde
Educação
do adulto
Estatuto
socioeconómico
do adulto
Nota: Os círculos representam as diferentes fases do ciclo de vida, sendo que os laranja correspondem aos resultados finais. O retângulo representa o processo de formação de casais segundo um modo seletivo de
preferências. As linhas tracejadas referem-se às interações que não são descritas em detalhe no presente capítulo. A saúde de uma criança afeta o desenvolvimento na primeira infância e as perspetivas educativas. Por
exemplo, uma criança portadora de deficiências cognitivas não poderá usufruir do desenvolvimento na primeira infância nem das oportunidades educativas do mesmo modo que uma criança saudável. A educação também
pode promover um estilo de vida saudável e transmitir informações sobre como recorrer a um determinado sistema de saúde em caso de necessidade (Cutler e Lleras-Muney 2010).
Fronte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, adaptado de Deaton (2013b).
FIGURA 2.4
As disparidades ao nível das competências surgem na primeira infância, consoante a instrução dos pais
Pontuação Etapa
composta (z)
K1 K2 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G9
Nota: As linhas verticais tracejadas destacam as dinâmicas temporais das disparidades em termos de progresso, desde o ensino pré-escolar até ao primeiro ciclo do secundário, inclusive. O índice composto (z) engloba
diversos indicadores, em todos os intervalos de medição, exceto o dos 7 meses de idade, que inclui uma única avaliação (competências sensoriomotoras), e o dos 4 anos de idade, que inclui, igualmente, uma única
avaliação (aptidões matemáticas). As previsões baseiam-se em modelos de regressão específicos das fases da vida. As linhas verticais em cada ponto representam intervalos de confiança de 95 por cento para as previsões.
K refere-se ao jardim de infância e G refere-se ao ano de escolaridade. As linhas pretas com tracejados longos unem dados relativos ao mesmo grupo do National Educational Panel Study (Estudo do Painel Nacional
de Educação).
Fonte: Skopek e Passaretta 2018.
Identificaram-se cinco competências-chave sociais e emocion- especialmente no caso de crianças em risco, tais como as perten-
ais essenciais: autoconsciência, autogestão, consciência social, centes a minorias étnicas e culturais, as provenientes de contextos
competências relacionais e tomada responsável de decisões (ver socioeconómicos com privações e as que enfrentam desafios so-
figura). Estão interrelacionadas, sendo sinergéticas e integrais ciais, emocionais e de saúde mental.2 A aprendizagem socioemo-
quanto ao crescimento e desenvolvimento das crianças e dos cional pode, assim, nivelar o gradiente da educação, através da
adultos.1 A inclusão e o reforço de materiais de aprendizagem ampliação das capacidades, com um potencial de redução das
que ensinam competências sociais e emocionais nos currículos de desigualdades no desenvolvimento humano e de promoção da
base têm demonstrado uma elevada eficácia nos países europeus, equidade e da inclusão social.
ílios e comunidades
Domic
Escolas
Salas de aula
Autoconsciência Autogestão
Aprendizagem
socioemocional
Tomada
Consciência
responsável
social
de decisões
Competências
l
Cu
na
u lo
r rí
relacionais
cio
mo
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nst oc ioe
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Prá n t o à a p r e n diz a g
tic a s cola
e p o l í t i ca s o n í v e l d a e s
a
P arc ri a s
e ria s f
a m i li a r e s e c o m u n i t á
Notas
1. Jagers, Rivas-Drake e Borowski 2018. 2. Cefai e outros 2018.
atribuir um papel crucial, quanto a este fenómeno, aos com um baixo estatuto socioeconómico apresentam
círculos sociais e à atividade familiar na criação de re- uma menor probabilidade de prosseguir a sua educa-
des.41 Nalguns países, as melhorias quanto à mobilidade ção, ainda que esteja disponível e acessível. Acresce que
em termos de educação não surtiram o efeito nivelador as redes de contactos são cruciais para a entrada no
esperado sobre o rendimento, devido à importância mercado laboral.
crescente das redes e das atividades na sua criação, que Assim sendo, existem oportunidades importantes de
Nos atuais mercados
podem, por vezes, ser mais eficazes do que um nível correção das desigualdades em três pontos principais
superior de instrução no mercado de trabalho.42 do ciclo de vida: a primeira infância, a idade escolar e a laborais, sujeitos a
Em suma, as crianças começam em pé de desigual- juventude (especialmente durante a transição da escola constantes avanços
dade, dadas as suas experiências antes do ingresso no para o mercado de trabalho). Além disso, é necessária a tecnológicos e,
sistema educativo formal — em particular, a educação aprendizagem ao longo da vida. Sobretudo nos atuais por conseguinte, à
inicial e os estímulos proporcionados pelos pais. mercados laborais, sujeitos a constantes avanços tecno-
requalificação, são
Juntamente com as diferenças no acesso à educação e lógicos e, por conseguinte, à requalificação, são neces-
na sua qualidade (ver capítulo 1), esta realidade explica sários investimentos substanciais em todas as etapas da
necessários investimentos
a persistência intergeracional ao nível da educação no vida. Trata-se de uma estratégia simultaneamente eco- substanciais em todas
interior dos países. As crianças provenientes de famílias nómica e social, em busca de formas de ampliação das as etapas da vida
CAIXA 2.2
A perceção de privação relativa — o modo como as pessoas perce- e um maior número de doenças mentais e físicas, manifestados
cionam a sua situação, em comparação com a das outras — conduz pelas próprias pessoas.3
a piores resultados ao nível da saúde.1 Porquê? Uma das respostas Um fator potencialmente atenuante deste mecanismo é o en-
reside na experiência da perceção de privação relativa enquanto raizamento social — vínculos sociais nas relações interpessoais,
estado emocional. As pessoas sentem-se pior do que as outras, no seio de redes sociais e identidades coletivas.4 O enraizamento
o que causa sentimentos de raiva e ressentimento.2 Mesmo as social atua como um “amortecedor”, apelidado de “cura social”,
pessoas que se encontram, objetivamente, numa melhor situação reduzindo o stress e a ansiedade.5 O enraizamento social favorece,
podem senti-lo, enquanto as pessoas numa situação objetivamente ainda, a saúde, uma vez que as pessoas socialmente integradas se
pior podem não o fazer. Estes estados emocionais, nem sempre rel- exercitam mais, se alimentam melhor, fumam menos e observam
acionados com a desigualdade média real num dado país, provo- os regimes médicos, a menos que se envolvam em redes tóxicas
cam piores resultados ao nível da saúde, tais como mais stress que fomentam comportamentos de risco.6 Deste modo, a saúde e o
enraizamento social reforçam-se mutuamente.
Notas
1. Mishra e Carleton 2015; Sim e outros 2018; Smith e outros 2012. 2. Smith e outros 2012. 3. Van Zomeren 2019. 4. Van Zomeren 2019. 5. Jetten e outros 2009. 6. Uchino 2006.
FIGURA 2.5
O estatuto socioeconómico afeta áreas específicas da saúde em etapas posteriores do ciclo de vida
FIGURA 2.6
0
0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84 90 96
-1
Percentil salarial
A África do Sul é um interessante caso de estudo da coesão social na socialização inter-racial inferior à dos que consideram que a
e das desigualdades, tendo em consideração sua história de segre- desigualdade se encontra em declínio. Transversalmente aos gru-
gação racial e as desigualdades verticais e horizontais associadas. pos raciais, a socialização inter-racial e a vontade de interação
De acordo com os indicadores multidimensionais do nível de vida, a aumentam à medida que a perceção de desigualdade diminui (ver
desigualdade entre indivíduos e etnia decresceu significativamente figura). A vontade de interação é crucial neste aspeto, pois varia
desde 2008. Acresce, contudo, que as interações inter-raciais — entre as interações reais, em função das circunstâncias. A con-
medidas através das interações sociais inter-raciais efetivas, da clusão permanece significativa, mesmo após o controlo estatístico
vontade de interação e da intenção de conhecer os costumes das do Indicador do Nível de Vida (Indicador que mede a qualidade de
pessoas de outras raças — também decresceram desde 2010. vida e rendimento disponível), da raça, da instrução, da confiança
Embora represente apenas uma parte da coesão social, a interação e de outros indicadores.
inter-racial é crucial na África do Sul. Estas conclusões são, por Estas conclusões são importantes, dado o caráter crucial
isso, contrárias à intuição e contrastam com as conclusões empíri- da interação inter-racial para a coesão social da África do Sul. A
cas de outros países. coesão social, por sua vez, aumenta a probabilidade de um con-
Uma possível explicação consiste na maior importância da senso em torno de políticas igualitárias que reduzam a desigual-
perceção das tendências da desigualdade, que diferem consider- dade. De resto, existem elementos, embora insuficientes, que
avelmente das tendências reais, para prever socialização inter-ra- indiciam que a redução da desigualdade objetiva conduz à melho-
cial. Os cerca de 70 por cento de sul-africanos que julgam que a ria da coesão social. Este facto constitui uma oportunidade para
desigualdade não sofreu grandes mudanças ou, até, que aumentou a criação de um círculo virtuoso de coesão social e de reduzidas
ao longo do tempo apresentam uma probabilidade de participação desigualdades.
O poder de um vizinho
Os seres humanos não agem isoladamente — o seu comportamento depende, em parte, numa segregação emergente muito reduzida (por exemplo, 9 por cento origina 52 por cen-
do comportamento das pessoas da sua vizinhança cognitiva.1 Um exemplo dos modelos to). Isto significa que as pessoas com características étnicas semelhantes se deslocam,
baseados em agentes demonstra o cariz emergente das desigualdades humanas.2 Um automaticamente, para perto umas das outras. Estes padrões comportamentais podem
modelo de segregação de bairros segundo as divisões étnicas — que pode ser encarada acelerar as desigualdades, devido ao poder do efeito de vizinhança — uma expressão uti-
como uma forma de desigualdade geográfica — revela que, mesmo quando existem poucos lizada para descrever o impacto da vizinhança sobre a possibilidade de ascensão da escala
preconceitos individuais, a segregação pode, ainda assim, decorrer da mera interação entre social por um indivíduo, especialmente através da influência dos congéneres e dos modelos
os indivíduos.3 a seguir. Na maioria dos países em vias de desenvolvimento, é provável que os efeitos de
O modelo de segregação contém dois tipos de agentes — vermelhos e verdes — em vizinhança sejam ainda mais acentuados, dadas as enormes diferenças na prestação de
igual número, cada um dos quais ocupa um “pedaço” do ambiente do modelo (equivalente bens e serviços públicos, sobretudo entre as áreas rurais e urbanas.5
a uma casa). Em média, cada agente começa por ter o mesmo número de vizinhos verdes e No entanto, as intervenções das políticas públicas podem ajudar a moldar o comporta-
vermelhos. Um parâmetro fundamental é a percentagem média de vizinhos da mesma cor mento humano, oferecendo incentivos contrários destinados a atenuar o poder do efeito de
de quem os agentes pretendem viver perto (como 30 por cento ou 70 por cento). Caso um vizinhança. Nos Estados Unidos, a desigualdade ao nível dos preços da habitação restringe
agente não tenha um número suficiente de vizinhos da sua própria cor (de acordo com o a capacidade dos trabalhadores se mudarem para uma localização com um maior potencial
parâmetro de preferência), desloca-se para um local próximo. de ganho monetário.6 De um modo semelhante, a qualidade dos serviços públicos, tais
Os resultados da simulação são dramáticos. Partindo de uma preferência pela igual- como as escolas, pode variar entre vizinhanças, agravando ainda mais as desigualdades.
dade absoluta (com 50 por cento de vizinhos da mesma cor), os movimentos individuais A oferta de subsídios estatais à habitação ou de escolas públicas com um nível igualmente
dos agentes originaram uma segregação agregada em torno dos 86 por cento (por outras elevado de qualidade poderia contribuir para a compensação deste efeito. A experiência
palavras, cerca de 86 por cento dos vizinhos de cada um acabaram por ser da mesma cor, Moving to Opportunity (Mudar-se para a Oportunidade) demonstrou a eficácia destas políti-
apesar de cada pessoa pretender um nível de diversidade de 50 por cento). A redução da cas, ao oferecer a famílias aleatoriamente selecionadas vales-habitação, de forma a que
preferência para 40 por cento resulta na redução da taxa global de segregação para, aprox- se mudassem para bairros mais abastados. A deslocação levou ao aumento da frequência
imadamente, 83 por cento; uma redução para 30 por cento faz diminuir a segregação para de universidades e dos rendimentos das pessoas que se mudaram durante a infância.7
75 por cento (ver figura). Apenas a diminuição da preferência para um único dígito resulta
Ponto de partida, com o mesmo número de vizinhos verdes e vermelhos Após a interação entre os agentes
Notas
1. Iversen, Krishna e Sen 2019. 2. AOs modelos baseados em agentes têm sido utilizados para prever o comportamento humano. Recorrendo a uma variedade de ferramentas informáticas, os modelos baseados em agentes criam, tipicamente, um grupo de agentes (pessoas, empresas,
árvores, animais, sociedades, países, etc.), delineiam regras comportamentais simples (quer para todos os agentes quer para subgrupos), colocam os agentes num determinado ambiente simulado (que, habitualmente, consiste nas dimensões do tempo e do espaço) e, em seguida,
permitem que os agentes interajam livremente, com base nas regras comportamentais. O objetivo da simulação é observar os fenómenos emergentes e as propriedades agregadas que decorrem das interações assentes nestas configurações básicas, sem qualquer determinação ex ante
do equilíbrio ou outro objetivo. 3. Schelling 1978. 4. Os números exatos dependem do exercício específico de simulação e do parâmetro de densidade (isto é, a percentagem de ocupação da vizinhança; neste caso, 95 por cento). 5. Iversen, Krishna e Sen 2019. 6. Bayoumi e Barkema 2019.
7. Chetty, Hendren e Katz 2016.
Desigualdade económica e desenvolvimento humano Elizabeth Anderson, Arthur F. Thurnau Professor e John Dewey
Distinto Professor Universitário de Filosofia e Estudos Femininos na Universidade de Michigan
Qual é a importância da desigualdade para o desenvolvimento humano? Limita as perspetivas extremas no percentil superior da distribuição do rendimento e da riqueza,3 assim como uma
de desenvolvimento das pessoas menos favorecidas. Prejudica a capacidade das políticas não classe média reduzida ou estagnada.
direcionadas de estímulo do crescimento para a redução da pobreza, uma vez que a maior parte do A importância normativa independente da desigualdade sugere que a abolição da pobreza
crescimento será apropriado pelos mais abastados. Reduz, ainda, a mobilidade social, ao permitir e das privações não deveria ser a única meta; a concentração do rendimento e da riqueza no
que os grupos privilegiados acumulem as oportunidades e formem uma frente unida contra os que topo também deveriam ser limitados.4 Em 2019, os 26 indivíduos mais ricos do mundo possuíam
ocupam uma posição inferior. tanta riqueza quanto a metade mais desfavorecida da população mundial.5 Não existe qualquer
Além destas preocupações, os teóricos políticos têm chamado a atenção para os aspe- justificação normativa para uma desigualdade tão extrema. A riqueza das pessoas extremamente
tos relacionais da desigualdade, transcendendo os meros factos da desigualdade distributiva: ricas nem sempre foi acumulada de forma legal — dada a enorme escala da corrupção global,
As desigualdades distributivas refletem, reproduzem e, por vezes, constituem relações sociais do crime organizado, da manipulação financeira, do branqueamento de capitais e da evasão fis-
opressivas de dominação, estima e estatuto.1 Não é apenas o simples prejuízo material da usur- cal. Contudo, mesmo nos casos em que o foi, esse facto apenas colocaria em questão a justifi-
pação dos salários ou de ser fisicamente agredido por um parceiro doméstico, mas antes o facto cação para leis tão fortemente enviesadas em prol dos interesses dos ricos. É absurdo atribuir
de viver em sujeição a outros, que detêm o poder de infligir danos com impunidade e que se sen- tal desigualdade a diferenças de mérito, dada a parcela crescente do rendimento formada pelo
tem livres para sacrificar os interesses vitais de outrem em prol da própria ganância ou vaidade, capital, que recompensa a mera propriedade, e o grande impacto do acaso sobre os resultados.
que não só priva como também oprime. Não é apenas o simples facto de não possuir um vestuário Do mesmo modo, não se pode racionalizar uma desigualdade tão extrema como necessária para a
adequado, mas antes o estigma que as outras pessoas associam a essa privação, que faz com que redução da pobreza, nem socialmente vantajosa em qualquer outro aspeto. A riqueza extrema não
a pobreza doa. Não é só a mera dificuldade física dos portadores de deficiência em se deslocarem aumenta, sequer, o leque de possibilidades de consumo das pessoas extremamente ricas, que não
nos espaços públicos, mas também a pouca consideração que os arquitetos estatais e as políticas conseguem, pessoalmente, consumir toda a sua riqueza, nem mesmo uma fração significativa.
públicas tiveram pelos seus interesses, que não só os incomoda, como constitui, ainda, o seu De facto, grande parte daquilo que as pessoas extremamente ricas fazem com as suas for-
estatuto diminuído aos olhos das outras pessoas. tunas consiste no exercício de poder sobre outras. Caso possuam, dirijam ou giram uma empre-
Em todo o mundo, a desigualdade acompanha diferenças de identidade social, como as de sa, empregam a sua riqueza para controlar os seus trabalhadores e as respetivas condições de
género, raça, etnia, religião, casta, classe e orientação sexual — distinguindo, arbitrariamente, trabalho. Caso detenham um monopólio ou monopsónio, podem dominar os consumidores, os
alguns grupos sociais como superiores aos outros nas oportunidades de que usufruem, nos po- fornecedores e as comunidades em que operam. Caso recorram a lóbis ou donativos a políticos,
deres ao seu dispor e no respeito que lhes é devido. Em tais condições, os membros dos grupos podem apropriar-se do Estado. As pessoas extremamente ricas exercem, igualmente, um controlo
subordinados carecem de meios eficazes para a reivindicação dos seus direitos humanos, mesmo desproporcional sobre as instituições globais, sobretudo no tocante às regras da finança mundial,
em estados que os reconhecem legalmente. Os grupos que são alvo de assédio e agressão sexual que contribuíram para os riscos financeiros sistémicos e para a instabilidade que muitos países
não conseguem reivindicar os seus direitos se as normas sociais ou jurídicas descredibilizarem atravessam em todo o mundo.
sistematicamente o seu testemunho. Os grupos sujeitos aos efeitos nocivos desproporcionais dos Na era atual, assiste-se a um retrocesso democrático global, após uma vaga de democra-
depósitos de resíduos tóxicos e das indústrias poluentes não podem reivindicar os seus direitos tização na década de 1990 e no início dos anos 2000. Segundo a Freedom House, em 41 democ-
se não forem coletivamente representados ou se as pessoas responsáveis pelas decisões estatais racias, 22 tornaram-se menos livres nos últimos cinco anos.6 Apesar de os vínculos causais entre
não lhes prestarem contas de outro modo. a desigualdade distributiva (incluindo concentrações extremas de riqueza no topo e o declínio
Os grupos a quem um acesso eficaz à educação é negado não conseguem fazer valer os seus das perspetivas do segmento intermédio global) e a deterioração das normas e instituições de-
direitos se não souberem quais são ou se forem incapazes de se orientar por entre os proces- mocráticas ainda não terem sido plenamente explorados, aquilo que já se sabe deveria fazer soar
sos judiciais e burocráticos necessários à sua garantia. A desigualdade distributiva, no caso das o alarme. Enquanto as pessoas extremamente ricas escapam aos piores efeitos das alterações
relações sociais, mina a confiança entre os membros da sociedade, bem como nas instituições. climáticas globais por mitigar, o que acontecerá aos milhares de milhões que ficarão sem lar,
Deprime a participação política, cívica, social e cultural. Incita à violência comunitária e ao crime. doentes ou apátridas devido à subida do nível do mar, a inundações extremas, secas, ondas de
Prejudica a democracia, ao permitir que os mais afortunados capturem o Estado e, deste modo, se calor e aos concomitantes conflitos sociais e guerras civis? As grandes desigualdades definidas
apropriem de uma parcela desproporcional dos bens públicos, desviem o ónus fiscal num sentido pelo estatuto de cidadania põem em perigo a liberdade dos refugiados ambientais e de guerra, ao
regressivo, apliquem a austeridade financeira e se esquivem à responsabilidade por comporta- passo que os políticos dos estados de acolhimento atacam as instituições democráticas em nome
mentos predatórios e criminosos. Até as leis e a regulamentação que constituem a infraestrutura do encerramento das suas fronteiras. Precisamente no momento em que o confronto dos desafios
económica de base dos mercados, da propriedade e das empresas foram concebidas sob a in- colocados pelas alterações climáticas exige uma cooperação internacional cada vez maior, os
fluência de grupos poderosos, de forma a deturpar normas supostamente isentas consoante os estados estão a retirar-se das instituições globais. É necessária uma maior atenção à defesa da
seus interesses.2 igualdade, quer dentro de cada estado quer entre os mesmos e na governação das instituições
Estes efeitos podem ocorrer em estados de todos os níveis de desenvolvimento humano, globais, para promover o desenvolvimento humano e lidar com o maior desafio que a humanidade
incluindo os que apresentam um baixo índice de pobreza. São exacerbados por desigualdades enfrenta no século XXI.
Notas
1. Anderson 1999; Fourie, Schuppert e Wallimann-Helmer 2015. 2. Harcourt 2011; Pistor 2019. 3. Piketty 2014. 4. Robeyns 2019. 5. Oxfam 2019. 6. Freedom House 2019.
FIGURA 2.7
Assimetrias de poder
Poder de jure Poder de facto
Nota: Regras refere-se a regras formais e informais (normas). Resultados ao nível do desenvolvimento refere-se à segurança, ao crescimento e à equidade.
Fonte: Banco Mundial 2017b.
CAIXA 2.6
Conflitos armados internos e desigualdades horizontais Instituto de Investigação para a Paz de Oslo
O impacto do conflito armado interno sobre as desigualdades custos diretos (em algumas áreas).3 No entanto, as redistribuições,
de cariz horizontal pode dar-se de várias formas. Nalguns casos, no pós-conflito, do poder e dos recursos podem depender do
pode reduzir as desigualdades horizontais,1 enquanto noutros pode resultado do conflito. Os padrões de desigualdade no rescaldo do
exacerbá-las. conflito podem estar subordinados ao resultado, designadamente
Em primeiro lugar, caso os custos do conflito interno sejam maiores a existência de um acordo pós-conflito que assegure os interesses
para as pessoas que já são mais pobres,2 as desigualdades de quer dos vencidos quer dos vencedores.
cariz horizontal podem acentuar-se. Muitos países e áreas em Nos anos anteriores ao conflito armado, a desigualdade
que decorrem conflitos armados apresentavam desigualdades de regional ao nível das taxas de mortalidade infantil — utilizadas,
cariz horizontal vincadas anteriormente ao conflito, desigualdades neste relatório, como uma representação de uma dimensão das
essas que se exacerbam quando os grupos mais desfavorecidos desigualdades de cariz horizontal — aumenta (ver figura). Este
são desproporcionalmente afetados pelos mesmos. Em segundo aumento prossegue nos anos imediatamente posteriores (1–5) à
lugar, é frequente o conflito armado interno limitar-se ou focar- deflagração do conflito, o que se coaduna com o argumento de
se, em grande medida, em determinadas zonas de um país. Estas que a desigualdade horizontal se agrava durante o mesmo. Esta
áreas e os grupos que nelas residem podem ser isolados do aceleração, contudo, dissipa-se após 5–10 anos. Assim, alguns
resto da sociedade e da economia. Algumas zonas serão, ainda, dados indiciam a associação da fase do pós-conflito ao decréscimo
desproporcionalmente atingidas pela destruição de instalações, de um indicador de uma das dimensões das desigualdades de cariz
edifícios e vidas humanas. horizontal.
Na fase do pós-conflito, estes resultados podem desvanecer-
se, à medida que a economia retoma e que o conflito deixa de impor
Desigualdade regional ao nível das taxas de mortalidade infantil antes e depois do deflagrar do conflito
0.01
–0.01
–0.02
–0.03
–0.04
–4 –2 0 2 4 6 8 10
Fases da deflagração da guerra (anos)
Nota: O eixo x indica o número de anos antes e depois da deflagração do conflito. O conflito define-se, nesta secção, como um conflito armado com, pelo menos, 1.000 mortes em combate. O eixo y
representa a média global do desvio dos países face ao respetivo nível médio de desigualdade horizontal. Por outras palavras, regista se os países apresentam uma desigualdade de cariz horizontal
superior ou inferior ao normal. A desigualdade regional é medida através do rácio entre as regiões com o melhor e com o pior desempenho quanto às taxas de mortalidade infantil.
Fonte: Dahlum e outros por publicar.
Notas
1. A participação política das mulheres, por exemplo, aumenta, frequentemente, em conjunturas de pós-conflito (Banco Mundial 2017b). 2. Gates e outros 2012. 3. Bircan, Brück E Vothknecht 2017.
Fonte: Dahlum e outros por publicar.
Estes aspetos têm uma coisa em comum: Escondem- nas políticas e em grande parte da investigação da
se por detrás de padrões médios de desigualdade que desigualdade. Poderá, contudo, não indicar, na ínte-
lesam o progresso do desenvolvimento humano.2 gra, aquilo que preocupa as pessoas, pelo que poderá
A parte II aborda esta questão de um modo frontal. necessitar do complemento de novas informações.
Vai além das médias3 para evidenciar o que está a De facto, os indicadores sumários de desigualdade
acontecer ao nível das distribuições de rendimento são sensíveis a partes diferentes da distribuição. Todos
e de riqueza, na sua totalidade, revelando padrões de os indicadores sumários implicam julgamentos acerca
evolução destas distribuições.4 Enfoca, além disso, do valor a atribuir às parcelas de rendimentos das
a manifestação mais sistemática e disseminada da pessoas mais pobres e mais ricas. Estes últimos são,
desigualdade horizontal — a desigualdade entre géne- por vezes, apelidados de “ponderações” numa função
ros — frequentemente encoberta pelo enviesamento de bem-estar social. Cada estatística sumária atribui
da recolha de dados e da análise, que prejudicam implicitamente estas ponderações — e, para a maioria
as mulheres num mundo “feito para os homens.” 5 das pessoas, de uma forma não muito transparente.
O destaque 3.1, no final do capítulo 3, ilustra a im- Algumas podem mesmo recorrer a ponderações
portância da análise do interior dos países e até dos sociais que não refletem os valores sociais. Tony
agregados familiares para uma melhor identificação Atkinson, no final da década de 1960, escreveu: “[Ao
das pessoas que ficaram mais para trás, que podem ter analisar] o problema da medição da desigualdade (...)
sido ocultadas pelas médias. atualmente, este problema é habitualmente abordado
O combate à desigualdade começa com uma boa através da utilização de estatísticas sumárias como o
medição e com bons dados. Com efeito, uma das prin- coeficiente de Gini (...). Este método convencional de
cipais debilidades do atual discurso público em torno abordagem é enganador \[porque a] análise das fun-
da desigualdade é o seu recurso a indicadores sumá- ções de bem-estar social implícitas nestes indicadores
rios, cuja escolha está longe de ser trivial (ver destaque revela que, em diversos casos, estas apresentam pro-
3.2 no final do capítulo 3). Não se trata de um assunto priedades cuja aceitação é pouco provável e, em geral,
académico — é crucial para as políticas. nada leva a crer que estejam alinhadas com os valores
Os indicadores sumários convencionais da desigual- sociais. (...) Espero que estes indicadores convencio-
dade podem não identificar os aspetos da distribuição nais sejam rejeitados.”6 Por outras palavras, o conceito
do rendimento, da riqueza e de outros resultados do de desigualdade utilizado, bem como os julgamentos
desenvolvimento humano que realmente preocupam éticos que o mesmo implica, determinarão a conclusão
as pessoas. Por exemplo, os rácios entre as parcelas de alcançada a respeito da mesma.7
rendimentos são insensíveis a transferências regressi- Na realidade, o coeficiente de Gini é mais sensível
vas no seio da população pobre (conforme observado a transferências de rendimento no meio da distri-
no destaque 3.1), uma questão importante para a for- buição do que na base ou no topo — enquanto, em
mulação de políticas. A desigualdade de rendimento muitos países, a maior parte da atividade ao nível das
é frequentemente descrita mediante o coeficiente de dinâmicas do rendimento e da riqueza tem lugar, pre-
Gini. É verdade que o coeficiente de Gini é sensível cisamente, nos extremos da distribuição (capítulo 3).
a transferências regressivas em toda a distribuição e é Em particular, grande parte da atividade, quanto à de-
frequentemente utilizado neste Relatório — tal como sigualdade, ocorre na extremidade do topo, pelo que
Medir a desigualdade
no rendimento
e na riqueza
Infographic: Title
3.
Medir a desigualdade no rendimento e
na riqueza
Uma contribuição do World Inequality Lab
A medição da desigualdade de rendimento é um passo fundamental para a sua devida correção. Os debates públicos assentes em factos
são críticos para que as sociedades determinem em que medida aceitam a desigualdade, que políticas devem implementar para a combater
e o tipo de tributação a que recorrerão — uma decisão particularmente difícil.
Dezenas de países apresentam uma transparência quase nula quanto aos dados relativos à desigualdade
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O jornalismo de investigação pode elucidar e gerar dados acerca Num mundo globalizado, os esforços internacionalmente
de aspetos da desigualdade em relação aos quais não existem coordenados de pesquisa e divulgação de informações podem
quaisquer normas de medição ou que têm permanecido opacos detetar agentes que operam estrategicamente em diversos países,
devido a assimetrias na distribuição do poder (ver capítulo 2). tirando partido de lacunas ao nível da transparência. A Rede
É possível que a criação de protocolos novos e disseminados para Global de Jornalismo Investigativo e o Consórcio Internacional
estimar as pessoas deixadas para trás ou a concentração extrema de Jornalismo de Investigação são dois exemplos eminentes
da riqueza demore anos ou mesmo décadas, com constrangimentos desta abordagem.6 Estas redes apresentam um potencial de
que abrangem desde a corrupção à pressão por parte de grupos de desenvolvimento e defesa das normas de relato responsável
interesses. e de diversificação do risco de pressão por parte de grupos de
O jornalismo de investigação tem desempenhado um papel interesses.
notável na informação do público quanto a dimensões importantes O jornalismo de qualidade tende a fazer face aos desafios
da desigualdade. Hoje em dia, dispomos de um maior conhecimento financeiros, políticos e de segurança. Quando o jornalismo
da globalização da riqueza oculta, graças a revelações como as dos e os meios de comunicação social produzem informações e
casos dos Panama Papers e dos Paradise Papers.1 Na outra vertente conhecimento que se assemelham a um bem público, os subsídios
da distribuição, o relato descentralizado com base em pesquisas do indiretos e diretos permanecem fundamentais para a prevenção de
jornalismo de investigação é responsável pela descoberta regular uma cobertura insuficiente.7 Os jornalistas podem ser submetidos
de episódios de abuso de grupos desfavorecidos: Quando os demais a pressões, intimidação e ataques, cuja ocorrência parece estar
mecanismos de representação dos grupos excluídos fracassam, o a aumentar em muitos países,8 sublinhando a importância da
jornalismo é, frequentemente, a sua derradeira esperança.2 proteção de meios de comunicação social independentes, plurais
Amartya Sen argumentou que uma imprensa livre e uma e diversos.
oposição política ativa constituem sistemas eficazes de alerta O investimento no jornalismo investigativo de qualidade
precoce quanto a crises alimentares, uma vez que a informação e tem um elevado retorno social, desencorajando e corrigindo a
a pressão política promovem a ação.3 Do mesmo modo, os meios corrupção, protegendo as pessoas deixadas para trás e informando
de comunicação social têm desempenhado um papel importante as políticas públicas. Uma área a explorar é um papel reforçado
na frustração de comportamentos que impedem o desenvolvimento da cooperação internacional: Atualmente, apenas cerca de 0,3
humano — o tráfico de pessoas e, nos piores casos, a escravatura, por cento do apoio oficial ao desenvolvimento é dependido no
o trabalho infantil, os casamentos infantis, a mutilação genital desenvolvimento dos meios de comunicação social, uma pequena
e a subnutrição, especialmente entre as crianças, que pode parcela dos quais está claramente associada ao jornalismo de
provocar um atraso no crescimento com efeitos para toda a vida.4 investigação.9
A exposição jornalística da corrupção pode, ainda, proteger as
finanças públicas.5
Notas
1. A par do incremento da consciência e da responsabilidade públicas, estes dados têm sido utilizados no âmbito da investigação académica. Ver, por exemplo, a análise da relação entre a evasão fiscal e a desigualdade
realizada por Alstadsæter, Johannesen e Zucman (2019). 2. Ver exemplos e discussão in Brunwasser (2019). 3. Sen 1982, 1999. 4. Schiffrin 2019. 5. Brunwasser 2019; Schiffrin 2019. 6. Brunwasser 2019; Schiffrin 2019. 7.
Schiffrin 2019. 8. Na sua resolução n.º 33/2, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas exprimiu uma “profunda preocupação” com o número crescente de jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação
social que foram vítimas de homicídio, tortura, apreensão ou detenção nos últimos anos, como consequência direta da sua profissão (CDHNU 2018). 9. No período de 2010–2015, $ 32,5 milhões parecem estar claramente
relacionados com o jornalismo de investigação. Ver anexo 1 de Myers e Juma (2018). Trata-se de um montante reduzido, em comparação com os benefícios líquidos associados aos projetos individuais de jornalismo de
investigação. Ver exemplos in Hamilton (2016) e Sullivan (2016).
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em Brunwasser (2019) e Schiffrin (2019).
para a América Latina e as Caraíbas16 e a base de dados utilizados por gerações de investigadores para estudar
de Estatísticas da União Europeia sobre o Rendimento a desigualdade económica e as suas interações com
e as Condições de Vida (para obter fontes adicionais, outras dimensões do bem-estar, segundo uma perspe-
ver destaque 1.3 no final do capítulo).17 tiva internacional. As bases de dados regionais, como
Estas bases de dados têm auxiliado investigadores, a Base de Dados Socioeconómicos da América Latina
responsáveis pela formulação de políticas, jornalistas e Caraíbas e a base de dados de Estatísticas da União
e o público em geral no enfoque na evolução da de- Europeia sobre o Rendimento e as Condições de Vida,
sigualdade ao longo das últimas décadas. Não existe possibilitaram análises regionais pormenorizadas da
uma só base de dados perfeita acerca da desigualdade, desigualdade, a par do Commitment to Equity Data
nem nunca existirá: Os diferentes conjuntos de dados Center, a que se pode recorrer para a análise do impac-
apoiam conhecimentos complementares acerca da to das políticas fiscais e de transferências.
desigualdade e a decisão de recorrer a um ou a outro A maior parte destas bases de dados dependem, quase
depende, em grande medida, das questões específicas exclusivamente, de um tipo de fontes de informação
a estudar.18 Alguns, como o da PovcalNet, têm sido — os inquérito às famílias, com entrevistas presenciais
utilizados para o cálculo de indicadores da pobreza ou virtuais em que os indivíduos são inquiridos acerca
global. Outros, como a base de dados do LIS, têm sido do seu consumo, rendimento, riqueza e outros aspetos
TABELA 3.1
Dados dos inquéritos às famílias • Os dados dos inquéritos reúnem informações relativas ao rendimento ou aos • A dimensão restrita da amostra constitui um problema. Dado o reduzido
ativos, bem como às dimensões sociais e demográficas, fundamentais para o número de indivíduos extremamente ricos e de alguns grupos vulneráveis, a
desenvolvimento humano. probabilidade da respetiva inclusão nos inquéritos é, tipicamente, diminuta.
Estes fenómenos são apelidados de erros de amostragem.
• Os inquéritos às famílias contribuem para uma melhor compreensão dos fatores
determinantes da desigualdade de rendimento e de riqueza, permitindo a sua • As informações comunicadas pelas próprias pessoas quanto ao rendimento e à
análise em combinação com outras dimensões — como as raciais, espaciais, a riqueza são erráticas. Geralmente, subestimam, em grande medida, a parcela de
educação ou a desigualdade de género. rendimentos do topo. A sobreamostragem não permite corrigir este viés. Estes
fenómenos são designados por erros de não amostragem.
Dados (fiscais) administrativos • Nos países com uma boa execução fiscal, os dados fiscais registam o rendimento e • Os dados fiscais apresentam uma abrangência limitada quanto à porção inferior
a riqueza das pessoas que ocupam o topo da distribuição da riqueza. da distribuição. Sobretudo nos países em vias de desenvolvimento, incluem,
tipicamente, apenas uma pequena parcela da população.
• Os dados fiscais abrangem, de resto, períodos mais extensos do que os
inquéritos. Em regra geral, os dados administrativos são disponibilizados • A fraude e a evasão fiscal afetam os dados fiscais. Os dados fiscais tendem a
anualmente, a partir do início do século XX, no caso dos impostos sobre o subestimar o rendimento e a riqueza do topo. Na maior parte dos casos, dever-
rendimento, e, nalguns países, remontam aos primórdios do século XIX, em se-á considerar que as estimativas da desigualdade baseadas nestes dados
relação aos impostos sucessórios. pecam por defeito.
• Os dados fiscais estão sujeitos a alterações dos conceitos fiscais ao longo do tempo e
entre países, dificultando as comparações históricas e internacionais.
Dados das contas nacionais (produto • Os dados das contas nacionais observam as definições internacionalmente • As contas nacionais não facultam informações quanto à medida em que os
nacional bruto, rendimento nacional, normalizadas para a medição da atividade económica dos países, pelo que diferentes grupos sociais beneficiam do crescimento do rendimento nacional e
riqueza nacional) possibilitam uma comparação diacrónica e transnacional mais consistente do do produto interno bruto.
que os dados fiscais. As definições das contas nacionais, em particular, não
• As mesmas são heterogéneas entre os países, determinadas pela qualidade dos
dependem das variações locais da legislação fiscal nem de outros elementos do
dados nacionais e das premissas específicas de cada país
ordenamento jurídico.
CAIXA 3.2
O presente capítulo centra-se na distribuição do rendimento na- bruto (uma vez que os indivíduos aposentados não teriam qualquer
cional, que consiste na soma de todos os rendimentos auferidos rendimento bruto e figurariam enquanto “pobres virtuais” antes das
pelos indivíduos de uma economia. Esta soma corresponde ao operações fiscais), enquanto um país com um regime privado de
produto interno bruto, ao qual se acrescenta o rendimento líquido pensões exibiria um rendimento bruto positivo no caso dos idosos
obtido no estrangeiro (quando um cidadão brasileiro detém uma (pois estes beneficiariam do rendimento bruto obtido através dos
empresa na Índia, o rendimento do seu capital é contabilizado no respetivos planos de pensões). As diferenças entre países ao nív-
Brasil) e do qual se subtraem os montantes necessários à substitu- el dos indicadores de desigualdade não refletiriam as diferenças
ição de quaisquer aparelhos produtivos (estradas, máquinas, com- quanto à concentração do rendimento nem quanto à eficácia dos
putadores) que se tenham tornado obsoletos. sistemas de pensões, limitando-se às diferentes opções tomadas
Existem duas formas genéricas de medir o rendimento auferi- no tocante à organização do sistema previdenciário.
do pelos indivíduos de um país: anteriormente ao pagamento de Afinal de contas, o rendimento bruto é idêntico ao rendimento
impostos e às transferências estatais (rendimento bruto) e após tributável em muitos países, embora a sua definição seja, geral-
a tributação e as transferências governamentais (rendimento mente, mais ampla e comparável entre países. Importa analisar
líquido). Há várias formas de definir o rendimento bruto e líquido, as diversas variantes do rendimento bruto, que são discutidas em
podendo as definições afetar substancialmente os resultados. No maior detalhe nas diretrizes relativas às contas distributivas na-
quadro de contas distributivas nacionais do World Inequality Lab, cionais. Salvo indicação em contrário, o conceito de rendimento
o rendimento nacional bruto define-se como a soma de todos os utilizado no presente capítulo é o rendimento bruto.1
fluxos pessoais de rendimento, antes de se ter em conta o sistema O rendimento nacional líquido equivale ao rendimento bru-
fiscal e de transferências, mas após a consideração dos sistemas to deduzido de todos os impostos e acrescido de todo o tipo de
de pensões e de prestações de desemprego. Este conceito adapta transferências estatais. De acordo com a metodologia das contas
os cômputos tradicionais do “rendimento do mercado”, conforme distributivas nacionais, todas as formas de despesa estatal são
se explica no destaque 3.3. As contribuições para os sistemas de imputadas a indivíduos, de modo a que a soma dos rendimentos
seguros de pensões e de desemprego são consideradas rendimen- líquidos seja equivalente ao rendimento nacional. A omissão
tos diferidos, sendo, por isso, deduzidas, embora os benefícios cor- deste método levaria a que os países com uma melhor oferta de
respondentes sejam incluídos. bens públicos parecessem, de um modo mecânico, mais pobres.
Este ajuste é crucial para uma comparabilidade satisfatória da Por definição, ao nível agregado ou macroeconómico — somados
desigualdade ao nível do rendimento bruto entre países. De outro todos os rendimentos de todos os indivíduos de um país — o rendi-
modo, um país com um sistema público de pensões apresentaria mento nacional líquido é exatamente igual ao rendimento nacional
uma desigualdade artificialmente elevada ao nível do rendimento bruto e ao rendimento nacional.
Nota
1. Para uma descrição técnica dos conceitos de rendimento e dos métodos utilizados neste capítulo, ver Alvaredo e outros (2016).
E quanto ao consumo?
Para o projeto de contas distributivas nacionais do World Inequality — permitirá relacionar, de um modo sistemático, o rendimento,
Lab e da sua rede de parcerias, o objetivo é uma representação a riqueza e, a prazo, o consumo (rendimento deduzido das
plenamente integrada da economia. A mesma associaria poupanças). A nosso ver, contudo, seria um erro dar demasiada
o estudo microeconómico da desigualdade de rendimento ênfase à perspetiva do consumo, como o faz, por vezes, a literatura
e de riqueza (tipicamente focado nos salários dos agregados acerca da pobreza. O consumo é, obviamente, um indicador de
familiares, nas transferências e na pobreza ou na desigualdade) riqueza da máxima importância, sobretudo na base da distribuição.
a questões macroeconómicas como a acumulação de capital, a O problema prende-se com a tendência dos inquéritos às
estrutura agregada da propriedade e as políticas de privatização famílias regularmente utilizados a fim de medir o consumo para
ou nacionalização. As questões “micro” e “macro” têm sido, a subestimação do rendimento, do consumo e da riqueza do topo.
demasiadas vezes, separadamente abordadas. Acresce que o consumo nem sempre é bem definido no tocante
A desigualdade de Para que fique claro, são, no entanto, necessários grandes aos grupos com maiores rendimentos, os quais, geralmente,
rendimento, com progressos para possibilitar a publicação de uma abordagem poupam uma enorme parcela dos mesmos, optando por um maior
plenamente integrada destas questões, analisando a evolução consumo em anos posteriores e, de um modo mais geral, pelo
base na parcela de conjunta da desigualdade de rendimento e de riqueza em todos os consumo do prestígio ou do poder económico ou político conferido
rendimentos dos 10% do países. Com efeito, esta abordagem exige uma medição cuidadosa, pela riqueza. O desenvolvimento de uma perspetiva congruente
não apenas da desigualdade ao nível do rendimento bruto e líquido, e global da desigualdade económica — que encare os agentes
topo, aumentou, desde
mas também da distribuição das taxas de poupança entre diversos económicos não apenas como consumidores e trabalhadores, mas
a década de 1980, na escalões de rendimento. também enquanto proprietários e investidores — carece de uma
A elaboração de uma tal série — desigualdade ao nível do ênfase equivalente sobre o rendimento e a riqueza.
maioria das regiões,
rendimento bruto, do rendimento líquido e das taxas de poupança
mas a ritmos distintos
Fonte: Extraído de Alvaredo e outros (2018).
A União Europeia destaca-se enquanto região mais rendimento baixo ou médio merecem, de igual modo,
igualitária, com base na parcela do rendimento bruto uma atenção especial.34
correspondente aos 10 percentis superiores, que se cifra A diversidade de padrões entre os países, desde
em 34 por cento. O Médio Oriente é a região mais 1980, demonstra que o agravamento extremo da de-
desigual, em que os 10 percentis do topo detêm 61 por sigualdade em algumas partes do mundo era evitável,
cento do rendimento bruto.32 De permeio, verifica-se estando dependente de opções políticas. A abertura ao
uma pluralidade de níveis de desigualdade, que não pa- comércio e a digitalização da economia são, frequen-
recem estar correlacionados com o rendimento médio. temente, apontadas como motivos do aumento da
Estima-se que os 10 percentis superiores aufiram 47 desigualdade num dado país, embora estes argumentos
por cento do rendimento nos Estados Unidos, 41 por não justifiquem, na íntegra, a diversidade de trajetórias
cento na China e 55 por cento na Índia.33 ora apresentada. A divergência radical entre os Estados
A desigualdade de rendimento, com base na parcela Unidos e a Europa — apesar de exposições idênticas à
de rendimentos dos 10% do topo, aumentou, desde a mudança tecnológica e à abertura ao comércio — re-
década de 1980, na maioria das regiões, mas a ritmos vela a existência de outros fatores — especificamente,
distintos (figura 3.2). O aumento foi extremo na fatores relativos às políticas nacionais. As diferenças
Federação Russa, que era um dos países mais igualitá- entre os Estados Unidos e a Europa não se devem tanto
rios em 1990 (pelo menos, segundo este indicador) e às transferências e aos impostos diretos quanto a outros
se tornou um dos mais desiguais em apenas cinco anos. mecanismos das políticas, sobretudo os sistemas de
O agravamento foi igualmente pronunciado na Índia e saúde, educação, desemprego e pensões, assim como as
nos Estados Unidos, embora não tão acentuado quanto instituições do mercado de trabalho.35 A redistribuição
o da Federação Russa. Na China, após um aumento fiscal e as transferências monetárias a favor dos mais
vincado, a desigualdade estabilizou em meados da desprivilegiados auxiliaram, de facto, os grupos com
década de 2000. O agravamento da desigualdade na baixos rendimentos na Europa, mas não desempenha-
Europa foi mais moderado do que noutras regiões. ram o papel de maior relevo na contenção do agrava-
A desigualdade na África Subsariana, no Brasil e no mento da desigualdade de rendimento.36
Médio Oriente permaneceu extremamente elevada, O que aconteceu à desigualdade entre os indivíduos
com uma parcela de rendimentos dos 10 percentis ao nível global — tratando o mundo como um
superiores na ordem dos 55–60 por cento. Estes único país? Branko Milanovic foi um pioneiro desta
níveis extremos de desigualdade nos países com um
A desigualdade de rendimento, com base na parcela de rendimentos dos 10% do topo, aumentou, desde a década de 1980, na
maioria das regiões, mas a ritmos distintos
Parcela do rendimento
nacional (percentagem) 2016
70
Valor
Médio Oriente 61
60 África 57
Subsariana
Índia 55
50
Brasil 55
América do Norte 47
40
Federação Russa 46
China 41
30 Europa 34
O primeiro percentil
20 do topo global, a elite
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
económica dos países
Fonte: Com base em Alvaredo e outros (2018), recorrendo a dados da World Inequality Database (http://WID.world).
ricos e pobres, obteve
enormes ganhos
análise, defendendo a sua relevância num mundo mais e da América do Norte. Nos Estados Unidos, a situação entre 1980–2016
integrado e globalizado. era ainda pior: Os 50 percentis da base foram quase
Um gráfico do crescimento do rendimento, entre inteiramente excluídos do crescimento económico.
1980 e 2016, relativo à população mundial, classificada No escalão superior da distribuição do rendimento
dos mais pobres aos mais ricos,37 exibe a silhueta de global, as taxas de crescimento são extremamente eleva-
um elefante com a tromba erguida (figura 3.3).38 Na das — superiores a 200 por cento. O primeiro percentil
base da distribuição do rendimento global (do lado do topo global, a elite económica dos países ricos e
esquerdo), os países emergentes com um rendimento pobres, obteve enormes ganhos entre 1980–2016. Na
baixo ou médio apresentavam um elevado crescimento: China e na Índia, por exemplo, as taxas de crescimento
acima dos 100 por cento — representando a duplicação do topo da escala de rendimentos atingiram os três dí-
do rendimento por adulto desde 1980. Nalguns países, gitos. Estes resultados, baseados em dados novos e mais
como a China, os 50 percentis inferiores da população exatos (que combinam dados fiscais, de inquéritos e das
assistiram a um crescimento em torno dos 400 por contas nacionais), amplificam os resultados dos estudos
cento — quintuplicando os rendimentos.39 anteriores com recurso a menos fontes de dados.42
Estas dinâmicas ilustram o modo como centenas O 1% do topo, por si só, recebeu 27 por cento do
de milhões de indivíduos escaparam à pobreza de crescimento do rendimento no período em causa, em
rendimento e viram o seu nível de vida melhorar. comparação com os 12 por cento auferidos pelos 50
Note-se que a figura representa os ganhos relativos, percentis da base. Uma imensa parcela do crescimento
os quais, no caso da base da distribuição, partem de global beneficiou, deste modo, o topo da distribuição
níveis muito reduzidos — uma figura representativa do rendimento global.
dos ganhos absolutos tem um aspeto essencialmente Será uma tal concentração do crescimento global nas
plano, com exceção do pico correspondente às pessoas mãos de uma fração da população necessária para de-
que ocupam o escalão superior.40 Na Índia, a taxa de sencadear o crescimento entre os grupos com menores
pobreza absoluta diminuiu para menos de metade no rendimentos? Os estudos de casos de países e regiões
período em causa e, ao nível global, a percentagem de oferecem uma fraca sustentação empírica da hipótese
pessoas que vivem em situação de pobreza absoluta foi do trickle-down (transposição gradual do rendimento,
reduzida para menos de um terço.41 Porém, na metade dos mais ricos para os mais pobres) nas últimas déca-
superior da distribuição, os rendimentos cresceram das.43 O crescimento mais acentuado do rendimento
a um ritmo muito menos rápido, com um aumento no topo da distribuição não tem correlação com um
inferior a 50 por cento desde 1980. Este segmento da crescimento mais elevado na base. A comparação entre
distribuição do rendimento global corresponde aos os Estados Unidos e a Europa é ilustrativa deste facto.
grupos com baixos ou médios rendimentos da Europa Conforme se observou, o crescimento ocorrido no
Crescimento do rendimento
real por adulto (percentagem)
250
Os 50 percentis da O percentil do topo
base obtiveram 12 por registou 27 por cento
cento do crescimento total do crescimento total
200
150
100
50
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 99 99.9 99.99 99.999
Grupo de rendimento (percentil)
Nota: No eixo horizontal, a população mundial divide-se em 100 grupos com uma população equivalente, dispostos por ordem ascendente, da esquerda para a direita, segundo o rendimento de cada grupo. O grupo do
percentil do topo divide-se em 10 grupos, o mais rico dos quais é igualmente dividido em 10 grupos com uma população equivalente, sendo o mais rico desse grupo novamente dividido em 10 grupos com uma população
equivalente. O eixo vertical exibe o crescimento do rendimento total de um indivíduo médio de cada grupo entre 1980 e 2016. No caso do grupo do percentil p99p99,1 (os 10 por cento mais pobres entre o percentil mais rico
do mundo), o crescimento cifrou-se em 74 por cento entre 1980 e 2016. O 1% do topo registou 27 por cento do crescimento total no decurso deste período. As estimativas do rendimento têm em conta as diferenças entre os
países no tocante ao custo de vida. Os valores são líquidos de inflação. A composição de cada grupo sofreu alterações entre 1980 e 2016.
Fonte: Com base em Alvaredo e outros (2018), recorrendo a dados da World Inequality Database (http://WID.world).
topo, nos Estados Unidos, foi muito superior ao da dois cenários contrafactuais. O primeiro consiste num
Europa, embora os 50 percentis da base pouco tenham mundo sem diferenças ao nível do rendimento médio
beneficiado do crescimento, ao passo que a Europa entre os países (todos os países convergiram no mesmo
foi mais bem-sucedida no fomento do crescimento da rendimento médio), embora com uma desigualdade no
maioria da sua população, apesar de um crescimento seio dos países correspondente aos níveis observados
inferior no topo. na realidade desde 1980. O segundo equivale a um
mundo sem desigualdade no seio dos países (todos os
Convergência entre países versus indivíduos no seio de um mesmo país auferem o mes-
divergência no seio de cada país mo rendimento), mas em que os rendimentos médios
nacionais diferem exatamente do modo observado na
Para compreender as dinâmicas da desigualdade de realidade desde 1980.45
rendimento ao nível mundial, no decurso das últimas No primeiro contrafactual, a parcela de rendimentos
quatro décadas, é igualmente útil a divisão da desigual- dos 10 percentis do topo aumenta significativamente
dade global em dois componentes.44 Um deles é a evo- no período considerado, devido ao agravamento da
lução da desigualdade global entre países, determinada desigualdade de rendimento na maior parte dos países.
pelo aumento da produtividade nos países emergentes No segundo cenário, a parcela de rendimentos dos 10
e pela confluência tecnológica com os países da van- percentis superiores aumenta ligeiramente, diminui e,
guarda. O outro é a desigualdade no interior de cada em seguida, regressa, no período recente, ao nível de
país. Ambas as forças têm desempenhado um papel ao 1980. Desde meados da década de 2000, a redução da
longo das últimas quatro décadas, apesar do aparente desigualdade entre países tem predominado, mas não
predomínio desta última. o suficiente para que a desigualdade global retorne ao
A parcela do rendimento global dos 10 percentis nível do início dos anos 80.
superiores aumentou de menos de 50 por cento, em Um outro modo de analisar a importância relativa
1980, para 55 por cento, em 2000, tendo diminuído das desigualdades dentro dos próprios países e entre
ligeiramente, a partir de meados dos anos 2000, para os mesmos consiste em focar-se no índice de Theil,
52 por cento, em 2016 (figura 3.4). Consideremos que oferece uma medida da desigualdade que pode ser
Em 2010, os 10 percentis com maiores rendimentos receberam 53 por cento do rendimento mundial, mas, se o rendimento médio
tivesse sido totalmente igual entre os países, os 10 por cento do topo teriam recebido 48 por cento do rendimento global
Parcela do rendimento
global (percentagem)
60
50
decomposta num componente entre países e noutro segmento intermédio do rendimento global (redução
no seio de cada um. A soma dos dois componentes da desigualdade entre países), bem como o decréscimo
representa uma medida geral da desigualdade global. relativo do meio, em comparação com o topo (aumen-
A decomposição confirma e amplia os resultados acima to da desigualdade no seio de cada um dos países ricos).
expostos: O declínio da desigualdade entre países não Entre 1980 e 2016, as disparidades ao nível do rendi-
foi suficiente para contrabalançar o agravamento da mento entre os 10 percentis do topo e os 40 por cento
desigualdade no seio dos países desde 1980 ou 1990. intermédios aumentaram em 20 pontos percentuais
De acordo com o Índice de Theil, a desigualdade global (figura 3.5). Contudo, a lacuna entre os 40 percentis
aumentou de 0,92 em 1980 para 1,07 em 2016, atin- intermédios e os 50 por cento da base decresceu em
gindo o pico em 2007, antes de uma ligeira diminuição, mais de 20 pontos percentuais. Em suma: O coeficien-
seguida da estabilização a partir do início da década de te de Gini oculta uma grande parte da evolução.
2010.46
A geografia da desigualdade global
Ir além dos indicadores de rendimento em mudança
sumários de desigualdade
A compreensão das dinâmicas da desigualdade global
As dinâmicas da desigualdade global de rendimento implica, de igual modo, o exame das alterações da
ao longo das últimas décadas são o resultado das dinâ- distribuição geográfica (caixa 3.4). A composição
micas das desigualdades entre países e no seio de cada geográfica de cada percentil da distribuição mundial do
país. Estas últimas não são adequadamente registadas rendimento sofreu evoluções. Em 1990, a população
por um indicador da desigualdade frequentemente asiática encontrava-se, no essencial, ausente dos grupos
utilizado: o coeficiente de Gini. Desde 1980, o coefi- do topo do rendimento global e maciçamente repre-
ciente de Gini relativo ao rendimento global tem-se sentada na base da distribuição mundial (figura 3.6),
situado em torno dos 0,65, verificando-se um pico enquanto os norte-americanos e canadianos represen-
de 0,68 no período de 2005–2006. Este indicador tavam a maior fatia das pessoas que ocupavam os es-
sumário de desigualdade mascara, deste modo, a con- calões superiores do rendimento global, estando quase
vergência dos grupos de baixos rendimentos com o ausentes da extremidade da base da distribuição. A
O rácio entre o rendimento médio dos 10 por cento do topo e o dos 40 percentis do meio aumentou em 20 pontos percentuais, entre
1980 e 2016, mas o rácio entre o rendimento médio dos 40 por cento do meio e o dos 50 percentis inferiores decresceu em 27 pontos
percentuais
Índice,
100 = 1980
140
100
Coeficiente de Gini
60
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
Fonte: Com base em Alvaredo e outros (2018), recorrendo a dados da World Inequality Database ([1}http://WID.world{2]).
CAIXA 3.4
Quem faz parte do 1% do topo global? Quanto, de resto, é preciso indivíduo adulto faz parte dos 8 percentis com maiores rendimentos
auferir para pertencer aos 40 percentis intermédios globais? Nem da Costa do Marfim (ver tabela). O mesmo rendimento colocaria um
sempre é claro quanto rendimento é necessário para pertencer aos indivíduo nos 33 percentis do topo da China e nos 22 por cento da
diversos escalões de rendimento discutidos nos debates académi- base dos Estados Unidos. Ao nível mundial, esse indivíduo pert-
cos ou públicos em torno da desigualdade. ence aos 33 percentis superiores. O patamar de ingresso nos 1 por
O simulador em linha da World Inequality Database permite cento do topo global é de 11.990 $ por adulto por mês.
que qualquer pessoa posicione o seu rendimento em relação ao das
outras de todo o mundo. Com 1.000 $ por mês, por exemplo, um
A composição geográfica de cada percentil da distribuição mundial do rendimento evoluiu entre 1990 e 2016
Em 1990, 33 por cento da população do grupo de rendimento dos 0,001 por cento do topo mundial residia
nos Estados Unidos e no Canadá.
Parcela da população
no seio de cada grupo
global de rendimento (percentagem)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 99 99.9 99.99 99.999
Grupo de rendimento (percentil)
India Resto China África América Latina Médio Federação Europa Estados Unidos
da Ásia Subsariana Oriente Russa e Canadá
Em 2016, 5 por cento da população do grupo de rendimento dos 0,001 por cento do topo mundial residia na Federação Russa.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 99 99.9 99.99 99.999
Grupo de rendimento (percentil)
Fonte: Com base em Alvaredo e outros (2018), recorrendo a dados da World Inequality Database (http://WID.world).
Europa apresentava uma boa representação na metade 20 por cento dos 0,001 por cento da população com os
superior da distribuição global, embora fosse menos maiores rendimentos.
significativa nos grupos da extremidade do topo. As Em 2016, esta situação alterara-se consideravelmen-
elites médio-oriental e latino-americana estavam te. Os chineses estão, atualmente, presentes em toda a
desproporcionalmente representadas nos grupos da ex- distribuição do rendimento. Os indianos permanecem
tremidade do topo mundial, representando, cada uma, concentrados na base. Os russos encontram-se, igual-
mente, dispersos, dos grupos de rendimento mais pobres
Entre 1995 e 2015, a parcela de rendimentos dos 10 percentis superiores do Norte de África e da África Ocidental permaneceu
relativamente estável, ao passo que, na África Austral, a parte dos 40% da base diminuiu
65
15
60
55 10
50
5
45
40 0
1995 2000 2005 2010 2015 1995 2000 2005 2010 2015
Norte de África África Ocidental África Oriental África Central África Austral
Nota: Os dados são ponderados pela população. As estimativas combinam dados de inquéritos, orçamentais e das contas nacionais.
Fonte: Chancel e outros (2019), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
Na meta 10.1 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, A garantia de que os 40 percentis inferiores alcancem um
lê-se: “Até 2030, alcançar progressivamente e manter de forma crescimento, pelo menos, tão elevado quanto a média poderá
sustentável, o crescimento do rendimento dos 40% da população não ser suficiente para conter o agravamento das desigualdades.
mais pobre a um ritmo maior do que o da média nacional.”1 Tomemos outro exemplo: Ao nível global, no caso dos 40 por cento
A inclusão desta meta relativa à desigualdade na lista dos da base, o rendimento bruto médio anual aumentou 95 por cento
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não foi simples. Vários (líquido de inflação), de 1.300 €, em 1980, para 2.500 €, em 2017,
países opuseram-se, inicialmente, defendendo que apenas a embora, no geral, tenha crescido 40 por cento, de 11.100 € para
redução da pobreza importava.2 A sua inclusão marca, assim, uma 16.600 €. Deste modo, os 40 percentis da base global registaram
importante transformação no modo como os países encaram o um crescimento superior, em 45 pontos percentuais, à média
desenvolvimento sustentável. global.
A que se refere a meta relativa à desigualdade de rendimento? No outro extremo da distribuição, o rendimento bruto médio
Procura assegurar que as pessoas pertencentes aos escalões de anual dos 0,1 por cento do topo aumentou 117 por cento, de
rendimento mais baixos alcancem um crescimento, pelo menos, 671.600 € para 1.462.000 €. Apesar do seu reduzido número, os
tão elevado quanto a média. Embora a meta se destine a ser 0,1 por cento obtiveram uma parcela do crescimento total superior
atingida até 2030, um olhar sobre o passado é útil para o exame à dos 40 percentis populacionais da base — de, aproximadamente,
da prestação dos países quanto aos indicadores relevantes para a 12 por cento, versus cerca de 8,5 por cento. De facto, é Na China, os rendimentos
meta. Nos Estados Unidos, apesar de um crescimento económico matematicamente impossível que todos os grupos assistam a
dos 40 por cento da
global elevado, os 40 percentis populacionais da base assistiram um crescimento superior à média. Ao nível global, quem ficou a
a uma redução do rendimento bruto por adulto em 2 por cento, de perder foram os 40 percentis intermédios, cujo rendimento médio base cresceram uns
13.700 $, em 1980, para 13.400 $, em 2017.3 Durante o mesmo se elevou em pouco mais de 33 por cento, de 11.900 €, em 1980, impressionantes 263 por
período, o rendimento médio do país cresceu 66 por cento, de para 15.600 €, em 2016. Por conseguinte, a respetiva parcela do
41.900 $ para 61.400 $. Se o rendimento dos 40 por cento da base rendimento global diminuiu. Este facto demonstra que a garantia cento entre 2000 e 2018,
tivesse crescido ao ritmo da média, equivaleria, atualmente, a de que o rendimento dos 40 por cento da base cresça ao ritmo da o que contribuiu para
22.600 $. média poderá ser insuficiente para fazer face à desigualdade em
todos os segmentos da distribuição. a acelerada redução
da pobreza extrema
Notas
1. www.un.org/sustainabledevelopment/inequality/. 2. Para uma discussão dos debates em torno da inclusão da meta relativa à desigualdade de rendimento, ver Chancel, Hough e Voituriez (2018). 3. Todos os
valores são líquidos de inflação. Uma vez que os dados das contas distributivas nacionais relativos a 2014–2016 ainda não se encontram disponíveis, presumiu-se que, desde 2014, os 40 por cento da base registaram
um crescimento, pelo menos, tão elevado quanto a média — uma presunção muito otimista, visto que essa situação só se verificou seis vezes entre 1980 e 2014, duas das quais coincidiram com recessões.
Fonte: World Inequality Lab.
os extremos da distribuição. Na República Centro- entanto, a taxa de crescimento de 135 por cento dos
Africana, a desigualdade decresceu, a par, contudo, dos 40 percentis inferiores e a média de 138 por cento da
rendimentos médios. China ficaram muito mais próximas e o aumento da
desigualdade estagnou (esta estabilização poderá, em
parte, ser um reflexo das limitações dos dados). O pe-
A desigualdade nos países BRIC ríodo mais recente, na China, é ainda marcado por um
desde a década de 2000 crescimento dos salários superior ao da produção, em
benefício dos grupos com baixos rendimentos.
Esta secção apresenta o crescimento do rendimento Na Índia, o crescimento do rendimento dos 40 por
dos 40 percentis da base e dos 1 por cento do topo, em cento da base — em 58 por cento, entre 2000 e 2018
comparação com o crescimento médio do rendimento, — foi significativamente inferior à média. No outro
nos quatro países BRIC — Brasil, Federação Russa, extremo do espectro, o percentil do topo assistiu a um
Índia e China (tabela 3.4). aumento dos respetivos rendimentos significativamen-
Na China, os rendimentos dos 40 por cento da base te superior à média, desde 2000 e desde 2007.
cresceram uns impressionantes 263 por cento entre No Brasil, os rendimentos dos 40 por cento da base
2000 e 2018, o que contribuiu para a acelerada redução cresceram 14 pontos percentuais acima da média entre
da pobreza extrema e para o declínio da taxa global 2000 e 2018. Contudo, o percentil do topo registou,
de pobreza extrema. No entanto, esse crescimento foi igualmente, um aumento superior à média. Visto não
significativamente inferior à média da China (361 por ser possível todos os grupos crescerem acima da média,
cento), representando apenas metade da taxa de cres- tal significa que os grupos com rendimentos médios
cimento do 1% do topo. Esta diferença entre as taxas (entre os 40 por cento da base e o percentil superior)
de crescimento conduziu ao agravamento da desigual- encolheram, com um crescimento inferior à média.
dade de rendimento na China. Entre 2007 e 2018, no
2000–2018 2007–2018
Brasil 5 20 14 16 –3 3 6 –2
Nota: Distribuição do crescimento do rendimento nacional bruto por adulto. Para obter informações sobre a série ao nível nacional, ver http://wid.world/methodology. Presume-se que o crescimento do rendimento entre 2016 e 2018 seja neutro quanto à distribuição (todos os grupos beneficiam
do crescimento do rendimento nacional médio). As células verdes (vermelhas) indicam os casos em que a taxa de crescimento do rendimento dos 40 percentis da base foi superior (inferior) à média.
Fonte: Com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
TABELA 3.5
Crescimento do rendimento líquido médio e dos 40 por cento da base na Europa e nos Estados Unidos, 1980–2017 e 2007–2017
1980–2017 2007–2017
Europa Oriental
Macedónia do Norte –0,2 –19,3 –19,1 16,0 22,3 39,1 16,8 10,5
(continuação)
Crescimento do rendimento líquido médio e dos 40 por cento da base na Europa e nos Estados Unidos, 1980–2017 e 2007–2017
1980–2017 2007–2017
Europa Meridional
Europa Ocidental
Países Baixos 36,1 26,8 –9,3 90,6 –0,6 –4,2 –3,7 –17,6
Reino Unido 77,9 75,7 –2,2 136,8 1,3 10,7 9,4 –23,0
Norte da Europa
Estados Unidos 63,2 10,8 –52,4 203,4 3,1 –0,1 –3,2 7,6
Nota: As células verdes indicam os países que atingiram a meta 10.1 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no período em consideração e as células vermelhas indicam os países que não a alcançaram.
Fonte: Blanchet, Chancel e Gethin (2019), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
A parcela de rendimentos brutos dos 10 percentis superiores dos Estados Unidos aumentou de cerca de 35 por cento, em 1980,
para quase 47 por cento, em 2014
Parcela do rendimento
nacional (percentagem)
50
Bruto
45
40
O agravamento das
35 desigualdades nos
Líquido Estados Unidos
30 coincide com um
decréscimo gradual
da progressividade do
25
1917 1927 1937 1947 1957 1967 1977 1987 1997 2007 2017 sistema fiscal norte-
americano ao longo
Fonte: Piketty, Saez e Zucman 2018.
das últimas décadas
por cento), tendo o rendimento dos 1 por cento do topo pagava 40–45 por cento do respetivo rendimento bruto em
mais do que triplicado. Do mesmo modo, a parcela do impostos, ao passo que os 50 por cento da base despendiam
rendimento nacional bruto auferida pelos 10 por cento do 15–20 por cento. Hoje em dia, a discrepância é muito me-
topo aumentou de 34 por cento para mais de 45 por cento nor. As pessoas com rendimentos superiores pagam cerca
e a do percentil superior cresceu de 10 para 20 por cento. de 30–35 por cento, enquanto a metade mais desfavorecida
A inclusão dos efeitos redistributivos dos impostos e das contribui, aproximadamente, com 25 por cento.
transferências não altera as dinâmicas. Entre 1980 e 2014, a
parcela do rendimento nacional líquido auferida pelos 10 por A desigualdade agravou-se na
cento do topo aumentou de 30 para cerca de 40 por cento. maioria dos países europeus
No decurso do mesmo período, o rendimento líquido dos 50
percentis da base aumentou uns escassos 20 por cento, o que Embora as desigualdades na Europa permaneçam
se deveu integralmente aos programas de saúde Medicare e menos acentuadas do que nos Estados Unidos, os
Medicaid. O incremento dos rendimentos da metade inferior países europeus assistiram, igualmente, ao aumento da
da distribuição é imputável, na íntegra, a transferências em concentração do rendimento no topo. Em 1980, as dis-
espécie, no domínio da saúde, e a despesas coletivas. paridades ao nível do rendimento na Europa Ocidental
O agravamento das desigualdades nos Estados Unidos eram, em regra geral, superiores às da Escandinávia
coincide com um decréscimo gradual da progressividade e da Europa Oriental (figura 3.10). A discrepância
do sistema fiscal norte-americano ao longo das últimas acentuou-se entre 1980 e 1990, à medida que a desi-
décadas, uma tendência manifesta em muitos outros países gualdade de rendimento se agravava na Alemanha, em
(ver capítulo 7). A proporção do rendimento nacional re- Portugal e no Reino Unido. Entre 1990–2000, pelo
presentada pela totalidade dos impostos do país, incluindo contrário, a desigualdade de rendimento no topo so-
os federais, estaduais e locais, aumentou de 8 por cento, em freu um aumento acelerado na Finlândia, na Noruega
1913, para 30 por cento, no final da década de 1960, tendo, e na Suécia, bem como nos países do Leste europeu.
desde então, permanecido ao mesmo nível. As taxas efetivas Consequentemente, a desigualdade de rendimento é,
de imposto pagas pelos indivíduos (total de impostos pagos atualmente, mais elevada em quase todos os países eu-
em percentagem do rendimento total) sofreram uma com- ropeus do que no início da década de 1980. Em 2017,
pressão. Nos anos 50, o percentil com maiores rendimentos os 10 percentis com maiores rendimentos auferiram
Entre 1980 e 2017, a parcela do rendimento nacional líquido auferida pelos 10 por cento do topo aumentou de 21 para 25 por cento no
Norte da Europa, enquanto a parcela recebida pelos 40 percentis inferiores desceu de 24 por cento para 22 por cento
22
19
O agravamento das
desigualdades nos 15 18
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
Estados Unidos, desde os
Europa Oriental Norte da Europa Europa Meridional Europa Ocidental
anos 80, foi impelido por
um rápido crescimento Fonte: Blanchet, Chancel e Gethin (2019), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
Entre 1980 e 2017, os rendimentos líquidos aumentaram quase 40 por cento, no caso dos 80% mais pobres da população europeia,
em comparação com mais de 180 por cento no caso dos 0,001% do topo
Crescimento total
do rendimento (percentagem)
250
Os 40 percentis da base obtiveram O percentil do topo registou
13 por cento do crescimento 13 por cento do crescimento
200
150
100
A existência de elevados
50
rácios riqueza-
rendimento significa
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 99 99.9 99.99 99.999 que a desigualdade
Grupo de rendimento (percentil) em termos de riqueza
Nota: Após o 90.º percentil, a escala do eixo horizontal altera-se. A composição das faixas de rendimento mudou entre 1980 e 2017, pelo que as estimativas não representam as alterações do rendimento dos mesmos irá desempenhar um
indivíduos ao longo do tempo.
Fonte: Blanchet, Chancel e Gethin (2019), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world). papel crescente na
estrutura global da
A comparação entre os EUA e a desigualdade ao nível do rendimento bruto (medido
desigualdade económica
Europa sugere políticas de pré- antes das transferências e dos impostos diretos, ver cai-
distribuição e redistribuição destinadas xa 3.3), muito mais pronunciada nos Estados Unidos.
a combater as desigualdades Em 1980, nos Estados Unidos, o rendimento médio
dos 10 percentis do topo era 10 vezes superior ao dos
Desde 1980, os Estados Unidos e a Europa percorre- 40 por cento da base. Em 2017, este múltiplo dispa-
ram trajetórias divergentes no que à desigualdade diz rou para mais de 26. Na Europa, o mesmo indicador
respeito. Em 2017, a parcela do rendimento nacional aumentou de 10 para 12 durante o mesmo período.
auferida pelos 1 por cento do topo nos Estados Unidos Quanto à desigualdade em termos de rendimento
era superior, em mais do dobro, à recebida pelos 40 por líquido, o rácio elevou-se de 7 para 14 nos Estados
cento mais pobres. Na Europa, pelo contrário, a par- Unidos, entre 1980 e 2017, e de 8 para 9, na Europa
cela correspondente aos 40 percentis da base excedia a (figura 3.14). Assim, os sistemas nacionais de tributação
auferida pelos 1 por cento do topo (figura 3.12). Este (incluindo os impostos sobre o rendimento e a riqueza) e
nem sempre foi o caso: Em 1980, a quota-parte dos os sistemas de transferências sociais (como as prestações
40 percentis inferiores das duas regiões era idêntica, por invalidez ou o apoio à habitação) não possibilitaram,
situando-se em torno dos 13 por cento (figura 3.13). por conseguinte, a moderação do agravamento das desi-
A divergência das trajetórias não é atribuível nem ao co- gualdades, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
mércio nem à tecnologia, fatores frequentemente evocados O funcionamento conjunto de todos os mecanismos
para explicar a evolução da desigualdade nos países desen- com efeitos sobre os rendimentos brutos permitiu que
volvidos, uma vez que todos os países em análise apresentam a Europa contivesse o aumento do rácio entre os 10 por
uma exposição semelhante a ambos. A diferença das dinâmi- cento do topo e os 40 percentis da base. As despesas de
cas de desigualdade parece, ao invés, decorrer, em maior grau, cariz social — que incluem, sobretudo, a despesa pú-
das escolhas políticas e das configurações institucionais. blica com a educação, a saúde e as pensões de reforma
As conclusões que aqui apresentamos possibilitam — desempenham um papel importante. Os sistemas de
uma melhor compreensão dos fatores determinantes educação e de saúde de qualidade e acessíveis são par-
das diferenças entre a Europa e os Estados Unidos. Estas ticularmente fundamentais para a garantia do acesso
diferenças devem-se, principalmente, à exacerbação da
Entre 1980 e 2017, a parcela de rendimentos brutos auferida pelos 40 percentis inferiores dos Estados Unidos diminuiu de cerca
de 13 por cento para 8 por cento, enquanto a parte recebida pelos 1% do topo aumentou de cerca de 11 por cento para 20 por
cento
20 20
15 15
10 10
5 5
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
FIGURA 3.13
Entre 1980 e 2017, o rendimento bruto médio auferido pelos 40 por cento da base cresceu 36 por cento na Europa, ao passo que,
nos Estados Unidos, diminuiu 3 por cento
dos indivíduos com origens humildes a oportunidades disso, o acesso à saúde e à educação na Europa é, geral-
económicas. mente, mais igualitário do que nos Estados Unidos, em
O nível de despesa social da Europa permanece particular através da formação em cuidados de saúde e
acentuadamente superior ao dos Estados Unidos e do vocacional gratuita ou a baixo custo, que contribui para
resto do mundo. Ascende a 25–28 por cento do PIB na uma distribuição menos desigual do rendimento bruto.
maior parte dos países da Europa continental, em com- Outras dinâmicas importantes contribuem para a explica-
paração com 19 por cento nos Estados Unidos.61 Além ção do crescimento mais marcado do rendimento na base da
O rendimento bruto médio dos 10 percentis superiores dos Estados Unidos era cerca de 11 vezes superior ao dos 40 por cento da
base, em 1980, e 27 vezes superior, em 2017, enquanto, na Europa, o rácio aumentou de 10 para 12 vezes
Rácio entre o rendimento bruto dos 10 percentis Rácio entre o rendimento líquido dos 10 percentis
do topo e o dos 40 percentis da base do topo e o dos 40 percentis da base
Bruto Líquido
30 16
26
14
22
12
18 A globalização da gestão
10
14 da riqueza, desde a
8
década de 1980, coloca
10
novos desafios, sendo
6 6 uma quantidade crescente
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
da riqueza mundial
Estados Unidos Europa
mantida em centros
Fonte: Blanchet, Chancel e Gethin (2019), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
financeiros offshore
distribuição da Europa. Por exemplo, entre 1980 e 2017, nos FIGURA 3.15
Estados Unidos, o salário mínimo decresceu de 42 por cento
Entre 1981 e 2017, a taxa média do escalão superior do
do rendimento médio para 24 por cento. Em muitos países imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas, na União
europeus, a deslocação deu-se no sentido oposto, ora me- Europeia, decresceu de cerca de 50 por cento para 25 por
cento, enquanto a taxa média do imposto sobre o valor
diante a manutenção do salário mínimo num nível elevado acrescentado aumentou de cerca de 18 por cento para mais
(como em França, onde representa cerca de 50 por cento do de 21 por cento
salário médio) ora através da sua introdução (como no Reino Taxa média do escalão Taxa média do imposto
Unido, nos anos 90, e, mais recentemente, na Alemanha).62 superior do imposto sobre padrão sobre o
Verificou-se, em todo o caso, uma redução da pro- o rendimento coletivo (percentagem) consumo (percentagem)
Taxa do escalão superior
gressividade fiscal na Europa, nas últimas décadas, Taxa do imposto padrão
do imposto sobre o 22
tendo a taxa do escalão superior do imposto sobre o rendimento coletivo sobre o valor
50 21
rendimento coletivo diminuído de quase 50 por cento, acrescentado
40 20
no início da década de 1980, para 25 por cento, na
19
atualidade — o que se insere numa tendência global 30
comum aos países desenvolvidos e em vias de desenvol- 18
A riqueza privada líquida dos países da Europa Ocidental elevou-se de 250–400 por cento do rendimento nacional, em 1970, para
450–750 por cento, em 2016
700 China
Fed. Russa
Alemanha
600
Espanha
França
500
Reino Unido
Itália
400
Japão
Estados Unidos
300 Os rácios entre a
riqueza pública e o
200
rendimento nacional
100
sofreram um declínio
1970 1980 1990 2000 2010 acentuado e constante,
em quase toda a parte
Fonte: Alvaredo e outros (2018), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
1978 e 230 por cento em 2015) e, na Federação Russa, mas, ainda assim, permaneceria endividado. Os con-
sofreu um decréscimo dramático, passando de uma tribuintes vir-se-iam, assim, forçados a continuar a
percentagem do rendimento nacional superior a 230, pagar impostos para reembolsar os credores da dívida
em 1990, para cerca de 90 por cento, em 2015. e os cidadãos teriam, ainda, de pagar uma renda aos
Estas duas tendências alteraram radicalmente a es- novos proprietários do stock de capital anteriormente
trutura da riqueza nacional na maioria dos países. No público (estradas, sistemas energéticos ou hídricos ou
final dos anos 70, o valor da riqueza pública equivalia infraestruturas de saúde ou educação). É possível argu-
a cerca de 50–100 por cento do rendimento nacional mentar que uma tal situação deixa o governo com uma
nos países desenvolvidos; atualmente, é negativo no reduzida margem para o investimento no futuro (por
Reino Unido e nos Estados Unidos e só marginalmen- exemplo, na educação ou na proteção ambiental) e,
te positivo em França, na Alemanha e no Japão. Este consequentemente, para o combate à desigualdade pre-
predomínio da riqueza privada no conjunto da riqueza sente e futura em termos de rendimento e de riqueza.
nacional representa uma mudança acentuada em rela- Estas tendências são explicadas por uma combinação
ção à década de 1970 (figura 3.17). de fatores. A redução da parcela de riqueza pública
De acordo com os padrões históricos, uma riqueza justifica, em parte, o acréscimo da riqueza privada. De
pública nula ou negativa constitui uma exceção. Os igual modo, a diminuição da riqueza pública líquida
governos tendem a adotar diferentes estratégias para deve-se, em larga medida, ao aumento da dívida pú-
a recuperação de níveis positivos de riqueza pública, blica. A razão entre os ativos públicos e o rendimento
tais como a inflação, a anulação de dívida ou impostos nacional tem permanecido bastante estável devido à
progressivos sobre a riqueza — como sucedeu, após privatização de uma porção significativa dos ativos
a Segunda Guerra Mundial, na Europa (França e públicos (sobretudo ações em empresas públicas ou
Alemanha). De modo a compreender as implicações de semipúblicas) e ao aumento do valor de mercado dos
uma conjuntura de riqueza pública líquida nula ou ne- restantes ativos. Porém, o declínio, a longo prazo, da
gativa, atentemos no seguinte: Um governo com uma parcela de riqueza pública na riqueza total, de modo
riqueza pública negativa disposto a pagar as suas dívi- algum inevitável, é o resultado de opções de política
das teria de alienar todos os seus ativos financeiros (tais pública (privatização de ativos públicos, expansão da
como ações) e não financeiros (tais como estradas), dívida pública ou manutenção de défices orçamentais).
700 China
Fed. Russa
Alemanha
600
Verificou-se, em todo o Espanha
caso, uma redução da França
500
progressividade fiscal Reino Unido
Itália
na Europa, nas últimas 400
Japão
décadas, tendo a taxa Estados Unidos
300
do escalão superior
do imposto sobre o 200
rendimento coletivo
diminuído de quase 50 100
1970 1980 1990 2000 2010
por cento, no início da
década de 1980, para 25 Fonte: Alvaredo e outros (2018), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
Em termos gerais, a evolução dos rácios entre a riqueza a privatização de ativos públicos na China foi muito mais
nacional (pública e privada) e o rendimento nacional é gradual, permitindo que a riqueza pública permanecesse
determinada pela interação entre as poupanças nacionais, constante à medida que a riqueza privada aumentava.
o crescimento económico (fator quantitativo) e os preços Acresce que as taxas de poupança foram vincadamente
relativos dos ativos (fator preço). Quanto mais elevada for superiores na China. Além disso, as poupanças chinesas
a taxa de poupança, maior será a acumulação de ativos. Por financiaram, essencialmente, o investimento de capital na-
outro lado, quando mais elevada for a taxa de crescimento cional (levando a uma maior acumulação do mesmo), en-
económico, menor será a acumulação de ativos em relação quanto cerca de metade das poupanças russas financiaram
ao rendimento nacional. Os preços relativos dos ativos investimentos externos. Os preços relativos dos ativos regis-
dependem de fatores institucionais e políticos (como o taram, igualmente, um aumento mais acentuado na China.
controlo das rendas) e dos padrões das estratégias de pou- A longo prazo, os baixos rácios de meados do século
pança e investimento. Nos países desenvolvidos, os efeitos XX podem ter-se devido a circunstâncias muito especiais,
quantitativos contribuíram em cerca de 60 por cento para cuja recorrência será, porventura, improvável.69 Assim
o acúmulo de riqueza entre 1970 e 2010 e os efeitos de pre- sendo, as taxas de poupança e de crescimento, princi-
ço, em cerca de 40 por cento, com variações entre os países. pais fatores determinantes destes rácios a longo prazo,
As diferenças no tocante às estratégias de privatização revestirão uma grande importância no futuro próximo.
e aos fatores preço e volume explicam, igualmente, a ampla De resto, dados os seus atuais valores, as razões entre a
divergência dos padrões de acumulação de riqueza nacional riqueza nacional e o rendimento nacional poderão estar
da Federação Russa e da China. De facto, a riqueza nacional a regressar aos níveis da “Era Dourada” do século XIX. A
da Rússia registou um fraco aumento, de 400 por cento do existência de elevados rácios riqueza-rendimento significa
rendimento nacional, em 1990, para 450 por cento, em 2015, que a desigualdade em termos de riqueza irá desempe-
ao passo que a da China duplicou, de 350 por cento do ren- nhar um papel crescente na estrutura global da desigual-
dimento nacional, em 1978, para 700 por cento, em 2015. dade económica. Uma vez que a riqueza tende a estar
A Federação Russa optou pela transferência de riqueza muito concentrada, esta situação levanta novas questões
do setor público para o privado com a máxima celeridade acerca da tributação e da regulamentação do capital. Estas
possível. Assim, o crescimento da riqueza privada foi o questões surgem num contexto em que a capacidade dos
único fator responsável pelo rápido aumento da riqueza governos de regular e redistribuir o rendimento pode ser
nacional, em detrimento da riqueza pública. Pelo contrário, restringida pelo decréscimo da riqueza pública.
70
China
França
60 Federação Russa
Reino Unido
Estados Unidos
50
40
A desigualdade ao 30
Fonte: Alvaredo e outros (2018), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world).
Entretanto, o rendimento do meio e da base da distri- coloca diversas questões quanto ao futuro da desigual-
buição estagnou e o endividamento das famílias (hi- dade de riqueza: Caso as atuais tendências relativas à
potecas, empréstimos estudantis e dívida de cartões de desigualdade ao nível da poupança, do rendimento e
crédito, entre outros) registou um aumento acentuado. das taxas de retorno persistam, a desigualdade de rique-
Este facto conduziu a uma diminuição substancial da za no seio de cada país poderá, nas décadas vindouras,
parcela de riqueza dos 40 percentis intermédios — de regressar aos níveis da “Era Dourada” do século XIX.
um nível historicamente elevado de 37 por cento, em À escala global, se as atuais tendências persistirem, até
1986, para 28 por cento, em 2014. 2050, os 0,1% do topo mundial poderão vir a deter uma
Em França e no Reino Unido, a desigualdade de parte da riqueza mundial equivalente à dos 40 percentis
riqueza também se agravou, após um declínio históri- médios da população mundial (figura 3.19).
co, embora a um ritmo muito mais lento do que nos
Estados Unidos. A parcela dos 1 por cento do topo
aumentou de 16 por cento, em ambos os países, em Posfácio: A transparência dos dados
1985, para 20 por cento, no Reino Unido, em 2012, enquanto imperativo mundial
e 23 por cento, em França, em 2015. Este fenómeno
deveu-se a maiores disparidades ao nível do rendimen- Neste capítulo, discutiram-se os avanços recentes da
to, ampliadas pela diminuição da progressividade fiscal, metodologia e da recolha de dados, de forma a preen-
pela privatização de setores anteriormente geridos pelo cher uma lacuna dos dados em que assenta o debate
Estado e, mais importante, pela crescente desigualdade público. Tais informações são necessárias a debates pa-
das taxas de retorno sobre os ativos, uma vez que os cíficos e deliberativos em torno da desigualdade de ren-
retornos sobre os ativos financeiros, desproporcional- dimento e do crescimento. De um modo preocupante,
mente detidos pelas pessoas abastadas, aumentaram. nos escassos anos da era digital, a qualidade dos econó-
Pequenas alterações dos diferenciais das taxas de pou- micos publicamente disponíveis acerca destas questões
pança entre faixas de riqueza, bem como dos padrões de tem-se deteriorado em muitos países, sobretudo no
tributação progressiva, podem ter um enorme impacto que diz respeito aos fiscais relativos aos rendimentos de
sobre a desigualdade de riqueza, embora possa demorar capital, à riqueza e à sucessão patrimonial.
várias décadas até que o mesmo se faça sentir. Este facto
Se as atuais tendências persistirem, até 2050, os 0,1% do topo mundial poderão vir a deter uma parte da riqueza mundial
equivalente à dos 40 percentis médios da população mundial
Parcela do rendimento
global (percentagem)
40
30
25 40 percentis intermédios
“Classe média global”
20
O atual conhecimento
0,1 por cento do topo
da desigualdade global
15
de rendimento e de
10
riqueza permanece
0,01 por cento do topo limitado e insatisfatório.
5 Será necessária uma
recolha muito maior de
0 dados para expandir
1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
o âmbito geográfico
Fonte: Alvaredo e outros (2018), com base em dados da World Inequality Database (http://WID.world). dos dados relativos à
desigualdade — e para
oferecer representações
De forma a oferecer estimativas histórica e interna- rendimento bruto e líquido e da riqueza. Apesar destas
cionalmente comparáveis da desigualdade ao nível do restrições dos dados, o agravamento da desigualdade mais sistemáticas da
rendimento e da riqueza, os esforços a envidar carecem de rendimento e de riqueza que se observou em todo desigualdade ao nível
da utilização das melhores fontes disponíveis de dados o mundo nas últimas décadas não é uma fatalidade. do rendimento bruto e
dos inquéritos às famílias, dados fiscais administrati- Decorre de opções de política económica e institucio- líquido e da riqueza
vos, das contas nacionais ou de fugas de informação nal. Conforme se demonstra na parte III, é possível
financeira. percorrer trajetos distintos nas próximas décadas —
É certo que o atual conhecimento da desigualdade caso haja vontade política para tal. Para que as políticas
global de rendimento e de riqueza permanece limitado de amanhã sejam o reflexo de um debate saudável em
e insatisfatório. Será necessária uma recolha muito torno das desigualdades económicas nacionais e mun-
maior para expandir o âmbito geográfico dos dados diais, é, claramente, necessária a publicação contínua
relativos à desigualdade — e para oferecer represen- de dados transparentes e oportunos acerca das desi-
tações mais sistemáticas da desigualdade ao nível do gualdades ao nível do rendimento e da riqueza.
Taxa de erros Taxa de erros Taxa de erros Taxa de erros Erro de Erro de
de inclusão de inclusão de inclusão de inclusão parametrização parametrização
Nota: F (x) indica o limiar de pobreza consistente com a fixação da taxa de pobreza em x. H = x significa uma taxa de pobreza per capita de x.
–1
FIGURA D3.1.2
Os níveis de subnutrição entre mulheres adultas e de crianças com um atraso no crescimento podem ser elevados em agregados familiares que não são pobres
Percentagem de mulheres com peso insuficiente Proporção de crianças com atraso no desenvolvimento pertencentes
pertencentes a agregados familiares pobres a agregados familiares pobres em termos de riqueza
0.7
0.7
0.6
0.6
40 por cento
0.5 40 por cento
mais pobres 0.5 mais pobres
(r = -0,31)
0.4 0.4 (r = -0,65)
20 por cento
0.3 mais pobres 0.3 20 por cento
(r = -0,31) mais pobres
0.2 0.2 (r = -0,61)
0.1 0.1
0.0 0.0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60
familiares dos 20 percentis mais pobres e cerca de meta- de decaída abaixo da linha nacional de pobreza é inferior a 10 por cento
(Lopez-Calva e Ortiz-Juarez 2014).
de não pertencem aos 40 por cento mais pobres (figura 2 Cohen, Desai e Kharas 2019.
3 Permanyer e Smits (2019).
D3.1.2). Nos países com taxas mais elevadas de subnu- 4 Os novos dados relativos ao consumo individual revelam que, no Senegal, a
trição, tende a haver uma maior proporção de indivíduos desigualdade no seio do agregado equivale a quase 16 por cento da desigualdade
total. Uma das consequências desta repartição desigual dos recursos no interior
subnutridos nos agregados familiares não pobres.4 dos agregados familiares é a potencial existência de “pobres invisíveis” nos
domicílios classificados como não pobres. A percentagem de indivíduos pobres
que vivem em agregados familiares que não o são ascende a 12,6 por cento. Os
Notas dados relativos ao Senegal sugerem que, quanto mais complexa for a estrutura do
agregado familiar e quanto maior for a sua dimensão, maior será a probabilidade
de subestimação da desigualdade, quando calculada com recurso a inquéritos
normalizados acerca do consumo (Lambert e de Vreyer 2017).
1 Este limiar de 4.000 $ representa o dobro do patamar dos países com baixos
rendimentos, conforme definidos pelo Banco Mundial em 2015. Corresponde,
aproximadamente, a um rendimento diário em relação ao qual a probabilidade
James Foster, Professor de Economia e Assuntos Internacionais na Universidade George Washington, e Nora Lustig,
Professora da cátedra Samuel Z. Stone de Economia Latino-americana e Diretora do Commitment to Equity Institute
na Universidade de Tulane
indicasse uma desigualdade mais acentuada no caso da
Uma forma útil de descrever a distribuição do ren- curva L2. Uma outra forma de ler a figura traduz-se no
dimento consiste na curva de Lorenz, construída do facto de que os x por cento mais pobres da população
seguinte modo.1 Em primeiro lugar, a população é terão sempre uma parcela igual ou superior de rendi-
classificada de acordo com o rendimento (ou consu- mento na curva L1 do que na L2, não obstante o valor
mo, riqueza ou outro indicador de recursos), de modo de x. Trata-se do critério de dominância de Lorenz ou,
ascendente. Em seguida, as parcelas cumulativas dos abreviadamente, do critério de Lorenz.
indivíduos no conjunto da população são mapeadas O que constitui um “bom” índice de desigualdade?
em função da respetiva parcela cumulativa do rendi- Uma das abordagens consiste em exigir que o indica-
mento total. A curva desenhada é apelidada de curva dor seja compatível com o critério de Lorenz: ou seja,
de Lorenz. O eixo horizontal da curva de Lorenz consistente com Lorenz. Para que tal se verifique, é
exibe as percentagens cumulativas da população, necessário reunir as duas condições que se seguem:
dispostas por ordem crescente de rendimento. O eixo Em primeiro lugar, a desigualdade aumenta (diminui)
vertical mostra a percentagem do rendimento total quando a curva de Lorenz se situa, em todos os pontos,
auferida por uma parte da população. Por exemplo, abaixo (acima) da curva de Lorenz original, como no
o ponto (80 por cento, 60 por cento) na curva de caso da curva L2, em comparação com a L1 (L1 em com-
Lorenz significa que os 80 percentis mais pobres da paração com L2), ambas da figura. Em segundo lugar, a
população recebem 60 por cento do rendimento to- desigualdade é equivalente quando as curvas de Lorenz
tal, enquanto os 20 percentis mais ricos auferem 40 são idênticas. Para que um indicador seja Ligeiramente
por cento do rendimento total.2 Consistente com Lorenz, a 1. condição torna-se na
A figura D3.2.1 apresenta duas curvas de Lorenz: a seguinte: 1’. a desigualdade aumenta (ou diminui) ou
L1 e a L2. Caso todas as pessoas aufiram o mesmo ren- permanece igual quando a curva de Lorenz se situa, em
dimento, a curva de Lorenz coincidirá com a linha dos todos os pontos, abaixo (acima) da curva de Lorenz
45 graus. Quanto maior o nível de desigualdade, mais original.
distante ficará a curva de Lorenz da linha dos 45 graus. Uma segunda abordagem consiste na exigência do
Na figura, a curva L2 situa-se abaixo e à direita da L1, cumprimento dos quatro seguintes princípios pelo
pelo que seria de esperar que um índice de desigualdade índice de desigualdade:
1 Simetria (ou anonimato). Em caso de permuta de
FIGURA D3.2.1 rendimentos entre duas pessoas, o nível do índice
deverá permanecer inalterado.
A curva de Lorenz
2 Independência do tamanho da população (ou in-
Rendimento cumulativo dependência da replicação). Caso a população seja
replicada ou “clonada”, uma ou mais vezes, o nível do
índice deverá permanecer inalterado.
3 Independência da escala (ou independência da mé-
dia). Caso se multipliquem todos os rendimentos
por um fator escalar comum (por exemplo, o dobro),
o nível do índice deverá permanecer inalterado.
L1 4 Sensibilidade a Transferências (ou Critério de
L2
Transferências de Pigou-Dalton). Caso haja trans-
ferência de rendimento de uma pessoa para outra,
População cumulativa mais rica, o nível do índice deverá aumentar. Por
outras palavras, face a uma transferência regressiva,
Fonte: Criação dos autores.
o nível do índice deve subir.
Comparação de conceitos de rendimento em bases de dados com indicadores relativos à redistribuição fiscal
Bruto Rendimento do mercado Rendimento do Rendimentos Rendimento do Rendimento do Rendimento do Rendimento bruto
acrescido das pensões mercado primários mercado mercado mercado
Rendimento dos fatores Rendimento dos Rendimento dos Rendimento dos Rendimento dos Rendimento dos Rendimento dos fatores
fatores fatores fatores fatores fatores
MAIS
Lucros não distribuídos
MAIS MAIS
Pensões de velhice de Pensões de velhice e
regimes da segurança social subsídios de desemprego
de regimes da segurança
social
MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS
Transferências recebidas Transferências Valor imputado aos Transferências Transferências Transferências Transferências recebidas
de instituições sem fins recebidas de serviços relativos a recebidas de recebidas de recebidas de de instituições sem fins
lucrativos e de outros instituições sem fins habitações ocupadas instituições sem fins instituições sem instituições sem lucrativos e de outros
agregados familiares, lucrativos e de outros pelos proprietários lucrativos e de outros fins lucrativos e de fins lucrativos e de agregados familiares,
pagamentos de regimes agregados familiares, e ao consumo da agregados familiares outros agregados outros agregados pagamentos de regimes
de pensões associados ao valor imputado aos produção própria familiares e familiares e de pensões associados ao
emprego, valor imputado serviços relativos a consumo da consumo da emprego, valor imputado
aos serviços relativos a habitações ocupadas produção própria produção própria aos serviços relativos
habitações ocupadas pelos pelos proprietários a habitações ocupadas
proprietários e ao consumo e ao consumo da pelos proprietários e ao
da produção própria produção própria consumo da produção
própria
MENOS MENOS
Contribuições para pensões Contribuições para
de velhice de regimes da pensões de velhice e
segurança social subsídios de desemprego
de regimes da segurança
social
(continuação)
Comparação de conceitos de rendimento em bases de dados com indicadores relativos à redistribuição fiscal
Líquido: disponível Rendimento disponível Rendimento disponível Rendimento disponível Rendimento disponível Rendimento disponível Rendimento disponível Rendimento disponível
líquido
Rendimento do Rendimento do Rendimentos Rendimento do Rendimento do Rendimento do Rendimento do mercado
mercado mercado primários mercado mercado mercado
MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS MAIS
Outras prestações Pensões de velhice Pensões de velhice Pensões de velhice Pensões de velhice Pensões de velhice Outras prestações
pecuniárias (excluindo e outras prestações e outras prestações e outras prestações e outras prestações e outras prestações pecuniárias (excluindo
pensões de velhice) pecuniárias recebidas pecuniárias recebidas pecuniárias recebidas pecuniárias recebidas pecuniárias recebidas pensões de velhice
da segurança social de regimes da de regimes da de regimes da de regimes da de regimes da e subsídios de
e prestações de segurança social segurança social, segurança social segurança social segurança social desemprego) de
assistência social e prestações de prestações de e prestações de e prestações de e prestações de seguros sociais públicos
assistência social assistência social assistência social assistência social assistência social e prestações de
e transferências assistência social
recebidas de (pagas a)
instituições sem fins
lucrativos e outros
agregados familiares
MENOS MENOS MENOS MENOS MENOS MENOS MENOS
Contribuições para Contribuições Contribuições Contribuições Contribuições Contribuições Contribuições para
outros regimes da para pensões de para pensões de para pensões de para pensões de para pensões de outras prestações de
segurança social velhice, subsídios de velhice, subsídios de velhice, subsídios de velhice, subsídios de velhice, subsídios de regimes da segurança
(excluindo pensões de desemprego e outras desemprego e outras desemprego e outras desemprego e outras desemprego e outras social (excluindo
velhice) prestações de regimes prestações de regimes prestações de regimes prestações de regimes prestações de regimes pensões de velhice
da segurança social da segurança social da segurança social da segurança social da segurança social e subsídios de
desemprego)
MENOS MENOS MENOS MENOS MENOS MENOS MENOS
Rendimento direto de Impostos sobre o Impostos sobre o Impostos sobre o Impostos sobre o Impostos sobre o Rendimento direto de
pessoas singulares rendimento direto de rendimento direto de rendimento direto de rendimento direto de rendimento direto de pessoas singulares e
e impostos sobre pessoas singulares pessoas singulares pessoas singulares pessoas singulares pessoas singulares impostos sobre imóveis
imóveis
Líquido: consumível Rendimento Rendimento n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
consumível consumível
Rendimento disponível Rendimento disponível
MAIS MAIS
Subsídios indiretos ao Subsídios indiretos ao
consumo consumo
MENOS MENOS
Impostos indiretos Impostos indiretos
sobre o consumo sobre o consumo
(sobre o valor (sobre o valor
acrescentado, acrescentado,
especiais sobre o especiais sobre o
consumo, sobre as consumo, sobre as
vendas e afins) vendas e afins)
(continuação)
Comparação de conceitos de rendimento em bases de dados com indicadores relativos à redistribuição fiscal
Líquido: incluindo transferências Rendimento final Rendimento final Rendimento disponível n.a. n.a. n.a. Rendimento nacional
em espécie ajustado líquido
Rendimento Rendimento Rendimento Rendimento disponível
consumível consumível consumível líquido
MAIS MAIS MAIS MAIS
Despesa pública em Despesa pública em Despesa pública em Subsídios indiretos ao
educação e saúde educação, saúde e educação, saúde e consumo
habitação habitação
MENOS
Impostos indiretos
sobre o consumo
(sobre o valor
acrescentado,
especiais sobre o
consumo, sobre as
vendas e afins) e
outros impostos.
MAIS
Despesa pública em
educação, saúde,
defesa, infraestrutura
e outras
Indicador de bem-estar a
Rendimento Rendimento Rendimento Rendimento Rendimento Rendimento Rendimento
Valores totais Conforme sugerem os Conforme sugerem os Correspondem às Conforme sugerem os Conforme sugerem os Conforme sugerem os Correspondem às
microdados microdados contas nacionais microdados microdados microdados contas nacionais
Unidade Per capita Per capita Equivalenteb Equivalenteb Equivalenteb Equivalenteb Por adultoc
“n.a.” significa não aplicável. CEQ significa o Data Center on Fiscal Redistribution do Commitment to Equity Institute. EGDNA significa o Expert Group on Disparities in a National Accounts Framework (Grupo de Peritos em Disparidades no Quadro das Contas Nacionais) da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e do Eurostat. IDD significa a Base de Dados sobre Distribuição do Rendimento da OCDE. LIS significa o LIS Cross-National Data Center. WID.world significa a World Inequality Database.
a. Nos casos em que os inquéritos às famílias apenas incluem as despesas de consumo (sem informações relativas ao rendimento), o Data Center on Fiscal Redistribution do CEQ presume que as despesas de consumo equivalem ao rendimento disponível e define os restantes conceitos de
rendimento da forma acima descrita, enquanto a World Inequality Database transforma as distribuições do consumo em distribuições do rendimento, recorrendo a perfis estilizados de poupança no caso dos países relativamente aos quais não estão disponíveis dados quanto ao rendimento.
b. O rendimento equivalente é igual à divisão do rendimento do agregado familiar pela raiz quadrada do respetivo número de membros (excluindo o pessoal doméstico).
c. Um indivíduo é classificado como adulto caso a sua idade seja superior a 20 anos.
Fonte: Data Center on Fiscal Redistribution do CEQ: Lustig 2018a, capítulo 6 (http://commitmentoequity.org/publications-ceq-handbook); Accounts Framework da OCDE e do Eurostat: www.oecd.org/officialdocuments/publicdisplaydocumentpdf/?cote=STD/DOC(2016)10&docLanguage=En;
EUROMOD: www.euromod.ac.uk/publications/euromod-modelling-conventions; https://www.euromod.ac.uk/using-euromod/statistics; LIS: documento metodológico da DART por publicar; Base de Dados sobre Distribuição do Rendimento da OCDE: www.oecd.org/els/soc/IDD-ToR.pdf; World
Inequality Database: https://wid.world/document/dinaguidelines-v1/.
As desigualdades
de género além
das médias: Entre
as normas sociais
e os desequilíbrios
de poder
Infographic: Title
4.
As desigualdades de género além
das médias: Entre as normas sociais
e os desequilíbrios de poder
Na generalidade dos países, as disparidades de género permanecem entre as formas mais persistentes de desigualdade.1 Dado que estas
desvantagens afetam metade da população mundial, podemos argumentar que a desigualdade de género é uma da maiores barreiras ao
desenvolvimento humano. Com demasiada frequência, as mulheres e raparigas são discriminadas nos domínios da saúde, da educação,
doméstico e do mercado laboral — o que acarreta repercussões negativas sobre a sua liberdade.
O progresso ao nível da redução da desigualdade de géne- Humano — um indicador da capacitação das mulheres
ro, no decurso do século XX, foi notável no que diz respei- quanto à saúde, à educação e ao estatuto económico — re-
to às realizações básicas na saúde e na educação, bem como vela que o progresso, em termos gerais, ao nível da desigual-
à participação nos mercados e na política (figura 4.1).2 dade de género tem abrandado nos últimos anos.5
Uma grande parte deste progresso foi celebrada através da Atentemos em dois desenvolvimentos: Em primeiro
Plataforma de Ação de Pequim, durante a IV Conferência lugar, as disparidades de género são mais profundas do que
Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, em 1995.3 se julgava inicialmente. A Pessoa do Ano de 2017 da re-
Contudo, à medida que o 25.º aniversário deste evento se vista Time foram as “quebradoras do silêncio”, as mulheres
aproxima, em 2020, subsistem muitos desafios à igualda- que denunciaram casos de abuso. As mulheres com uma
de, sobretudo no tocante às capacidades avançadas que carreira de sucesso estavam desprotegidas face ao abuso se-
modificam as relações de poder e potenciam a agência. xual persistente. Também o movimento #MeToo deu voz A desigualdade de género
O mundo não está em vias de alcançar a igualdade de às responsáveis pela quebra do silêncio, revelando casos de
está correlacionada
género até 2030. Com base nas atuais tendências, seriam abuso e de vulnerabilidade das mulheres, bem além do âm-
necessários 202 anos para corrigir as disparidades de géne- bito das estatísticas oficiais. Na América Latina, de igual com uma perda no
ro ao nível das oportunidades económicas.4 O Índice de modo, o movimento #NiUnaMenos expôs os feminicídios desenvolvimento humano
Desigualdade de Género do Relatório do Desenvolvimento e a violência contra as mulheres, da Argentina ao México.6 devido à desigualdade
FIGURA 4.1
Um progresso notável quanto às capacidades básicas sendo que bem menor no caso das capacidades avançadas
Capacidades Agência
avançadas e mudança
Subsistência e Capacidades
participação básicas
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 147
Em segundo lugar, existem sinais preocupantes quan- e por uma estrutura de disparidades de género que se
to às dificuldades e vicissitudes do percurso em direção à reforçam mutuamente. Estas normas e disparidades não
igualdade de género — no que diz respeito às chefes de são diretamente observáveis, pelo que, frequentemente,
Estado e de governo e à participação feminina no merca- são ignoradas, omitindo-se o seu estudo sistemático.
do de trabalho, inclusive nas regiões com uma economia
pujante e paridade de género no acesso à educação.7
Existem, além disso, sinais de uma reação adversa. Em A desigualdade de género
diversos países, a agenda da igualdade de género está a no século XXI
ser caracterizada como parte da “ideologia de género”.8
Por outras palavras, precisamente no momento em que a A desigualdade de género está intrinsecamente associada
consciência de que é necessário fazer mais para atingir a igual- ao desenvolvimento humano, apresentando as mesmas
dade de género tem aumentado, o trajeto está a tornar-se mais dinâmicas de convergência ao nível das capacidades bási-
acidentado. O presente capítulo explora os motivos do abran- cas e de divergência quanto às capacidades avançadas. De
damento do progresso, identificando as atuais barreiras que um modo geral, ainda é verdade — conforme apontado
constituem desafios quanto às perspetivas de futuro da igual- por Martha Nussbaum — que “as mulheres, em grande
dade, entre as quais as crenças pessoais e coletivas, bem como parte do mundo, carecem de apoio em relação às funções
as práticas que originam preconceitos contra a igualdade de fundamentais da vida humana.”9 Esta realidade é posta
género. Reflete sobre o reflexo de desequilíbrios intrínsecos em evidência pelo Índice de Desigualdade de Género e
de poder na desigualdade de género — um facto bem conhe- pelos seus componentes — refletindo disparidades ao
cido dos movimentos de mulheres e das pessoas especialistas nível da saúde reprodutiva, da capacitação e do mercado
em feminismo — documentando-se duas tendências: laboral. Em nenhum lugar do mundo existe igualdade de
• As desigualdades de género são intensas, generaliza- género. Na África Subsariana, 1 em cada 180 mulheres
das e subjazem à distribuição desigual do progresso que dão á luz morre (uma taxa mais de 20 vezes superior
ao nível do desenvolvimento humano entre os esca- à dos países desenvolvidos) e as mulheres adultas são
lões de desenvolvimento socioeconómico. menos instruídas, têm um menor acesso aos mercados
O mundo não está em vias • A desigualdade de género tende a ser mais intensa de trabalho do que os homens, na maioria das regiões, e
de alcançar a igualdade em áreas que envolvem uma capacitação individual carecem de acesso ao poder político (tabela 4.1).
de género até 2030 e um poder social maiores. Este fenómeno significa
que o progresso é mais fácil quanto às capacidades A desigualdade de género enquanto
mais básicas e mais árduo no que diz respeito às lacuna do desenvolvimento humano
capacidades mais avançadas (capítulo 1).
A primeira tendência assinala a urgência do combate à A desigualdade de género está correlacionada com uma
desigualdade de género para a promoção dos direitos hu- perda no desenvolvimento humano devido à desigual-
manos básicos e do desenvolvimento. A segunda faz soar o dade (figura 4.2). País algum atingiu um baixo nível de
alerta quanto ao progresso no futuro. A evolução ao nível desigualdade, em termos de desenvolvimento humano,
básico é necessária à igualdade de género, mas não basta. sem moderar a perda decorrente da desigualdade de
As normas sociais e as soluções de compromisso género. O investimento na igualdade das mulheres e na
específicas de cada género representam barreiras fun- melhoria quer do seu nível de vida quer da sua capa-
damentais à igualdade de género. As normas sociais e citação são fulcrais para a agenda do desenvolvimento
culturais favorecem, com frequência, comportamentos humano. “O desenvolvimento humano, se não abran-
que perpetuam as desigualdades, ao passo que a concen- ger o género, está em perigo”, concluiu o Relatório do
tração do poder gera desequilíbrios e leva à apropriação Desenvolvimento Humano pioneiro de 1995, com
por parte de grupos poderosos, tais como as elites base em dados semelhantes.10
patriarcais dominantes. Ambas afetam todas as formas A atualidade tem um aspeto diferente de 1995. O
de desigualdade de género, desde a violência contra as Relatório do Desenvolvimento Humano de 1995 ob-
mulheres até aos “tetos de vidro” no campo dos negó- servou disparidades de género consideráveis, superiores
cios e da política. De resto, as soluções de compromisso às atuais, mas documentou um progresso substancial
específicas de cada género pesam sobre as opções com- no decurso das duas décadas anteriores, em particular
plexas com que as mulheres se deparam no trabalho, no na educação e na saúde, áreas em que era possível pers-
ambiente familiar e na vida social — criando barreiras petivar a igualdade. A conclusão foi: “Estas impressões
estruturais e cumulativas à igualdade. Estas compensa- são um motivo de esperança — e não de pessimismo
ções são fortemente influenciadas pelas normas sociais — quanto ao futuro.”11
Taxa de partos
Taxa de na adolescência Percentagem
mortalidade (nascimentos de assentos
Índice de materna (mortes por 1.000 no parlamento População com pelo menos
Desigualdade por 100.000 mulheres dos (% do sexo uma parte do ensino secundário Taxa de participação na força de
de Género nados vivos) 15 aos 19 anos) feminino) (% com 25 anos ou mais) trabalho[1](% com 15 anos ou mais)
Estados Árabes 0,531 148,2 46,6 18,3 45,9 54,9 20,4 73,8
Ásia Oriental e Pacífico 0,310 61,7 22,0 20,3 68,8 76,2 59,7 77,0
Europa e Ásia Central 0,276 24,8 27,8 21,2 78,1 85,8 45,2 70,1
América Latina e Caraíbas 0,383 67,6 63,2 31,0 59,7 59,3 51,8 77,2
Ásia do Sul 0,510 175,7 26,1 17,1 39,9 60,8 25,9 78,8
África Subsariana 0,573 550,2 104,7 23,5 28,8 39,8 63,5 72,9
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 149
FIGURA 4.3
0.500
0.400
0.300
0.000
1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano (ver tabela estatística 5).
As mulheres alcançam um social: As mulheres alcançam um progresso maior e transportes, a economia ou as finanças. Certas áreas de
progresso maior e mais mais rápido nos domínios em que a sua capacitação atividade são tipicamente associadas a características
individual ou o seu poder social são inferiores (capaci- femininas ou masculinas, à semelhança do que sucede
rápido nos domínios em
dades básicas). Enfrentam, porém, um teto de vidro nas na educação e no mercado de trabalho.
que a sua capacitação áreas de maior responsabilidade, de liderança política e A participação económica apresenta, de igual
individual ou o seu poder com proveitos sociais nos mercados, na vida social e na modo, um gradiente (ver figura 4.4, painel direito).
social são inferiores política (capacidades avançadas) (figura 4.4). Esta visão Nos casos em que a capacitação é básica e precária,
(capacidades básicas). dos gradientes da capacitação está intimamente ligada as mulheres encontram-se sobrerrepresentadas, a
à literatura fundadora acerca das necessidades básicas exemplo dos trabalhadores familiares (tipicamente
Enfrentam, porém, um
e estratégicas decorrentes do planeamento relativo ao não remunerados). Posteriormente, à medida que o
teto de vidro nas áreas de género (caixa 4.1). poder económico aumenta, dos trabalhadores aos em-
maior responsabilidade, Considere-se o acesso à participação política (ver pregadores e dos empregadores aos artistas de sucesso
de liderança política e figura 4.4, painel esquerdo). Tanto as mulheres quanto e aos multimilionários, a discrepância entre os géneros
com proveitos sociais os homens apresentam uma taxa semelhante de partici- agrava-se.
pação eleitoral. Existe, deste modo, paridade no nível Os gradientes de capacitação parecem lineares num
nos mercados, na vida
de ingresso na participação política, em que o poder é conjunto uniforme de empresas, como no caso das
social e na política
muito difuso. Todavia, quando está em causa um poder disparidades de género na liderança das empresas do
(capacidades avançadas) político mais concentrado, as mulheres apresentam um índice S&P 500. Embora o emprego global de mulhe-
grave défice de representação. Quanto maiores forem o res nestas empresas esteja próximo da paridade, as mu-
poder e a responsabilidade, maior é a disparidade entre lheres estão sub-representadas nos mais altos cargos.
os géneros — que, no caso dos chefes de Estado e de Nos países em vias de desenvolvimento, a maioria
governo, se cifra em quase 90 por cento. das mulheres cujo trabalho é remunerado pertencem
Mesmo no caso das mulheres que atingem níveis su- à economia informal. Os países com elevadas taxas
periores de poder, registam-se gradientes semelhantes. de trabalho informal feminino incluem o Uganda, o
Apenas 24 por cento dos membros dos parlamentos Paraguai, o México e a Colômbia (figura 4.5), onde
nacionais eram mulheres em 2019,13 e as suas áreas de mais de 50 por cento das mulheres são protegidas por
competência exibiam uma distribuição desigual. Os uma regulamentação mínima, dispõem de poucos
cargos mais comuns entre as mulheres diziam respeito ou nenhuns benefícios, carecem de representação,
ao ambiente, aos recursos naturais e à energia, a que se segurança social e condições dignas de trabalho, en-
seguiam os setores sociais, como os assuntos sociais, contrando-se vulneráveis à prática de baixos salários e
a educação e a família. Havia um menor número de à potencial perda do emprego.
mulheres titulares de cargos em domínios como os
Disparidades globais de género na política Disparidades globais de género por tipo de emprego
(discrepância em relação à paridade, percentagem) (discrepância em relação à paridade, percentagem)
100 100
80
80
60
60
40
40 20
0
20
-20
0
-40
Votoa Câmara baixa Câmara alta Presidentes Chefes de Trabalhadores Por conta Por Empregadores 100 artistas 500
ou única do parlamento governo familiares própria conta do topo multimilionários
de outrem do topo
CAIXA 4.1
A noção de necessidades e interesses práticos e estratégicos de sociais de transformação dos papéis e das relações em função do
género (proposta por Carolina Moser),1 que enforma, em grande género, como uma lei que condene a violência com base no mes-
medida, o quadro de análise das políticas relativas ao género, está mo, a igualdade no acesso ao crédito e sucessória, entre outras.
ligada à conceção das capacidades básicas e avançadas e das re- A solução destes problemas deverá alterar as relações de poder
alizações no presente Relatório. Conforme se articula nas análises entre géneros. Por vezes, as necessidades práticas e estratégicas
das políticas sociais quanto ao género,2 as necessidades práticas coincidem — por exemplo, a necessidade prática de cuidados in-
de género referem-se às necessidades das mulheres e dos homens fantis coincide com a necessidade estratégica de encontrar um tra-
no tocante à amenização da vida quotidiana, tais como o acesso a balho externo ao lar.3 A diferença é comparável à que existe entre
água, melhores transportes, estabelecimentos de cuidados infan- as capacidades básicas e avançadas, discutida neste Relatório. As
tis, etc. A resolução destas questões não colocará, diretamente, em alterações renovadoras passíveis de transformações normativas e
causa as relações de poder entre géneros, embora possa suprimir estruturais são os fatores mais sólidos de previsão de intervenções
importantes obstáculos à capacitação económica das mulheres. As práticas e estratégicas de ampliação da agência e da capacitação
necessidades estratégicas de género referem-se às necessidades das mulheres, com vista à igualdade de género.
Notas
1. Molyneux 1985; Moser 1989. 2. Moser 1989. 3. ASDI 2015.
As mulheres da atualidade são as mais qualificadas funções reprodutoras das mulheres (ver Painel 2 do
da história e as gerações mais jovens de mulheres anexo estatístico), o que revela um dos “alvos móveis”
alcançaram a paridade ao nível da frequência do discutidos no capítulo 1. Alguns representam uma
ensino primário. 14 Tudo indica, no entanto, que parte normal do processo de desenvolvimento — a
isso já não seja suficiente para atingir a paridade na necessidade constante de dilatar as fronteiras para ir
idade adulta. A transição do sistema educativo para o além. Outros assinalam a reação das normas sociais
mundo do trabalho remunerado é marcada por uma profundamente enraizadas, destinada a preservar a
descontinuidade na igualdade de género, associada às estrutura de poder que lhes subjaz.
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 151
FIGURA 4.5
Nos países em vias de desenvolvimento, geralmente, a percentagem de trabalho informal no emprego não agrícola é, no caso
das mulheres, superior à dos homens
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Uganda Paraguai México Colômbia Costa Tailândia Chile África Turquia Federação Sérvia Ucrânia Moldávia Grécia
Rica do Sul Russa (Rep. da)
CAIXA 4.2
Quando as identidades de género se sobrepõem a outras iden- diversas identidades. Por exemplo, no que se refere à mediana de Os índices
tidades, combinam-se e intersectam-se, gerando preconceitos anos de escolaridade concluídos em Angola e na República Unida multidimensionais de
distintos e práticas discriminatórias que infringem a igualdade de da Tanzânia, uma importante disparidade separa as mulheres do
direitos dos indivíduos em sociedade. A interseccionalidade é o quintil superior de riqueza das que ocupam o segundo quintil ou o
normas sociais de
modo complexo e cumulativo segundo o qual os efeitos de difer- da base (ver figura). Caso as diferenças não sejam explicitamente género evidenciam
entes formas de discriminação se combinam, sobrepõem ou inter- contempladas, os programas públicos podem deixar as mulheres
sectam — e, em conjunto, se amplificam.1 Um termo sociológico, a dos quintis inferiores para trás.
uma associação à
interseccionalidade refere-se à interligação entre categorias soci- Acresce que as diversas identidades sociais dos indivíduos desigualdade de
ais como a raça, a classe, o género, a idade, a etnia, a capacidade podem exercer uma profunda influência sobre as respetivas cren-
e o estatuto residencial, encaradas como a origem de sistemas ças e experiências no que diz respeito ao género. As pessoas que
género. Nos países com
sobrepostos e interdependentes de discriminação ou imposição se identificam com múltiplos grupos minoritários, tais como as maiores preconceitos,
de desvantagens. Provém da literatura acerca dos direitos legais mulheres pertencentes a minorias raciais, facilmente podem ser
a desigualdade é
civis, reconhecendo que as políticas podem excluir pessoas que se excluídas e negligenciadas pelas políticas. Contudo, a invisibili-
defrontam com discriminações sobrepostas que lhes são únicas. dade gerada pela interação entre as identidades pode, igualmente, mais acentuada
As identidades sobrepostas devem ser tidas em consideração proteger os indivíduos vulneráveis, tornando-os alvos menos este-
na investigação e na análise de políticas, visto que diferentes nor- reotípicos de formas comuns de preconceito e exclusão.2
mas sociais e estereótipos de exclusão podem estar associados a
Como as disparidades ao nível da mediana de anos de escolaridade distinguem os ricos dos pobres em Angola e na República
Unida da Tanzânia, 2015
9.2
7.0
6.5 6.5 6.4 6.6
6.0 6.2
4.9
4.4
1.4
Total Quintil Segundo Intermédio Quarto Quintil Total Quintil Segundo Intermédio Quarto Quintil
15-49 anos inferior superior 15-49 anos inferior superior
Nota: O quintil inferior refere-se aos 20 percentis mais pobres; o quintil superior refere-se aos 20 percentis mais abastados.
Fonte: Inquéritos sobre Demografia e Saúde.
Notas
1. IWDA 2018. 2. Biernat e Sesko 2013; Miller 2016; Purdie-Vaughns e Eibach 2008.
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 153
complexas, sobretudo porque as normas e atitudes so- O progresso, no que toca à percentagem de homens
ciais são difíceis de observar, interpretar e medir. Ainda sem preconceitos em relação às normas sociais de
assim, através de dados da 5.ª edição (2005–2009) e género, foi mais acentuado no Chile, na Austrália,
da 6.ª edição (2010–2014) do Inquérito Mundial de nos Estados Unidos e nos Países Baixos (figura 4.9).
Valores, é possível construir um índice de normas so- No outro extremo, indiciando uma reação adversa, a
ciais que registe o modo como as crenças sociais podem percentagem de homens sem qualquer preconceito di-
obstruir a igualdade de género em múltiplas dimensões minuiu na Suécia, na Alemanha, na Índia e no México.
(figura 4.6 e caixa 4.3). Os maiores aumentos da proporção de mulheres
sem preconceitos no tocante às normas sociais de
Preconceitos generalizados género ocorreram nos Países Baixos, no Chile, na e
e reação adversa na Austrália. Contudo, a maior parte dos países da
amostra revelam uma reação adversa, encabeçados pela
Os índices multidimensionais per capita e de elevada intensi- Suécia, Índia, África do Sul e Roménia (ver figura 4.9).
As identidades dade de normas sociais de género (ver caixa 4.3) revelam pre-
sobrepostas devem ser conceitos disseminados quanto às normas sociais de género. Desigualdade de género e normas sociais
De acordo com o índice per capita, apenas 14 por cento das
tidas em consideração na
mulheres e 10 por cento dos homens, a nível mundial, não Os índices multidimensionais de normas sociais de género
investigação e na análise apresentam quaisquer preconceitos quanto às normas sociais evidenciam uma associação à desigualdade de género, como
de políticas, visto que de género (figura 4.7). As mulheres exibem uma propensão seria de esperar. Nos países com um nível mais elevado de
diferentes normas sociais para um menor preconceito contra a igualdade de género e preconceito (medido através dos índices multidimensionais
e estereótipos de exclusão a capacitação feminina. Verifica-se uma concentração nos de normas sociais de género), a desigualdade global (medida
segmentos intermédios da distribuição no caso dos homens, pelo Índice de Desigualdade de Género) é mais acentuada
podem estar associados
52 por cento dos quais apresentam dois a quatro preconcei- (figura 4.10). De um modo semelhante, os índices apresen-
a diversas identidades tos quanto às normas sociais de género. O índice de elevada tam uma relação positiva com o Índice de Desigualdade de
intensidade demonstra que mais de metade da população Género no tocante ao tempo despendido em tarefas domés-
mundial tem um preconceito de elevada intensidade contra ticas e na prestação de cuidados sem remuneração.
a igualdade de género e a capacitação das mulheres. Os preconceitos das normas sociais evidenciam,
Ambos os índices comprovam uma estagnação ou igualmente, um gradiente. As dimensões políticas e eco-
reação adversa entre os períodos de 2005–2009 e 2010– nómicas do índice multidimensional de normas sociais
2014. A percentagem, à escala mundial, quer de mulheres de género indicam preconceitos em prol das realizações
quer de homens sem preconceitos quanto às normas básicas das mulheres e contra um progresso mais avança-
sociais em função do género decresceu (figura 4.8). do por parte das mesmas (figura 4.11). Em termos gerais,
FIGURA 4.6
Os homens são As mulheres têm os A universidade é mais Os homens deveriam ter Os homens são Representação Representação
Indicadores melhores líderes mesmos direitos importante para um mais direito a um melhores executivos estatística da estatística
políticos do que que os homens homem do que para emprego do que empresariais violência em relações dos direitos
as mulheres uma mulher as mulheres do que as mulheres íntimas reprodutivos
Índice da dimensão Índice de capacitação Índice de capacitação Índice de capacitação Índice de integridade
política educativa económica física
A investigação efetuada no âmbito deste Relatório propôs o índice multidimensional de O segundo conjunto é formado, unicamente, por países com dados quer da 5. edição quer
normas sociais de género, que visa registar o modo como as crenças sociais podem obstruir da 6. edição. Este conjunto inclui 32 países e territórios, representando 59 por cento da
a igualdade de género em várias dimensões. O índice abrange quatro dimensões — políti- população mundial.
ca, educativa, económica e integridade física — e é elaborado com base nas respostas a
sete questões do Inquérito Mundial de Valores, utilizadas para a criação de sete indica- Definição de preconceito dos indicadores do índice multidimensional de normas
dores (ver figura 4.5, no corpo do texto). A seleção de respostas varia consoante o indicador. sociais de género
No caso dos indicadores com uma seleção de respostas que inclui “concordo fortemente”, Definição de
Dimensão Indicador Opções preconceito
“concordo”, “discordo” e “discordo fortemente”, o índice define os indivíduos com precon-
ceito como aqueles que respondem “concordo fortemente” e “concordo”. Em relação ao Os homens são
Concordo fortemente,
indicador político relativo aos direitos das mulheres, cuja resposta consiste numa escala melhores líderes Concordo fortemente
concordo, discordo,
numérica, de 1 a 10, o índice define os indivíduos com preconceito como aqueles que se- políticos do que as e concordo
discordo fortemente
Política mulheres
lecionam uma classificação igual ou inferior a 7. Já quanto aos indicadores referentes à
integridade física, cuja resposta também oscila entre 1 e 10, o índice define os indivíduos As mulheres têm os
1, não essencial, a Forma intermédia:
com preconceito através de uma representação estatística (proxy) variável da violência em mesmos direitos que
10, essencial 1–7
os homens
relações íntimas e de outra relativa aos direitos reprodutivos.
A universidade é
Concordo fortemente,
Agregação mais importante para Concordo fortemente
Educativa concordo, discordo,
Em cada indicador, uma variável apresenta um valor de 1 quando um indivíduo tem precon- um homem do que e concordo
discordo fortemente
para uma mulher
ceitos e de 0, quando não os tem. Em seguida, são utilizados dois métodos de agregação
para a apresentação dos resultados relativos ao índice. Os homens deveriam
Concordo, não
O primeiro consiste numa contagem simples (equivalente à abordagem de união), em ter mais direito a um Concordo fortemente
concordo nem
emprego do que as e concordo
que os indicadores são, simplesmente, somados, pelo que têm a mesma ponderação. Este discordo, discordo
mulheres
resultado tem um valor mínimo de 0 e um máximo de 7: Económica
O cálculo é uma simples adição de variáveis dicotómicas, embora complique a desa- Os homens são
Concordo fortemente,
melhores executivos
gregação e a análise por dimensão e por indicador. concordo, discordo, Concordo
empresariais do que
Para solucionar esta questão, o segundo método adota a metodologia de Alkire– discordo fortemente
as mulheres
Foster,1 contando os diferentes preconceitos relativos às normas sociais de género que um
Representação
indivíduo enfrenta em simultâneo (seguindo a abordagem interseccional). Estas dimensões
estatística da 1, nunca, a 10, Forma mais forte:
são analisadas por forma a determinar quem apresenta um preconceito, quanto a cada
violência em relações sempre 2–10
indicador. Este resultado contabiliza apenas as pessoas com um preconceito de elevada
Integridade física íntimas
intensidade.
Representação
Os métodos são aplicados a dois conjuntos de países. O primeiro conjunto é composto 1, nunca, a 10,
estatística dos Forma mais fraca: 1
por países com dados relativos ora à 5. edição (2005–2009) ora à 6. edição (2010–2014) sempre
direitos reprodutivos
do Inquérito Mundial de Valores, recorrendo aos dados mais recentes disponíveis. Este
conjunto inclui 77 países e territórios, representando 81 por cento da população mundial. Fonte: Mukhopadhyay, Rivera e Tapia 2019.
Nota
1. Alkire e Foster 2011.
Fonte: Mukhopadhyay, Rivera e Tapia 2019.
os preconceitos parecem ser mais intensos em relação às as manifestações de excesso de confiança, frequentemente
formas mais avançadas de participação das mulheres. A dissimulado como carisma ou charme, serem comummente
proporção de pessoas que favorecem os homens, em detri- confundidas com o potencial para a liderança e muito mais
mento das mulheres, quanto aos altos cargos de liderança frequentes entre os homens do que entre as mulheres.22
política e económica é superior à percentagem de pessoas É provável que os gradientes dos preconceitos afetem
que preferem os homens às mulheres no tocante ao acesso as eleições e as decisões económicas e familiares, difi-
a direitos políticos básicos ou ao emprego remunerado. cultando a consecução da igualdade de género nas si-
Estas diferenças podem ser justificadas por várias teorias tuações que envolvem níveis superiores de capacitação.
relacionadas com as normas sociais. Uma das quais sugere
a incapacidade de discernir entre a confiança e a competên- O que leva à mudança — e o que
cia. Caso as pessoas interpretem, erroneamente, a confiança determina a sua natureza?
como um sinal de competência, podem ser induzidas em
erro, julgando que os homens são melhores líderes do que De que modo podem as práticas e os comportamentos
as mulheres, quando, na verdade, são apenas mais confian- mudar ou, por outro lado, preservar os papéis tradicio-
tes. Por outras palavras, no que diz respeito à liderança, a nais em função do género? As normas podem evoluir
única vantagem dos homens sobre as mulheres é o facto de à medida que as economias se desenvolvem, mediante
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 155
FIGURA 4.7 Atentemos nas diferenças subtis entre as normas
descritivas e as injuntivas.25 As normas descritivas
Apenas 14 por cento das mulheres e 10 por cento dos homens, a
nível mundial, não apresentam quaisquer preconceitos quanto consistem em crenças relativas às práticas consideradas
às normas sociais de género normais no interior de um grupo ou de uma área. As
normas injuntivas ditam aquilo que as pessoas de uma
Percentagem da população inquirida cujas
respostas indicam preconceitos em relação comunidade deveriam fazer. Esta distinção é impor-
à igualdade de género e à capacitação das mulheres tante, na prática, pois pode levar à compreensão dos
motivos pelos quais alguns aspetos das normas e rela-
População População
feminina masculina
ções entre os géneros se transformam a um ritmo mais
50 52
acelerado do que outros.26
A família define normas e as experiências da infância
24 geram um preconceito inconsciente em relação ao gé-
18 21
14
nero.27 As atitudes dos pais quanto ao género influen-
10 12
ciam as crianças até à média adolescência, inclusive,
e os menores em idade escolar têm uma perceção dos
Sem preconceitos em 1 2-4 Mais de 5 papéis em função do género.28 As práticas e os com-
função do género preconceito preconceitos preconceitos
portamentos de parentalidade encontram-se, assim,
Nota: Painel equilibrado de 77 países e territórios, com dados da 6. edição (2010–2014) do Inquérito
entre os fatores de previsão dos comportamentos e das
Mundial de Valores, representando 81 por cento da população mundial.
expectativas dos indivíduos com ligação ao género. Por
As normas podem Fonte: Mukhopadhyay, Rivera e Tapia (2019), com base em dados do Inquérito Mundial de Valores.
exemplo, as crianças tendem a imitar (nas suas atitudes
evoluir à medida que e ações) o modo como os seus pais dividem o trabalho
as economias se alterações das tecnologias de comunicação, novas leis, remunerado e não remunerado.29
desenvolvem, mediante políticas ou programas, por meio do ativismo social e As experiências de parentalidade podem, no entan-
alterações das tecnologias político e da exposição a ideias e práticas diferentes, to, influenciar a alterar as normas sociais e os papéis
através de canais formais e informais (educação, mode- em função do género dos adultos. Num fenómeno de-
de comunicação,
los a seguir e meios de comunicação social).23 signado por “mighty girl effect”, a consciência de cada
novas leis, políticas ou Os legisladores focam-se, frequentemente, em aspe- pai no tocante às desvantagens associadas ao género
programas, por meio do tos tangíveis — leis, políticas, compromissos orçamen- aumenta quando tem filhas a seu cargo.30 Ser pai de
ativismo social e político tais, declarações públicas e assim sucessivamente. Esta uma rapariga em idade escolar faz com que seja mais fá-
e da exposição a ideias situação deve-se, em parte, à vontade de medir o impac- cil, para um homem, colocar-se na posição da sua filha,
to (e, deste modo, provar a eficácia), à frustração com nutrir empatia pelas raparigas que enfrentam normas
e práticas diferentes,
o cariz vago das discussões dos “círculos de debate” em tradicionais em função do género e adotar outras, não
através de canais formais
torno de direitos e normas e à pura impaciência face ao tradicionais, que não deixem as suas filhas em desvanta-
e informais (educação, ritmo lento da mudança. Porém, negligenciar o poder gem face aos homens no mercado laboral.31
modelos a seguir e meios invisível das normas equivaleria a renunciar a uma A adolescência é outra etapa fundamental para a socia-
de comunicação social) compreensão mais aprofundada da mudança social.24 lização com base no género, sobretudo para os rapazes.32
FIGURA 4.8
A percentagem, à escala mundial, quer de mulheres quer de homens sem preconceitos quanto às normas sociais em função do
género decresceu entre 2005–2009 e 2010–2014
O progresso, entre 2005–2009 e 2010–2014, relativamente à percentagem de homens sem preconceitos ao nível das normas sociais de género, foi mais acentuado no Chile, na
Austrália, nos Estados Unidos e nos Países Baixos, enquanto a maioria dos países evidenciou uma reação adversa na percentagem de mulheres sem preconceitos quanto às
normas sociais em função do género
Homens Mulheres
Note: Painel equilibrado de 32 países e territórios, com dados quer da 5. edição (2005–2009) quer da 6. edição (2010–2014) do Inquérito Mundial de Valores, representando 59 por cento da população mundial.
Fonte: Mukhopadhyay, Rivera e Tapia (2019), com base em dados do Inquérito Mundial de Valores.
FIGURA 4.10
Os países com maiores preconceitos ao nível das normas sociais tendem a apresentar uma desigualdade de género superior
10
0.6
0.4
6
0.2 4
2
0
0 0.2 0.4 0.6 0 0.2 0.4 0.6
Índice de Normas Sociais (valor) Índice de Normas Sociais (valor)
Fonte: Mukhopadhyay, Rivera e Tapia (2019), com base em dados do Inquérito Mundial de Valores e do painel 2 do anexo estatístico.
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 157
FIGURA 4.11
É comum que os jovens adolescentes oriundos de diversos diferente.36 Devido à interligação entre as dinâmicas
contextos culturais perfilhem normas que perpetuam as sociais,37 o confronto das normas discriminatórias que
desigualdades de género e os pais e colegas são fulcrais impedem a igualdade de género e a capacitação das
A impotência manifesta- para a formação destas atitudes. Algumas das normas de mulheres exige a tomada de medidas simultâneas em
masculinidade subscritas dizem respeito à resistência físi- relação a vários fatores.
se na incapacidade
ca (ostentar uma maior tolerância à dor, envolver-se em
de participar em brigas, participar em competições desportivas), à auto-
decisões que afetam nomia (independência financeira, proteção e sustento da Escolhas limitadas e desequilíbrios
profundamente a própria família), ao estoicismo emocional (não “agir como uma de poder ao longo do ciclo de vida
vida ou influenciá-las, rapariga” nem demonstrar vulnerabilidades, lidar com os
problemas sozinho) e às proezas heterossexuais (ter rela- A desigualdade de género no seio das famílias e das co-
enquanto agentes mais
ções sexuais com um grande número de raparigas, exercer munidades caracteriza-se por uma desigualdade trans-
poderosos as tomam, o controlo sobre as mesmas em relações) (caixa 4.4).33 versal a múltiplas dimensões, constituindo um círculo
apesar de desconhecerem As convenções sociais referem-se ao modo como vicioso de impotência, estigmatização, discriminação,
a situação das pessoas o cumprimento das normas sociais de género é in- exclusão e privação material, fenómenos que se refor-
vulneráveis e não terem os ternalizado através de valores individuais positiva ou çam mutuamente. A impotência manifesta-se de diver-
negativamente reforçados. O reforço positivo recorre à sas formas, mas, no seu âmago, reside a incapacidade
seus interesses em mente
aprovação social ou psicológica, ao passo que o negativo de participar em decisões que afetam profundamente
pode variar entre o ostracismo e a violência ou execução a própria vida ou influenciá-las, enquanto agentes
de medidas jurídicas. O estigma pode restringir aquilo mais poderosos as tomam, apesar de desconhecerem
que é considerado normal ou aceitável, bem como ser a situação das pessoas vulneráveis e não terem os seus
usado para a manutenção de estereótipos e normas interesses em mente. O desenvolvimento humano
sociais relativamente aos comportamentos apropriados. prende-se com a expansão das liberdades substantivas e
Uma norma social será tão mais persistente quanto mais das opções. Nesta secção, apresentamos elementos que
os indivíduos tiverem a ganhar com o cumprimento da demonstram as escolhas limitadas ou mesmo trágicas
mesma e a perder com o seu confronto.34 As normas so- com que as mulheres se defrontam.38
ciais têm um poder suficiente para impedir que as mu- É possível identificar exemplos de opções limitadas
lheres reivindiquem os seus legítimos direitos, devido à com base numa abordagem centrada no ciclo de vida.
pressão para corresponderem às expectativas sociais.35 Algumas representam restrições flagrantes de liberdades
As normas sociais podem, ainda, prevalecer quando básicas e direitos humanos; outras consistem em mani-
os indivíduos não dispõem de informações ou conheci- festações subtis de preconceitos quanto ao género. As
mento que lhes permitam agir ou pensar de um modo disparidades na infância e na adolescência agravam-se
A caixa da masculinidade
O envolvimento dos homens e rapazes é uma parte crucial da pro- forma que preserva as estruturas de poder existentes. Em 2019,
moção da agenda da igualdade de género. A igualdade de género o Instituto Promundo, em parceria com a Unilever, estimou os
implica a mudança e a transformação da forma como os indivíduos impactos económicos da caixa da masculinidade no México, no
exprimem e experienciam o poder nas suas vidas, relações e co- Reino Unido e nos Estados Unidos, considerando a intimidação, a
munidades. Ao alcançarem a igualdade, as mulheres e os homens violência, a depressão, o suicídio, o consumo excessivo de bebidas
disporão da mesma agência para fazer escolhas e participar na so- alcoólicas e os acidentes de viação custos da restrição dos homens
ciedade. Ainda que as mulheres e raparigas sofram a maioria das a comportamentos masculinos.2 Duas das consequências mais no-
consequências das desigualdades de género, os homens e rapazes civas para os homens dizem respeito à sua saúde mental: é menos
também são afetados pelas conceções tradicionais do género. provável que os homens procurem serviços de saúde mental do que
O género é uma construção social das funções ou dos atrib- as mulheres e os primeiros apresentam uma maior probabilidade
utos associados ao masculino e ao feminino. Os significados de de suicídio do que estas últimas. Para além dos benefícios éticos
homem e de mulher são aprendidos e internalizados com base e sociais da igualdade de género, os homens, enquanto indivíduos,
em experiências e mensagens, ao longo da vida, e normalizados poderiam tirar partido da livre expressão, desde disporem de mais
através das estruturas sociais, da cultura e das interações. Embora opções quanto às suas próprias experiências e comportamentos Importa desafiar as
os homens tenham, normalmente, uma agência superior à das mul- até formarem relações melhores e mais saudáveis com as mul-
normas rígidas de género
heres quanto às respetivas vidas, as suas decisões são, de igual heres e raparigas.
modo, profundamente moldadas por expectativas sociais e culturas Assim sendo, importa desafiar as normas rígidas de género e as dinâmicas de poder
rígidas em relação à masculinidade. e as dinâmicas de poder dos agregados familiares e das comuni-
dos agregados familiares
A masculinidade é o padrão de comportamentos ou práticas dades, bem como envolver os homens e rapazes na concretização
sociais associado aos ideais relativos ao modo como os homens destas mudanças. O envolvimento dos homens na prevenção da e das comunidades,
devem comportar-se.1 Algumas características da masculinidade violência com base no género, no apoio à capacitação económica bem como envolver
dizem respeito à dominação, à dureza e à assunção de riscos, o que, das mulheres, na prossecução da mudança ao nível da saúde repro-
recentemente, se tem designado por masculinidade tóxica ou caixa dutiva e no seu papel enquanto pais e prestadores de cuidados con- os homens e rapazes
da masculinidade, visto que os comportamentos tradicionais dos stitui um exemplo do modo como os homens podem pôr em causa na concretização
papéis em função do género restringem a ação dos homens de uma as suas noções de masculinidade e de si próprios.
destas mudanças
Notas
1. Ricardo e MenEngage 2014. 2. Heilman e outros 2019.
quando as mulheres atingem a idade adulta, conforme e somente 6 países apresentavam um rácio desequili-
exemplificam as diferenças ao nível da participação na brado entre os sexos à nascença, hoje em dia, 21 países
população ativa e da representação das mulheres em exibem um rácio enviesado. A preferência por um filho
cargos de poder, nos negócios e na política (ver figura pode levar a abortos seletivos em função do sexo e a um
4.4). No caso do trabalho não remunerado de prestação grande número de mulheres “em falta”, sobretudo no
de cuidados, as mulheres carregam um fardo maior, de- caso de alguns países da Ásia do Sul.40 A discriminação
sempenhando mais do que o triplo das tarefas realizadas mantém-se no modo como os agregados familiares
pelos homens.39 Além disso, os desafios das mulheres dividem os recursos. As raparigas e mulheres, por vezes,
mais velhas acumulam-se no decurso da vida: É menos comem em último lugar e menos do que os restantes
provável, em relação aos homens, que tenham acesso a membros do agregado.41 As políticas alimentares em
pensões, ainda que a sua esperança de vida seja superior função do género — nutridas por premissas, normas
em três anos. As normas sociais e a dependência do e práticas relativas às menores necessidades calóricas
percurso histórico — o modo como os resultados atuais das mulheres — podem impeli-las para uma situação
afetam os futuros resultados — interagem ao longo de perpétua de subnutrição e deficiência proteica.
todo este trajeto, formando um sistema altamente com- As oportunidades educativas, incluindo o acesso
plexo de disparidades estruturais entre géneros. e a qualidade, são afetadas quer pelas normas sociais
do agregado familiar quer pelas da comunidade. As
Nascimento, primeira infância e idade escolar diferenças entre géneros manifestam-se nas famílias das
raparigas, primeiramente, no tocante à educação en-
Em algumas culturas, as normas sociais tradicionais quanto direito humano e, posteriormente, em relação
podem afetar as raparigas mesmo antes do seu nasci- ao respeito pela agência das mulheres quanto à decisão
mento, visto que alguns países têm uma grande pre- de estudar e ao campo disciplinar da sua preferência.
ferência por filhos do sexo masculino. Ao passo que, As normas sociais podem definir o nível de instrução
na década de 1990, apenas alguns países dispunham que uma rapariga pode atingir ou a sua escolha quanto
de tecnologia para determinar o género de um bebé aos estudos. A restrição, o controlo e a fiscalização do
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 159
comportamento e das decisões de uma rapariga ou horizontal mais disseminadas em todo o mundo, o casa-
mulher no que diz respeito à sua educação ou trabalho, mento precoce acarreta riscos desproporcionais para a saúde
ou ao seu acesso a recursos financeiros ou à respetiva das mulheres e raparigas, refletindo quer as diferenças bioló-
distribuição, constituem uma forma de violência eco- gicas quer ao nível das normas sociais (ver caixa 4.3). Além
nómica (ver destaque 4.1, no final do capítulo). De res- disso, o casamento precoce limita as opções das raparigas.
to, ainda que as raparigas tenham uma educação com A taxa de gravidez na adolescência entre as mulhe-
a mesma qualidade da que é ministrada aos rapazes, os res com idades compreendidas entre 15–19 anos é
restantes efeitos da desigualdade — impulsionados, em de 104,7 por 1.000 na África Subsariana e de 63,2 na
particular, por normas sociais em função do género — América Latina e nas Caraíbas. Quando uma rapariga
reduzem a sua posterior probabilidade de alcançar adolescente engravida, a sua saúde é posta em perigo,
cargos de poder e de participar na tomada de decisões. as suas perspetivas educativas e laborais podem cessar
À escala mundial, uma em cada oito raparigas em idade abruptamente e a sua vulnerabilidade à pobreza e à
escolar não frequenta o ensino primário nem o secundário. exclusão multiplica-se.49 A gravidez na adolescência,
Apenas 62 dos 145 países atingiram a paridade de género frequentemente o resultado da falta de oportunidades e
ao nível do ensino primário e secundário.42 A despeito do de liberdade das raparigas, pode ser o reflexo da ausência
progresso observado em alguns países no tocante às taxas de proteção dos seus direitos pelas pessoas em seu redor.
de matrícula, persistem grandes diferenças no tocante aos A contraceção é importante para a manutenção de uma
resultados da aprendizagem e à qualidade da educação. boa saúde sexual e reprodutiva.50 O uso de contracetivos
Mesmo entre as crianças que frequentam a escola, os fa- é mais acentuado entre adolescentes não casadas e sexual-
tores determinantes das opções profissionais surgem muito mente ativas, mas também as necessidades de planeamen-
precocemente. É menos provável que as raparigas estudem to familiar por satisfazer o são, especialmente na Ásia e
disciplinas do domínio das ciências, tecnologia, engenha- Pacífico e na África Subsariana (figura 4.12). Persiste, em
ria e matemática, enquanto os rapazes representam uma muitos países, um estigma em torno das mulheres não
minoria dos estudantes da área da saúde e da educação.43 casadas que necessitam de serviços de planeamento fami-
liar. Nalguns países, de resto, a regulamentação impede o
Adolescência e início da idade adulta acesso a estes serviços. Além disso, muitas mulheres não
têm meios para pagar cuidados de saúde.
A adolescência é a fase em que os futuros das raparigas As normas sociais e os comportamentos tradicionais re-
As diferenças entre e dos rapazes começam a divergir; enquanto os mundos presentam, geralmente, uma ameaça à saúde reprodutiva das
géneros ao nível do dos rapazes se expandem, os das raparigas contraem-se.44 mulheres. Estas últimas são mais vulneráveis à perda de agên-
trabalho remunerado e Todos os anos, 12 milhões de raparigas são vítimas de cia para ter uma vida sexual satisfatória e segura, a capacidade
casamentos forçados.45 As raparigas obrigadas a casar na de reproduzir-se e a liberdade de decidir se, quando e com
não remunerado e os
infância são vítimas de uma violação dos direitos huma- que frequência o farão.51 Quando os homens recorrem ao seu
gradientes de capacitação nos, condenadas a viver uma vida com escolhas muito poder para decidir em nome das mulheres, restringem o aces-
agrupam vários elementos restritas e um baixo grau de desenvolvimento humano. so das mulheres a recursos e ditam o seu comportamento. Em
que restringem as O casamento infantil não só aliena as raparigas das res-
opções das mulheres petivas famílias e redes de sociabilização, como ainda agrava FIGURA 4.12
o risco de se tornarem vítimas de violência doméstica.46
O uso de contracetivos é mais acentuado entre raparigas
Exacerba a desigualdade de género, na sua aceção geral, ao adolescentes não casadas e sexualmente ativas, mas também as
nível da educação e do emprego, ao reduzir, acentuadamente, necessidades de planeamento familiar por satisfazer o são, 2002–2014
a probabilidade de que uma rapariga conclua a sua educação
Atualmente casadas/em união de facto
formal e desenvolva competências para um emprego externo Solteiras e sexualmente ativas
ao lar.47 Conduz, ainda, a múltiplas gravidezes precoces,
51
aumentando os riscos de saúde, tanto das raparigas casadas
41
quanto dos seus filhos, uma vez que os riscos de morte dos
filhos recém-nascidos, de mortalidade e de morbilidade in- 20 23
fantil são mais elevados no caso das crianças concebidas por
mulheres com uma idade inferior a 20 anos.48
Os efeitos do casamento precoce sobre a saúde contam-se
Prevalência do uso de contracetivos, Necessidades de planeamento
entre os muitos riscos neste domínio que são mais elevados qualquer método (percentagem) por satisfazer (percentagem)
no caso das mulheres e raparigas do que no dos homens
Fonte: FNUAP 2016.
e rapazes. Uma das formas transversais de desigualdade
FIGURA 4.13
As disparidades no trabalho não remunerado de prestação de cuidados mantêm-se nas economias em vias de desenvolvimento
21.6 21.0
19.4 19.2
16.8
15.2
Estados Árabes Ásia Oriental Europa América Latina Ásia do Sul África Subsariana
e Pacífico e Ásia Central e Caraíbas
Nota: A regra de agregação foi relaxada; as estimativas não foram publicadas no painel.
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano.
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 161
donas de casa julga estar, ao ficar em casa, a abdicar de regiões de países em vias de desenvolvimento (figura 4.15).
uma carreira ou da independência económica. Uma ele- A independência financeira das mulheres pode depender
vada percentagem de mães com profissões remuneradas de fatores socioeconómicos, como a profissão, os rendi-
é defrontada com stress causado pelo sentimento de que mentos e a sua estabilidade61 ou da discriminação jurídica e
a sua opção traz sofrimento aos seus filhos (figura 4.14). das normas associadas ao género.62 A restrição dos recursos
Acresce que as desigualdades de cariz doméstico exa- das mulheres não se cinge ao domínio financeiro: as altera-
cerbam a desigualdade de género em função do mercado, ções climáticas, em particular, exacerbam as desigualdades
através da desigualdade salarial devido à maternidade existentes ao nível dos meios de subsistência das mulheres e
— um termo que pode referir-se ora à diferença entre reduzem a sua resiliência (caixa 4.5).
o salário das mães e das mulheres sem filhos, ora à que Conforme se observou, a probabilidade de pertença a
existe entre as mães e os pais, ao invés de todos os homens agregados familiares pobres das raparigas e mulheres em
e todas as mulheres pertencentes à população ativa. A de- idade fértil (15–49 anos) é superior à dos rapazes e homens
sigualdade salarial devido à maternidade é, normalmente, da mesma idade (figura 4.16). Este fenómeno põe em causa
mais acentuada nos países em vias de desenvolvimento a abordagem da composição dos agregados familiares com
e, em todos os países, aumenta consoante o número de base em “definições de chefia”, no âmbito da análise de per-
filhos de cada mulher. A combinação de baixos rendi- fis de pobreza, segundo a qual é mais provável que os agre-
mentos com dependentes conduz à sobrerrepresentação gados familiares com um homem que aufere o rendimento,
A independência das mulheres entre as pessoas pobres, durante a sua idade uma esposa sem rendimentos e crianças incluam mulheres
fértil: As mulheres apresentam uma probabilidade de re- pobres. As crianças e os demais dependentes podem ser
financeira das mulheres
sidência num agregado familiar pobre, entre os 25 e os 34 um importante fator de vulnerabilidade para as mulheres
pode depender de anos de idade, superior, em 22 por cento, à dos homens.59 em idade fértil. Quanto às pessoas de ambos os géneros,
fatores socioeconómicos, De acordo com o Global Findex de 2017, do Banco a partilha de recursos e a presença de um maior número
como a profissão, Mundial, entre os 1,7 mil milhões de adultos sem conta de adultos com um emprego remunerado num agregado
os rendimentos e a bancária em todo o mundo, 56 por cento são mulheres, ao familiar podem protegê-las de uma situação de pobreza,
passo que, nos países em vias de desenvolvimento, a proba- tal como a educação, especialmente no caso das mulheres.63
estabilidade dos mesmos,
bilidade de as mulheres não possuírem conta bancária é su- Para a maioria das pessoas, as condições de trabalho
ou da discriminação perior à dos homens em 9 pontos percentuais.60 Os Estados ao longo da vida têm um enorme impacto sobre as
jurídica e das normas Árabes e a África Subsariana apresentam a menor percen- condições económicas e a autonomia na terceira idade.
associadas ao género tagem de mulheres com conta junto de uma instituição fi- No caso das mulheres — sobrerrepresentadas entre
nanceira ou de um prestador de serviços de dinheiro móvel, a população idosa — é provável que as disparidades
mas esta percentagem é inferior a 80 por cento em todas as anteriores, em termos de saúde, salários, produtividade,
FIGURA 4.14
Uma grande percentagem de mulheres com emprego considera que a opção pelo trabalho acarreta o sofrimento dos seus filhos, ao passo que uma elevada percentagem
das donas de casa julga estar, ao ficar em casa, a abdicar de uma carreira ou da independência económica, 2010–20141
Mulheres empregadas que concordam Donas de casa que concordam que um emprego
que as crianças sofrem se as mulheres tiverem emprego é a melhor forma de uma mulher se tornar independente
0 20 40 60 80 0 20 40 60 80
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da 6. edição (2010–2014) do Inquérito Mundial de Valores.
Em 2018, a percentagem de mulheres com conta junto de uma instituição financeira ou de um prestador de serviços de dinheiro móvel é inferior a 80 por cento em todas
as regiões de países em vias de desenvolvimento
80
60
40
20
0
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
Estados Árabes Ásia Oriental Europa e América Latina Ásia do Sul África Subsariana Desenvolvidos
e Pacífico Ásia Central e Caraíbas
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em dados da base de dados do Global Findex.
CAIXA 4.5
As mulheres tendem a ser responsáveis pela aquisição e pelo for- Uma maior participação feminina na gestão dos recursos nat-
necimento de alimentos aos agregados familiares e representam a urais, nas atividades agrícolas produtivas e na resposta às catást-
maioria dos trabalhadores empregues na agricultura de subsistên- rofes naturais pode fomentar a eficácia e a sustentabilidade das
cia. Representam, em média, 43 por cento da mão-de-obra agrícola políticas e dos projetos. A abolição das disparidades de género
dos países em vias de desenvolvimento.1 em termos de produtividade agrícola aumentaria o rendimento das
Ainda assim, padecem de um acesso iníquo à terra e aos in- colheitas em 7–19 por cento na Etiópia, no Malaui, no Ruanda, na Uma análise que vá
sumos agrícolas,2 o que pode afetar a sua produtividade no setor, Tanzânia e no Uganda.4 além das médias
gerando uma discrepância face à produtividade dos homens. Na As alterações climáticas podem afetar o rendimento e a in-
Etiópia, no Malaui, no Ruanda, na Tanzânia e no Uganda, as dispar- strução das mulheres, assim como o seu acesso aos recursos, às exige mais e melhores
idades de género em termos de produtividade agrícola variam entre tecnologias e à informação,5 implicando consequências económi- dados para continuar
os 11 e os 28 por cento.3 A diferença deve-se ao acesso ao crédito, cas e sociais para as mesmas. As mulheres dos países em vias
à propriedade da terra, à utilização de fertilizantes e sementes e à de desenvolvimento são altamente vulneráveis nos casos em que a lutar pela igualdade
disponibilidade de mão-de-obra. À semelhança do que sucede em dependem, em grande medida, dos recursos naturais locais para de género e tornar as
muitas outras dimensões, as normas e tradições relativas ao géne- o seu sustento. As mulheres, porém, são poderosos agentes de
ro no seio do agregado familiar subjazem à afetação iníqua dos mudança. Enquanto atores fundamentais em setores produtivos outras desigualdades
fatores de produção, restringindo, deste modo, a agência, o poder vitais, estão bem posicionadas para identificar e adotar estraté- horizontais visíveis
de decisão e a participação das mulheres no mercado laboral. Além gias apropriadas para o combate às alterações climáticas, ao nível
disso, as disparidades de género no setor agrícola prejudicam a re- doméstico e comunitário.
dução da pobreza e da desigualdade e a mitigação dos efeitos das
alterações climáticas e da deterioração do meio ambiente.
Notas
1. FAO 2011. 2. ONU Mulheres, PNUD e PNUA 2018. 3. ONU Mulheres, PNUD e PNUA 2018. 4. ONU Mulheres, PNUD e PNUA 2018. 5. Brody, Demetriades e Esplen 2008.
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 163
FIGURA 4.16 adversa quanto às relações convencionais de poder
entre homens e mulheres nas atuais hierarquias sociais.
É mais provável que as raparigas e mulheres em idade fértil
residam em agregados familiares pobres do que os rapazes A reação adversa contra a mudança dos papéis em
e homens função do género nos agregados familiares, nos locais
Taxa de pobreza (percentagem) de trabalho e na política afeta a sociedade inteira,
25 influenciada pela transição das relações de poder. A
resistência à mudança das expectativas associadas ao gé-
20 nero pode originar uma perceção de confronto — um
15
conflito, por exemplo, entre os direitos das mulheres
População feminina
e os valores tradicionais — ou revelar preconceitos
10 inconscientes. Ainda assim, também as normas podem
População masculina ser modificadas com vista à igualdade de género.
5
Esta transformação pode ser apoiada através de uma
0 Lorem ipsum dolor sit amet, consectetuer adipiscing elit, sed diam nonummy nibh postura proativa, criando uma nova regulamentação
0–14 15–24 25–34 35–39 40–49 50–54 55–59 60+ e intervenções políticas que inscrevam a igualdade
Faixa etária (anos de idade) de género e a capacitação das mulheres na corrente
Fonte: Munoz Boudet e outros 2018.
social dominante. Embora isto tenha vindo a suceder,
não tem sido suficiente para gerar mudanças de longo
prazo ao nível dos estereótipos e papéis tradicionais
participação laboral, trabalho formal versus informal, em função do género. As desigualdades enraizadas
trabalho remunerado versus não remunerado, perma- persistem, devido a normas sociais discriminatórias e
nência no mercado laboral e capacidade de possuir a práticas e comportamentos nocivos, que prejudicam
propriedade e de poupança, se convertam em dispari- a implementação. As intervenções bem-intencionadas
dades posteriores entre géneros ao nível do bem-estar.64 podem fracassar ou produzir consequências imprevis-
A discrepância agrava-se quando os sistemas de pensões tas, caso as pessoas responsáveis pela formulação de
têm base em regimes contributivos e ainda mais quando políticas não tenham em conta as normas e práticas
assumem a forma de contas individuais.65 Na maior profundamente enraizadas. A título de exemplo, as
parte dos países desenvolvidos, as mulheres têm um ações afirmativas (ou discriminação positiva) têm, por
acesso igual às pensões. Contudo, na maioria dos países vezes, negligenciado ou desprezado os efeitos das nor-
em vias de desenvolvimento relativamente aos quais mas sociais sobre os resultados globais.67
existem dados, verifica-se uma disparidade quanto às Os esforços de promoção da representação das
pensões das mulheres (ver Painel 2 do anexo estatístico). mulheres em cargos de liderança ainda não tiveram
sucesso, persistindo graves preconceitos quanto à capa-
cidade das mulheres para a participação política e o de-
Capacitar as raparigas e as sempenho de altos cargos. As quotas de representação
mulheres para a igualdade de das mulheres não alcançam, por vezes, a transformação
género: Um modelo de redução almejada, arriscando-se a promover a participação
das desigualdades horizontais meramente simbólica, ao introduzir a presença das
mulheres sem que o poder deixe de estar enraizado nas
A expansão das oportunidades das mulheres e rapa- hierarquias e nos privilégios tradicionais assentes nou-
rigas, a promoção da sua participação económica, tras identidades, como a classe, a raça e a etnia.
social e política e a melhoria do seu acesso à proteção A variedade de alternativas deveria ser prioritária, à
social, ao emprego e aos recursos naturais tornam as luz de identidades diversas e complementares, ao invés
economias mais produtivas. Este tipo de investimentos de opostas e conflituantes — as múltiplas identidades
reduzem a pobreza e a desigualdade e contribuem para de um indivíduo enquanto mulher, mãe, trabalhadora
sociedades mais pacíficas e resilientes.66 Tudo isto é e cidadã deveriam apoiar-se mutuamente, em vez de se
As normas sociais e bem conhecido. A transformação das normas sociais contraporem. Deste modo, deve dar-se prioridade a
os comportamentos aponta para a alteração dos papéis sociais em função do escolhas que reforcem múltiplas liberdades, em detri-
género. Porém, enquanto algumas normas convencio- mento de opções baseadas numa única identidade que
tradicionais representam,
nais de género evoluem nos setores privado e público, restrinjam outras liberdades. Qualquer abordagem da
geralmente, uma ameaça os seus efeitos enfrentam, igualmente, uma reação desigualdade de género deve ter em consideração o teor
à saúde das mulheres multidimensional do género e ser sensível às normas
CAIXA 4.6
Os dados relativos ao género enfrentam desafios quantitativos e limitar as entrevistas ao chefe de família, ao não desagregar os
qualitativos. Os primeiros referem-se à insuficiência dos dados dados por sexo e idade, ao fazerem recurso a medições desatu-
para ilustrar a atual situação das mulheres. Por exemplo, no con- alizadas da utilização do tempo e da recolha exclusiva de dados
junto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estão em relativos aos agregados familiares, por oposição aos indivíduos. A
falta mais de 70 por cento dos dados relativos a 58 indicadores alteração destas medições pode afetar indicadores como o Índice
associados à igualdade de género e a capacitação das mulheres.1 de Pobreza Multidimensional, calculado em relação aos agregados
Os segundos prendem-se com os dados atuais, que poderão não familiares, ao invés dos indivíduos, pelo que poderá ser necessária
ser um reflexo exato da realidade e subestimar o papel e os con- uma investigação complementar para elucidar a relação entre o
tributos das mulheres. género e a pobreza.2
Algumas organizações consideram a recolha e elaboração São necessárias informações adicionais para obter um melhor
de dados relativos ao género dispendiosas, tanto em relação ao retrato dos preconceitos de género específicos de cada região, país
tempo quanto ao custo. Alguns dos métodos de recolha de dados ou comunidade, tal como no caso das informações acerca do im-
são obsoletos e enviesados em detrimento das mulheres, visto que pacto dos meios de comunicação social e das redes sociais sobre o
refletem as normas sociais relativas ao género, por exemplo ao reforço das normas e dos estereótipos tradicionais.3
Notas
1. Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da ONU Mulheres (2017). 2. PNUD 2016. 3. Broockman e Kalla 2016; Paluck e outros 2010.
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 165
Destaque 4.1
O acesso desigual das mulheres à segurança física — e, portanto, à
capacitação social e política
A violência contra as mulheres é uma das formas mais fatores revela a desigualdade no modo como a violência
A violência contra as cruéis de descapacitação das mesmas. Amplificando é vivida, um conhecimento que pode auxiliar a conceção
mulheres é uma das a desigualdade, tem lugar ao longo de todo o ciclo de de intervenções mais focadas. Por exemplo, ainda que a
formas mais cruéis vida, em diferentes espaços — famílias, instituições, violência possa ocorrer em todos os níveis de formação
espaços públicos, esfera política e Internet — em todas académica, um nível superior de instrução pode pro-
de descapacitação
as sociedades, no seio de todos os grupos socioeconó- teger as mulheres da violência por parte de parceiros.
das mesmas, podendo micos e em todos os níveis de instrução. É, além disso, As mulheres instruídas dispõem de um maior acesso a
perpetuar-se através o reflexo das mesmas normas sociais que legitimam o informações e recursos que as ajudam a identificar uma
das normas sociais assédio e a discriminação. relação abusiva e pôr-lhe fim.3 A capacitação económica
Mais de um terço das mulheres — e mais de dois das mulheres, através da participação na população
terços, em alguns países — sofreram maus-tratos físi- ativa, demonstrou associações ao risco de violência con-
cos ou sexuais em relações íntimas ou violência sexual traditórias em relações íntimas,4 pondo em causa a ideia
por parte de não parceiros (figura D4.1.1).1 Cerca de de que a capacitação económica protege as mulheres da
20 por cento das mulheres sofreram abusos sexuais violência com base no género. Esta conclusão sublinha o
durante a infância. Quase um quarto das raparigas com peso da influência das normas sociais sobre as perceções
idades compreendidas entre 15–19 anos, em todo o das mulheres quanto ao próprio estatuto social em al-
mundo, afirmam ter sido vítimas de violência após o gumas culturas. Nos países em vias de desenvolvimento,
seu 15.º aniversário.2 Acresce que a violência é, tipica- as mulheres representam uma grande percentagem da
mente, subestimada, devido ao estigma, à negação, à mão-de-obra do setor informal, desempenhando traba-
desconfiança face às autoridades e a outros obstáculos à lhos com uma baixa remuneração, uma estrutura passí-
comunicação de casos pelas mulheres. vel da perpetuação do mito da hegemonia masculina.5
A violência nas relações íntimas tem sido, recorren- A violência contra as mulheres pode ser perenizada
temente, associada a fatores como a idade, a riqueza, o pelas normas sociais. Por exemplo, a incisão e a mutila-
estado civil, o número de crianças, o nível de instrução ção genital feminina permanecem disseminadas. Estima-
e a capacitação económica. A decomposição destes se que, entre as mulheres e raparigas atualmente vivas,
200 milhões tenham sido submetidas à mutilação genital
feminina, embora a maior parte dos homens e das mu-
FIGURA D4.1.1
lheres se oponham à prática em muitos dos países onde é
Cerca de um terço das mulheres com idade igual ou superior levada a cabo.6 A violência contra as mulheres e raparigas
a 15 anos sofreram violência física ou sexual por parte de um é alimentada por comportamentos e crenças individuais,
parceiro íntimo, 2010
bem como pelas normas sociais das comunidades e das
Percentagem redes que retardam a mudança. As ações, atitudes e
Estados Árabes
condutas violentas são desencadeadas por relações desi-
guais de poder que ditam papéis em função do género
35
no interior dos agregados familiares. Entre os exemplos,
25
África Ásia Oriental incluem-se as crenças de que um homem tem direito a
Subsariana 15 e Pacífico castigar fisicamente uma mulher por um comportamen-
to incorreto, de que o divórcio é algo vergonhoso ou de
5
que o homem tem direito ao sexo no casamento.
Quando as mulheres afirmam a sua autonomia ou
Europe and aspiram ao exercício de qualquer nível de poder — do
Ásia do Sul
Central Asia
agregado familiar ao governo nacional — enfrentam, com
frequência, uma reação adversa que pode incluir a violên-
América Latina e Caraíbas cia (psicológica, emocional, física, sexual ou económica),
quer sob a forma de discriminação, assédio, agressão ou
Fonte: OMS 2013.
feminicídio. Mais de 85 por cento das deputadas dos
Capítulo 4 As desigualdades de género além das médias: Entre as normas sociais e os desequilíbrios de poder | 167
FIGURA D4.1.3
Saúde
mental
Sa
úd
e
A capacitação das Psicológica/
Educação
mulheres nos domínios emocional
da saúde, da educação,
das oportunidades
de rendimento, da Formas
participação e dos de violência contra Integridade
Trabalho Económica Sexual
as mulheres física
direitos políticos pode
modificar a tomada
de decisões sociais
e o desenvolvimento
Inclusão Física
nesta área financeira
Segurança
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base na Assembleia Geral da ONU (2006).
Além do presente
PARTE III.
Além do presente
Este Relatório levou-nos numa viagem. Identifica a evolução de diversas desigualdades ao nível do desenvolvimento humano e são analisados
os modos dinâmicos como as liberdades humanas são restritas. Vai além das médias, descobrindo tendências no conjunto da distribuição
do rendimento e da riqueza. Volta, ainda, a sua análise para a desigualdade de género, perscrutando os fatores que retardam o progresso de
metade da humanidade. Encontramo-nos, agora, perto do final desta viagem: O que fazer?
Nenhuma política será suficiente por si só, nem as no passado, mas essas lições devem ser relevantes para
mesmas políticas se adequarão a todos os países. o aqui e agora.
Existem amplas e significativas diferenças entre os Neste contexto, os capítulos 5 e 6 discutem duas
países, no que diz respeito à história, às instituições, ao tendências fundamentais que podem lesar o combate
rendimento e às capacidades administrativas. As nor- às desigualdades em todos os países. A compreensão
mas culturais e sociais também são importantes, con- destas tendências é essencial, dado que, se se permitir
forme sublinha a discussão em torno da desigualdade que continuem, tenderão a conduzir ao aumento
de género (capítulo 4). Além disso, as desigualdades das desigualdades em termos de desenvolvimento
no desenvolvimento humano estão interligadas. É humano.
pouco provável que os agregados familiares despro- A primeira tendência prende-se com as alterações
vidos de capacidades avançadas — e ainda menos no climáticas (capítulo 5). Este assunto tem feito correr
caso dos que carecem de capacidades básicas — ocu- muita tinta — o enfoque, nesta secção, incide sobre
pem o topo da escala de rendimentos. É igualmente a sua interação com a desigualdade. Resumidamente,
improvável que as mulheres vítimas de discriminação é provável que o aumento da volatilidade do clima
no acesso à educação e ao emprego figurem entre as mundial e das temperaturas médias se traduza em
pessoas muito ricas. Conforme se destaca nas partes mais inundações, secas, furacões e fenómenos relacio-
I e II do Relatório, as desigualdades nas várias dimen- nados. O presente capítulo documenta, igualmente, a
sões interagem e geram ciclos de ação e reação. Este distribuição desigual dos futuros impactos no interior
fenómeno faz do combate à desigualdade uma tarefa dos países ou entre os mesmos. Alguns países sofrerão
hercúlea. De que modo podem os países lidar com a mais do que os outros e, no seio de cada um, certas re-
miríade de políticas e instituições subjacentes a todas giões serão mais afetadas do que outras. Paralelamente,
as dimensões da desigualdade? Por onde devem come- o impacto será maior em alguns agregados familiares.
çar? Devem focar-se nas capacidades, no rendimento Tudo isto tenderá a levar ao agravamento das de-
ou no género? Que políticas são mais eficazes em cada sigualdades, podendo mesmo reduzir a eficácia das
fase e local? políticas. Exemplificando, é possível que os países
A Parte III do Relatório, em que se aborda as alcancem progressos, no que diz respeito à desigual-
políticas, debruça-se sobre estas questões. Propõe-se, dade de rendimento, através de uma tributação mais
agora, um quadro de auxílio aos países na adoção de progressiva, mas esse progresso poderá ser anulado
uma resposta às desigualdades no desenvolvimento pela maior exposição das famílias aos riscos climáti-
humano que se adeque às suas circunstâncias especí- cos. As alterações climáticas poderão, assim, impor o
ficas, tendo em conta as respetivas limitações políticas fortalecimento de velhas ferramentas e a introdução
e capacidades administrativas. O objetivo é apoiá-los de novas — desde culturas resistentes à seca até novas
na definição das suas próprias respostas — em vez de abordagens na área dos seguros. Este capítulo contem-
oferecer uma única receita extensível a todos. pla, ainda, as interações no sentido inverso — o modo
Ao começar a ponderar o que pode ser feito, é como as desigualdades podem complexificar a respos-
essencial ter em consideração o tempo e o espaço. ta às alterações climáticas. É, deveras, bem mais difícil
O combate às desigualdades no desenvolvimento mobilizar as sociedades mais polarizadas em torno de
humano, no século XXI, não é o mesmo que era no respostas comuns.
passado. Os legisladores com interesse na luta contra O capítulo 6 enfoca as mudanças tecnológicas.
as desigualdades terão em conta as complexidades e os Estas últimas sempre nos acompanharam; porém, des-
desafios do presente. É certo que há muito a aprender de a revolução industrial, têm afetado a distribuição
com as políticas que resultaram e as que fracassaram do rendimento e das capacidades de formas bem mais
Alterações climáticas
e desigualdades
no Antropoceno
Infographic: Title
5.
Alterações climáticas e
desigualdades no Antropoceno
O clima está em crise. Os efeitos já se estão a fazer sentir, sob a forma do degelo das calotas polares e, provavelmente, de ondas de calor
inéditas e tempestades extremas. Sem uma ação coletiva arrojada, estes fenómenos só se agravarão com o tempo, seguidos de uma série
de outras calamidades, desde a diminuição do rendimento das colheitas até ao aumento do nível do mar, passando por eventuais conflitos.
Conforme se reconhece nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e no Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, estas últimas
constituem um desafio global.
No entanto, nem todos serão igualmente afetados — desigualdade, bem como a interação entre ambas, são
nem do mesmo modo, nem ao mesmo tempo, nem à opções, não factos inevitáveis. Apesar de a margem
mesma escala. Os países e as pessoas mais pobres sofre- para uma ação decisiva e audaciosa quanto ao clima
rão impactos mais precoces e graves. Alguns países po- estar a contrair-se, ainda há tempo para fazer escolhas
derão, literalmente, desaparecer. Entre todos os efeitos diferentes.
desigualitários das alterações climáticas, nenhum, O presente capítulo sugere que, se corrigirmos as
porventura, supera o impacto sobre a posteridade, que desigualdades, as medidas relativas ao clima também
carregará o fardo das trajetórias de desenvolvimento poderão ser facilitadas e agilizadas. Para entender
das gerações anteriores, dependentes dos combustíveis porquê, atentemos em dois dos vários vetores possíveis
fósseis. em causa.1 O primeiro relaciona-se com o modo como
A desigualdade perpassa as alterações climáticas, as decisões individuais de consumo se convertem no
das emissões e dos impactos à resiliência e às polí- total de emissões (caixa 5.1).2 O segundo, em que este
ticas. As alterações climáticas são uma receita para capítulo se centra e que terá, provavelmente, mais con-
mais desigualdade, num mundo em que a mesma já sequências, diz respeito ao modo de interação entre a
é abundante. Contudo, as alterações climáticas e a desigualdade, por um lado, e as mudanças tecnológicas
CAIXA 5.1
Um rendimento mais elevado do agregado familiar está associa- a respetiva taxa de crescimento é inferior à do rendimento,3 o
do a maiores emissões, mas o impacto da desigualdade sobre aumento das emissões das pessoas pobres superaria o corre-
as emissões agregadas depende da velocidade do aumento das spondente decréscimo do consumo das pessoas ricas, levando
emissões em função do rendimento.1 Existe uma grande variedade a um aumento líquido das emissões. Seria de esperar o oposto
de estimativas empíricas quanto a esta relação, as quais demon- nos países em vias de desenvolvimento, em que a redução da
stram que, no cômputo geral, as emissões aumentam a um ritmo desigualdade levaria à diminuição das emissões.4 No entanto,
inferior ao do rendimento na maior parte dos países desenvolvidos a escala do impacto da desigualdade, quanto a este fenómeno,
e com um rendimento médio, embora, no caso dos países com tende a ser diminuta, o que é certo em comparação com outras
menores rendimentos, o ritmo desse aumento seja equivalente condicionantes da variação das emissões, como as mudanças e
(ou até um tanto superior) ao do rendimento.2 políticas tecnológicas.5
A consideração exclusiva deste mecanismo implicaria que Quiçá com uma maior importância, parece pouco provável
a desigualdade de rendimento estivesse associada a meno- que a interação entre estes padrões de consumo, no seio dos
res emissões nos países desenvolvidos. Para perceber de que países e entre si — apesar da respetiva tendência geral para a
modo, atentemos no impacto da transferência de rendimentos redução das emissões — reduza substancialmente as emissões
das pessoas ricas para as pobres num país desenvolvido. Apesar agregadas globais.6
de os mais afortunados gerarem mais emissões, uma vez que
Notas
1. Depende, igualmente, do modo de interação da desigualdade com o aumento do rendimento. Para uma descrição exaustiva das várias possibilidades, ver Ravallion, Heil e Jalan (2000). 2. Ver, por exemplo, Liddle (2015).
Para uma estimativa detalhada relativa às Filipinas, ver Seriño e Klasen (2015). 3. Quando esta relação é medida em função da influência de uma alteração percentual do rendimento sobre uma correspondente alteração
percentual das emissões — em termos técnicos, elasticidade — isso implica uma elasticidade inferior a 1. 4. Mais precisamente, este fenómeno ocorreria caso a elasticidade fosse superior a 1. Para a sustentação empírica
desta hipótese de impacto diferencial da desigualdade sobre as emissões nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, ver Grunewald e outros (2017). 5. A título ilustrativo, Sager (2017) calculou as curvas de
Engel relativas às emissões de carbono com base no consumo (evidenciando a relação entre o rendimento dos agregados familiares e as emissões médias de dióxido de carbono) para os Estados Unidos, quanto a vários
anos do período entre 1996 e 2009. Num cenário em que o rendimento é redistribuído de forma a alcançar a igualdade plena (um caso dramático e extremo), as emissões médias de dióxido de carbono, em 2009, teriam
aumentado 2,3 por cento, das 33,9 toneladas por agregado familiar do cenário real para 34,7 toneladas. Por outro lado, se não tivessem ocorrido mudanças tecnológicas e presumindo a mesma composição do consumo
em 1996 e 2009, as emissões médias teriam aumentado 70 por cento, para 57,9 toneladas. 6. Caron e Fally 2018. Uma maior desigualdade tende a dificultar a ação coletiva, fundamental, quer no interior dos países quer
entre os mesmos, para a contenção das alterações climáticas.
FIGURA 5.1
14
12
10
2
Biocapacidade por pessoa,
média mundial (1,7 hectares globais)
0
Nota: Estão abrangidos 175 países constantes da base de dados da Global Ecological Footprint Network (www.footprintnetwork.org/resources/data/; acedido em 17 de julho de 2018). A pegada ecológica é medida pela
utilização per capita de terras agrícolas e pastagens, quer internamente quer no estrangeiro. Cada bolha representa um país e o tamanho da bolha é proporcional à respetiva população.
Fonte: Cumming e von Cramon-Taubadel 2018.
CAIXA 5.2
O ambiente tem um impacto profundo sobre as capacidades das pessoas e sobre a sua fac- oceanos, passando pela pressão e colapso piscatórios e pelas emissões dos combustíveis
uldade de convertê-las em concretizações — e, por conseguinte, sobre o desenvolvimento fósseis e alterações climáticas.6 Estas e outras atividades não só desestabilizaram os ecos-
humano.1 Inversamente, a atividade humana afeta o mundo natural, moldando os processos sistemas, como também modificaram os processos biogeoquímicos do planeta.7 Julga-se
e padrões ambientais à escala global. É lícito argumentar que, atualmente, a humanidade que a humanidade já ultrapassou, pelo menos, quatro das nove fronteiras planetárias, os
não está apenas a assistir, mas também a causar a sexta extinção em massa de espécies da limites seguros de atividade dos diversos componentes do sistema terrestre, tido por vital
história da Terra.2 Embora a comunidade estratigráfica ainda não tenha declarado, formal- para a manutenção de um estado estável análogo ao Holoceno.8 Duas destas fronteiras
mente, uma nova era (o que significa que a humanidade ainda se encontra no Holoceno), as — as alterações climáticas e a integridade da biosfera — são consideradas nucleares, o
mudanças ambientais em curso são tão vertiginosas e tão fortemente influenciadas pelos que significa que têm o potencial de, por si só, impelir a Terra para um novo estado.9 Os
humanos que a expressão Antropoceno entrou no discurso corrente.3 humanos excederam o intervalo seguro de atividade em ambos os casos; o risco de super-
O Antropoceno pressagia uma combinação preocupante de poder, fragilidade e in- ação de um patamar crítico, desestabilizando o sistema terrestre e pondo fim ao Holoceno,
certeza. O final do último período glacial e o início do Holoceno, há mais de 10.000 anos, já não é garantidamente baixo.10
trouxeram um regime climático estável — um berço climático para a humanidade — com É nisto que consiste o Antropoceno: o poder humano à escala, sem ilusões de controlo
condições favoráveis à agricultura permanente e à alvorada da civilização. O incremento e sem compreender ou atender, na íntegra, às consequências. Por meio das emissões des-
das populações, da riqueza e do conhecimento tecnológico traduziram-se num poder maior, enfreadas de gases com efeito de estufa e de outras ações, a humanidade tem-se subtraído
aparentemente ilimitado, incluindo sobre o ambiente. Porém, as fragilidades sempre fo- à estabilidade relativa da atual era geológica, ingressando na incerteza de uma nova. O
ram evidentes. As colheitas são suscetíveis a pragas e a más condições meteorológicas. Antropoceno é, na sua essência, um salto para o desconhecido. A opção pelo desenvolvi-
Surgiram doenças infeciosas, provindas dos animais domésticos (ou por eles transmitidas) mento humano sustentável, com base na conjuntura única de cada país, é necessária. Não
ou com outras origens.4 A interação entre os humanos, a geografia e o ambiente foi central é, porém, fácil — e torna-se ainda mais penosa quando a persistência de uma desigual-
para o modo como as civilizações principiaram e se extinguiram.5 dade acentuada, nas suas múltiplas formas e com os seus efeitos corrosivos, implica que
Já nos dias de hoje, o entrelaçamento do poder, da fragilidade e da incerteza perman- tanto as pessoas quanto o planeta fiquem a perder. As escolhas assentes na inclusão e na
ece inalterado. As diferenças residem na escala e no que está em causa. A humanidade sustentabilidade podem inverter a relação histórica nociva entre o desenvolvimento e as
detém um poder muito superior para afetar o ambiente, incluindo ao nível planetário, mas pegadas ecológicas — libertando a humanidade de velhas abordagens do desenvolvimento
nem por isso o seu grau de controlo aumentou. A lista de reações negativas às atividades que, simplesmente, deixarão de funcionar à medida que entramos no admirável mundo
humanas abrange desde a introdução de espécies invasivas à epidemia de plástico nos novo do Antropoceno.
Notas
1. Robeyns 2005. 2. Barnosky e outros 2011; Ceballos, Ehrlich e Dirzo 2017; Ceballos, García e Ehrlich 2010; Ceballos e outros 2015; Dirzo e outros 2014; McCallum 2015; Pimm e outros 2014; Wake e Vredenburg 2008. 3. Scott (2017) atribui a Paul Crutzen a cunhagem do termo e a proposta de
atribuição da data de início da era ao final do século XVIII, coincidindo com a invenção da máquina a vapor, que desencadeou a Revolução Industrial (embora o próprio Scott proponha o conceito de um “Antropoceno leve”, que poderá remontar à utilização do fogo pelos hominídeos). Em maio de
2019, o Grupo de Trabalho sobre o Antropoceno, com 34 membros, votou a favor da designação do Antropoceno como nova era geológica. O painel pretende apresentar uma proposta formal à Comissão Internacional de Estratigrafia, que superintende a escala oficial de tempo geológico. 4. Dobson
e Carper 1996; McNeill 1976; Morand, McIntyre e Baylis 2014; Wolfe, Dunavan e Diamond 2007. 5. Crosby 1986; Diamond 1997, 2005. 6. Choy e outros 2019; Early 2016; Avaliação Ecossistémica do Milénio 2005; Seebens e outros 2015; US NOAA 2018. 7. Campbell e outros 2017; Steffen e outros
2015. 8. Steffen e outros 2015. 9. Steffen e outros 2015. 10. Steffen e outros 2015.
FIGURA 5.3
Entre os 10 percentis de países com as maiores emissões de equivalentes de dióxido de carbono, 40 por cento situam-se na América do Norte e 19 por cento, na União
Europeia
Emissores dos 10 percentis do topo: Emissores dos 40 percentis intermédios: Emissores dos 50 percentis da base:
45 por cento das emissões mundiais 42 por cento das emissões mundiais 45 por cento das emissões mundiais
Outros
países África do Sul
Resto da Ásia ricos 3% América Latina Médio Oriente e Norte de África
Fed. Russa/Ásia C. China
5% 6% Fed. Russa/Ásia C. 7% 35% 9% 4%
América Outros países ricos Resto da Ásia
do Norte 7% 4% 23%
40% África do Sul
2% Ásia
8% Índia Fed. Russa/Ásia C.
China 36% 1%
10% América
do Norte África do Sul
7% 10%
China
Médio Oriente 16%
União Europeia e Norte de
19% África 7%
América Latina
Índia 6% Índia União Europeia
Médio Oriente e 1%
Norte de África América 5% 18%
5% Latina
5%
Prejuízos económicos
($ mil milhões)
20
15
10
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Nota: Os dados representam a distribuição anual dos prejuízos económicos associados às 10.901 catástrofes ocorridas, a nível mundial, entre 1960 e 2015. A cor dos intervalos parciais das caixas corresponde à respetiva
década. O limite inferior representa a mediana, a linha do meio corresponde ao 75.º percentil, o limite superior indica o 90.º percentil e o traço da extremidade superior representa o 99.º percentil. A linha tracejada vermelha
acompanha a evolução do 99.º percentil ao longo do tempo.
Fonte: Coronese e outros 2019.
Até ao final do século XXI, as alterações climáticas, modo, promovido a desigualdade noutras dimensões do
se não forem atenuadas, poderão causar 1,4 mil milhões desenvolvimento humano. Uma análise dos últimos 40
de casos adicionais de exposição à seca por ano e 2 mil anos corrobora o padrão geral: Os choques relacionados
milhões de casos anuais suplementares de exposição à com a temperatura atingem os países mais pobres com
precipitação extrema, aumentando, inevitavelmente, o maior intensidade do que os mais abastados.44 De facto,
risco de inundação.41 O impacto destes choques sobre os ainda que alguns dos países mais ricos tenham usufruído,
meios de subsistência pode impedir o desenvolvimento em média, de pequenos benefícios do aumento das tempe-
humano, influenciando fatores que vão da disponibili- raturas, os dados indicam que todos os países acabarão por
dade de alimentos à capacidade de suportar custos com ser negativamente afetados pelas alterações climáticas.45
cuidados de saúde e da escolarização. Todos os anos, as No tocante à saúde, os dados dos estudos empíricos
despesas de saúde ordinárias deixam cerca de 100 milhões de grande escala acerca dos impactos climáticos reve-
de pessoas em situação de pobreza extrema.42 Mesmo nos lam o seguinte:46 É provável que as
casos em que a escolaridade é gratuita, os choques ao nível • A percentagem de pessoas vulneráveis à exposição ao ca-
alterações climáticas
dos meios de sustento podem desviar as crianças da escola lor está a aumentar em todas as regiões. Os idosos repre-
já tenham sido uma
para atividades geradoras de rendimento. Estes choques sentam uma parcela significativa dessa vulnerabilidade
inter-relacionados e sobrepostos, em combinação, terão (ver destaque 5.2, no final do capítulo). O stress do calor, força motriz do aumento
consequências ao nível da saúde mental, que, atualmente e as doenças cardiovasculares e as renais figuram entre as da desigualdade de
em alguns países, consta das estratégias nacionais de adap- principais causas de doença e de morte relacionadas com rendimento entre os
tação às alterações climáticas na área da saúde.43 o calor.47 Em 2017, registou-se uma perda de 153 mil mi- países e no seu interior.
É provável que as alterações climáticas já tenham sido lhões de horas de trabalho devido ao calor, um aumento
Têm, do mesmo modo,
uma força motriz do aumento da desigualdade de rendi- 62 mil milhões de horas superior em relação a 2000.
mento entre os países e no seu interior (ver destaque 5.1, • A capacidade vetorial global48 para a transmissão promovido a desigualdade
no final do capítulo), conforme se observou na introdução do vírus da febre do dengue não para de aumentar, noutras dimensões do
deste capítulo. As alterações climáticas têm, do mesmo tendo atingido um nível recorde em 2016. Por desenvolvimento humano
FIGURA 5.8
Em El Salvador e nas Honduras, as pessoas que ocupam os quintis inferiores da distribuição do rendimento estavam mais
suscetíveis a inundações e deslizamentos de terras
22 21
17 17 18
15 16
13 12 12
10 11 11
9 10 9
7 8 6
5
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
Menos mortes na década de 2000 do que nas de 1960 e 1970, apesar do maior número de ocorrências de catástrofes naturais
300 300
150 150
0 0
1950 1956 1962 1968 1974 1980 1986 1992 1998 2004 2010 2016
Os choques, incluindo os relacionados com as alterações os choques imprevistos e uma resposta mais adequada
climáticas, podem projetar as pessoas para uma situação de aos mesmos, incluindo os relacionados com o clima.89
pobreza. No Senegal, os agregados familiares afetados por
uma catástrofe natural apresentavam um risco de pobreza
25 por cento superior ao dos restantes, no período de 2006– As desigualdades e injustiças
2011.85 Os impactos das catástrofes naturais vão além do ambientais são generalizadas — um
rendimento. Na Etiópia, no Quénia e no Níger, as crianças retrato global dos resíduos, do consumo
nascidas em períodos de seca têm uma maior probabilidade de carne e da utilização da água
de padecer de subnutrição.86 Nos Camarões, os choques
climáticos reduzem a probabilidade de conclusão do ensi- As desigualdades e injustiças ambientais têm raízes
no primário das raparigas em 8,7 pontos percentuais. Na muito mais profundas do que a atual crise climática.90 O
Mongólia, os incêndios reduziram a probabilidade de con- movimento pela justiça ambiental tem mantido fortes
clusão do ensino secundário em 14,4 pontos percentuais.87 vínculos com outros movimentos pela justiça social.91
As alterações climáticas podem, ainda, levar a um maior Em última instância, as desigualdades ambientais — e
número de movimentos populacionais forçados. Em a justiça neste domínio — não se cingem ao ambiente.
2017, registaram-se 18,8 milhões de novas deslocações in- Dão expressão a normas sociais estigmatizantes e a leis e
ternas associadas a catástrofes, em 135 países e territórios, práticas discriminatórias, que são manifestações da desi-
causadas, na sua maioria, por inundações (8,6 milhões) gualdade em diferentes dimensões, assumindo, em mui-
e tempestades, incluindo ciclones, furacões e tufões (7,5 tos casos, a forma de desigualdades de cariz horizontal.92
milhões). Apesar de terem afetado países com diferentes Assim, as desigualdades ambientais convertem-se numa
graus de rendimento, a maioria das deslocações tiveram lente para compreender e fazer face a outras formas de
lugar em países em vias de desenvolvimento,88 nos quais o desigualdade, assim como a distribuição do poder e a
risco de perda da habitação devido a catástrofes representa tomada de decisões, de um modo mais abrangente.
Caso as catástrofes
mais do triplo do que se verifica nos países desenvolvidos. Em todo o mundo, persiste um grande número de
tendam a atingir as Em suma, os impactos das alterações climáticas, por desigualdades e injustiças ambientais. São muitas,
pessoas desfavorecidas intermédio das catástrofes, diferem ao nível mundial, disseminadas e persistentes, uma vez que também as di-
com maior dureza, as com transformações tanto na natureza das ocorrências ferenças ao nível do poder (e do seu exercício) o são. As
alterações climáticas quanto da sua probabilidade. Esta realidade afeta a desigualdades ambientais têm efeitos a várias escalas,
capacidade de medição dos efeitos e de formulação de reproduzindo e reforçando gradientes familiares, con-
poderão perenizar os
políticas (caixa 5.3). Os países desenvolvidos aparen- forme se observou na precedente discussão do clima e
círculos viciosos de tam possuir um conjunto mais amplo de recursos e ins- noutros pontos do presente Relatório. O resto deste ca-
fracos resultados e tituições que possibilitam uma melhor preparação para pítulo debruça-se sobre algumas destas desigualdades,
poucas oportunidades
Face à recorrência de um evento, é provável que as sociedades se quatro aspetos acima indicados. Além disso, face às alterações
adaptem, através da aprendizagem de quatro aspetos: climáticas, tudo indica que as comunidades de todo o mundo se
• A natureza do choque. defrontarão com um número crescente de “surpresas” (choques
• A probabilidade de ocorrência. alheios à experiência histórica).2
• Os efeitos do evento sobre o bem-estar. Com as alterações climáticas, a estrutura básica dos cho-
• As medidas de redução dos danos. ques, ao invés de se extinguir, evolui, tornando-se um processo
O conhecimento partilhado acumula-se ao longo do tempo, diferente. Os atuais enquadramentos políticos poderão tornar-se
informado pelas condições históricas, com as lições aprendidas insuficientes. Alguns dos efeitos das alterações climáticas poderão
no tocante às ações eficazes na redução dos efeitos negativos assumir a forma de “cisnes negros”, eventos com uma baixa prob-
dos choques. Assim, quando os eventos são incertos, mas os seus abilidade, mas com um elevado impacto, aos quais a deficiente
efeitos são “conhecidos”, graças à experiência histórica, o desen- preparação das instituições, quer públicas quer privadas, não per-
volvimento de mecanismos de sobrevivência torna-se mais fácil. mite dar uma resposta adequada. Noutros casos, os efeitos são
O resultado é uma diminuição considerável dos efeitos negativos inteiramente desconhecidos e imprevisíveis: quando se observam
dos choques.1 Este tipo de adaptação tem lugar em todas as socie- eventos nunca dantes experienciados (como novas temperaturas
dades, de formas distintas. recorde). A capacidade de adaptação, com sucesso, às alterações
No entanto, quando os eventos não se enquadram na norma climáticas depende dos recursos disponíveis para um sistema
histórica, existe uma imprevisibilidade significativa quanto aos avançado de preparação e resposta.3
Notas
1. Ver, por exemplo, Clarke e Dercon (2016). 2. Para um exemplo com base no impacto do clima sobre a temperatura dos oceanos, ver Pershing e outros (2019); para as implicações no tocante à necessidade de desenvolvimento
de uma capacidade mais prospetiva, por oposição a retrospetiva, de resposta a choques inesperados, ver Ottersen e Melbourne-Thomas (2019). 3. Ver, por exemplo, Farid e outros (2016).
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano.
Os oceanos de todo o
sob a forma dos resíduos, da carne e da utilização de detritos pelos giros oceânicos. Até ao presente, foram
recursos hídricos. identificadas três: uma situada no Pacífico Norte (a
mundo contêm mais
Grande Ilha de Lixo do Pacífico), uma no Pacífico Sul de 270.000 toneladas
Resíduos e outra no Atlântico Norte.96 A Grande Ilha de Lixo do de resíduos plásticos,
Os resíduos93 decorrem do fluxo de materiais, frequen- Pacífico mede 1,6 milhões de quilómetros quadrados concentrados em
temente produtos, no seio da sociedade. Uma maior (o triplo do tamanho da França) e algumas partes da
enormes ilhas de detritos
quantidade de resíduos é, geralmente, um sinónimo mesma contêm mais de 100 quilogramas de plástico
pelos giros oceânicos
do incremento da extração de matérias-primas, desde por quilómetro quadrado.97 O plástico pode circular
a exploração mineira à desflorestação, com um impacto nos oceanos durante muitos anos, decompondo-se,
negativo sobre os habitats naturais. Significa, ainda, devido à luz solar, em microplásticos e formando uma
uma maior conversão de matérias-primas em produtos, espécie de sopa apimentada que é consumida pelas
o que, normalmente, implica a utilização intensiva de aves e pelos peixes.98 Os microplásticos marinhos não
energia industrial (especialmente combustíveis fósseis), se confinam à superfície marítima, tendo, igualmente,
o consumo de água e a emissão de poluentes em redes sido documentados na coluna de água e na fauna das
interligadas. profundezas do mar.99 As águas profundas, que são o
A gestão de resíduos exige transportes e energia. maior espaço vital da Terra, poderão ainda vir a revelar-
Representa um contributo notório para as alterações -se como um dos maiores reservatórios de microplásti-
climáticas. Quase 5 por cento das emissões globais de cos, que também foram descobertos na atmosfera e em
gases com efeito de estufa têm origem na gestão de montanhas remotas.100
resíduos (excluindo o transporte), maioritariamente Em 2016, o mundo gerou um pouco mais de 2 mil
impulsionadas pelo desperdício alimentar e pela milhões de toneladas métricas de resíduos sólidos (ou
gestão indevida.94 Quando incinerados a céu aberto, 0,74 quilogramas por pessoa por dia), uma média
os resíduos contribuem para a poluição atmosférica e altamente variável consoante o país (0,11—4,54 qui-
para os riscos de saúde; quando depositados em aterros logramas).101 Num cenário inalterado, estima-se que
sanitários, ocupam espaço e podem levar à infiltração o total de resíduos aumente para 3,4 mil milhões de
de toxinas no solo e nas águas subterrâneas. toneladas métricas em 2050 — e que cresça a um ritmo
Os resíduos acabam, igualmente, por alcançar os mais acelerado nos países com baixos rendimentos, tri-
cursos de água e os oceanos. Os oceanos de todo o plicando em 2050. Os países mais ricos produzem mais
mundo contêm mais de 270.000 toneladas de resí- resíduos per capita e os países mais pobres, uma menor
duos plásticos,95 concentrados em enormes ilhas de quantidade (figura 5.10).
2.0
1.5
Rendimento baixo, 93
0
0 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000 45,000 50,000
PIB per capita em termos de paridade de poder de compra ($ internacionais constantes de 2011)
CAIXA 5.4
Uma mudança do regime alimentar global, favorecendo os alimen- sistemáticas recentes tenha, não sem controvérsia, questionado
tos de origem vegetal e respeitando as diretrizes nutricionais, afe- até que ponto a redução do consumo de carne vermelha e proces-
taria várias dimensões do desenvolvimento humano sustentável, sada conduz à melhoria dos principais indicadores de saúde).4 Os
quer em termos agregados quer ao nível da distribuição. Também impactos de regimes alimentares nutritivos, de base vegetal, inclu-
o clima beneficiaria. Uma das estimativas indica que a transfor- sive quanto à redução da mortalidade geral, foram estimados por
mação dos hábitos nutricionais poderia reduzir o crescimento das numerosos estudos.5 Os benefícios, contudo, não se distribuem de
emissões de gases com efeito de estufa do setor alimentar em forma equitativa. Per capita, os países com rendimentos elevados
29–70 por cento até 2050.1 Per capita, a diminuição das emissões ou médios poderiam obter mais benefícios, devido à redução do
associadas aos alimentos, nos países mais ricos, poderia atingir o consumo de carne vermelha e dos insumos energéticos.6 Uma tran-
dobro da que se verificaria nos mais pobres, atenuando a desigual- sição global para regimes alimentares sustentáveis e nutritivos de
dade entre os mesmos no tocante às emissões de dióxido de car- base vegetal poderia, deste modo, contribuir para a melhoria geral
bono equivalente.2 Este decréscimo dever-se-ia, principalmente, à da saúde ao nível global, embora pudesse levar ao agravamento
redução do consumo de carne vermelha, que implica, igualmente, simultâneo de alguns tipos de desigualdade, no domínio da saúde,
benefícios em termos de saúde3 (embora uma série de análises entre os países.
Notas
1. Springmann e outros 2016. 2. Springmann e outros 2016. 3. Springmann e outros 2016. 4. Han e outros por publicar; Vernooij e outros por publicar; Zeraatkar, Han e outros por publicar; Zeraatkar, Johnston e outros por
publicar. Ver também Carroll e Doherty (2019) e Johnston e outros (por publicar). 5. Key e outros 2009; Le e Sabaté 2014; Orlich e outros 2013; Springmann e outros 2016; Tilman e Clark 2014. 6. Springmann e outros 2016.
Os países em vias de desenvolvimento serão responsáveis pela maior parte do aumento da produção de carne até 2030
Toneladas métricas
(equivalente peso-carcaça/pronto a cozinhar)
6.9 0.7
60
2.9
3.1 23%
50 3.2
19.1
40
30
13.5 77%
20
10.1
10
0
Carne bovina Carne Carne de Carne Beef Pork Poultry Sheep Aumento
suína aves ovina total
Em vias de desenvolvimento Desenvolvidos
Fonte: FAO 2018.
Nalguns países, a cobertura dos serviços básicos de água e saneamento é, pelo menos, duas vezes superior no quintil mais
abastado do que no quintil mais pobre
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tanto os sistemas de produção económica quanto as Refletem o modo como o poder económico e polí-
tendências demográficas e as alterações climáticas têm de- tico — e a intersecção entre ambos — se distribui e
sempenhado um papel de relevo nesta transição. Também a é exercido, quer entre os países quer no seu interior.
tecnologia o tem feito. Nas duas últimas décadas, por exem- Frequentemente, estas desigualdades e injustiças
plo, a difusão de tecnologias sofisticadas de irrigação de pre- ambientais são o legado de gradientes enraizados em
cisão aumentou a eficiência da utilização agrícola de recursos termos de poder, que remontam a décadas passadas e,
hídricos. As tecnologias modernas têm, ainda, transformado no caso das alterações climáticas, séculos. Os países e as
o tratamento e a reutilização de águas residuais, bem como a comunidades com maior poder transferiram, conscien-
viabilidade económica da dessalinização da água do mar. A temente ou não, uma parte das consequências ambien-
deteção remota tem fornecido dados em tempo real. Quer os tais do seu consumo para pessoas pobres e vulneráveis,
contadores inteligentes de água quer a reforma das políticas para grupos marginalizados, para a posteridade. As
de preços da água podem melhorar a eficiência.141 A resposta desigualdades ambientais são, em grande medida, uma
As desigualdades a estas novas ferramentas e tendências e a sua formulação — questão de escolha. Corrigi-las é, de igual modo, uma
ambientais são, em grande a medida em que a inclusão for convertida num princípio opção, a qual, porém, não pode implicar o sacrifício
medida, uma questão basilar da transição para a sustentabilidade da água doce da concretização, na íntegra, do conjunto dos direitos
— desempenharão um papel relevante na determinação da humanos.
de escolha, feita pelas
(não) concretização gradual dos direitos humanos à água e A tecnologia tem sido uma protagonista da narrativa
pessoas com poder para ao saneamento, da redução das desigualdades no acesso a do clima. Esteve na base de trajetórias de desenvolvi-
tal. A sua correção é, ambos e da realização de um percurso que conduza a uma mento diretamente relacionadas com a crise climática.
igualmente, uma escolha utilização sustentável dos recursos hídricos. A tecnologia, sob a forma das energias renováveis e da
eficiência energética, oferece um vislumbre de uma
eventual quebra com o passado — caso a oportunidade
Uma rutura com o passado: seja atempadamente aproveitada e amplamente parti-
Tomar opções diferentes pelas lhada.142 Se isso acontecer, tanto as pessoas quanto o
pessoas e pelo planeta planeta terão a ganhar. A forma como as pessoas lidam
com estas e com outras tecnologias de modo a que
No presente capítulo, demonstrou-se que as desigual- incentivem, ao invés de ameaçar, um desenvolvimento
dades ambientais são múltiplas e inextricáveis das humano sustentável e inclusivo é o assunto do capítulo
desigualdades ao nível do desenvolvimento humano. que se segue acerca da tecnologia.
Um estudo recente, que foi além das médias nacionais, pessoas pobres, agravando, assim, a desigualdade. Nas
adotando uma perspetiva mais granular dos impactos últimas décadas, a mobilidade tem decrescido nos
das alterações climáticas em 3.143 municípios dos Estados Unidos.3
Estados Unidos continentais1, pode assinalar o futuro Enquanto, nos países com um rendimento médio,
das avaliações do impacto económico das alterações o aquecimento tem levado ao aumento da emigração
climáticas — em parte, porque alguns dos parâmetros para os centros urbanos e para outros países, nos países
do modelo estão associados a dados observados no mais pobres, o mesmo fenómeno tem reduzido a pro-
mundo real. babilidade de emigração.4 Embora isto não signifique
O estudo descobriu uma heterogeneidade espacial que seja menos provável que as pessoas mais desfavo-
significativa ao nível da produtividade agrícola e da recidas dos países prósperos migrem em resposta às
mortalidade, independentemente da causa. Os im- alterações climáticas, indicia, porém, a possibilidade
pactos económicos projetados apresentam uma ampla de interação de outras variáveis — eventualmente, as
variação entre municípios, desde perdas medianas que dizem respeito à pobreza, a vários níveis — com as
superiores a 20 por cento do respetivo produto interno alterações climáticas, determinando a probabilidade de
bruto a ganhos medianos superiores a 10 por cento. migração e a capacidade geral de sobrevivência. Sugere,
Os impactos económicos negativos concentram-se no ainda, que a migração, enquanto mecanismo de sobre-
Sul e no Centro-Oeste, ao passo que o Norte e o Oeste vivência às alterações climáticas, é menos comum nos
evidenciam impactos negativos menores — ou mesmo países mais pobres do que nos mais ricos.
As alterações climáticas ganhos líquidos. As análises granulares, adaptadas consoante as
O estudo concluiu que as alterações climáticas diferenças no tocante à disponibilidade e qualidade
agravarão a desigualdade
agravarão a desigualdade nos Estados Unidos, uma dos dados, podem ser úteis noutros contextos. Podem,
nos Estados Unidos, vez que os piores impactos se concentram em regiões ainda, ser associadas a dados relativos às privações e à
uma vez que os piores que já são, em média, mais pobres. Prevê-se que, até à vulnerabilidade, de modo a que a exposição climática,
impactos se concentram segunda metade do século XXI, o terço mais pobre dos os impactos e as vulnerabilidades sejam reunidas, so-
em regiões que já são, municípios sofra danos na ordem dos 2–20 por cento brepostas e integradas, visando uma análise e visualiza-
do rendimento municipal. Estima-se que os efeitos ção relevantes para a conceção de políticas, recorrendo,
em média, mais pobres
sobre o terço mais rico sejam menos graves, variando eventualmente, a sistemas de informação geográfica.
entre danos na ordem dos 6,7 por cento do rendimento Poder-se-ia identificar os focos de vulnerabilidade —
municipal e benefícios na ordem dos 1,2 por cento. Ao espacialmente e por população — com vista à adoção
nível nacional, cada aumento em 1 ºC da temperatura de políticas, incluindo a mitigação dos impactos e o
superficial média global custará 1,2 por cento do PIB. reforço da resiliência. As análises granulares seriam,
O estudo não aborda um dos principais mecanismos ainda, fundamentais para o desenvolvimento de planos
de sobrevivência às alterações climáticas: a migração. de adaptação específicos de cada local, o que poderia
Esta última afetaria as estimativas do impacto nacional, contribuir para o progresso da adaptação às alterações
bem como os custos e os benefícios absolutos para cada climáticas, para a redução da desigualdade estrutural e
município. Teoricamente, a migração poderia, ainda, para uma consecução mais disseminada dos Objetivos
atenuar o impacto sobre a desigualdade, dado que as de Desenvolvimento Sustentável, ao “identificar pon-
pessoas atingidas pelos impactos mais negativos se tos de viragem locais e socialmente notórios antes da
deslocam para áreas menos afetadas e com mais opor- sua concretização, com base naquilo a que as pessoas
tunidades. Os Estados Unidos têm um longo historial atribuírem valor e nas soluções de compromisso que
de migração em busca de oportunidades económicas, considerarem aceitáveis.”5
inclusive em épocas de crise ambiental e económica
(como o Dust Bowl, uma série de fortes tempestades Notas
1 Hsiang e outros 2017.
de areia, nos anos 30).2 Hoje em dia, contudo, alguns 2 Hornbeck 2012.
dados sugerem que, na prática, a migração poderá não 3 Carr e Wiemers 2016.
4 Cattaneo e Peri 2016.
ser um mecanismo significativo de sobrevivência das 5 Roy e outros 2019, p. 458.
O potencial da
tecnologia para a
divergência e para a
convergência: Fazer
face a um século
de transformação
estrutural
Infographic: Title
6.
O potencial da tecnologia para a
divergência e para a convergência:
Fazer face a um século de transformação
estrutural
Irão as transformações tecnológicas a que estamos a assistir levar ao aumento da desigualdade? Muitos julgam que sim, mas a escolha
é nossa. Existe, certamente, um precedente histórico para a emergência de desigualdades profundas e persistentes devido a revoluções
tecnológicas. A Revolução Industrial pode ter lançado a humanidade para uma época de melhorias sem precedentes ao nível do bem-estar.
No entanto, também inaugurou a Grande Divergência,1 separando as sociedades que se industrializaram,2 produzindo e exportando bens
manufaturados, das muitas que dependiam de produtos de base até bastante depois de meados do século XX.3 Além disso, ao operar a
transição energética para a utilização intensiva de combustíveis fósseis (começando pelo carvão), a Revolução Industrial abriu trajetórias de
produção que culminaram na crise climática (capítulo 5).4
Caberá aos futuros historiadores determinar se as mu- de inovações tecnológicas possibilitadas por técnicas de
danças tecnológicas em curso podem ser caracterizadas inteligência artificial designadas por aprendizagem au-
como uma revolução. A digitalização da informação tomática — em particular, a aprendizagem profunda —
e a capacidade de partilhá-la e transmiti-la de um que permitem que as máquinas igualem — ou superem
modo instantâneo e global têm sido consolidadas ao — as capacidades dos humanos para tarefas que abran-
longo de várias décadas, como no caso dos compu- gem desde a tradução de idiomas até ao reconhecimento
tadores, dos telemóveis e da Internet. O Relatório do de imagens e do discurso.7 À medida que o desempenho
Desenvolvimento Humano de 2001 considerou formas da inteligência artificial, de acordo com os parâmetros de
de assegurar a implementação destas e de outras tec- referência, continua a melhorar em relação a um leque
nologias em prol do desenvolvimento humano, com alargado de tarefas,8 é provável que reconfigure o mundo
enfoque no seu potencial para beneficiar os países em do trabalho de formas fundamentais — quer para os
vias de desenvolvimento e as pessoas pobres.5 Embora trabalhadores que desempenham as tarefas em causa quer
o relatório não aborde o impacto da tecnologia sobre para o conjunto do mercado laboral.9
os empregos e os rendimentos em detalhe, destacou a A inteligência artificial não é a única tecnologia
crescente procura por competências tecnológicas e o relevante, nem atua isoladamente. Interage com as
potencial de criação de emprego, quer nas economias tecnologias digitais de formas que têm alterado o para-
desenvolvidas quer nas que estão em vias de desen- digma dos mercados de trabalho, das economias e das
volvimento, indiciando a possibilidade de redução da sociedades com base no conhecimento.10 Porventura
desigualdade no interior dos países e entre si. Contudo, pela primeira vez na história da humanidade, estas
os recentes avanços de tecnologias como a automatiza- tecnologias são, praticamente, do conhecimento geral.
ção e a inteligência artificial, aliados às vicissitudes dos Os países da Ásia Oriental têm investido fortemente na
mercados laborais no decurso do século XXI, demons- inteligência artificial e no progresso da sua utilização
tram que estas tecnologias estão a substituir tarefas (discutidas adiante no presente capítulo). Também os
desempenhadas por humanos — levantando, com uma países africanos têm tirado partido do potencial dos
urgência acrescida, a questão de saber se a tecnologia telemóveis para o fomento da inclusão financeira.11
dará origem a uma Nova Grande Divergência. Estas tecnologias também alteram a política, a cultura
Os progressos ao nível da inteligência artificial con- e os estilos de vida. Um conjunto de algoritmos básicos
quistaram as manchetes quando um programa informá- de inteligência artificial, destinados a aumentar o núme-
tico se converteu, numa questão de horas, no melhor ro de cliques nas redes sociais, levaram a que milhões de
jogador de xadrez do mundo. O programa não dispunha pessoas perfilhassem pontos de vista extremos e obstina-
de quaisquer informações prévias quanto à modalidade. dos.12 Em alguns países, a família e os amigos têm vindo
Tendo-lhe sido dadas, unicamente, as regras, ensinou-se a a ser substituídos pela Internet enquanto principal meio
si próprio a vencer — não só no xadrez, mas também no de constituição de casais, em parte devido à melhoria dos
Go e no Shogi.6 Tratou-se da mais recente de uma série algoritmos de inteligência artificial com este propósito.13
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 199
O mundo das finanças tem atravessado uma restruturação ser direcionadas de forma a reduzir a desigualdade e pro-
fundamental, com a prestação de serviços de pagamento mover, em simultâneo, a sustentabilidade ambiental.26
por empresas tecnológicas não financeiras. A China ocu- Poderá a inteligência artificial potenciar o desenvolvi-
pa a dianteira no domínio dos pagamentos móveis, que mento humano? O sentido das mudanças tecnológicas
representam 16 por cento do PIB, seguida dos Estados envolve muitas decisões por parte de governos, empresas
Unidos, da Índia e do Brasil — embora distantes, com e consumidores.27 Porém, em alguns países, a adoção
uma parcela ainda inferior a 1 por cento do PIB.14 Estas das tecnologias de modo a que beneficiem as pessoas e a
empresas têm, ainda, oferecido serviços de crédito e ou- natureza já é um assunto de debate.28 As políticas públi-
tros de cariz financeiro. Na China, a inteligência artificial cas e o investimento público determinarão as mudanças
A tecnologia não é algo permite que as instituições de crédito em linha tomem tecnológicas, tal como o fizeram historicamente.29 No
externo às economias e decisões acerca dos empréstimos em segundos, tendo entanto, também a distribuição das capacidades o fará.
sociedades que determina concedido crédito a mais de 100 milhões de pessoas.15 As eventuais clivagens poderão não ser, necessariamente,
De resto, os bancos centrais, da China16 ao Ruanda,17 têm entre os países desenvolvidos e em vias de desenvolvi-
os resultados por si só
contemplado a introdução de moedas digitais. mento ou entre as pessoas que ocupam o topo e as pes-
Agora, recuemos um pouco. A tecnologia sempre soas na base da distribuição do rendimento. A América
progrediu, em todas as sociedades, gerando perturba- do Norte e a Ásia Oriental, a título exemplificativo, estão
ções e oportunidades (desde a pólvora até à imprensa). bastante adiantadas no que diz respeito à expansão do
Contudo, os avanços eram, tipicamente, isolados e não acesso à Internet de banda larga, acumulando dados e
se traduziam no progresso contínuo e acelerado18 que desenvolvendo a inteligência artificial.30
Simon Kuznets descreveu como o “crescimento económi- O presente capítulo evidencia, apesar da convergên-
co moderno.”19 A melhoria ininterrupta da produtividade cia no acesso às tecnologias elementares, a existência
e do nível de vida depende da introdução constante de de uma divergência crescente ao nível da utilização
novas ideias e da sua utilização de um modo produtivo.20 das avançadas, retomando as conclusões da parte I do
No entanto, a garantia de que estes ganhos em termos Relatório. O capítulo descreve o modo como alguns
de produtividade e bem-estar aproveitem a todos não é aspetos da tecnologia estão associados ao agravamento
um dado adquirido e, quando o acesso é, simplesmente, de algumas formas de desigualdade — por exemplo,
presumido, as pessoas que carecem de acesso podem a transferência de rendimento para o capital, em
defrontar-se com privações inéditas e mais profundas.21 detrimento do trabalho, bem como o aumento da
A tecnologia não é algo externo às economias e socie- concentração do mercado e do poder das empresas.
dades que determina os resultados por si só.22 Evolui em Debruça-se, em seguida, sobre o potencial da inteli-
conjunto com os sistemas sociais, políticos e económicos. gência artificial e das tecnologias de vanguarda para o
Este facto significa que a utilização produtiva da tecnolo- estreitamento das desigualdades em termos de saúde,
gia demora tempo a consolidar-se, uma vez que necessita educação e governação — sublinhando o potencial
de mudanças complementares ao nível dos sistemas eco- da tecnologia para a correção das desigualdades no
nómicos e sociais.23 Porém, o modo como a tecnologia irá desenvolvimento humano. Conclui que a tecnologia
moldar a evolução e a distribuição do desenvolvimento tanto pode substituir quanto recuperar a mão-de-obra
humano no século XXI não deve ser deixado ao acaso. No — trata-se, em última instância, de uma questão de
mínimo, dever-se-á evitar uma nova Grande Divergência, escolha, uma escolha que não é determinada apenas
fazendo, simultaneamente, face à crise climática. pela tecnologia.
O impacto das mudanças técnicas pode ser uma
preocupação explícita dos legisladores.24 Com uma ên-
fase clara na promoção do desenvolvimento humano, é As dinâmicas da desigualdade no
possível aumentar a empregabilidade dos trabalhadores e acesso à tecnologia: Convergência
melhorar o alcance e a qualidade dos serviços sociais. Os nas capacidades básicas, divergência
investimentos na inteligência artificial não devem limi- nas capacidades avançadas
tar-se simplesmente á automatização de tarefas levadas a
cabo por humanos, podendo, igualmente, gerar procura Um tema recorrente deste Relatório prende-se com a
de mão-de-obra. Por exemplo, a inteligência artificial pode persistência, apesar da convergência quanto às capa-
definir necessidades de ensino mais detalhadas e personali- cidades básicas, de grandes disparidades ao nível das
zadas e, deste modo, incrementar a procura por professores capacidades avançadas — que, em muitos casos, se têm
que prestem um leque mais amplo de serviços educativos.25 acentuado.
De um modo mais geral, as mudanças tecnológicas podem
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 201
FIGURA 6.1
Divisões digitais: Os grupos mais desenvolvidos têm um maior acesso e as desigualdades são mais acentuadas nas tecnologias avançadas, 2017
Quanto mais elevado for o nível de desenvolvimento humano, maior é o acesso à tecnologia.
Assinaturas de telemóveis Agregados familiares Agregados familiares Assinaturas de banda larga fixa
(por 100 habitantes) com Internet com um computador (por 100 habitantes)
(percentagem) (percentagem)
Curvas de concentração
As desigualdades são muito mais acentuadas no caso das tecnologias avançadas.
Assinaturas de telemóveis Agregados familiares com Internet Agregados familiares Assinaturas de banda larga fixa
(por 100 habitantes) (percentagem) com um computador (por 100 habitantes)
(percentagem)
Proporção Proporção Proporção Proporção
cumulativa dos resultados cumulativa dos resulta cumulativa dos resulta cumulativa dos resulta
1.0 1.0 1.0 1.0
0.8 Igualdade absoluta
0.8 0.8 0.8
0.6 0.6 0.6 0.6
Nota: Os dados representam médias simples para todos os grupos de desenvolvimento humano. As áreas sombreadas representam intervalos de confiança de 95 por cento.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados ao nível nacional da União Internacional de Telecomunicações.
Igualmente essenciais são a transferência e a adoção de telemóveis e no potencial instalado de banda larga. A
tecnologias desenvolvidas pelos líderes do mundo digi- distribuição regional das assinaturas de telemóveis já
tal. Considerando estes dois grupos de países de forma reflete a distribuição da população (o que significa que
agregada, verificou-se uma convergência. Em 2007, os a distribuição de ambas é, grosso modo, equivalente), e,
países com
Lorem um elevado rendimento tinham uma largura
ipsum na Ásia Oriental e Pacífico, as assinaturas de telemóveis já
de banda per capita 22,4 vezes superior à dos restantes convergiram com a parcela da região no conjunto da po-
países; em 2017, o rácio decrescera para 3,4 (figura 6.3). pulação global (figura 6.4). Em África, ainda existe uma
Apesar de, na sua generalidade, a convergência ao nível diferença, embora a convergência não esteja muito longe.
da !banda larga entre os países em vias de desenvolvimento
Desenvolvimento humano baixo Contudo, a distribuição do potencial instalado de
ser positiva, o padrão de convergência tecnológica tem largura de banda não acompanha nem a distribuição da
diferido entre as regiões. Atente-se nas assinaturas de população nem a distribuição do rendimento nacional
A inclusão financeira consiste na capacidade de aceder e utilizar O incremento do comércio eletrónico tem sido igualmente
um conjunto de serviços financeiros apropriados e oferecidos de dramático, incluindo a venda de produtos e serviços por indivíduos
um modo responsável num ambiente adequadamente regula- e pequenas empresas em plataformas cibernéticas. O comércio
mentado.1 O dinheiro móvel, a identificação digital e o comércio eletrónico inclusivo, que promove a participação das pequenas
eletrónico conferiram a um número muito maior de pessoas a ca- empresas na economia digital, é particularmente importante, uma
pacidade de poupar dinheiro e efetuar transações em segurança, vez que pode gerar novas oportunidades para os grupos tradicional-
sem necessidade de numerário, de se segurarem contra riscos e mente excluídos. Na China, a título de exemplo, estima-se que
de pedirem empréstimos para a expansão dos seus negócios e a 10 milhões de pequenas e médias empresas realizem vendas na
presença em novos mercados. plataforma Taobao; quase metade dos empreendedores inscritos
Em 2017, 69 por cento dos adultos detinham uma conta junto na plataforma são mulheres e mais de 160.000 são portadores de
de uma instituição financeira, uma subida de 7 pontos percentuais deficiência.4
em comparação com 2014.2 Isto significa que mais de quinhentos Da inteligência artificial à criptografia, a inovação ao nível da
milhões de adultos obtiveram acesso a ferramentas financeiras no tecnologia financeira está a transformar o setor à escala mundial.5
espaço de três anos. Embora a tecnologia financeira proporcione um grande número de
Entre os exemplos mais famosos de dinheiro móvel — plata- potenciais benefícios, existem, igualmente, preocupações impor-
formas que permitem aos utilizadores enviar, receber e conservar tantes quanto às vulnerabilidades destas novas tecnologias. A
dinheiro por meio de um telemóvel — figuram a M-Pesa, no tecnologia de cadeias de blocos, por exemplo, oferece aplicações
Quénia, e a Alipay, na China. O dinheiro móvel levou os serviços que incluem uma infraestrutura digital segura para a verificação
financeiros a pessoas há muito ignoradas pelos bancos tradicion- da identidade, a facilitação de pagamentos internacionais mais
ais, alcançando regiões remotas sem sucursais bancárias físicas. rápidos e económicos e a proteção dos direitos de propriedade.
Pode, ainda, contribuir para o acesso das mulheres aos serviços No entanto, estas tecnologias acarretam novos riscos que não
financeiros — um aspeto importante da igualdade, visto que, em são inteiramente contemplados pela regulamentação existente.6
muitos países, a probabilidade de as mulheres serem titulares de As pessoas responsáveis pela formulação de políticas terão de al-
uma conta bancária é inferior à dos homens.3 cançar várias soluções de compromisso para colherem os eventuais
benefícios da tecnologia financeira.
Notas
1. UNCDF 2019. 2. Demirgüç-Kunt e outros 2018. 3. McKinsey 2018; Banco Mundial 2016. 4. Luohan Academy 2019. 5. He e outros 2017. 6. Sy e outros 2019.
bruto. A região da Ásia Oriental e Pacífico já assumiu a inteligência artificial caibam à América do Norte e à
dianteira ao nível do potencial instalado de largura de Ásia Oriental.39 A região da Ásia Oriental
banda, que, em 2017, se cifrava em 52 por cento. As novas tecnologias tendem a apresentar um preço e Pacífico já assumiu
Deste modo, as clivagens tecnológicas emergentes mais elevado aquando da sua introdução inicial, se-
a dianteira ao nível do
não correspondem a uma simples dicotomia entre guindo-se, à medida que as tecnologias se difundem,
países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento e o decréscimo dos preços e o aumento da qualidade.40 potencial instalado de
as disparidades emergentes são relativamente recentes. Assim, cada inovação tem o potencial de, inicialmente, largura de banda, que,
Entre 1987 e 2007, pouco mudou na classificação gerar um contraste, nas primeiras etapas do processo de em 2017, se cifrava
mundial do potencial de largura de banda instalado (fi- difusão — um argumento que também é apresentado em 52 por cento
gura 6.5). Em 1987, um grupo de países desenvolvidos no capítulo 2, na discussão do modo de emergência dos
ocupava o topo das classificações globais: Os Estados gradientes ao nível da saúde aquando da disponibiliza-
Unidos, o Japão, a França e a Alemanha albergavam ção de tecnologias neste domínio. O contributo desta
mais de metade da largura de banda mundial, através, secção consiste na demonstração do alargamento das
principalmente, da telefonia fixa. A partir da transição disparidades relativas às tecnologias avançadas, ao invés
de milénio, a situação começou a mudar, sobretudo da sua diminuição — constituindo uma nova geografia
com a expansão da largura de banda na Ásia Oriental e da divergência que vai além dos países desenvolvidos e
do Norte: Em 2007, o Japão, a República da Coreia e a em vias de desenvolvimento. Evitar uma Nova Grande
China ocupavam a 1.ª, a 3.ª e a 5.ª posições. Já em 2011, Divergência implica prestar atenção à evolução da
a China assumiu a dianteira em termos de largura de distribuição da tecnologia, uma vez que a sua difusão
banda instalada. Para além da banda larga, as projeções benéfica não é automática nem instantânea.41 Pelo
relativas à distribuição dos futuros benefícios económi- contrário, é bem possível que a tecnologia catalise a
cos associados à inteligência artificial confirmam esta divergência quanto aos resultados do desenvolvimento
transformação da geografia da divergência tecnológica, humano. Por meio de que processos? Trata-se do tópi-
com estimativas que sugerem que, até 2030, cerca de 70 co da secção seguinte.
por cento dos benefícios económicos globais ligados à
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 203
FIGURA 6.2
26.1
2.0
0.8
Baixo Médio Elevado Muito elevado Baixo Médio Elevado Muito elevado
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Básicas Avançadas
Convergência Divergência
Nota: A convergência e a divergência são testadas de duas formas: por meio do declive de uma equação que opera a regressão das alterações do valor inicial, datado de 2007, entre 2007 e 2017 (utilizando os métodos dos mínimos quadrados e das regressões robustas e medianas de quantis)
e através da comparação dos ganhos dos países com um nível muito elevado de desenvolvimento humano com os ganhos dos países com um nível baixo ou médio de desenvolvimento humano. No tocante às assinaturas de telemóveis, ambas as métricas revelam uma convergência (valores-p
inferiores a 1 por cento). No tocante às assinaturas de banda larga fixa, ambas as métricas revelam uma divergência (valores-p inferiores a 1 por cento).
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da União Internacional de Telecomunicações.
A disparidade, ao nível da largura de banda, entre os países com um elevado rendimento e os restantes decresceu de 22 para 3
vezes mais
Potencial de largura de banda per capita Rácio entre o potencial de largura de banda per capita
(megabits por segundo) dos países com elevado rendimento e o do resto do mundo
15
40
10
20 18.50
Rendimento Resto 5
elevado do mundo
1.69 0.08 3.4
0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 205
FIGURA 6.4
A distribuição das assinaturas de telemóveis tem convergido com a distribuição regional da população, mas não o potencial
instalado de largura de banda
80
60
40
20
0
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2016 2017
80
60
40
20
0
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2016 2017
FIGURA 6.5
Entre 1987 e 2007, pouco mudou na classificação mundial do potencial instalado de largura de banda, mas, a partir da transição de milénio, a situação começou a mudar, com
a expansão da largura de banda na Ásia Oriental e do Norte
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 207
FIGURA 6.6
O poder sobre o mercado tem vindo a crescer, sobretudo no caso de empresas com uma utilização intensiva de tecnologias de
informação e de comunicação
1.10
Todas as empresas
1.05
1.00
0.95
0.90
2000 2003 2006 2009 2012 2015
Nota: Os valores representam as margens médias de lucro das empresas de 20 países, avançados e emergentes, quer cotadas em bolsa quer de capital fechado.
Fonte: Diez, Fan e Villegas-Sánchez 2019.
A Google comprou as suas concorrentes DoubleClick nas economias industrializadas e, nas economias em vias de
e YouTube. O Facebook adquiriu, em primeiro lugar, o desenvolvimento, expande a mão-de-obra temporária.65
Instagram e, posteriormente, o WhatsApp. Ambas as empre- A discussão, neste ponto, ilustra o modo como a tec-
sas, a par de outras, são o produto de centenas de fusões.61 nologia já está a moldar a distribuição do rendimento66 e
Paralelamente à ascensão Paralelamente à ascensão do poder de monopólio do poder económico através do aumento das margens de
do poder de monopólio sobre os mercados de produtos, encontra-se o crescente lucro, com o exercício do poder das empresas em prol dos
poder sobre os mercados laborais — o poder de monop- trabalhadores e consumidores, uma realidade que se refle-
sobre os mercados de
sónio (exercido pelos empregadores), que, uma vez mais, te no decréscimo da parcela de rendimentos do trabalho e
produtos, encontra-se está associado ao decréscimo da parcela de rendimentos na desvinculação entre os salários medianos e a produti-
o crescente poder do trabalho.62 De resto, quando os empregadores têm vidade do trabalho.67 Os ulteriores avanços tecnológicos,
sobre os mercados poder sobre os mercados laborais, o impacto da mudança associados a progressos ao nível da automatização e da
laborais — o poder de tecnológica sobre a desigualdade pode amplificar-se.63 inteligência artificial, poderão acelerar estas dinâmicas,68
A tecnologia tem possibilitado o poder de monopsónio levando, em simultâneo, os quadros de contenção do
monopsónio (exercido
das plataformas em linha que atribuem tarefas a humanos poder sobre o mercado existentes ao seu limite. O mérito
pelos empregadores), com base em quem cobra o menor preço. Este fenómeno das medidas antimonopolistas ainda é principalmente
que, uma vez mais, abrange o trabalho em mercados laborais digitais, como avaliado pela taxa de aumento dos preços de venda ao
está associado ao o TaskRabbit e o Mechanical Turk da Amazon, comum- consumidor.69 As plataformas tecnológicas, porém, assen-
decréscimo da parcela de mente designado por fornecimento coletivo de trabalho tam no intercâmbio de dados do utilizador por “serviços
(crowdworking). A disponibilidade do trabalho online gratuitos.” Têm-se feito, deste modo, apelos à reforma
rendimentos do trabalho
pode levar à diminuição dos custos de procura, o que au- das atuais abordagens de defesa da concorrência e da sua
mentaria a competitividade dos mercados. Contudo, o extensibilidade à contenção do poder de monopsónio.70
poder sobre o mercado é elevado, mesmo neste grande e
diverso mercado à vista. No caso do Mechanical Turk da
Amazon, os empregadores obtêm uma parte muito maior Potenciar a tecnologia para
dos excedentes gerados pela plataforma. Este facto tem uma Grande Convergência no
implicações quanto à distribuição dos proveitos dos mer- desenvolvimento humano
cados laborais digitais, que, provavelmente, crescerão com
o tempo.64 Embora o fornecimento coletivo de trabalho Neste capítulo, começámos por afirmar que a preven-
seja um produto dos avanços tecnológicos, representa, de ção de outra Grande Divergência era uma questão de
igual modo, um regresso ao passado do trabalho ocasional escolha — embora isso não signifique que a tarefa seja
CAIXA 6.2
Criar as condições certas As tecnologias digitais têm um poten- Do seu relatório final constam várias recomendações, sub-
cial transformador. Para que sejam aplicadas à devida escala, é ordinadas a temáticas abrangentes, como a construção de uma
necessária a participação de diversos agentes em diferentes níveis. economia e sociedade digitais inclusivas, a proteção dos direitos
Ainda existem muitas aplicações por desenvolver. São necessárias humanos e da agência humana, em simultâneo com a promoção da
políticas — ao nível nacional e global — para oferecer os incen- confiança, da segurança e da estabilidade digitais, e a criação de
tivos certos às entidades que desenvolvem e adotam as tecnolo- uma nova estrutura de cooperação digital global.1
gias nos domínios mais benéficos para o desenvolvimento humano. No seguimento desse relatório, a Carta Global para uma Era
O Secretário-Geral da ONU estabeleceu o Painel de Alto Nível Digital Sustentável consagra um conjunto de princípios e normas
sobre Cooperação Digital, em julho de 2018, para identificar exem- para a comunidade internacional, visando aliar a era digital à pers-
plos e propor formas de cooperação intersectorial, interdisciplinar petiva da sustentabilidade global.
e internacional. O documento delineia diretrizes concretas de ação para lidar
com os desafios da era digital.2
Notes
1. ONU 2019a. 2. Sítio Web do Conselho Consultivo alemão para as Mutações Globais (www.wbgu.de/en/publications/charter).
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 209
FIGURA 6.7
Mudanças
tecnológicas
(automatização,
aprendizagem automática
e robótica, nova economia
das plataformas,
externalização
global e local)
Efeito Efeito da
do restabelecimento deslocação
(peritos em cibersegurança, (tarefas relacionadas
Efeito com a contabilidade
especialistas em da produtividade
transformação e os registos contabilísticos,
digital, cientistas agentes de viagens)
de dados)
+
- +
Variação líquida
da procura de
mão-de-obra
contas bancárias, tendo as apps vindo a tornar-se veícu- Algumas profissões abrangem várias tarefas que
los de transações financeiras, incluindo em numerário. poderiam, facilmente, ser substituídas pela inteligência
Os incentivos à adoção de métodos mais formalizados artificial, em combinação com outras tarefas cuja subs-
de pagamento são extensíveis a retalhistas, como os tituição por máquinas é difícil ou impossível. A tarefa
merceeiros que recorrem à plataforma para a entrega de verificação de imagens médicas para identificação de
aos clientes.76 anomalias, por parte dos radiologistas, pode ser execu-
A concretização do Basear o impacto da inteligência artificial e da tada pela inteligência artificial, mas uma máquina não é
potencial da tecnologia automatização na premissa da possibilidade de subs- capaz de definir prioridades, consultar a equipa médica,
quanto ao futuro do tituição de profissões inteiras pela tecnologia pode elaborar planos de tratamento nem comunicar com os
levar a estimativas elevadas do número de empregos em pacientes e a respetiva família — tarefas levadas a cabo,
trabalho depende de
risco.77 Uma abordagem com base nas tarefas (em que na sua totalidade, pelo radiologista. Este facto sugere
opções fundamentais as profissões são definidas por um conjunto de tarefas que, nos casos em que as tarefas de um emprego podem
no tocante à distintas) proporciona um quadro mais equilibrado e ser separadas e recombinadas, existe um potencial de
conceção do emprego, útil de compreensão do impacto — e do potencial — reformulação do emprego ou de criação de outros.79
incluindo discussões da inteligência artificial e da automatização. Existem Com a prevalência do reconhecimento altamente
dados que atestam que a possibilidade de substituição preciso de imagens médicas, os radiologistas podem
pormenorizadas
das tarefas pela inteligência artificial apresenta uma despender menos tempo a analisar as imagens e mais
acerca da criação de
grande variação entre profissões e que, consequente- tempo a interagir com as outras equipas médicas e com
empregos entre os mente, diferentes profissões exibem diversos níveis de os pacientes e as suas famílias. A reformulação e a cria-
trabalhadores e a gestão suscetibilidade (tabela 6.1).78 ção de empregos oferecem, deste modo, oportunidades
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 211
CAIXA 6.3
As aplicações da inteligência artificial podem apoiar as mudanças Os algoritmos de aprendizagem automática não são ineren-
sociais positivas — de facto, nalguns domínios, o seu impacto temente enviesados — aprendem a sê-lo. O enviesamento al-
poderia ser revolucionário. Porém, como no caso de qualquer nova gorítmico ocorre quando o algoritmo de aprendizagem é treinado
tecnologia, a consecução efetiva destes resultados positivos é de- com base em conjuntos de dados enviesados e, posteriormente,
safiante e arriscada. aprende “com exatidão” os padrões de preconceito presentes nos
Muitos grupos de pessoas, em todo o planeta, poderão ser dados.2 Nalguns casos, as representações aprendidas pelos al-
lesados pelas desvantagens da inteligência artificial. Poderão goritmos de aprendizagem automática chegam a exacerbar estes
perder os seus empregos, à medida que um número crescente de preconceitos.3 Por exemplo, as mulheres têm uma menor prob-
tarefas é desempenhado pela aprendizagem automática — ain- abilidade de visualizar anúncios direcionados de empregos bem
da que a perda líquida de empregos seja refreada, poderão surgir remunerados, potencialmente devido ao treino do algoritmo de
desigualdades ao nível do rendimento e da riqueza e a quali- direcionamento dos anúncios com base em dados que indicavam
dade dos empregos poderá deteriorar-se. É possível que os tra- que as mulheres tinham empregos com uma menor remuneração.4
balhadores assistam à incorporação de preconceitos graves, em De resto, um programa informático utilizado nos Estados Unidos
relação à cor da sua pele ou ao seu género, pela aprendizagem para avaliar o risco de reincidência dos reclusos do sistema de
automática e poderão ser objeto de vigilância. Os algoritmos de justiça penal assinalou, incorretamente, os arguidos negros como
colocação profissional podem reproduzir vieses e preconceitos de alto risco com o dobro da frequência com que o fez em relação
históricos. As empresas carecem de políticas de transparência aos arguidos brancos.5
e proteção de dados, por forma a que os trabalhadores saibam o Os serviços de reconhecimento facial podem ser muito menos
que está a ser rastreado. Poderá ser necessária regulamentação precisos na identificação de mulheres ou pessoas com um tom de
para reger a utilização de dados e a responsabilidade pelos algo- pele mais escuro.6
ritmos no mundo laboral. A reconhecida ausência de diversidade entre as pessoas que
À medida que a utilização da inteligência artificial se dissemi- concebem e desenvolvem a inteligência artificial é outro proble-
na, surgem questões em torno da ascensão da propaganda e da ma. Poucas mulheres trabalham na área da inteligência artificial, à
manipulação, minando a democracia, e da monitorização e perda semelhança do setor tecnológico em geral, e, entre os homens, a
de privacidade. A título de exemplo, as aplicações da inteligência diversidade racial é limitada.7 A formação de equipas diversas, com
artificial estão associadas ao desenvolvimento de cidades inteli- perspetivas diferentes, representativas do conjunto da população,
gentes,1 o que implica a recolha, em grande escala, de dados de poderia conter os preconceitos.
câmaras e sensores. Em que medida é que isto difere da vigilância
em massa?
Notas
1. Glaeser e outros 2018. 2. Caliskan, Bryson e Narayanan 2017; Danks e London 2017. 3. Zhao, Wang e outros 2017. 4. Spice 2015. 5. IDRC 2018. 6. Boulamwini e Gebru 2018. 7. IDRC 2018.
O LinkedIn e o Fórum presentes nas discrepâncias entre os géneros ao nível uma carta aberta em que declaram a sua oposição ao
da educação e do emprego na área da tecnologia.87 O futuro desenvolvimento de armas autónomas, que
Económico Mundial
LinkedIn e o Fórum Económico Mundial descobri- procuram e atacam alvos sem intervenção humana.89
descobriram uma
ram uma diferença significativa entre a representação Muitas empresas — desde as grandes empresas de
diferença significativa feminina e masculina no conjunto dos profissionais da tecnologias a start-ups — estão a formular princípios
entre a representação inteligência artificial — apenas 22 por cento dos quais, éticos empresariais, fiscalizados por responsáveis pela
feminina e masculina no ao nível mundial, são mulheres.88 As diferenças raciais ética ou comissões de avaliação. Ainda assim, o grau
conjunto dos profissionais e étnicas entre as mulheres no acesso a oportunidades de responsabilidade com que se comprometem, no
de formação e de emprego podem agudizar estas dispa- tocante aos princípios, não é claro — o que aponta para
da inteligência artificial
ridades. O desenvolvimento da inteligência artificial e a necessidade de regulamentação.90 Os próprios gover-
— apenas 22 por cento da tecnologia, numa aceção mais lata, por equipas que nos recorrem cada vez mais à inteligência artificial e
dos quais, ao nível reflitam a população de um país pode contrabalançar alguns estão a desenvolver princípios de utilização ética
mundial, são mulheres os referidos riscos. Se as equipas não forem diversas, dos dados (caixa 6.4). Nos casos em que os sistemas de
a inteligência artificial tenderá a formar-se com base inteligência artificial informam a tomada de decisões
em dados que podem incorporar preconceitos que um que afetam humanos (como o diagnóstico médico ou
ambiente mais representativo poderia evitar. a prestação de avaliações do potencial de reincidência
Os investigadores, as empresas e os governos têm a juízes), a prevenção de enviesamentos e erros, em
dado resposta à gestão dos riscos da inteligência arti- diferentes contextos e comunidades, é especialmente
ficial — que incluem o agravamento de preconceitos, importante. Além disso, dada a aplicação e o alcance
bem como o desenvolvimento de aplicações engana- globais de muitas das inovações da inteligência artifi-
doras e maliciosas. Por exemplo, milhares de investi- cial, a ação coletiva poderá ser necessária, eventualmen-
gadores do ramo da inteligência artificial assinaram te, no tocante a alguns aspetos regulamentares.
Os princípios de Enquadramento Ético dos Dados (Data Ethics Framework) do Reino Unido
1. Comece por uma necessidade dos utentes e uma utilidade obtidos a partir de novas tecnologias são tão bons quanto as
pública claras. A utilização dos dados de formas mais ino- práticas e os dados utilizados para a respetiva criação. Deve
vadoras pode transformar o modo de prestação dos serviços trabalhar no âmbito do seu conjunto de competências, recon-
públicos. Devemos ser sempre claros quanto ao que estamos hecendo, se for caso disso, não possuir as competências ou
a tentar alcançar em prol dos utentes — quer cidadãos quer experiência necessárias para o recurso a uma determinada
funcionários públicos. abordagem ou ferramenta em conformidade com elevados
2. Esteja ciente da legislação aplicável e dos códigos de con- padrões.
duta. Deve compreender as leis e os códigos de conduta 6. Certifique-se da transparência do seu trabalho e seja re-
aplicáveis no tocante à utilização de dados. Em caso de dúvi- sponsável. Deve ser transparente quanto às ferramentas, aos
da, deve consultar os especialistas apropriados. dados e aos algoritmos utilizados para o seu trabalho e real-
3. Utilize dados proporcionais à necessidade dos utentes. A izá-lo, quando possível, de forma aberta. Esta prática permite
utilização de dados deve ser proporcional à necessidade dos que os outros investigadores examinem as suas conclusões
utentes. Deve utilizar o mínimo possível de dados para al- e que os cidadãos compreendam os novos tipos de trabalho
cançar o resultado pretendido. que estamos a realizar.
4. Compreenda as limitações dos dados. Os dados utilizados 7. Incorpore a utilização de dados de forma responsável. A elab-
para informar a formulação de políticas e serviços do governo oração de um plano de garantia da utilização responsável dos
devem ser bem compreendidos. Ao aferir se a sua utilização conhecimentos obtidos a partir de dados é essencial. Isto im-
é apropriada à satisfação de uma necessidade dos utentes, é plica que tanto as equipas de desenvolvimento quanto as de
essencial ter em consideração as limitações dos dados. implementação compreendam o modo como as conclusões e
5. No âmbito do seu conjunto de competências, certifique-se da os modelos de dados devem ser utilizados e monitorizados,
robustez da sua conduta e do seu trabalho. Os conhecimentos de acordo com um plano sólido de avaliação.
Fonte: Departamento de Assuntos Digitais, Cultura, Media e Desporto do Reino Unido 2018.
Um conjunto mais vasto de perturbações do mundo a essas mudanças.94 Durante os ajustes, os trabalha-
laboral, alimentadas, em parte, pela inteligência artifi- dores vulneráveis enfrentam, tipicamente, períodos
cial, está associado às plataformas de trabalho digital de desemprego ou a erosão dos seus rendimentos. No
— anteriormente aludidas. Estas aplicações possibili- entanto, caso a tecnologia mude a um ritmo acelerado,
tam a externalização do trabalho com recurso a pessoas poderá ser mais desafiante conseguir empregos dignos
geograficamente dispersas, constituindo o forneci- num novo paradigma tecno-económico95 do que na
mento coletivo de trabalho (crowdworking). Embora sequência de uma recessão económica mais “normal.”
proporcionem novas fontes de rendimento a muitos Os programas de segurança social podem oferecer um
trabalhadores de diversas regiões do mundo, o trabalho sustento aos trabalhadores afetados durante os perío- A remuneração do
é, por vezes, pouco remunerado e não existem meca- dos de transição, embora o caráter desta última seja
fornecimento coletivo
nismos oficiais para a resolução de casos de tratamento igualmente importante: Os setores e os locais em que
injusto. A remuneração do fornecimento coletivo de o efeito de deslocalização for mais acentuado poderão
de trabalho é, com
trabalho é, com frequência, inferior ao salário míni- necessitar de planos de proteção social vocacionados.96 frequência, inferior
mo.91 É certo que já estão em curso muitas inovações As políticas ativas de mercado de trabalho — in- ao salário mínimo
políticas, com a intervenção proativa dos reguladores cluindo complementos salariais, serviços de colocação
subnacionais.92 Contudo, a dispersão do trabalho entre profissional e programas especiais de mercado laboral
jurisdições internacionais dificulta a supervisão do — podem facilitar a adaptação a um novo paradigma
cumprimento da legislação laboral aplicável. É por este tecno-económico. O ideal seria um patamar de proteção
motivo que a Organização Internacional do Trabalho social que conferisse um nível básico de proteção a todas
sugere o desenvolvimento de um sistema internacional as pessoas que carecessem do mesmo, suplementado por
de governação das plataformas de trabalho digital que planos contributivos de previdência social que ofereces-
prescreva um nível mínimo de direitos e de proteção e sem um maior grau de proteção.97 A conceção destes
imponha a sua observação às plataformas (e aos respe- sistemas coloca as pessoas responsáveis pela formulação
tivos clientes).93 de políticas diante de um leque de escolhas que vai da
garantia de cobertura dos mais pobres, contendo, em
Prestação de proteção social simultâneo, o acesso indevido pelos mais abastados98
ao equilíbrio entre a generosidade das transferências e
Um desafio relacionado é a prestação de proteção as perdas de eficiência99 e, em última análise, à avaliação
social, de forma a contribuir para a solução quer do do custo orçamental em relação a afetações alternati-
impacto nefasto das perturbações tecnológicas sobre vas.100 As políticas estritamente direcionadas poderiam
grupos específicos de rendimento quer da resistência incluir medidas de facilitação da mobilidade geográfica,
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 213
subsidiando os custos de habitação e deslocação,101 em FIGURA 6.8
particular, caso a tecnologia crie empregos numa região
A probabilidade de frequência do ensino para adultos é
e contribua para a sua eliminação noutras. superior no caso dos trabalhadores com uma remuneração
Em última instância, a proteção social constituirá ape- média ou elevada
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 215
A tecnologia pode, ainda, aumentar a disponibili- que o setor público tem apoiado trabalhos fundamentais
dade de informações e dados destinados a legisladores de investigação de tecnologias que foram, posteriormen-
A tecnologia pode e negócios — e informar o debate público. A título te, comercializadas pelo setor privado.132 A inovação tec-
contribuir, por exemplo, exemplificativo, à medida que as imagens digitais se pro- nológica será crucial para o cumprimento dos Objetivos
pagam e que as técnicas de visão artificial melhoram, os de Desenvolvimento Sustentável.133 A potenciação da
possibilitando conteúdos
sistemas automáticos prestam-se à medição demográfica tecnologia para esse efeito obriga a que todos os países
personalizados para com uma elevada resolução espacial e quase em tempo deem forma às instituições e políticas globais e nacionais
um “ritmo adequado real.121 O mesmo aplica-se à medição da pobreza e de que determinarão o impacto da mudança tecnológica
de ensino” outros indicadores sociais e económicos, com a frequente sobre a sustentabilidade e a inclusão de um modo rele-
combinação de dados de telemóveis e imagens de satélite, vante para o contexto nacional.134 É neste contexto que
em que o recurso a múltiplas lentes, obtidas a partir de os direitos internacionais de propriedade intelectual são
conjuntos diversos de dados, contribui para um registo importantes. Um regime excessivamente rigoroso de di-
mais preciso de informações relativas ao nível de vida.122 reitos de propriedade intelectual pode dificultar a difusão
No Senegal, por exemplo, é possível prever, com exatidão, da tecnologia (caixa 6.5).
o Índice de Pobreza Multidimensional de 552 comunas, A criação, difusão e adoção, com sucesso, de tecnolo-
através da utilização de registos de dados de chamadas e gias para o desenvolvimento tem lugar numa rede que
ambientais (relacionados com a segurança alimentar, a abrange vários agentes — incluindo o setor privado, o
atividade económica e a acessibilidade das instalações). governo e a academia, frequentemente designada por
Esta abordagem possibilita uma geração mais frequente sistema nacional de inovação.135 As políticas públicas
de mapas de pobreza e é provável que a sua capacidade que visam influenciar a direção da tecnologia inserem-se
de diagnóstico seja útil para que os legisladores concebam nesses sistemas. De forma transversal aos países, existem
intervenções mais adequadas à erradicação da pobreza.123 enormes assimetrias quanto à dimensão e à organização
Do mesmo modo que a inteligência artificial pode ma- dos esforços de inovação. A pesquisa e o desenvolvimen-
pear percursos individualizados de aprendizagem para cada to são ainda mais intensivos nos países desenvolvidos
estudante, o seu potencial de recolha de dados pormeno- (figura 6.9) e, em média, a discrepância face aos outros
rizados e frequentes pode ser aproveitado para a obtenção países está a aumentar, apesar da emergência simultânea
de informações localizadas altamente específicas.124 Na de novas regiões enquanto potências científicas e tecno-
Colômbia, por exemplo, a utilização de um algoritmo de lógicas, como no caso da Ásia Oriental.
inteligência artificial para a análise de dados meteorológi- Importante para a capacidade nacional de investi-
cos e relativos às culturas locais de arroz125 levou a recomen- mento na ciência e na tecnologia, a difusão da inovação
dações distintas para diferentes povoações, auxiliando 170 permanecerá um poderoso fator de aumento da pro-
agricultores de Córdoba na prevenção de prejuízos econó- dutividade. O fomento da produtividade e emprega-
micos diretos com um valor estimado em $ 3,6 milhões e bilidade de cada trabalhador(a) — alcançando os que,
melhorando, potencialmente, a produção de arroz. Entre atualmente, desempenham modalidades informais e
as outras aplicações, contam-se a utilização de inteligência precárias de trabalho e se encontram excluídos de sis-
artificial126 de ponta para a solução de desafios urbanos re- temas produtivos mais modernos — tenderá à redução
lacionados com o trânsito, a segurança e a sustentabilidade. da desigualdade de rendimento, fazendo aumentar, em
Estas aplicações abrangem desde a gestão do tráfego pela simultâneo, os próprios rendimentos.136
inteligência artificial até sistemas de inteligência artificial Para que este mecanismo funcione, os trabalhadores
que localizam condutas em risco de mau funcionamen- devem ser capazes de utilizar a tecnologia e beneficiar
to.127 As redes globais de telecomunicações e os serviços do aumento da produtividade. Entre 2007 e 2017, o
em nuvem podem permitir a transferência e adaptação de rendimento mediano, em muitos países, cresceu menos
conhecimentos na área da inteligência artificial a contex- do que a produtividade por trabalhador, a despeito
tos diversos.128 A partilha dos resultados da inteligência da forte correlação entre o rendimento e a produti-
artificial entre máquinas possibilita a aprendizagem por vidade (figura 6.10, painel esquerdo). Acresce que,
transferência,129 tatravés da qual o conhecimento se desloca quanto maior for a produtividade, maior é a parcela
e ajusta a novos contextos,130 suplementando os recursos da mesma que o(a) trabalhador(a) mediano(a) aufere
disponíveis em áreas anteriormente negligenciadas. como remuneração (ver figura 6.10, painel direito). O
divórcio entre o rendimento mediano do trabalho e a
* * * produtividade implica que o crescimento da produti-
O rumo das mudanças tecnológicas pode ser uma preo- vidade não é suficiente para que os salários aumentem,
cupação explícita dos legisladores.131 Não esqueçamos conforme se discutiu anteriormente.137 Contudo, uma
Em princípio, os direitos de propriedade intelectual podem ser um Ao abrigo do Acordo sobre os Aspetos dos Direitos de
poderoso fator de incentivo da inovação e da criatividade, ainda Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio da
que imponham restrições temporárias ao livre acesso a novos Organização Mundial do Comércio, os países em vias de desen-
conhecimentos. volvimento são incentivados a aumentar o nível e o rigor da respe-
Contudo, em alguns casos, geraram “emaranhados de patentes”, tiva legislação em matéria de propriedade intelectual, de forma a
especuladores de patentes (patent trolls) e práticas de prorrogação potenciar as transferências internacionais de tecnologia e catalisar
indevida de patentes (evergreening)1—restringindo, potencial- empresas nacionais inovadoras.5 A questão central reside no facto
mente, não só a difusão, como também a própria inovação. Os de a proteção da propriedade intelectual lhes conferir direitos so-
“emaranhados de patentes” implicam longas e dispendiosas ne- bre os lucros das descobertas efetuadas mediante a investigação
gociações para a obtenção de várias autorizações. A especulação e o desenvolvimento. No entanto, os estudos de casos de países
com recurso a patentes (patent trolling) — uma prática em que os apresentam dados ambíguos quanto à importância dos direitos
inovadores são ameaçados com processos judiciais por terceiros de propriedade intelectual para o afluxo de investimento exter-
que detêm propriedade intelectual com o mero intuito de lucrar no, o desenvolvimento interno de tecnologias e as transferências
com o licenciamento de patentes, ao invés de empreenderem a tecnológicas.6
produção — é dispendiosa.2 Já a prorrogação indevida de patentes A atribuição de patentes a uma empresa fictícia num país
(evergreening)— que consiste no prolongamento da proteção con- com baixos impostos, o pagamento de direitos sobre as próprias
cedida pelas mesmas por parte de empresas que inventam novas patentes às empresas fictícias e o depósito dos rendimentos em
patentes subsequentes, intimamente relacionadas, mas que possi- offshores ilustram o modo como os direitos de propriedade intelec-
bilitam um período de monopólio superior ao que seria permitido de tual podem ser utilizados para a fraude fiscal.7 Estes mecanismos
outro modo — restringe a concorrência. acentuam a concentração do rendimento, da riqueza e do poder
De modo geral, embora os sistemas débeis de patentes pos- sobre o mercado. Neste, como noutros âmbitos, as instituições e
sam conduzir a um ligeiro aumento da inovação, os sistemas ro- leis económicas criadas no século XX para gerir a industrialização
bustos de patentes podem abrandá-la.3 Nas últimas décadas, uma das economias desenvolvidas poderão precisar de reformas no
maior concentração da titularidade de patentes, refletindo o padrão século XXI.
mais amplo de concentração do mercado, contribuiu para o declínio
da difusão do conhecimento e do dinamismo empresarial.4
Notas
1. Baker, Jayadev e Stiglitz 2017. 2. Bessen e Meurer 2014. 3. Boldrin e Levine 2013. 4. Akcigit e Ates 2019. 5. Baker, Jayadev e Stiglitz 2017. 6. Maskus 2004. 7. Dharmapala, Foley, e Forbes 2011; Lazonick e Mazzucato 2013.
FIGURA 6.9
Existem enormes assimetrias ao nível da investigação e do desenvolvimento entre os agrupamentos de desenvolvimento humano
Investigadores, 2017 Variação do número de investigadores, Despesas, 2015 Variação das despesas, 2005–2015
(por milhão de pessoas) 2007–2017 (por milhão de pessoas) (percentagem do PIB) (pontos percentuais)
4,000 800 1.80 0.30
0 0 0 –0.10
Baixo Elevado Muito elevado Baixo Elevado Muito elevado
e médio e médio
Agrupamentos por IDH Agrupamentos por IDH
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da base de dados de Indicadores do Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial.
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 217
FIGURA 6.10
O rendimento e a produtividade apresentam uma forte correlação e, quanto maior a produtividade, maior a parcela da produtividade
que o(a) trabalhador(a) mediano(a) aufere como remuneração
Registo do rendimento mediano dos trabalhadores Rácio entre o rendimento mediano dos trabalhadores
(dólares constantes de 2011 em PPC) e a produção por trabalhadorr
12
0.6
10
0.4
O rumo das mudanças
tecnológicas pode 8
ser uma preocupação
explícita dos legisladores 0.2
6
4 0
7 8 9 10 11 12 7 8 9 10 11 12
Produtividade (registo da produção por trabalhador, Produtividade (registo da produção por trabalhador,
dólares constantes de 2011 em PPC) dólares constantes de 2011 em PPC)
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano com base em dados da Organização Internacional do Trabalho relativos a 94 países.
produtividade mais elevada pode exercer pressão no países — maioritariamente membros da Organização
sentido de uma maior remuneração absoluta e de uma para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico
distribuição mais equilibrada entre os trabalhadores e com um grau muito elevado de desenvolvimento
os detentores do capital — muita desta pressão no sen- humano — têm reduzido as respetivas emissões de
tido de uma maior produtividade depende da difusão dióxido de carbono per capita, refletindo formas mais
da tecnologia. eficientes de produção (figura 6.11).139 A difusão da
A importância da disseminação tecnológica não tecnologia será fundamental para alargar essa desasso-
se cinge ao rendimento, sendo, ao invés, extensível à ciação a países de todos os níveis de desenvolvimento.
abordagem de outros desafios, inclusive os relacionados O presente capítulo examinou a distribuição das
com as alterações climáticas (capítulo 5). A desigual- capacidades avançadas relativas à tecnologia. Existe um
dade tecnológica entre os países desenvolvidos e em potencial de mobilização da tecnologia para a conver-
vias de desenvolvimento prejudica o potencial destes gência no desenvolvimento humano. Simultaneamente,
últimos para a superação dos padrões tradicionais de é possível que estas tecnologias acabem por causar uma
produção e consumo.138 Está em curso uma desassocia- maior divergência. A concretização das opções e das
ção significativa entre as emissões e o desenvolvimento políticas corretas, neste domínio e de um modo mais
económico e, no decurso da última década, vários geral, é a temática do capítulo 7.
Uma desvinculação significativa entre as emissões e o desenvolvimento permitiu a alguns países reduzirem as respetivas emissões
de dióxido de carbono, refletindo modos de produção mais eficientes
40
10
30
0
20
–10
10
0 –20
0.400 0.600 0.800 1.000 0.400 0.600 0.800 1.000
Valor do Índice de Desenvolvimento Humano Valor do Índice de Desenvolvimento Humano
Nota: Cada bolha representa um país e o tamanho da bolha é proporcional à respetiva população.
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em dados da base de dados de Indicadores do Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial.
Capítulo 6 O potencial da tecnologia para a divergência e a convergência: Fazer face a um século de transformação estrutural | 219
Capítulo 7
Políticas de redução
das desigualdades
no desenvolvimento
humano para
o século XXI: a
escolha é nossa
7.
Políticas de redução das desigualdades
no desenvolvimento humano para o
século XXI: a escolha é nossa
Uma análise além do rendimento e além nas médias revela três tendências das desigualdades ao nível do desenvolvimento humano. Estas
últimas enquadram o contexto das políticas ao olharmos além do presente, para um mundo marcado pelo crescente impacto das alterações
climáticas e por avanços tecnológicos revolucionários:
• As desigualdades ao nível das capacidades básicas estão a decrescer (algumas a um ritmo bastante acelerado), mas permanecem acen-
tuadas, continuando a deixar muitas pessoas para trás. Além disso, o ritmo de convergência não é suficientemente rápido para erradicar
as privações extremas, conforme o apelo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
• As desigualdades ao nível do desenvolvimento humano estão a crescer em áreas que, provavelmente, serão fulcrais para as pessoas nas
próximas décadas. A desigualdade em termos de capacidades avançadas — as que estão, rapidamente, a tornar-se essenciais à medida
que nos aproximamos da década de 2020 — está a agravar-se, quer entre os países quer dentro dos mesmos.
• As desigualdades na distribuição das oportunidades entre homens e mulheres apresentam uma melhoria, mas a prossecução do progresso
poderá ser mais difícil à medida que o desafio da igualdade de género transita das capacidades básicas para as avançadas. Existem,
inclusivamente, dados que apontam para uma reação adversa em alguns países.
Trata-se de um retrato tão auspicioso quanto sério. Por isso, devemos agir agora — mas como?
Auspicioso, porque o progresso na redução das dispa- O presente capítulo propõe um enquadramento para
ridades ao nível das capacidades básicas demonstra que as políticas que alia o aumento e a distribuição quer
as políticas apropriadas surtem efeito. As políticas têm das capacidades quer do rendimento. Com o objetivo
sido insuficientes para extinguir por completo as discre- global de corrigir as desigualdades quer ao nível das ca-
pâncias em termos de capacidades básicas; porém, pode- pacidades básicas quer das avançadas, o quadro abrange
rá ainda ser possível corrigir a rota e eliminar as privações dois blocos (figura 7.1). O primeiro bloco (no lado
extremas, de acordo com o compromisso assumido na esquerdo da figura 7.1) abrange políticas que visam a
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. No convergência e expansão das capacidades, olhando além
entanto, as aspirações estão a mudar. Assim sendo, não do rendimento.1 Os objetivos das políticas consistem
basta ter em conta o modo de confluência quanto às na aceleração da convergência nas capacidades básicas,
capacidades básicas: a inversão da divergência ao nível invertendo, simultaneamente, a divergência ao nível
das capacidades avançadas tem vindo a assumir uma im- das capacidades avançadas e eliminando as desigual-
portância crescente. Voltando, rapidamente, a atenção dades assentes no género e outras de cariz horizontal.
para esta tarefa, poderia evitar-se o enraizamento das A posição de grande parte destas políticas no ciclo de
divergências no tocante às capacidades avançadas. vida é importante, em relação ao momento do respetivo
Sério, porque o efeito cumulativo das desigualdades impacto sobre o curso da vida das pessoas. Quanto mais
emergentes, das mudanças tecnológicas e da crise precoce for a etapa da vida das pessoas em que certas
climática poderá, a prazo, tornar as medidas correti- políticas forem implementadas, menos intervenções,
vas mais desafiantes. Sabemo-lo graças à abordagem através de outras políticas (que podem ser, em simultâ-
centrada no ciclo de vida que em tão grande medida neo, mais dispendiosas e menos eficazes), serão necessá-
determinou a análise deste Relatório — segundo a rias em etapas posteriores da vida.
qual as capacidades se acumulam ao longo do tempo, O segundo bloco (o do lado direito da figura 7.1)
tal como, em alguns casos, as desvantagens (capítulos contempla as políticas de expansão inclusiva do
1 e 2). A década de 2020 acolherá crianças que se rendimento.
prevê viverem até ao século XXII, pelo que as dispa- O objetivo das políticas é a promoção simultânea da
ridades que parecerão diminutas nos próximos anos se equidade e da eficiência nos mercados, incrementando
poderão amplificar ao longo de décadas, acrescendo às a produtividade, o que se traduz em rendimentos cres-
disparidades já acentuadas em termos de rendimento centes e amplamente partilhados — corrigindo a de-
e poder político. sigualdade de rendimento. O enquadramento assenta
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 223
FIGURA 7.1
Pré-mercado
Políticas de:
- Aceleração da convergência
No mercado
Pré-mercado
nas capacidades básicas Políticas de expansão
- Inversão da divergência nas inclusiva do rendimento
capacidades avançadas (produtividade e equidade)
- Eliminação das
desigualdades de género
Pós-mercado
e horizontais
numa abordagem integrada, uma vez que os dois blocos religam o bloco direito ao esquerdo). Os salários, os
de políticas são interdependentes. As políticas que vi- lucros e as taxas de participação no mercado laboral são,
sam o progresso das capacidades além do rendimento tipicamente, determinados pelos mercados, os quais são
exigem, frequentemente, recursos para sustentar pro- condicionados pela regulamentação, pelas instituições
gramas estatais, financiados pelos impostos. Além disso, e pelas políticas vigentes (no mercado). No entanto,
os recursos gerais disponíveis estão, por sua vez, asso- estes fatores também dependem de políticas que afetam
ciados à produtividade, ligada, em parte, às capacidades as pessoas antes de surtirem efeito na economia (pré-
O enquadramento das pessoas. Os dois blocos podem, assim, funcionar em -mercado). As políticas pré-mercado podem reduzir as
é multidimensional, simultâneo num círculo virtuoso de políticas. discrepâncias em termos de capacidades, contribuindo
O enquadramento é multidimensional, enfatizando para que todas as pessoas entrem no mercado laboral
enfatizando a importância
a importância intrínseca das liberdades humanas indi- com uma melhor preparação — embora convenha
intrínseca das liberdades
visíveis: O resultado global pretendido é a correção das realçar que este está longe de ser o único motivo pelo
humanas indivisíveis:
desigualdades ao nível das capacidades básicas e avança- qual as capacidades importam e que, ao reforçarem as
O resultado global das. Por conseguinte, não é consistente com a redução capacidades, os contributos para a expansão dos ren-
pretendido é a correção das desigualdades quanto a algumas capacidades à custa dimentos transcendem a participação no mercado de
das desigualdades ao de uma deterioração drástica das demais. Tão-pouco é trabalho (podem, a título exemplificativo, fomentar a
nível das capacidades compatível com abordagens que ora levam à redução participação política). As políticas no mercado afetam
básicas e avançadas do nível de vida — pondo em cheque o crescimento a distribuição do rendimento e das oportunidades
sustentável através de políticas distributivas com uma durante o trabalho, produzindo resultados que tanto
conceção deficiente — ora visam a mera criação de podem promover como desincentivar a inclusão. As
riqueza, violando, em simultâneo, os direitos humanos políticas pós-mercado afetam as desigualdades depois
e a sustentabilidade do nosso planeta. de o mesmo, juntamente com as políticas no mercado,
A multidimensionalidade possibilita, de igual modo, ter determinado a distribuição do rendimento e das
uma melhor integração da análise instrumental dos oportunidades. Estes conjuntos de políticas interagem.
mecanismos associados ao rendimento e independentes A prestação de serviços públicos pré-mercado poderá
do mesmo que subjazem à formação e ao igualamento depender, em parte, da eficácia das políticas pós-merca-
gradual das capacidades. O ciclo das políticas pode ser do (impostos sobre o rendimento derivado do mercado
descrito como composto por políticas pré-mercado para financiar, a título exemplificativo, a saúde e a educa-
(essencialmente, no interior do bloco esquerdo da figura ção), que são importantes para arrecadar receita pública,
7.1 relativo às capacidades independentes do rendimen- de modo a custear esses serviços. Já os impostos, por sua
to, ingressando no bloco direito), políticas no mercado vez, são «informados» pelo grau de redistribuição do
(maioritariamente no bloco direito relativo à expansão rendimento, das pessoas mais abastadas para as menos
inclusiva do rendimento) e políticas pós-mercado (que favorecidas, que a sociedade está disposta a efetuar.2
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 225
• Serviços sociais abrangentes, que garantam a igualdade pobres e os ricos no seio dos países e as disparidades entre
no acesso a serviços de qualidade, em consonância com as as pessoas com um maior nível de instrução de cada país e
novas exigências e aspirações do século XXI.11 Conforme a meta dos ODS.15
se observou no capítulo 2, a desigualdade no desenvolvi- As crianças provenientes de grupos socioeconómicos
mento humano é multidimensional — transmitida por desprivilegiados enfrentam uma dupla desvantagem —
diversos veículos, incluindo os mercados, as redes familia- menos anos de escolaridade e uma aprendizagem menor
res e sociais — e pode multiplicar-se em função de fatores em cada ano. As políticas focadas nos resultados, ao in-
como a violência. Os resultados no domínio da saúde, por vés dos insumos, exigem dados relativos à aprendizagem
exemplo, dependem do acesso aos serviços, mas também e não apenas às matrículas, investindo no domínio de
são determinados pela sociedade. Os sistemas universais conceitos básicos pelos alunos desde as etapas iniciais
reforçados incorporariam estas dimensões. e aliando as melhorias globais a intervenções direcio-
• Políticas especiais complementares destinadas aos gru- nadas aos grupos especialmente desfavorecidos.16 A
pos excluídos. Embora as pessoas pobres e marginali- dependência de escolas privadas, com fins lucrativos,
zadas possam beneficiar das políticas universais, estas, para o ensino básico pode deixar as pessoas mais pobres
por si só, poderão não ser suficientes para alcançar os ainda mais para trás,17 devido, em parte, ao acesso desi-
mais desfavorecidos, inclusive devido à discriminação gual e à menor prestação de contas no tocante à quali-
com base em grupos. Um exemplo são as crianças dade, o que tende a prejudicar os alunos desfavorecidos
pertencentes a agregados familiares que se defrontam de forma desproporcional, sobretudo as raparigas. Uma
A dependência de com privações sobrepostas. Não deixar ninguém para educação pública de qualidade e gratuita, o reforço da
trás implica, igualmente, políticas direcionadas de cor- formação dos professores e a promoção da inclusão
escolas privadas, com
reção das desigualdades horizontais e entre grupos.12 podem atenuar estes riscos, especialmente no caso das
fins lucrativos, para
raparigas e dos alunos portadores de deficiência.18
o ensino básico pode Garantir o acesso universal ao conhecimento e As intervenções na primeira infância que contribuem
deixar as pessoas mais à aprendizagem ao longo da vida para o nivelamento dos gradientes têm produzido resul-
pobres ainda mais para tados nos países em vias de desenvolvimento (caixa 7.1).
trás, devido, em parte, ao As políticas que visam assegurar o acesso equitativo a uma Vários países têm alargado a cobertura do ensino pré-es-
educação de qualidade na primeira infância têm conse- colar, como no caso da Etiópia, que tem envidado esfor-
acesso desigual e à menor
quências, a longo prazo, para a saúde, o desenvolvimento ços no sentido de uma expansão significativa da cobertura
prestação de contas no cognitivo e as perspetivas de emprego — chegando mesmo desde 2010 (caixa 7.2). É provável que este esforço não
tocante à qualidade, o a beneficiar os irmãos e as crianças de cada pessoa (capítulo só contribua para a igualização das capacidades a longo
que tende a prejudicar os 2).13 O enfoque principal na oferta de acesso à educação prazo, como também afete a distribuição do trabalho
alunos desfavorecidos de com vista a um nível mínimo nacional nem sempre elimi- não remunerado, fomentando a inclusão das mulheres no
nou as disparidades em termos de progressos, inclusive nos mercado laboral (um tema desenvolvido na discussão da
forma desproporcional,
países desenvolvidos.14 Dado que a meta 4.6 dos ODS ape- desigualdade de género, adiante no capítulo).
sobretudo as raparigas la à obtenção de competências de numeracia e literacia por Acresce que a tecnologia impõe a atualização das
toda a juventude, nem um nível de instrução equivalente competências ao longo da vida (capítulo 6). A aprendi-
entre os agregados familiares ricos e pobres do mesmo país zagem ao longo da vida melhoraria quer os resultados
garantiria, necessariamente, que esta meta fosse cumprida. económicos quer sociais e ajudaria à obtenção de
Na verdade, as realizações educativas de muitos países em oportunidades mais equitativas em todas as idades.19 A
vias de desenvolvimento estão aquém da meta dos ODS, Organização Internacional do Trabalho apresentou uma
incluindo no caso dos estudantes oriundos de famílias proposta concreta para a implementação de um sistema
mais abastadas — e as crianças dos agregados familiares de direitos à formação, por meio da reconfiguração dos
mais desfavorecidos têm um nível de insucesso escolar regimes de seguro de desemprego ou de prestações so-
ainda superior. Isto significa que o simples nivelamento — ciais que confiram aos trabalhadores dispensas renume-
a elevação das crianças com um estatuto socioeconómico radas para a frequência de formações.20 Os trabalhadores
inferior ao nível de instrução atingido pelas crianças com teriam direito a um número de horas de formação, não
o estatuto socioeconómico mais elevado, em cada país — obstante a natureza das suas funções. Nos países em que
não alcançaria a meta de aprendizagem de qualidade para a maioria dos trabalhadores têm empregos informais,
todos traçada pelos ODS. Deste modo, o reforço dos resul- poder-se-ia estabelecer fundos nacionais ou sectoriais de
tados ao nível da aprendizagem, de modo a concretizar a educação e formação, de modo a garantir o acesso desses
meta de numeracia e literacia universais dos ODS, implica trabalhadores à educação e à formação. As políticas de
a correção de duas discrepâncias: as que existem entre os redução do trabalho informal poderiam surtir um efeito
Além das competências cognitivas, verificou-se que as competências soci- 1,34 (numa escala de 1 a 5), em 2010, para 2,67, em 2014. Já em relação às
ais e emocionais são marcas de um adulto produtivo.1 No entanto, estas crianças mais jovens do quintil mais rico, a pontuação média aumentou de
competências são, frequentemente, deixadas a cargo da família. Embora 2,37 para 3,17 — menos do que no caso dos outros quintis de riqueza. As
a debilidade das competências sociais e emocionais possa ser uma fonte pontuações médias relativas às crianças mais velhas evidenciam um padrão
emergente de desigualdade, é igualmente possível que seja uma conse- semelhante, tendo aumentado de 3,41, em 2010, para 3,61, em 2014, quanto
quência da mesma, uma vez que as raízes residem nas desigualdades ao às crianças do quintil inferior, e de 3,49 para 3,65, no caso das crianças do
nível da educação dos pais, passíveis de transmissão à geração seguinte. quintil mais abastado. Deste modo, a desigualdade ao nível das pontuações
Contudo, o investimento nestas competências oferece, de igual modo, uma nos testes de parentalidade entre os quintis mais ricos e mais pobres quase
oportunidade para quebrar o círculo vicioso das desigualdades, ao nivelar as desapareceu.2
condições de partida de todas as crianças. A melhoria da China está relacionada com a campanha nacional de
As pontuações da China quanto à parentalidade positiva e ao desen- promoção do desenvolvimento na primeira infância, lançada em conjunto
volvimento socioemocional melhoraram substancialmente entre 2010 e 2014, com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, em 2010. A campanha tem
especialmente no caso das crianças oriundas de famílias mais desfavoreci- o objetivo ambicioso de alcançar o ensino universal na primeira infância.
das. A parentalidade positiva foi medida através das questões de inquéritos Enfatiza o desenvolvimento cerebral na primeira infância e oferece apoio
em que os prestadores de cuidados são sondados acerca da frequência da aos pais através de portais na Internet, sítios Web e aplicações para tele-
sua intervenção no sentido de melhorar as competências específicas da idade móveis. Inclui, ainda, investimentos substanciais em jardins de infância e na
dos respetivos filhos (por exemplo, lendo-lhes textos ou brincando com os formação de professores, sobretudo em áreas rurais e no caso das crianças
mesmos no exterior). O desenvolvimento socioemocional foi medido através pobres e migrantes das áreas urbanas, assim como o apoio estatal a diretriz-
da avaliação das atitudes, dos comportamentos e da relação das crianças es, ferramentas e normas nacionais de desenvolvimento da aprendizagem
com os outros. precoce.3
Quanto às crianças mais jovens do quintil inferior de rendimento, a
pontuação média nos testes relativos à parentalidade positiva aumentou de
Notas
1. Heckman, Stixrud e Urzua 2016.; Kautz e outros 2014. 2. Li e outros 2018. 3. Greubel e van der Gaag 2012; UNICEF 2019c.
CAIXA 7.2
Estima-se que 50 por cento das crianças de todo o mundo não estejam matriculadas em qualquer tipo de ensino Desde a sua introdução, a “0-Class” alcançou elevadas taxas de matrícula e, atualmente, constitui, de
na primeira infância.1 Nos países em vias de desenvolvimento, as crianças enfrentam barreiras ainda maiores longe, o plano de ensino pré-escolar mais amplamente acessível, especialmente nas zonas rurais.4 No seu
— com apenas 20 por cento de matrículas — e é-lhes ministrada, com frequência, uma educação pré-escolar primeiro ano, o programa registou uma quantidade de matrículas quase três vezes superior ao número de cri-
de qualidade inferior. A meta 4.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável exorta a que todas as raparigas anças que obtiveram acesso a jardins de infância no ano anterior. Impulsionadas por estes sucessos iniciais, têm
e rapazes tenham acesso a um desenvolvimento na primeira infância, a cuidados e a um ensino pré-escolar de sido exploradas novas soluções para o aumento das matrículas nas áreas rurais da Etiópia. O Fundo das Nações
qualidade até 2030, mas os agregados familiares mais pobres são os que têm menos acesso a estas oportuni- Unidas para a Infância e a organização Save the Children realizaram o teste-piloto do modelo Accelerated School
dades de aprendizagem. Readiness (Preparação Escolar Acelerada), destinado a alcançar as crianças que não frequentaram a “0-Class”,
A Etiópia é um exemplo do modo como o ensino pré-escolar pode possibilitar a melhoria dos resultados dos incluindo menores em situações de emergência.5 O modelo consiste num curso de verão com uma duração de
países em vias de desenvolvimento ao nível da educação. Com uma das taxas de matrícula no ensino pré-escolar dois meses, anterior à matrícula na 1.ª classe. Gerido por professores do ensino primário e apoiado por kits
mais baixas do mundo como ponto de partida, cifrando-se em apenas 1,6 por cento em 2000, a Etiópia assistiu ao de aprendizagem de baixo custo, oferece às crianças mais jovens um currículo elementar de pré-literacia e
aumento da taxa para 45,9 por cento em 2017 — o que representa mais de 3 milhões de crianças.2 A maior parte pré-numeracia.
do crescimento ocorreu entre 2007 e 2017, iniciado pelo Quadro Político Nacional para os Cuidados e a Educação O impacto do ensino pré-escolar foi objeto de avaliação em vários estudos de caso relativos à Etiópia.
na Primeira Infância, em 2010. Um projeto da Save the Children na área da promoção da literacia e das competências matemáticas concluiu
Reconhecendo o papel fundamental do acesso equitativo ao ensino pré-escolar no desenvolvimento huma- que as crianças com origens socioeconómicas mais humildes alcançaram progressos educativos significativa-
no, um dos pilares centrais do quadro político é a expansão dos programas de preparação pré-escolar e escolar.3 mente maiores — eliminando, praticamente, as disparidades ao nível da aprendizagem em relação aos seus
Sob a orientação do Ministério da Educação, o principal catalisador do crescimento ao nível do ensino pré-es- pares com um estatuto socioeconómico mais elevado.6 O Young Lives (Jovens Vidas), um estudo internacional
colar foi a “0-Class”, um ano de educação pré-escolar destinado aos agregados familiares vulneráveis que visa da pobreza na infância levado a cabo por investigadores da Universidade de Oxford, acompanhou as concre-
preparar as crianças de tenra idade para o ingresso na 1.ª classe, o primeiro ano do ensino primário. Embora o tizações educativas de dois segmentos de crianças entre 2002 e 2016, em toda a Etiópia.7 As crianças das
ministério tenha contemplado, inicialmente, dois anos de educação pré-escolar, os planos foram alterados de áreas urbanas que frequentaram programas de educação pré-escolar apresentavam uma probabilidade de
forma a ampliar o acesso. conclusão do ensino secundário superior, em 25,7 por cento, à das suas congéneres que não ingressaram no
ensino pré-escolar.
Notas
1. UNICEF 2019c. 2. UNICEF 2019c. 3. Rossiter e outros 2018. 4. Woodhead e outros 2017. 5. UNICEF 2019c. 6. Dowd e outros 2016. 7. Woldehanna e Araya 2017.
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 227
poderoso, uma vez que os empregos formais estão asso- Seguiu-se a expansão da cobertura às populações pobres
ciados a empresas de maior dimensão, com um maior e vulneráveis, que necessitou de um sólido compromisso
investimento na formação dos trabalhadores e períodos político. No Brasil e na Tailândia, os movimentos sociais
mais extensos de emprego, durante os quais é possível desempenharam um papel de relevo (quanto ao con-
uma maior aprendizagem no exercício de funções. tributo, de um modo mais geral, dos movimentos sociais
para a correção das desigualdades, ver caixa D7.1.1, no
Criar condições para que todos tenham uma final do capítulo).
vida longa e saudável O compromisso político deve caminhar lado a lado
com a afetação de recursos financeiros aos cuidados de
Embora, em muitos casos, as desigualdades ao nível dos saúde universais, sendo que os diferentes países devem
resultados relativos à saúde não estejam relacionadas adotar abordagens diversas. A França recorreu à afeta-
com a disponibilidade de serviços de saúde (capítulo 2 ção de impostos: primeiro, um imposto sobre os venci-
e caixa 7.3), os cuidados de saúde universais, uma priori- mentos e, posteriormente, a afetação de impostos sobre
dade da meta 3.8 dos ODS, têm um potencial de reforço o rendimento e o capital. O Brasil e o Gana reservaram
da igualdade ao nível das capacidades relacionadas com a uma parte das respetivas contribuições para a segurança
saúde.21 A Tailândia e o Ruanda concretizaram planos de social e do imposto sobre o valor acrescentado. Já o
O compromisso político
cobertura universal de cuidados de saúde. Na Tailândia, Japão, a Tailândia, a Turquia e o Vietname não afetaram
deve caminhar lado a
a política, implementada em 2001, foi alargada a todas montantes específicos, mas atribuíram prioridade orça-
lado com a afetação de as províncias no ano seguinte e alcançou 98 por cento mental a este objetivo. Além do financiamento, um dos
recursos financeiros da população em 2011.22 O Ruanda exibe a maior taxa principais desafios da implementação reside na escassez
aos cuidados de saúde de adesão a seguros de saúde da África Subsariana, com de profissionais de saúde. Em muitos casos, pode veri-
universais e diferentes seguros de saúde comunitários que abrangem mais de 75 ficar-se um crescimento abrupto na disponibilização
por cento da população.23 No Bangladeche, no Brasil, na de cuidados de saúde privados e de cuidados de saúde
países devem adotar
Etiópia, em França, no Gana, na Indonésia, no Japão, no de natureza pública mas não regulados. Em resposta a
abordagens diversas Peru, na Tailândia, na Turquia e no Vietname — com este fenómeno, a Indonésia reformou o seu sistema de
um leque diverso de sistemas de saúde e de rendimen- acreditação de profissionais de saúde e normalizou os
tos — o governo recorreu a uma abordagem gradual para respetivos processos de certificação. O Brasil e a Etiópia
a criação e expansão dos respetivos programas de cobe- ampliaram as respetivas bases de recrutamento de
rtura universal de cuidados de saúde.24 Tipicamente, o profissionais de saúde para a expansão dos cuidados de
processo teve início com a oferta de seguros de saúde aos saúde e ofereceram oportunidades mais flexíveis de car-
funcionários públicos e trabalhadores do setor formal. reira aos trabalhadores comunitários da área da saúde.25
CAIXA 7.3
Nem mesmo os países com uma reduzida desigualdade de rendi- humano, em comparação com 40 por cento das mulheres dos
mento e uma cobertura universal de cuidados de saúde eliminaram agregados do topo.
os gradientes neste domínio. A Suécia tem um sistema excecional • Os partos de risco são mais comuns entre as famílias mais
de saúde, com uma ampla cobertura, um nível mínimo de despesas pobres da Suécia, dado que mais de 30 por cento das mães
ordinárias e apoio especial aos grupos vulneráveis. Contudo, este da base fumam antes da gravidez ou durante a mesma, em
acesso igualitário aos cuidados de saúde não produz resultados comparação com apenas 5 por cento das mães do grupo do
iguais nesta área. A título de exemplo: topo.
• As taxas de mortalidade da Suécia exibem uma forte cor- Esta desigualdade persistente quanto aos resultados em ter-
relação com o estatuto socioeconómico. Na base, mais de 40 mos de saúde justifica-se, em parte, pelo acesso desigual a espe-
por cento das pessoas morrem até aos 80 anos de idade, em cialistas médicos externos ao sistema formal de saúde. Entre as
comparação com menos de 25 por cento no topo. As pessoas políticas que poderiam emular o acesso das famílias a profissionais
com um estatuto socioeconómico inferior têm o dobro da de saúde, incluem-se programas de visitas de enfermagem a longo
probabilidade, face às do topo, de sofrer de ataques cardía- prazo, a disponibilização de um maior número de médicos de clíni-
cos, cancro do pulmão, diabetes de tipo 2 e insuficiência ca geral e a garantia de uma maior compatibilidade cultural entre
cardíaca. os prestadores de serviços e as respetivas comunidades, uma vez
• Apenas 10 por cento das mulheres dos agregados familiares que esta medida favorece a confiança. Este tipo de políticas seriam
da base da Suécia são vacinadas contra o papilomavírus ainda mais eficazes se fossem direcionadas às populações mais
desfavorecidas.
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em Chen, Persson e Polyakova (2019).
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 229
que tiraram partido da mesma triplicara.36 Acresce que políticas são importantes em áreas que abrangem desde a
alguns países oferecem incentivos económicos ao recurso proteção contra a violência e a discriminação até ao acesso
à licença por parte dos trabalhadores, como sucede na a serviços públicos. Contudo, o modo de conceção e
Suécia, onde os pais recebem uma pequena bonificação implementação das medidas é parcialmente determinado
financeira, a título de igualdade de género, por cada dia em pela participação política. Assim sendo, as quotas de dis-
que utilizarem a licença de parentalidade por igual. Desta criminação positiva que incrementam a participação das
forma, é possível aumentar a quota-parte de cuidados minorias na política podem originar um compromisso
infantis dos pais do sexo masculino, durante os primeiros institucional mais sólido para com a igualdade e a não
meses ou anos de vida da criança, o que pode possibilitar a discriminação. Apesar de ser uma jovem democracia (a sua
transformação das normas sociais relativas à puericultura, primeira constituição foi ratificada em 2014), a Tunísia
que podem repercutir-se ao longo da vida das crianças. possui, atualmente, uma das leis de paridade de género
O equilíbrio da distribuição da prestação de cuidados, mais progressistas do mundo. O país promulgou quotas
sobretudo a crianças, é crucial, precisamente porque uma relativas às candidaturas, à constituição e à lei eleitoral.
grande parte da diferença quanto ao rendimento, ao longo Esta regulamentação garante a igualdade de oportuni-
O equilíbrio da distribuição do ciclo de vida, tem uma origem anterior aos 40 anos de dades entre as mulheres e os homens em todos os níveis de
da prestação de cuidados, idade, levando a que as mulheres percam muitas oportuni- responsabilidade e em todas as áreas, exigindo a apresen-
sobretudo a crianças, dades no mercado laboral durante as primeiras etapas das tação de candidaturas com base na paridade entre homens
é crucial, precisamente respetivas carreiras.37 Estas oportunidades perdidas coinci- e mulheres, de forma alternada. Em 2018, as mulheres
dem com o parto, o que pode incentivar as mulheres a reti- ocupavam 47 por cento dos cargos autárquicos.40 Quase
porque uma grande parte
rarem-se do mercado de trabalho. O fornecimento de acesso todos os países com um elevado grau de representação
da diferença quanto ao
a cuidados infantis económicos pode proporcionar às mães política das mulheres têm medidas de incentivo análogas
rendimento, ao longo do
oportunidades para tomarem as suas próprias decisões no à discriminação positiva e às ações afirmativas.
ciclo de vida, tem uma tocante ao trabalho e à vida pessoal, permitindo-lhes exer- As políticas podem, ainda, levar ao aumento da repre-
origem anterior aos 40 cer um emprego remunerado. As mães tendem a adaptar as sentação das raparigas nas áreas das ciências, tecnologia,
anos de idade, levando a suas opções quanto ao emprego remunerado às exigências engenharia e matemática (CTEM; caixa 7.4). O Instituto
que as mulheres percam do cuidado das crianças.38 Daí a relevância dos cuidados Tecnológico da Costa Rica criou um centro de formação
muitas oportunidades no infantis acessíveis e económicos para a liberdade das mães especializada com o objetivo de reforçar as competências
mercado laboral durante no tocante ao exercício de um emprego remunerado.39 das mulheres na área das CTEM e para o empreendedo-
as primeiras etapas das O impacto da regulamentação e das leis vai para além rismo. A instituição celebrou a sua primeira maratona de
respetivas carreiras da modificação do equilíbrio da prestação de cuidados. As programação com a participação exclusiva de mulheres em
CAIXA 7.4
Na América Latina, 30 milhões de jovens não frequentam progra- As mulheres selecionadas defrontam-se com diversas barrei-
mas de ensino ou formação nem possuem emprego, dos quais 76 ras, como o facto de residirem nos arredores das cidades e terem
por cento são mulheres. Um outro desafio prende-se com o facto de de viajar durante 2–3 horas até ao local das aulas ou terem cresci-
os estudos não garantirem um futuro radioso às mulheres e rapari- do com a crença de que os empregos do setor tecnológico que ex-
gas: Menos de 20 por cento das mulheres da região transitam do igem competências matemáticas estavam para lá do seu alcance.
estudo para empregos formais.1 Nos cursos, as mulheres aprendem os rudimentos da programação
A Laboratória é uma organização sem fins lucrativos fundada de sítios Web, aplicações e jogos. As aulas seguem o modelo da
em 2014 que se destina às raparigas de famílias com baixos rendi- sala de aula ágil, com uma aprendizagem que simula a experiência
mentos que enfrentam graves barreiras no acesso ao ensino superior. profissional. Quando as estudantes se aproximam da conclusão da
A associação combina o ensino aplicado à programação (incluindo formação e começam a procurar um emprego, a Laboratória atribui-
campos de treino em programação com uma duração de seis meses), lhes mentores da área das tecnologias. Empresas tecnológicas
a formação socioemocional, uma participação aprofundada dos em- como a IBM, a Google, a LinkedIn e a Microsoft estabeleceram par-
pregadores e serviços de colocação profissional, por forma a criar cerias com a Laboratória, de modo a aumentar a oferta de program-
oportunidades para as alunas. Com atividades no Brasil, no Chile, no adoras. As empresas que participam no Talent Fest e o patrocinam
México e no Peru, atribuiu graus académicos a mais de 820 raparigas têm prioridade no acesso à panóplia de talentos da Laboratória,
e pretende alcançar 5.000 jovens mulheres até 2021. Mais de 80 por embora os outros negócios também disponham da opção de pagar
cento das estudantes conseguem empregos como programadoras, o para consultar os perfis das estudantes.
que, frequentemente, triplica os respetivos rendimentos.
Nota
1. OCDE 2017.
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em Guaqueta (2017), Laboratória (2019) e Banco Mundial (2013).
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 231
da partilha de riscos possibilitada pelos seguros podem inclusive através da construção de narrativas que
decrescer. Por exemplo, a probabilidade de os quatro promovam análises mais centradas nos ODS, sendo o
principais países produtores de milho sofrerem uma clima um dos objetivos, entre outros ODS.54
perda simultânea de produção superior a 10 por cento é, No tocante à tecnologia, o capítulo 6 ressalva a im-
atualmente, próxima de zero. No entanto, à medida que portância da potenciação das mudanças tecnológicas
as temperaturas se aproximam de um aumento de 2 ºC, para a inclusão e a sustentabilidade, assim como o papel
que o rendimento médio diminui e que a variabilidade crucial que a “conetividade” desempenha na capaci-
absoluta aumenta, a probabilidade cresce para 7 por cen- tação dos países e das pessoas para o aproveitamento
to. Com um aumento de 4 ºC, ascende a 86 por cento.50 do potencial das tecnologias digitais e de inteligência
As políticas — locais, nacionais e internacionais — desem- artificial. Ainda que o impacto da tecnologia sobre o
penham, deste modo, um papel fulcral na conceção e imple- desenvolvimento humano transcenda o acesso, a dis-
mentação de seguros relacionados com o clima que incluam cussão, neste ponto, exemplifica as medidas passíveis da
as pessoas pobres e vulneráveis. As políticas podem apoiar consolidação das capacidades (sem dar a entender que
a aplicação de novas tecnologias. Os drones, por exemplo, se trata da resposta política mais importante). O capítu-
têm-se revelado promissores no tocante à recolha de dados lo 6 documenta a divergência no acesso às tecnologias
precisos acerca dos danos causados às colheitas e proprieda- avançadas de comunicação, que se deve, em parte, à
des pelas condições meteorológicas. Poder-se-ia, em alterna- discrepância dos custos relativos. A Comissão de Banda
O obstáculo mais saliente tiva, oferecer subsídios diretos aos prémios de seguros e até Larga definiu uma meta para 2025: serviços elementa-
condicioná-los à prova de rendimentos.51 Os resseguros serão res de banda larga (1 gigabyte) a um custo inferior a 2
à utilização da Internet
igualmente importantes para a acessibilidade dos prémios, por cento do rendimento nacional bruto mensal per
móvel manifestado pelas
especialmente nos casos em que os seguros são de âmbito capita. À data, a maioria dos países desenvolvidos, quase
próprias pessoas consiste local e os perfis de risco climático são bastante homogéneos. metade dos países em vias de desenvolvimento que não
nas limitações da literacia O relatório especial de 2018 do Painel pertencem ao grupo dos países menos desenvolvidos e
e das competências Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas abor- uma pequena parte destes últimos cumpriram a meta.55
digitais: 34 por cento em da as trajetórias de adaptação específicas de cada local Em todo o caso, o obstáculo mais saliente à utili-
enquanto oportunidades para a correção de desigualdades zação da Internet móvel manifestado pelas próprias
África, 35 por cento na
estruturais, desequilíbrios de poder e mecanismos de go- pessoas consiste nas limitações da literacia e das
Ásia Oriental, 37 por cento vernação que originam e exacerbam desigualdades ao nível competências digitais: 34 por cento em África, 35 por
na Ásia do Sul e 28 por dos riscos e impactos climáticos.52 Contudo, o relatório cento na Ásia Oriental, 37 por cento na Ásia do Sul e
cento na América Latina adverte para a possibilidade de essas trajetórias reforçarem, 28 por cento na América Latina.56 De facto, mais de
igualmente, desigualdades e desequilíbrios. A título de metade da população mundial carece de competências
exemplo, as narrativas de adaptação centradas na autossufi- básicas no domínio das tecnologias de informação e de
ciência podem intensificar os custos climáticos suportados comunicação. Existem diferenças significativas entre os
pelas pessoas pobres e pelos grupos marginalizados. grupos de rendimento. A título de exemplo, nos países
O relatório especial elenca, ainda, trabalhos recentes com um rendimento médio-baixo, apenas 6 por cento
de investigação que associaram a mitigação das altera- dos adultos já enviaram uma mensagem de correio
ções climáticas a longo prazo e as trajetórias de adapta- eletrónico com um ficheiro em anexo, em comparação
ção a ODS individuais, em diferentes medidas. Exorta com 70 por cento nos países desenvolvidos.57 Assim, a
à adoção de abordagens mais próximas do paradigma educação, quer dos jovens quer das pessoas mais velhas,
“nexus”, que investiguem um subconjunto de dimensões será fundamental para o incremento da literacia digital.
do desenvolvimento sustentável em simultâneo. Entre A conetividade também pode ser melhorada através
os exemplos, inclui-se um “nexus” água–energia—cli- da oferta de serviços públicos de ligação sem fios em
ma, tirando partido dos percursos socioeconómicos equipamentos públicos, tais como as bibliotecas e os
partilhados, de uso comum. Aplicando novos métodos centros comunitários. Singapura e a Macedónia do
às projeções relativas à pobreza e à desigualdade, as Norte são países pioneiros neste aspeto. Em 2005,
avaliações com base nos percursos socioeconómicos Singapura implementou o programa Wireless@SG,
partilhados têm sido empreendidas em relação às impli- destinado a ligar os cidadãos através de uma rede de
cações dos impactos evitados e das necessidades conexas pontos de acesso em edifícios públicos e comerciais.
de adaptação para o desenvolvimento sustentável local. Em 2006, a Macedónia do Norte elaborou um plano
O foco no desenvolvimento sustentável pode redu- para ligar 460 escolas primárias e secundárias e insta-
zir a exposição aos riscos climáticos das populações lar 680 quiosques de ligação sem fios, com um acesso
vulneráveis à pobreza em várias ordens de magnitude,53 gratuito a serviços de Internet. A Indonésia lançou,
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 233
refletem escolhas essenciais quanto aos impostos, às discutidas neste capítulo, alcançariam, claramente,
transferências estatais e à despesa pública. A segunda ambos os objetivos (caixa 7.5). O remanescente desta
metade deste capítulo contempla políticas que se inse- secção abrange outras instituições e políticas relevantes
rem nestas dimensões. para o mercado de trabalho.
A contribuição das mulheres para as atividades económicas men- salarial entre os géneros.5 Atualmente, um salário igual por um
suradas não corresponde à sua parcela da população: É muito trabalho igual só é constitucionalmente garantido em 21 por cento
inferior à plenitude do seu potencial. Esta realidade tem impor- dos países.6
tantes implicações macroeconómicas. Estima-se que o prejuízo, Entre os outros exemplos de melhoria da qualidade das
em termos de PIB per capita, atribuível às disparidades de género condições de trabalho, contam-se a definição de critérios idênti-
no mercado laboral ascenda a 27 por cento em algumas regiões.1 A cos para a promoção de homens e mulheres, a implementação da
capacitação económica das mulheres fomenta resultados positivos flexibilidade laboral e o aumento da oferta de opções de cuidado,
ao nível do desenvolvimento, como a produtividade, e promove a com vista à ampliação das escolhas. Na Bélgica, em França, na
diversificação económica e a igualdade de rendimento.2 Alemanha e na Nova Zelândia, todos os trabalhadores das em-
As políticas destinadas a atenuar os preconceitos em função presas com uma certa dimensão têm direito a solicitar condições
do género e garantir um salário igual podem estimular o crescimen- flexíveis de trabalho. O Japão e a República da Coreia oferecem às
to económico e poderiam ser amplificadas através de uma maior mães e aos pais, respetivamente, um ano de licença intransmissível
presença de mulheres qualificadas no mercado de trabalho.3 As de parentalidade. Já os países nórdicos reservam, frequentemente,
barreiras à participação das mulheres funcionam como travões à determinadas parcelas do período de licença de parentalidade à
economia nacional, reprimindo a sua capacidade de crescimento. utilização exclusiva por cada um dos pais, durante alguns meses.7
Por conseguinte, a implementação de políticas de eliminação de Não basta adotar estas políticas se não forem complemen-
distorções do mercado e de criação de condições equitativas para tadas por campanhas de formação ou de sensibilização que visem
todas as pessoas incrementariam a procura pelo trabalho das mul- a alteração das normas sociais de género. Quanto ao local de tra-
heres — influenciando, ainda, o lado da oferta, ao possibilitar o ex- balho, é muito importante mudar as atitudes em relação à prestação
ercício da livre escolha das mulheres quanto à participação.4 Estas de cuidados e ao recurso a dispensas do trabalho por parte dos
medidas abrangem desde alterações da regulamentação e das homens, de modo a que os pais que optam por fazê-lo não sejam
práticas discriminatórias até à garantia da igualdade salarial entre estigmatizados. Esta medida pode contribuir para o equilíbrio da
géneros e de condições de trabalho mais justas para as mulheres. carga de trabalho doméstico e para a mudança das atitudes quanto
A reforma da regulamentação poderá exigir que as entidades aos papéis em função do género no seio dos agregados familiares.
patronais revejam as suas práticas remuneratórias ou apresentem Como no caso de outras dimensões, o envolvimento dos homens é
cálculos das disparidades de género. Desde 2001, tanto a França fulcral. Uma das formas de alcançá-lo é o estabelecimento de mod-
quanto a Suécia têm pedido aos empregadores que revejam as re- elos masculinos a seguir, com vista ao fomento da mudança dos
spetivas práticas e desenvolvam um plano anual para a igualdade estereótipos em função do género. Entre as alternativas, inclui-se a
de género. A Austrália, a Alemanha, o Japão, a Suécia e o Reino consciencialização através campanhas de sensibilização, de forma
Unido exigem que as organizações com número de trabalhadores a reconhecer o privilégio masculino, detetar sinais de sexismo e
igual ou superior a 250 publiquem os seus cálculos da discrepância compreender a exclusão e os “micromachismos.”8
Notas
1. Cuberes e Teignier 2012. 2. FMI 2018. 3. Agenor, Ozdemir e Moreira 2018. 4. Elborgh-Woytek e outros 2013. 5. Governo Australiano 2019; OCDE 2017a. 6. Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano
com base em dados da Gender Database do WORLD Policy Analysis Center 2019. 7. OCDE 2016. 8. Uma série de estratégias, gestos, comentários e ações do quotidiano que são subtis, quase impercetíveis, mas perpetuam
e transmitem a violência com base no género entre gerações (Gómez 2014).
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano.
emprego, nos casos em que funciona como um limiar comprimidos em 6 ou mais por cento em relação ao
de preço, impedindo que uma empresa com poder de respetivo produto marginal.81
monopsónio, visando a maximização do lucro, reduza Os salários mínimos podem, ainda, ser eficazes
os salários por meio de uma menor contratação.80 em contextos com um elevado grau de informalida-
Estima-se que o efeito positivo sobre o emprego e os de. Segundo uma conceção errada comum, o setor
salários na base atenue as desigualdades. informal, devido à inexistência de barreiras formais
Os esforços suplementares de redução da desigual- à entrada, é mais competitivo do que o setor formal.
dade através da moderação do poder das empresas so- No entanto, a dificuldade da execução de contratos na
bre o mercado laboral são prejudicados pela escassez de economia informal pode criar um problema de quebra
trabalhos de investigação e de dados acerca da temática contratual (holdup), deixando os trabalhadores na in-
do monopsónio, sobretudo em comparação com a certeza quanto ao futuro pagamento após a conclusão
investigação e os dados relativos ao monopólio. Um do trabalho. Caso isso suceda, os empregadores dos
indicador internacionalmente comparável e um con- mercados informais exercem um poder considerável
junto de dados acerca do poder sobre o mercado lab- sobre os seus trabalhadores.82 Este facto subverteria a
oral possibilitariam uma monitorização transversal aos preocupação com um potencial aumento da informa-
países e a prontidão das medidas de redução do mesmo. lidade devido à regulamentação do mercado laboral,
Existe uma vasta margem de manobra política, uma vez como no caso do salário mínimo. Quando este meca-
que, em alguns casos, os salários dos trabalhadores são nismo se verifica, a aplicação do salário mínimo pode
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 235
FIGURA 7.4
80 11
10
60
40
8
7
20
5 6 7 8 9 10 5 6 7 8 9 10
Registo do salário mínimo ($ constantes de 2011 em PPC) Registo do salário mínimo ($ constantes de 2011 em PPC)
Nota: Inclui 60 países em relação aos quais estão disponíveis microdados e foi observado o salário mínimo. Dados referentes ao ano mais recente disponível.
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base em dados da base de dados do ILOSTAT da Organização Internacional do Trabalho e em OIT (2019a).
aliviar o problema de quebra contratual ao oferecer um crescimento económico mais acentuado, especialmente
Uma economia global instrumento de compromisso, o que poderá aumentar nos países mais pobres, sem qualquer redução apreciável
mais integrada exige, tanto a eficiência quanto a equidade. do emprego.84 Contudo, o salário mínimo só é extensí-
igualmente, a cooperação Na Índia, a legislação relativa ao salário mínimo era, em vel aos trabalhadores que auferem salários — os quais,
larga medida, ineficaz, uma vez que a esmagadora maioria da nos países em vias de desenvolvimento, se cingem, não
internacional e normas
população ativa está vinculada a contratos informais e dada raro, ao setor formal, abrangendo, deste modo, uma
que assegurem condições a exiguidade da monitorização e responsabilização dos em- pequena parcela do conjunto de trabalhadores.
equitativas e evitem pregadores. No entanto, desde meados da década de 2000, Em suma, o salário mínimo pode ser um fator de equida-
um nivelamento por essas leis têm desempenhado um papel importante, junta- de e eficiência, caso seja devidamente ajustado às condições
baixo dos impostos mente com a legislação em matéria de direito ao trabalho. O locais, incluindo o crescimento da produtividade e a respe-
Mahatma Gandhi National Rural Employment Guarantee tiva distribuição na economia, a presença de monopsónios
Act (Lei Mahatma Gandhi de Garantia do Emprego Rural) e o nível de informalidade. As mudanças tecnológicas têm
prometeu 100 dias de emprego por agregado familiar rural, afetado estes parâmetros, conduzindo, frequentemente, ao
remunerados de acordo com o salário mínimo oficial, em aumento da produtividade, juntamente com o poder de
obras públicas iniciadas pelas administrações locais. A sele- monopsónio (ver capítulo 6). As plataformas geram regis-
ção dos trabalhadores do programa é efetuada pelas próprias tos digitais automáticos, pelo que existe uma oportunidade
pessoas desfavorecidas entre si, uma vez que o mesmo impli- de implementação do salário mínimo no âmbito de novos
ca um trabalho físico árduo, remunerado segundo o salário tipos de formalização eletrónica do trabalho.85 Conforme
mínimo. Esta iniciativa contribuiu para a aproximação dos se observou anteriormente, a inserção do trabalho no setor
salários praticados pelo mercado ao mínimo legal, para a formal ou informal pode ser importante.
mitigação do trabalho em condições de exploração e para
a proteção dos direitos de grupos habitualmente discrimi- Os desafios da informalidade
nados, como as mulheres e os trabalhadores pertencentes às
Castas e Tribos Registadas.83 Em todo o mundo, 61 por cento dos trabalhadores por
Na África Subsariana, um salário mínimo modera- conta de outrem (2 mil milhões de pessoas) pertencem ao
damente superior apresenta uma correlação com um setor do trabalho informal. A taxa de informalidade é mais
Trabalhadores informais
assalariados: ocasionais
Elevado Baixo
Trabalhadores familiares não remunerados
Maioritariamente homens
Maioritariamente mulheres
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 237
em coletivos permite-lhes reunir ativos e competências para resultam em mais-valias que são desfrutadas, principalmente,
a produção de maiores quantidades de bens com uma qua- pelas pessoas abastadas. Nalguns casos, o aumento das mais-
lidade superior, a aquisição de tecnologias e competências, valias favoreceu, no essencial, os 20 percentis do topo da
bem como o reforço da sua voz ativa e agência, aumentando distribuição do rendimento — a classe dos gestores profis-
o seu poder negocial e a sua influência política. sionais — ao invés dos 1 por cento do topo.101 Na Zona Euro,
A tecnologia pode contribuir para a transição da infor- a desigualdade ao nível da riqueza está intimamente associada
malidade para uma melhor proteção dos trabalhadores. às mais-valias decorrentes de títulos (ações), que beneficiam
Uma grande parte dos modelos modernos de negócios o topo da distribuição.102 Por outro lado, o crédito concedido
assentam na recolha e utilização de grandes quantidades de a atividades produtivas leva a um crescimento do rendimento
dados acerca das ações dos consumidores e trabalhadores. mais disseminado entre a maioria da população ativa.103
Estes dados poderiam levar à melhoria das condições dos O crédito produtivo surtiu um efeito positivo sobre o cres-
trabalhadores informais. As aplicações e os sensores po- cimento económico em 46 países (tanto desenvolvidos quan-
dem facilitar a monitorização, por parte das empresas e dos to em vias de desenvolvimento, incluindo alguns dos países
parceiros sociais, das condições de trabalho e do cumpri- menos desenvolvidos).104 Juntamente com a ligação entre a
mento da legislação laboral nas cadeias de abastecimento. utilização do crédito e a desigualdade, estes dados alentam a
O salário mínimo pode Os governos podem investir na incubação e no teste de tec- defesa de políticas que incentivem o financiamento com um
nologias digitais, incluindo as cadeias de blocos, passíveis destino produtivo.105 Um enquadramento regulamentar efi-
ser um instrumento de
de contribuição para os pagamentos da segurança social às caz do setor bancário e financeiro é igualmente importante,
eficiência nos casos de pessoas que trabalham em plataformas de trabalho.92 na medida em que pode contribuir para a prevenção de crises
monopsónio (empresas bancárias ou financeiras — ambas com um grande potencial
com um poder excessivo Tornar as finanças inclusivas regressivo, dependendo do modo de resolução da crise.
sobre o mercado de
O desenvolvimento financeiro pode potenciar o desen- Políticas de defesa da concorrência
trabalho) ou quando a
volvimento económico através da redução das assimetrias em prol de uma maior equidade
economia faz aumentar ao nível da informação, solucionando problemas de esca-
a produtividade em la e reafetando o capital de forma eficiente.93 Ainda assim, O crescente poder das empresas sobre o mercado (medido
resposta ao incremento permanecem questões em torno do agravamento da desi- pelas margens de lucro) nas últimas décadas tem andado de
dos custos laborais gualdade devido ao excesso financeiro e, porventura mais mãos dadas com a redução da parcela de rendimentos do
importante, de qual o tipo mais inclusivo de finanças.94 trabalho e, em muitos casos, com o agravamento da desigual-
As provas empíricas são contraditórias. Alguns estudos dade (capítulo 6).106 Este aumento foi impulsionado por em-
concluem que o desenvolvimento financeiro reduz a desi- presas dos 10 percentis do topo da distribuição das margens
gualdade, sobretudo nos países em vias de desenvolvimen- de lucro (figura 7.6), tendo as empresas com uma utilização
to.95 Outros, no entanto, concluem que o aprofundamento intensiva das tecnologias da informação e da comunicação
financeiro conduz ao aumento da desigualdade, quer nos paí-
FIGURA 7.6
ses em vias de desenvolvimento quer nos desenvolvidos.96 Os
possíveis veículos de agravamento da desigualdade, além da O crescente poder das empresas sobre o mercado, nas últimas
criação de rendas pelas instituições financeiras, são o aumen- décadas, tem sido impulsionado por empresas dos 10 percentis
superiores da distribuição das margens de lucro
to da remuneração dos executivos do topo da distribuição
e do endividamento da base.97 O Banco de Compensações Percentagem
Internacionais reexaminou a questão, com um enfoque na 1.5
estrutura financeira e na sua relação com a desigualdade.98 Margem de lucro elevada (decil do topo)
Ao analisar 97 países (quer desenvolvidos quer economias 1.2
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 239
CAIXA 7.6
A compreensão dos efeitos distributivos da concorrência é central para a formulação de políticas. produtos de milho de 31,2 para 7,8 por cento reduziria a contagem de pessoas em situação de pobreza
Tipicamente, os agregados familiares mais pobres são os mais afetados pela concentração do mercado, em 0,8 pontos percentuais e o coeficiente de Gini em 0,32 pontos (figura 1 da caixa).4
uma vez que consomem um conjunto mais homogéneo de bens, dispõem de menos oportunidades No setor das telecomunicações móveis, os ganhos relativos apresentam uma distribuição bastante
para a substituição do consumo e têm um acesso limitado aos mercados.1 A indução de uma maior igualitária entre os grupos de rendimento. Quanto aos produtos de milho, o decréscimo da concentração
concorrência nos mercados concentrados poderia levar à redução da pobreza, ao aumento do bem-estar do mercado beneficiaria em maior grau os agregados familiares da base da distribuição do rendimento
dos agregados familiares2 e ao estímulo do crescimento e da produtividade. (em termos relativos), uma vez que destinam uma parcela maior do seu consumo a estes produtos.
O México é conhecido pelo seu historial de monopólios, incluindo a Telmex, no setor das O milho é especialmente importante para o regime alimentar dos grupos com baixos rendimentos do
telecomunicações de linha fixa (privatizada em 1990), e um oligopólio dos produtos de milho, México, pelo que, no caso dos agregados familiares dos quatro decis inferiores, a transição de um
um importante componente do cabaz típico dos agregados familiares. Assolados por uma baixa mercado concentrado para uma concorrência perfeita faria aumentar o rendimento médio em 1,6–2,9
produtividade e um grau limitado de inovação, que originaram preços elevados para os consumidores, por cento (figura 2 da caixa). Pelo contrário, o aumento no seio dos agregados familiares dos três decis
estes monopólios tornaram-se uma parte integrante do crescimento paradoxal do México, levando a do topo seria de apenas 0,4 por cento (embora o impacto absoluto aumente no caso dos decis com
uma majoração do preço dos bens consumidos pelos agregados familiares em 98 por cento, segundo maiores rendimentos).
estimativas recentes.3 As políticas de incentivo à concorrência que reduzem a concentração de mercados fundamentais
Um estudo que recorreu à ferramenta Welfare and Competition (“Bem-estar e Concorrência”) podem beneficiar os agregados familiares. O cenário hipotético demonstra que a concentração do
para simular os efeitos distributivos de um aumento da concorrência nos setores das telecomunicações mercado em setores fundamentais da economia mexicana reduz o bem-estar, sobretudo no seio dos
móveis e dos produtos de milho do México concluiu que o acréscimo da concorrência de 4 para 12 agregados familiares pobres e vulneráveis. A transição para mercados concorrenciais, que figura entre
empresas, no setor das telecomunicações móveis, e a redução da quota de mercado do oligopólio dos os principais objetivos do governo mexicano, exige a remoção das imperfeições do mercado e das
distorções económicas, de forma a potenciar o desempenho económico.
Figura 1 da caixa México: Parcela das despesas com telecomunicações móveis e milho, por decil de rendimento
0
Decil 1 Decil 2 Decil 3 Decil 4 Decil 5 Decil 6 Decil 7 Decil 8 Decil 9 Decil 10
Comunicações móveis Milho
Nota: A simulação assenta na premissa de que o mercado das telecomunicações móveis se comporta como um oligopólio e de que os mercados de milho se assemelham a um oligopólio parcial colusivo. Estima-se que a elasticidade do preço da procura se cifre em −0,476, quanto às
telecomunicações móveis, e em −0,876, no caso dos produtos de milho.
Fonte: Rodríguez-Castelán e outros 2019.
Figura 2 da caixa México: Impacto relativo sobre os orçamentos familiares após a transição de um mercado concentrado para a concorrência perfeita, por decil de
rendimento
Impacto relativo sobre os orçamentos familiares por decil de rendimento (percentagem do rendimento médio)
4
3.1
2.4
2.1 1.7
2
1.4
1.3 1.1
0.9 0.6
0.3
0
Decil 1 Decil 2 Decil 3 Decil 4 Decil 5 Decil 6 Decil 7 Decil 8 Decil 9 Decil 10
Comunicações móveis Milho
Notas
1. Creedy e Dixon 1998; Urzúa 2013. 2. Atkin, Faber e Gonzalez-Navarro 2018; Busso e Galiani 2019. 3. Aradillas 2018. 4. A redução de 0,32 pontos do índice de Gini refere-se a uma escala de 0–100. Para mais pormenores, ver Rodríguez-Castelán e outros (2019).
Fonte: Com base em Rodríguez-Castelán e outros (2019).
O poder da redistribuição fiscal David Coady, Departamento de Assuntos Fiscais, Fundo Monetário Internacional
A política fiscal pode ser um grande contributo para a correção da desigualdade de rendimento.1 Do ponto de vista do crescimento inclusivo, a
desigualdade ao nível do rendimento e das oportunidades. Uma comparação perspetiva da expansão do acesso ao capital humano constitui uma dupla
da desigualdade de rendimento entre as economias avançadas e emergentes vitória.
revela o efeito redistributivo dos sistemas de transferências e impostos
diretos (figura 1 da caixa). Ao passo que, nas economias avançadas, as Figura 1 da caixa As transferências e os impostos
transferências e os impostos diretos reduzem o coeficiente de Gini em 0,17 redistributivos diretos explicam, quase na totalidade,
a diferença entre a desigualdade de rendimento nas
pontos (de 0,48 para 0,31), essa redução é muito inferior, cifrando-se em 0,04
economias avançadas e emergentes
(de 0,49 para 0,45), nas economias emergentes e em vias de desenvolvimento,
que abrangem países latino-americanos com níveis de desigualdade que se Desigualdade de rendimento Economias avançadas
incluem entre os mais acentuados do mundo. Por conseguinte, em média, (redução absoluta Mercados emergentes
o impacto redistributivo das transferências e dos impostos diretos sobre o do coeficiente de Gini) e países em vias
rendimento explica, quase na totalidade, a diferença entre a desigualdade de de desenvolvimento
rendimento nas economias avançadas e emergentes.
0.48 0.49
O alcance redistributivo da política fiscal é maior quando a análise 0.45
compreende o impacto das despesas públicas em espécie sobre a educação
e a saúde. Por exemplo, o aumento da despesa com a educação tem
0.31
sido essencial para o incremento do acesso à educação e a redução da
desigualdade ao nível dos resultados educativos. À medida que um maior
número de segmentos populacionais se estreia no mercado de trabalho, a
desigualdade de rendimento diminui, visto que a desigualdade ao nível dos
resultados educativos decresce e a maior reserva de capital humano leva
à redução do retorno sobre um nível elevado de qualificação. O declínio da
desigualdade em termos de resultados educativos levou a um decréscimo da Antes Depois
desigualdade quanto ao rendimento disponível nas economias emergentes e
em vias de desenvolvimento, entre 1990–2005, estimado em 2–5 pontos do Nota: Os mercados emergentes e as economias em vias de desenvolvimento englobam os seguintes
países: Argentina, Arménia, Estado Plurinacional da Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica,
índice de Gini, em média (figura 2 da caixa). Na América Latina, a melhoria República Dominicana, Equador, El Salvador, Etiópia, Geórgia, Gana, Guatemala, Honduras, Indonésia,
República Islâmica do Irão, Jordânia, México, Nicarágua, Peru, Federação Russa, África do Sul, Sri
dos resultados educativos foi o fator predominante da recente diminuição da Lanca, República Unida da Tanzânia, Tunísia, Uganda, Uruguai e República Bolivariana da Venezuela.
Fonte: Com base em FMI (2017a).
Figura 2 da caixa Decréscimo absoluto do índice de Gini relativo ao rendimento disponível em virtude da redução da desigualdade
quanto aos resultados educativos
0
Ásia-Pacífico América Latina Médio Oriente África Economias Europa
e Caraíbas e Norte de África Subsariana avançadas emergente
Nota
1. Azevedo, Inchauste e Sanfelice 2013.
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 241
da prestação pública de serviços de saúde e educação (que No entanto, as taxas de imposto têm vindo a diminuir.
consomem uma quantidade de recursos estatais muito supe- Por exemplo, a taxa marginal dos escalões mais elevados
rior tanto à das transferências diretas quanto das pensões). do imposto sobre o rendimento de pessoas singulares
Corrobora o poder da redistribuição fiscal enquanto instru- tendeu a decrescer, quer nos países desenvolvidos quer em
mento de correção da desigualdade de rendimento.116 Os vias de desenvolvimento, ao longo das últimas décadas (fi-
impostos diretos líquidos e as despesas estatais com a saúde gura 7.7). As taxas do imposto sobre o rendimento cole-
e a educação são sempre fatores de igualamento (medidos tivo também têm diminuído desde 1990, tanto nos países
pela contribuição marginal para a redução da desigualdade). em vias de desenvolvimento quanto nos desenvolvidos.121
Mesmo os impostos indiretos, na maior parte das vezes, têm As atuais taxas reduzidas de imposto podem ser justi-
um efeito nivelador. O efeito igualitário das despesas com ficadas por vários fatores internos (capítulo 2).122 Além
a saúde e a educação (incluindo, nalguns países, o ensino disso, a concorrência fiscal entre os países poderá, igual-
superior) é especialmente relevante: Não só são um fator mente, ter sido um fator, sobretudo no caso dos impostos
mais poderoso de igualização, como também fomentam as sobre o rendimento coletivo, conforme se discute adiante.
capacidades relativas ao desenvolvimento humano.117 Os debates políticos mais recentes revisitaram a
O impacto das políticas fiscais varia consideravelmente temática dos impostos sobre a riqueza, destinados quer a
Do ponto de vista do entre países. Esta variação pode dever-se a diferenças ao nível aumentar a receita pública quer a atenuar a desigualdade
esforço fiscal, muitos da dimensão dos impostos e do orçamento das transferências (ao nivelar o gradiente da riqueza e despender os fundos
países dispõem de uma — ou seja, do esforço fiscal — e da progressividade dos angariados em serviços sociais públicos ou investimentos
margem para incrementar impostos e das transferências — isto é, da progressividade em infraestrutura). A vantagem da tributação da riqueza,
a redistribuição fiscal (ver também o destaque 7.3, no final do capítulo). especialmente dos imóveis, prende-se com a maior dificul-
através do aumento Do ponto de vista do esforço fiscal, muitos países dispõem dade da sua ocultação em relação ao rendimento, até um
das receitas fiscais de uma margem para incrementar a redistribuição através do certo ponto. A tributação da riqueza é, de igual modo,
aumento das receitas fiscais. Um estudo recente, no intuito altamente progressiva, devido ao grau muito elevado de
de perceber se as taxas de imposto (sobre o rendimento de concentração da riqueza no topo. Estima-se, contudo, que
pessoas singulares) são ideais para a maximização das receitas, a diminuição da riqueza declarada pudesse ascender a 15
o que depende da sua reatividade face aos impostos, concluiu por cento, em resposta a tal imposto. De resto, entre os 12
que as taxas de imposto se situavam significativamente abaixo países que aplicavam um imposto sobre a riqueza nos anos
dos níveis ótimos em todos os países analisados, o que impli- 90, apenas 3 (na Europa) mantêm esta medida.123 Este fac-
ca que poderiam aumentar as taxas de imposto sem deixarem to deve-se, em parte, a preocupações quanto à eficiência e
de aumentar as receitas.118 Alguns estudos concluíram, ainda, aos potenciais efeitos distorcivos sobre a economia.124 A
que, em muitos países, o decréscimo da progressividade da OCDE recomenda uma taxa reduzida de imposto, dire-
tributação não estava associado a um crescimento económico cionada às pessoas mais afortunadas, com poucas isenções
superior.119 Por conseguinte, todos os países incluídos no e a possibilidade de pagamento em prestações.125
estudo tinham margem para uma maior redistribuição.120
FIGURA 7.7
As taxas dos escalões superiores do imposto sobre o rendimento de pessoas singulares têm decrescido em todo o mundo
60
50
40
30
20
1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014 2018
Fonte: Tax Policy Reform Database do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional.
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 243
FIGURA 7.8 Transparência e Troca de Informações para efeitos Fiscais
(Fórum Global). Além da partilha de informações a pedi-
A riqueza em offshores é maior do que o valor das empresas de
topo ou dos multimilionários do, deu-se um passo significativo em direção à transpar-
ência fiscal através de quadros de intercâmbio automático
$ biliões de informações, como o Common Reporting Standard
Comparável com (Norma Comum de Comunicação), no âmbito do Fórum
7.6
Global, e o US Foreign Account Tax Compliance Act (Lei
6.4
5.9 de Cumprimento Fiscal relativa a Contas no Estrangeiro
dos EUA). A primeira vaga de troca automática de infor-
mações, em 2017, e o grande volume que se seguiu, em
2018, possibilitaram o intercâmbio, pela primeira vez, de
informações relativas a 47 milhões de contas em offshores
— com um valor total na ordem dos € 4,9 biliões.
Riqueza Capitalização bolsista Ativos dos 1.645
em offshores das 20 maiores multimilionários
Verificou-se, igualmente, um reforço da coordenação
empresas globais mais prósperos global em matéria de combate à erosão da base de inci-
dência fiscal e à transferência de lucros pelas empresas,
Fonte: Com base em Zucman (2015), na Forbes e na classificação de empresas FT 500.
designadamente através do Projeto BEPS do Grupo
dos 20 e da OCDE. O projeto visa a fraude fiscal,
Em abril de 2016, o caso dos Panama Papers propor- estabelecendo normas internacionalmente acordadas
cionou um vislumbre da dimensão do problema. As e corroboradas por processos de revisão pelos pares,
projeções indicam um custo fiscal para os governos de forma a erradicar práticas fiscais nocivas e assegurar
superior a $ 190 mil milhões por ano.134 que os lucros sejam tributados nos locais em que as
Além disso, devido à mobilidade do capital, as atividades económicas que os geram são realizadas.139
grandes empresas multinacionais encontram-se, com Abrange, ainda, a avaliação dos regimes fiscais preferí-
frequência, numa posição de vantagem face os governos veis pelo Fórum das Práticas Fiscais Prejudiciais. Nos
nacionais no que se refere ao montante de impostos que casos em que o fórum considera um regime prejudicial,
pagam e onde. Em agosto de 2016, a Comissão Europeia o respetivo ordenamento fiscal é obrigado a alterar ou
determinou que a taxa efetiva de imposto sobre o rendi- abolir o regime em causa ou sujeitar-se à inclusão em
mento coletivo paga pela Apple se cifrava em 0,005 por listas negras, que pode acarretar consequências puni-
cento no exercício de 2014, graças a um regime fiscal tivas. Desde então, muitos territórios modificaram a
especial na Irlanda, que possibilitava o registo dos lucros sua legislação fiscal em conformidade com as normas
de todas as vendas realizadas na Europa.135 internacionalmente acordadas no âmbito do projeto.
Estima-se que, em 2015, 40 por cento dos lucros glo- A colaboração internacional e a ação coletiva de-
bais das empresas multinacionais tenham sido imputa- ram, deste modo, resposta às práticas fiscais danosas
dos a ordenamentos fiscais com impostos reduzidos ou e ao reforço da transparência fiscal. No entanto, são
inexistentes.136 De igual modo, nalguns ordenamentos necessárias mais medidas. As empresas e os indivíduos
Nos casos em que
com baixos impostos, a receita estatal aumentou à me- abastados determinados em cometer evasão ou frau-
a concentração é
dida que as taxas de imposto decresceram.137 Quando de fiscal continuarão a explorar as lacunas do atual
ineficiente, existem várias os lucros imputados a esses territórios não são gerados enquadramento fiscal internacional. Por exemplo, os
políticas exequíveis por atividades económicas subjacentes, esta prática indivíduos podem recorrer à obtenção de autorizações
para a sua redução é nociva. Em alguns casos, os governos dos países em de residência ou da cidadania através de planos de in-
e a atenuação do que as atividades económicas subjacentes são realizadas vestimento, frequentemente designados por “passapor-
perdem receita fiscal. Acresce que as empresas não estão tes dourados”, para evitar a declaração dos seus ativos
seu impacto negativo
a deslocar capital produtivo — o que poderia conduzir depositados em offshores.140 Os potenciais evasores fis-
sobre o crescimento ao aumento dos salários e à redução da desigualdade cais podem, igualmente, ocultar a sua riqueza por meio
inclusivo. A política mais nos países de acolhimento — mas antes o registo dos de criptomoedas e ativos físicos, que, atualmente, não
elementar de defesa da lucros. Os benefícios colhidos por esses países apresen- são abrangidos pelo quadro de troca automática de in-
concorrência é a deteção tam, tipicamente, uma acentuada concentração. formações.141 Os intercâmbios de informação podem,
Têm sido envidados esforços significativos, na última ainda, ser assimétricos, devido à recolha por determi-
e punição da colusão
década, para combater a evasão fiscal138 por parte de in- nados territórios, no estrangeiro, de uma quantidade
divíduos abastados, cujo exemplo mais notável é a partici- de informações relativas aos respetivos contribuintes
pação de mais de 100 territórios no Fórum Global sobre superior à que partilham com os restantes.142
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 245
Destaque 7.1
Fazer face aos constrangimentos das opções sociais
Um sistema universal plenamente desenvolvido é exigen- acesso a capacidades avançadas. A classe média pode ver-se
te. Ainda que os recursos estejam disponíveis, a redução cercada no meio. Quais poderiam ser os próximos passos?
das desigualdades no desenvolvimento humano é uma A figura D7.1.1 identifica três trajetórias esquemáti-
escolha social. A política e o contexto importam. Existem cas para a expansão quer da cobertura quer da qualida-
interesses e identidades. Os elementos que condicionam de dos serviços sociais, descrevendo alguns dos desafios
as opções incluem a história e as normas sociais, a preva- políticos potencialmente associados a cada uma:
lência da desigualdade e o conjunto de recursos disponí- • A extensão, do topo para a base, dos benefícios asso-
veis, assim como as reivindicações conflituantes quanto à ciados a uma reduzida população ativa formal pode
sua utilização.147 As normas sociais são particularmente ser difícil de concretizar, uma vez que as pessoas que
difíceis de alterar.148 Mesmo que a legislação consagre já são beneficiadas (no topo) têm poucos incentivos
direitos iguais, a sociedade pode abrir e fechar portas de para o alargamento dos serviços às pessoas que ocupam
um modo seletivo. A análise que o presente Relatório faz uma posição inferior, caso julguem que isso dará azo à
da desigualdade de género evidencia que as reações se redução da qualidade. Poderão, ao invés, pugnar pela ex-
tornam, com frequência, mais intensas em áreas onde está pansão dos benefícios de que já usufruem, ainda que isso
em causa mais poder, culminando, potencialmente, numa exija deduções salariais mais avultadas. Frequentemente,
reação adversa aos próprios princípios da igualdade de dispõem dos recursos necessários para não participarem.
género (capítulo 4). As políticas explícitas de desestigma- • O começo a partir da base da escala de rendimentos
tização e reconhecimento dos grupos com um baixo es- pode ser igualmente desafiante, caso a classe média
tatuto são relevantes para a redução das desigualdades.149 evite a utilização de serviços que considere destina-
Um dos desafios, em vários países em vias de desenvol- rem-se às pessoas pobres, preferindo, ao invés, recor-
vimento, prende-se com o modo de melhoria da cobertura rer às opções disponibilizadas pelo mercado. A classe
existente e da qualidade dos serviços que já são prestados às média-alta pode, ainda, opor-se ao financiamento de
pessoas mais desfavorecidas. Em muitos casos, este desafio serviços que beneficiem outros grupos.
só se torna evidente após a promoção de avanços ao nível • Partindo de um sistema unificado que abranja, ini-
das capacidades básicas mediante programas direcionados, cialmente, os indivíduos que, não sendo pobres, são
a exemplo das transferências condicionais de rendimen- vulneráveis, como os trabalhadores formais com baixos
to.150 As pessoas que ocupam posições superiores na escala salários, as políticas podem, em seguida, ser expandi-
de rendimentos poderão, entretanto, ter ampliado o seu das para o topo e para a base, desde que a ênfase recaia
FIGURA D7.1.1
Classe média
Pessoas pobres
Difícil expansão, pois Eficaz para a satisfação de necessidades Uma qualidade relativamente alta pode
comprometeria a qualidade. urgentes. Porém, de difícil expansão, persuadir os grupos com elevados
devido aos constrangimentos impostos rendimentos a juntarem-se à classe média.
pelos recursos e visto que a baixa Esta situação pode ser explorada para
qualidade não atrai a participação financiar a expansão para a população
da classe média. pobre (aliança entre classes).
Fonte: Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano, com base na discussão in Martínez e Sánchez-Ancochea (2016).
FIGURA D7.1.2
- Lóbis
- Controlo da imprensa
Poder - Financiamento de campanhas eleitorais e/ou partidos políticos
instrumental - Criação de partidos políticos favoráveis aos negócios
- Promoção da rotatividade dos cargos políticos
- Promoção de grupos de reflexão favoráveis aos negócios
Nota: O “poder estrutural” deriva do controlo, por parte da elite, das decisões relativas aos negócios e da sua influência sobre o investimento — e o crescimento económico. O “poder instrumental” refere-se à participação
ativa do setor privado no processo político através de lóbis, da publicidade e de outras ferramentas de que muitos outros membros da sociedade poderão não dispor.
Fonte: Adaptado de Martinez e Sánchez-Ancochea (2019), com base em Fairfield (2015) e Schiappacase (2019).
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 247
CAIXA D7.1.1
Ter razão não basta: Para reduzir a desigualdade, é necessário um movimento que parta da base Ben Phillips,
autor do livro How to Fight Inequality, por publicar
(Polity Press, outubro de 2020)
Trata-se de um feito notável. Apenas há alguns anos a esta parte, não existia qualquer consenso em torno Naidoo, que dirigiu o movimento sindical que contribuiu para o desmantelamento do apartheid na África
da necessidade de combater a desigualdade. Hoje em dia, o caráter nocivo e perigoso da desigualdade do Sul, sublinhou que “o poder é construído na base, aldeia a aldeia, rua a rua.” A organização não se cinge
é reconhecido por economistas de renome, pelo Fundo Monetário Internacional, pela Organização para às marchas. Tem que ver com todo o processo, com o que acontece nos interstícios entre os momentos
a Cooperação e o Desenvolvimento Económico e pelo Banco Mundial. Além disso, todos os governos, ao mais visíveis. Tem que ver com a formação de grupos pelas pessoas, tornando-se suficientemente fortes
adotarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, comprometeram-se a reduzir a desigualdade. para agir e mais difíceis de ignorar, suprimir ou explorar, devido ao seu poder coletivo. No Nepal, o
No entanto, a vitória ao nível das palavras não significou o triunfo na prática. As desigualdades Mahila Adhikar Manch, um movimento feminista de base, lançou fóruns femininos ao nível comunitário
continuam a agravar-se e o grosso da ação governativa é, na melhor das hipóteses, insuficiente para e distrital, organizando campanhas locais em torno da violência contra as mulheres. Após seis anos de
corrigi-las. O consenso corrente alterou-se e tem vindo a reconhecer a crise da desigualdade, sem que iniciativas populares, as líderes das comunidades reuniram para dois dias de deliberação e constituíram
isso se tenha traduzido numa mudança suficiente ao nível da ação. O problema, no que se refere à derrota um secretariado nacional. Desde então, o Mahila Adhikar Manch cresceu, tornando-se uma associação
da desigualdade, não reside na incerteza quanto ao que deve ser feito, nem tão-pouco na junção do poder de membros que se propagou a mais de 30 distritos, contando com 50.000 aderentes.
coletivo necessário para superar aqueles que se lhe opõem. As velhas divisões entre os grupos devem ser derrubadas para formar uma coligação vencedora.
Alguns líderes assumiram o compromisso de fazer face à desigualdade sem a determinação em O Festival Usawa (“igualdade”), em Nairóbi, congrega, propositadamente, pessoas de áreas urbanas
concretizá-lo; porém, mesmo quando os líderes estão mais predispostos à realização da mudança, e rurais, jovens e idosos de todas as comunidades numa celebração e num processo de planeamento
não podem agir sem o respaldo que as pessoas comuns, quando se organizam, lhes podem oferecer. comuns, pois só o derrube de barreiras e a construção de uma comunidade permitirá a criação da unidade
Lembremos a estória segundo a qual o presidente Lyndon Johnson dos EUA declarou a Martin Luther necessária à mudança. Do mesmo modo, a fronteira entre os sindicatos e os movimentos sociais nunca
King, Jr. que “Eu sei o que tenho de fazer, mas tem de me obrigar a fazê-lo.” A pressão que os 1 por cento, foi vincada nos seus momentos de maior eficácia. O movimento salvadorenho pela proteção da água
cada vez mais poderosos, exercem sobre os políticos é de tal ordem que até os mais bem-intencionados enquanto bem público só foi eficaz, conforme observam os seus líderes, porque aliou segmentos tão
carecem de coação. amplos da igreja, dos movimentos sociais, da academia, dos grupos de moradores e das organizações
O motivo pelo qual a desigualdade é tão difícil de quebrar é o círculo vicioso que constitui. O não governamentais — uma coligação mais restrita não teria sido suficientemente forte para alcançar a
desequilíbrio de poder que a concentração da riqueza acarreta — e a sua interação com a política, a vitória. William Barber II apelida estes movimentos de “coligações de fusão”, uma vez que o seu poder
economia, a sociedade e as narrativas — possibilita mais concentração da riqueza e o agravamento decorre da junção de tantos grupos distintos.
do desequilíbrio de poder. É este último que importa para a retificação da injustiça. Como demonstra a
história — por meio do nascimento do estado social europeu, dos programas do New Deal e da Great Tecer uma nova história
Society, nos EUA, da educação gratuita no Quénia, do National Rural Employment Guarantee Act, na A terceira lição consiste em tecer uma nova história da sociedade. Os anteriores triunfos contra a
Índia, da gratuitidade dos medicamentos para o VIH na África do Sul e do declínio da desigualdade na desigualdade fizeram-no e é, novamente, necessário tecer uma outra. Uma tal história não será criada
América Latina, no início do século XXI — o ímpeto da ação de combate à desigualdade depende da nos textos das políticas. O movimento social mexicano assegurou a promulgação de uma reforma da
pressão por parte da base. legislação laboral, garantindo o acesso dos trabalhadores domésticos à segurança social e o seu direito a
De que forma é possível derrotar, novamente, a desigualdade? Da investigação e da observação, férias remuneradas, graças, em parte, à popularidade do filme Roma, que, embora não contenha qualquer
sobressaem três lições fundamentais. mensagem política explícita, comoveu milhões de pessoas, levando a uma compreensão mais empática
da sina dos trabalhadores domésticos. Do mesmo modo, é necessária uma nova narrativa para a transição
Superar a subserviência dos velhos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio para os novéis Objetivos de Desenvolvimento
A primeira lição consiste na superação da subserviência. John Lewis, que participou na liderança Sustentável, que consagram uma renovada visão da reciprocidade. É, no entanto, necessária uma nova
do movimento pelos direitos civis, nos EUA, descreve o modo como, em criança, a sua mãe apelava: narrativa para dar-lhes vida. Alguns dos capítulos da estória poderão, eventualmente, proclamar que uma
“Não te metas no caminho; não arranjes sarilhos.” Todavia, já na adolescência, inspirado pelos boa sociedade assenta nos valores segundo os quais queremos viver e nas relações que pretendemos
ativistas que combatiam a desigualdade, apercebeu-se de que a concretização da mudança exigia manter, que, além do chão, é necessário um teto e que a nossa sociedade e economia são algo que
que ele “arranjasse sarilhos, sarilhos dos bons, sarilhos necessários.” É também este o caso da ONG podemos construir em conjunto.
Treatment Action Campaign (Campanha de Ação pelo Tratamento), na África do Sul, em prol do acesso Na encíclica Laudato Si, o Papa Francisco delineou uma visão que privilegia a comunidade, em detrimento
a medicamentos antirretrovirais, do movimento Gambia Has Decided (A Gâmbia Decidiu), destinado a da competição, e a dignidade, ao invés do materialismo.
garantir que o candidato vencido nas eleições se demitisse, conforme prometera, e dos trabalhadores A transição operada pelo reconhecimento do problema da desigualdade e pelo compromisso formal
sem terra da Bolívia, que exigiram acesso à mesma. Todos foram tratados como arruaceiros antes de para com a sua correção foi uma condição necessária, mas insuficiente do combate à desigualdade. A
serem reconhecidos por germinarem mudanças necessárias. Pode dizer-se o mesmo das sufragistas, que análise das tendências e do impacto da desigualdade e o aconselhamento quanto às políticas a adotar
lutaram pelo direito das mulheres ao voto. Embora a resistência nem sempre resulte, a resignação nunca para combatê-la são, igualmente, de uma importância capital, mas não bastam. A lição mais genérica da
resulta. Além disso, não é possível dar início a profundas transformações sociais sem ser alvo de críticas mudança social parece ser a de que ninguém salva ninguém: as pessoas libertam-se a si próprias, unindo-
— faz parte do caminho para uma maior igualdade. se. A mudança pode ser lenta, é sempre complexa e, por vezes, fracassa — mas só funciona desta forma.
A mudança não se dá, conquista-se. Ao superar a subserviência, construir um poder coletivo e tecer uma
Construir um poder coletivo nova história, a desigualdade pode prevalecer sobre a desigualdade.
A segunda lição prende-se com a construção de um poder coletivo através da organização. Como reza o
ditado, “Não existe justiça, só existimos nós.” Mas “só nós” — organizados — somos poderosos. Jay
A análise efetuada neste capítulo presume uma margem Apenas 5 por cento das emissões de gases com efeito de
de crescimento económico em percursos que combinem a estufa são abrangidas por um preço do carbono considerado
equidade e o aumento da produtividade. No entanto, ao suficientemente elevado para atingir os objetivos do Acordo
longo das próximas décadas, os países defrontar-se-ão com de Paris.9 Cerca de metade das emissões abrangidas por pre-
a exigência de que os diferentes padrões de desenvolvimen- ços do carbono têm um preço inferior a $ 10 por tonelada
to mantenham o aquecimento global abaixo dos 2 ºC.1 de dióxido de carbono equivalente, bem baixo do nível con-
Consequentemente, os países poderão ter de recalibrar siderado necessário para combater as alterações climáticas.10
as ferramentas utilizadas para a promoção quer da equidade O aumento do preço do carbono, por si só, pode ser
quer da produtividade de uma forma mais sustentável, que considerado regressivo, visto que as pessoas pobres despen-
comporta novas oportunidades.2 A questão reside em como dem, geralmente, uma parcela superior do seu rendimento
abrir espaço para a expansão da produtividade de um modo em bens e serviços com uma utilização intensiva de energia,
que não destrua o planeta. Segundo o consenso exprimi- em comparação com as pessoas abastadas.11 Uma parte da
do pelo Painel Intergovernamental sobre as Alterações investigação traça um retrato mais complexo: uma relação
Climáticas, o mundo precisa de descarbonizar a economia, em forma de “U” invertido entre a parcela das despesas
alcançando zero emissões líquidas até meados do século.3 energéticas e o rendimento, levando à sugestão de que a
Este objetivo exige uma mudança dos padrões de consumo, definição de preços para o carbono pode, em média, ser re-
emprego e produção e da estrutura dos impostos e das gressiva no caso dos países com um rendimento per capita
transferências estatais, com implicações significativas para a superior a cerca de $ 15.000, mas progressiva no caso dos
distribuição do rendimento e o desenvolvimento humano. países mais pobres.12 No entanto, o impacto das medidas
Tome-se o exemplo dos preços do carbono — ora através de redistribuição fiscal sobre a desigualdade não deve ser
de um imposto sobre o carbono ora de um regime de merca- encarado de uma forma parcelar e isolada da finalidade dos
do para o comércio de licenças de emissão. Elevando o preço fundos angariados e da implementação da incidência fiscal,
relativo das atividades que emitem carbono, com vista a um conforme a discussão do capítulo 7. Não existe qualquer
reflexo mais adequado dos respetivos prejuízos sociais, have- fator mecânico que determine a inevitabilidade do cariz
ria incentivos à produção de uma menor quantidade de car- regressivo da definição de preços para o carbono.
bono. Os Estados Unidos foram pioneiros na adoção, com Esta prática pode, por exemplo, reduzir a desigualdade
sucesso, de regimes de mercado para o comércio de licenças se as receitas de um imposto sobre o carbono forem devol-
de emissão de alguns poluentes, designadamente o dióxido vidas aos contribuintes de acordo com um conceito orça-
de enxofre, os óxidos de azoto e a gasolina com chumbo.4 mentalmente neutro designado por reciclagem de receitas.
No caso do carbono, o maior destes mecanismos é o Regime Um estudo realizado nos Estados Unidos demonstrou que,
de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia, se apenas 11 por cento das receitas fossem devolvidas ao
embora outros territórios estejam a planear ou ponderar quintil inferior de rendimento, os respetivos agregados
a definição de preços para o carbono enquanto forma de familiares não ficariam, em média, numa situação pior.13 A
cumprir os seus compromissos ao abrigo do Acordo de Paris, transferência fiscal poderia ser aumentada, quer mediante
no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre transferências de rendimento quer deduções fiscais, por
as Alterações Climáticas, representando 55 por cento das forma a reduzir a desigualdade à medida que as emissões de
emissões de gases com efeito de estufa.5 Ainda assim, apenas carbono diminuíssem. A redução dos subsídios energéticos
20 por cento das emissões globais de gases com efeito de funciona de um modo idêntico à introdução de um impos-
estufa são abrangidas por uma das 57 iniciativas de definição to sobre o carbono, uma vez que ambos fazem aumentar o
de preços para o carbono vigentes ou cuja implementação preço dos combustíveis fósseis. Um estudo levado a cabo
está agendada.6 Administradas por 46 ordenamentos jurí- na Índia revelou que o desfasamento dos subsídios energé-
dicos nacionais e 28 subnacionais, estas iniciativas geraram, ticos e a devolução das poupanças estatais às pessoas sob a
aproximadamente, $ 44 mil milhões em 2018, um aumento forma de um rendimento básico universal seriam medidas
face aos $ 11 mil milhões de 2017.7 Os preços do carbono progressivas, beneficiando, significativamente, os mais des-
apresentam uma ampla variação, entre um valor inferior a $ favorecidos, que despendem, tipicamente, muito menos
1 por tonelada de dióxido de carbono equivalente e $ 127.8 em energia do que as pessoas mais ricas.14
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 249
Caso sejam definidas metas ambiciosas para a redu- solucionar as preocupações relativas à distribuição ex post
ção das emissões, a definição de preços para o carbono for limitada.
pode gerar receitas contínuas ao longo de décadas, que A outra vertente do ajuste prende-se com a produção e o
poderiam, igualmente, ser despendidas noutras áreas emprego. Um desfasamento drástico dos combustíveis fósseis
importantes, como a saúde e a educação.15 Acresce que, implica uma redução gradual do emprego nos respetivos se-
na medida em que esses investimentos beneficiassem de tores. Um estudo da Organização Internacional do Trabalho
sobremaneira as pessoas pobres e vulneráveis, a desigual- projetou cenários de descarbonização compatíveis com a
dade ao nível do desenvolvimento humano também po- limitação do aquecimento global a 2 ºC (em acréscimo aos
deria diminuir. Algumas opções de reciclagem de receitas níveis pré-industriais). Concluiu que o efeito líquido sobre
reduzem mais as desigualdades do que outras.16 Assim o emprego, até 2030, seria positivo, levando à criação de 24
sendo, a definição de preços para o carbono mediante milhões de postos de trabalho e à extinção de 6 milhões. O
opções de reciclagem de receitas que promovessem a objetivo de ir além das médias também se aplica às políticas:
equidade poderia representar uma tripla vitória: uma for- Ainda que o mundo esteja melhor no que diz respeito ao
ma de reduzir as emissões de carbono, atenuar ou evitar emprego, os ganhos e as perdas não serão distribuídos de um
as desigualdades relacionadas com o clima e aliviar outras modo equitativo e algumas comunidades serão mais afetadas
desigualdades ao nível do desenvolvimento humano. do que outras. A gestão desta dinâmica pode acarretar conse-
Nos casos em que as oportunidades de reciclagem de quências muito importantes para o desenvolvimento humano
receitas que promovem a equidade enfrentam constran- e para a sustentabilidade política do processo.18
gimentos no mundo real, alguns autores defendem alter-
nativas, como o estabelecimento de preços do carbono
específicos de cada setor, suplementados pela regulamen- Notas
tação e por investimentos públicos.17 Se é possível atribuir
1 Alguns autores chegam a argumentar que os objetivos de crescimento económico
preços do carbono mais elevados a diferentes setores ou a poderão não ser compatíveis com a manutenção do aquecimento global abaixo
diversos produtos e finalidades em que as pessoas abasta- dos 2 ºC (Hickel 2019).
2 Conforme propõem, por exemplo, os defensores de estratégias como os green
das tendem a despender o seu dinheiro, é possível definir new deals (New Deals verdes).Ver UNCTAD (2019), bem como o trabalho da
New Economy Commission (Comissão para a Nova Economia).Ver também
preços do carbono mais reduzidos para áreas em que as Rodrik (2007).
pessoas desfavorecidas gastam dinheiro de um modo 3 PIAC 2018.
4 Newell e Rogers 2003.
diferencial. Quanto a uma dada meta de redução de emis- 5 Banco Mundial 2019d.
6 Banco Mundial 2019d.
sões, a combinação de preços diferenciados do carbono,
7 Banco Mundial 2019d.
da regulamentação direta e do investimento significa 8 Banco Mundial 2019d.
9 Banco Mundial 2019d.
que as pessoas com maiores rendimentos suportarão, ex 10 Banco Mundial 2019d.
ante, uma maior parcela dos custos do respetivo cumpri- 11 Grainger e Kolstad 2010.
12 Dorband e outros 2019.
mento. Este tipo de abordagem pode suavizar alguns dos 13 Mathur e Morris 2012.
14 Coady e Prady 2018.
impactos distributivos indesejados de um único preço do 15 Jakob e outros 2019.
carbono, especialmente nos casos em que a capacidade de 16 Klenert e outros 2018.
17 Stern e Stiglitz 2017; Stiglitz 2019a.
18 Ver discussão acerca da gestão do desfasamento de empregos no capítulo 5 de
PNUD (2015).
Embora o impacto redistributivo das transferências e dos Irlanda, a Dinamarca, a Estónia e a Letónia apresentem
impostos diretos nos países europeus seja acentuado, pode um esforço fiscal relativamente reduzido, o mesmo é
dizer-se o mesmo da variação do grau de redistribuição compensado por uma progressividade fiscal relativamente
fiscal entre os países. Os dados do Euromod relativos elevada, originando uma redistribuição fiscal global relati-
a 28 países da UE, em 2016, revelam que o impacto da vamente acentuada. A redistribuição fiscal relativamente
política fiscal redistributiva sobre o bem-estar social (o diminuta no Chipre e na Eslováquia reflete a combinação
grau de redistribuição fiscal)1 é mais elevado (superior de um pequeno esforço fiscal com uma reduzida progressi-
a 35 por cento) na Irlanda, Dinamarca, Bélgica, Estónia vidade fiscal. A redistribuição fiscal relativamente elevada
e Finlândia e mais reduzido (inferior a 13 por cento) na na Finlândia espelha a junção de uma progressividade e
Grécia, Hungria, Eslováquia e Chipre (figura 7.3.1). um esforço fiscal acentuados.
Esta variação é justificada por diferenças quanto à Uma elevada progressividade pode ser o reflexo de
dimensão do orçamento fiscal e das transferências — o um de dois fatores ou da sua combinação. Em primeiro
esforço fiscal — e pela diferença ao nível da progressivida- lugar, uma acentuada progressividade pode refletir a
de dos impostos e das transferências — a progressividade transferência de uma elevada parcela aos decis inferiores
fiscal. Em média, os países com um maior esforço fiscal do rendimento — um elevado desempenho ao nível
apresentam uma progressividade fiscal inferior (figura do direcionamento. Em segundo lugar, uma elevada
7.3.2). Por exemplo, embora a Grécia, a Itália e a Hungria progressividade pode refletir uma desigualdade de ren-
exibam um esforço fiscal relativamente elevado, o mesmo dimento acentuada no mercado (anterior ao pagamento
é contrabalançado pela sua progressividade fiscal relati- de impostos e às transferências)2 — um elevado retorno
vamente reduzida, originando uma redistribuição fiscal sobre o direcionamento, ou seja, a redistribuição tem um
global relativamente diminuta. Pelo contrário, embora a elevado retorno social nos casos em que a desigualdade de
FIGURA D7.3.1
0.6
0.5
0.4
0.3
Mediana = 0,22
0.2
0.1
0
Irlanda
Dinamarca
Bélgica
Estónia
Finlândia
Letónia
Reino Unido
Lituânia
Croácia
Alemanha
Bulgária
Portugal
Suécia
Eslovénia
Roménia
Chéquia
Espanha
Áustria
Países Baixos
Malta
Itália
França
Luxemburgo
Polónia
Chipre
Eslováquia
Hungria
Grécia
Nota: A variação proporcional do bem-estar social é o produto da progressividade fiscal e do esforço fiscal.
Fonte: Coady, D’Angelo e Evans 2019.
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 251
FIGURA D7.3.2
Progressividade fiscal
2.0
Irlanda Mediana = 0,341
1.8
Dinamarca
1.6
Reino Unido
1.4
2
Letónia Estónia
R = 0,449
1.2 Bélgica
Lituânia
Países Baixos
1.0 Finlândia
Malta Croácia
0.8 Bulgária Alemanha
Portugal Mediana = 0,672
0.6 Chéquia Suécia Eslovénia Áustria
Roménia
0.4 Espanha Itália
Eslováquia Chipre França
Polónia Grécia
0.2
Luxemburgo Hungria
0
0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5
Esforço fiscal
FIGURA D7.3.3
0.3
0.2
0.1
-0.1
Irlanda
Dinamarca
Bélgica
Estónia
Finlândia
Letónia
Reino Unido
Lituânia
Croácia
Alemanha
Bulgária
Portugal
Suécia
Eslovénia
Roménia
Chéquia
Espanha
Áustria
Países Baixos
Malta
Itália
França
Luxemburgo
Polónia
Chipre
Eslováquia
Hungria
Grécia
Nota: Os países estão ordenados pelo grau de redistribuição fiscal, de acordo com a figura D7.3.1. A política fiscal consiste no impacto conjunto do esforço fiscal e do desempenho do direcionamento. A desigualdade inicial
no mercado regista o impacto das diferenças ao nível do retorno sobre o direcionamento, devido a diferenças quanto à desigualdade de rendimento anterior aos impostos e às transferências. As diferenças são relativas a
um país de referência com valores medianos em termos de política fiscal e retorno sobre o direcionamento.
Fonte: Coady, D’Angelo e Evans 2019.
Capítulo 7 Políticas de redução das desigualdades no desenvolvimento humano para o século XXI: a escolha é nossa | 253
Notas e
referências
Notas
Síntese Parte I pessoas que vivem abaixo do limiar de 3 Acemoglu, Johnson e Robinson 2001.
pobreza extrema, que mal se deslocou, 4 PNUD 2016
1 As fontes da maior parte dos dados e afirmações 1 Sen (1980), reformulando a questão original:
factuais desta síntese constam do Relatório, apesar de muitas terem conseguido 5 A discussão que consta destes parágrafos
“Igualdade de quê?”
mas foram incluídas neste documento nos superar o limiar). parte de Basu e Lopez-Calva (2011) e de Sen
casos em que a precisão ou as qualificações são 2 Isto, apesar de as decomposições formais
importantes. 7 Por exemplo, nos Estados Unidos, as (1993, 1999).
dos contributos da desigualdade de
2 Estimativas relativas aos Estados Unidos, com disparidades entre grupos socioeconómicos 6 Basu e Lopez-Calva 2011, p. 153.
rendimento para as diferenças em termos
base em Chetty e outros (2016). Kreiner, Nielsen quanto à esperança de vida apresentam 7 Rejeitando, em simultâneo, o “grande
de bem-estar social que agregam a utilidade
e Serena (2018) defendem que estes resultados um aspeto vincado, com um afastamento mausoléu \[de] uma lista fixa e final
através de diversas funções de bem-estar
sobrestimam as disparidades na esperança do topo da distribuição do rendimento em de capacidades,” (Sen 2005, p. 160),
média de vida entre diferentes escalões de social — ao longo do tempo e entre
relação aos restantes segmentos, ao passo especialmente se a mesma assentar,
rendimento, uma vez que ignoram a mobilidade países — demonstrarem que, embora a
que as pessoas mais desfavorecidas têm principalmente, em considerações teóricas
do rendimento (de acordo com o método dos desigualdade seja importante, os níveis
experiências diferentes, com um menor que não levem em conta as preocupações
autores, a sobrestimação pode ascender a 50 de rendimento e o crescimento do mesmo
por cento), embora também concluam que estas nível de concretização nos locais menos e aspirações contemporâneas reais.
importam muito mais, mesmo quando o
disparidades têm aumentado ao longo do tempo prósperos, sendo o grau de prosperidade Esta é, igualmente, a abordagem adotada
grau de aversão à desigualdade é elevado
e que a sobrestimação se atenua no caso das avaliado a partir do nível geral de instrução, no presente Relatório.
(Dollar, Kleineberg e Kraay 2015; Gaspar,
idades mais avançadas (desaparecendo por do rendimento e da despesa estatal. 8 No artigo 19.º da Declaração Universal
Mauro e Poghosyan 2017). Ver também a
completo aos 80 anos). Mackenbach e outros Ver Chetty e outros (2016). Ver também dos Direitos Humanos, lê-se: “Todo
(2018) observam que as desigualdades na área discussão, no capítulo 2, da desigualdade e
Case e Deaton (2017). o indivíduo tem direito à liberdade de
da saúde, em geral, aumentaram na Europa, do crescimento económico.
8 Williams, Neighbors e Jackson 2003. opinião e de expressão, o que implica
entre a década de 1980 e o final dos anos 2000, 3 Com base na contagem pelo Ngram, da
9 Kearl 2018. o direito de não ser inquietado pelas
inclusive, tendo-se registado uma diminuição, Google, das expressões “crescimento global”
nalguns países, desde então. 10 A análise histórica deve ser considerada suas opiniões e o de procurar, receber
e “desigualdade global”, entre 1950 e 2008;
3 Este assunto é discutido em maior detalhe no em conjunto com o argumento de que, nas e difundir, sem consideração de fronteiras,
o termo “desigualdade global” superou
capítulo 2 do Relatório. sociedades pré-industriais, a quantidade informações e ideias por qualquer
“crescimento global” por volta de 2002.
4 4 Conforme se sugere em ONU (2019b), obra limitada de recursos pode ter determinado meio de expressão” (www.un.org/en/
4 A inclusão da redução da desigualdade
que identificou a redução das desigualdades e um nível máximo de desigualdade universal-declaration-human-rights/).
a promoção das capacidades como “pontos de enquanto prioridade para o desenvolvimento
compatível com a subsistência das pessoas 9 Ver, a título exemplificativo, a discussão
partida” para as transformações necessárias à foi controversa durante as negociações
mais desfavorecidas. Ver Milanovic, in Basu e Lopez-Calva (2011).
consecução dos Objetivos de Desenvolvimento dos ODS, em parte devido à discordância
Lindert e Williamson (2010). 10 A sobrevivência de uma criança durante os
Sustentável. Ver também Lusseau e Mancini quanto ao tipo de desigualdade que os
(2019), onde se conclui que as desigualdades 11 Ver, por exemplo, os dados que comprovam primeiros cinco anos de vida (historicamente,
ODS deveriam refletir. Conforme defende
são um obstáculo fundamental à realização dos os efeitos da democracia sobre o a principal variável para a determinação da
Fukuda-Parr (2019), os compromissos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em desenvolvimento humano, in Gerring, variação transversal da esperança de vida
políticos necessários para que as aspirações
todos os países, e que a respetiva redução teria Thacker e Alfaro (2012). Os elementos que à nascença) é um ponto de partida para a
à redução das desigualdades se refletissem
efeitos benéficos cumulativos sobre o conjunto atestam o efeito da democracia sobre o perspetiva de uma vida longa e saudável.
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. na Agenda 2030 levaram ao enfraquecimento
crescimento económico são considerados Trata-se de uma concretização que não
5 Trata-se, igualmente, de uma premissa da da ambição de algumas pessoas, sobretudo
positivos e significativos in Acemoglu depende da agência da criança, mas sim
Deaton Review, um projeto plurianual que de países em vias de desenvolvimento,
e outros (2019). das condições sociais e familiares. Ao
analisa as desigualdades no Reino Unido (Joyce que haviam pugnado por compromissos
e Xu 2019). 12 Conforme se sugere in ONU (2019b), obra invés, a sobrevivência consecutiva — ano
mais sólidos, especialmente no tocante à
6 Atkinson 2015. que identificou a redução das desigualdades após ano — até se tornar um adulto idoso
desigualdade entre países. Para uma análise
7 Deaton (2017) argumenta que, frequentemente, e a promoção das capacidades como saudável representa a realização desse
exaustiva do surgimento do interesse,
os governos fazem mais pelo aumento do que pontos de partida para as transformações ideal. Decorre das condições sociais e
ao nível da investigação e das políticas,
pela redução da desigualdade. necessárias à implementação dos ODS. familiares, como anteriormente, mas também
8 Ver, por exemplo, Saad (2019), quanto ao receio pela desigualdade global, ver Christiansen
Ver também Lusseau e Mancini (2019), da agência e capacitação pessoais.
das alterações climáticas, e Reinhart (2018), em e Jensen (2019).
que concluíram que as desigualdades são 11 Sen 1992, p. 45.
relação à inteligência artificial e ao emprego. 5 Deaton 2013a.
obstáculos fundamentais à realização dos 12 Moser 1989.
9 Sen 1980. 6 A perspetiva otimista do progresso do
10 Expressão utilizada por Angus Deaton para ODS, em todos os países, e que a respetiva 13 Estes dois fatores de mudança já são um
desenvolvimento não é universalmente
oferecer uma perspetiva da evolução das redução teria efeitos benéficos cumulativos motivo de preocupação para a opinião
partilhada. Por exemplo, Hickel (2017a,
desigualdades (Belluz 2015). sobre o conjunto dos ODS. pública. Ver, por exemplo, Saad (2019),
2017b) argumenta que estamos diante de
11 Parafraseando Deaton (2013a). quanto ao receio das alterações climáticas,
um “delírio de desenvolvimento”, dado que
12 PNUD e OPHI 2019. e Reinhart (2018), em relação à inteligência
13 Uma grande parte dos países em vias de a desigualdade global aumentou e que as
artificial e ao emprego.
desenvolvimento carecem de sistemas completos pessoas deixadas para trás estão ainda Capítulo 1
14 Crocker 2008, p. 16.
de registo vital, pelo que as estimativas mais longe das mais abastadas. Por outro 1 Trata-se de estimativas referentes às 15 Crocker 2008, com base numa análise
nacionais da esperança de vida em idades mais lado, o Banco Mundial (2018a) demonstra pessoas que frequentam o ensino superior, do trabalho de Sen.
avançadas que são utilizadas no Relatório, que a desigualdade intranacional decresceu com base em inquéritos às famílias. Uma 16 Exemplificando, a desigualdade em termos
extraídas das estatísticas oficiais da Divisão de na maior parte dos países em vias de
População das Nações Unidas, estão sujeitas vez que os questionários são diferentes em de média de anos de escolaridade baseia-se
desenvolvimento relativamente aos quais diversos grupos de países, poderá haver um
a erros significativos de medição e devem ser numa soma simples, presumindo que um ano
estão disponíveis dados. Ravallion (2018a, grau de heterogeneidade e enviesamento.
interpretadas com prudência. Em todo o caso, a de ensino primário tem o mesmo peso do que
dinâmica de dilatação das disparidades ao nível 2018b) clarificou o modo de emergência Recorrendo a taxas brutas de matrícula um ano de ensino secundário ou superior,
da esperança de vida em idades mais avançadas destes pontos de vista distintos, recorrendo, completamente uniformizadas (a partir, ainda que estas concretizações sejam
é resistente à alteração da idade (permanecendo com frequência, exatamente aos mesmos essencialmente, de dados administrativos), qualitativamente diferentes. Em particular,
válida aos 60 anos) e, apesar de existir alguma dados. O mesmo depende, parcialmente, o número da categoria “cursam o ensino este facto conduz à potencial subestimação
heterogeneidade comparando diferentes países dos indicadores de desigualdade ao nível do secundário” cifrar-se-ia em 66 por cento, no do papel desempenhado pelas desigualdades
e ao longo do tempo, o mesmo padrão confirma- rendimento e do consumo utilizados (a título
se, em termos gerais, no interior dos países, caso dos países com um nível muito elevado no ensino superior, que representa,
de exemplo, absolutos versus relativos), de desenvolvimento humano, e em 7 por
conforme se descreve em maior detalhe no tipicamente, um menor número de anos do
bem como da ponderação pelo bem-estar cento, quanto aos países com um baixo nível
capítulo 1 do Relatório. que o ensino primário e secundário.
14 Brown, Ravallion e Van de Walle 2017. social atribuída a diferentes segmentos de desenvolvimento humano. 17 Permanyer e Smits 2019.
populacionais (a exemplo do consumo das 2 Chetty e outros 2016.
15 Stiglitz, Sen e Fitoussi 2009a.
Notas | 257
18 Deaton (2007) adverte para a alteração de desenvolvimento humano. No século 41 Szwarcwald e outros (2016) e Saikia, Bora 79 Este ponto de vista parece ser plausível
das conclusões relativas à desigualdade, XXI, verificou-se um aumento acentuado: e Luy (2019) figuram entre as primeiras em muitos casos. Deaton (2013a) discute
consoante a definição do indicador. Entre 1995 e 2015, o crescimento foi 223 tentativas de análise das crescentes o modo como algumas formas de progresso
Neste capítulo, salvo indicação explícita por cento superior nos países com um nível disparidades em termos de saúde e apresentam uma probabilidade de
em contrário — como no caso do Índice muito elevado de desenvolvimento humano, esperança de vida no Brasil e na Índia. disseminação gradual.
de Desenvolvimento Humano Ajustado em relação aos que têm um baixo nível de É urgente utilizar dados em grande 80 Com base no documento pioneiro de Kuznets
à Desigualdade — as comparações da desenvolvimento humano. O contraste é escala, ir além dos inquéritos e abranger (1955). Ver a discussão mais ampla no
desigualdade ao nível do desenvolvimento ainda mais pronunciado em termos relativos. informações relativas ao estatuto capítulo 2.
humano divergem dos indicadores sumários, 29 A discussão cinge-se às pessoas com idades socioeconómico e ao estado de saúde de 81 Milanovic (2016) descreve as ondas de
contrapondo as concretizações de diferentes inferiores a 80 anos, visto que as pessoas toda a população, por forma a oferecer Kuznets relativas à desigualdade de
grupos (países, castas, quintis com base raramente sobrevivem para lá dos 100 anos dados mais convincentes quanto aos rendimento, embora com base num conjunto
no nível de vida e assim sucessivamente). de idade. gradientes socioeconómicos da saúde e mais vasto de mecanismos de forças
As comparações efetuadas dizem 30 Bragg e outros 2017; Di Cesare e outros preencher as correspondentes lacunas do malignas e benignas.
respeito à base original (tipicamente, a 2013; Gonzaga e outros 2014; Oyebode conhecimento científico. 82 OCDE 2019f.
percentagem da população). Este método e outros 2015; Sommer e outros 2015. 42 Ver, por exemplo, Auerbach e outros (2017). 83 Estão disponíveis modelos da relação
visa três finalidades. Em primeiro lugar, 31 DAESNU 2019. 43 A educação é uma variável frequentemente complexa entre as aspirações e
exprime o progresso em relação a uma 32 Estimativas relativas aos Estados Unidos, utilizada para a medição direta da a desigualdade in Besley (2017)
base invariável com um valor intrínseco com base em Chetty e outros (2016). mobilidade social. Ver, a título de exemplo, e Genicot e Ray (2017).
— que está associada às pessoas, em Estes resultados poderão sobrestimar as Narayan e outros (2018) e OCDE (2018a).
vários indicadores. No caso dos que se disparidades ao nível da esperança de vida 44 Apesar da endogeneidade (as taxas de
baseiam em rácios, a base representa as entre diferentes escalões de rendimento, matrícula estão associadas aos anos de
Capítulo 2
pessoas com acesso. Quanto à esperança dado que ignoram a mobilidade do escolaridade esperados, uma das quatro
de vida, a base corresponde a anos de vida rendimento. Kreiner, Nielsen e Serena (2018) variáveis utilizadas para o cálculo do IDH), 1 Deaton 2018.
humana. Os direitos à vida deveriam ser defendem que a sobrestimação poderá ser estas relações mantêm-se ao recorrer 2 Sen 1999.
universais (Anand 2018). Em segundo lugar, até 50 por cento. Utilizando dados relativos a outros agrupamentos por desenvolvimento 3 Uma análise com base no Índice de Pobreza
no contexto dos indicadores delimitados, à Dinamarca, também concluem que as para a análise, incluindo o rendimento. Multidimensional (IPM) do ano atual não
esta comparação satisfaz o axioma de disparidades entre grupos socioeconómicos 45 Heckman 2011b. revela qualquer correlação entre o valor do
simetria (Erreygers 2009), assegurando têm aumentado ao longo do tempo e que 46 Montenegro e Patrinos 2014. IPM e a desigualdade de rendimento (medida
que as conclusões sejam robustas face a a sobrestimação se atenua no caso das 47 See Goldin e Katz (2009) e Agarwal pelo coeficiente de Gini), mas demonstra
alterações da convenção utilizada para a idades mais avançadas (desaparecendo por e Gaule (2018). uma forte correlação entre o valor do IPM e
construção do indicador, das concretizações completo aos 80 anos). Mackenbach e outros 48 Akmal e Pritchett 2019; UNESCO 2019b. a perda percentual no valor do IDH devida
para as deficiências e vice-versa. Por último, (2018) observam que as desigualdades na 49 Banerjee e Duflo 2011; Pritchett à desigualdade, tanto na área da saúde
em termos práticos, evitam a extrema área da saúde, em geral, aumentaram na e Beatty 2015. quanto da educação (Kovacevic 2019; PNUD
sensibilidade decorrente da variabilidade das Europa, entre a década de 1980 e o final 50 Bruns e Luque 2015; Filmer e Pritchett 1999. e OPHI 2019).
bases de comparação. dos anos 2000, tendo-se registado uma 51 Rözer e Van De Werfhorst 2017. 4 Os trabalhos recentes de investigação não só
19 Banco Mundial 2018a. diminuição, nalguns países, desde então 52 Grupo Interagências para o Cálculo de clarificaram os mecanismos causais ao nível
20 A convergência ao nível do ensino primário 33 Chetty e outros 2016. Além disso, Estimativas da Mortalidade Materna 2018. conceptual, como também reuniram provas
baseia-se em comparações entre países e no Finkelstein, Gentzkow e Williams (2019) 53 Banco Mundial 2018a. empíricas. Embora uma grande parte das
seu seio relativas à última década. UNESCO estimam que, nos Estados Unidos, a 54 UNESCO 2019b. provas sejam específicas de países quanto
(2019b) apresenta resultados semelhantes deslocação de uma posição no 10.º percentil 55 Grupo Interagências para o Cálculo de aos quais existem dados suficientes, o facto
quanto ao mesmo período, mas ressalva que, para uma posição no 90.º percentil aumente Estimativas da Mortalidade Materna 2018. de o trabalho empírico estar associado a
nos últimos anos, não houve quaisquer dados a esperança de vida aos 65 em 1,1 anos. 56 UNESCO 2019b. hipóteses gerais confere uma relevância
que comprovem uma convergência entre 34 Baker, Currie e Schwandt 2017. 57 Banco Mundial 2019c. universal à análise.
os países. 35 Brønnum-Hansen 2017; Kreiner, Nielsen 58 UNESCO 2018b. 5 Deaton 2013b.
21 Deaton 2013a. e Serena 2018. 59 UNESCO 2019b. 6 Uma mobilidade persistentemente baixa,
22 Esta análise tem base em médias simples. 36 van Raalte, Sasson e Martikainen 2018. 60 PNUD e OPHI 2019. juntamente com o agravamento da
Na tabela estatística 1, a análise baseia-se 37 Suzuki e outros 2012. 61 Dercon 2001. desigualdade de rendimento, multiplica as
em médias ponderadas pela população, 38 Buchan e outros 2017. 62 Nussbaum 2011. desvantagens das pessoas incapazes de
revelando uma discrepância de 18,2 anos. 39 Currie e Schwandt 2016. 63 Sen 1999. ascender socialmente. Conforme afirmam
23 DAESNU 2019. 40 Majer e outros 2011. Murtin e outros 64 Ver a discussão do reconhecimento e dos Chetty e outros (2014, p. 1), “(...) as
24 DAESNU 2019. (2017) avaliam a desigualdade em termos desafios da desestigmatização in Lamont consequências da “lotaria do nascimento” —
25 ONU 2015a. de longevidade entre grupos, conforme (2018). dos pais que tocam à criança — são maiores
26 Permanyer e Smits 2019. a instrução e o género, em 23 países 65 PNUD Chile 2017. hoje em dia do que no passado. Uma
27 Engelman, Canudas-Romo e Agree (2010) pertencentes à Organização para a 66 Ver Hojman e Miranda (2018). analogia visual útil consiste em imaginar que
e Permanyer e Scholl (2019) documentam Cooperação e o Desenvolvimento Económico. 67 Stewart 2005, 2016a. a distribuição do rendimento é uma escada,
resultados compatíveis com esta divergência As suas estimativas quanto à longevidade 68 ONU 2015c. em que cada percentil representa um degrau
ao nível da esperança de vida na terceira esperada aos 25 e aos 65 anos de idade, por 69 CEPALC 2018a. diferente. Os degraus da escada afastaram-
idade. Seligman, Greenberg e Tuljapurkar nível de instrução e género, demonstram 70 Pew Research Center 2014. se mais uns dos outros (a desigualdade
(2016) concluem, igualmente, pela existência que a disparidade relativa à esperança de 71 Eurobarómetro 2018. agravou-se), mas a mudança das crianças, ao
de uma dissociação entre a equidade vida entre as pessoas altamente instruídas 72 Latinobarómetro 2018. treparem os degraus inferiores em direção
e o tempo de vida. e pouco instruídas se cifra em 8 anos no 73 Hauser e Norton 2017. Alesina, Stantcheva aos superiores, permaneceu igual.”
28 Com base em dados do DAESNU (2019), caso dos homens e em 5 no das mulheres, e Teso (2018) concluem que a perceção de 7 Corak 2013. A curva foi apresentada
o aumento absoluto da esperança de vida aos 25 anos de idade, e em 3,5 anos no uma menor mobilidade social tende a fazer em 2012, num discurso de Alan Krueger
aos 70 anos nos países com um nível muito caso dos homens e 2,5 no das mulheres, aumentar a preferência pela redistribuição. (presidente do Conselho de Assessores
elevado de desenvolvimento humano foi aos 65 anos de idade. Este facto implica 74 Cruces, Pérez-Truglia e Tetaz 2013. Económicos; Krueger 2012) e no Relatório
superior ao registado nos países com um que as desigualdades relativas ao nível da 75 Ver, por exemplo, Anand (2017), Anand, Económico do Presidente ao Congresso
baixo nível de desenvolvimento humano longevidade, segundo o grau de instrução, Roope e Peichl (2016) e Richardson (Governo dos EUA 2012), com base em dados
durante a segunda metade do século XX. variam consoante a idade. Quanto a France, e outros (2019). de Corak.
Entre 1955 e 1995, o acréscimo foi 63 por Currie, Schwandt e Thuilliez (2018), não 76 O Banco Mundial (2018a) oferece uma 8 Ver, por exemplo, a discussão precursora in
cento superior nos países com um nível observaram quaisquer alterações diacrónicas interpretação alternativa. Solon (1999) e a análise mais exaustiva in
muito elevado de desenvolvimento humano, significativas e concluíram por um reduzido 77 Deaton 2013a, 2013b. Black e Devereux (2011).
em relação aos países com um baixo nível gradiente. 78 OCDE 2019f. 9 Corak 2013, p. 85.
10 Corak 2013, p. 98.
Notas | 259
processo de adaptação ao efeito combinado 78 Mendez Ramos 2019. 40 por cento leem jornais e apenas 30 133 Bircan, Brück e Vothknecht 2017. Os autores
da globalização e das mudanças tecnológicas 79 Chenery e outros 1974; López-Calva por cento recorrem a fontes noticiosas utilizam dados de painéis transnacionais
(Conceição e Galbraith 2001). e Rodríguez-Castelán 2016. puramente cibernéticas. O consumo de (observações anuais de 161 países) relativos
59 Tinbergen 1974, 1975. 80 Bourguignon 2003. fontes da Internet é mais difundido nos casos ao período de 1960–2014.
60 Quanto aos Estados Unidos, em particular, 81 Lakner e outros 2019. em que estão associadas a uma plataforma 134 Gates e outros 2012. Quanto à mortalidade
ver Goldin e Katz (2009). 82 Aiyar e Ebeke 2019. Algumas provas tradicional, especialmente sítios Web infantil, ver Dahlum e outros (por publicar).
61 OCDE 2019f. empíricas sugerem que uma acentuada de jornais. 135 Bircan, Brück e Vothknecht 2017.
62 Acemoglu e Autor 2011; Autor, Levy desigualdade de rendimento pode levar à 108 Prat 2015. 136 ONU e Banco Mundial 2018.
e Murnane 2003; Goos, Manning redução da frequência de escolas públicas, 109 Kennedy e Prat 2019. 137 Stewart 2016b.
e Salomons 2014. uma vez que os pais optam ora por mandar 110 As notícias falsas definem-se como “relatos
63 Um dos motivos para a contestação desta os seus filhos trabalhar (famílias com um propositadamente falsos ou enganadores”
teoria prende-se com a elevada dispersão baixo estatuto socioeconómico) ora por (Clayton e outros por publicar, p. 1).
Parte II
dos rendimentos no seio de cada profissão inscrevê-los em escolas privadas (famílias 111 Rodrik 2018.
e não entre as mesmas. Ver Mishel, com um elevado estatuto socioeconómico), 112 Para um estudo de caso da América Latina, 12 Este facto restringe, igualmente, a
Schmitt e Shierholz (2013). fazendo diminuir o apoio ao ensino público ver Piñeiro, Rhodes-Purdy e Rosenblatt 2016. capacidade de saber se as pessoas mais
64 Jaumotte, Lall e Papageorgiou (2013) e a despesa por estudante, o que pode levar 113 Rodrik 2018. desfavorecidas se estão a aproximar da
demonstram que a tecnologia é responsável ao nivelamento das oportunidades. Gutiérrez 114 Este parágrafo baseia-se na análise in Banco fuga à pobreza. Na verdade, alguns dados
pelo aumento da desigualdade nos países em e Tanaka 2009. Mundial (2017b). indicam que as pessoas que permanecem
vias de desenvolvimento e que a exposição 83 Enquanto Marrero, Gustavo e Juan Rodríguez 115 Bernardi e Plavgo por publicar. Devido a abaixo do limiar de pobreza assistiram a
à globalização não reduz a desigualdade, (2013) e Aiyar e Ebeke (2019) concluem pela alguns casos de valores extremamente um fraco movimento em direção ao limiar
como seria de esperar se, através do existência de sustentação empírica, Ferreira aberrantes, quanto à análise multivariável (Ravallion 2016), ao passo que muitas das
comércio, a produção se deslocasse dos e outros (2018) não o fazem. dos documentos de referência para o que o transcenderam permanecem pobres
países desenvolvidos para os que estão em 84 CEPALC 2018a. presente Relatório, as taxas de homicídio de acordo com outras métricas (Brown,
vias de desenvolvimento. O motivo consiste 85 Birdsall, Ross e Sabot 1995. foram convertidas para a sua forma Ravallion e Van de Walle 2017), vulneráveis
na exposição simultânea dos países à 86 CEPALC 2018a. logarítmica natural. Ver também Kawachi, ao relapso (Lopez-Calva e Ortíz-Juarez 2014).
globalização financeira, que contrapesa o 87 Bowles e outros 2012. Kennedy e Wilkinson (1999), Pickett, 3
2 Rose (2016) descreve muitos dos perigos
efeito nivelador da globalização comercial 88 Alvaredo e outros 2018. Mookherjee e Wilkinson (2005) e Wilkinson e da dependência das médias para a
nos países em vias de desenvolvimento. 89 Berger-Schmitt 2000. Pickett (2011). formulação e implementação de políticas,
65 Bhorat e outros 2019. 90 Uslaner 2002. 116 Este facto foi determinado por meio de um chegando mesmo a sugerir que as políticas
66 Em relação aos Estados Unidos, ver Hunt 91 Uslaner e Brown 2005. efeito de interação entre o coeficiente de de promoção da igualdade de acesso, se
e Nunn (2019). Para obter mais dados 92 Wilkinson e Pickett 2011 (os dados relativos Gini e a média de anos de escolaridade. Não subordinadas ao ideal do que seria, em
empíricos, incluindo quanto aos países à confiança provêm do Inquérito Mundial existe qualquer efeito moderador deste tipo média, necessário, irão, inevitavelmente,
da Organização para a Cooperação e o de Valores). Ao incluir os países com um nos países com um nível baixo ou médio de fracassar na criação de plenas oportunidades
Desenvolvimento Económico, ver Autor menor grau de desenvolvimento humano, desenvolvimento humano. para todas as pessoas.
(2014, 2019). Para uma análise exaustiva, recorrendo a dados da Sondagem Mundial 117 Enamorado e outros 2016. 34 Inspirado por Ravallion (2001).
ver Salverda e Checchi (2015). da Gallup de 2010 (o ano com uma maior 118 Gilligan (1996), apud Pickett, Mookherjee e 45 Ferreira (2012) fez uma observação
67 Para uma ideia da evolução do debate abrangência), não se observou qualquer Wilkinson (2005). semelhante, defendendo a importância
ao longo do tempo, ver Aghion, Caroli e correlação significativa (cálculos do Gabinete 119 Kawachi, Kennedy e Wilkinson 1999. da utilização de curvas de incidência do
Garcia-Penalosa (1999), Baymul e Sen (2018), do Relatório do Desenvolvimento Humano). 120 Alesina e Perotti 1996. crescimento.
Eicher e Turnovsky (2003), Galbraith (2012), 93 Paskov e Dewilde 2012. 121 Collier e Hoeffler 1998; Fearon e Laitin 2003. 56 Criado-Perez 2019.
Milanovic (2005), Ostry, Loungani e Berg 94 Dinesen e Sønderskov 2015; Leigh 2006. 122 Stewart 2005, 2009, 2016a, 2016b. 67 Atkinson 1970, p. 261–262.
(2019), Piketty (2006), Stiglitz (2012) e Banco 95 Buttrick e Oishi 2017. 123 Cederman, Gleditsch e Buhaug 2013. Ver 8
7 Ravallion 2018a.
Mundial (2006). 96 Van Zomeren 2019. também Stewart (2005). Um dos mecanismos 9
8 Anand 2018.
68 Ver, por exemplo, Banerjee e Duflo (2003). 97 Connolly, Corak e Haeck 2019, p. 35. subjacentes a este fenómeno foi explicado 10
9 Coyle 2015.
Kuznets (1955) começa por uma extensa 98 Connolly, Corak e Haeck 2019. há longos anos pelo estudo exaustivo de 11
10 Rockoff 2019, p. 147.
discussão dos dados ideais necessários à 99 Comissão Europeia, Direção-Geral da Horowitz (2001), intitulado Ethnic Groups 12
11 Ver Deaton (2005), assim como Ferreira e
investigação da relação entre o crescimento Investigação e da Inovação 2014. in Conflict (Grupos Étnicos em Conflito). Lustig (2015).
e a desigualdade, reconhecendo que os seus 100 Para um estudo da diversidade religiosa, ver A etnia equivale ao conceito de família, 13
12 Smith e outros 2019.
requisitos soam aos sonhos quiméricos de Ramos e outros (2019). gerando solidariedade e um forte sentido 14
13 Ver, por exemplo, Galbraith (2018). As
umestatístico. 101 OCDE 2010. de pertença que podem transformar-se objeções incluem a observação da escassez
69 Ver Piketty (2006, 2014). Os argumentos 102 Lancee e Van de Werfhorst 2012; Solt 2008. em intensos episódios emocionais e até, e incompletude dos dados relativos aos
de Kuznets não são incompatíveis com a 103 Quanto à influência da classe média-alta por vezes, em ódio (Cederman, Gleditsch e impostos sobre o rendimento. Nos casos
afirmação de Piketty, dado que o próprio sobre os processos políticos dos Estados Buhaug 2013). Uma outra explicação reside em que existem grandes lacunas nos dados,
Kuznets reconheceu diversas limitações Unidos, ver Reeves (2018). Ver também nos protestos dos grupos quando consideram foi necessário partir de premissas muito
do seu artigo (a exemplo da exclusão das Gilens e Page (2014), Igan e Mishra (2011) as desigualdades injustas e tentam lidar significativas e sujeitas ao escrutínio público
transferências estatais). e Karabarbounis (2011). O clientelismo pode com as mesmas de um modo coletivo, ao (Galbraith and others 2016).
70 Scheidel 2017. ser definido como “uma estratégia política invés de individual (Van Zomeren 2019).
71 Okun 1975. caracterizada pela oferta de bens materiais Sen (2008b, p. 5) sugere que a “junção de
72 Lucas 2004, p. 20. em troca de apoio eleitoral” (Banco Mundial identidades culturais com a pobreza” torna a Capítulo 3
73 Cingano 2014; Ostry e Berg 2011; Ostry, 2017b, p. 10, com base em Stokes 2009). desigualdade mais importante e pode, assim,
1 Ver, por exemplo, Zucman (2013, 2015).
Loungani e Berg 2019. Ver também Alesina 104 Para uma discussão mais abrangente deste contribuir para a violência.
Este assunto também é discutido in Alvaredo
e Rodrik (1994), Assa (2012), Barro (2008) e aspeto, ver PNUD (2016). 124 Langer 2005.
e outros (2018).
Stiglitz (2016). 105 Banco Mundial 2017b. 125 Stewart 2009.
2 Ver também o capítulo 5 e Chancel (2017).
74 Neves, Afonso e Silva 2016. 106 Chadwick 2017, p. 4. 126 ONU e Banco Mundial 2018.
3 Zucman 2014.
75 Ver, por exemplo, Kraay (2015) e Bourguignon 107 Kennedy e Prat 2019. Os dados provêm do 127 Kelley e outros 2015.
4 Ver ONU (2009).
(2015b). inquérito Digital News Report da Reuters, 128 Schleussner e outros 2016.
5 Ver Alvaredo e outros (2016).
76 Furman 2019. Ao discutir as proposições de que abrange mais de 72.000 indivíduos 129 Von Uexkull e outros 2016.
6 Ver Zucman (2019).
Furman, Rodrik (2019) e Shanmugaratnam em 36 países. Para uma discussão das 130 Hillesund 2019.
7 Ver Zucman (2014).
(2019) acabam por apoiar, essencialmente, limitações dos dados, ver Kennedy e Prat 131 Langer e Stewart 2015; Miodownik e Nir
o mesmo argumento. (2019). Cerca de 80 por cento dos indivíduos 2016.
77 López-Calva e Rodríguez-Castelán 2016. da amostra assistem a noticiários televisivos, 132 Scheidel 2017
Notas | 261
36 Mackie e Le Jeune 2009; Mackie e outros necessárias à disponibilização de uma ambientais, combinando perspetivas voltadas de tratados comerciais preferenciais) do que
2015; Centro de Investigação Innocenti da cadeira para que alguém se sente). para as intenções e para os impactos que aquilo que este capítulo afirma ter que ver
UNICEF 2010. 3 Dado o menor número de consumidores constituem questões motivantes da literatura com o comércio em geral, não obstante o
37 Cialdini, Kallgren e Reno 1991; Etzioni 2000; que dispõem de um poder de compra acerca da psicologia ambiental, ver Moser e grau de liberalização, a par da transferência
Jacobs e Campbell 1961. compatível com a aquisição de bens e Kleinhückelkotten (2017). de responsabilidades não relacionadas com o
38 Nussbaum 2003. serviços “verdes”, mantendo os preços a um 13 Por exemplo, a tendência (ou seja, excluindo comércio. Ver também Roca (2003).
39 Addati e outros 2018. nível superior e gerando uma menor procura as alterações cíclicas do rendimento) 15 Dado que os efeitos negativos das alterações
40 O termo foi cunhado por Amartya Sen para por novas mudanças tecnológicas (Vona da elasticidade entre o rendimento e climáticas incidem desproporcionalmente
captar o facto de a proporção de mulheres e Patriarca 2011). as emissões, no caso de um típico país sobre as pessoas com menores rendimentos
ser inferior ao que seria de esperar se as 4 Existem dados que sustentam esta hipótese desenvolvido, foi estimada, essencialmente, e menos capacidades (PNUD 2007).
raparigas e mulheres de todo o mundo no caso dos estados dos Estados Unidos, em zero no tocante às emissões decorrentes 16 Com base em simulações da evolução da
em vias de desenvolvimento nascessem e quanto aos quais a análise demonstra que da produção (o que indicia, efetivamente, desigualdade de rendimento entre países
morressem à mesma taxa que os rapazes e o índice de Gini não tem impacto sobre a dissociação entre as emissões e o de 1961 a 2010, medida pelo rácio 90:10
homens (Sen 1990). as emissões por estado (corroborando, crescimento), disparando, no entanto, para da população ponderada pelo PIB per
41 PNUD 2016. deste modo, a ausência ou debilidade 0,5 no caso das emissões relacionadas com capita (Diffenbaugh e Burke 2019a). Estes
42 PNUD 2016. do primeiro mecanismo), apesar de uma o consumo (o que implica uma associação resultados foram postos em causa, por
43 OCDE 2017a; UNESCO 2019a. relação positiva entre as emissões ao nível ainda bastante acentuada); as elasticidades serem considerados uma sobrestimação
44 Fundação Bill e Melinda Gates 2019. estadual e a concentração do rendimento estimadas para os países em vias de (Rosen 2019), embora os autores mantenham
45 UNICEF 2019a. entre os 10 percentis do topo, compatível desenvolvimento cifram-se em 0,7, tanto as suas conclusões (Diffenbaugh e Burke
46 Kishor e Johnson 2004. com “abordagens centradas nas dinâmicas no caso das emissões ligadas à produção 2019b).
47 Loaiza e Wong 2012. da economia política (...) que sublinham quanto no das relativas ao consumo 17 Burke e Tanutama 2019; Randell e Gray
48 Chandra-Mouli, Camacho e Michaud 2013. o potencial poder político e económico (Cohen e outros 2018). 2019. Muito depende de fatores como o
49 Blum e Gates 2015. (...) das pessoas abastadas” (Jorgenson, 14 Um conceito relacionado — e mais modo de avaliação do impacto (a exemplo
50 O enfoque das estatísticas relativas à Schor e Huang 2017, p. 40). A concentração estrito, à luz de certas formulações — e dos prejuízos económicos e das baixas)
prevalência do uso de contracetivos nas do mercado foi fundamental na história extensivamente discutido na literatura é e da natureza dos perigos associados às
mulheres casadas deve-se ao facto de, do desenvolvimento do Protocolo de a hipótese dos “paraísos da poluição”, alterações climáticas. Exemplificando,
nos países em vias de desenvolvimento, Montreal, em 1987, destinado a combater inicialmente postulado por Copeland existem provas empíricas de que as
a maioria das raparigas adolescentes os clorofluorcarbonetos responsáveis pela e Taylor (1994), no contexto do Acordo ocorrências de temperaturas extremas
sexualmente ativas serem casadas, ao destruição da camada de ozono. Durante Norte-Americano de Livre Comércio. fizeram aumentar a mortalidade, quer nos
passo que, em alguns, é alegado que a anos a fio, as empresas dominantes Na sua aceção mais geral, a hipótese países em vias de desenvolvimento quer
atividade sexual só tem lugar no matrimónio. opuseram-se às medidas regulamentares, até dos “paraísos da poluição” supõe que nos desenvolvidos, de que o número de
Por conseguinte, os inquéritos às famílias se aperceberem dos benefícios económicos a liberalização comercial incentiva um mortes relacionadas com secas extremas
não recolhem dados relativos às mulheres que poderiam obter de uma regulamentação maior número de empresas e indústrias baixou em ambos os grupos de países e da
solteiras. Ainda assim, as mulheres solteiras que criasse um mercado lucrativo para os poluentes a deslocarem uma parte das existência de uma polarização crescente
devem ser tidas em consideração para a substitutos químicos (Hamann e outros 2018; suas atividades para países com normas entre países desenvolvidos e em vias de
conceção de políticas e intervenções na área Maxwell e Briscoe 1998). ambientais mais permissivas, conduzindo, desenvolvimento no tocante aos óbitos
da saúde reprodutiva. 5 Uma grande parte dos dados empíricos assim, ao aumento da poluição nos países de associados a tempestades extremas, cuja
51 FNUAP 2019. aplica-se aos recursos de reservas comuns, acolhimento. Os dados empíricos relativos a ocorrência aumentou nos países em vias de
52 Kumar e Rahman 2018. por oposição a um bem público global, esta hipótese são contraditórios; para uma desenvolvimento (Coronese e outros 2019).
53 PNUD 2016. como a estabilidade climática, embora análise exaustiva, ver Gill, Viswanathan 18 Pershing e outros (2019) oferecem uma
54 UNIFEM 2000. o mecanismo genérico que demonstra o e Abdul Karim (2018). Um dos empecilhos síntese conceptual do impacto das
55 OIT 2017a. modo como a desigualdade torna a ação concetuais é a causalidade — isto é, se as alterações climáticas sobre ocorrências
56 Alonso e outros 2019. coletiva mais desafiante permaneça válido. empresas se deslocalizam devido às normas “surpreendentes” e uma análise empírica
57 Hegewisch e Gornick 2011. Ver, a título exemplificativo, Alesina e La ambientais mais transigentes ou por outro de 65 ecossistemas marinhos de grande
58 A disparidade média global, para o mesmo Ferrara (2000); Anderson, Mellor e Milyo motivo que, coincidentemente, também se dimensão.
emprego, cifra-se em 77 por cento (ONU (2008); Bardhan (2000); Costa e Kahn (2003) correlacione com as normas mais débeis. 19 Banco Mundial 2019d.
Mulheres 2017). e Varughese e Ostrom (2001). Existem alguns dados convincentes quanto 20 Klein 2019.
59 Munoz Boudet e outros 2018. 6 Quer quanto ao impacto da desigualdade à hipótese das emissões de dióxido de 21 Le Quéré e outros 2018.
60 Banco Mundial 2017a. sobre a redução da cooperação quer no carbono, incluindo, recentemente, in Itzhak, 22 Brulle 2018; Dunlap e McCright 2011; Van
61 Schmidt e Sevak 2006; Sierminska, Frick e tocante ao valor da comunicação enquanto Kleimeier e Viehs (2018), que recorreram a den Hove, Le Menestrel e De Bettignies
Grabska 2010. fator de possibilitação da mesma, ver Tavoni microdados inovadores. A transferência de 2002.
62 Demirgüç-Kunt, Klapper e Singer 2013. e outros (2011). responsabilidades ambientais, conforme 23 Ritchie e Roser 2018.
63 Munoz Boudet e outros 2018. 7 Berger e outros 2011. consta deste capítulo, é mais ampla do 24 Algumas pessoas defenderam que os
64 Ver ONU Mulheres (2019). 8 Além do modo como a desigualdade que no âmbito da tese dos “paraísos da compromissos incondicionais assumidos
65 Ver ONU Mulheres (2015a). exacerba a competição pelo estatuto social e poluição” e não é previamente condicionada ao abrigo do Acordo de Paris agravam as
66 OIT 2017a; PNUD 2016; ONU Mulheres pode incentivar políticas de crescimento, em por diferenças quanto à regulamentação desigualdades existentes em termos de
2015b; Banco Mundial 2012b. detrimento de medidas ambientais (Baland, ambiental. Pode ocorrer entre países emissões de carbono e que um regime de
67 Deschamps 2018. Bardhan e Bowles 2007; Berthe e Elie 2015; — sob a forma de fluxos líquidos de comércio de licenças de emissão entre
Chaigneau e Brown 2016; Franzen e Vogl poluição ou da utilização de recursos um subconjunto dos principais signatários
2013; Magnani 2000). (como a água doce) incorporados em bens demonstra que, embora o comércio de
9 Cohen e outros 2018 p. 1. comercializados — ou comportados pelos licenças de emissão reduza os custos do
Capítulo 5
10 Alguns dados sugerem que esta separação mesmos — a exemplo da seleção do local cumprimento das metas de redução das
1 Este enquadramento é adaptado de Berthe e está associada à redução da desigualdade das instalações de eliminação de resíduos. emissões, a maior parte dos ganhos iriam
Elie (2015). de rendimento — mais concretamente, à sua Kolcava, Nguyen e Bernauer (2019) apenas para os países mais riscos, acarretando uma
2 Embora possa parecer que esta abordagem relação negativa com o aumento da parcela oferecem uma sustentação parcial de maior desigualdade. Ver Rose, Wei e Bento
exclui a produção, é possível ter em conta de rendimentos dos 20 percentis do topo e à um elo entre a liberalização do comércio, (2019).
não apenas as emissões diretas decorrentes sua associação positiva com o aumento da através de acordos comerciais preferenciais, 25 Chancel e Piketty 2015.
do consumo (como a condução de um parcela de rendimentos dos 20 percentis da e a transferência de responsabilidades 26 Cardona e outros 2012.
carro), como também as emissões indiretas base (McGee e Greiner 2018). ambientais, medida através das pegadas 27 Apesar da aceleração do aumento dos
relacionadas com a produção de um bem 11 Cumming e von Cramon-Taubadel 2018. ecológicas agregadas. Ainda assim, o prejuízos económicos associados a riscos
ou serviço (por exemplo, as atividades de 12 Para uma exploração das complexidades referido estudo testou uma hipótese mais extremos nas regiões temperadas (Coronese
transformação de aço, fabrico e transporte da identidade, dos intuitos e dos impactos restrita (liberalização do comércio por meio e outros 2019).
Notas | 263
supera o da descarbonização (Jackson e a respetiva difusão e discutiu os muitos tornou consequente quando certas inovações 37 Ver, por exemplo, Gonzales (2016) e
outros 2018). obstáculos enfrentados pelos países em vias institucionais, como a criação do Estado, Rosenberg (2019).
de desenvolvimento no tocante ao usufruto possibilitaram a expansão de pequenos 38 Hilbert 2019.
dessa difusão (PNUD 2001). povoados, que se converteram nas primeiras 39 Para projeções relativas aos proveitos
6 Silver e outros 2018. civilizações do Crescente Fértil e do Delta do gerados pela inteligência artificial, ver
Capítulo 6
7 LeCun, Bengio e Hinton 2015. Além disso, é Nilo. PwC (2017). Quanto ao crescimento da
1 A expressão popularizou-se entre concebível que as máquinas aprendam não 19 Conforme articula, por exemplo, o discurso inteligência artificial na América do Norte e
os historiadores económicos após a só por si próprias, mas também com outras, de receção do Prémio Nobel de Kuznets na Ásia Oriental, em particular na China, ver
publicação do livro A Grande Divergência de forma a partilhar a aprendizagem de (Kuznets 1971). Como afirmou Mokyr (2016, Lee (2018).
de Kenneth Pomeranz (2000), embora a obra uma com as demais. Este processo pode ser p. 339): “Houve um único caso em que uma 40 Ver, por exemplo, Utterback e Abernathy
apresentasse, o que era na época, uma tese efetuado de forma muito mais rápida do que tal acumulação de conhecimento se tornou (1975).
original acerca do modo como a Revolução a partilha de informações entre humanos, constante e autossustentada a ponto de 41 Hilbert 2011.
Industrial teve início e dos motivos que que comunicam a uma taxa de 10 bits por adquirir um efeito explosivo e modificar 42 Esta secção baseia-se, em parte, em
conduziram à mesma (afirmando que a segundo, um ritmo 100 milhões de vezes a base material da existência humana de Conceição (2019a).
sua origem europeia foi aleatória, dadas mais lento do que o das máquinas (Pratt um modo mais abrangente e acelerado do 43 A ponto de a constância da parcela de
as condições idênticas na Ásia Oriental 2015). que qualquer outro fenómeno da história rendimentos do trabalho ter sido uma das
de finais do século XVII e, ainda, que a 8 Além do seu impacto sobre os mercados planetária da humanidade. Esse caso deu-se características cuja justificação se esperava
vantagem da Europa se deveu, em larga laborais, a inteligência artificial tem, (...) durante e após a Revolução Industrial.” dos modelos de crescimento económico,
medida, ao grande volume de recursos igualmente, começado a levantar profundas A tese central de Mokyr postula que o desde que Kaldor (1961) a identificou
naturais extraídos das colónias do “Novo questões filosóficas. Embora, até ao presente Iluminismo europeu, o qual constitui, em como uma regularidade empírica típica
Mundo”). Este ponto de vista é controverso, e no futuro próximo, a inteligência artificial si próprio, uma construção que demorou do crescimento económico. Em relação à
tendo sido apresentadas uma análise recente se limite a concretizar tarefas definidas por várias centenas de anos a realizar e que está constância da parcela de rendimentos do
do debate em torno das causas da Grande humanos, é concebível que as máquinas longe de ser predestinada, proporcionou um trabalho, ver Giovannoni (2014).
Divergência e diversas hipóteses, inclusive in venham a ser capazes de estipular os seus terreno fértil para o florescimento de um 44 Autor e Salomons (2017) citaram a
Vries (2016). Para uma perspetiva económica próprios objetivos — o que coloca questões “mercado de ideias”, a par da convicção afirmação, por Keynes, de que esta
recente, ver O’Rourke, Rahman e Taylor profundas acerca da espécie humana e do de que os seres humanos eram capazes de regularidade era uma espécie de milagre.
(2019). modo como as pessoas interagem com a compreender “as regularidades da natureza e 45 Conforme argumenta, por exemplo, Rodrik
2 A aspiração ao “desenvolvimento”, em tecnologia. Ver Russell (2018). explorá-las em seu benefício” (p. 7). (2015). Avent (2016) vai um pouco mais
grande parte da segunda metade do século 9 Conforme demonstrado na extensa discussão 20 Ver Vries (2016). Conforme argumentou o longe, defendendo que, na era digital, será
XX, era, praticamente, um sinónimo de dos possíveis mecanismos de interação e Nobel da Economia Paul Romer (1990), uma necessário um novo tipo de instituição. Uma
“industrialização”. Acresce que, de facto, impactos da inteligência artificial sobre o vez que vivemos num planeta em que os vez que a promessa da revolução digital
no decurso da segunda metade do século emprego e os rendimentos in Frank e outros nossos recursos e capacidades de produção consiste na extinção do trabalho, serão
XX, o setor industrial se deslocalizou para (2019). são finitos, foram as ideias e a capacidade igualmente necessárias instituições que
vários países desenvolvidos — embora nem 10 A literatura acerca desta transformação é de combinar coisas distintas de formas cada providenciem o sustento das pessoas que
todo ele e não de uma forma simultânea vasta, mas, entre os trabalhos recentes que vez mais eficientes que impulsionaram o não trabalhem, visto que o seu trabalho
— levando a uma certa convergência entre afloram esta temática, contam-se Goldin e crescimento económico. Talvez a melhor não será necessário para gerar crescimento
os países ao nível do rendimento. Uma Katarna (2016), Iversen e Soskice (2019), forma de concretizar o pleno potencial da económico.
das manifestações da atração duradoura Unger (2019) e a análise mais especulativa in tecnologia seja através da manutenção 46 Karabarbounis e Neiman 2013. Quanto à
da industrialização reside no facto de Harari (2016). daquilo que Stiglitz e Greenwald (2014) dimensão global do declínio da parcela do
permanecer um dos objetivos da Agenda 11 Banco Mundial 2019a. apelidaram de “sociedade da aprendizagem”. trabalho, ver Dao e outros (2017).
2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 12 Russell 2018. 21 Basu, Caspi e Hockett (2019) demonstram 47 A erosão da procura por tarefas rotineiras
3 Até meados do século XIX, o maior rácio 13 Em 1995, nos Estados Unidos, apenas 2 por que as novas tecnologias que subjazem à associada às mudanças tecnológicas justifica
registado entre o rendimento real per cento dos casais heterossexuais se tinham economia das plataformas, embora dilatem cerca de metade da diminuição da parcela
capita da sociedade mais rica e o da mais conhecido online, ao passo que metade as fronteiras das possibilidades mundiais de do trabalho nos países desenvolvidos (FMI
pobre cifrava-se em 5 para 1 (Vries 2016). se haviam conhecido por intermédio de produção, podem deixar vastos segmentos 2017b). Para obter dados empíricos relativos
Os cálculos do Gabinete do Relatório do familiares e amigos. Já em 2017, quase 40 da população isolados e sem poder negocial. à Europa, ver Dimova (2019). O decréscimo
Desenvolvimento Humano, com base nas por cento se tinham conhecido online, face a 22 Mokyr 2002. da sindicalização foi, de igual modo, um
estimativas do rendimento por pessoa de menos de um terço que se haviam conhecido 23 Vickers e Zierbarth 2019. importante fator em alguns países, incluindo
cada país que constam da base de dados por intermédio de familiares e amigos 24 Atkinson 2015. nos Estados Unidos (ver Farber e outros
do projeto Maddison (Bolt e outros 2018), (Rosenfeld, Thomas e Hausen 2019). 25 Acemoglu e Restrepo 2019. 2018).
demonstram que o rácio ascendera a 50 14 Frost e outros 2019. 26 Para uma abordagem do direcionamento 48 Nos países desenvolvidos, a redução das
para 1 em meados do século XX. Embora 15 Fintech News Hong Kong 2019. das mudanças técnicas para a solução parcelas do trabalho reflete uma expressiva
sejam contestadas, estas estimativas 16 Banco Popular da China 2019. dos desafios ambientais, ver, a título substituição de mão-de-obra por capital,
proporcionam, ainda assim, um ponto de 17 Butera 2019. exemplificativo, Acemoglu e outros (2012). embora a explicação desta tendência difira
referência útil. Quanto à desigualdade 18 A revolução do Neolítico ou agrícola, 27 Por exemplo, o impacto da eletricidade sobre nos países em vias de desenvolvimento.
no seio dos países, Milanovic, Lindert que teve lugar há mais de 10.000 anos, é a produtividade industrial só se materializou As empresas dos países avançados
e Williamson (2010) demonstram que o frequentemente evocada enquanto exemplo por completo quando as fábricas passaram automatizam as tarefas rotineiras. Por
coeficiente de Gini relativo ao rendimento de uma transformação tecnológica à escala a estar num só piso e a presença de vários conseguinte, as tarefas com um menor
era, em média, tão elevado nas economias da Revolução Industrial. No entanto, embora motores elétricos ligados a diversos fator de substituibilidade têm uma maior
pré-industriais quanto nas industrializadas, as consequências históricas da transição equipamentos (David 1990). probabilidade de deslocalização. Nos países
com uma variação semelhante em todas as dos caçadores-recoletores pertencentes a 28 Por exemplo, no contexto da iniciativa em vias de desenvolvimento, o declínio da
economias. pequenos grupos nómadas para segmentos japonesa Society 5.0 (Sociedade 5.0) parcela do trabalho deve-se, principalmente,
4 A utilização intensiva do carvão enquanto sedentários e de maior dimensão (Governo do Japão 2017). à integração global, sobretudo à expansão
fonte de energia persistiu ao longo do século caracterizados pelo cultivo de plantas e 29 Mazzucato 2013. das cadeias globais de valor, que contribuiu
XX e foi exacerbada pela difusão do recurso pela criação de gado sejam indisputáveis, 30 Lee 2018. para o aumento, em termos gerais, da
ao motor de combustão interna. Para um os trabalhos académicos mais recentes 31 UNESCO n.d. intensidade de capital da produção nos
relato histórico das dimensões ambientais demonstram que estas transformações não 32 DAESNU 2018. países em vias de desenvolvimento (Dao e
destas inovações tecnológicas e da sua estam relacionados com a disponibilidade de 33 GSMA 2017. outros 2017).
importância, ver McNeill (2001) tecnologia per se (Scott 2017). Com efeito, 34 GSMA 2018. 49 Para uma descrição do modo como o
5 O relatório também teve em consideração a a capacidade humana de domesticação de 35 UIT 2019. decréscimo do preço relativo dos bens de
importância do equilíbrio entre os incentivos plantas e animais já existia quase 4.000 36 OCDE 2019b. investimento interage com a tecnologia e
ao investimento em novas tecnologias e anos antes. A tecnologia, porém, só se a globalização, levando à diminuição da
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2 O qual, por sua vez, é moldado quer pela uma menor probabilidade de excesso de emprego foi superior, em 70.000, ao que se 53 Roy e outros 2019.
história quer por considerações de economia colesterol e de inflamação arterial. As teria verificado caso o programa não tivesse 54 Riahi e outros 2017. Entre os outros
política — nenhuma das quais, de resto, raparigas que receberam apoio educativo existido, representando um aumento de 3,8 métodos, contam-se a elaboração de
é independente do nível de desigualdade exibiram níveis menores de stress crónico por cento do emprego das mulheres e de cenários com uma elevada resolução
social (Piketty 1995, 2014). e uma menor probabilidade de diabetes 1,7 por cento do PIB quebequense (Fortin, regional (Fujimori e outros 2017), que
3 As políticas incluíam impostos sobre o ou abuso de substâncias psicoativas. A Godbout e St-Cerny 2012; Herrera 2019.). representem as mudanças institucionais
rendimento mais elevados e progressivos, intervenção precoce promoveu o bem-estar 40 ONU Mulheres 2018. e governativas associadas aos percursos
deduções aplicadas sobre os rendimentos e as capacidades não só das crianças, à 41 Shackelford 2018. socioeconómicos partilhados de um modo
auferidos nos escalões inferiores, subsídios medida que iam crescendo, mas também dos 42 OCDE 2017a. mais explícito (Zimm, Spurling e Busch
tributáveis pagos por cada criança e um respetivos filhos e irmãos. Os descendentes 43 Baird, McIntosh e B. Özler 2013; Baird e 2018) e a menção de estimativas locais e
rendimento mínimo para todos os indivíduos. das pessoas participantes exibiram níveis de outros 2013; Hagen-Zanker e outros 2017. espacialmente explícitas da vulnerabilidade,
Ver Scheidel (2018), com base em Atkinson emprego e de instrução superiores aos dos 44 O programa recrutou voluntários entre os da pobreza e da desigualdade, que têm
(2015). filhos dos não participantes. Apresentaram trabalhadores do setor da saúde comunitária, surgido em publicações recentes baseadas
4 A título exemplificativo, o Relatório não um número inferior de suspensões que administraram contracetivos injetáveis, nos percursos socioeconómicos partilhados e
trata das tendências associadas à migração, escolares e uma menor atividade criminal, cobrando uma pequena taxa, ou ofereceram são essenciais à investigação das dimensões
ao envelhecimento, à urbanização e ao especialmente no caso das crianças de aconselhamento e referências quanto da equidade (Byers e outros 2018; Klinsky e
comércio, entre outras. pais aos quais foi ministrada educação na a outros métodos. A opção de realizar Winkler 2018).
5 “Toda a pessoa, como membro da sociedade, primeira infância (Heckman e Karapakula encontros comunitários e oferecer 55 Comissão de Banda Larga para o
tem direito à segurança social; e pode 2019b). contracetivos porta a porta teve em conta Desenvolvimento Sustentável 2019.
legitimamente exigir a satisfação dos 14 Nos Estados Unidos, por exemplo, este as condições culturais e sociais no que diz 56 Comissão de Banda Larga para o
direitos económicos, sociais e culturais tipo de políticas incluíram, desde 1960, a respeito ao fomento da consciencialização, Desenvolvimento Sustentável 2019.
indispensáveis, graças ao esforço nacional e dessegregação das escolas, a equalização aceitabilidade e utilização dos contracetivos 57 Comissão de Banda Larga para o
à cooperação internacional, de harmonia com do financiamento dos distritos escolares, modernos (Bixby Center for Population Health Desenvolvimento Sustentável 2019.
a organização e os recursos de cada país” a afetação de recursos compensatórios às and Sustainability 2014). 58 Comissão de Banda Larga para o
(Declaração Universal dos Direitos Humanos, escolas com um grande número de alunos 45 Assim como serviços de planeamento Desenvolvimento Sustentável 2019.
artigo 22.º). desfavorecidos e a prestação de um apoio familiar, de modo a oferecer à comunidade 59 Assembleia Geral da ONU 2016.
6 UNESCO 2019b. educativo suplementar na primeira infância uma plataforma de diálogo acerca da 60 A relação entre a desigualdade de
7 O número relativo a todo o mundo, em 2014, às famílias pobres. Contudo, as disparidades educação sexual e dos direitos sexuais e rendimento e o crescimento económico tem
cifrou-se em 80,1 por cento. Com base em em termos de progressos entre a base e o reprodutivos. As informações relativas à sido, com frequência, apresentada como
dados da base de dados de Indicadores do topo da distribuição socioeconómica têm saúde sexual e reprodutiva são disseminadas uma solução de compromisso (capítulo 2).
Desenvolvimento Mundial (http://datatopics. sido acentuadas e persistentes há quase através de redes de jovens, muitas das quais Este enquadramento conduziu a abordagens
worldbank. org/world-development- meio século (Hanushek e outros 2019). estão vinculadas a associações escolares, políticas polarizadas. Num dos extremos, a
indicators/), acedida em 10 de outubro de 15 Akmal e Pritchett 2019. comunitárias, religiosas e de jovens. O ênfase excessiva em políticas pró-igualdade
2019. 16 Akmal e Pritchett 2019. governo foi apoiado pelo Fundo das Nações pode descurar os incentivos económicos à
8 Ver ONU (2019b). 17 Akmal e Pritchett 2019. Unidas para a População no desenvolvimento inovação e à produção. No outro extremo,
9 Ver, por exemplo, Ritchie (2019). 18 Malouf Bous e Farr 2019. do modelo de clubes escolares e de dois as políticas pró-crescimento podem
10 PNUD 2016. 19 Shanmugaratnam 2019. manuais para professores e estudantes negligenciar a inclusão e a sustentabilidade.
11 Este pilar é compatível com as categorias 20 OIT 2019c. (FNUAP 2019). A opção por um dos lados desta solução
de abrangência, generosidade e equidade 21 Ver também Braveman e Gottlieb (2014). 46 A palavra “sasa”, que significa “agora” de compromisso resulta, frequentemente,
discutidas in Martínez e Sánchez-Ancochea 22 George 2016. em suaíli, serve de acrónimo para as num fraco desempenho tanto ao nível do
(2018, 2019a, 2019b). 23 Chemouni 2018. quatro fases da abordagem: Início (Start), crescimento quanto da igualdade. Com vista
12 Quanto aos enquadramentos e guias 24 Reich e outros 2016. Consciencialização (Awareness), Apoio à retificação destas ideias, a experiência
importantes para a operacionalização do 25 Reich e outros 2016. (Support) e Ação (Action). O programa da América Latina — porventura a região
compromisso de não deixar ninguém para 26 Stewart 2006. começa pela parceria com uma organização mais desigual do mundo, com sucessivas
trás, ver UNSDG (2019) e PNUD (2018b). Para 27 DAESNU 2009. local, que seleciona o mesmo número de vagas de experiências políticas — oferece
uma análise mais conceptual, ver Klasen e 28 Stewart 2016a. ativistas comunitários de sexo feminino e alguns exemplos que ilustram estas duas
Fleurbaey (2018). 29 Langer e Stewart 2015; Stewart 2016a. masculino — pessoas comuns interessadas abordagens: as experiências populistas
13 Por exemplo, num segmento de 30 UN CEB 2017. em questões relativas à violência, ao das décadas de 1970 e 1980, seguidas
crianças pertencentes a minorias 31 Silcoff 2018. poder e aos direitos, bem como ativistas das políticas conservadoras dos anos
socioeconomicamente desprivilegiadas 32 Patnaik 2019. institucionais que trabalham para a polícia e 90, na senda do chamado Consenso de
do Michigan, acompanhadas entre os 3 33 OCDE 2017a. no sistema de saúde, nos governos locais e Washington. Algumas das experiências
os 55 anos de idade, as crianças incluídas 34 Barker and others 2016. em grupos religiosos. É ministrada formação populistas da América Latina são analisadas
no grupo de tratamento receberam 2,5 35 Cálculos do Gabinete do Relatório do aos ativistas no tocante a novos conceitos in Dornbusch e Edwards (1991). As reformas
horas de educação por dia e uma visita Desenvolvimento Humano com base em e formas de abordar os desequilíbrios de latino-americanas da década de 1990 são
semanal ao domicílio, por forma a auxiliar dados da Gender Database do WORLD Policy poder. Em seguida, assumem a liderança da discutidas in French-Davis (2000). Encontra-
a interação dos pais com as mesmas. Os Analysis Center 2019. organização de atividades informais junto se disponível uma análise da desigualdade a
efeitos da combinação da educação com 36 Park 2015. das respetivas redes comunitárias, de modo longo prazo na América Latina, in Gasparini e
o envolvimento dos pais em tenras idades 37 OCDE 2017a. a incentivar discussões abertas e um espírito Lustig (2011).
foram significativos. Depois de crescerem, 38 OCDE 2017a. crítico. Em conjunto, estas estratégias 61 Ver análises semelhantes em CEPALC
os rapazes passaram, em média, um número 39 Del Boca 2015; Jaumotte 2003; Olivetti e garantem que os diversos membros da (2018a), figura I.1, com recurso à
de dias na prisão, entre os 20 e os 50 anos Petrongolo 2017; Thévenon 2013. O Québec comunidade sejam expostos e recebam desigualdade global, medida pelo coeficiente
de idade, 8 por cento inferior ao dos que introduziu um programa de cuidados infantis informação de pessoas da sua confiança de Gini.
não participaram no programa. Apenas 7 por universais a baixo custo em 1997, destinado (Raising Voices, London School of Hygiene 62 Esta relação negativa é estatisticamente
cento dos rapazes do grupo de tratamento a crianças com idades iguais ou inferiores a & Tropical Medicine e Center for Domestic significativa. No caso das economias do
foram condenados, pelo menos uma vez, a 4 anos, levando ao aumento da participação Violence Prevention 2015). Grupo dos 7, verifica-se uma dissociação
uma pena criminal, em comparação com 30 das jovens mulheres na população ativa. 47 ONU 2015b. entre as duas variáveis. O enfraquecimento
por cento no caso do grupo de controlo. Entre Este incentivo à adesão à população 48 Surminsky, Bouwer e Linnerooth-Bayer 2016; das políticas de promoção conjunta do
os 26 e os 40 anos de idade, registaram ativa ou a um maior número de horas de UNFCCC 2015. crescimento e da equidade foi apontado
um aumento em 20 pontos percentuais trabalho produziu, de igual modo, efeitos 49 Surminsky, Bouwer e Linnerooth-Bayer 2016. como um dos principais fatores no caso dos
do tempo despendido no emprego e um substanciais sobre a oferta de trabalho ao 50 Tigchelaar e outros 2018. O futuro Estados Unidos (Furman e Orszag 2018).
rendimento adicional cumulativo superior longo do ciclo de vida (Lefebvre, Merrigan aquecimento aumentará a probabilidade de 63 López-Calva e Rodríguez-Castelán 2016.
a $ 180.000. Os benefícios da educação na e Verstraete 2009). Além disso, quando choques globais simultâneos ao nível da 64 López-Calva e Rodríguez-Castelán 2016.
primeira infância são extensíveis à saúde o Québec introduziu o acesso universal a produção de milho. 65 Lustig, Lopez-Calva e Ortiz-Juarez 2013.
em idades posteriores. Os rapazes incluídos cuidados infantis a baixo custo, em 2008, 51 Betkowski 2018.
no grupo de tratamento apresentaram o número de mães que conseguiram um 52 Roy e outros 2019.
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Anexo estatístico
Guia do leitor 289
Tabelas estatísticas
Índices compostos de desenvolvimento humano
1 Índice de Desenvolvimento Humano e seus componentes 294
2 Tendências do Índice de Desenvolvimento Humano, 1990–2018 298
3 Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade 302
4 Índice de Desenvolvimento Humano por Género 306
5 Índice de Desigualdade de Género 310
6 Índice de Pobreza Multidimensional: países em desenvolvimento 314
Guia do leitor
As 20 tabelas estatísticas deste Anexo fornecem uma panorâmica geral de a sua criação, ver Nota técnica 6 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/
aspetos-chave do desenvolvimento humano. As primeiras seis tabelas con- hdr2019_technical_notes.pdf.
têm o conjunto dos Índices compostos de Desenvolvimento Humano e seus
componentes, estimados pelo Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Comparações ao longo do tempo e entre edições
Humano (GRDH). A sexta tabela foi elaborada em parceria com a Iniciativa
para a Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford (OPHI). As restantes Dado que as agências internacionais e nacionais melhoram continuamente
tabelas apresentam um conjunto mais alargado de indicadores relacionados as suas séries de dados, os dados apresentados neste relatório — incluindo os
com o desenvolvimento humano. Os cinco painéis utilizam códigos de cores valores e classificações de IDH — não são comparáveis com os publicados em
para a visualização de agrupamentos parciais de países, de acordo com o edições anteriores. No que diz respeito à comparabilidade entre anos diferen-
desempenho em cada indicador. tes e comparabilidade transnacional do IDH, a tabela 2 apresenta tendências
As Tabelas 1–6 e os painéis 1–5 fazem parte da versão impressa do Rela- fundamentadas em dados consistentes e a hiperligação http://hdr.undp.org/
tório do Desenvolvimento Humano de 2019. O conjunto completo das 20 en/data apresenta dados consistentes interpolados.
tabelas estatísticas faz parte da versão digital do relatório e está disponível em
http://hdr.undp.org/en/human-development-report-2019. Discrepâncias entre estimativas nacionais
Salvo observação em contrário, as tabelas utilizam os dados disponibi- e internacionais
lizados ao GRDH até 15 de julho de 2019. Todos os índices e indicadores,
assim como as notas técnicas sobre os cálculos dos índices compostos e As estimativas nacionais e internacionais de dados podem apresentar dis-
fontes de informação suplementares, encontram-se disponíveis online em crepâncias, uma vez que as agências de dados internacionais harmonizam
http://hdr.undp.org/en/data. os dados nacionais através de um processo metodológico consistente e, oca-
Os países e territórios encontram-se classificados pelos valores do IDH de sionalmente, produzem uma estimativa dos dados inexistentes para efeitos
2018. A avaliação da solidez e fiabilidade demonstrou que, no que se refere de comparabilidade entre países. Noutros casos, as agências internacionais
à maioria dos países, as diferenças verificadas no IDH não são significativas poderão não ter acesso aos dados nacionais mais recentes. Quando o GRDH
em termos estatísticos a partir da quarta casa decimal. Por esta razão, os se apercebe da existência de discrepâncias, estas são levadas ao conhecimento
países que apresentam os mesmos valores, até três casas decimais, do IDH das autoridades de dados nacionais e internacionais.
são classificados ex-aequo.
Agrupamentos e agregados de países
Fontes e definições
Nas tabelas apresentam-se diversos dados agregados para grupos de países.
O GRDH usa os dados fornecidos pelas agências de dados internacionais que Em geral, só é mostrado um agregado quando estão disponíveis dados rele-
dispõem do mandato, dos recursos e das competências para recolher dados vantes para, pelo menos, metade dos países e esses dados representam, pelo
nacionais sobre indicadores concretos, salvo especificação em contrário. menos, dois terços da população disponível nesse agrupamento. Os agrega-
No final de cada tabela, são apresentadas as definições dos indicadores e dos para cada agrupamento representam apenas os países para os quais estão
fontes dos componentes dos dados originais, com referências completas na disponíveis dados.
secção Referências Estatísticas, no fim deste anexo.
Classificação do desenvolvimento humano
Atualizações da Metodologia
As classificações do IDH têm por base limiares fixos para os IDH, que deri-
O Relatório de 2019 mantém a totalidade dos índices compostos da família vam dos quartis da distribuição dos indicadores componentes. Os limiares
dos índices do desenvolvimento humano: o Índice de Desenvolvimento são: valores de IDH inferiores a 0,550 para um desenvolvimento baixo; entre
Humano (IDH), o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desi- 0,550 e 0,699 para um desenvolvimento humano médio; entre 0,700 e 0,799
gualdade (IDHAD), o Índice de Desenvolvimento Humano por Género para um desenvolvimento humano elevado; e superiores ou iguais a 0,800
(IDHG), o Índice de Desigualdade de Género (IDG) e o Índice de Pobreza para um desenvolvimento humano muito elevado.
Multidimensional (IPM). A metodologia utilizada para calcular estes índices
é a mesma que foi usada na Atualização Estatística de 2018. Para mais por- Agrupamentos regionais
menores, ver Notas técnicas 1–5 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/
hdr2019_technical_notes.pdf. Os agrupamentos regionais têm por base a classificação regional do Programa
O Relatório de 2019 contém cinco painéis com códigos de cores (qualida- das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Os Países Menos Desenvolvidos
de do desenvolvimento humano, disparidades de género no decurso da vida, e os Pequenos Estados Insulares em Vias de Desenvolvimento são definidos
capacitação das mulheres, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade de acordo com classificações das Nações Unidas (ver www.unohrlls.org).
socioeconómica). Para mais pormenores acerca da metodologia usada para
Os dados relativos à China não incluem a Região Administrativa Especial Tabelas estatísticas
de Hong Kong, a Região Administrativa Especial de Macau e a Província
de Taiwan. As primeiras seis tabelas incluídas neste anexo estão relacionadas com os
A partir de 2 de maio de 2016, Chéquia passou a ser a designação abrevia- cinco Índices de Desenvolvimento Humano e seus componentes. Desde o
da a utilizar para a República Checa. Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010, foram calculados quatro
A partir de 1 de junho de 2018, Reino de Essuatíni passou a ser o nome do índices compostos da família dos índices do desenvolvimento humano: o
país outrora conhecido como Suazilândia. IDH, o IDHAD, o IDG e o IPM para os países em vias de desenvolvimento.
A partir de 14 de fevereiro de 2019, República da Macedónia do Norte O Relatório de 2014 introduziu o IDHG, que compara o IDH calculado
(forma abreviada: Macedónia do Norte) passou a ser o nome do país outrora separadamente para homens e mulheres.
conhecido como a antiga República Jugoslava da Macedónia. As restantes tabelas apresentam um conjunto mais alargado de indicado-
res de desenvolvimento humano e fornecem uma visão mais abrangente do
Símbolos desenvolvimento humano de um país.
No caso dos indicadores que são indicadores globais dos Objetivos de
Um traço entre dois anos, como em 2012–2018, indica que os dados dispo- Desenvolvimento Sustentável ou que podem ser utilizados para a monito-
níveis dizem respeito ao ano mais recente para o período especificado. Uma rização do progresso no sentido de objetivos específicos, os cabeçalhos das
barra entre anos, como em 2013/2018, indica que os dados consistem na tabelas contêm os objetivos e as metas relevantes.
média relativa aos anos indicados. As taxas de crescimento são geralmente A Tabela 1, “Índice de Desenvolvimento Humano e seus compo-
taxas médias anuais de crescimento entre o primeiro e o último ano do nentes”, classifica os países segundo o valor do Índice de Desenvolvimento
período referido. Humano de 2018 e dá a conhecer, de forma circunstanciada e detalhada, os
As tabelas utilizam os seguintes símbolos: valores dos três componentes do IDH: longevidade, educação (com dois indi-
.. Valor não disponível cadores) e rendimento per capita. A tabela apresenta, igualmente, a diferença
0 ou 0,0 Nulo ou irrelevante de classificações por valor de IDH e rendimento nacional bruto per capita,
— Não se aplica bem como a classificação no IDH de 2017, calculada com recurso à mais
recente revisão dos dados históricos disponível em 2019.
Agradecimentos no domínio da estatística A Tabela 2, “Tendências do Índice de Desenvolvimento Humano,
1990-2018”, apresenta uma série cronológica dos valores relativos ao IDH
Os índices compostos e outros recursos estatísticos utilizados no Relatório que permite comparar os valores relativos ao IDH de 2018 com os dos anos
têm como fonte um vasto leque dos mais respeitados fornecedores de dados anteriores. A tabela recorre à mais recente revisão dos dados históricos dis-
internacionais nos respetivos campos de especialização. O GRDH está poníveis em 2019 e à mesma metodologia aplicada para calcular os valores
particularmente grato ao Centro de Investigação sobre a Epidemiologia de IDH de 2018. A tabela inclui, ainda, as alterações de classificação com
de Catástrofes; à Comissão Económica das Nações Unidas para a América base no IDH ao longo dos últimos cinco anos, bem como a média anual de
Latina e as Caraíbas; ao Eurostat; à Organização das Nações Unidas para crescimento do IDH ao longo de quatro intervalos de tempo: 1990–2000,
Alimentação e Agricultura; à Gallup; à ICF Macro; ao Observatório de 2000–2010, 2010–2018 e 1990–2018.
Deslocamento Interno (IDMC); à Organização Internacional do Trabalho; A Tabela 3, “Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desi-
ao Fundo Monetário Internacional; à União Internacional das Teleco- gualdade”, contém duas medições relacionadas de desigualdade — o IDH
municações; à União Interparlamentar; ao Estudo sobre Rendimento do ajustado à desigualdade (IDHAD) e a perda no Índice do Desenvolvimen-
Luxemburgo; ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos to Humano devida à desigualdade. O IDHAD vai mais longe do que a
simples análise das realizações médias em matéria de longevidade, educação A Tabela 8, “Resultados relativos à saúde”, apresenta indicadores de
e rendimento de um país, refletindo a distribuição dessas realizações entre saúde infantil (percentagem de lactentes exclusivamente amamentados nas
os residentes. O valor do IDHAD pode ser interpretado como o nível de 24 horas anteriores ao inquérito, percentagem de lactentes com imunização
desenvolvimento humano quando a desigualdade é tomada em consideração. tríplice insuficiente contra a difteria, tétano e tosse convulsa, bem como
A diferença relativa entre os valores do IDHAD e do IDH é a perda devida contra o sarampo, e taxa de mortalidade infantil) e de saúde da criança (per-
à desigualdade na distribuição do IDH dentro do país. A tabela apresenta centagem de crianças com menos de 5 anos de idade que sofrem de atraso no
o coeficiente de desigualdade humana, que é a média não ponderada das crescimento e taxas de mortalidade antes dos cinco anos). A Tabela contém,
desigualdades nas três dimensões. Além disso, a tabela mostra a diferença ainda, indicadores da saúde do adulto (taxas de mortalidade em adulto divi-
de classificação por país no que respeita ao IDH e ao IDHAD. Um valor didas por género, taxas de mortalidade devido a doenças não transmissíveis
negativo significa que o facto de ter em conta a desigualdade reduz a classifi- em função da incidência de malária e tuberculose e das taxas de prevalência
cação de IDH de um país. A tabela apresenta, ainda, as partes do rendimento do VIH, divididas por género). Por fim, inclui a esperança de vida saudável à
correspondentes aos 40 por cento mais pobres, aos 10 por cento mais ricos e nascença e as atuais despesas de saúde em percentagem do PIB.
aos 1 por cento mais ricos da população, assim como o coeficiente de Gini. A Tabela 9, “Progressos na educação”, apresenta os indicadores nor-
A Tabela 4, “Índice de Desenvolvimento Humano por Género”, mede malizados relativos à educação. A tabela disponibiliza também indicadores
as disparidades relativas ao IDH por género. A tabela contém os valores de de sucesso escolar: taxa de alfabetização juvenil e de adultos, bem como a
IDH estimados separadamente para mulheres e homens, cujo rácio é o valor percentagem da população adulta com frequência do ensino secundário. Os
do IDHG. Quanto mais o rácio se aproximar de 1, menores são as disparida- rácios brutos de matrículas em cada nível de ensino são complementados
des entre mulheres e homens. Os valores para os três componentes do IDH com a taxa de abandono escolar no ensino primário e a taxa de sobrevivência
— longevidade, educação (com dois indicadores) e rendimento per capita até ao último ano do primeiro ciclo do ensino secundário geral. A Tabela
— também são apresentados por género. A Tabela inclui cinco agrupamentos apresenta, igualmente, a despesa pública com a educação enquanto percen-
de países por desvio absoluto da paridade de género nos valores do IDH. tagem do PIB.
A Tabela 5, “Índice de Desigualdade de Género”, apresenta uma A Tabela 10, “Rendimento nacional e composição dos recursos”, com-
medida composta da desigualdade de género recorrendo a três dimensões: bina indicadores macroeconómicos, como o produto interno bruto (PIB),
saúde reprodutiva, capacitação e mercado de trabalho. Os indicadores da a percentagem do PIB correspondente ao trabalho (incluindo salários e
saúde reprodutiva são a taxa de mortalidade materna e a taxa de fertilidade transferências no âmbito da proteção social), a formação bruta de capital fixo
adolescente. Os indicadores da capacitação são a percentagem de assentos (FBCF) e os impostos sobre o rendimento, os lucros e as mais-valias como
parlamentares detidos pelas mulheres e a percentagem da população que fre- percentagem das receitas totais dos impostos. A formação bruta de capital
quentou o ensino secundário por género. O indicador do mercado de traba- fixo é um indicador aproximado do rendimento nacional que é investido
lho é a participação na força de trabalho por género. Um valor baixo do IDG e não consumido.Em tempos de incerteza económica ou recessão, a FBCF
indica uma reduzida desigualdade entre mulheres e homens e vice-versa. tende a diminuir. A despesa geral de consumo final das administrações
A Tabela 6, “Índice de Pobreza Multidimensional”, regista as múltiplas públicas (apresentada como percentagem do PIB e como taxa de crescimento
privações que as pessoas dos países em desenvolvimento enfrentam em maté- anual) é um indicador da despesa pública. Além desses indicadores macroe-
ria de saúde, educação e padrões de vida. O IPM mostra simultaneamente a conómicos, dois outros indicadores para medição da dívida são apresentados,
incidência da pobreza multidimensional não relacionada com o rendimento ambos como percentagens do PIB ou do RNB: o crédito interno fornecido
(uma contagem per capita das pessoas em situação de pobreza multidimen- pelo setor financeiro e o serviço da dívida total. O Índice de Preços ao Con-
sional) e a sua intensidade (a pontuação média de privações que as pessoas sumidor, uma medida da inflação, é igualmente apresentado.
pobres sofrem). Com base nos limiares de pontuação de privações, as pessoas A Tabela 11, “Trabalho e emprego”, apresenta indicadores sobre qua-
são classificadas como vulneráveis à pobreza multidimensional, em situação tro tópicos: emprego, desemprego, trabalho que constitui um risco para o
de pobreza multidimensional ou em situação de pobreza multidimensional desenvolvimento humano e segurança social relacionada com o emprego. Os
grave. A Tabela inclui o contributo das privações verificadas em cada uma indicadores relativos ao emprego são o rácio emprego-população, a taxa de
das dimensões para a pobreza multidimensional total. Também apresenta participação na força de trabalho, o emprego na agricultura e o emprego nos
as medições de pobreza de rendimento: uma população que vive abaixo do serviços. Os indicadores relativos ao desemprego são o desemprego total, o
limiar de pobreza nacional e uma população que vive com menos de 1,90 desemprego dos jovens e a juventude NEET (não trabalha, não estuda e não
USD, em termos de paridade de poder de compra, por dia. Os valores de segue uma formação). Os indicadores relativos ao trabalho que constitui um
IPM baseiam-se numa metodologia revista desenvolvida em parceria com a risco para o desenvolvimento humano são o trabalho infantil, os trabalha-
OPHI. Para mais pormenores, ver Nota Técnica 5 em http://hdr.undp.org/ dores pobres e a percentagem do emprego não agrícola representada pelo
sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf e o sítio Web da OPHI trabalho informal. Foi acrescentado um novo indicador relativo ao nível de
(http://ophi.org.uk/multidimensional-poverty-index/). qualificação do emprego: o rácio entre o emprego altamente qualificado e o
A Tabela 7, “Tendências populacionais”, contém os principais indicado- emprego pouco qualificado. O indicador relativo à segurança social relacio-
res populacionais, incluindo a população total, a idade média da população, nada com o emprego é a percentagem da população elegível que recebe uma
os rácios de dependência e as taxas de fertilidade total, o que pode contribuir pensão de velhice.
para avaliar a carga que recai sobre a população ativa num determinado país. A Tabela 12, “Segurança humana”, reflete a dimensão da segurança da
população. A tabela começa com a percentagem de nascimentos registados,
NOTAS n Baseado em regressão transnacional. Esperança de vida à nascença: Número de anos Classificação do IDH em 2017: Classificação pelo
a Dados referentes a 2018 ou ao ano mais recente o Baseado numa regressão transnacional e na taxa que uma criança recém-nascida poderia esperar valor de IDH em 2017, que foi calculado com recurso
disponível. de crescimento projetada pela CEPALC (2019). viver se os padrões prevalecentes das taxas de à mesma revisão mais recente dos dados disponível
b No cálculo do valor do IDH, os anos de mortalidade por idades à data do nascimento em 2019 utilizada para o cálculo dos valores de IDH
p Estimativa do GRDH baseada em dados do Banco
escolaridade esperados estão limitados aos permanecessem iguais ao longo da sua vida. em 2018.
Mundial (2019a), da Divisão de Estatística das
18 anos. Nações Unidas (2019b) e da CEPALC (2019). Anos de escolaridade esperados: Número de FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
c Com base em dados da OCDE (2018). q Atualizado pelo GRDH com base em dados dos anos de escolaridade que uma criança em idade Colunas 1 e 7: Cálculos do GRDH baseados
d No cálculo do valor do IDH masculino, o RNB per Inquéritos sobre Demografia e Saúde da ICF de entrada na escola pode esperar receber, se os em dados do UNDESA (2019b), do Instituto de
capita é limitado a $75.000. Macro de 2006–2018. padrões prevalecentes das taxas de matrícula por Estatística da UNESCO (2019), da Divisão de
idades persistirem ao longo da sua vida. Estatística das Nações Unidas (2019b), do Banco
e Atualizado pelo GRDH com base em dados do r Estimativa do GRDH baseada em dados do
Instituto de Estatística da UNESCO (2019). Banco Mundial (2019a), da Divisão de Estatística Média de anos de escolaridade: Número médio Mundial (2019a), de Barro e Lee (2018) e do
das Nações Unidas (2019b) e em taxas de de anos de escolaridade das pessoas com idade FMI (2019).
f Valor do UNDESA (2011).
crescimento projetadas pela UNESCWA (2018). igual ou superior a 25 anos, convertido com base nos Coluna 2: UNDESA (2019b).
g Média de anos de escolaridade calculada para níveis de realização educativa usando as durações
a Austrália. s Atualizado pelo GRDH com base em dados do
oficiais de cada nível. Coluna 3: Instituto de Estatística da UNESCO
CEDLAS e do Banco Mundial (2018).
h Estimado com base na paridade de poder de (2019), Inquéritos sobre Demografia e Saúde da
compra (PPC) e na taxa de crescimento projetada t Atualizado pelo GRDH com base no Centro Sírio Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita: ICF Macro, Inquéritos de Grupo para Indicadores
da Suíça. para a Investigação Política (2017). Rendimento agregado de uma economia gerado Múltiplos da UNICEF e OCDE (2018).
u Estimativa do GRDH baseada em dados do Banco pela sua produção e propriedade dos fatores de
i Com base em dados de Barro e Lee (2018). produção, deduzido dos rendimentos pagos pela Coluna 4: Instituto de Estatística da UNESCO
Mundial (2019a), da Divisão de Estatística das
j Com base em dados do instituto nacional de utilização de fatores de produção pertencentes (2019), Barro e Lee (2018), Inquéritos sobre
Nações Unidas (2019b) e do FMI (2019).
estatística. ao resto do mundo, convertido para dólares Demografia e Saúde da ICF Macro, Inquéritos de
DEFINIÇÕES internacionais usando as taxas de PPC e dividido Grupo para Indicadores Múltiplos da UNICEF e
k Estimado com base na PPC e na taxa de
crescimento projetada de Espanha. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Um pelo total da população a meio do ano. OCDE (2018).
l Atualizado pelo GRDH com base em dados dos índice composto que mede as realizações médias Coluna 5: Banco Mundial (2019a), FMI (2019) e
Classificação do RNB per capita menos
Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos em três dimensões básicas do desenvolvimento Divisão de Estatística das Nações Unidas (2019b).
classificação do IDH: Diferença de classificações
do Fundo das Nações Unidas para a Infância humano: uma vida longa e saudável, o conhecimento
por RNB per capita e por valor de IDH. Um valor Coluna 6: Cálculos baseados nos dados das
(UNICEF) de 2006–2018. e um padrão de vida digno. Para mais pormenores
negativo significa que o país está mais bem colunas 1 e 5.
sobre o cálculo do Índice de Desenvolvimento
m Atualizado pelo GRDH com recurso a estimativas classificado quanto ao RNB do que pelo valor
Humano, ver Nota técnica 1 em http://hdr.undp.org/
de Barro e Lee (2018). de IDH.
sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf.
Valor (%)
Classificação do IDH 1990 2000 2010 2013 2015 2016 2017 2018 2013–2018a 1990–2000 2000–2010 2010–2018 1990–2018
TABELA
2
DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ELEVADO
1 Noruega 0,850 0,917 0,942 0,946 0,948 0,951 0,953 0,954 0 0,76 0,27 0,16 0,41
2 Suíça 0,832 0,889 0,932 0,938 0,943 0,943 0,943 0,946 0 0,67 0,47 0,18 0,46
3 Irlanda 0,764 0,857 0,890 0,908 0,926 0,936 0,939 0,942 13 1,16 0,38 0,71 0,75
4 Alemanha 0,801 0,869 0,920 0,927 0,933 0,936 0,938 0,939 0 0,82 0,57 0,25 0,57
4 Hong Kong, China (RAE) 0,781 0,827 0,901 0,916 0,927 0,931 0,936 0,939 6 0,58 0,86 0,51 0,66
6 Austrália 0,866 0,898 0,926 0,926 0,933 0,935 0,937 0,938 0 0,37 0,30 0,17 0,29
6 Islândia 0,804 0,861 0,892 0,920 0,927 0,932 0,935 0,938 3 0,69 0,35 0,64 0,55
8 Suécia 0,816 0,897 0,906 0,927 0,932 0,934 0,935 0,937 –4 0,96 0,09 0,42 0,49
9 Singapura 0,718 0,818 0,909 0,923 0,929 0,933 0,934 0,935 –1 1,31 1,07 0,35 0,95
10 Países Baixos 0,830 0,876 0,911 0,924 0,927 0,929 0,932 0,933 –3 0,55 0,39 0,31 0,42
11 Dinamarca 0,799 0,863 0,910 0,926 0,926 0,928 0,929 0,930 –6 0,77 0,54 0,27 0,54
12 Finlândia 0,784 0,858 0,903 0,916 0,919 0,922 0,924 0,925 –2 0,90 0,52 0,30 0,59
13 Canadá 0,850 0,868 0,895 0,910 0,917 0,920 0,921 0,922 2 0,21 0,31 0,38 0,29
14 Nova Zelândia 0,820 0,870 0,899 0,907 0,914 0,917 0,920 0,921 4 0,59 0,34 0,30 0,42
15 Reino Unido 0,775 0,867 0,905 0,914 0,916 0,918 0,919 0,920 –3 1,13 0,43 0,21 0,62
15 Estados Unidos 0,860 0,881 0,911 0,914 0,917 0,919 0,919 0,920 –3 0,24 0,34 0,12 0,24
17 Bélgica 0,806 0,873 0,903 0,908 0,913 0,915 0,917 0,919 –1 0,80 0,33 0,22 0,47
18 Listenstaine .. 0,862 0,904 0,912 0,912 0,915 0,916 0,917 –4 .. 0,48 0,17 ..
19 Japão 0,816 0,855 0,885 0,900 0,906 0,910 0,913 0,915 0 0,47 0,34 0,42 0,41
20 Áustria 0,795 0,838 0,895 0,896 0,906 0,909 0,912 0,914 0 0,54 0,66 0,26 0,50
21 Luxemburgo 0,790 0,860 0,893 0,892 0,899 0,904 0,908 0,909 2 0,85 0,37 0,22 0,50
22 Israel 0,792 0,853 0,887 0,895 0,901 0,902 0,904 0,906 –1 0,74 0,39 0,27 0,48
22 Coreia (República da) 0,728 0,817 0,882 0,893 0,899 0,901 0,904 0,906 0 1,17 0,77 0,33 0,78
24 Eslovénia 0,829 0,824 0,881 0,884 0,886 0,892 0,899 0,902 0 –0,05 0,67 0,29 0,30
25 Espanha 0,754 0,825 0,865 0,875 0,885 0,888 0,891 0,893 1 0,90 0,47 0,40 0,60
26 Chéquia 0,730 0,796 0,862 0,874 0,882 0,885 0,888 0,891 1 0,86 0,80 0,41 0,71
26 França 0,780 0,842 0,872 0,882 0,888 0,887 0,890 0,891 –1 0,77 0,35 0,27 0,48
28 Malta 0,744 0,787 0,847 0,861 0,877 0,881 0,883 0,885 2 0,56 0,74 0,55 0,62
29 Itália 0,769 0,830 0,871 0,873 0,875 0,878 0,881 0,883 –1 0,77 0,48 0,17 0,49
30 Estónia 0,730 0,780 0,844 0,863 0,871 0,875 0,879 0,882 –1 0,67 0,79 0,54 0,68
31 Chipre 0,731 0,799 0,850 0,854 0,864 0,869 0,871 0,873 2 0,90 0,62 0,34 0,64
32 Grécia 0,753 0,796 0,857 0,858 0,868 0,866 0,871 0,872 –1 0,56 0,74 0,22 0,53
32 Polónia 0,712 0,785 0,835 0,851 0,858 0,864 0,868 0,872 2 0,98 0,62 0,54 0,72
34 Lituânia 0,732 0,755 0,824 0,840 0,855 0,860 0,866 0,869 5 0,31 0,88 0,67 0,62
35 Emirados Árabes Unidos 0,723 0,782 0,821 0,839 0,860 0,863 0,864 0,866 5 0,78 0,48 0,68 0,65
36 Andorra .. 0,759 0,828 0,846 0,850 0,854 0,852 0,857 –1 .. 0,88 0,43 ..
36 Arábia Saudita 0,698 0,744 0,810 0,846 0,857 0,857 0,856 0,857 –1 0,64 0,85 0,71 0,74
36 Eslováquia 0,739 0,763 0,829 0,844 0,849 0,851 0,854 0,857 1 0,33 0,82 0,42 0,53
39 Letónia 0,698 0,728 0,817 0,834 0,842 0,845 0,849 0,854 4 0,41 1,16 0,56 0,72
40 Portugal 0,711 0,785 0,822 0,837 0,843 0,846 0,848 0,850 1 0,98 0,46 0,42 0,64
41 Qatar 0,757 0,816 0,834 0,857 0,851 0,847 0,848 0,848 –9 0,74 0,22 0,22 0,41
42 Chile 0,703 0,753 0,800 0,830 0,839 0,843 0,845 0,847 2 0,70 0,61 0,71 0,67
43 Brunei Darussalam 0,768 0,805 0,832 0,844 0,843 0,844 0,843 0,845 –6 0,47 0,33 0,19 0,34
43 Hungria 0,704 0,769 0,826 0,835 0,835 0,838 0,841 0,845 –1 0,89 0,72 0,28 0,65
45 Bahrein 0,736 0,792 0,796 0,807 0,834 0,839 0,839 0,838 6 0,74 0,06 0,64 0,46
46 Croácia 0,670 0,749 0,811 0,825 0,830 0,832 0,835 0,837 –1 1,12 0,79 0,41 0,80
47 Omã .. 0,704 0,793 0,811 0,827 0,834 0,833 0,834 1 .. 1,19 0,63 ..
48 Argentina 0,707 0,770 0,818 0,824 0,828 0,828 0,832 0,830 –2 0,86 0,61 0,18 0,58
49 Federação Russa 0,734 0,721 0,780 0,803 0,813 0,817 0,822 0,824 3 –0,18 0,79 0,69 0,41
50 Bielorrússia .. 0,682 0,792 0,808 0,811 0,812 0,815 0,817 0 .. 1,50 0,39 ..
50 Cazaquistão 0,690 0,685 0,764 0,791 0,806 0,808 0,813 0,817 9 –0,07 1,10 0,84 0,61
52 Bulgária 0,694 0,712 0,779 0,792 0,807 0,812 0,813 0,816 6 0,26 0,90 0,58 0,58
52 Montenegro .. .. 0,793 0,801 0,807 0,809 0,813 0,816 1 .. .. 0,36 ..
52 Roménia 0,701 0,709 0,797 0,800 0,806 0,808 0,813 0,816 2 0,11 1,18 0,29 0,54
55 Palau .. 0,736 0,776 0,811 0,803 0,808 0,811 0,814 –7 .. 0,53 0,60 ..
56 Barbados 0,732 0,771 0,799 0,812 0,812 0,814 0,813 0,813 –9 0,53 0,35 0,22 0,38
57 Koweit 0,712 0,786 0,794 0,798 0,807 0,809 0,809 0,808 –2 1,00 0,10 0,22 0,45
57 Uruguai 0,692 0,742 0,774 0,797 0,802 0,806 0,807 0,808 –1 0,69 0,42 0,54 0,55
59 Turquia 0,579 0,655 0,743 0,781 0,800 0,800 0,805 0,806 5 1,26 1,26 1,03 1,19
60 Bahamas .. 0,787 0,795 0,797 0,799 0,800 0,804 0,805 –4 .. 0,10 0,16 ..
61 Malásia 0,644 0,724 0,773 0,787 0,797 0,801 0,802 0,804 –1 1,18 0,66 0,49 0,80
62 Seicheles .. 0,712 0,762 0,782 0,801 0,801 0,800 0,801 1 .. 0,68 0,63 ..
Variação da
classificação
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do IDH Média anual de crescimento do IDH
Valor (%)
Classificação do IDH 1990 2000 2010 2013 2015 2016 2017 2018 2013–2018a 1990–2000 2000–2010 2010–2018 1990–2018
TABELA
2
DESENVOLVIMENTO HUMANO ELEVADO
63 Sérvia 0,706 0,710 0,762 0,775 0,785 0,791 0,794 0,799 4 0,06 0,71 0,60 0,45
63 Trinidade e Tobago 0,667 0,721 0,788 0,787 0,796 0,796 0,799 0,799 –3 0,78 0,90 0,17 0,65
65 Irão (República Islâmica do) 0,577 0,671 0,756 0,785 0,789 0,799 0,799 0,797 –3 1,53 1,20 0,68 1,17
66 Maurícia 0,620 0,674 0,748 0,775 0,786 0,790 0,793 0,796 1 0,84 1,04 0,79 0,90
67 Panamá 0,659 0,719 0,758 0,775 0,782 0,788 0,793 0,795 0 0,87 0,53 0,60 0,67
68 Costa Rica 0,655 0,711 0,754 0,777 0,786 0,789 0,792 0,794 –2 0,82 0,59 0,64 0,69
69 Albânia 0,644 0,667 0,740 0,781 0,788 0,788 0,789 0,791 –5 0,35 1,05 0,84 0,74
70 Geórgia .. 0,669 0,732 0,756 0,771 0,776 0,783 0,786 5 .. 0,90 0,91 ..
71 Sri Lanca 0,625 0,687 0,750 0,765 0,772 0,774 0,776 0,780 2 0,95 0,88 0,49 0,80
72 Cuba 0,676 0,686 0,776 0,762 0,768 0,771 0,777 0,778 2 0,15 1,24 0,02 0,50
73 São Cristóvão e Nevis .. .. 0,747 0,767 0,769 0,772 0,774 0,777 –2 .. .. 0,48 ..
74 Antígua e Barbuda .. .. 0,771 0,767 0,770 0,772 0,774 0,776 –3 .. .. 0,08 ..
75 Bósnia-Herzegovina .. 0,669 0,714 0,748 0,755 0,765 0,767 0,769 5 .. 0,65 0,93 ..
76 México 0,652 0,705 0,739 0,750 0,759 0,764 0,765 0,767 2 0,79 0,48 0,47 0,59
77 Tailândia 0,574 0,649 0,721 0,731 0,746 0,753 0,762 0,765 12 1,24 1,05 0,74 1,03
78 Granada .. .. 0,743 0,750 0,756 0,760 0,760 0,763 0 .. .. 0,33 ..
79 Brasil 0,613 0,684 0,726 0,752 0,755 0,757 0,760 0,761 –3 1,11 0,59 0,59 0,78
79 Colômbia 0,600 0,662 0,729 0,746 0,753 0,759 0,760 0,761 2 0,99 0,96 0,54 0,85
81 Arménia 0,633 0,649 0,729 0,743 0,748 0,751 0,758 0,760 3 0,24 1,17 0,52 0,65
82 Argélia 0,578 0,646 0,730 0,746 0,751 0,755 0,758 0,759 –1 1,11 1,23 0,49 0,97
82 Macedónia do Norte .. 0,669 0,735 0,743 0,753 0,757 0,758 0,759 2 .. 0,94 0,41 ..
82 Peru 0,613 0,679 0,721 0,742 0,750 0,755 0,756 0,759 4 1,03 0,59 0,65 0,76
85 China 0,501 0,591 0,702 0,727 0,742 0,749 0,753 0,758 7 1,66 1,74 0,95 1,48
85 Equador 0,642 0,669 0,716 0,751 0,758 0,756 0,757 0,758 –8 0,41 0,68 0,71 0,59
87 Azerbaijão .. 0,641 0,732 0,741 0,749 0,749 0,752 0,754 0 .. 1,34 0,36 ..
88 Ucrânia 0,705 0,671 0,732 0,744 0,742 0,746 0,747 0,750 –5 –0,49 0,87 0,29 0,22
89 República Dominicana 0,593 0,653 0,701 0,712 0,733 0,738 0,741 0,745 10 0,97 0,71 0,76 0,82
89 Santa Lúcia .. 0,694 0,730 0,726 0,736 0,744 0,744 0,745 4 .. 0,50 0,26 ..
91 Tunísia 0,569 0,653 0,717 0,725 0,731 0,736 0,738 0,739 3 1,40 0,93 0,39 0,94
92 Mongólia 0,583 0,589 0,697 0,728 0,736 0,730 0,729 0,735 –1 0,11 1,70 0,66 0,83
93 Líbano .. .. 0,751 0,741 0,728 0,725 0,732 0,730 –6 .. .. –0,36 ..
94 Botsuana 0,570 0,578 0,660 0,699 0,714 0,719 0,724 0,728 11 0,14 1,34 1,22 0,88
94 São Vicente e Granadinas .. 0,674 0,711 0,714 0,721 0,725 0,726 0,728 4 .. 0,54 0,29 ..
96 Jamaica 0,641 0,669 0,723 0,720 0,722 0,722 0,725 0,726 0 0,42 0,78 0,05 0,44
96 Venezuela (República Bolivariana da) 0,638 0,672 0,753 0,772 0,763 0,752 0,735 0,726 –26 0,51 1,14 –0,45 0,46
98 Dominica .. 0,694 0,733 0,730 0,729 0,729 0,723 0,724 –8 .. 0,54 –0,15 ..
98 Ilhas Fiji 0,640 0,675 0,694 0,707 0,718 0,718 0,721 0,724 3 0,53 0,28 0,52 0,44
98 Paraguai 0,588 0,640 0,692 0,709 0,718 0,718 0,722 0,724 2 0,85 0,80 0,56 0,75
98 Suriname .. .. 0,701 0,724 0,730 0,725 0,722 0,724 –3 .. .. 0,41 ..
102 Jordânia 0,616 0,702 0,728 0,720 0,721 0,722 0,722 0,723 –6 1,31 0,36 –0,07 0,57
103 Belize 0,613 0,643 0,693 0,707 0,715 0,722 0,719 0,720 –2 0,49 0,74 0,49 0,58
104 Maldivas .. 0,610 0,669 0,693 0,709 0,713 0,716 0,719 4 .. 0,92 0,90 ..
105 Tonga 0,645 0,666 0,692 0,699 0,714 0,715 0,717 0,717 0 0,31 0,39 0,45 0,38
106 Filipinas 0,590 0,631 0,672 0,692 0,702 0,704 0,709 0,712 3 0,67 0,62 0,73 0,67
107 Moldávia (República da) 0,653 0,609 0,681 0,702 0,703 0,705 0,709 0,711 –3 –0,70 1,12 0,56 0,30
108 Turquemenistão .. .. 0,673 0,691 0,701 0,706 0,708 0,710 2 .. .. 0,67 ..
108 Usbequistão .. 0,596 0,665 0,688 0,696 0,701 0,707 0,710 3 .. 1,10 0,83 ..
110 Líbia 0,676 0,728 0,757 0,707 0,691 0,690 0,704 0,708 –9 0,74 0,39 –0,84 0,16
111 Indonésia 0,525 0,604 0,666 0,688 0,696 0,700 0,704 0,707 0 1,40 0,99 0,74 1,07
111 Samoa 0,621 0,638 0,690 0,696 0,699 0,704 0,706 0,707 –4 0,26 0,79 0,30 0,46
113 África do Sul 0,625 0,629 0,662 0,683 0,699 0,702 0,704 0,705 0 0,06 0,52 0,78 0,43
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 0,540 0,616 0,655 0,673 0,685 0,692 0,700 0,703 3 1,31 0,63 0,88 0,94
115 Gabão 0,619 0,627 0,658 0,679 0,692 0,696 0,700 0,702 1 0,13 0,48 0,81 0,45
116 Egito 0,546 0,611 0,666 0,681 0,690 0,695 0,696 0,700 –2 1,13 0,86 0,62 0,89
DESENVOLVIMENTO HUMANO MÉDIO
117 Ilhas Marshall .. .. .. .. .. .. 0,696 0,698 .. .. .. .. ..
118 Vietname 0,475 0,578 0,653 0,673 0,680 0,685 0,690 0,693 –1 1,99 1,23 0,74 1,36
119 Palestina (Estado da) .. .. 0,671 0,681 0,685 0,687 0,689 0,690 –5 .. .. 0,35 ..
120 Iraque 0,574 0,608 0,652 0,662 0,665 0,672 0,684 0,689 –1 0,58 0,71 0,68 0,65
121 Marrocos 0,458 0,531 0,618 0,646 0,660 0,669 0,675 0,676 2 1,48 1,53 1,14 1,40
122 Quirguizistão 0,618 0,594 0,636 0,658 0,666 0,669 0,671 0,674 –1 –0,39 0,69 0,73 0,31
123 Guiana 0,537 0,606 0,639 0,656 0,663 0,666 0,668 0,670 –1 1,21 0,53 0,61 0,79
Variação da
classificação
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do IDH Média anual de crescimento do IDH
Valor (%)
Classificação do IDH 1990 2000 2010 2013 2015 2016 2017 2018 2013–2018a 1990–2000 2000–2010 2010–2018 1990–2018
TABELA
124 El Salvador 0,529 0,608 0,659 0,662 0,660 0,662 0,665 0,667 –5 1,40 0,82 0,14 0,83
2 125 Tajiquistão 0,603 0,538 0,630 0,643 0,642 0,647 0,651 0,656 –1 –1,13 1,60 0,50 0,30
126 Cabo Verde .. 0,564 0,626 0,641 0,643 0,645 0,647 0,651 –1 .. 1,06 0,48 ..
126 Guatemala 0,477 0,546 0,602 0,616 0,647 0,648 0,649 0,651 2 1,36 0,98 0,98 1,11
126 Nicarágua 0,494 0,568 0,614 0,630 0,644 0,649 0,653 0,651 0 1,41 0,77 0,74 0,99
129 Índia 0,431 0,497 0,581 0,607 0,627 0,637 0,643 0,647 1 1,43 1,57 1,34 1,46
130 Namíbia 0,579 0,543 0,588 0,622 0,637 0,639 0,643 0,645 –3 –0,64 0,78 1,17 0,38
131 Timor-Leste .. 0,505 0,620 0,613 0,628 0,628 0,624 0,626 –2 .. 2,06 0,13 ..
132 Honduras 0,508 0,555 0,598 0,603 0,613 0,618 0,621 0,623 0 0,88 0,76 0,51 0,73
132 Quiribati .. 0,564 0,589 0,605 0,619 0,622 0,623 0,623 –1 .. 0,43 0,71 ..
134 Butão .. .. 0,571 0,594 0,606 0,610 0,615 0,617 0 .. .. 0,98 ..
135 Bangladeche 0,388 0,470 0,549 0,572 0,588 0,599 0,609 0,614 5 1,95 1,56 1,40 1,65
135 Micronésia (Estados Federados da) .. 0,541 0,595 0,599 0,606 0,608 0,612 0,614 –2 .. 0,95 0,41 ..
137 São Tomé e Príncipe 0,437 0,480 0,546 0,568 0,590 0,593 0,603 0,609 5 0,94 1,31 1,36 1,19
138 Congo 0,531 0,495 0,557 0,581 0,614 0,613 0,609 0,608 –1 –0,71 1,19 1,12 0,49
138 Essuatíni (Reino de) 0,545 0,468 0,513 0,558 0,585 0,596 0,603 0,608 6 –1,51 0,92 2,15 0,39
140 República Democrática Popular do Laos 0,399 0,466 0,546 0,579 0,594 0,598 0,602 0,604 –2 1,55 1,60 1,28 1,49
141 Vanuatu .. .. 0,585 0,588 0,592 0,592 0,595 0,597 –6 .. .. 0,26 ..
142 Gana 0,454 0,483 0,554 0,578 0,585 0,587 0,591 0,596 –3 0,61 1,39 0,91 0,97
143 Zâmbia 0,424 0,428 0,531 0,559 0,570 0,580 0,589 0,591 0 0,11 2,17 1,35 1,20
144 Guiné Equatorial .. 0,520 0,580 0,588 0,593 0,592 0,590 0,588 –9 .. 1,09 0,18 ..
145 Mianmar 0,349 0,424 0,523 0,551 0,565 0,571 0,577 0,584 2 1,94 2,13 1,39 1,85
146 Camboja 0,384 0,419 0,535 0,555 0,566 0,572 0,578 0,581 –1 0,89 2,46 1,05 1,49
147 Quénia 0,467 0,446 0,533 0,551 0,562 0,568 0,574 0,579 0 –0,46 1,79 1,04 0,77
147 Nepal 0,380 0,446 0,527 0,555 0,568 0,572 0,574 0,579 –2 1,61 1,70 1,18 1,52
149 Angola .. 0,394 0,510 0,547 0,565 0,570 0,576 0,574 1 .. 2,63 1,50 ..
150 Camarões 0,445 0,438 0,471 0,531 0,548 0,556 0,560 0,563 3 –0,15 0,71 2,26 0,84
150 Zimbabué 0,498 0,452 0,472 0,527 0,543 0,549 0,553 0,563 4 –0,95 0,43 2,22 0,44
152 Paquistão 0,404 0,449 0,524 0,537 0,550 0,556 0,558 0,560 –1 1,06 1,55 0,85 1,17
153 Ilhas Salomão .. 0,476 0,524 0,550 0,555 0,553 0,555 0,557 –4 .. 0,97 0,78 ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 0,558 0,590 0,644 0,572 0,540 0,539 0,544 0,549 –14 0,57 0,88 –1.98 –0,06
155 Papua-Nova Guiné 0,377 0,436 0,510 0,521 0,539 0,541 0,543 0,543 0 1,45 1,58 0,80 1,31
156 Comores .. 0,457 0,513 0,532 0,535 0,537 0,539 0,538 –4 .. 1,15 0,60 ..
157 Ruanda 0,245 0,337 0,488 0,506 0,515 0,525 0,529 0,536 2 3,24 3,77 1,19 2,84
158 Nigéria .. .. 0,484 0,520 0,527 0,528 0,533 0,534 –2 .. .. 1,25 ..
159 Tanzânia (República Unida da) 0,373 0,395 0,487 0,503 0,519 0,518 0,522 0,528 2 0,59 2,10 1,03 1,25
159 Uganda 0,312 0,395 0,489 0,503 0,515 0,520 0,522 0,528 2 2,37 2,16 0,97 1,89
161 Mauritânia 0,378 0,446 0,490 0,511 0,521 0,519 0,524 0,527 –4 1,67 0,94 0,91 1,19
162 Madagáscar .. 0,456 0,504 0,509 0,514 0,515 0,518 0,521 –4 .. 1,01 0,42 ..
163 Benim 0,348 0,398 0,473 0,500 0,510 0,512 0,515 0,520 0 1,36 1,74 1,19 1,45
164 Lesoto 0,488 0,444 0,461 0,486 0,499 0,507 0,514 0,518 2 –0,93 0,37 1,46 0,21
165 Costa do Marfim 0,391 0,407 0,454 0,475 0,494 0,508 0,512 0,516 5 0,40 1,09 1,61 0,99
166 Senegal 0,377 0,390 0,468 0,494 0,504 0,506 0,510 0,514 –2 0,36 1,84 1,17 1,12
167 Togo 0,405 0,426 0,468 0,490 0,502 0,506 0,510 0,513 –2 0,50 0,94 1,16 0,85
168 Sudão 0,332 0,403 0,471 0,477 0,501 0,505 0,507 0,507 1 1,97 1,57 0,93 1,53
169 Haiti 0,412 0,440 0,467 0,483 0,492 0,497 0,501 0,503 –1 0,67 0,60 0,92 0,72
170 Afeganistão 0,298 0,345 0,464 0,485 0,490 0,491 0,493 0,496 –3 1,47 3,01 0,83 1,84
171 Djibouti .. 0,361 0,446 0,467 0,482 0,489 0,492 0,495 0 .. 2,14 1,32 ..
172 Malaui 0,303 0,362 0,437 0,463 0,475 0,478 0,482 0,485 0 1,79 1,90 1,32 1,69
173 Etiópia .. 0,283 0,412 0,439 0,453 0,460 0,466 0,470 3 .. 3,81 1,66 ..
174 Gâmbia 0,328 0,382 0,437 0,448 0,454 0,456 0,459 0,466 0 1,53 1,35 0,79 1,26
174 Guiné 0,278 0,335 0,408 0,439 0,449 0,456 0,463 0,466 2 1,86 2,00 1,67 1,86
176 Libéria .. 0,422 0,441 0,463 0,463 0,463 0,466 0,465 –4 .. 0,44 0,67 ..
177 Iémen 0,392 0,432 0,499 0,506 0,493 0,477 0,463 0,463 –18 0,99 1,44 –0,94 0,59
178 Guiné–Bissau .. .. 0,426 0,441 0,453 0,457 0,460 0,461 –3 .. .. 1,01 ..
179 Congo (República Democrática do) 0,377 0,333 0,416 0,429 0,445 0,453 0,456 0,459 0 –1,24 2,24 1,24 0,70
180 Moçambique 0,217 0,301 0,396 0,412 0,428 0,435 0,442 0,446 3 3,34 2,79 1,51 2,61
181 Serra Leoa 0,270 0,298 0,391 0,426 0,422 0,423 0,435 0,438 –1 0,99 2,74 1,45 1,74
182 Burquina Faso .. 0,286 0,375 0,401 0,413 0,420 0,429 0,434 3 .. 2,74 1,84 ..
182 Eritreia .. .. 0,433 0,425 0,433 0,434 0,431 0,434 –1 .. .. 0,02 ..
184 Mali 0,231 0,308 0,403 0,408 0,412 0,420 0,426 0,427 0 2,92 2,72 0,72 2,22
185 Burundi 0,295 0,293 0,402 0,422 0,427 0,427 0,421 0,423 –3 –0,07 3,20 0,65 1,29
Variação da
classificação
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do IDH Média anual de crescimento do IDH
Valor (%)
Classificação do IDH 1990 2000 2010 2013 2015 2016 2017 2018 2013–2018a 1990–2000 2000–2010 2010–2018 1990–2018
TABELA
186 Sudão do Sul .. .. 0,425 0,439 0,428 0,418 0,414 0,413 –10 .. .. –0,35 ..
187 Chade .. 0,298 0,374 0,399 0,403 0,398 0,401 0,401 –1 .. 2,29 0,89 .. 2
188 República Centro-Africana 0,320 0,307 0,355 0,351 0,362 0,372 0,376 0,381 –1 –0,41 1,44 0,89 0,62
189 Níger 0,213 0,253 0,319 0,345 0,360 0,365 0,373 0,377 –1 1,75 2,34 2,09 2,06
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
Coreia (República Popular Democrática
.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
da)
.. Mónaco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Nauru .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. São Marino .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Somália .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Tuvalu .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
Agrupamentos por IDH
Desenvolvimento humano muito
0,779 0,823 0,866 0,878 0,886 0,888 0,890 0,892 — 0,55 0,52 0,36 0,48
elevado
Desenvolvimento humano elevado 0,568 0,630 0,706 0,727 0,738 0,743 0,746 0,750 — 1,04 1,15 0,75 1,00
Desenvolvimento humano médio 0,436 0,497 0,575 0,599 0,616 0,625 0,630 0,634 — 1,30 1,48 1,22 1,34
Desenvolvimento humano baixo 0,352 0,386 0,473 0,490 0,499 0,501 0,505 0,507 — 0,94 2,04 0,88 1,32
Países em desenvolvimento 0,516 0,571 0,642 0,663 0,674 0,680 0,683 0,686 — 1,02 1,19 0,82 1,02
Regiões
Estados Árabes 0,556 0,613 0,676 0,688 0,695 0,699 0,701 0,703 — 0,99 0,98 0,49 0,84
Ásia Oriental e Pacífico 0,519 0,597 0,691 0,714 0,727 0,733 0,737 0,741 — 1,42 1,48 0,87 1,28
Europa e Ásia Central 0,652 0,667 0,735 0,759 0,770 0,772 0,776 0,779 — 0,23 0,97 0,72 0,64
América Latina e Caraíbas 0,628 0,687 0,731 0,748 0,754 0,756 0,758 0,759 — 0,90 0,62 0,46 0,68
Ásia do Sul 0,441 0,505 0,585 0,607 0,624 0,634 0,639 0,642 — 1,36 1,48 1,18 1,35
África Subsariana 0,402 0,423 0,498 0,521 0,532 0,535 0,539 0,541 — 0,50 1,65 1,03 1,06
Países menos avançados 0,350 0,399 0,485 0,504 0,516 0,520 0,525 0,528 — 1,30 1,98 1,08 1,48
Pequenos Estados insulares em vias de
0,595 0,642 0,702 0,708 0,717 0,719 0,722 0,723 — 0,77 0,91 0,35 0,70
desenvolvimento
Organização para a Cooperação e
0,785 0,834 0,873 0,883 0,889 0,892 0,894 0,895 — 0,61 0,45 0,32 0,47
o Desenvolvimento Económico
Mundo 0,598 0,641 0,697 0,713 0,722 0,727 0,729 0,731 — 0,71 0,84 0,60 0,72
NOTAS DEFINIÇÕES Média anual de crescimento do IDH: Um Estatística das Nações Unidas (2019b), do Banco
No que diz respeito à comparabilidade entre anos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Um crescimento anual regularizado do IDH num Mundial (2019a), de Barro e Lee (2018) e do FMI
diferentes e à comparabilidade transnacional dos índice composto que mede as realizações médias determinado período, calculado como taxa de (2019).
valores de IDH, dever-se-á utilizar esta tabela ou os em três dimensões básicas do desenvolvimento crescimento anual composta.
Coluna 9: Cálculos baseados nos dados das colunas
dados interpolados disponíveis em http://hdr.undp. humano: uma vida longa e saudável, o conhecimento FONTES DE DADOS PRINCIPAIS 4 e 8.
org/en/data, onde se apresentam tendências com e um padrão de vida digno. Para mais pormenores
base em dados consistentes. Colunas 1–8: Cálculos do GRDH baseados Colunas 10–13: Cálculos baseados nos dados das
sobre o cálculo do Índice de Desenvolvimento em dados do UNDESA (2019b), do Instituto de
a Um valor positivo indica uma melhoria na Humano, ver Nota técnica 1 em http://hdr.undp.org/ colunas 1, 2, 3 e 8.
Estatística da UNESCO (2019), da Divisão de
classificação. sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf.
(%)
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2015–2020c 2018 2018d 2018 2018d 2018 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e
TABELA
DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ELEVADO
3 1 Noruega 0,954 0,889 6,8 0 6,7 3,0 0,929 4,4 0,879 12,7 0,860 23,1 22,3 8,4 27,5
2 Suíça 0,946 0,882 6,8 –1 6,6 3,5 0,945 1,9 0,879 14,5 0,825 20,3 25,2 11,9 32,3
3 Irlanda 0,942 0,865 8,2 –6 8,0 3,4 0,923 3,5 0,885 16,9 0,793 20,9 25,4 12,8 31,8
4 Alemanha 0,939 0,861 8,3 –7 8,1 3,8 0,905 2,7 0,920 17,7 0,765 20,7 24,8 11,1 31,7
4 Hong Kong, China (RAE) 0,939 0,815 13,2 –17 12,6 2,5 0,970 9,8 0,776 25,6 0,720 .. .. .. ..
6 Austrália 0,938 0,862 8,1 –4 7,9 3,7 0,938 2,7 0,898 17,3 0,761 18,8 27,8 9,1 35,8
6 Islândia 0,938 0,885 5,7 4 5,6 2,4 0,944 2,8 0,892 11,7 0,822 23,2 23,5 6,8 27,8
8 Suécia 0,937 0,874 6,7 2 6,6 2,9 0,936 3,8 0,880 13,0 0,811 22,1 22,9 8,3 29,2
9 Singapura 0,935 0,810 13,3 –14 12,8 2,5 0,952 11,0 0,745 25,0 0,750 .. .. 14,0 ..
10 Países Baixos 0,933 0,870 6,8 2 6,7 3,1 0,926 4,9 0,862 12,1 0,826 22,8 23,0 6,2 28,2
11 Dinamarca 0,930 0,873 6,1 4 6,0 3,6 0,901 3,0 0,892 11,4 0,829 23,3 23,8 12,8 28,2
12 Finlândia 0,925 0,876 5,3 7 5,2 3,0 0,921 2,3 0,894 10,4 0,816 23,4 22,4 7,3 27,1
13 Canadá 0,922 0,841 8,8 –4 8,5 4,6 0,915 2,7 0,867 18,2 0,751 18,9 25,3 13,6 34,0
14 Nova Zelândia 0,921 0,836 9,2 –4 9,1 4,3 0,915 6,4 0,863 16,4 0,740 .. .. 8,2 ..
15 Reino Unido 0,920 0,845 8,2 0 8,0 4,1 0,903 2,8 0,890 17,0 0,750 19,7 25,4 11,7 33,2
15 Estados Unidos 0,920 0,797 13,4 –13 12,8 6,3 0,848 5,5 0,849 26,6 0,702 15,2 30,6 20,2 41,5
17 Bélgica 0,919 0,849 7,6 3 7,6 3,6 0,912 7,7 0,824 11,4 0,814 22,6 22,2 6,7 27,7
18 Listenstaine 0,917 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
19 Japão 0,915 0,882 3,6 15 3,6 2,9 0,963 1,6 0,836 6,3 0,851 20,3 f 24,7 f 10,4 32,1 f
20 Áustria 0,914 0,843 7,7 3 7,5 3,7 0,910 3,0 0,845 15,9 0,780 21,1 23,8 8,2 30,5
21 Luxemburgo 0,909 0,822 9,5 1 9,3 3,4 0,923 8,0 0,738 16,6 0,817 19,3 25,4 9,1 33,8
22 Israel 0,906 0,809 10,8 –3 10,2 3,3 0,935 3,7 0,844 23,7 0,671 15,9 27,7 .. 38,9
22 Coreia (República da) 0,906 0,777 14,3 –9 13,9 3,0 0,938 18,5 0,702 20,2 0,712 20,3 23,8 12,2 31,6
24 Eslovénia 0,902 0,858 4,8 11 4,7 2,9 0,914 2,2 0,874 9,1 0,792 24,1 21,0 6,7 25,4
25 Espanha 0,893 0,765 14,3 –13 14,0 3,0 0,947 17,1 0,683 21,9 0,692 17,5 26,2 9,8 36,2
26 Chéquia 0,891 0,850 4,6 12 4,5 3,0 0,884 1,4 0,880 9,2 0,789 24,4 22,1 9,5 25,9
26 França 0,891 0,809 9,2 1 9,1 3,8 0,926 9,1 0,737 14,4 0,777 20,7 26,6 10,8 32,7
28 Malta 0,885 0,815 8,0 6 7,9 4,6 0,915 6,7 0,763 12,5 0,774 21,9 23,6 11,7 29,4
29 Itália 0,883 0,776 12,1 –4 11,8 3,1 0,944 11,0 0,706 21,3 0,700 18,0 25,7 7,5 35,4
30 Estónia 0,882 0,818 7,2 9 7,0 3,6 0,869 2,1 0,862 15,5 0,730 20,0 24,4 7,0 32,7
31 Chipre 0,873 0,788 9,7 1 9,6 3,6 0,902 11,0 0,722 14,3 0,751 20,0 27,4 8,6 34,0
32 Grécia 0,872 0,766 12,2 –5 11,9 3,5 0,922 12,8 0,727 19,5 0,671 17,7 26,2 10,8 36,0
32 Polónia 0,872 0,801 8,1 4 8,0 4,3 0,862 5,2 0,821 14,4 0,727 21,3 24,6 12,5 30,8
34 Lituânia 0,869 0,775 10,9 –1 10,5 5,5 0,810 4,3 0,852 21,8 0,673 17,7 28,6 7,0 37,4
35 Emirados Árabes Unidos 0,866 .. .. .. .. 5,2 0,843 18,2 0,606 .. .. .. .. 22,8 ..
36 Andorra 0,857 .. .. .. .. .. .. 10,0 0,637 .. .. .. .. .. ..
36 Arábia Saudita 0,857 .. .. .. .. 6,4 0,792 18,0 0,651 .. .. .. .. 19,7 ..
36 Eslováquia 0,857 0,804 6,2 8 6,1 5,0 0,839 1,6 0,811 11,7 0,764 23,1 20,9 5,2 26,5
39 Letónia 0,854 0,776 9,1 3 8,8 5,4 0,803 2,6 0,849 18,5 0,686 19,4 26,1 7,6 34,2
40 Portugal 0,850 0,742 12,7 –6 12,4 3,5 0,918 15,8 0,639 18,1 0,697 18,7 27,3 7,4 35,5
41 Qatar 0,848 .. .. .. .. 5,7 0,872 11,8 0,583 .. .. .. .. 29,0 ..
42 Chile 0,847 0,696 17,8 –14 17,0 6,3 0,866 12,0 0,711 32,7 0,548 14,4 37,9 23,7 46,6
43 Brunei Darussalam 0,845 .. .. .. .. 7,6 0,792 .. .. .. .. .. .. .. ..
43 Hungria 0,845 0,777 8,0 8 7,8 4,2 0,836 3,2 0,790 16,1 0,711 21,1 23,8 7,7 30,4
45 Bahrein 0,838 .. .. .. .. 5,5 0,831 22,7 0,570 .. .. .. .. 18,0 ..
46 Croácia 0,837 0,768 8,3 4 8,1 4,3 0,859 4,9 0,757 15,2 0,697 20,4 23,2 7,6 31,1
47 Omã 0,834 0,725 13,1 –3 12,0 6,7 0,827 11,9 0,644 20,1 0,714 .. .. 19,5 ..
48 Argentina 0,830 0,714 14,0 –4 13,6 8,6 0,795 6,2 0,790 25,8 0,579 15,3 29,4 .. 40,6
49 Federação Russa 0,824 0,743 9,9 1 9,6 7,1 0,749 3,1 0,807 18,7 0,679 18,0 29,7 20,2 37,7
50 Bielorrússia 0,817 0,765 6,4 6 6,3 4,4 0,803 3,7 0,806 10,8 0,692 24,1 21,3 .. 25,4
50 Cazaquistão 0,817 0,759 7,1 4 7,1 7,7 0,756 3,2 0,791 10,3 0,732 23,4 23,0 .. 27,5
52 Bulgária 0,816 0,714 12,5 0 12,1 6,1 0,793 6,3 0,754 23,9 0,607 17,8 28,8 8,4 37,4
52 Montenegro 0,816 0,746 8,6 5 8,5 3,6 0,842 7,4 0,738 14,6 0,667 20,8 25,7 6,4 31,9
52 Roménia 0,816 0,725 11,1 2 10,8 6,3 0,806 5,3 0,722 20,7 0,656 16,9 24,7 6,8 35,9
55 Palau 0,814 .. .. .. .. .. .. 1,9 0,829 .. .. .. .. .. ..
56 Barbados 0,813 0,675 17,0 –10 15,9 8,7 0,830 5,5 0,730 33,6 0,509 .. .. .. ..
57 Koweit 0,808 .. .. .. .. 5,9 0,802 22,1 0,487 .. .. .. .. 19,9 ..
57 Uruguai 0,808 0,703 13,0 0 12,7 7,9 0,819 8,2 0,684 22,0 0,621 16,5 29,7 14,0 39,5
59 Turquia 0,806 0,675 16,2 –8 16,1 9,0 0,804 16,5 0,594 22,6 0,645 15,6 32,1 23,4 41,9
ODS 10.1
Índice de Índice de Índice de
Índice de IDH Coeficiente de Desigualdade esperança de educação Desigualdade rendimento
Desenvolvimento Ajustado à Desigualdade Desigualdade na esperança vida ajustado à Desigualdade ajustado à de ajustado à Parte do rendimento
Humano (IDH) (IDHAD) Humana de vida desigualdade na educaçãoa desigualdade rendimentoa desigualdade detida por
(%)
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2015–2020c 2018 2018d 2018 2018d 2018 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e
TABELA
60 Bahamas 0,805 .. .. .. .. 6,8 0,771 6,3 0,694 .. .. .. .. .. ..
61 Malásia 0,804 .. .. .. .. 6,1 0,809 12,1 0,627 .. .. 15,9 31,3 14,5 41,0 3
62 Seicheles 0,801 .. .. .. .. 9,6 0,742 .. .. 29,3 0,590 15,2 39,9 .. 46,8
DESENVOLVIMENTO HUMANO ELEVADO
63 Sérvia 0,799 0,685 14,4 –4 13,7 4,9 0,817 8,1 0,719 28,1 0,546 22,5 23,1 6,4 28,5
63 Trinidade e Tobago 0,799 .. .. .. .. 14,9 0,699 .. .. .. .. .. .. .. ..
65 Irão (República Islâmica do) 0,797 0,706 11,5 5 11,3 9,2 0,789 5,0 0,706 19,7 0,631 16,6 30,9 16,3 40,0
66 Maurícia 0,796 0,688 13,7 0 13,6 9,4 0,765 13,2 0,634 18,2 0,671 19,2 29,0 7,1 35,8
67 Panamá 0,795 0,626 21,2 –13 20,3 12,0 0,790 12,5 0,610 36,5 0,510 11,5 37,7 .. 49,9
68 Costa Rica 0,794 0,645 18,7 –7 18,0 7,1 0,859 14,7 0,611 32,2 0,511 12,8 37,0 .. 48,3
69 Albânia 0,791 0,705 10,9 8 10,9 7,2 0,835 12,3 0,665 13,2 0,631 22,1 22,9 6,4 29,0
70 Geórgia 0,786 0,692 12,0 5 11,6 7,9 0,759 3,2 0,828 23,6 0,526 17,4 28,9 .. 37,9
71 Sri Lanca 0,780 0,686 12,1 4 11,8 7,0 0,813 7,4 0,700 21,0 0,567 17,7 32,9 .. 39,8
72 Cuba 0,778 .. .. .. .. 5,1 0,857 10,9 0,704 .. .. .. .. .. ..
73 São Cristóvão e Nevis 0,777 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
74 Antígua e Barbuda 0,776 .. .. .. .. 5,8 0,824 .. .. .. .. .. .. .. ..
75 Bósnia-Herzegovina 0,769 0,658 14,4 –2 14,2 5,4 0,833 17,0 0,586 20,2 0,584 19,8 25,1 6,2 33,0
76 México 0,767 0,595 22,5 –17 21,8 10,5 0,757 18,5 0,558 36,3 0,498 15,5 34,8 .. 43,4
77 Tailândia 0,765 0,635 16,9 –4 16,7 7,9 0,807 18,3 0,543 23,8 0,585 18,4 28,4 20,2 36,5
78 Granada 0,763 .. .. .. .. 11,2 0,716 .. .. .. .. .. .. .. ..
79 Brasil 0,761 0,574 24,5 –23 23,8 10,9 0,763 23,8 0,525 36,7 0,473 10,6 41,9 28,3 53,3
79 Colômbia 0,761 0,585 23,1 –16 22,4 10,7 0,785 20,3 0,545 36,2 0,468 12,4 39,0 20,5 49,7
81 Arménia 0,760 0,685 9,9 9 9,7 8,7 0,772 2,9 0,737 17,4 0,565 20,8 28,4 .. 33,6
82 Argélia 0,759 0,604 20,4 –8 19,7 14,1 0,749 33,7 0,448 11,4 0,658 23,1 22,9 .. 27,6
82 Macedónia do Norte 0,759 0,660 13,1 5 12,9 7,9 0,789 10,5 0,623 20,3 0,585 17,3 24,8 5,8 35,6
82 Peru 0,759 0,612 19,4 –5 19,1 10,8 0,776 18,1 0,567 28,3 0,521 14,4 32,3 .. 43,3
85 China 0,758 0,636 16,1 4 15,7 7,9 0,803 11,7 0,573 27,4 0,558 17,0 29,4 13,9 38,6
85 Equador 0,758 0,607 19,9 –4 19,5 11,5 0,773 16,5 0,596 30,5 0,485 14,1 33,8 .. 44,7
87 Azerbaijão 0,754 0,683 9,4 13 9,3 13,9 0,700 5,3 0,657 8,9 0,692 .. .. .. ..
88 Ucrânia 0,750 0,701 6,5 21 6,5 7,4 0,740 3,6 0,768 8,5 0,605 24,5 21,2 .. 25,0
89 República Dominicana 0,745 0,584 21,5 –8 21,4 17,0 0,688 19,1 0,532 28,1 0,545 13,9 35,4 .. 45,7
89 Santa Lúcia 0,745 0,617 17,2 4 16,9 10,6 0,771 12,6 0,584 27,4 0,521 11,0 38,6 .. 51,2
91 Tunísia 0,739 0,585 20,8 –4 20,2 9,0 0,791 32,8 0,442 18,9 0,573 20,1 25,6 .. 32,8
92 Mongólia 0,735 0,635 13,6 10 13,6 13,1 0,664 11,9 0,646 15,7 0,596 20,4 25,6 .. 32,3
93 Líbano 0,730 .. .. .. .. 7,4 0,839 6,2 0,566 .. .. 20,6 24,8 23,4 31,8
94 Botsuana 0,728 .. .. .. .. 19,4 0,611 .. .. .. .. 10,9 41,5 .. 53,3
94 São Vicente e Granadinas 0,728 .. .. .. .. 11,3 0,715 .. .. .. .. .. .. .. ..
96 Jamaica 0,726 0,604 16,7 3 15,9 10,0 0,753 5,6 0,653 32,0 0,449 .. .. .. ..
96 Venezuela (República Bolivariana da) 0,726 0,600 17,3 1 17,0 17,1 0,665 8,8 0,638 25,2 0,510 .. .. .. ..
98 Dominica 0,724 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
98 Ilhas Fiji 0,724 .. .. .. .. 14,9 0,620 .. .. .. .. 18,8 29,7 .. 36,7
98 Paraguai 0,724 0,545 24,7 –14 23,8 13,8 0,718 18,1 0,519 39,5 0,435 13,2 39,2 .. 48,8
98 Suriname 0,720 0,557 22,7 –9 21,9 12,8 0,692 15,6 0,551 37,3 0,453 .. .. .. ..
102 Jordânia 0,723 0,617 14,7 11 14,7 10,6 0,748 15,4 0,574 17,9 0,547 20,3 27,5 16,1 33,7
103 Belize 0,720 0,558 22,6 –8 21,6 11,1 0,745 15,9 0,582 37,9 0,400 .. .. .. ..
104 Maldivas 0,719 0,568 21,0 –5 20,4 6,0 0,848 29,3 0,399 25,8 0,541 17,4 g 29,9 g .. 38,4 g
105 Tonga 0,717 .. .. .. .. 10,4 0,700 4,5 0,736 .. .. 18,2 29,7 .. 37,6
106 Filipinas 0,712 0,582 18,2 1 17,8 15,3 0,666 10,1 0,599 28,1 0,495 16,8 31,3 .. 40,1
107 Moldávia (República da) 0,711 0,638 10,4 21 10,3 9,6 0,721 7,3 0,656 14,0 0,549 24,1 21,7 6,1 25,9
108 Turquemenistão 0,710 0,579 18,5 1 17,9 23,4 0,567 3,6 0,606 26,8 0,564 .. .. .. ..
108 Usbequistão 0,710 .. .. .. .. 13,9 0,683 0,7 0,713 .. .. .. .. .. ..
110 Líbia 0,708 .. .. .. .. 9,1 0,737 .. .. .. .. .. .. .. ..
111 Indonésia 0,707 0,584 17,4 6 17,4 13,9 0,682 18,2 0,511 20,1 0,570 17,5 29,5 .. 38,1
111 Samoa 0,707 .. .. .. .. 10,0 0,736 4,9 0,666 .. .. 17,9 31,3 .. 38,7
113 África do Sul 0,705 0,463 34,4 –17 31,4 19,2 0,545 17,3 0,596 57,7 0,305 7,2 50,5 19,2 63,0
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 0,703 0,533 24,2 –6 24,1 22,5 0,611 20,0 0,552 29,7 0,449 13,6 31,7 .. 44,0
115 Gabão 0,702 0,544 22,5 –4 22,5 22,8 0,549 23,5 0,486 21,2 0,602 16,8 27,7 .. 38,0
116 Egito 0,700 0,492 29,7 –8 28,7 11,6 0,705 38,1 0,376 36,5 0,449 21,9 27,8 19,1 31,8
DESENVOLVIMENTO HUMANO MÉDIO
117 Ilhas Marshall 0,698 .. .. .. .. .. .. 4,3 0,677 .. .. .. .. .. ..
ODS 10.1
Índice de Índice de Índice de
Índice de IDH Coeficiente de Desigualdade esperança de educação Desigualdade rendimento
Desenvolvimento Ajustado à Desigualdade Desigualdade na esperança vida ajustado à Desigualdade ajustado à de ajustado à Parte do rendimento
Humano (IDH) (IDHAD) Humana de vida desigualdade na educaçãoa desigualdade rendimentoa desigualdade detida por
(%)
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2015–2020c 2018 2018d 2018 2018d 2018 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e
TABELA 118 Vietname 0,693 0,580 16,3 8 16,2 12,9 0,741 17,6 0,515 18,1 0,511 18,8 27,1 .. 35,3
3 119
120
Palestina (Estado da)
Iraque
0,690
0,689
0,597
0,552
13,5
19,8
16
3
13,5
19,4
12,0
15,9
0,730
0,653
11,9
29,7
0,582
0,389
16,6
12,7
0,500
0,664
19,2
21,9
25,2
23,7
15,8
22,0
33,7
29,5
121 Marrocos 0,676 .. .. .. .. 13,0 0,756 .. .. 21,7 0,510 17,4 31,9 .. 39,5
122 Quirguizistão 0,674 0,610 9,5 23 9,5 11,3 0,700 5,0 0,697 12,2 0,465 23,6 23,3 .. 27,3
123 Guiana 0,670 0,546 18,5 4 18,3 19,0 0,620 10,7 0,537 25,1 0,490 .. .. .. ..
124 El Salvador 0,667 0,521 21,9 1 21,6 12,5 0,715 29,1 0,401 23,2 0,492 17,4 29,1 .. 38,0
125 Tajiquistão 0,656 0,574 12,5 12 12,4 16,7 0,652 6,0 0,632 14,5 0,459 19,4 26,4 .. 34,0
126 Cabo Verde 0,651 .. .. .. .. 12,2 0,713 23,7 0,410 .. .. .. .. .. 47,2
126 Guatemala 0,651 0,472 27,4 –2 26,9 14,6 0,710 30,8 0,353 35,4 0,420 13,1 38,0 .. 48,3
126 Nicarágua 0,651 0,501 23,0 1 22,7 13,1 0,726 25,7 0,420 29,2 0,414 14,3 37,2 .. 46,2
129 Índia 0,647 0,477 26,3 1 25,7 19,7 0,610 38,7 0,342 18,8 0,518 19,8 30,1 21,3 35,7
130 Namíbia 0,645 0,417 35,3 –14 33,6 22,1 0,520 25,0 0,437 53,6 0,321 8,6 47,3 .. 59,1
131 Timor-Leste 0,626 0,450 28,0 –5 26,7 21,7 0,593 44,9 0,273 13,6 0,564 22,8 24,0 .. 28,7
132 Honduras 0,623 0,464 25,5 0 25,0 13,3 0,735 26,6 0,369 34,9 0,369 11,0 37,7 .. 50,5
132 Quiribati 0,623 .. .. .. .. 24,7 0,557 .. .. .. .. .. .. .. ..
134 Butão 0,617 0,450 27,1 –3 26,3 17,1 0,656 41,7 0,257 20,0 0,539 17,5 27,9 .. 37,4
135 Bangladeche 0,614 0,465 24,3 4 23,6 17,3 0,666 37,7 0,320 15,7 0,472 21,0 26,8 .. 32,4
135 Micronésia (Estados Federados da) 0,614 .. .. .. .. 16,1 0,616 .. .. 26,4 0,402 16,2 29,7 .. 40,1
137 São Tomé e Príncipe 0,609 0,507 16,7 10 16,7 17,0 0,641 18,3 0,463 14,9 0,438 21,1 24,2 .. 30,8
138 Congo 0,608 0,456 25,0 2 24,9 22,8 0,526 20,9 0,426 31,0 0,423 12,4 37,9 .. 48,9
138 Essuatíni (Reino de) 0,608 0,430 29,3 –4 29,0 25,1 0,454 24,1 0,411 37,9 0,426 11,5 g 40,0 g .. 51,5 g
República Democrática Popular
140 0,604 0,454 24,9 3 24,7 22,6 0,567 31,3 0,330 20,3 0,499 19,1 29,8 .. 36,4
do Laos
141 Vanuatu 0,597 .. .. .. .. 14,4 0,663 .. .. 19,7 0,405 17,8 29,4 .. 37,6
142 Gana 0,596 0,427 28,3 –3 28,1 24,2 0,511 34,9 0,364 25,3 0,419 14,3 32,2 .. 43,5
143 Zâmbia 0,591 0,394 33,4 –6 32,3 26,5 0,492 21,7 0,448 48,6 0,278 8,9 44,4 .. 57,1
144 Guiné Equatorial 0,588 .. .. .. .. 34,6 0,386 .. .. .. .. .. .. .. ..
145 Mianmar 0,584 0,448 23,2 3 23,2 22,8 0,557 26,9 0,330 19,9 0,490 18,6 31,7 .. 38,1
146 Camboja 0,581 0,465 20,1 12 19,9 18,1 0,625 27,3 0,346 14,3 0,464 .. .. .. ..
147 Quénia 0,579 0,426 26,3 0 26,2 22,5 0,553 22,9 0,406 33,1 0,345 16,5 31,6 .. 40,8
147 Nepal 0,579 0,430 25,8 3 24,9 17,5 0,641 40,9 0,296 16,3 0,419 20,4 26,4 .. 32,8
149 Angola 0,574 0,392 31,8 –2 31,7 32,0 0,427 34,3 0,327 28,9 0,432 15,0 f 32,3 f .. 42,7 f
150 Camarões 0,563 0,371 34,1 –6 34,1 33,5 0,398 33,0 0,378 35,9 0,338 13,0 35,0 .. 46,6
150 Zimbabué 0,563 0,435 22,8 7 22,7 24,2 0,480 16,8 0,473 27,0 0,362 15,3 33,8 .. 43,2
152 Paquistão 0,560 0,386 31,1 –1 30,2 29,9 0,508 43,5 0,230 17,2 0,494 21,1 28,9 .. 33,5
153 Ilhas Salomão 0,557 .. .. .. .. 12,1 0,714 .. .. 19,4 0,366 18,4 29,2 .. 37,1
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 0,549 .. .. .. .. 13,0 0,693 .. .. .. .. .. .. 14,7 ..
155 Papua-Nova Guiné 0,543 .. .. .. .. 24,1 0,517 11,5 0,382 .. .. 15,1 g 31,0 g .. 41,9 g
156 Comores 0,538 0,294 45,3 –22 44,2 28,9 0,483 47,6 0,249 56,0 0,212 13,6 33,7 .. 45,3
157 Ruanda 0,536 0,382 28,7 –1 28,4 19,5 0,603 29,3 0,324 36,4 0,286 15,8 35,6 .. 43,7
158 Nigéria 0,534 0,349 34,6 –5 34,5 37,1 0,332 38,1 0,301 28,2 0,426 15,1 g 32,7 g .. 43,0 g
159 Tanzânia (República Unida da) 0,528 0,397 24,9 7 24,9 25,3 0,517 27,0 0,309 22,4 0,391 18,5 31,0 .. 37,8
159 Uganda 0,528 0,387 26,7 4 26,7 27,2 0,481 27,9 0,371 24,9 0,325 15,9 34,2 .. 42,8
161 Mauritânia 0,527 0,358 32,1 1 31,8 30,0 0,481 40,8 0,230 24,6 0,413 19,9 24,9 .. 32,6
162 Madagáscar 0,521 0,386 25,8 6 25,5 21,1 0,567 35,0 0,320 20,4 0,318 15,7 33,5 .. 42,6
163 Benim 0,520 0,327 37,1 –6 36,9 34,9 0,415 43,7 0,268 32,0 0,315 12,8 37,6 .. 47,8
164 Lesoto 0,518 0,350 32,5 3 32,0 33,1 0,347 21,9 0,398 41,1 0,310 9,6 40,9 .. 54,2
165 Costa do Marfim 0,516 0,331 35,8 –3 35,0 33,3 0,384 47,4 0,232 24,4 0,409 15,9 31,9 17,1 41,5
166 Senegal 0,514 0,347 32,5 2 31,6 21,2 0,578 46,0 0,190 27,7 0,381 16,4 31,0 .. 40,3
167 Togo 0,513 0,350 31,7 6 31,5 30,5 0,436 38,9 0,314 25,1 0,313 14,5 31,6 .. 43,1
168 Sudão 0,507 0,332 34,6 1 34,3 27,4 0,504 42,5 0,195 33,0 0,372 18,5 g 26,7 g .. 35,4 g
169 Haiti 0,503 0,299 40,5 –7 40,0 32,2 0,455 37,3 0,279 50,4 0,211 15,8 31,2 .. 41,1
170 Afeganistão 0,496 .. .. .. .. 28,3 0,491 45,4 0,225 .. .. .. .. .. ..
171 Djibouti 0,495 .. .. .. .. 23,4 0,549 .. .. 27,7 0,391 15,8 32,3 .. 41,6
172 Malaui 0,485 0,346 28,7 5 28,6 25,1 0,505 28,4 0,328 32,4 0,250 16,2 38,1 .. 44,7
173 Etiópia 0,470 0,337 28,4 5 27,3 24,9 0,534 43,5 0,189 13,4 0,377 17,6 31,4 .. 39,1
174 Gâmbia 0,466 0,293 37,2 –8 36,4 28,5 0,459 49,3 0,195 31,5 0,279 19,0 28,7 .. 35,9
174 Guiné 0,466 0,310 33,4 –1 32,2 31,3 0,435 48,3 0,176 17,1 0,388 19,8 26,4 .. 33,7
176 Libéria 0,465 0,314 32,3 2 31,8 29,8 0,472 42,9 0,241 22,7 0,273 18,8 27,1 .. 35,3
ODS 10.1
Índice de Índice de Índice de
Índice de IDH Coeficiente de Desigualdade esperança de educação Desigualdade rendimento
Desenvolvimento Ajustado à Desigualdade Desigualdade na esperança vida ajustado à Desigualdade ajustado à de ajustado à Parte do rendimento
Humano (IDH) (IDHAD) Humana de vida desigualdade na educaçãoa desigualdade rendimentoa desigualdade detida por
(%)
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2015–2020c 2018 2018d 2018 2018d 2018 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e 2010–2017e
177 Iémen 0,463 0,316 31,8 5 30,9 24,7 0,534 46,1 0,187 21,8 0,315 18,8 29,4 15,7 36,7 TABELA
178 Guiné–Bissau
179 Congo (República Democrática do)
0,461
0,459
0,288
0,316
37,5
31,0
–5
7
37,4
30,9
32,3
36,1
0,396
0,397
41,9
28,5
0,233
0,354
37,9
28,2
0,260
0,225
12,8
15,5
42,0
32,0
..
..
50,7
42,1
3
180 Moçambique 0,446 0,309 30,7 4 30,7 29,8 0,434 33,8 0,257 28,4 0,265 11,8 45,5 .. 54,0
181 Serra Leoa 0,438 0,282 35,7 –3 34,6 39,0 0,322 46,9 0,214 17,7 0,326 19,8 26,9 .. 34,0
182 Burquina Faso 0,434 0,303 30,1 5 29,5 32,0 0,431 39,2 0,183 17,3 0,354 20,0 29,6 .. 35,3
182 Eritreia 0,434 .. .. .. .. 21,4 0,556 .. .. .. .. .. .. .. ..
184 Mali 0,427 0,294 31,2 3 30,4 36,7 0,379 39,2 0,176 15,4 0,381 20,1 g 25,7 g .. 33,0 g
185 Burundi 0,423 0,296 30,1 5 29,6 28,5 0,454 39,5 0,253 20,9 0,225 17,9 31,0 .. 38,6
186 Sudão do Sul 0,413 0,264 36,1 –1 36,0 36,2 0,369 39,6 0,182 32,3 0,274 12,5 g 33,2 g .. 46,3 g
187 Chade 0,401 0,250 37,7 –1 37,4 40,9 0,309 43,0 0,164 28,4 0,307 14,6 32,4 .. 43,3
188 República Centro-Africana 0,381 0,222 41,6 –1 41,3 40,1 0,302 34,5 0,231 49,2 0,157 10,3 f 46,2 f .. 56,2 f
189 Níger 0,377 0,272 27,9 3 27,4 30,9 0,447 35,0 0,161 16,4 0,279 19,6 27,0 .. 34,3
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
Coreia (República Popular
.. .. .. .. .. .. 11,5 0,709 .. .. .. .. .. .. .. ..
Democrática da)
.. Mónaco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Nauru .. .. .. .. .. .. .. .. .. 23,9 0,592 .. .. .. ..
.. São Marino .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Somália .. .. .. .. .. 38,9 0,348 .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Tuvalu .. .. .. .. .. .. .. 10,5 .. .. .. 17,4 30,7 .. 39,1
Agrupamentos por IDH
Desenvolvimento humano muito
0,892 0,796 10,7 — 10,5 5,2 0,868 7,0 0,796 19,3 0,730 18,2 27,6 14,9 —
elevado
Desenvolvimento humano elevado 0,750 0,615 17,9 — 17,6 10,0 0,764 14,8 0,563 27,9 0,541 16,6 31,1 .. —
Desenvolvimento humano médio 0,634 0,470 25,9 — 25,4 20,5 0,604 36,3 0,342 19,6 0,502 19,4 29,9 .. —
Desenvolvimento humano baixo 0,507 0,349 31,1 — 30,9 30,4 0,442 37,4 0,261 25,0 0,368 16,4 32,1 .. —
Países em desenvolvimento 0,686 0,533 22,3 — 22,2 16,6 0,655 25,6 0,435 24,3 0,532 17,6 30,8 .. —
Regiões
Estados Árabes 0,703 0,531 24,5 — 24,2 15,0 0,679 32,5 0,386 25,0 0,571 20,6 26,9 .. —
Ásia Oriental e Pacífico 0,741 0,618 16,6 — 16,3 9,8 0,766 13,5 0,550 25,6 0,560 17,2 29,5 .. —
Europa e Ásia Central 0,779 0,688 11,7 — 11,6 9,7 0,753 8,3 0,682 16,8 0,634 19,9 26,7 .. —
América Latina e Caraíbas 0,759 0,589 22,3 — 21,7 11,6 0,754 19,5 0,553 34,1 0,491 13,1 37,3 .. —
Ásia do Sul 0,642 0,476 25,9 — 25,3 20,2 0,611 37,5 0,340 18,4 0,520 19,9 29,7 .. —
África Subsariana 0,541 0,376 30,5 — 30,4 29,7 0,445 34,0 0,308 27,6 0,387 15,4 33,8 .. —
Países menos avançados 0,528 0,377 28,6 — 28,4 26,3 0,510 36,3 0,275 22,5 0,383 17,6 31,1 .. —
Pequenos Estados insulares em vias
0,723 0,549 24,0 — 23,6 16,6 0,665 19,7 0,503 34,3 0,496 .. .. .. —
de desenvolvimento
Organização para a Cooperação
0,895 0,791 11,7 — 11,4 5,3 0,880 8,0 0,783 20,9 0,717 18,0 28,0 14,2 —
e o Desenvolvimento Económico
Mundo 0,731 0,584 20,2 — 20,1 14,7 0,690 22,3 0,492 23,3 0,586 17,7 30,2 .. —
NOTAS Perda global: Diferença percentual entre o valor do IDHAD Índice de rendimento ajustado à desigualdade: Valor do índice Coluna 5: Calculado como a média geométrica dos valores de
a Para consultar a lista de inquéritos utilizados para estimar as e o valor do IDH. de rendimento do IDH ajustado à desigualdade na distribuição do desigualdade na esperança de vida, de desigualdade na educação e
desigualdades, ver http://hdr.undp.org/en/composite/IHDI. Diferença da classificação do IDH: Diferença das classificações rendimento, com base nos dados dos inquéritos às famílias listados de desigualdade de rendimento, utilizando a metodologia descrita na
do IDHAD e do IDH, calculada apenas para países para os quais nas Fontes de dados principais. Nota Técnica 2 (disponível em http://hdr.undp.org/sites/default/files/
b Com base nos países para os quais foi calculado o valor do Índice de
hdr2019_technical_notes.pdf).
Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade. é calculado um valor de IDHAD. Parte do rendimento: Percentagem do rendimento (ou do consumo)
Coeficiente de Desigualdade Humana: Desigualdade média nas correspondente aos subgrupos populacionais indicados. Coluna 6: Cálculos baseados nas tabelas de vida resumidas do
c Cálculo pelo GRDH com base nas tabelas de vida do UNDESA UNDESA (2019a).
(2019b) relativas ao período 2015-2020. três dimensões básicas do desenvolvimento humano. Coeficiente de Gini: Medida da variação da distribuição de rendimento
entre indivíduos ou famílias no mesmo país face a uma distribuição Coluna 7: Cálculos baseados na desigualdade na esperança de
d Dados referentes a 2018 ou ao ano mais recente disponível. Desigualdade na esperança de vida: Desigualdade na
perfeitamente igual. Um valor de zero representa a igualdade absoluta, vida e no índice de esperança de vida do IDH.
distribuição da esperança de vida com base nos dados das tabelas
e Os dados referem-se ao ano mais recente disponibilizado durante o
de vida calculados usando o índice de desigualdade de Atkinson. um valor de 100 a desigualdade absoluta. Colunas 8 e 10: Cálculos baseados em dados do Estudo do
período especificado. Rendimento do Luxemburgo, das Estatísticas do Eurostat da
Índice de esperança de vida ajustado à desigualdade: Valor FONTES DE DADOS PRINCIPAIS União Europeia sobre Rendimento e Condições de Vida, da Base
f Referente a 2008.
do índice de esperança de vida do IDH ajustado à desigualdade na Coluna 1: Cálculos do GRDH baseados em dados do UNDESA (2019b), de Dados do Banco Mundial sobre Distribuição Internacional de
g Referente a 2009. distribuição do tempo de vida esperado, com base nos dados das do Instituto de Estatística da UNESCO (2019), da Divisão de Estatística Rendimento, da Base de Dados Socioeconómicos para a América
DEFINIÇÕES tabelas de vida listadas nas Fontes de dados principais. das Nações Unidas (2019b), do Banco Mundial (2019a), de Barro e Lee Latina e Caraíbas do Centro de Estudos Distributivos, Laborais e
(2018) e do FMI (2019). Sociais e do Banco Mundial, dos Inquéritos sobre Demografia e
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Um índice composto Desigualdade na educação: Desigualdade na distribuição dos
Saúde da ICF Macro e dos Inquéritos de Grupo para Indicadores
que mede as realizações médias em três dimensões básicas do anos de escolaridade com base nos dados dos inquéritos às famílias Coluna 2: Calculado como a média geométrica dos valores do
Múltiplos da UNICEF, utilizando a metodologia descrita na Nota
desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, o conhecimento calculados usando o índice de desigualdade de Atkinson. índice de esperança de vida ajustado à desigualdade, do índice de Técnica 2 (disponível em http://hdr.undp.org/sites/default/files/
e um padrão de vida digno. Para mais pormenores sobre o cálculo do Índice de educação ajustado à desigualdade: Valor do índice educação ajustado à desigualdade e do índice de rendimento ajustado hdr2019_technical_notes.pdf).
Índice de Desenvolvimento Humano, ver Nota técnica 1 em http://hdr. de educação do IDH ajustado à desigualdade na distribuição dos à desigualdade, utilizando a metodologia descrita na Nota Técnica
Coluna 9: Cálculos baseados na desigualdade na educação e no
undp.org/sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf. anos de escolaridade, com base nos dados dos inquéritos às famílias 2 (disponível em http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_
índice de educação do IDH.
listados nas Fontes de dados principais. technical_notes.pdf).
IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD): O valor do Índice de Coluna 11: Cálculos baseados na desigualdade de rendimento e
Desenvolvimento Humano (IDH) ajustado à desigualdade nas três Desigualdade de rendimento: Desigualdade na distribuição do Coluna 3: Cálculos baseados nos dados das colunas 1 e 2. no índice de rendimento do IDH.
dimensões básicas do desenvolvimento humano. Para mais pormenores rendimento com base nos dados dos inquéritos às famílias calculados Coluna 4: Cálculos baseados nos valores de IDHAD e nas classificações Colunas 12, 13 e 15: Banco Mundial (2019a).
sobre o cálculo do IDHAD, ver Nota técnica 2 em http://hdr.undp.org/ usando o índice de desigualdade de Atkinson. de IDH recalculadas dos países para os quais é calculado um valor
Coluna 14: World Inequality Database (2019).
sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf. de IDHAD.
Valor Grupob Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2018 2018c 2018c 2018c 2018c 2018 2018
DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ELEVADO
1 Noruega 0,990 1 0,946 0,955 84,3 80,3 18,8 d 17,4 12,6 12,5 60,283 75,688 e
2 Suíça 0,963 2 0,924 0,959 85,5 81,7 16,1 16,3 12,7 13,6 49,275 69,649
3 Irlanda 0,975 2 0,929 0,953 83,7 80,4 18,9 d 18,7 d 12,7 f 12,3 f 44,921 66,583
4 Alemanha 0,968 2 0,923 0,953 83,6 78,8 17,0 17,2 13,7 14,6 38,470 55,649
TABELA 4 Hong Kong, China (RAE) 0,963 2 0,919 0,954 87,6 81,8 16,4 16,6 11,6 12,5 43,852 79,385 e
4 6 Austrália
6 Islândia
0,975
0,966
1
2
0,926
0,921
0,949
0,954
85,3
84,4
81,3
81,3
22,6 d
20,4 d
21,6 d
18,0 d
12,7 f
12,3 f
12,6 f
12,7 f
35,900
39,246
52,359
55,824
8 Suécia 0,982 1 0,928 0,945 84,4 80,9 19,6 d 18,0 d 12,5 12,3 41,919 53,979
9 Singapura 0,988 1 0,929 0,941 85,6 81,3 16,5 16,1 11,1 12,0 74,600 92,163 e
10 Países Baixos 0,967 2 0,916 0,947 83,8 80,4 18,3 d 17,8 11,9 12,5 40,573 59,536
11 Dinamarca 0,980 1 0,920 0,938 82,8 78,8 19,8 d 18,4 d 12,7 12,4 41,026 56,732
12 Finlândia 0,990 1 0,920 0,929 84,6 78,9 20,1 d 18,5 d 12,6 12,3 35,066 48,689
13 Canadá 0,989 1 0,916 0,926 84,3 80,3 16,6 15,6 13,5 f 13,1 f 35,118 52,221
14 Nova Zelândia 0,963 2 0,902 0,936 83,9 80,4 19,7 d 17,9 12,6 f 12,8 f 26,754 43,745
15 Reino Unido 0,967 2 0,904 0,935 83,0 79,5 18,0 d 17,1 12,9 g 13,0 g 28,526 50,771
15 Estados Unidos 0,991 1 0,915 0,923 81,4 76,3 16,9 15,7 13,5 13,4 44,465 68,061
17 Bélgica 0,972 2 0,904 0,931 83,8 79,1 20,6 d 18,8 d 11,6 11,9 34,928 52,927
18 Listenstaine .. .. .. .. .. .. 13,4 16,1 .. .. .. ..
19 Japão 0,976 1 0,901 0,923 87,5 81,3 15,2 15,3 13,0 h 12,6 h 28,784 53,384
20 Áustria 0,963 2 0,895 0,929 83,8 79,0 16,6 16,0 12,3 13,0 32,618 60,303
21 Luxemburgo 0,970 2 0,893 0,921 84,2 80,0 14,3 14,1 11,8 g 12,6 g 53,006 77,851 e
22 Israel 0,972 2 0,891 0,917 84,4 81,1 16,6 15,4 13,0 13,0 24,616 42,792
22 Coreia (República da) 0,934 3 0,870 0,932 85,8 79,7 15,8 16,9 11,5 12,9 23,228 50,241
24 Eslovénia 1,003 1 0,902 0,899 83,9 78,4 18,2 d 16,7 12,2 12,3 28,832 35,487
25 Espanha 0,981 1 0,882 0,899 86,1 80,7 18,2 d 17,5 9,7 10,0 28,086 42,250
26 Chéquia 0,983 1 0,882 0,897 81,8 76,6 17,6 16,1 12,5 13,0 24,114 39,327
26 França 0,984 1 0,883 0,897 85,4 79,6 15,8 15,2 11,2 11,6 33,002 48,510
28 Malta 0,965 2 0,867 0,899 84,1 80,5 16,4 15,4 11,0 11,6 25,023 44,518
29 Itália 0,967 2 0,866 0,895 85,4 81,1 16,6 15,9 10,0 g 10,5 g 26,471 46,360
30 Estónia 1,016 1 0,886 0,872 82,6 74,1 16,8 15,3 13,4 f 12,6 f 22,999 38,653
31 Chipre 0,983 1 0,865 0,880 82,9 78,7 15,1 14,3 12,0 12,2 27,791 38,404
32 Grécia 0,963 2 0,854 0,887 84,5 79,6 17,1 17,5 10,3 10,8 19,747 30,264
32 Polónia 1,009 1 0,874 0,867 82,4 74,6 17,3 15,6 12,3 12,3 21,876 33,739
34 Lituânia 1,028 2 0,880 0,856 81,2 70,1 16,9 16,1 13,0 g 13,0 g 25,665 34,560
35 Emirados Árabes Unidos 0,965 2 0,832 0,862 79,2 77,1 14,3 13,4 12,0 9,8 24,211 85,772 e
36 Andorra .. .. .. .. .. .. .. .. 10,1 10,2 .. ..
36 Arábia Saudita 0,879 5 0,784 0,892 76,6 73,8 15,8 g 17,6 g 9,0 g 10,1 g 18,166 72,328
36 Eslováquia 0,992 1 0,852 0,859 80,8 73,8 15,0 14,1 12,5 f 12,7 f 23,683 38,045
39 Letónia 1,030 2 0,865 0,840 79,9 70,1 16,7 15,3 13,1 f 12,5 f 21,857 31,520
40 Portugal 0,984 1 0,843 0,856 84,7 78,8 16,2 16,4 9,2 9,2 23,627 32,738
41 Qatar 1,043 2 0,873 0,837 81,9 79,0 14,1 11,1 11,1 9,3 57,209 127,774 e
42 Chile 0,962 2 0,828 0,860 82,4 77,6 16,8 16,3 10,3 10,6 15,211 28,933
43 Brunei Darussalam 0,987 1 0,837 0,848 77,0 74,6 14,8 14,0 9,1 h 9,1 h 65,914 86,071 e
43 Hungria 0,984 1 0,836 0,850 80,1 73,1 15,4 14,8 11,7 12,1 21,010 33,906
45 Bahrein 0,937 3 0,800 0,854 78,3 76,3 16,1 14,7 9,3 g 9,5 g 18,422 52,949
46 Croácia 0,989 1 0,832 0,842 81,5 75,1 15,7 14,3 10,9 g 12,0 g 19,441 26,960
47 Omã 0,943 3 0,793 0,841 80,1 75,9 15,5 14,1 10,6 9,4 11,435 50,238
48 Argentina 0,988 1 0,818 0,828 79,9 73,1 18,9 d 16,4 10,7 f 10,5 f 12,084 23,419
49 Federação Russa 1,015 1 0,828 0,816 77,6 66,9 15,9 15,2 11,9 g 12,1 g 19,969 30,904
50 Bielorrússia 1,010 1 0,820 0,811 79,4 69,4 15,7 15,0 12,2 i 12,4 i 13,923 20,616
50 Cazaquistão 0,999 1 0,814 0,815 77,3 68,8 15,6 14,9 11,9 h 11,7 h 16,492 28,197
52 Bulgária 0,993 1 0,812 0,818 78,5 71,4 15,0 14,6 11,9 11,8 15,621 23,905
52 Montenegro 0,966 2 0,801 0,829 79,2 74,3 15,3 14,7 10,7 g 12,0 g 14,457 20,634
52 Roménia 0,986 1 0,809 0,821 79,4 72,5 14,6 13,9 10,6 11,3 19,487 28,569
55 Palau .. .. .. .. .. .. 16,3 g 15,0 g .. .. .. ..
56 Barbados 1,010 1 0,816 0,808 80,4 77,7 16,6 g 13,8 g 10,9 j 10,3 j 13,686 18,292
57 Koweit 0,999 1 0,802 0,803 76,5 74,7 14,3 12,9 8,0 6,9 49,067 85,620 e
57 Uruguai 1,016 1 0,810 0,797 81,4 74,0 17,1 15,1 9,0 8,4 14,901 24,292
59 Turquia 0,924 4 0,771 0,834 80,3 74,4 15,9 g 16,9 g 6,9 8,4 15,921 34,137
60 Bahamas .. .. .. .. 75,9 71,5 .. .. 11,7 g 11,4 g 22,830 34,288
Valor Grupob Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2018 2018c 2018c 2018c 2018c 2018 2018
61 Malásia 0,972 2 0,792 0,815 78,2 74,1 13,8 13,1 10,0 10,3 20.820 33.279
62 Seicheles .. .. .. .. 77,3 69,8 16,2 14,7 .. .. .. ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO ELEVADO
63 Sérvia 0,976 1 0,789 0,808 78,5 73,3 15,3 14,3 10,7 11,6 12,549 17,995
63 Trinidade e Tobago 1,002 1 0,798 0,796 76,1 70,8 13,8 g 12,0 g 11,1 i 10,9 i 22,266 34,878
TABELA
65 Irão (República Islâmica do) 0,874 5 0,727 0,832 77,7 75,4 14,6 14,8 9,9 10,1 5,809 30,250
66 Maurícia 0,974 2 0,782 0,803 78,4 71,5 15,5 14,4 9,3 h 9,5 h 14,261 31,385 4
67 Panamá 1,005 1 0,794 0,790 81,6 75,2 13,3 12,1 10,4 h 9,9 h 16,106 24,788
68 Costa Rica 0,977 1 0,782 0,800 82,7 77,5 15,8 14,9 8,8 8,5 10,566 19,015
69 Albânia 0,971 2 0,779 0,802 80,2 76,8 15,8 14,8 9,9 j 10,2 j 9,781 14,725
70 Geórgia 0,979 1 0,775 0,791 78,0 69,2 15,7 15,2 12,8 12,8 6,505 12,929
71 Sri Lanca 0,938 3 0,749 0,799 80,1 73,4 14,2 13,7 10,5 g 11,6 g 6,766 16,852
72 Cuba 0,948 3 0,753 0,794 80,7 76,8 14,8 13,9 11,8 g 11,7 g 5,035 10,625
73 São Cristóvão e Nevis .. .. .. .. .. .. 13,8 g 13,5 g .. .. .. ..
74 Antígua e Barbuda .. .. .. .. 78,0 75,7 13,1 g 11,8 g .. .. .. ..
75 Bósnia-Herzegovina 0,924 4 0,735 0,796 79,7 74,8 13,9 k 13,5 k 8,6 10,9 8,432 17,123
76 México 0,957 2 0,747 0,781 77,8 72,1 14,6 14,0 8,4 8,8 11,254 24,286
77 Tailândia 0,995 1 0,763 0,766 80,7 73,2 14,8 g 14,5 g 7,5 8,0 14,319 18,033
78 Granada .. .. .. .. 74,9 70,1 17,0 16,2 .. .. .. ..
79 Brasil 0,995 1 0,757 0,761 79,4 72,0 15,8 15,0 8,1 g 7,6 g 10,432 17,827
79 Colômbia 0,986 1 0,755 0,765 79,9 74,3 14,9 14,3 8,5 8,2 10,236 15,656
81 Arménia 0,972 2 0,746 0,767 78,4 71,2 13,6 g 12,8 g 11,8 11,8 6,342 12,581
82 Argélia 0,865 5 0,685 0,792 77,9 75,5 14,9 g 14,5 g 7,7 i 8,3 i 4,103 22,981
82 Macedónia do Norte 0,947 3 0,737 0,778 77,7 73,7 13,6 13,3 9,2 i 10,2 i 9,464 16,279
82 Peru 0,951 2 0,738 0,776 79,3 73,8 14,1 13,7 8,7 9,7 8,839 15,854
85 China 0,961 2 0,741 0,771 79,1 74,5 14,1 g 13,7 g 7,5 j 8,3 j 12,665 19,410
85 Equador 0,980 1 0,748 0,763 79,6 74,1 15,7 g 14,1 g 8,9 9,1 7,319 12,960
87 Azerbaijão 0,940 3 0,728 0,774 75,3 70,3 12,4 12,5 10,2 10,8 9,849 20,656
88 Ucrânia 0,995 1 0,745 0,749 76,7 67,0 15,2 g 14,8 g 11,3 j 11,3 j 6,064 10,232
89 República Dominicana 1,003 1 0,744 0,742 77,2 70,8 14,8 13,5 8,3 7,6 11,176 18,974
89 Santa Lúcia 0,975 2 0,734 0,753 77,4 74,7 14,2 g 13,6 g 8,8 8,2 9,085 14,046
91 Tunísia 0,899 5 0,689 0,767 78,5 74,5 15,8 14,4 6,4 g 7,9 g 4,737 16,722
92 Mongólia 1,031 2 0,746 0,724 74,0 65,6 14,8 g 13,7 g 10,5 g 9,9 g 9,666 11,931
93 Líbano 0,891 5 0,678 0,762 80,8 77,1 11,4 11,6 8,5 l 8,9 l 4,667 17,530
94 Botsuana 0,990 1 0,723 0,731 72,0 66,2 12,8 g 12,6 g 9,2 j 9,5 j 14,176 17,854
94 São Vicente e Granadinas .. .. .. .. 75,0 70,2 13,7 g 13,4 g .. .. 8,615 14,780
96 Jamaica 0,986 1 0,719 0,729 76,0 72,8 13,9 g 12,4 g 10,0 g 9,5 g 6,326 9,559
96 Venezuela (República Bolivariana da) 1,013 1 0,728 0,719 76,1 68,4 13,8 g 11,8 g 10,7 10,0 6,655 11,546
98 Dominica .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
98 Ilhas Fiji .. .. .. .. 69,2 65,6 .. .. 11,0 h 10,7 h 5,839 12,292
98 Paraguai 0,968 2 0,710 0,734 76,3 72,2 13,2 g 12,2 g 8,5 8,4 8,325 15,001
98 Suriname 0,972 2 0,710 0,731 74,9 68,4 13,4 g 12,4 g 9,0 9,2 7,953 15,868
102 Jordânia 0,868 5 0,654 0,754 76,2 72,7 12,1 g 11,6 g 10,2 h 10,7 h 2,734 13,668
103 Belize 0,983 1 0,713 0,725 77,7 71,6 13,4 12,9 9,9 i 9,7 i 5,665 8,619
104 Maldivas 0,939 3 0,689 0,734 80,5 77,2 12,2 m 12,0 m 6,7 m 6,9 m 7,454 15,576
105 Tonga 0,944 3 0,692 0,733 72,8 68,9 14,4 g 13,9 g 11,3 h 11,2 h 3,817 7,747
106 Filipinas 1,004 1 0,712 0,710 75,4 67,1 13,0 g 12,4 g 9,6 g 9,2 g 7,541 11,518
107 Moldávia (República da) 1,007 1 0,714 0,709 76,1 67,5 11,8 11,4 11,6 11,5 5,886 7,861
108 Turquemenistão .. .. .. .. 71,6 64,6 10,5 g 11,1 g .. .. 11,746 21,213
108 Usbequistão 0,939 3 0,685 0,730 73,7 69,4 11,8 12,2 11,3 11,8 4,656 8,277
110 Líbia 0,931 3 0,670 0,720 75,8 69,9 13,0 l 12,6 l 8,0 j 7,2 j 4,867 18,363
111 Indonésia 0,937 3 0,681 0,727 73,7 69,4 12,9 12,9 7,6 8,4 7,672 14,789
111 Samoa .. .. .. .. 75,3 71,2 12,9 g 12,1 g .. .. 3,955 7,685
113 África do Sul 0,984 1 0,698 0,710 67,4 60,5 14,0 13,3 10,0 10,5 9,035 14,554
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 0,936 3 0,678 0,724 74,2 68,4 14,0 n 14,0 n 8,3 9,8 4,902 8,780
115 Gabão 0,917 4 0,669 0,729 68,3 64,2 12,5 l 13,3 l 7,5 m 9,2 m 11,238 20,183
116 Egito 0,878 5 0,643 0,732 74,2 69,6 13,1 13,1 6,7 h 8,0 h 4,364 16,989
DESENVOLVIMENTO HUMANO MÉDIO
117 Ilhas Marshall .. .. .. .. .. .. .. .. 10,9 g 11,2 g .. ..
118 Vietname 1,003 1 0,693 0,692 79,4 71,2 12,9 i 12,5 i 7,9 h 8,5 h 5,739 6,703
119 Palestina (Estado da) 0,871 5 0,624 0,716 75,6 72,3 13,7 12,0 8,9 9,3 1,824 8,705
Valor Grupob Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2018 2018c 2018c 2018c 2018c 2018 2018
120 Iraque 0,789 5 0,587 0,744 72,5 68,4 10,2 m 12,1 m 6,0 g 8,6 g 3,712 26,745
121 Marrocos 0,833 5 0,603 0,724 77,7 75,2 12,6 g 13,6 g 4,6 h 6,4 h 3,012 12,019
122 Quirguizistão 0,959 2 0,656 0,684 75,5 67,3 13,6 13,2 11,0 i 10,8 i 2,192 4,465
123 Guiana 0,973 2 0,656 0,674 73,0 66,8 11,9 g 11,1 g 8,9 i 8,0 i 4,676 10,533
TABELA 124 El Salvador 0,969 2 0,654 0,675 77,6 68,2 11,9 12,2 6,6 7,3 5,234 8,944
4 125 Tajiquistão
126 Cabo Verde
0,799
0,984
5
1
0,561
0,644
0,703
0,655
73,2
76,0
68,7
69,3
10,9 g
12,1
12,3 g
11,6
10,1 m
6,0
11,2 m
6,5
1,044
5,523
5,881
7,497
126 Guatemala 0,943 3 0,628 0,666 76,9 71,1 10,5 10,8 6,4 6,5 4,864 9,970
126 Nicarágua 1,013 1 0,655 0,646 77,8 70,7 12,5 n 11,9 n 7,1 h 6,5 h 4,277 5,318
129 Índia 0,829 5 0,574 0,692 70,7 68,2 12,9 11,9 4,7 g 8,2 g 2,625 10,712
130 Namíbia 1,009 1 0,647 0,641 66,2 60,4 12,7 m 12,5 m 7,3 h 6,6 h 8,917 10,497
131 Timor-Leste 0,899 5 0,589 0,655 71,4 67,3 12,0 g 12,8 g 3,6 m 5,3 m 5,389 9,618
132 Honduras 0,970 2 0,611 0,630 77,4 72,8 10,6 9,8 6,6 6,6 3,214 5,305
132 Quiribati .. .. .. .. 72,1 64,0 12,2 g 11,4 g .. .. .. ..
134 Butão 0,893 5 0,581 0,650 71,8 71,1 12,2 g 12,0 g 2,1 g 4,2 g 6,388 10,579
135 Bangladeche 0,895 5 0,575 0,642 74,3 70,6 11,6 10,8 5,3 6,8 2,373 5,701
135 Micronésia (Estados Federados da) .. .. .. .. 69,5 66,1 .. .. .. .. .. ..
137 São Tomé e Príncipe 0,900 5 0,571 0,635 72,6 67,8 12,8 g 12,6 g 5,7 g 7,2 g 1,885 4,162
138 Congo 0,931 3 0,591 0,635 65,7 62,8 11,5 l 11,9 l 6,1 j 7,5 j 4,989 6,621
138 Essuatíni (Reino de) 0,962 2 0,595 0,618 64,0 55,3 10,9 g 11,7 g 6,3 i 7,2 i 7,030 11,798
140 República Democrática Popular do Laos 0,929 3 0,581 0,625 69,4 65,8 10,8 11,3 4,8 h 5,6 h 5,027 7,595
141 Vanuatu .. .. .. .. 72,0 68,8 10,9 g 11,7 g .. .. 2,185 3,413
142 Gana 0,912 4 0,567 0,622 64,9 62,7 11,4 11,7 6,4 h 7,9 h 3,287 4,889
143 Zâmbia 0,949 3 0,575 0,606 66,4 60,5 11,6 m 12,5 m 6,7 m 7,5 m 3,011 4,164
144 Guiné Equatorial .. .. .. .. 59,6 57,4 .. .. 3,9 k 7,2 k 12,781 21,809
145 Mianmar 0,953 2 0,566 0,594 69,9 63,8 10,5 10,1 5,0 m 4,9 m 3,613 8,076
146 Camboja 0,919 4 0,557 0,606 71,6 67,3 10,9 g 11,8 g 4,1 h 5,7 h 3,129 4,089
147 Quénia 0,933 3 0,553 0,593 68,7 64,0 10,3 g 10,9 g 6,0 h 7,2 h 2,619 3,490
147 Nepal 0,897 5 0,549 0,612 71,9 69,0 12,7 11,7 3,6 h 6,4 h 2,113 3,510
149 Angola 0,902 4 0,546 0,605 63,7 58,1 11,0 m 12,7 m 4,0 m 6,4 m 4,720 6,407
150 Camarões 0,869 5 0,522 0,601 60,2 57,7 11,9 13,6 4,8 i 7,8 i 2,724 3,858
150 Zimbabué 0,925 4 0,540 0,584 62,6 59,5 10,3 10,6 7,6 g 9,0 g 2,280 3,080
152 Paquistão 0,747 5 0,464 0,622 68,1 66,2 7,8 9,3 3,8 6,5 1,570 8,605
153 Ilhas Salomão .. .. .. .. 74,7 71,2 9,7 g 10,7 g .. .. 1,569 2,469
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 0,795 5 0,457 0,575 77,8 66,6 8,7 g 8,8 g 4,6 o 5,6 o 656 4,779
155 Papua-Nova Guiné .. .. .. .. 65,6 63,0 .. .. 3,9 h 5,4 h 3,248 4,106
156 Comores 0,888 5 0,504 0,568 65,9 62,4 11,1 g 11,4 g 3,9 m 5,9 m 1,812 3,030
157 Ruanda 0,943 3 0,520 0,551 70,8 66,5 11,2 11,2 3,9 g 4,9 g 1,708 2,218
158 Nigéria 0,868 5 0,492 0,567 55,2 53,5 8,6 i 10,1 i 5,3 m 7,6 m 4,313 5,838
159 Tanzânia (República Unida da) 0,936 3 0,509 0,544 66,8 63,2 7,7 8,1 5,6 h 6,4 h 2,436 3,175
159 Uganda 0,863 5 0,484 0,561 65,2 60,7 10,4 g 11,5 g 4,8 m 7,4 m 1,272 2,247
161 Mauritânia 0,853 5 0,479 0,562 66,3 63,1 8,5 8,5 3,7 h 5,5 h 2,018 5,462
162 Madagáscar 0,946 3 0,504 0,533 68,3 65,1 10,3 10,4 6,4 l 5,8 l 1,119 1,690
163 Benim 0,883 5 0,486 0,550 63,0 59,9 11,4 13,8 3,0 j 4,4 j 1,863 2,407
164 Lesoto 1,026 2 0,522 0,509 57,0 50,6 11,1 10,3 7,0 h 5,5 h 2,641 3,864
165 Costa do Marfim 0,796 5 0,445 0,559 58,7 56,3 8,2 10,0 4,1 h 6,3 h 1,790 5,355
166 Senegal 0,873 5 0,476 0,545 69,6 65,5 9,4 8,6 1,8 g 4,4 g 2,173 4,396
167 Togo 0,818 5 0,459 0,561 61,6 59,9 11,4 13,7 3,3 m 6,6 m 1,200 1,989
168 Sudão 0,837 5 0,457 0,546 66,9 63,3 7,7 8,3 3,2 h 4,2 h 1,759 6,168
169 Haiti 0,890 5 0,477 0,536 65,8 61,5 9,6 l 10,4 l 4,3 m 6,6 m 1,388 1,949
170 Afeganistão 0,723 5 0,411 0,568 66,0 63,0 7,9 12,5 1,9 h 6,0 h 1,102 2,355
171 Djibouti .. .. .. .. 68,8 64,6 6,0 g 6,9 g .. .. 2,900 4,232
172 Malaui 0,930 3 0,466 0,501 66,9 60,7 10,9 m 11,0 m 4,1 h 5,1 h 925 1,400
173 Etiópia 0,844 5 0,428 0,507 68,2 64,4 8,3 g 9,1 g 1,6 m 3,9 m 1,333 2,231
174 Gâmbia 0,832 5 0,416 0,500 63,2 60,4 9,5 g 9,4 g 3,0 m 4,3 m 800 2,190
174 Guiné 0,806 5 0,413 0,513 61,7 60,5 7,7 g 10,3 g 1,5 m 3,9 m 1,878 2,569
176 Libéria 0,899 5 0,438 0,487 65,1 62,3 8,8 g 10,1 g 3,5 h 5,9 h 1,051 1,030
177 Iémen 0,458 5 0,245 0,535 67,8 64,4 7,4 g 10,1 g 1,9 j 4,4 j 168 2,679
178 Guiné–Bissau .. .. .. .. 59,9 56,0 .. .. .. .. 1,305 1,895
Valor Grupob Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
Classificação do IDH 2018 2018 2018 2018 2018 2018 2018c 2018c 2018c 2018c 2018 2018
179 Congo (República Democrática do) 0,844 5 0,419 0,496 61,9 58,9 8,7 g 10,6 g 5,3 8,4 684 917
180 Moçambique 0,901 4 0,422 0,468 63,0 57,1 9,3 10,2 2,5 g 4,6 g 1,031 1,284
181 Serra Leoa 0,882 5 0,411 0,465 55,1 53,5 9,7 g 10,6 g 2,8 h 4,4 h 1,238 1,525
182 Burquina Faso 0,875 5 0,403 0,461 61,9 60,4 8,7 9,1 1,0 m 2,1 m 1,336 2,077
182 Eritreia .. .. .. .. 68,2 63,8 4,6 5,4 .. .. 1,403 2,011 TABELA
184 Mali
185 Burundi
0,807
1,003
5
1
0,380
0,422
0,471
0,420
59,6
63,0
58,1
59,4
6,8
10,9
8,6
11,7
1,7 i
2,7 m
3,0 i
3,6 m
1,311
763
2,618
555
4
186 Sudão do Sul 0,839 5 0,369 0,440 59,1 56,1 3,5 g 5,9 g 4,0 5,3 1,277 1,633
187 Chade 0,774 5 0,347 0,449 55,4 52,6 6,0 g 8,9 g 1,3 m 3,6 m 1,377 2,056
188 República Centro-Africana 0,795 5 0,335 0,421 55,0 50,6 6,2 g 8,9 g 3,0 h 5,6 h 622 935
189 Níger 0,298 5 0,130 0,435 63,2 60,9 5,8 7,2 1,4 g 2,7 g 112 1,705
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
.. Coreia (República Popular Democrática da) .. .. .. .. 75,5 68,4 10,4 g 11,3 g .. .. .. ..
.. Mónaco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Nauru .. .. .. .. .. .. 11,8 g 10,8 g .. .. .. ..
.. São Marino .. .. .. .. .. .. 15,6 14,6 .. .. .. ..
.. Somália .. .. .. .. 58,8 55,4 .. .. .. .. .. ..
.. Tuvalu .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
Agrupamentos por IDH
Desenvolvimento humano muito elevado 0,979 — 0,880 0,898 82,4 76,7 16,7 16,1 12,0 12,1 30,171 50,297
Desenvolvimento humano elevado 0,960 — 0,732 0,763 77,8 72,7 14,0 13,6 8,0 8,6 10,460 18,271
Desenvolvimento humano médio 0,845 — 0,571 0,676 70,9 67,8 11,9 11,5 5,0 7,8 2,787 9,528
Desenvolvimento humano baixo 0,858 — 0,465 0,542 63,0 59,7 8,5 9,9 3,8 5,8 1,928 3,232
Países em desenvolvimento 0,918 — 0,653 0,711 73,2 69,1 12,2 12,2 6,7 8,1 6,804 14,040
Regiões
Estados Árabes 0,856 — 0,634 0,740 73,8 70,2 11,7 12,3 6,4 7,8 5,338 25,343
Ásia Oriental e Pacífico 0,962 — 0,725 0,754 77,8 72,9 13,5 13,3 7,5 8,3 11,385 17,728
Europa e Ásia Central 0,953 — 0,757 0,794 77,5 70,8 14,4 14,7 9,9 10,5 10,588 20,674
América Latina e Caraíbas 0,978 — 0,747 0,764 78,6 72,3 14,9 14,1 8,6 8,5 9,836 18,004
Ásia do Sul 0,828 — 0,570 0,688 71,1 68,5 12,0 11,6 5,0 8,0 2,639 10,693
África Subsariana 0,891 — 0,507 0,569 62,9 59,4 9,3 10,4 4,8 6,6 2,752 4,133
Países menos avançados 0,869 — 0,489 0,562 66,9 63,2 9,3 10,2 3,9 5,7 1,807 3,462
Pequenos Estados insulares em vias
0,967 — 0,718 0,743 74,0 69,8 13,1 12,6 8,5 9,0 12,022 19,066
de desenvolvimento
Organização para a Cooperação
0,976 — 0,882 0,903 83,0 77,7 16,6 16,0 11,9 12,1 31,016 50,530
e o Desenvolvimento Económico
Mundo 0,941 — 0,707 0,751 74,9 70,4 12,7 12,6 7,9 9,0 11,246 20,167
NOTAS l Baseado em regressão transnacional. e 10%; Grupo 5: países com uma igualdade reduzida população economicamente ativa, e no rendimento
a Não estando disponíveis dados discriminados por m Atualizado pelo GRDH com base em dados dos entre homens e mulheres em matéria de resultados do nacional bruto (PPC em $ constantes de 2011). Para mais
género relativos ao rendimento, os dados foram Inquéritos sobre Demografia e Saúde da ICF Macro IDH, com um desvio absoluto superior a 10%. pormenores, ver Nota técnica 3 em http://hdr.undp.org/
estimados de forma grosseira. Para mais pormenores de 2006–2018. sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Um
sobre o cálculo do Índice de Desenvolvimento n Atualizado pelo GRDH com base em dados FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
índice composto que mede as realizações médias em
Humano por Género, ver Definições e Nota técnica 3 do CEDLAS e do Banco Mundial (2018). três dimensões básicas do desenvolvimento humano: Coluna 1: Cálculos baseados nos dados das colunas
em http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_
o Atualizado pelo GRDH com base no Centro Sírio para uma vida longa e saudável, o conhecimento e um padrão 3 e 4.
technical_notes.pdf.
a Investigação Política (2017). de vida digno. Para mais pormenores sobre o cálculo do
b Os países estão classificados em cinco grupos, por Índice de Desenvolvimento Humano, ver Nota técnica Coluna 2: Cálculos baseados nos dados da coluna 1.
desvio absoluto da paridade de género nos valores DEFINIÇÕES 1 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_
do IDH. Colunas 3 e 4: Cálculos do GRDH baseados em dados
Índice de Desenvolvimento Humano por Género: technical_notes.pdf.
do UNDESA (2019b), do Instituto de Estatística da
c Dados referentes a 2018 ou ao ano mais recente Valores do rácio feminino/masculino do IDH. Para
Esperança de vida à nascença: Número de anos UNESCO (2019), de Barro e Lee (2018), do Banco Mundial
disponível. mais pormenores sobre o cálculo do Índice de (2019a), da OIT (2019) e do FMI (2019).
que uma criança recém-nascida poderia esperar viver
d No cálculo do valor do IDH, os anos de escolaridade Desenvolvimento Humano por Género, ver Nota técnica
se os padrões prevalecentes das taxas de mortalidade
esperados estão limitados aos 18 anos. 3 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_ Colunas 5 e 6: UNDESA (2019b).
por idades à data do nascimento permanecessem iguais
technical_notes.pdf.
e No cálculo do valor do IDH masculino, o rendimento ao longo da sua vida. Colunas 7 e 8: Instituto de Estatística da UNESCO
nacional bruto per capita encontra-se limitado a $75.000. Grupos do Índice de Desenvolvimento Humano por (2019), Inquéritos sobre Demografia e Saúde da ICF
Anos de escolaridade esperados: Número de
f Com base em dados da OCDE (2018). Género: Os países estão classificados em cinco grupos, Macro, Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos
anos de escolaridade que uma criança em idade de
por desvio absoluto da paridade de género nos valores da UNICEF e OCDE (2018).
g Atualizado pelo GRDH com base em dados do entrada na escola pode esperar receber, se os padrões
do IDH. Grupo 1: países com uma igualdade elevada
Instituto de Estatística da UNESCO (2019). prevalecentes das taxas de matrícula por idades Colunas 9 e 10: Instituto de Estatística da UNESCO
entre homens e mulheres em matéria de resultados do
h Com base em dados de Barro e Lee (2018). persistirem ao longo da sua vida. (2019), Barro e Lee (2018), Inquéritos sobre Demografia
IDH, com um desvio absoluto inferior a 2,5%; Grupo 2:
e Saúde da ICF Macro, Inquéritos de Grupo para
i Atualizado pelo GRDH com base em dados dos países com uma igualdade média-alta entre homens Média de anos de escolaridade: Número médio de
Indicadores Múltiplos da UNICEF e OCDE (2018).
Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos do e mulheres em matéria de resultados do IDH, com um anos de escolaridade das pessoas com idade igual ou
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) desvio absoluto entre 2,5% e 5%; Grupo 3: países com superior a 25 anos, convertido com base nos níveis de Colunas 11 e 12: Cálculos do GRDH baseados em dados
de 2006–2018. uma igualdade média entre homens e mulheres em realização educativa usando as durações oficiais de da OIT (2019), do UNDESA (2019b), do Banco Mundial
j Atualizado pelo GRDH com recurso a estimativas de matéria de resultados do IDH, com um desvio absoluto cada nível. (2019a), da Divisão de Estatística das Nações Unidas
Barro e Lee (2018). entre 5% e 7,5%; Grupo 4: países com uma igualdade (2019b) e do FMI (2019).
média-baixa entre homens e mulheres em matéria de Rendimento Nacional Bruto estimado per capita:
k Com base em dados do instituto nacional de resultados do IDH, com um desvio absoluto entre 7,5% Calculado com base no rácio dos salários feminino/
estatística. masculino, nas percentagens feminina/masculina da
Classificação do IDH 2018 2018 2015 2015–2020b 2018 2010–2018c 2010–2018c 2018 2018
DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ELEVADO
1 Noruega 0,044 5 5 5,1 41,4 96,1 94,8 60,2 66,7
2 Suíça 0,037 1 5 2,8 29,3 96,4 97,2 62,6 74,1
3 Irlanda 0,093 22 8 7,5 24,3 90,2 d 86,3 d 55,1 68,1
4 Alemanha 0,084 19 6 8,1 31,5 96,0 96,6 55,3 66,2
4 Hong Kong, China (RAE) .. .. .. 2,7 .. 76,6 82,9 54,1 67,8
6 Austrália 0,103 25 6 11,7 32,7 90,0 90,7 59,7 70,5
6 Islândia 0,057 9 3 6,3 38,1 100,0 e 100,0 e 72,1 80,6
TABELA
8 Suécia 0,040 2 4 5,1 46,1 88,8 89,0 61,1 67,6
5 9 Singapura 0,065 11 10 3,5 23,0 76,3 83,3 60,5 76,3
10 Países Baixos 0,041 4 7 3,8 35,6 86,6 90,1 58,0 68,9
11 Dinamarca 0,040 2 6 4,1 37,4 89,2 89,4 58,1 65,9
12 Finlândia 0,050 7 3 5,8 42,0 100,0 100,0 55,0 62,2
13 Canadá 0,083 18 7 8,4 31,7 100,0 e 100,0 e 60,9 69,7
14 Nova Zelândia 0,133 34 11 19,3 38,3 97,2 96,6 64,6 75,7
15 Reino Unido 0,119 27 9 13,4 28,9 82,9 85,7 57,1 67,8
15 Estados Unidos 0,182 42 14 19,9 23,6 95,7 95,5 56,1 68,2
17 Bélgica 0,045 6 7 4,7 41,4 82,6 87,1 47,9 58,9
18 Listenstaine .. .. .. .. 12,0 .. .. .. ..
19 Japão 0,099 23 5 3,8 13,7 95,2 d 92,2 d 51,4 70,7
20 Áustria 0,073 14 4 7,3 34,8 100,0 100,0 54,8 65,9
21 Luxemburgo 0,078 16 10 4,7 20,0 100,0 100,0 53,5 62,7
22 Israel 0,100 24 5 9,6 27,5 87,8 90,5 59,2 69,1
22 Coreia (República da) 0,058 10 11 1,4 17,0 89,8 95,6 52,8 73,3
24 Eslovénia 0,069 12 9 3,8 20,0 97,0 98,3 53,4 62,7
25 Espanha 0,074 15 5 7,7 38,6 73,3 78,4 51,7 63,4
26 Chéquia 0,137 35 4 12,0 20,3 99,8 99,8 52,4 68,4
26 França 0,051 8 8 4,7 35,7 81,0 86,3 50,3 60,0
28 Malta 0,195 44 9 12,9 11,9 74,3 82,2 43,3 66,2
29 Itália 0,069 12 4 5,2 35,6 75,6 83,0 40,0 58,4
30 Estónia 0,091 21 9 7,7 26,7 100,0 e 100,0 e 57,0 70,9
31 Chipre 0,086 20 7 4,6 17,9 78,2 82,6 57,3 67,2
32 Grécia 0,122 31 3 7,2 18,7 61,5 73,2 45,3 60,7
32 Polónia 0,120 30 3 10,5 25,5 82,9 88,1 48,9 65,5
34 Lituânia 0,124 33 10 10,9 21,3 92,9 97,5 56,4 66,7
35 Emirados Árabes Unidos 0,113 26 6 6,5 22,5 78,8 d 65,7 d 51,2 93,4
36 Andorra .. .. .. .. 32,1 71,5 73,3 .. ..
36 Arábia Saudita 0,224 49 12 7,3 19,9 67,8 75,5 23,4 79,2
36 Eslováquia 0,190 43 6 25,7 20,0 99,1 100,0 52,7 67,4
39 Letónia 0,169 40 18 16,2 31,0 100,0 e 99,1 e 55,4 68,0
40 Portugal 0,081 17 10 8,4 34,8 53,6 54,8 53,9 64,2
41 Qatar 0,202 45 13 9,9 9,8 73,5 66,1 57,8 94,7
42 Chile 0,288 62 22 41,1 22,7 79,0 80,9 51,0 74,2
43 Brunei Darussalam 0,234 51 23 10,3 9,1 69,5 d 70,6 d 58,2 71,7
43 Hungria 0,258 56 17 24,0 12,6 96,3 98,2 48,3 65,0
45 Bahrein 0,207 47 15 13,4 18,8 64,2 d 57,5 d 44,5 87,3
46 Croácia 0,122 31 8 8,7 18,5 94,5 96,9 45,7 58,2
47 Omã 0,304 65 17 13,1 8,8 73,4 63,7 31,0 88,7
48 Argentina 0,354 77 52 62,8 39,5 66,5 d 63,3 d 49,0 72,8
49 Federação Russa 0,255 54 25 20,7 16,1 96,3 95,7 54,9 70,5
50 Bielorrússia 0,119 27 4 14,5 33,1 87,2 92,5 58,1 70,3
50 Cazaquistão 0,203 46 12 29,8 22,1 98,3 d 98,9 d 65,2 77,1
52 Bulgária 0,218 48 11 39,9 23,8 94,2 96,2 49,5 61,6
52 Montenegro 0,119 27 7 9,3 23,5 88,0 97,5 43,6 58,1
52 Roménia 0,316 69 31 36,2 18,7 87,2 93,1 45,6 64,2
55 Palau .. .. .. .. 13,8 96,9 97,3 .. ..
56 Barbados 0,256 55 27 33,6 27,5 94,6 d 91,9 d 61,9 69,6
57 Koweit 0,245 53 4 8,2 3,1 56,8 49,3 57,5 85,3
57 Uruguai 0,275 59 15 58,7 22,3 57,8 54,0 55,8 73,8
59 Turquia 0,305 66 16 26,6 17,4 44,3 66,0 33,5 72,6
60 Bahamas 0,353 76 80 30,0 21,8 88,0 91,0 67,6 82,0
Classificação do IDH 2018 2018 2015 2015–2020b 2018 2010–2018c 2010–2018c 2018 2018
61 Malásia 0,274 58 40 13,4 15,8 79,8 d 81,8 d 50,9 77,4
62 Seicheles .. .. .. 62,1 21,2 .. .. .. ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO ELEVADO
63 Sérvia 0,161 37 17 14,7 34,4 85,7 93,6 46,8 62,1
63 Trinidade e Tobago 0,323 72 63 30,1 30,1 74,4 d 71,2 d 50,4 71,3
65 Irão (República Islâmica do) 0,492 118 25 40,6 5,9 67,4 72,0 16,8 71,2
66 Maurícia 0,369 82 53 25,7 11,6 65,7 d 68,1 d 45,0 71,8
67 Panamá 0,460 108 94 81,8 18,3 74,8 d 68,4 d 52,5 80,5
TABELA
68 Costa Rica 0,285 61 25 53,5 45,6 53,8 52,3 45,7 74,6
69 Albânia 0,234 51 29 19,6 27,9 93,5 92,8 47,2 64,9 5
70 Geórgia 0,351 75 36 46,4 16,0 97,4 98,6 57,8 78,7
71 Sri Lanca 0,380 86 30 20,9 5,8 82,6 d 83,1 d 34,9 72,2
72 Cuba 0,312 67 39 51,6 53,2 86,7 d 88,9 d 40,0 67,4
73 São Cristóvão e Nevis .. .. .. .. 13,3 .. .. .. ..
74 Antígua e Barbuda .. .. .. 42,8 31,4 .. .. .. ..
75 Bósnia-Herzegovina 0,162 38 11 9,6 19,3 73,1 90,0 35,6 58,6
76 México 0,334 74 38 60,4 48,4 58,4 61,1 43,8 78,9
77 Tailândia 0,377 84 20 44,9 5,3 43,1 48,2 59,5 76,2
78 Granada .. .. 27 29,2 39,3 .. .. .. ..
79 Brasil 0,386 89 44 59,1 15,0 61,0 57,7 54,0 74,4
79 Colômbia 0,411 94 64 66,7 19,0 53,1 50,9 58,6 82,0
81 Arménia 0,259 57 25 21,5 18,1 96,9 97,6 49,6 69,9
82 Argélia 0,443 100 140 10,1 21,3 39,1 d 38,9 d 14,9 67,4
82 Macedónia do Norte 0,145 36 8 15,7 38,3 41,6 f 57,6 f 42,7 67,5
82 Peru 0,381 87 68 56,9 27,7 57,4 68,5 69,9 84,7
85 China 0,163 39 27 7,6 24,9 75,4 d 83,0 d 61,3 75,9
85 Equador 0,389 90 64 79,3 38,0 51,9 51,9 56,6 81,8
87 Azerbaijão 0,321 70 25 55,8 16,8 93,9 97,5 63,1 69,7
88 Ucrânia 0,284 60 24 23,7 12,3 94,0 d 95,2 d 46,7 62,8
89 República Dominicana 0,453 104 92 94,3 24,3 58,6 54,4 50,9 77,6
89 Santa Lúcia 0,333 73 48 40,5 20,7 49,2 42,1 60,2 75,3
91 Tunísia 0,300 63 62 7,8 31,3 42,3 d 54,6 d 24,1 69,9
92 Mongólia 0,322 71 44 31,0 17,1 91,2 86,3 53,3 66,7
93 Líbano 0,362 79 15 14,5 4,7 54,3 g 55,6 g 23,5 70,9
94 Botsuana 0,464 111 129 46,1 9,5 89,6 d 90,3 d 66,2 78,6
94 São Vicente e Granadinas .. .. 45 49,0 13,0 .. .. 57,3 79,2
96 Jamaica 0,405 93 89 52,8 19,0 69,9 62,4 60,4 73,9
96 Venezuela (República Bolivariana da) 0,458 106 95 85,3 22,2 71,7 66,6 47,7 77,1
98 Dominica .. .. .. .. 25,0 .. .. .. ..
98 Ilhas Fiji 0,357 78 30 49,4 19,6 78,3 d 70,2 d 38,1 76,1
98 Paraguai 0,482 117 132 70,5 16,0 47,3 48,3 56,9 84,1
98 Suriname 0,465 112 155 61,7 25,5 61,5 60,1 39,2 64,2
102 Jordânia 0,469 113 58 25,9 15,4 82,0 d 85,9 d 14,1 64,0
103 Belize 0,391 91 28 68,5 11,1 78,9 78,4 53,3 81,4
104 Maldivas 0,367 81 68 7,8 5,9 44,9 d 49,3 d 41,9 82,0
105 Tonga 0,418 96 124 14,7 7,4 94,0 d 93,4 d 45,3 74,1
106 Filipinas 0,425 98 114 54,2 29,1 75,6 d 72,4 d 45,7 74,1
107 Moldávia (República da) 0,228 50 23 22,4 22,8 95,5 97,4 38,9 45,6
108 Turquemenistão .. .. 42 24,4 24,8 .. .. 52,8 78,2
108 Usbequistão 0,303 64 36 23,8 16,4 99,9 99,9 53,4 78,0
110 Líbia 0,172 41 9 5,8 16,0 69,4 d 45,0 d 25,7 79,0
111 Indonésia 0,451 103 126 47,4 19,8 44,5 53,2 52,2 82,0
111 Samoa 0,364 80 51 23,9 10,0 79,1 h 71,6 h 23,7 38,6
113 África do Sul 0,422 97 138 67,9 41,8 i 75,0 78,2 48,9 62,6
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 0,446 101 206 64,9 51,8 52,8 65,1 56,6 79,4
115 Gabão 0,534 128 291 96,2 17,4 j 65,6 d 49,8 d 43,4 60,2
116 Egito 0,450 102 33 53,8 14,9 59,2 d 71,2 d 22,8 73,2
DESENVOLVIMENTO HUMANO MÉDIO
117 Ilhas Marshall .. .. .. .. 9,1 91,6 92,5 .. ..
118 Vietname 0,314 68 54 30,9 26,7 66,2 d 77,7 d 72,7 82,5
119 Palestina (Estado da) .. .. 45 52,8 .. 60,0 62,2 19,3 71,1
Classificação do IDH 2018 2018 2015 2015–2020b 2018 2010–2018c 2010–2018c 2018 2018
120 Iraque 0,540 131 50 71,7 25,2 39,5 d 56,5 d 12,4 72,6
121 Marrocos 0,492 118 121 31,0 18,4 29,0 d 35,6 d 21,4 70,4
122 Quirguizistão 0,381 87 76 32,8 19,2 98,6 d 98,3 d 48,0 75,8
123 Guiana 0,492 118 229 74,4 31,9 70,9 d 55,5 d 41,2 73,6
124 El Salvador 0,397 92 54 69,5 31,0 39,9 46,3 46,1 78,9
125 Tajiquistão 0,377 84 32 57,1 20,0 98,8 d 87,0 d 27,8 59,7
126 Cabo Verde 0,372 83 42 73,8 20,8 k 28,7 31,2 65,1 73,2
126 Guatemala 0,492 118 88 70,9 12,7 38,4 37,2 41,1 85,0
TABELA
126 Nicarágua 0,455 105 150 85,0 45,7 48,3 d 46,6 d 50,7 83,7
5 129 Índia 0,501 122 174 13,2 11,7 39,0 d 63,5 d 23,6 78,6
130 Namíbia 0,460 108 265 63,6 39,7 40,5 d 41,9 d 56,2 65,9
131 Timor-Leste .. .. 215 33,8 33,8 .. .. 25,0 52,6
132 Honduras 0,479 116 129 72,9 21,1 34,2 32,6 47,2 83,7
132 Quiribati .. .. 90 16,2 6,5 .. .. .. ..
134 Butão 0,436 99 148 20,2 15,3 7,6 17,5 58,2 74,5
135 Bangladeche 0,536 129 176 83,0 20,3 45,3 d 49,2 d 36,0 81,3
135 Micronésia (Estados Federados da) .. .. 100 13,9 0,0 l .. .. .. ..
137 São Tomé e Príncipe 0,547 136 156 94,6 14,5 31,5 45,8 43,3 76,2
138 Congo 0,579 145 442 112,2 14,0 46,7 d 51,3 d 66,9 71,6
138 Essuatíni (Reino de) 0,579 145 389 76,7 12,1 31,3 d 33,9 d 41,4 65,9
140 República Democrática Popular do Laos 0,463 110 197 65,4 27,5 35,0 d 46,0 d 76,8 79,7
141 Vanuatu .. .. 78 49,4 0,0 l .. .. 61,5 79,6
142 Gana 0,541 133 319 66,6 12,7 55,7 d 71,1 d 63,6 71,5
143 Zâmbia 0,540 131 224 120,1 18,0 39,2 d 52,4 d 70,8 79,8
144 Guiné Equatorial .. .. 342 155,6 18,0 .. .. 55,2 67,1
145 Mianmar 0,458 106 178 28,5 10,2 28,7 d 22,3 d 47,7 77,3
146 Camboja 0,474 114 161 50,2 19,3 15,1 d 28,1 d 75,2 87,6
147 Quénia 0,545 134 510 75,1 23,3 29,8 d 37,3 d 63,6 69,1
147 Nepal 0,476 115 258 65,1 33,5 29,0 d 44,2 d 81,7 84,4
149 Angola 0,578 144 477 150,5 30,5 23,1 38,1 75,4 80,1
150 Camarões 0,566 140 596 105,8 29,3 32,7 40,9 71,2 81,4
150 Zimbabué 0,525 126 443 86,1 34,3 55,9 66,3 78,6 89,0
152 Paquistão 0,547 136 178 38,8 20,0 26,7 47,3 23,9 81,5
153 Ilhas Salomão .. .. 114 78,0 2,0 .. .. 62,4 80,3
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 0,547 136 68 38,6 13,2 37,1 d 43,4 d 12,0 70,3
155 Papua-Nova Guiné 0,740 161 215 52,7 0,0 l 9,9 d 15,2 d 46,0 47,6
156 Comores .. .. 335 65,4 6,1 .. .. 37,4 50,7
157 Ruanda 0,412 95 290 39,1 55,7 12,9 d 17,9 d 84,2 83,6
158 Nigéria .. .. 814 107,3 5,8 .. .. 50,6 59,8
159 Tanzânia (República Unida da) 0,539 130 398 118,4 37,2 11,9 d 16,9 d 79,4 87,2
159 Uganda 0,531 127 343 118,8 34,3 27,4 d 34,7 d 67,2 75,0
161 Mauritânia 0,620 150 602 71,0 20,3 12,7 d 24,9 d 29,2 63,2
162 Madagáscar .. .. 353 109,6 19,6 .. .. 83,6 89,3
163 Benim 0,613 148 405 86,1 7,2 18,2 d 33,6 d 69,2 73,3
164 Lesoto 0,546 135 487 92,7 22,7 32,8 d 25,1 d 59,8 74,9
165 Costa do Marfim 0,657 157 645 117,6 9,2 m 17,8 d 34,1 d 48,3 66,0
166 Senegal 0,523 125 315 72,7 41,8 11,1 21,4 35,2 58,6
167 Togo 0,566 140 368 89,1 17,6 27,6 d 54,0 d 76,1 79,3
168 Sudão 0,560 139 311 64,0 31,0 15,3 d 19,6 d 24,5 70,3
169 Haiti 0,620 150 359 51,7 2,7 26,9 d 39,9 d 63,3 72,8
170 Afeganistão 0,575 143 396 69,0 27,4 j 13,2 d 36,9 d 48,7 82,1
171 Djibouti .. .. 229 18,8 26,2 .. .. 54,8 71,1
172 Malaui 0,615 149 634 132,7 16,7 17,6 d 25,9 d 72,9 82,0
173 Etiópia 0,508 123 353 66,7 37,3 11,5 n 22,0 n 74,2 86,5
174 Gâmbia 0,620 150 706 78,2 10,3 30,7 n 43,6 n 51,7 67,7
174 Guiné .. .. 679 135,3 21,9 .. .. 64,1 65,1
176 Libéria 0,651 155 725 136,0 11,7 18,5 d 39,6 d 54,7 57,5
177 Iémen 0,834 162 385 60,4 0,5 19,9 d 35,5 d 6,0 70,8
Classificação do IDH 2018 2018 2015 2015–2020b 2018 2010–2018c 2010–2018c 2018 2018
178 Guiné–Bissau .. .. 549 104,8 13,7 .. .. 67,3 78,9
179 Congo (República Democrática do) 0,655 156 693 124,2 8,2 36,7 65,8 60,8 66,5
180 Moçambique 0,569 142 489 148,6 39,6 14,0 27,3 77,5 79,6
181 Serra Leoa 0,644 153 1.360 112,8 12,3 19,9 d 32,9 d 57,7 58,5
182 Burquina Faso 0,612 147 371 104,3 11,0 6,0 n 12,1 n 58,5 75,1
182 Eritreia .. .. 501 52,6 22,0 .. .. 74,1 87,1
184 Mali 0,676 158 587 169,1 8,8 7,3 f 16,4 f 61,3 80,9
185 Burundi 0,520 124 712 55,6 38,8 7,5 d 11,0 d 80,4 77,6
TABELA
186 Sudão do Sul .. .. 789 62,0 26,6 .. .. 71,8 74,3
187 Chade 0,701 160 856 161,1 15,3 1,7 n 10,3 n 64,8 77,9 5
188 República Centro-Africana 0,682 159 882 129,1 8,6 13,4 d 31,1 d 64,7 79,8
189 Níger 0,647 154 553 186,5 17,0 4,3 d 8,9 d 67,3 90,5
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
Coreia (República Popular Democrática
.. .. .. 82 0,3 16,3 .. .. 74,3 87,3
da)
.. Mónaco .. .. .. .. 33,3 .. .. .. ..
.. Nauru .. .. .. .. 10,5 .. .. .. ..
.. São Marino .. .. .. .. 26,7 .. .. .. ..
.. Somália .. .. 732 100,1 24,3 .. .. 19,1 74,3
.. Tuvalu .. .. .. .. 6,7 .. .. .. ..
Agrupamentos por IDH
Desenvolvimento humano muito
0,175 — 15 16,7 27,2 87,0 88,7 52,1 69,0
elevado
Desenvolvimento humano elevado 0,331 — 56 33,6 24,4 68,9 74,5 53,9 75,6
Desenvolvimento humano médio 0,501 — 198 34,3 20,8 39,5 58,7 32,3 78,9
Desenvolvimento humano baixo 0,590 — 557 101,1 21,3 17,8 30,3 58,2 73,1
Países em desenvolvimento 0,466 — 231 46,8 22,4 55,0 65,8 46,6 76,6
Regiões
Estados Árabes 0,531 — 148 46,6 18,3 45,9 54,9 20,4 73,8
Ásia Oriental e Pacífico 0,310 — 62 22,0 20,3 68,8 76,2 59,7 77,0
Europa e Ásia Central 0,276 — 25 27,8 21,2 78,1 85,8 45,2 70,1
América Latina e Caraíbas 0,383 — 68 63,2 31,0 59,7 59,3 51,8 77,2
Ásia do Sul 0,510 — 176 26,1 17,1 39,9 60,8 25,9 78,8
África Subsariana 0,573 — 550 104,7 23,5 28,8 39,8 63,5 72,9
Países menos avançados 0,561 — 434 T 94,4 22,5 25,3 34,9 57,3 78,8
Pequenos Estados insulares em vias de
0,453 — 192 57,5 24,6 59,0 61,5 51,0 70,2
desenvolvimento
Organização para a Cooperação e
0,182 — 14 20,5 30,1 84,8 87,7 51,6 68,5
o Desenvolvimento Económico
Mundo 0,439 — 216 T 42,9 24,1 62,8 71,2 48,0 74,9
NOTAS j Referente a 2017. Taxa de mortalidade materna: Número de mortes Taxa de participação na força de trabalho:
a Modelos de estimativas da Organização k Referente a 2013. maternas expresso por 100.000 nados vivos. Percentagem da população em idade ativa (com
Internacional do Trabalho. pelo menos 15 anos de idade) que participa no
l Ao calcular o Índice de Desigualdade de Género, Taxa de partos na adolescência: Número de
b Os dados correspondem às estimativas médias mercado de trabalho, seja a trabalhar ou a procurar
foi usado um valor de 0,1 por cento. partos de mulheres com idades compreendidas entre
anuais para 2015-2020. ativamente trabalho, expressa em percentagem da
m Referente a 2015. os 15 e os 19 anos por 1.000 mulheres da mesma
população em idade ativa.
c Os dados referem-se ao ano mais recente faixa etária.
n Atualizado pelo GRDH com base em dados dos FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
disponibilizado durante o período especificado. Inquéritos sobre Demografia e Saúde da ICF Percentagem de assentos no parlamento:
d Com base em dados de Barro e Lee (2018). Macro de 2006–2018. Proporção de assentos detidos por mulheres no Coluna 1: Cálculos do GRDH baseados nos dados
e Com base em dados da OCDE (2018). parlamento nacional, expressa como percentagem das colunas 3–9.
T Adicionado a partir da fonte original dos dados.
f Atualizado pelo GRDH com base em dados dos dos assentos totais. Nos países com um sistema Coluna 2: Cálculos baseados nos dados da coluna 1.
DEFINIÇÕES legislativo de duas câmaras, a percentagem de
Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos Coluna 3: Grupo das Nações Unidas para o Cálculo
do Fundo das Nações Unidas para a Infância Índice de Desigualdade de Género: Uma medida lugares no parlamento nacional é calculada com
composta que reflete a desigualdade de realização base nas duas câmaras. das Estimativas da Mortalidade Materna (2017).
de 2006–2018.
entre mulheres e homens em três dimensões: saúde Coluna 4: UNDESA (2019b).
g Baseado em regressão transnacional. População com pelo menos uma parte do
reprodutiva, capacitação e mercado de trabalho.
h Com base em dados do instituto nacional ensino secundário: Percentagem da população Coluna 5: UIP (2019).
Para mais pormenores sobre o cálculo do Índice de
de estatística. com idade igual ou superior a 25 anos que atingiu
Desigualdade de Género, ver Nota técnica 4 em Colunas 6 e 7: Instituto de Estatística da UNESCO
(mas poderá não ter concluído) um nível de ensino
i Excluídas as 36 delegadas especiais, nomeadas http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_ (2019) e Barro e Lee (2018).
secundário.
ad hoc em regime rotativo. technical_notes.pdf.
Colunas 8 e 9: OIT (2019).
No ano
2007–2018 Valor (%) do inquérito 2017 (%) Valor (%) (%) (%) (%) (%) 2007–2018c 2007–2017c
Afeganistão 2015/2016 D 0,272 d 55,9d 19.376 d 19.865 d 48,6 d 0,020 d 24,9 d 18,1 d 10,0 d 45,0 d 45,0 d 54,5 ..
Albânia 2017/2018 D 0,003 0,7 21 21 39,1 .. e 0,1 5,0 28,3 55,1 16,7 14,3 1,1
Argélia 2012/2013 M 0,008 2,1 805 868 38,8 0,006 0,3 5,8 29,9 46,8 23,2 5,5 0,5
Angola 2015/2016 D 0,282 51,1 14.725 15.221 55,3 0,024 32,5 15,5 21,2 32,1 46,8 36,6 30,1
Arménia 2015/2016 D 0,001 0,2 5 5 36,2 .. e 0,0 2,7 33,1 36,8 30,1 25,7 1,4
Bangladeche 2014 D 0,198 41,7 66.468 68.663 47,5 0,016 16,7 21,4 23,5 29,2 47,3 24,3 14,8
Barbados 2012 M 0,009 f 2,5f 7f 7f 34,2 f .. e 0,0 f 0,5 f 96,0 f 0,7 f 3,3 f .. ..
Belize 2015/2016 M 0,017 4,3 16 16 39,8 0,007 0,6 8,4 39,5 20,9 39,6 .. ..
Benim 2017/2018 D 0,368 66,8 7.672 7.465 55,0 0,025 40,9 14,7 20,8 36,3 42,9 40,1 49,5
TABELA Butão 2010 M 0,175 g 37,3g 272 g 302 g 46,8 g 0,016 g 14,7 g 17,7 g 24,2 g 36,6 g 39,2 g 8,2 1,5
No ano
2007–2018 Valor (%) do inquérito 2017 (%) Valor (%) (%) (%) (%) (%) 2007–2018c 2007–2017c
Montenegro 2013 M 0,002 g 0,4 g 2g 2g 45,7 g .. e 0,1 g 4,3 g 24,4 g 46,0 g 29,7 g 24,0 0,0
Marrocos 2011 P 0,085 g 18,6 g 6.101 g 6.636 g 45,7 g 0,017 g 6,5 g 13,2 g 25,6 g 42,1 g 32,3 g 4,8 1,0
Moçambique 2011 D 0,411 72,5 18.069 21.496 56,7 0,023 49,1 13,6 17,2 32,5 50,3 46,1 62,4
Mianmar 2015/2016 D 0,176 38,3 20.263 20.449 45,9 0,015 13,8 21,9 18,5 32,3 49,2 32,1 6,2
Namíbia 2013 D 0,171 38,0 880 963 45,1 0,012 12,2 20,3 30,3 14,9 54,9 17,4 13,4
Nepal 2016 D 0,148 34,0 9.851 9.961 43,6 0,012 11,6 22,3 31,5 27,2 41,3 25,2 15,0
Nicarágua 2011/2012 D 0,074 16,3 956 1.011 45,2 0,013 5,5 13,2 11,1 36,5 52,4 24,9 3,2
Níger 2012 D 0,590 90,5 16.042 19.431 65,2 0,026 74,8 5,1 20,3 37,3 42,4 44,5 44,5
Nigéria 2016/2017 M 0,291 51,4 98.175 98.175 56,6 0,029 32,3 16,8 27,0 32,2 40,8 46,0 53,5
Macedónia do Norte 2011 M 0,010 f 2,5 f 52 f 53 f 37,7 f 0,007 f 0,2 f 2,9 f 62,5 f 17,0 f 20,5 f 22,2 5,2 TABELA
Paquistão
Palestina (Estado da)
2017/2018 D
2014 M
0,198
0,004
38,3
1,0
76.976
43
75.520
47
51,7
37,5
0,023
0,003
21,5
0,1
12,9
5,4
27,6
53,3
41,3
32,8
31,1
13,9
24,3
29,2
3,9
1,0 6
Paraguai 2016 M 0,019 4,5 303 307 41,9 0,013 1,0 7,2 14,3 38,9 46,8 26,4 1,2
Peru 2012 D 0,053 12,7 3.818 4.072 41,6 0,009 2,9 12,5 20,3 23,7 56,0 21,7 3,4
Filipinas 2017 D 0,024 d 5,8 d 6.081 d 6.081 d 41,8 d 0,010 d 1,3 d 7,3 d 20,3 d 31,0 d 48,7 d 21,6 7,8
Ruanda 2014/2015 D 0,259 54,4 6.329 6.644 47,5 0,013 22,2 25,7 13,6 30,5 55,9 38,2 55,5
Santa Lúcia 2012 M 0,007 f 1,9 f 3f 3f 37,5 f .. e 0,0 f 1,6 f 69,5 f 7,5 f 23,0 f 25,0 4,7
São Tomé e Príncipe 2014 M 0,092 22,1 42 45 41,7 0,008 4,4 19,4 18,6 37,4 44,0 66,2 32,3
Senegal 2017 D 0,288 53,2 8.428 8.428 54,2 0,021 32,8 16,4 22,1 44,9 33,0 46,7 38,0
Sérvia 2014 M 0,001 g 0,3 g 30 g 30 g 42,5 g .. e 0,1 g 3,4 g 20,6 g 42,7 g 36,8 g 25,7 0,1
Serra Leoa 2017 M 0,297 57,9 4.378 4.378 51,2 0,020 30,4 19,6 18,6 28,9 52,4 52,9 52,2
África do Sul 2016 D 0,025 6,3 3.505 3.549 39,8 0,005 0,9 12,2 39,5 13,1 47,4 55,5 18,9
Sudão do Sul 2010 M 0,580 91,9 9.248 11.552 63,2 0,023 74,3 6,3 14,0 39,6 46,5 82,3 42,7
Sudão 2014 M 0,279 52,3 19.748 21.210 53,4 0,023 30,9 17,7 21,1 29,2 49,8 46,5 14,9
Suriname 2010 M 0,041 f 9,4 f 49 f 53 f 43,4 f 0,018 f 2,5 f 4,5 f 45,7 f 25,5 f 28,8 f .. ..
República Árabe da Síria 2009 P 0,029 g 7,4 g 1.539 g 1.350 g 38,9 g 0,006 g 1,2 g 7,7 g 40,7 g 49,0 g 10,2 g 35,2 ..
Tajiquistão 2017 D 0,029 7,4 664 664 39,0 0,004 0,7 20,1 47,8 26,5 25,8 31,3 4,8
Tanzânia (República Unida da) 2015/2016 D 0,273 55,4 30.814 31.778 49,3 0,016 25,9 24,2 21,1 22,9 56,0 28,2 49,1
Tailândia 2015/2016 M 0,003 g 0,8 g 541 g 542 g 39,1 g 0,007 g 0,1 g 7,2 g 35,0 g 47,4 g 17,6 g 8,6 0,0
Timor-Leste 2016 D 0,210 45,8 581 594 45,7 0,014 16,3 26,1 27,8 24,2 48,0 41,8 30,7
Togo 2013/2014 D 0,249 48,2 3.481 3.755 51,6 0,023 24,3 21,8 21,7 28,4 50,0 55,1 49,2
Trinidade e Tobago 2011 M 0,002 g 0,6 g 8g 9g 38,0 g .. e 0,1 g 3,7 g 45,5 g 34,0 g 20,5 g .. ..
Tunísia 2011/2012 M 0,005 1,3 144 153 39,7 0,006 0,2 3,7 25,7 50,2 24,1 15,2 0,3
Turquemenistão 2015/2016 M 0,001 0,4 23 23 36,1 .. e 0,0 2,4 88,0 4,4 7,6 .. ..
Uganda 2016 D 0,269 55,1 22.857 23.614 48,8 0,017 24,1 24,9 22,4 22,5 55,1 21,4 41,7
Ucrânia 2012 M 0,001 d 0,2 d 109 d 106 d 34,5 d .. e 0,0 d 0,4 d 59,7 d 28,8 d 11,5 d 2,4 0,1
Vanuatu 2007 M 0,174 g 38,8 g 85 g 107 g 44,9 g 0,012 g 10,2 g 32,3 g 21,4 g 22,5 g 56,2 g 12,7 13,1
Vietname 2013/2014 M 0,019 d 4,9 d 4.530 d 4.677 d 39,5 d 0,010 d 0,7 d 5,6 d 15,2 d 42,6 d 42,2 d 9,8 2,0
Iémen 2013 D 0,241 47,7 12.199 13.475 50,5 0,021 23,9 22,1 28,3 30,7 41,0 48,6 18,8
Zâmbia 2013/2014 D 0,261 53,2 8.317 9.102 49,1 0,017 24,2 22,5 23,7 22,5 53,7 54,4 57,5
Zimbabué 2015 D 0,137 31,8 5.018 5.257 42,9 0,009 8,0 27,4 27,3 12,3 60,4 72,3 21,4
Países em desenvolvimento — 0,114 23,1 1.279.663 1.325.994 49,4 0,018 10,5 15,3 25,8 29,5 44,7 21,3 14,2
Regiões
Estados Árabes — 0,076 15,7 48.885 52.251 48,4 0,018 6,9 9,4 26,2 35,3 38,6 25,2 4,6
Ásia Oriental e Pacífico — 0,024 5,6 110.775 113.247 42,3 0,009 1,0 14,9 27,4 35,6 37,0 6,6 2,1
Europa e Ásia Central — 0,004 1,1 1.237 1.240 37,9 0,004 0,1 3,6 52,8 23,3 23,9 11,9 0,6
América Latina e Caraíbas — 0,033 7,5 38.067 39.324 43,1 0,011 2,0 7,7 35,4 25,7 38,9 31,5 4,1
Ásia do Sul — 0,142 31,0 542.492 548.048 45,6 0,016 11,3 18,8 29,2 27,9 42,9 22,9 17,5
África Subsariana — 0,315 57,5 538.206 571.884 54,9 0,022 35,1 17,2 22,2 29,6 48,1 43,7 44,7
NOTAS i Com base em dados acedidos a 7 de junho de 2016. Contagem de pessoas em situação de pobreza multidimensional: População com Percentagem da população que vive abaixo do limiar nacional de pobreza:
a em todos os indicadores estavam disponíveis para todos os países; deve ser usada
N j Falta o indicador sobre habitação. uma pontuação de privações de, pelo menos, 33%. Expressa em percentagem da população Percentagem da população que vive abaixo do limiar nacional de pobreza, que é o limiar de
cautela nas comparações transnacionais. Nos casos em que falta um indicador, a k A mortalidade infantil foi calculada com base nas mortes ocorridas entre os inquéritos no ano do inquérito, número de pessoas no ano do inquérito e número projetado de pessoas pobreza considerado adequado a um país pelas suas autoridades. As estimativas nacionais
ponderação dos indicadores disponíveis foi ajustada para totalizar 100 por cento. - isto é, entre 2012 e 2014. As mortes infantis comunicadas por um homem adulto do em 2017. baseiam-se em estimativas ponderadas de subgrupos de população obtidas de inquéritos
Para mais pormenores, ver Nota técnica 5 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/ agregado familiar foram tidas em conta, uma vez que a data da morte foi comunicada. às famílias.
Intensidade da privação da pobreza multidimensional: A pontuação média de
hdr2019_technical_notes.pdf. l Falta o indicador sobre combustível para cozinhar. privações sentidas pelas pessoas em estado de pobreza multidimensional. População que vive com menos de 1,90 $ em PPC por dia: Percentagem da população
b D indica que os dados são de Inquéritos sobre Demografia e Saúde, M indica que os m Falta o indicador sobre eletricidade. que vive abaixo da linha internacional de pobreza de 1,90 $ (em termos de paridade de
dados são de Inquéritos de Grupo para Indicadores Múltiplos, N indica que os dados Desigualdade entre as populações pobres: Variação das pontuações individuais poder de compra [PPC]) por dia.
n As estimativas do Índice de Pobreza Multidimensional baseiam-se no Inquérito Nacional
são de inquéritos nacionais e P indica que os dados são do Inquérito Pan-árabe sobre de privação das pessoas pobres. É calculada subtraindo a pontuação de privação de
sobre Saúde e Nutrição de 2016. As estimativas baseadas no Inquérito de Grupo
População e Saúde Familiar (consultar a lista de inquéritos nacionais em http://hdr. cada pessoa multidimensionalmente pobre à intensidade média, elevando as diferenças FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
para Indicadores Múltiplos de 2015 são de 0,010 para o valor do Índice de Pobreza
undp.org/en/faq-page/multidimensional-poverty-index-mpi). ao quadrado e dividindo a soma dos quadrados ponderados pelo número de pessoas
Multidimensional, de 2,6 para a contagem de pessoas (%) em situação de pobreza Coluna 1: Referente ao ano e ao inquérito cujos dados foram utilizados para calcular o valor
c Os dados referem-se ao ano mais recente disponibilizado durante o período multidimensional, de 3.125.000 para a contagem de pessoas em situação de pobreza multidimensionalmente pobres. do Índice de Pobreza Multidimensional do país e os seus componentes.
especificado. multidimensional no ano do inquérito, de 3.200.000 para a contagem de pessoas em
d Falta o indicador sobre nutrição. situação de pobreza multidimensional projetada para 2017, de 40,2 para a intensidade População em situação de pobreza multidimensional grave: Percentagem da Colunas 2–12: Cálculos do GRDH e da OPHI baseados em dados sobre as privações das
da privação, de 0,4 para a população em situação de pobreza multidimensional grave, de população em estado de pobreza multidimensional grave, ou seja, as pessoas com uma famílias em termos de saúde, educação e padrões de vida, provenientes de vários inquéritos
e O valor não é comunicado por se basear num pequeno número de pessoas pontuação de privações de 50% ou mais.
multidimensionalmente pobres. 6,1 para a população vulnerável à pobreza multidimensional, de 39,9 para a contribuição às famílias, conforme a lista da coluna 1, utilizando a metodologia descrita na Nota Técnica
f Falta o indicador sobre mortalidade infantil. das privações de saúde, de 23,8 para a contribuição das privações de educação e de 5 (disponível em http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf) e
População vulnerável à pobreza multidimensional: Percentagem da população em
36,3 para a contribuição das privações de padrões de vida. em Alkire, Kanagaratnam e Suppa (2019). As colunas 4 e 5 utilizam, igualmente, dados
g Tem em conta as mortes infantis ocorridas em qualquer momento, dado que o inquérito risco de sofrer privações múltiplas, ou seja, as pessoas com uma pontuação de privações
DEFINIÇÕES populacionais do UNDESA (2017b).
não recolheu a data das mortes infantis. de 20-33%.
h A metodologia foi ajustada para ter em conta o indicador em falta sobre a nutrição e Índice de Pobreza Multidimensional: Percentagem da população que é Colunas 13 e 14: Banco Mundial (2019a).
Contribuição das privações para a pobreza multidimensional global por dimensão:
o indicador incompleto sobre a mortalidade infantil (o inquérito não recolheu a data multidimensionalmente pobre ajustada pela intensidade das privações. Para mais
Percentagem do Índice de Pobreza Multidimensional atribuída às privações em cada
das mortes infantis). pormenores sobre o cálculo do Índice de Pobreza Multidimensional, ver Nota técnica 5 em
dimensão.
http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2019_technical_notes.pdf.
ODS 4.c ODS 4.a ODS 4.1 ODS 7.1 ODS 6.1 ODS 6.2
Qualidade da saúde Qualidade da educação Qualidade do nível de vida
ODS 4.c ODS 4.a ODS 4.1 ODS 7.1 ODS 6.1 ODS 6.2
Qualidade da saúde Qualidade da educação Qualidade do nível de vida
ODS 4.c ODS 4.a ODS 4.1 ODS 7.1 ODS 6.1 ODS 6.2
Qualidade da saúde Qualidade da educação Qualidade do nível de vida
ODS 4.c ODS 4.a ODS 4.1 ODS 7.1 ODS 6.1 ODS 6.2
Qualidade da saúde Qualidade da educação Qualidade do nível de vida
NOTAS j Referente às províncias de Pequim, Cantão, Pontuação do Programa Internacional de População que utiliza, pelo menos, serviços
O código tricolor é utilizado para a visualização Jiangsu e Xangai. Avaliação de Alunos (PISA): Pontuação obtida básicos de saneamento: Percentagem da
dos agrupamentos parciais de países e agregados em testes das competências e dos conhecimentos população que utiliza, pelo menos, serviços
por indicador. Em cada indicador, os países são DEFINIÇÕES dos alunos com 15 anos de idade nos domínios básicos de saneamento — ou seja, instalações
divididos em três grupos com uma dimensão da matemática, da leitura e das ciências. melhoradas de saneamento não partilhadas
Esperança de vida perdida: Diferença relativa com outros agregados familiares. Este indicador
aproximadamente igual (tercis): o terço superior, entre a esperança de vida e a esperança de vida Vulnerabilidade laboral: Percentagem de
o terço médio e o terço inferior. Atribui-se um abrange pessoas que utilizam serviços básicos de
saudável, expressa em percentagem da esperança empregados contratados como trabalhadores saneamento, bem como as que utilizam serviços de
código de cor aos agregados, utilizando os mesmos de vida à nascença. familiares não remunerados e trabalhadores
limites de tercil. Para mais pormenores acerca saneamento com uma gestão segura. As instalações
por conta própria. melhoradas de saneamento incluem sanitas
do agrupamento parcial nesta tabela, ver Nota Médicos: Número de médicos (generalistas
técnica 6 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/ ou especialistas), expresso por 10.000 pessoas. População rural com acesso à eletricidade: com descarga/autoclismo ligadas a sistemas de
hdr2019_technical_notes.pdf . Número de pessoas que vivem em áreas rurais com esgotos canalizados, fossas sépticas ou latrinas
Camas hospitalares: Número de camas acesso à eletricidade, expresso em percentagem convencionais, latrinas convencionais com lajes
a Modelos de estimativas da Organização hospitalares disponíveis, expresso por da população rural total. Inclui a eletricidade (incluindo latrinas convencionais ventiladas) e
Internacional do Trabalho. 10.000 pessoas. vendida comercialmente (tanto em rede como sanitas de compostagem.
b A classificação média nos países da Organização
Rácio de alunos por professor no ensino fora dela) e a eletricidade autogerada, mas não
para a Cooperação e o Desenvolvimento FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
primário: Número médio de alunos (estudantes) as ligações ilegais.
Económico (OCDE) é de 490.
por professor no ensino primário. População que utiliza, pelo menos, serviços Coluna 1: Cálculos do GRDH baseados em dados
c A classificação média nos países da OCDE é
de 493. básicos de água potável: Percentagem da sobre a esperança de vida à nascença e a esperança
Professores do ensino primário com formação
população que utiliza, pelo menos, serviços básicos de vida saudável à nascença do IHME (2018).
d Os dados referem-se ao ano mais recente para o ensino: Percentagem de professores
disponibilizado durante o período especificado. do ensino primário com o mínimo de formação de água potável — ou seja, a população que bebe Colunas 2, 13 e 14: OMS (2019).
de professores (recebida previamente ou já em água de uma fonte melhorada, contanto que o tempo
e Referente a um ano entre 2007 e 2009. de recolha não exceda 30 minutos para a ida e a Colunas 3 e 12: Banco Mundial (2019a).
exercício da profissão) exigida para lecionarem ao
f Referente a 2015. nível do ensino básico. volta. Este indicador abrange pessoas que utilizam
serviços básicos de água potável, bem como as que Colunas 4–7: Instituto de Estatística da UNESCO
g Referente à região adjudicada da Cidade
Escolas com acesso à Internet: Percentagem de utilizam serviços de água potável com uma gestão (2019).
Autónoma de Buenos Aires.
escolas do nível de ensino indicado com acesso à segura. As fontes melhoradas de água incluem Colunas 8–10: OCDE (2017).
h Referente a 2016.
Internet para fins educativos. água canalizada, furos ou poços tubulares, poços
i Referente a 2013. escavados protegidos da contaminação, nascentes Coluna 11: OIT (2019).
protegidas e água engarrafada ou entregue.
PAINEL
ODS 4.2 ODS 4.1 ODS 4.1 ODS 8.5 ODS 4.6 ODS 8.5 ODS 8.3 ODS 5.5 ODS 5.4 ODS 1.3
Infância e juventude Idade adulta Terceira idade
Mulheres com
idade igual
ou superior
a 15 anos
(nascimentos
de crianças do (% do emprego (rácio
sexo masculino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ total no setor (% do sexo (% do dia de feminino/ (rácio feminino/
feminino) Pré-escolar Primário Secundário masculino) masculino) masculino) não agrícola) feminino) 24 horas) masculino) masculino)
Classificação do IDH 2015–2020 b
2013–2018 c
2013–2018 c
2013–2018 c
2018 2010–2018 c
2018 2018 2018 2008–2018 c
2008–2018 c
2013–2017c
2 36 Eslováquia
39 Letónia
1,05
1,07
0,98
0,99
0,99
1,00
1,01
0,99
1,03
1,06
0,99
1,01
1,13
0,76
46,1
52,0
20,0
31,0
..
..
..
..
1,00
1,00
40 Portugal 1,06 0,98 0,96 0,97 1,13 0,98 1,17 49,7 34,8 17,8 1,7 0,77
41 Qatar 1,05 1,03 0,99 1,25 8,33 1,11 6,00 14,2 9,8 8,2 3,7 0,36
42 Chile 1,04 0,98 0,97 1,01 1,20 0,98 1,16 43,0 22,7 22,1 f 2,2 f 1,59
43 Brunei Darussalam 1,06 1,03 0,99 1,02 1,04 0,98 1,17 43,4 9,1 .. .. ..
43 Hungria 1,06 0,96 1,00 0,99 1,43 0,98 1,18 46,5 12,6 16,6 d 2,2 d 1,00
45 Bahrein 1,04 0,99 1,00 1,01 6,10 1,12 11,67 20,2 18,8 .. .. ..
46 Croácia 1,06 0,96 1,01 1,05 1,66 0,98 1,28 46,6 18,5 .. .. ..
47 Omã 1,05 1,05 1,03 0,97 4,79 1,15 7,59 12,0 8,8 18,9 2,5 ..
48 Argentina 1,04 1,01 1,00 1,04 1,34 1,05 1,27 41,2 39,5 23,4 2,5 ..
49 Federação Russa 1,06 0,98 1,01 0,99 1,09 1,01 0,94 49,4 16,1 18,4 2,3 1,00
ODS 4.2 ODS 4.1 ODS 4.1 ODS 8.5 ODS 4.6 ODS 8.5 ODS 8.3 ODS 5.5 ODS 5.4 ODS 1.3
Infância e juventude Idade adulta Terceira idade
Mulheres com
idade igual
ou superior
a 15 anos
(nascimentos
de crianças do (% do emprego (rácio
sexo masculino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ total no setor (% do sexo (% do dia de feminino/ (rácio feminino/
feminino) Pré-escolar Primário Secundário masculino) masculino) masculino) não agrícola) feminino) 24 horas) masculino) masculino)
Classificação do IDH 2015–2020b 2013–2018c 2013–2018c 2013–2018c 2018 2010–2018c 2018 2018 2018 2008–2018c 2008–2018c 2013–2017c
50 Bielorrússia 1,06 0,96 1,00 0,98 0,66 0,94 0,56 52,4 33,1 19,2 d 2,0 d ..
50 Cazaquistão 1,07 1,02 1,02 1,01 1,13 0,99 1,33 48,6 22,1 17,9 d 3,0 d ..
52 Bulgária 1,06 0,99 0,99 0,97 0,84 0,98 0,84 47,9 23,8 18,5 e 2,0 e 1,00
52 Montenegro 1,07 0,98 0,99 1,00 0,84 0,90 1,05 44,1 23,5 .. .. ..
52 Roménia 1,06 1,00 0,99 0,99 0,99 0,94 0,77 44,1 18,7 19,0 d 2,0 d 1,00
55 Palau .. 1,09 0,96 1,05 .. 1,00 .. .. 13,8 .. .. ..
56 Barbados 1,04 1,04 0,98 1,04 1,12 1,03 1,10 50,0 27,5 .. .. ..
57 Koweit 1,05 1,00 1,00 1,08 4,18 1,15 5,11 31,8 3,1 .. .. ..
57 Uruguai 1,05 1,02 0,98 .. 1,43 1,07 1,49 46,9 22,3 19,9 2,4 1,04
59 Turquia 1,05 0,95 0,99 0,98 1,39 0,67 1,42 28,3 17,4 19,2 5,2 ..
60 Bahamas 1,06 1,07 1,05 1,06 1,59 0,97 1,28 47,1 21,8 .. .. ..
61 Malásia 1,06 1,04 1,01 1,05 1,13 0,98 1,23 39,9 15,8 .. .. ..
62 Seicheles 1,06 1,03 1,01 1,07 .. .. .. .. 21,2 .. .. ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO ELEVADO
63 Sérvia 1,07 1,00 1,00 1,01 1,17 0,92 1,14 45,2 34,4 19,2 2,2 ..
63 Trinidade e Tobago 1,04 .. .. .. 1,05 1,05 1,11 43,2 30,1 .. .. ..
65 Irão (República Islâmica do) 1,05 1,00 1,03 1,02 1,85 0,93 1,99 16,5 5,9 21,0 4,0 0,10
66 Maurícia 1,04 1,00 1,02 1,07 1,55 0,96 2,10 38,5 11,6 .. .. ..
67 Panamá 1,05 1,03 0,98 1,03 1,61 1,09 1,59 41,9 18,3 17,7 2,4 ..
68 Costa Rica 1,05 1,00 1,01 1,05 1,47 1,03 1,51 40,7 45,6 21,3 f 2,6 f ..
69 Albânia 1,09 0,99 0,97 0,94 0,82 1,01 0,90 39,4 27,9 21,7 d 6,3 d ..
70 Geórgia 1,07 .. 1,01 1,02 1,20 0,99 0,83 44,3 16,0 .. .. 0,92
71 Sri Lanca 1,04 0,97 0,99 1,05 1,76 0,99 2,33 32,5 5,8 .. .. ..
72 Cuba 1,06 1,00 0,95 1,03 0,92 0,98 1,19 42,3 53,2 .. .. ..
73 São Cristóvão e Nevis .. .. .. .. .. .. .. .. 13,3 .. .. ..
74 Antígua e Barbuda 1,03 1,09 0,97 0,96 .. .. .. .. 31,4 .. .. 0,95
75 Bósnia-Herzegovina 1,07 .. .. .. 1,17 0,81 1,26 37,4 19,3 .. .. ..
76 México 1,05 1,02 1,01 1,09 1,09 0,96 1,03 40,1 48,4 28,1 f 3,0 f 0,84
77 Tailândia 1,06 0,99 1,00 0,96 1,68 0,89 1,17 47,5 5,3 11,8 g 3,2 g ..
78 Granada 1,05 1,06 0,95 1,05 .. .. .. .. 39,3 .. .. ..
79 Brasil 1,05 1,05 0,97 1,05 1,26 1,06 1,30 44,9 15,0 13,3 4,3 ..
79 Colômbia 1,05 .. 0,97 1,06 1,63 1,04 1,66 46,1 19,0 16,3 d 3,7 d 0,99
81 Arménia 1,11 1,10 1,00 1,05 1,50 0,99 1,02 43,6 18,1 21,7 5,0 1,17
82 Argélia 1,05 .. 0,95 .. 1,73 1,00 2,11 17,2 21,3 21,7 f 5,8 f ..
82 Macedónia do Norte 1,06 0,99 1,00 0,98 1,00 0,72 0,91 39,8 38,3 15,4 d 2,8 d ..
82 Peru 1,05 1,01 1,00 1,00 1,31 0,84 1,42 46,4 27,7 22,7 f 2,6 f ..
85 China 1,13 1,01 1,01 1,02 0,81 0,91 0,78 45,4 24,9 15,3 2,6 ..
85 Equador 1,05 1,05 1,01 1,03 1,64 1,00 1,56 42,5 38,0 19,8 4,4 ..
87 Azerbaijão 1,13 1,00 1,02 .. 1,27 0,96 1,39 44,0 16,8 25,4 2,9 1,51
88 Ucrânia 1,06 0,97 1,02 0,98 0,88 0,99 0,77 49,3 12,3 .. .. ..
89 República Dominicana 1,05 1,02 0,93 1,08 2,07 1,08 1,95 42,8 24,3 16,7 4,4 ..
89 Santa Lúcia 1,03 1,08 .. 1,01 1,23 1,17 1,26 48,6 20,7 .. .. ..
91 Tunísia 1,06 1,00 0,97 1,11 1,12 0,78 1,75 25,3 31,3 .. .. ..
PAINEL
92 Mongólia 1,03 1,00 0,98 .. 1,42 1,06 0,88 47,3 17,1 17,6 f 2,8 f ..
93 Líbano
94 Botsuana
1,05
1,03
0,96
1,04
0,92
0,97
0,99
..
1,34
1,44
0,98
0,99
1,98
1,45
22,8
47,7
4,7
9,5
..
..
..
..
..
..
2
94 São Vicente e Granadinas 1,03 1,05 0,98 0,96 1,04 .. 0,82 47,5 13,0 .. .. ..
96 Jamaica 1,05 1,01 .. 1,06 1,47 1,12 1,73 48,1 19,0 .. .. ..
96 Venezuela (República Bolivariana da) 1,05 1,01 0,97 1,08 1,44 1,08 1,13 41,2 22,2 .. .. 0,72
98 Dominica .. 1,03 0,97 0,99 .. .. .. .. 25,0 .. .. ..
98 Ilhas Fiji 1,06 .. 0,99 .. 1,92 1,12 1,47 33,2 19,6 15,2 2,9 ..
98 Paraguai 1,05 1,01 .. .. 1,46 0,98 1,45 41,9 16,0 14,5 3,4 0,80
98 Suriname 1,08 1,01 1,00 1,32 2,37 1,02 2,54 37,6 25,5 .. .. ..
102 Jordânia 1,05 .. .. 1,03 1,64 0,96 1,73 16,5 15,4 .. .. ..
103 Belize 1,03 1,05 0,95 1,05 2,83 1,01 2,83 42,9 11,1 .. .. ..
104 Maldivas 1,07 1,00 1,00 .. 0,63 0,91 0,92 28,9 5,9 .. .. ..
ODS 4.2 ODS 4.1 ODS 4.1 ODS 8.5 ODS 4.6 ODS 8.5 ODS 8.3 ODS 5.5 ODS 5.4 ODS 1.3
Infância e juventude Idade adulta Terceira idade
Mulheres com
idade igual
ou superior
a 15 anos
(nascimentos
de crianças do (% do emprego (rácio
sexo masculino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ total no setor (% do sexo (% do dia de feminino/ (rácio feminino/
feminino) Pré-escolar Primário Secundário masculino) masculino) masculino) não agrícola) feminino) 24 horas) masculino) masculino)
Classificação do IDH 2015–2020b 2013–2018c 2013–2018c 2013–2018c 2018 2010–2018c 2018 2018 2018 2008–2018c 2008–2018c 2013–2017c
105 Tonga 1,05 1,01 0,97 1,06 4,50 1,01 5,00 51,7 7,4 .. .. ..
106 Filipinas 1,06 0,99 0,97 1,10 1,19 1,04 1,04 43,4 29,1 .. .. ..
107 Moldávia (República da) 1,06 0,99 1,00 0,99 0,94 0,98 0,79 52,1 22,8 19,5 d 1,8 d ..
108 Turquemenistão 1,05 0,97 0,98 0,96 0,55 .. 0,42 42,8 24,8 .. .. ..
108 Usbequistão 1,06 0,96 0,98 0,99 1,04 1,00 0,93 39,0 16,4 .. .. ..
110 Líbia 1,06 .. .. .. 1,57 1,54 1,65 22,0 16,0 .. .. ..
111 Indonésia 1,05 0,89 0,96 1,03 1,03 0,84 0,93 40,1 19,8 .. .. ..
111 Samoa 1,08 1,13 1,00 1,10 1,61 1,11 1,34 38,2 10,0 .. .. ..
113 África do Sul 1,03 1,00 0,96 1,09 1,22 0,96 1,17 44,6 41,8 h 15,6 d 2,4 d ..
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 1,05 1,00 0,98 0,97 1,52 0,81 1,48 41,5 51,8 .. .. ..
115 Gabão 1,03 .. .. .. 1,35 1,32 2,01 25,1 17,4 i .. .. ..
116 Egito 1,06 0,99 1,00 0,98 1,53 0,83 2,96 17,4 14,9 22,4 d 9,2 d ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO MÉDIO
117 Ilhas Marshall .. 0,93 1,02 1,10 .. 0,99 .. .. 9,1 .. .. ..
118 Vietname 1,12 0,98 1,00 .. 1,01 0,85 0,90 47,2 26,7 .. .. ..
119 Palestina (Estado da) 1,05 1,00 1,00 1,10 1,77 0,97 2,06 14,7 .. 17,8 d 6,0 d ..
120 Iraque 1,07 .. .. .. 1,97 0,70 1,71 13,0 25,2 .. .. ..
121 Marrocos 1,06 0,83 0,95 0,89 1,03 0,81 1,21 15,7 18,4 20,8 7,0 ..
122 Quirguizistão 1,06 1,01 0,99 1,00 1,62 1,00 1,48 38,7 19,2 16,8 f 1,8 f ..
123 Guiana 1,05 .. .. .. 1,65 1,28 1,54 39,1 31,9 .. .. ..
124 El Salvador 1,05 1,01 0,97 0,99 1,24 0,86 0,76 49,0 31,0 22,7 2,9 ..
125 Tajiquistão 1,07 0,86 0,99 0,90 0,90 1,14 0,84 20,6 20,0 .. .. ..
126 Cabo Verde 1,03 1,02 0,93 1,10 1,10 0,92 1,08 50,2 20,8 j .. .. ..
126 Guatemala 1,05 1,02 0,97 0,95 1,82 1,03 1,68 43,3 12,7 17,8 7,5 0,50
126 Nicarágua 1,05 .. .. .. 1,99 1,04 1,36 51,1 45,7 .. .. ..
129 Índia 1,10 0,93 1,17 1,02 1,32 0,61 1,57 16,7 11,7 .. .. ..
130 Namíbia 1,01 1,05 0,97 .. 1,32 0,97 1,14 48,5 39,7 .. .. ..
131 Timor-Leste 1,05 1,02 0,97 1,08 2,03 .. 1,50 31,7 33,8 .. .. 1,13
132 Honduras 1,05 1,01 1,00 1,14 2,05 1,05 1,56 48,2 21,1 17,3 4,0 ..
132 Quiribati 1,06 .. 1,06 .. .. .. .. .. 6,5 .. .. ..
134 Butão 1,04 1,06 1,00 1,10 1,48 0,43 1,76 32,2 15,3 15,0 2,5 ..
135 Bangladeche 1,05 1,04 1,07 1,17 1,57 0,92 1,97 20,2 20,3 .. .. ..
135 Micronésia (Estados Federados da) 1,06 0,92 1,00 .. .. .. .. .. 0,0 .. .. ..
137 São Tomé e Príncipe 1,03 1,09 0,96 1,15 2,25 0,69 2,40 38,3 14,5 .. .. ..
138 Congo 1,03 .. .. .. 0,93 0,91 1,14 47,6 14,0 .. .. ..
138 Essuatíni (Reino de) 1,03 .. 0,92 0,98 1,10 0,93 1,15 40,9 12,1 .. .. ..
140 República Democrática Popular do Laos 1,05 1,03 0,97 0,93 0,94 0,76 0,86 47,0 27,5 10,4 d 4,2 d ..
141 Vanuatu 1,07 0,97 0,98 1,06 1,10 .. 1,24 42,6 0,0 .. .. ..
142 Gana 1,05 1,02 1,02 0,99 0,97 0,78 1,00 53,4 12,7 14,4 d 4,1 d ..
143 Zâmbia 1,03 1,07 1,02 .. 0,99 0,75 0,92 39,5 18,0 .. .. 0,22
144 Guiné Equatorial 1,03 1,02 0,99 .. 1,08 .. 1,11 36,9 18,0 .. .. ..
145 Mianmar 1,03 1,01 0,95 1,10 1,58 1,29 1,75 43,7 10,2 .. .. ..
146 Camboja 1,05 1,04 0,98 .. 0,86 0,54 0,75 48,5 19,3 .. .. 0,15
PAINEL 147 Quénia 1,03 0,98 1,00 .. 0,99 0,80 0,98 41,4 23,3 .. .. ..
2
147 Nepal 1,07 0,94 1,06 1,11 0,62 0,66 0,73 34,6 33,5 .. .. ..
149 Angola 1,03 0,88 0,86 0,63 0,99 0,61 1,10 43,6 30,5 .. .. ..
150 Camarões 1,03 1,02 0,90 0,86 1,19 0,80 1,34 41,8 29,3 14,6 d 3,1 d ..
150 Zimbabué 1,02 1,02 0,98 0,98 1,23 0,84 1,23 42,5 34,3 .. .. ..
152 Paquistão 1,09 0,87 0,86 0,81 1,57 0,57 2,04 10,0 20,0 .. .. ..
153 Ilhas Salomão 1,07 1,02 0,99 .. 0,93 .. 0,80 42,3 2,0 .. .. ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 1,05 0,96 0,97 1,00 2,55 0,86 3,43 12,8 13,2 .. .. ..
155 Papua-Nova Guiné 1,08 0,99 0,91 0,73 0,58 0,66 0,38 45,4 0,0 .. .. ..
156 Comores 1,05 1,03 0,96 1,06 0,79 .. 1,17 35,9 6,1 .. .. ..
157 Ruanda 1,02 1,03 0,99 1,12 1,67 0,72 1,00 36,1 55,7 .. .. ..
158 Nigéria 1,06 .. 0,94 0,90 0,97 .. 1,12 52,6 5,8 .. .. ..
ODS 4.2 ODS 4.1 ODS 4.1 ODS 8.5 ODS 4.6 ODS 8.5 ODS 8.3 ODS 5.5 ODS 5.4 ODS 1.3
Infância e juventude Idade adulta Terceira idade
Mulheres com
idade igual
ou superior
a 15 anos
(nascimentos
de crianças do (% do emprego (rácio
sexo masculino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ (rácio feminino/ total no setor (% do sexo (% do dia de feminino/ (rácio feminino/
feminino) Pré-escolar Primário Secundário masculino) masculino) masculino) não agrícola) feminino) 24 horas) masculino) masculino)
Classificação do IDH 2015–2020b 2013–2018c 2013–2018c 2013–2018c 2018 2010–2018c 2018 2018 2018 2008–2018c 2008–2018c 2013–2017c
159 Tanzânia (República Unida da) 1,03 1,01 1,02 1,01 1,41 0,70 1,60 44,3 37,2 16,5 k 3,9 k ..
159 Uganda 1,03 1,04 1,03 .. 1,41 0,79 1,50 39,2 34,3 .. .. ..
161 Mauritânia 1,05 1,26 1,06 0,96 1,19 0,51 1,42 31,2 20,3 .. .. ..
162 Madagáscar 1,03 1,09 1,00 1,01 1,25 .. 1,20 53,7 19,6 .. .. ..
163 Benim 1,04 1,04 0,94 0,76 1,10 0,54 1,10 55,6 7,2 .. .. ..
164 Lesoto 1,03 1,05 0,97 1,36 1,38 1,31 1,30 56,2 22,7 .. .. ..
165 Costa do Marfim 1,03 1,01 0,91 0,75 1,57 0,52 1,55 47,3 9,2 l .. .. ..
166 Senegal 1,04 1,12 1,16 1,09 1,28 0,52 1,24 41,8 41,8 .. .. ..
167 Togo 1,02 1,04 0,95 0,73 0,61 0,51 0,70 53,6 17,6 .. .. ..
168 Sudão 1,04 1,02 0,94 1,02 2,16 0,78 2,52 16,8 31,0 .. .. ..
169 Haiti 1,05 .. .. .. 1,59 0,67 1,49 60,6 2,7 .. .. ..
170 Afeganistão 1,06 .. 0,69 0,57 1,76 0,36 2,18 25,5 27,4 i .. .. ..
171 Djibouti 1,04 0,94 0,88 0,84 1,08 .. 1,15 41,3 26,2 .. .. ..
172 Malaui 1,03 1,01 1,04 0,94 1,18 0,68 1,42 39,5 16,7 .. .. ..
173 Etiópia 1,04 0,95 0,91 0,96 1,80 0,52 1,85 55,6 37,3 19,3 d 2,9 d ..
174 Gâmbia 1,03 1,07 1,09 .. 1,92 0,71 1,88 38,7 10,3 .. .. ..
174 Guiné 1,02 .. 0,82 0,66 0,64 .. 0,59 44,4 21,9 .. .. ..
176 Libéria 1,05 1,01 0,92 0,78 1,57 0,47 1,05 48,7 11,7 6,3 2,4 ..
177 Iémen 1,05 0,90 0,87 0,73 1,37 0,56 1,94 4,4 0,5 .. .. ..
178 Guiné–Bissau 1,03 .. .. .. 1,03 .. 1,08 44,4 13,7 .. .. ..
179 Congo (República Democrática do) 1,03 1,07 0,99 0,64 0,60 0,56 0,66 36,1 8,2 .. .. ..
180 Moçambique 1,02 .. 0,93 0,91 0,89 0,51 1,06 33,2 39,6 .. .. ..
181 Serra Leoa 1,02 1,10 1,01 0,95 0,42 0,60 0,69 53,1 12,3 .. .. ..
182 Burquina Faso 1,05 0,99 0,98 0,97 2,31 0,50 2,32 48,5 11,0 .. .. 0,13
182 Eritreia 1,05 0,98 0,86 0,90 1,09 .. 1,11 41,6 22,0 .. .. ..
184 Mali 1,05 1,07 0,89 0,81 1,19 0,45 1,38 45,2 8,8 .. .. 0,11
185 Burundi 1,03 1,02 1,00 1,02 0,43 0,68 0,55 24,1 38,8 .. .. ..
186 Sudão do Sul 1,04 0,95 0,71 0,54 0,87 .. 1,21 36,7 26,6 .. .. ..
187 Chade 1,03 0,93 0,78 0,46 1,14 0,17 1,37 39,9 15,3 .. .. ..
188 República Centro-Africana 1,03 1,03 0,76 0,66 1,12 0,43 1,20 41,9 8,6 .. .. ..
189 Níger 1,05 1,06 0,87 0,73 0,17 0,48 0,50 51,4 17,0 .. .. ..
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
.. Coreia (República Popular Democrática da) 1,05 .. 1,00 1,01 0,80 .. 0,83 41,9 16,3 .. .. ..
.. Mónaco .. .. .. .. .. .. .. .. 33,3 .. .. ..
.. Nauru .. 1,05 1,03 1,03 .. .. .. .. 10,5 .. .. ..
.. São Marino .. .. .. .. .. .. .. .. 26,7 .. .. ..
.. Somália 1,03 .. .. .. 1,12 .. 1,13 17,5 24,3 .. .. ..
.. Tuvalu .. 1,04 0,97 1,25 .. .. .. .. 6,7 .. .. ..
Agrupamentos por IDH
Desenvolvimento humano muito elevado 1,05 0,99 1,00 0,99 1,08 0,98 1,15 44,3 27,2 — — 0,93
Desenvolvimento humano elevado 1,08 0,99 0,99 1,03 1,17 0,92 1,15 42,8 24,4 — — ..
Desenvolvimento humano médio 1,08 0,96 1,08 1,00 1,32 0,67 1,51 22,8 20,8 — — ..
Desenvolvimento humano baixo 1,04 1,01 0,94 0,84 1,20 0,59 1,46 43,5 21,3 — — ..
Países em desenvolvimento 1,07 0,98 1,01 0,99 1,24 0,84 1,30 36,8 22,4 — — .. PAINEL
2
Regiões
Estados Árabes 1,05 0,98 0,96 0,93 1,67 0,84 2,46 16,3 18,3 — — ..
Ásia Oriental e Pacífico 1,10 0,99 0,99 1,02 0,90 0,90 0,81 44,8 20,3 — — ..
Europa e Ásia Central 1,06 0,98 1,00 0,98 1,17 0,91 1,09 40,0 21,2 — — ..
América Latina e Caraíbas 1,05 1,02 0,99 1,05 1,33 1,01 1,31 43,6 31,0 — — ..
Ásia do Sul 1,09 0,94 1,09 1,00 1,41 0,66 1,74 17,0 17,1 — — ..
África Subsariana 1,04 1,00 0,96 0,88 1,06 0,72 1,16 46,9 23,5 — — ..
Países menos avançados 1,04 1,00 0,96 0,92 1,32 0,72 1,52 36,6 22,5 — — ..
Pequenos Estados insulares em vias
1,06 .. 0,95 1,00 1,55 0,96 1,48 44,1 24,6 — — ..
de desenvolvimento
Organização para a Cooperação
1.05 0,99 1,00 1,01 0,98 0,97 1,08 44,7 30,1 — — 0,91
e o Desenvolvimento Económico
Mundo 1,07 0,98 1,01 0,99 1,20 0,88 1,24 39,2 24,1 — — ..
NOTAS i Referente a 2017. População com pelo menos uma parte do um dia de 24 horas. Por trabalhos domésticos e de
O código tricolor é utilizado para a visualização j Referente a 2013. ensino secundário (rácio feminino/masculino): prestação de cuidados não remunerados entende-se
dos agrupamentos parciais de países e agregados Relação entre a percentagem da população feminina as atividades relacionadas com a prestação de
k Referente à população com idade igual ou
por indicador. Em cada indicador, os países são com idade igual ou superior a 25 anos que atingiu serviços para utilização final própria por membros
superior a 5 anos.
divididos em três grupos com uma dimensão (mas poderá não ter concluído) um nível de ensino de um agregado familiar ou por membros da família
l Referente a 2015. secundário e a população masculina com idade igual pertencentes a outros agregados familiares.
aproximadamente igual (tercis): o terço superior, o
terço médio e o terço inferior. Atribui-se um código ou superior a 25 anos e o mesmo nível de instrução.
DEFINIÇÕES Beneficiários de pensão de velhice
de cor aos agregados, utilizando os mesmos limites Taxa de desemprego total (rácio feminino/ (rácio feminino/masculino): Relação entre a
de tercil. O rácio entre os sexos à nascença constitui Rácio entre os sexos à nascença: Relação masculino): Relação entre a percentagem da percentagem de mulheres com idades acima da
uma exceção — os países dividem-se em dois entre o número de nascimentos de crianças do sexo população ativa feminina a partir dos 15 anos de idade da reforma legal e que recebem uma pensão
grupos: o grupo natural (países com um valor de masculino e o número de nascimentos de crianças idade que não exerce atividade profissional por de velhice (contributivas, não contributivas ou
1,04–1,07, inclusive), para o qual é utilizado um tom do sexo feminino. conta de outrem ou independente, mas que está ambas) e a percentagem de homens com idades
mais escuro, e o grupo com preconceito de género disponível para trabalhar e está ativamente à acima da idade da reforma legal e que recebem
(os demais países), com um tom mais claro. Para Taxa bruta de matrículas (rácio feminino/
masculino): Para um determinado nível de ensino procura de um emprego remunerado ou por conta uma pensão de velhice (contributivas, não
mais pormenores acerca do agrupamento parcial própria, e a percentagem da população ativa contributivas ou ambas).
nesta tabela, ver Nota técnica 6 em http://hdr.undp. (pré-escolar, primário, secundário), a relação
entre a taxa bruta de matrículas de estudantes masculina a partir dos 15 anos de idade que não
org/sites/default/files/hdr2019_technical_notes. exerce atividade profissional por conta de outrem FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
pdf . do sexo feminino e a taxa bruta de matrículas de
estudantes do sexo masculino. A taxa bruta de ou independente, mas que está disponível para
a O rácio natural entre os sexos à nascença é trabalhar e está ativamente à procura de um Coluna 1: UNDESA (2019b).
matrículas sexo feminino ou masculino) é o número
habitualmente considerado e empiricamente emprego remunerado ou por conta própria. Colunas 2–4: Instituto de Estatística da
total de matrículas num determinado nível de
confirmado como sendo de 1,05 crianças do sexo UNESCO (2019).
ensino, independentemente da idade, expresso em Percentagem de emprego não agrícola
masculino para 1 crianças do sexo feminino.
percentagem do total oficial da população em idade (feminino): Percentagem de mulheres com emprego
b Os dados correspondem às estimativas médias Colunas 5 e 7: Cálculos do GRDH baseados em
escolar para o mesmo nível de ensino. no setor não agrícola, que inclui as atividades
anuais para 2015-2020. dados da OIT (2019).
Taxa de desemprego dos jovens (rácio industriais e de serviços.
c Os dados referem-se ao ano mais recente Coluna 6: Cálculos do GRDH baseados em dados do
disponibilizado durante o período especificado. feminino/masculino): Relação entre a Percentagem de assentos no parlamento: Instituto de Estatística da UNESCO (2019) e de Barro
percentagem da população ativa feminina entre Proporção de assentos detidos por mulheres no
d Referente à população com idade igual ou e Lee (2018).
os 15 e os 24 anos que não exerce atividade parlamento nacional, expressa como percentagem
superior a 10 anos. profissional por conta de outrem ou independente, dos assentos totais. Nos países com um sistema Coluna 8: OIT (2019).
e Referente à população com idades mas que está disponível para trabalhar e está legislativo de duas câmaras, a percentagem de
compreendidas entre os 20 e os 74 anos. ativamente à procura de um emprego remunerado Coluna 9: UIP (2019).
lugares no parlamento nacional é calculada com
f Referente à população com idade igual ou ou por conta própria, e a percentagem da população base nas duas câmaras. Coluna 10: Divisão de Estatística das Nações
superior a 12 anos. ativa masculina entre os 15 e os 24 anos que não Unidas (2019a).
exerce atividade profissional por conta de outrem Tempo despendido em tarefas domésticas e
g Referente à população com idade igual ou
ou independente, mas que está disponível para na prestação de cuidados sem remuneração: Colunas 11 e 12: Cálculos do GRDH com base em
superior a 6 anos.
trabalhar e está ativamente à procura de um Número médio diário de horas despendidas em dados da Divisão de Estatística das Nações Unidas
h Excluídas as 36 delegadas especiais, nomeadas emprego remunerado ou por conta própria. trabalhos domésticos e de prestação de cuidados (2019a).
ad hoc em regime rotativo. não remunerados, expresso em percentagem de
PAINEL
ODS 3.1 ODS 3.7, 5.6 ODS 5.6 ODS 5.3 ODS 5.3 ODS 5.2 ODS 5.2 ODS 5.5 ODS 1.3
Saúde reprodutiva e planeamento familiar Violência contra raparigas e mulheres Capacitação socioeconómica
Casamento Mulheres vítimas Mulheres
infantil de violênciaa com conta
Percentagem de Percentagem junto
mulheres com de pessoas com de uma
Cobertura diplomas do diplomas do instituição
de Percentagem Prevalência ensino superior ensino superior financeira
cuidados de nascimentos Prevalência Necessidades da mutilação/ formadas em ciências, ou um
pré-natais, assistidos por do uso de de Mulheres incisão genital em ciências, tecnologia, Percentagem de prestador Licença de
pelo profissionais contracetivos planeamento casadas feminina entre tecnologia, engenharia e emprego feminino de serviços maternidade
menos uma de saúde (qualquer familiar por antes dos 18 raparigas e Parceiro Parceiro engenharia e matemática do na gestão de topo de dinheiro obrigatória
consulta qualificados método) satisfazer anos de idade mulheres íntimo não íntimo matemática sexo feminino e intermédia: móvel remunerada
(% de mulheres (% da
entre 20–24 (% de raparigas população
(% de mulheres casadas anos casadas e jovens (% da feminina
ou em união de facto em ou em união mulheres entre população feminina com 15 anos
(%) (%) idade fértil, 15–49 anos) de facto) 15–49 anos) com 15 anos ou mais) (%) (%) (%) ou mais) (dias)
Classificação do IDH 2007–2017b 2013–2018b 2008–2018b 2008–2018b 2003–2018b 2004–2018b 2005–2019b 2005–2019b 2008–2018b 2008–2018b 2010–2018b 2017 2017
ODS 3.1 ODS 3.7, 5.6 ODS 5.6 ODS 5.3 ODS 5.3 ODS 5.2 ODS 5.2 ODS 5.5 ODS 1.3
Saúde reprodutiva e planeamento familiar Violência contra raparigas e mulheres Capacitação socioeconómica
Casamento Mulheres vítimas Mulheres
infantil de violênciaa com conta
Percentagem de Percentagem junto
mulheres com de pessoas com de uma
Cobertura diplomas do diplomas do instituição
de Percentagem Prevalência ensino superior ensino superior financeira
cuidados de nascimentos Prevalência Necessidades da mutilação/ formadas em ciências, ou um
pré-natais, assistidos por do uso de de Mulheres incisão genital em ciências, tecnologia, Percentagem de prestador Licença de
pelo profissionais contracetivos planeamento casadas feminina entre tecnologia, engenharia e emprego feminino de serviços maternidade
menos uma de saúde (qualquer familiar por antes dos 18 raparigas e Parceiro Parceiro engenharia e matemática do na gestão de topo de dinheiro obrigatória
consulta qualificados método) satisfazer anos de idade mulheres íntimo não íntimo matemática sexo feminino e intermédia: móvel remunerada
(% de mulheres (% da
entre 20–24 (% de raparigas população
(% de mulheres casadas anos casadas e jovens (% da feminina
ou em união de facto em ou em união mulheres entre população feminina com 15 anos
(%) (%) idade fértil, 15–49 anos) de facto) 15–49 anos) com 15 anos ou mais) (%) (%) (%) ou mais) (dias)
Classificação do IDH 2007–2017b 2013–2018b 2008–2018b 2008–2018b 2003–2018b 2004–2018b 2005–2019b 2005–2019b 2008–2018b 2008–2018b 2010–2018b 2017 2017
ODS 3.1 ODS 3.7, 5.6 ODS 5.6 ODS 5.3 ODS 5.3 ODS 5.2 ODS 5.2 ODS 5.5 ODS 1.3
Saúde reprodutiva e planeamento familiar Violência contra raparigas e mulheres Capacitação socioeconómica
Casamento Mulheres vítimas Mulheres
infantil de violênciaa com conta
Percentagem de Percentagem junto
mulheres com de pessoas com de uma
Cobertura diplomas do diplomas do instituição
de Percentagem Prevalência ensino superior ensino superior financeira
cuidados de nascimentos Prevalência Necessidades da mutilação/ formadas em ciências, ou um
pré-natais, assistidos por do uso de de Mulheres incisão genital em ciências, tecnologia, Percentagem de prestador Licença de
pelo profissionais contracetivos planeamento casadas feminina entre tecnologia, engenharia e emprego feminino de serviços maternidade
menos uma de saúde (qualquer familiar por antes dos 18 raparigas e Parceiro Parceiro engenharia e matemática do na gestão de topo de dinheiro obrigatória
consulta qualificados método) satisfazer anos de idade mulheres íntimo não íntimo matemática sexo feminino e intermédia: móvel remunerada
(% de mulheres (% da
entre 20–24 (% de raparigas população
(% de mulheres casadas anos casadas e jovens (% da feminina
ou em união de facto em ou em união mulheres entre população feminina com 15 anos
(%) (%) idade fértil, 15–49 anos) de facto) 15–49 anos) com 15 anos ou mais) (%) (%) (%) ou mais) (dias)
Classificação do IDH 2007–2017b 2013–2018b 2008–2018b 2008–2018b 2003–2018b 2004–2018b 2005–2019b 2005–2019b 2008–2018b 2008–2018b 2010–2018b 2017 2017
ODS 3.1 ODS 3.7, 5.6 ODS 5.6 ODS 5.3 ODS 5.3 ODS 5.2 ODS 5.2 ODS 5.5 ODS 1.3
Saúde reprodutiva e planeamento familiar Violência contra raparigas e mulheres Capacitação socioeconómica
Casamento Mulheres vítimas Mulheres
infantil de violênciaa com conta
Percentagem de Percentagem junto
mulheres com de pessoas com de uma
Cobertura diplomas do diplomas do instituição
de Percentagem Prevalência ensino superior ensino superior financeira
cuidados de nascimentos Prevalência Necessidades da mutilação/ formadas em ciências, ou um
pré-natais, assistidos por do uso de de Mulheres incisão genital em ciências, tecnologia, Percentagem de prestador Licença de
pelo profissionais contracetivos planeamento casadas feminina entre tecnologia, engenharia e emprego feminino de serviços maternidade
menos uma de saúde (qualquer familiar por antes dos 18 raparigas e Parceiro Parceiro engenharia e matemática do na gestão de topo de dinheiro obrigatória
consulta qualificados método) satisfazer anos de idade mulheres íntimo não íntimo matemática sexo feminino e intermédia: móvel remunerada
(% de mulheres (% da
entre 20–24 (% de raparigas população
(% de mulheres casadas anos casadas e jovens (% da feminina
ou em união de facto em ou em união mulheres entre população feminina com 15 anos
(%) (%) idade fértil, 15–49 anos) de facto) 15–49 anos) com 15 anos ou mais) (%) (%) (%) ou mais) (dias)
Classificação do IDH 2007–2017b 2013–2018b 2008–2018b 2008–2018b 2003–2018b 2004–2018b 2005–2019b 2005–2019b 2008–2018b 2008–2018b 2010–2018b 2017 2017
150 Zimbabué 93,3 78,1 66,8 10,4 32 .. 37,6 .. 20,9 28,8 .. 51,7 98
152 Paquistão 73,1 69,3 34,2 17,3 21 .. 24,5 .. .. .. 4,2 7,0 84
153 Ilhas Salomão 88,5 86,2 29,3 34,7 21 .. 63,5 18,0 .. .. 25,1 .. 84
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 87,7 .. 53,9 16,4 13 .. .. .. 19,2 49,5 .. 19,6 d 120
155 Papua-Nova Guiné .. .. .. .. 21 .. .. .. .. .. 19,3 .. 0
156 Comores 92,1 .. 19,4 31,6 32 .. 6,4 1,5 .. .. .. 17,9 d 98
157 Ruanda 99,0 90,7 53,2 18,9 7 .. 37,1 .. 9,2 32,2 36,3 45,0 84
158 Nigéria 65,8 43,0 27,6 23,1 44 18,4 17,4 1,5 .. .. 28,9 27,3 84
159 Tanzânia (República Unida da) 91,4 63,5 38,4 22,1 31 10,0 46,2 .. .. .. 17,3 42,2 84
159 Uganda 97,3 74,2 41,8 26,0 34 0,3 49,9 .. .. .. .. 52,7 84
161 Mauritânia 86,9 69,3 17,8 33,6 37 66,6 .. .. 29,4 28,9 .. 15,5 98
162 Madagáscar 82,1 44,3 47,9 16,4 41 .. .. .. 13,6 28,1 24,5 16,3 98
163 Benim 82,8 78,1 15,5 32,3 26 9,2 23,8 .. 19,1 54,9 .. 28,6 98
164 Lesoto 95,2 77,9 60,2 18,4 17 .. .. .. 4,5 23,4 .. 46,5 84
165 Costa do Marfim 93,2 73,7 23,3 26,5 27 36,7 25,9 .. .. .. .. 35,6 98
166 Senegal 95,0 68,4 27,8 21,9 29 24,0 21,5 .. .. .. .. 38,4 98
167 Togo 72,7 44,6 19,9 33,6 22 4,7 25,1 .. .. .. .. 37,6 98
168 Sudão 79,1 77,7 12,2 26,6 34 86,6 .. .. 27,8 47,2 .. 10,0 f 56
169 Haiti 91,0 41,6 34,3 38,0 15 .. 26,0 .. .. .. .. 30,0 42
170 Afeganistão 58,6 58,8 22,5 24,5 35 .. 50,8 .. .. .. 4,3 7,2 90
171 Djibouti 87,7 .. 19,0 .. 5 93,1 .. .. .. .. .. 8,8 d 98
172 Malaui 94,8 89,8 59,2 18,7 42 .. 37,5 .. .. .. .. 29,8 56
173 Etiópia 62,4 27,7 40,1 20,6 40 65,2 28,0 .. 7,6 17,3 21,1 29,1 90
174 Gâmbia 86,2 57,2 9,0 24,9 30 74,9 20,1 .. 53,1 45,7 33,7 .. 180
174 Guiné 84,3 55,3 8,7 27,6 51 96,8 .. .. .. .. .. 19,7 98
176 Libéria 95,9 61,1 31,2 31,1 36 44,4 38,5 2,6 .. .. 20,1 28,2 98
177 Iémen 64,4 44,7 33,5 28,7 32 18,5 .. .. .. .. .. 1,7 f 70
178 Guiné–Bissau 92,4 45,0 16,0 22,3 24 44,9 .. .. .. .. .. .. 60
179 Congo (República Democrática do) 88,4 80,1 20,4 27,7 37 .. 50,7 .. 11,0 25,1 .. 24,2 98
180 Moçambique 90,6 73,0 27,1 23,1 53 .. 21,7 .. 5,1 26,7 22,2 32,9 60
181 Serra Leoa 97,1 81,6 22,5 26,3 30 86,1 48,8 .. .. .. .. 15,4 84
182 Burquina Faso 92,8 79,8 31,7 22,8 52 75,8 11,5 .. 7,0 15,1 .. 34,5 98
182 Eritreia 88,5 .. 8,4 27,4 41 83,0 .. .. 21,8 27,8 .. .. 60
184 Mali 75,6 67,3 15,6 17,2 50 82,7 35,5 .. .. .. .. 25,7 98
185 Burundi 99,2 85,1 28,5 29,7 19 .. 48,5 .. 10,4 18,2 .. 6,7 f 84
186 Sudão do Sul 61,9 .. 4,0 26,3 52 .. .. .. .. .. .. 4,7 56
187 Chade 54,7 20,2 5,7 22,9 67 38,4 28,6 .. .. .. .. 14,9 98
188 República Centro-Africana 68,2 .. 15,2 27,0 68 24,2 29,8 .. .. .. .. 9,7 98
189 Níger 82,8 39,7 11,0 15,0 76 2,0 .. .. 6,4 29,1 .. 10,9 98
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
.. Coreia (República Popular Democrática da) 100,0 99,5 78,2 7,0 .. .. .. .. 22,2 19,3 .. .. ..
.. Mónaco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Nauru 94,5 .. .. .. 27 .. 48,1 47,3 .. .. .. .. ..
PAINEL .. São Marino .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 630
.. Somália .. .. .. .. 45 97,9 .. .. .. .. .. 33,7 f ..
3 .. Tuvalu 97,4 .. .. .. 10 .. 36,8 .. .. .. 36,7 .. ..
ODS 3.1 ODS 3.7, 5.6 ODS 5.6 ODS 5.3 ODS 5.3 ODS 5.2 ODS 5.2 ODS 5.5 ODS 1.3
Saúde reprodutiva e planeamento familiar Violência contra raparigas e mulheres Capacitação socioeconómica
Casamento Mulheres vítimas Mulheres
infantil de violênciaa com conta
Percentagem de Percentagem junto
mulheres com de pessoas com de uma
Cobertura diplomas do diplomas do instituição
de Percentagem Prevalência ensino superior ensino superior financeira
cuidados de nascimentos Prevalência Necessidades da mutilação/ formadas em ciências, ou um
pré-natais, assistidos por do uso de de Mulheres incisão genital em ciências, tecnologia, Percentagem de prestador Licença de
pelo profissionais contracetivos planeamento casadas feminina entre tecnologia, engenharia e emprego feminino de serviços maternidade
menos uma de saúde (qualquer familiar por antes dos 18 raparigas e Parceiro Parceiro engenharia e matemática do na gestão de topo de dinheiro obrigatória
consulta qualificados método) satisfazer anos de idade mulheres íntimo não íntimo matemática sexo feminino e intermédia: móvel remunerada
(% de mulheres (% da
entre 20–24 (% de raparigas população
(% de mulheres casadas anos casadas e jovens (% da feminina
ou em união de facto em ou em união mulheres entre população feminina com 15 anos
(%) (%) idade fértil, 15–49 anos) de facto) 15–49 anos) com 15 anos ou mais) (%) (%) (%) ou mais) (dias)
Classificação do IDH 2007–2017b 2013–2018b 2008–2018b 2008–2018b 2003–2018b 2004–2018b 2005–2019b 2005–2019b 2008–2018b 2008–2018b 2010–2018b 2017 2017
NOTAS DEFINIÇÕES Casamento infantil (mulheres casadas Percentagem de emprego feminino na gestão
O código tricolor é utilizado para a visualização antes dos 18 anos de idade): Percentagem de de topo e intermédia: Percentagem de mulheres
Cobertura de cuidados pré-natais, pelo mulheres com idades compreendidas entre 20–24 no conjunto dos empregos de gestão de topo
dos agrupamentos parciais de países e agregados menos uma consulta: Percentagem de mulheres
por indicador. Em cada indicador, os países são anos que casaram ou constituíram união de facto, e intermédia.
com idades compreendidas entre 15–49 anos pela primeira vez, antes dos 18 anos de idade.
divididos em três grupos com uma dimensão assistidas, pelo menos uma vez, durante o Mulheres com conta junto de uma instituição
aproximadamente igual (tercis): o terço superior, parto por profissionais de saúde qualificados Prevalência da mutilação/incisão genital financeira ou um prestador de serviços de
o terço médio e o terço inferior. Atribui-se um (médicos, enfermeiros ou parteiros). feminina entre raparigas e mulheres: dinheiro móvel: Percentagem de mulheres com
código de cor aos agregados, utilizando os mesmos Percentagem de raparigas e mulheres com idades idade igual ou superior a 15 anos que declaram
limites de tercil. Para mais pormenores acerca Percentagem de nascimentos assistidos compreendidas entre 15–49 anos que sofreram possuir uma conta, individual ou em cotitularidade,
do agrupamento parcial nesta tabela, ver Nota por profissionais de saúde qualificados: mutilação/incisão genital feminina. num banco ou noutro tipo de instituição financeira
técnica 6 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/ Percentagem de partos assistidos por profissionais ou que declaram ter usado, a título pessoal, um
hdr2019_technical_notes.pdf. de saúde qualificados (geralmente, médicos, Mulheres vítimas de violência (relações serviço de dinheiro móvel nos 12 meses anteriores.
a Os métodos de recolha de dados, as faixas enfermeiros ou parteiros) formados para a prestação íntimas): Percentagem da população feminina com
etárias, as mulheres utilizadas como amostra de cuidados obstétricos vitais — incluindo a idade igual ou superior a 15 anos que já sofreram Licença de maternidade obrigatória
(que alguma vez tiveram um parceiro, que oferta da supervisão, do aconselhamento e dos violência física e/ou sexual por parte de um parceiro remunerada: Número de dias remunerados a que
alguma vez foram casadas ou todas as mulheres) cuidados necessários às mulheres durante a íntimo. a mulher empregada tem direito para cuidar do filho
e as definições das formas de violência e dos gravidez, o parto e o período pós-parto, a realização recém-nascido.
autónoma de partos e o cuidado dos recém- Mulheres vítimas de violência (relações não
agressores variam consoante o inquérito. Por íntimas): Percentagem da população feminina com
este motivo, os dados não são, necessariamente, nascidos. Os assistentes de parto tradicionais, ainda FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
que concluam um breve curso de formação, não idade igual ou superior a 15 anos que já sofreram
comparáveis entre países. violência sexual por parte de um parceiro não íntimo. Coluna 1: UNICEF (2019b).
estão incluídos.
b Os dados referem-se ao ano mais recente
disponibilizado durante o período especificado. Prevalência do uso de contracetivos (qualquer Percentagem de mulheres com diplomas Colunas 2, 5 e 6: Divisão de Estatística das Nações
método): Percentagem de mulheres casadas ou do ensino superior formadas em ciências, Unidas (2019a).
c Referente a 2015.
em união de facto em idade fértil (15–49 anos) que tecnologia, engenharia e matemática:
d Referente a 2011. Percentagem de mulheres com diplomas do ensino Colunas 3 e 4: UNDESA (2019a).
utilizam, atualmente, qualquer método contracetivo.
e Referente a 2003. superior em ciências, tecnologia, engenharia e Colunas 7 e 8: ONU Mulheres (2019).
f Referente a 2014. Necessidades de planeamento familiar por matemática no conjunto das mulheres com diplomas
satisfazer: Percentagem de mulheres casadas do ensino superior. Colunas 9 e 10: Instituto de Estatística da UNESCO
ou em união de facto em idade fértil (15–49 anos) (2019).
que, sendo fecundas, têm uma necessidade por Percentagem de pessoas com diplomas do
ensino superior em ciências, tecnologia, Coluna 11: OIT (2019).
satisfazer, caso não pretendam dar (novamente) à PAINEL
luz, pretendam adiar o próximo parto ou estejam engenharia e matemática do sexo feminino:
Colunas 12 e 13: Banco Mundial (2019b).
indecisas quanto à data do mesmo, mas não utilizam
qualquer método contracetivo.
Percentagem de mulheres no conjunto das pessoas
com diplomas do ensino superior em ciências, 3
tecnologia, engenharia e matemática.
ODS 12.c ODS 7.2 ODS 9.4 ODS 15.1 ODS 6.4 ODS 12.2 ODS 3.9 ODS 3.9 ODS 15.3 ODS 15.5
Ameaças ambientais
Taxa de mortalidade atribuída a:
Consumo
de energia Serviços
produzida de água,
a partir de Consumo Esgotamento Poluição do ar saneamento
combustíveis de energia Retiradas de dos recursos doméstico e do e higiene Terrenos Índice da Lista
fósseis renovável Emissões de dióxido de carbono Área florestal água doce naturais ar ambiente insalubres degradados Vermelha
(% do consumo (% da área (% dos recursos
(% do consumo final total de Per capita (kg por dólar de total de Variação hídricos renováveis (% da área total
total de energia) energia) (toneladas) 2010 do PIB) terrenoa) (%) totais) (% do RNB) (por 100.000 pessoas) de terreno) (valor)
Classificação do IDH 2010–2015b 2015 2016 2016 2016 1990/2016 2007–2017b 2012–2017b 2016 2016 2015 2018
4 46 Croácia
47 Omã
70,7
100,0
33,1
0,0
3,8
14,1
0,19
0,37
34,4
0,0
3,8
0,0
0,6
..
0,3
18,1
35
54
0,1
0,1 c
..
7
0,901
0,885
48 Argentina 87,7 10,0 4,4 0,24 9,8 –22,9 4,3 1,0 27 0,4 39 0,861
49 Federação Russa 92,1 3,3 9,9 0,45 49,8 0,8 1,5 5,8 49 0,1 6 0,955
50 Bielorrússia 92,4 6,8 5,6 0,34 42,6 11,1 2,5 0,6 61 0,1 1 0,972
ODS 12.c ODS 7.2 ODS 9.4 ODS 15.1 ODS 6.4 ODS 12.2 ODS 3.9 ODS 3.9 ODS 15.3 ODS 15.5
Ameaças ambientais
Taxa de mortalidade atribuída a:
Consumo
de energia Serviços
produzida de água,
a partir de Consumo Esgotamento Poluição do ar saneamento
combustíveis de energia Retiradas de dos recursos doméstico e do e higiene Terrenos Índice da Lista
fósseis renovável Emissões de dióxido de carbono Área florestal água doce naturais ar ambiente insalubres degradados Vermelha
(% do consumo (% da área (% dos recursos
(% do consumo final total de Per capita (kg por dólar de total de Variação hídricos renováveis (% da área total
total de energia) energia) (toneladas) 2010 do PIB) terrenoa) (%) totais) (% do RNB) (por 100.000 pessoas) de terreno) (valor)
Classificação do IDH 2010–2015b 2015 2016 2016 2016 1990/2016 2007–2017b 2012–2017b 2016 2016 2015 2018
50 Cazaquistão 99,2 1,6 12,9 0,56 1,2 –3,3 19,8 8,7 63 0,4 36 0,871
52 Bulgária 71,0 17,7 5,7 0,33 35,4 17,6 26,4 0,7 62 0,1 .. 0,944
52 Montenegro 64,7 43,0 3,4 0,22 61,5 32,1 .. 0,5 79 0,1 c 6 0,813
52 Roménia 72,5 23,7 3,4 0,17 30,1 8,4 3,0 0,5 59 0,4 2 0,949
55 Palau .. 0,0 .. .. 87,6 .. .. .. .. .. .. 0,732
56 Barbados .. 2,8 .. .. 14,7 0,0 .. 0,0 31 0,2 .. 0,914
57 Koweit 93,7 0,0 22,8 0,33 0,4 81,2 .. 8,1 104 0,1 c 64 0,845
57 Uruguai 46,3 58,0 1,8 0,09 10,7 134,1 .. 1,2 18 0,4 26 0,832
59 Turquia 86,8 13,4 4,2 0,18 15,4 22,8 27,8 0,2 47 0,3 9 0,875
60 Bahamas .. 1,2 .. .. 51,4 0,0 .. 0,0 20 0,1 .. 0,702
61 Malásia 96,6 5,2 7,0 0,28 67,6 –0,7 .. 3,1 47 0,4 16 0,677
62 Seicheles .. 1,4 .. .. 88,4 0,0 .. 0,0 49 0,2 12 0,664
DESENVOLVIMENTO HUMANO
ELEVADO
63 Sérvia 83,9 21,2 5,1 0,49 31,1 9,9 2,9 0,4 62 0,7 6 0,958
63 Trinidade e Tobago 99,9 0,3 15,3 0,52 46,0 –1,9 8,8 6,9 39 0,1 .. 0,813
65 Irão (República Islâmica do) 99,0 0,9 7,1 0,39 6,6 17,8 .. 4,6 51 1,0 23 0,837
66 Maurícia 84,5 11,5 3,2 0,17 19,0 –6,0 .. 0,0 38 0,6 27 0,396
67 Panamá 80,7 21,2 2,5 0,12 61,9 –8,7 0,9 0,1 26 1,9 14 0,733
68 Costa Rica 49,9 38,7 1,5 0,10 54,6 8,7 2,8 0,3 23 0,9 9 0,818
69 Albânia 61,4 38,6 1,3 0,12 28,1 –2,3 .. 1,1 68 0,2 8 0,844
70 Geórgia 72,2 28,7 2,2 0,26 40,6 2,6 2,9 0,7 102 0,2 6 0,864
71 Sri Lanca 50,5 52,9 1,0 0,09 32,9 –9,7 .. 0,1 80 1,2 36 0,564
72 Cuba 85,6 19,3 2,1 0,10 31,3 63,2 18,3 0,5 50 1,0 .. 0,651
73 São Cristóvão e Nevis .. 1,6 .. .. 42,3 0,0 51,3 .. .. .. .. 0,731
74 Antígua e Barbuda .. 0,0 .. .. 22,3 –4,9 8,5 .. 30 0,1 .. 0,888
75 Bósnia-Herzegovina 77,5 40,8 6,5 0,58 42,7 –1,1 0,9 0,4 80 0,1 4 0,905
76 México 90,4 9,2 3,6 0,21 33,9 –5,5 18,6 2,2 37 1,1 47 0,677
77 Tailândia 79,8 22,9 3,5 0,23 32,2 17,3 13,1 1,6 61 3,5 21 0,795
78 Granada .. 10,9 .. .. 50,0 0,0 7,1 .. 45 0,3 .. 0,763
79 Brasil 59,1 43,8 2,0 0,15 58,9 –9,9 0,7 1,9 30 1,0 27 0,902
79 Colômbia 76,7 23,6 1,8 0,14 52,7 –9,2 0,5 3,4 37 0,8 7 0,737
81 Arménia 74,6 15,8 1,7 0,21 11,7 –0,8 36,7 2,9 55 0,2 2 0,846
82 Argélia 100,0 0,1 3,1 0,23 0,8 17,8 77,8 9,3 50 1,9 1 0,904
82 Macedónia do Norte 79,4 24,2 3,3 0,26 39,6 10,3 8,6 1,2 82 0,1 .. 0,972
82 Peru 79,6 25,5 1,7 0,14 57,7 –5,3 0,7 5,5 64 1,3 .. 0,724
85 China 87,7 12,4 6,4 0,47 22,4 33,6 20,9 0,9 113 0,6 27 0,744
85 Equador 86,9 13,8 2,1 0,21 50,2 –5,0 .. 2,9 25 0,6 30 0,679
87 Azerbaijão 98,4 2,3 3,2 0,21 14,1 37,7 36,9 13,4 64 1,1 .. 0,912
88 Ucrânia 75,3 4,1 4,4 0,62 16,7 4,4 5,6 1,0 71 0,3 25 0,946
89 República Dominicana 86,6 16,5 2,2 0,15 41,7 82,5 30,4 1,6 43 2,2 .. 0,734
89 Santa Lúcia .. 2,1 .. .. 33,2 –7,2 14,3 0,0 30 0,6 .. 0,842
91 Tunísia 88,9 12,6 2,2 0,21 6,8 63,5 103,3 1,6 56 1,0 13 0,974
92 Mongólia 93,2 3,4 5,9 0,53 8,0 –0,6 1,3 22,8 156 1,3 13 0,948
93 Líbano 97,6 3,6 3,5 0,30 13,4 4,9 40,2 0,0 51 0,8 .. 0,961
94 Botsuana 74,7 28,9 3,2 0,20 18,9 –21,7 1,7 0,5 101 11,8 51 0,979
94 São Vicente e Granadinas .. 5,8 .. .. 69,2 8,0 7,9 0,0 48 1,3 .. 0,772
96 Jamaica 81,0 16,8 2,5 0,31 30,9 –2,8 12,5 0,3 25 0,6 .. 0,724
96 Venezuela (República Bolivariana da) 88,4 12,8 4,3 0,33 52,7 –10,6 1,7 1,0 35 1,4 15 0,825
98 Dominica .. 7,8 .. .. 57,4 –13,9 10,0 0,0 .. .. .. 0,672
98 Ilhas Fiji .. 31,3 .. .. 55,9 7,3 .. 0,8 99 2,9 .. 0,669
98 Paraguai 33,7 61,7 0,9 0,11 37,7 –29,1 0,6 1,6 57 1,5 52 0,948 PAINEL
98 Suriname 76,3 24,9 3,4 0,25 98,3 –0,7 .. 28,1 57 2,0 21 0,983
102 Jordânia 97,6 3,2 2,5 0,31 1,1 –0,6 96,4 0,1 51 0,6 4 0,963 4
103 Belize .. 35,0 .. .. 59,7 –15,8 .. 0,5 69 1,0 81 0,743
104 Maldivas .. 1,0 .. .. 3,3 0,0 15,7 0,0 26 0,3 .. 0,843
105 Tonga .. 1,9 .. .. 12,5 0,0 .. 0,0 73 1,4 .. 0,725
106 Filipinas 62,4 27,5 1,1 0,16 27,8 26,3 17,8 0,7 185 4,2 38 0,644
ODS 12.c ODS 7.2 ODS 9.4 ODS 15.1 ODS 6.4 ODS 12.2 ODS 3.9 ODS 3.9 ODS 15.3 ODS 15.5
Ameaças ambientais
Taxa de mortalidade atribuída a:
Consumo
de energia Serviços
produzida de água,
a partir de Consumo Esgotamento Poluição do ar saneamento
combustíveis de energia Retiradas de dos recursos doméstico e do e higiene Terrenos Índice da Lista
fósseis renovável Emissões de dióxido de carbono Área florestal água doce naturais ar ambiente insalubres degradados Vermelha
(% do consumo (% da área (% dos recursos
(% do consumo final total de Per capita (kg por dólar de total de Variação hídricos renováveis (% da área total
total de energia) energia) (toneladas) 2010 do PIB) terrenoa) (%) totais) (% do RNB) (por 100.000 pessoas) de terreno) (valor)
Classificação do IDH 2010–2015b 2015 2016 2016 2016 1990/2016 2007–2017b 2012–2017b 2016 2016 2015 2018
107 Moldávia (República da) 88,7 14,3 1,9 0,45 12,6 29,6 8,7 0,2 78 0,1 29 0,969
108 Turquemenistão .. 0,0 12,2 0,79 8,8 0,0 .. .. 79 4,0 22 0,975
108 Usbequistão 97,7 3,0 2,7 0,45 7,5 5,4 108,1 9,4 81 0,4 29 0,969
110 Líbia 99,1 2,0 6,7 0,96 0,1 0,0 822,9 6,7 72 0,6 .. 0,969
111 Indonésia 66,1 36,9 1,7 0,17 49,9 –23,8 11,0 1,9 112 7,1 21 0,754
111 Samoa .. 34,3 .. .. 60,4 31,5 .. 0,0 85 1,5 .. 0,806
113 África do Sul 86,8 17,2 7,4 0,62 7,6 0,0 30,2 2,7 87 13,7 78 0,772
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 84,2 17,5 1,8 0,28 50,3 –13,2 0,4 5,8 64 5,6 18 0,870
115 Gabão 22,8 82,0 1,7 0,10 90,0 5,5 .. 10,5 76 20,6 16 0,961
116 Egito 97,9 5,7 2,2 0,21 0,1 67,3 114,1 4,0 109 2,0 1 0,909
DESENVOLVIMENTO HUMANO
MÉDIO
117 Ilhas Marshall .. 11,2 .. .. 70,2 .. .. .. .. .. .. 0,839
118 Vietname 69,8 35,0 2,0 0,35 48,1 67,1 .. 1,0 64 1,6 31 0,733
119 Palestina (Estado da) .. 10,5 .. .. 1,5 1,0 42,8 .. .. .. 15 0,780
120 Iraque 96,0 0,8 3,8 0,24 1,9 3,4 42,9 10,9 75 3,0 26 0,799
121 Marrocos 88,5 11,3 1,6 0,22 12,6 13,5 35,7 0,3 49 1,9 19 0,887
122 Quirguizistão 75,5 23,3 1,5 0,47 3,3 –24,8 .. 6,3 111 0,8 24 0,984
123 Guiana .. 25,3 .. .. 83,9 –0,9 0,5 13,3 108 3,6 16 0,922
124 El Salvador 48,4 24,4 1,1 0,14 12,6 –30,9 .. 1,0 42 2,0 16 0,826
125 Tajiquistão 46,0 44,7 0,6 0,20 3,0 1,9 .. 3,5 129 2,7 97 0,985
126 Cabo Verde .. 26,6 .. .. 22,5 57,3 .. 0,5 99 4,1 17 0,890
126 Guatemala 37,4 63,7 1,0 0,14 32,7 –26,2 .. 1,7 74 6,3 24 0,721
126 Nicarágua 40,7 48,2 0,8 0,17 25,9 –31,0 0,9 2,9 56 2,2 .. 0,852
129 Índia 73,6 36,0 1,6 0,26 23,8 10,8 33,9 1,0 184 18,6 30 0,678
130 Namíbia 66,7 26,5 1,7 0,17 8,3 –21,9 .. 2,6 145 18,3 19 0,966
131 Timor-Leste .. 18,2 .. .. 45,4 –30,1 .. 29,7 140 9,9 .. 0,885
132 Honduras 52,5 51,5 1,0 0,23 40,0 –45,0 .. 1,6 61 3,6 .. 0,743
132 Quiribati .. 4,3 .. .. 15,0 0,0 .. 0,0 140 16,7 .. 0,760
134 Butão .. 86,9 .. .. 72,5 35,1 0,4 2,7 124 3,9 10 0,799
135 Bangladeche 73,8 34,7 0,5 0,14 11,0 –4,5 2,9 0,6 149 11,9 65 0,760
135 Micronésia (Estados Federados da) .. 1,2 .. .. 91,9 .. .. .. 152 3,6 .. 0,686
137 São Tomé e Príncipe .. 41,1 .. .. 55,8 –4,3 1,9 0,0 162 11,4 .. 0,785
138 Congo 40,5 62,4 0,5 0,10 65,4 –1,8 .. 31,4 131 38,7 10 0,983
138 Essuatíni (Reino de) .. 66,1 .. .. 34,3 25,1 .. 1,7 137 27,9 13 0,817
140 República Democrática Popular do Laos .. 59,3 .. .. 82,1 7,4 .. 6,3 188 11,3 .. 0,810
141 Vanuatu .. 36,1 .. .. 36,1 0,0 .. 0,0 136 10,4 .. 0,662
142 Gana 52,5 41,4 0,4 0,12 41,2 8,6 .. 11,4 204 18,8 14 0,844
143 Zâmbia 10,6 88,0 0,2 0,06 65,2 –8,2 .. 8,3 127 34,9 7 0,879
144 Guiné Equatorial .. 7,8 .. .. 55,5 –16,3 .. 22,9 178 22,3 19 0,813
145 Mianmar 44,3 61,5 0,4 0,08 43,6 –27,3 .. 2,7 156 12,6 23 0,806
146 Camboja 30,6 64,9 0,6 0,17 52,9 –27,9 .. 1,0 150 6,5 33 0,816
147 Quénia 17,4 72,7 0,3 0,11 7,8 –5,8 13,1 2,5 78 51,2 40 0,797
147 Nepal 15,5 85,3 0,3 0,13 25,4 –24,7 .. 0,9 194 19,8 .. 0,825
149 Angola 48,3 49,6 0,7 0,12 46,3 –5,3 .. 12,8 119 48,8 20 0,934
150 Camarões 38,3 76,5 0,3 0,08 39,3 –23,5 .. 2,5 208 45,2 0 0,836
150 Zimbabué 29,1 81,8 0,7 0,35 35,5 –38,0 17,9 3,1 133 24,6 36 0,789
152 Paquistão 61,6 46,5 0,8 0,17 1,9 –43,5 74,4 0,8 174 19,6 5 0,859
153 Ilhas Salomão .. 63,3 .. .. 77,9 –6,2 .. 20,9 137 6,2 .. 0,767
DESENVOLVIMENTO HUMANO BAIXO
154 República Árabe da Síria 97,8 0,5 1,5 0,77 2,7 32,1 .. .. 75 3,7 .. 0,943
PAINEL 155 Papua-Nova Guiné .. 52,5 .. .. 74,1 –0,2 .. 14,0 152 16,3 21 0,839
156 Comores .. 45,3 .. .. 19,7 –25,3 .. 1,8 172 50,7 22 0,764
4 157 Ruanda .. 86,7 .. .. 19,7 53,1 .. 5,4 121 19,3 12 0,848
158 Nigéria 18,9 86,6 0,5 0,09 7,2 –61,8 4,4 4,4 307 68,6 32 0,874
159 Tanzânia (República Unida da) 14,4 85,7 0,2 0,08 51,6 –18,3 .. 2,2 139 38,4 .. 0,689
159 Uganda .. 89,1 .. .. 9,7 –59,3 1,1 14,1 156 31,6 22 0,751
161 Mauritânia .. 32,2 .. .. 0,2 –46,7 .. 12,4 169 38,6 3 0,977
ODS 12.c ODS 7.2 ODS 9.4 ODS 15.1 ODS 6.4 ODS 12.2 ODS 3.9 ODS 3.9 ODS 15.3 ODS 15.5
Ameaças ambientais
Taxa de mortalidade atribuída a:
Consumo
de energia Serviços
produzida de água,
a partir de Consumo Esgotamento Poluição do ar saneamento
combustíveis de energia Retiradas de dos recursos doméstico e do e higiene Terrenos Índice da Lista
fósseis renovável Emissões de dióxido de carbono Área florestal água doce naturais ar ambiente insalubres degradados Vermelha
(% do consumo (% da área (% dos recursos
(% do consumo final total de Per capita (kg por dólar de total de Variação hídricos renováveis (% da área total
total de energia) energia) (toneladas) 2010 do PIB) terrenoa) (%) totais) (% do RNB) (por 100.000 pessoas) de terreno) (valor)
Classificação do IDH 2010–2015b 2015 2016 2016 2016 1990/2016 2007–2017b 2012–2017b 2016 2016 2015 2018
NOTAS energia. As fontes renováveis incluem a energia encontram temporariamente não florestadas mas e zonas florestais que sofreram uma redução ou
O código tricolor é utilizado para a visualização hidroelétrica, geotérmica, solar, das marés, eólica, que normalmente se regeneram. perda da produtividade e complexidade biológica ou
dos agrupamentos parciais de países e agregados biomassa e biocombustíveis. económica em virtude de um conjunto de pressões,
Retiradas de água doce: Total de água doce incluindo as práticas de utilização e gestão
por indicador. Em cada indicador, os países são Emissões de dióxido de carbono: Emissões retirada num dado ano, expresso como percentagem
divididos em três grupos com uma dimensão dos terrenos.
de dióxido de carbono originadas pelo homem do total de recursos hídricos renováveis.
aproximadamente igual (tercis): o terço superior, e decorrentes da queima de combustíveis fósseis Índice da Lista Vermelha: Indicador do risco
o terço médio e o terço inferior. Atribui-se um e de gás e da produção de cimento. Inclui o dióxido Esgotamento dos recursos naturais: Avaliação agregado de extinção de vários grupos de espécies.
código de cor aos agregados, utilizando os mesmos de carbono emitido pela biomassa florestal devido monetária do esgotamento de energia, minerais Baseia-se em variações genuínas do número de
limites de tercil. Para mais pormenores acerca ao esgotamento das áreas de floresta. Os dados e florestas, expressa como percentagem do espécies em cada categoria de risco de extinção da
do agrupamento parcial nesta tabela, ver Nota são expressos em toneladas per capita (com base rendimento nacional bruto (RNB). Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União
técnica 6 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/ na população a meio do ano) e em quilogramas por Internacional para a Conservação da Natureza e
hdr2019_technical_notes.pdf . Taxa de mortalidade atribuída à poluição do ar
unidade de produto interno bruto (PIB) em dólares doméstico e do ar ambiente: Mortes decorrentes dos Recursos Naturais. Varia entre 0, que indica
a Esta coluna foi intencionalmente deixada sem constantes de 2010. da exposição à poluição do ar ambiente (exterior) a extinção de todas as espécies, e 1, que indica
cor, pois destina-se a contextualizar o indicador e à poluição do ar doméstico (interior) devido à que todas as espécies são consideradas de menor
relativo à variação da área florestal. Área florestal: Área de terreno total com mais preocupação.
de 0,5 hectares, com árvores acima de 5 metros utilização de combustíveis sólidos para cozinhar,
b Os dados referem-se ao ano mais recente expressas por 100.000 pessoas. A poluição do ar
e um coberto florestal de mais de 10%, ou árvores FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
disponibilizado durante o período especificado. ambiente resulta das emissões das atividades
capazes de atingirem esses limiares. Estão excluídos
c Inferior a 0,1. terrenos predominantemente sob utilização agrícola industriais, dos agregados familiares, dos Colunas 1, 2, 5 e 8: Banco Mundial (2019a).
ou urbana, plantações de árvores em sistemas de automóveis e dos camiões.
DEFINIÇÕES produção agrícola (por exemplo, em pomares e em Colunas 3, 4, 11 e 12: Divisão de Estatística das
Taxa de mortalidade atribuída a serviços de Nações Unidas (2019a).
Consumo de energia produzida a partir de sistemas agrossilvopastorais) e árvores existentes água, saneamento e higiene insalubres: Mortes
combustíveis fósseis: Percentagem do consumo em parques e jardins urbanos. Estão incluídas as atribuídas à água, ao saneamento e à higiene Coluna 6: Cálculos do GRDH baseados nos dados
total de energia proveniente de combustíveis superfícies em vias de reflorestação que ainda insalubres, com enfoque em serviços inadequados relativos à área florestal do Banco Mundial (2019a).
fósseis, que consistem em produtos de carvão, não alcançaram mas que se prevê que alcancem de lavagem, expressas por 100.000 pessoas.
um coberto florestal de 10% e 5 metros de altura Coluna 7: FAO (2019b).
óleo, petróleo e gás natural.
das árvores, bem como as superfícies que, devido Terrenos degradados: Terrenos de cultivo regados
pela chuva e terrenos de cultivo irrigados ou Colunas 9 e 10: OMS (2019).
Consumo de energia renovável: Percentagem à intervenção humana ou a causas naturais, se
de energia renovável do consumo final total de terrenos de criação de animais, pastagens, florestas
PAINEL
50 Bielorrússia 21,2 11,8 27,5 98,6 0,183 0,6 32,5 1,3 8,9 –3,9 .. 0,5
50 Cazaquistão 5,8 47,9 26,6 74,0 0,601 0,1 17,4 1,0 6,8 –5,9 –3,4 3,1
52 Bulgária 14,8 21,3 20,7 88,8 0,092 0,8 37,2 1,7 7,4 1,4 –1,1 –0,3
52 Montenegro .. 13,4 31,4 90,7 0,218 0,4 30,1 1,5 .. –1,6 .. –0,4
52 Roménia 3,4 22,4 24,2 81,0 0,114 0,5 32,6 1,9 5,5 –1,0 –0,8 0,8
55 Palau .. .. 28,5 92,6 0,499 .. .. .. .. .. .. ..
56 Barbados –6,8 o .. 18,3 .. 0,160 .. 35,4 .. .. .. –2,0 ..
57 Koweit 14,6 .. 29,1 .. 0,303 0,1 10,0 5,1 .. .. –2,5 ..
57 Uruguai 10,2 .. 16,5 26,4 0,226 0,4 27,0 2,0 7,6 –2,4 –2,0 1,7
59 Turquia 11,4 40,2 29,2 44,2 0,076 0,9 18,5 2,5 4,6 –3,9 –3,5 0,2
60 Bahamas 7,1 .. 27,1 .. 0,423 .. 17,1 .. .. .. –0,1 ..
61 Malásia 10,0 .. 23,6 66,9 0,218 1,3 14,7 p 1,0 6,1 .. –1,2 1,5
62 Seicheles .. .. 32,5 94,2 0,469 0,2 19,2 1,4 4,5 .. .. ..
DESENVOLVIMENTO HUMANO
ELEVADO
63 Sérvia –3,2 q 22,0 21,5 83,2 0,081 0,9 32,7 r 1,9 7,0 0,4 .. 2,0
63 Trinidade e Tobago .. .. .. 71,9 0,348 0,1 24,1 0,8 .. .. –0,6 ..
65 Irão (República Islâmica do) .. 0,4 34,7 18,0 s 0,523 0,3 14,1 2,7 3,9 .. –0,3 1,0
66 Maurícia –6,4 19,8 19,1 61,1 0,219 0,2 26,7 t 0,2 57,3 .. 0,0 –0,1
67 Panamá 25,3 .. 41,7 53,3 0,143 0,1 17,4 0,0 .. –3,1 –0,2 1,5
68 Costa Rica 15,9 14,8 18,6 39,1 0,262 0,5 22,6 0,0 .. –0,7 –1,3 –0,1
69 Albânia 8,2 10,4 25,0 54,6 0,292 0,2 n 32,7 1,2 9,7 –1,7 –2,2 0,5
70 Geórgia 12,5 29,4 33,3 92,5 0,209 0,3 29,5 u 1,9 5,6 –3,7 –0,7 0,0
71 Sri Lanca 28,5 21,2 28,6 38,1 0,194 0,1 24,2 1,9 3,4 –3,7 –1,0 0,3
72 Cuba .. .. 10,3 69,4 0,235 0,3 33,8 2,9 7,1 .. –0,6 ..
73 São Cristóvão e Nevis .. .. .. .. 0,283 .. .. .. .. .. .. ..
74 Antígua e Barbuda .. .. .. .. 0,416 .. 20,7 .. .. .. .. ..
75 Bósnia-Herzegovina .. 15,6 21,7 85,0 0,100 0,2 37,5 1,1 .. –3,7 .. 0,2
76 México 7,5 14,0 23,0 40,9 0,137 0,5 15,2 0,5 16,5 0,9 –1,7 1,6
77 Tailândia 14,0 4,7 25,0 38,0 0,079 0,8 29,6 1,3 5,4 –2,5 0,6 1,2
78 Granada .. 9,4 .. .. 0,208 .. 18,8 .. .. .. .. ..
79 Brasil 6,1 36,2 15,4 64,1 0,159 1,3 19,9 1,5 13,0 –1,2 –1,4 1,0
79 Colômbia 2,8 41,6 21,2 58,1 0,341 0,2 19,3 3,2 3,4 –2,4 –1,3 1,0
81 Arménia 1,5 27,0 22,4 95,7 0,264 0,2 26,1 4,8 3,1 –1,2 –2,8 0,4
82 Argélia 21,2 0,6 48,4 40,4 0,483 0,5 14,0 5,3 2,8 n .. –1,6 ..
82 Macedónia do Norte 15,4 13,7 33,0 81,4 0,221 0,4 27,4 1,0 .. –2,7 .. 3,3
82 Peru 7,1 21,7 21,7 82,8 0,295 0,1 17,5 1,2 6,9 –4,6 –1,3 2,0
85 China 20,1 7,6 44,3 .. 0,094 2,1 25,0 1,9 .. –3,7 –2,3 0,7
85 Equador 11,4 29,3 26,0 46,3 0,393 0,4 15,5 2,4 5,2 –0,2 –1,2 2,4
87 Azerbaijão 9,5 10,7 20,1 93,3 0,827 0,2 17,3 v 3,8 2,6 –4,0 –0,1 ..
88 Ucrânia 3,5 20,7 18,8 98,3 0,140 0,4 30,2 w 3,8 3,2 –2,5 –1,8 0,9
89 República Dominicana 17,3 15,6 24,4 43,8 0,188 .. 15,7 0,7 10,0 x –1,7 –0,4 1,2
89 Santa Lúcia –2,3 4,6 21,8 .. 0,268 .. 21,1 .. .. .. .. ..
91 Tunísia –9,6 17,2 19,8 54,9 0,137 0,6 19,0 2,1 6,0 –2,2 –0,9 1,3
92 Mongólia –10,3 56,2 42,2 79,3 0,445 0,1 10,5 0,8 10,4 –1,3 –1,7 0,2
93 Líbano –16,9 70,6 17,2 .. 0,117 .. 17,9 5,0 2,4 .. .. ..
94 Botsuana 26,6 2,5 29,4 34,0 0,891 0,5 8,6 2,8 5,1 y .. –0,9 3,6
94 São Vicente e Granadinas 0,4 11,6 26,4 .. 0,524 .. 20,0 .. .. .. .. ..
96 Jamaica 15,9 27,3 22,6 .. 0,498 .. 17,9 1,4 11,9 0,1 –1,0 ..
96 Venezuela (República Bolivariana da) 7,2 q 57,4 24,8 42,3 0,734 0,1 15,0 0,5 11,2 y –2,3 –0,3 ..
98 Dominica .. 11,7 .. .. 0,409 .. .. .. .. .. .. ..
98 Ilhas Fiji 8,1 2,3 .. 62,5 0,220 .. 12,5 0,9 5,3 .. –1,2 0,5
98 Paraguai 14,5 12,4 23,1 43,7 0,348 0,2 13,0 0,9 13,2 –1,1 –0,8 0,9
98 Suriname 22,9 z .. 36,2 45,0 0,668 .. 15,1 .. .. –0,8 –0,8 ..
PAINEL
102 Jordânia 4,4 12,4 18,2 .. 0,163 0,3 8,2 4,7 2,0 –2,9 –1,3 1,2
103 Belize –0,9 9,7 17,9 43,5 0,311 .. 10,5 1,3 10,6 –2,7 –1,2 ..
5 104 Maldivas
105 Tonga
..
9,3 aa
3,5
9,9
..
33,4
32,7
..
0,617
0,297
..
..
9,0
10,8
..
..
..
..
4,4
..
–1,2
–1,1
–0,1
0,4
106 Filipinas 28,5 11,3 26,9 29,9 0,250 0,1 11,5 1,1 5,6 y –0,5 –0,7 0,3
107 Moldávia (República da) 14,7 10,7 25,3 60,0 0,189 0,3 24,6 ab 0,3 35,8 –2,9 –1,7 2,2
108 Turquemenistão .. .. 47,2 .. 0,645 .. 10,8 .. .. –3,7 .. ..
108 Usbequistão .. .. 40,2 .. 0,349 0,2 11,3 3,6 .. .. .. ..
110 Líbia .. .. 29,8 n .. 0,798 .. 9,0 15,5 .. .. –3,3 ..
111 Indonésia 12,0 34,0 34,6 39,8 0,134 0,1 13,5 0,7 7,4 –0,2 –1,2 –1,4
111 Samoa .. 8,9 .. 66,6 0,366 .. 11,4 .. .. .. –1,6 0,5
113 África do Sul 0,6 12,2 18,0 51,2 0,151 0,8 9,9 1,0 13,1 1,3 0,0 –0,2
114 Bolívia (Estado Plurinacional da) 0,8 10,5 20,6 44,0 0,379 0,2 y 13,7 1,5 6,9 –4,6 –1,5 4,4
115 Gabão 8,9 aa 3,8 aa 21,4 35,5 0,546 0,6 y 6,4 1,5 4,5 0,8 –0,7 0,5
116 Egito 1,2 15,1 16,7 54,9 0,154 0,6 10,2 1,2 3,8 n 1,0 –1,7 0,1
DESENVOLVIMENTO HUMANO
MÉDIO
117 Ilhas Marshall .. .. 22,4 .. 0,752 .. .. .. .. .. .. ..
118 Vietname 13,4 5,9 27,5 32,3 0,188 0,4 17,9 2,3 5,5 –0,1 –0,1 0,1
119 Palestina (Estado da) .. .. 24,2 46,9 0,176 0,5 6,7 ac .. .. .. .. 0,0
120 Iraque –7,0 .. 17,8 28,3 0,958 0,0 6,1 2,7 .. .. .. –0,6
121 Marrocos 20,9 9,8 33,4 18,7 s 0,174 0,7 17,1 3,1 3,4 y .. –1,2 0,3
122 Quirguizistão 12,9 29,9 35,4 92,7 0,364 0,1 11,3 1,6 7,5 –4,6 –3,4 1,1
123 Guiana 14,1 5,0 31,1 42,0 0,452 .. 16,1 1,7 6,8 –0,1 –0,6 ..
124 El Salvador 6,4 20,2 20,4 37,4 0,213 0,1 16,3 1,0 10,5 –2,6 –1,4 2,9
125 Tajiquistão 6,3 26,1 27,2 80,1 y 0,265 0,1 8,4 1,2 9,9 –4,3 0,0 –0,2
126 Cabo Verde 11,7 5,9 40,4 59,8 0,315 0,1 10,4 0,6 17,1 .. .. ..
126 Guatemala 1,9 28,6 12,1 18,1 0,136 0,0 9,5 0,4 20,4 –2,3 –1,1 1,4
126 Nicarágua 14,4 19,8 22,9 30,5 0,221 0,1 12,0 0,6 20,0 –0,8 –1,2 0,8
129 Índia 16,3 10,1 31,0 17,6 0,139 0,6 12,5 2,4 3,1 –5,4 –1,6 –0,5
130 Namíbia 4,5 .. 12,6 66,7 0,265 0,3 6,6 3,3 2,7 –2,5 –1,0 0,3
131 Timor-Leste –14,6 0,1 22,5 28,2 0,467 .. 8,2 0,6 6,9 –2,0 .. 1,5
132 Honduras 19,5 23,9 25,5 24,3 0,222 0,0 10,0 1,7 8,8 –2,1 –0,5 3,2
132 Quiribati .. .. .. 48,3 0,907 .. 10,1 .. .. .. .. ..
134 Butão 23,3 10,5 51,3 19,5 0,392 .. 11,1 .. .. .. .. 0,4
135 Bangladeche 24,5 5,5 31,2 25,8 0,404 .. 10,7 1,4 2,8 –2,2 –1,2 0,0
135 Micronésia (Estados Federados da) .. .. .. 65,0 0,805 .. 9,7 .. .. .. .. 0,6
137 São Tomé e Príncipe .. 3,4 .. .. 0,688 .. 6,7 .. .. .. .. 0,5
138 Congo –40,4 3,2 18,2 .. 0,613 .. 5,9 2,5 1,3 –2,7 –0,5 –1,4
138 Essuatíni (Reino de) 0,8 2,2 11,7 17,9 0,331 0,3 6,0 1,5 8,1 –2,2 –0,5 –0,5
140 República Democrática Popular do Laos –1,2 13,4 29,0 34,2 0,231 .. 8,5 0,2 29,7 0,1 –1,2 –0,9
141 Vanuatu 20,8 q 2,1 26,4 .. 0,450 .. 7,0 .. .. .. .. ..
142 Gana –8,4 10,4 22,0 28,6 0,459 0,4 6,8 0,4 26,7 1,5 –0,4 –0,5
143 Zâmbia 9,2 18,1 38,2 40,3 0,681 0,3 n 4,3 1,4 3,3 n 0,7 –1,0 –1,4
144 Guiné Equatorial .. .. 15,1 .. 0,641 .. 3,5 0,2 .. .. .. ..
145 Mianmar 23,1 5,2 32,8 17,5 0,216 .. 12,4 2,9 .. .. .. ..
146 Camboja 13,1 3,9 23,4 13,5 0,296 0,1 10,1 2,2 5,2 –3,8 –1,2 ..
147 Quénia –2,2 14,8 18,4 40,5 0,232 0,8 5,4 1,2 7,5 –2,2 –1,3 1,6
147 Nepal 38,1 8,5 51,8 41,9 0,141 0,3 10,2 1,4 6,3 –2,4 –2,1 3,3
149 Angola –16,3 13,4 24,1 10,2 0,933 .. 4,6 1,8 1,5 –2,5 .. 4,5
150 Camarões 4,5 10,7 22,4 19,8 0,336 .. 5,0 1,3 5,6 0,1 –1,1 –1,7
150 Zimbabué –22,2 8,4 12,6 13,0 0,325 .. 5,4 2,2 7,0 –3,0 –0,8 ..
152 Paquistão 12,7 22,8 16,4 27,9 0,204 0,2 8,3 4,0 1,5 –0,2 –0,7 –0,2
153 Ilhas Salomão .. 3,9 .. 18,7 0,676 .. 7,6 .. .. .. .. 3,4
DESENVOLVIMENTO HUMANO
BAIXO
154 República Árabe da Síria .. 3,1 z 27,8 x
.. 0,235 0,0 9,4 4,1 2,2 y
.. 0,0 ..
155 Papua-Nova Guiné .. 27,1 .. 26,7 0,293 0,0 6,9 0,3 .. .. 0,7 ..
156 Comores 5,8 aa 1,9 17,5 .. 0,560 .. 6,3 .. .. 0,4 .. 2,1
PAINEL
157 Ruanda –4,4 3,9 24,4 17,1 0,390 .. 7,3 1,2 8,0 –2,8 –1,2 2,1
158 Nigéria
159 Tanzânia (República Unida da)
1,4
23,1
6,8
8,4
15,5
34,0
35,2
5,0
0,783
0,288
0,2 x
0,5
5,2
5,3 ad
0,5
1,2
..
7,3
–2,1
–1,5
..
–0,7
–1,1
0,2
5
PAINEL 5 Sustentabilidade socioeconómica | 339
PAINEL 5 SUSTENTABILIDADE SOCIOECONÓMICA
159 Uganda –9,5 3,8 24,6 37,1 0,250 0,2 4,1 1,4 6,9 –2,1 –0,8 –0,1
161 Mauritânia –10,3 13,2 55,3 5,8 0,308 .. 6,2 3,0 2,4 –1,1 .. 1,5
162 Madagáscar 7,7 3,2 15,2 18,5 0,213 0,0 6,4 0,6 12,1 –1,4 .. –1,5
163 Benim –3,4 4,2 25,8 17,1 0,346 .. 6,3 0,9 8,5 0,7 –0,5 –2,8
164 Lesoto 8,2 3,6 27,9 .. 0,288 0,0 8,7 1,8 13,2 n –0,5 –0,5 –1,1
165 Costa do Marfim 16,6 17,6 19,8 25,5 0,361 .. 5,3 1,4 5,5 –0,1 –0,4 –0,4
166 Senegal 12,3 q 14,2 28,7 10,9 0,239 0,8 5,8 1,9 5,9 –1,3 –1,3 –0,5
167 Togo –7,5 5,8 25,3 47,6 0,235 0,3 5,5 2,0 6,3 –0,4 –0,8 –0,9
168 Sudão 0,2 4,2 19,3 22,8 0,440 .. 7,1 2,3 1,4 y .. –1,2 ..
169 Haiti 17,6 1,5 29,0 9,4 0,508 .. 9,7 0,0 .. –0,1 0,3 ..
170 Afeganistão 2,7 4,0 19,2 19,2 0,387 .. 5,1 1,0 15,1 .. –1,1 ..
171 Djibouti –1,8 11,1 57,8 .. 0,222 .. 9,4 3,7 n 3,2 x .. .. –0,3
172 Malaui –16,7 5,7 13,4 17,6 0,558 .. 4,8 0,8 22,8 –1,3 –0,5 –0,7
173 Etiópia 9,3 20,8 34,1 6,8 0,288 0,6 6,4 0,6 12,4 –2,2 –1,3 –2,2
174 Gâmbia –12,7 aa 16,9 17,0 12,3 0,449 0,1 4,8 1,1 4,9 –0,6 –0,4 2,9
174 Guiné –6,5 1,4 36,2 .. 0,493 .. 5,4 2,5 3,2 –1,6 .. 2,4
176 Libéria –99,0 3,5 13,0 21,1 0,394 .. 6,4 0,8 19,5 –1,7 –0,3 0,3
177 Iémen .. 14,6 .. 29,7 0,319 .. 5,4 4,0 2,5 n –0,9 0,2 –0,6
178 Guiné–Bissau –11,0 2,4 10,9 .. 0,875 .. 5,1 1,6 3,3 –1,4 .. –4,8
179 Congo (República Democrática do) –4,4 3,0 25,8 43,1 0,505 0,1 y 5,9 0,7 6,3 –1,8 –0,1 –0,1
180 Moçambique –13,5 5,0 37,7 7,1 0,305 0,3 5,1 1,0 12,0 –4,0 –0,7 –1,8
181 Serra Leoa –33,5 3,8 18,5 15,2 0,255 .. 5,2 0,8 17,2 –1,2 –0,3 1,9
182 Burquina Faso –9,0 3,7 25,7 3,9 0,658 0,2 4,8 2,1 7,5 –2,1 –0,4 2,3
182 Eritreia .. .. 10,0 .. 0,319 .. 7,0 .. .. .. .. ..
184 Mali –2,3 q 4,5 23,8 4,7 0,670 0,3 4,5 2,9 2,7 –2,3 –0,3 2,4
185 Burundi –19,0 14,4 9,2 2,5 0,425 0,1 5,2 1,9 5,1 –2,4 –0,7 1,0
186 Sudão do Sul .. .. 1,6 .. .. .. 6,2 1,3 .. .. .. ..
187 Chade .. .. 19,7 .. 0,774 0,3 4,7 2,1 1,4 –0,5 .. –1,7
188 República Centro-Africana .. .. 11,4 .. 0,313 .. 5,0 1,4 2,2 –0,1 –0,1 –6,7
189 Níger 5,0 15,6 33,7 1,8 0,352 .. 5,2 2,5 4,6 –2,2 –0,6 2,6
OUTROS PAÍSES OU TERRITÓRIOS
.. Coreia (República Popular Democrática da) .. .. .. .. 0,255 .. 18,7 .. .. .. .. ..
.. Mónaco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Nauru .. .. .. 96,5 0,512 .. .. .. .. .. .. ..
.. São Marino .. .. .. 55,7 .. .. .. .. .. .. .. ..
.. Somália .. .. .. .. 0,552 .. 5,6 .. .. .. .. ..
.. Tuvalu .. .. .. 50,1 0,554 .. .. .. .. .. .. ..
Agrupamentos por IDH
Desenvolvimento humano muito
8,9 .. 22,1 84,7 — 2,3 33,2 2,3 7,0 –1,1 –2,4 —
elevado
Desenvolvimento humano elevado 16,2 12,9 36,5 .. — 1,5 20,4 1,7 .. –2,5 –1,2 —
Desenvolvimento humano médio 13,2 10,0 28,1 21,6 — 0,5 11,4 2,3 3,3 –3,9 –1,2 —
Desenvolvimento humano baixo 2,7 8,9 21,9 22,2 — .. 5,7 1,0 4,0 –1,7 –0,6 —
Países em desenvolvimento 14,9 13,7 33,5 32,5 — 1,3 14,7 2,1 4,5 –2,8 –0,9 —
Regiões
Estados Árabes 10,4 16,8 27,0 41,1 — 0,6 9,7 5,5 1,7 –1,3 –1,0 —
Ásia Oriental e Pacífico 19,7 9,0 41,6 .. — .. 21,7 1,8 .. –3,0 –0,8 —
Europa e Ásia Central 9,7 31,8 28,1 71,8 — 0,6 20,1 2,4 4,6 –3,5 –2,1 —
América Latina e Caraíbas 6,8 24,0 20,1 54,6 — 0,7 17,8 1,2 10,8 –1,4 –1,1 —
Ásia do Sul 17,1 10,7 30,3 20,0 — 0,5 11,9 2,5 3,0 –4,5 –1,2 —
África Subsariana –0,1 10,6 21,0 25,6 — 0,5 5,7 1,1 7,0 –1,7 –0,6 —
Países menos avançados 9,8 8,1 29,5 20,6 — .. 7,0 1,6 3,7 –1,8 –0,8 —
Pequenos Estados insulares em vias
.. .. 24,0 44,3 — .. 17,1 .. .. –2,1 — —
de desenvolvimento
PAINEL Organização para a Cooperação
8,6 .. 21,9 81,9 — 2,4 34,1 2,1 7,8 –0,6 –2,3 —
e o Desenvolvimento Económico
5 Mundo 10,9 14,8 26,2 46,3 — 2,0 18,0 2,2 6,7 –2,6 –0,8 —
NOTAS q Referente a 2014. incluindo escolas, escritórios, hospitais, residências forças de manutenção da paz; ministérios da defesa
O código tricolor é utilizado para a visualização r Inclui o Kosovo. privadas e edifícios comerciais e industriais. e outros organismos governamentais envolvidos em
dos agrupamentos parciais de países e agregados Os inventários são existências de bens detidos por projetos de defesa; forças paramilitares, caso se
s Apenas inclui a educação intermédia.
por indicador. Em cada indicador, os países são empresas para atender a oscilações temporárias ou considerem treinadas e equipadas para operações
t Inclui as ilhas de Agalega, Rodrigues e S. inesperadas da produção ou das vendas, assim como militares, e atividades espaciais militares.
divididos em três grupos com uma dimensão
Brandão. bens cuja produção está em curso. As aquisições
aproximadamente igual (tercis): o terço superior, Relação entre as despesas com a educação
o terço médio e o terço inferior. Atribui-se um u Inclui a Abcásia e a Ossétia do Sul. líquidas de objetos de valor são igualmente
consideradas formação de capital. A formação e a saúde e as despesas militares: Somatório
código de cor aos agregados, utilizando os mesmos v Inclui Nagorno-Karabakh. das despesas públicas com a educação e a saúde
limites de tercil. Para mais pormenores acerca bruta de capital era anteriormente designada por
w Inclui a Crimeia. dividido pelas despesas militares.
do agrupamento parcial nesta tabela, ver Nota investimento doméstico bruto.
x Referente a 2007.
técnica 6 em http://hdr.undp.org/sites/default/files/ Mão-de-obra qualificada: Percentagem da Perda global no valor do IDH devida à
hdr2019_technical_notes.pdf . y Referente a 2009. desigualdade (variação anual média): Variação
população ativa com idade igual ou superior a 15
a Esta coluna foi intencionalmente deixada sem z Referente a 2010. anos e um nível de ensino intermédio ou avançado, percentual da perda global do valor do Índice
cor, pois destina-se a contextualizar o indicador aa Referente a 2012. conforme a Classificação Internacional Normalizada de Desenvolvimento Humano (IDH) devida à
relativo às despesas com a educação e a saúde. da Educação. desigualdade entre 2010–2018, dividida pelo
ab Inclui a Transnístria.
número correspondente de anos.
b Estão disponíveis dados sobre as despesas ac Inclui Jerusalém Oriental. Índice de concentração (exportações): Um
públicas com a saúde e a educação nas Tabelas Índice de Desigualdade de Género (variação
ad Inclui Zanzibar. indicador do grau de concentração das exportações
8 e 9 e em http://hdr.undp.org/en/data. anual média): Variação percentual do valor do
de um país em determinados produtos (também
c Um valor negativo indica que a desigualdade DEFINIÇÕES designado por Índice Herfindahl-Hirschmann). Índice de Desigualdade de Género entre 2005–2018,
diminuiu durante o período especificado. Um valor mais próximo de 0 indica que as dividida pelo número correspondente de anos.
d Os dados referem-se ao ano mais recente Poupanças líquidas ajustadas: As poupanças exportações de um país se encontram distribuídas
líquidas nacionais acrescidas das despesas com a Parte do rendimento dos 40 por cento mais
disponibilizado durante o período especificado. de um modo mais homogéneo por uma série de pobres (variação anual média): Variação
educação e deduzidas do esgotamento de energia, produtos (refletindo uma economia devidamente
e Projeções baseadas na variação da fertilidade do esgotamento de minerais e do esgotamento percentual da parte do rendimento dos 40 percentis
média. diversificada); um valor mais próximo de 1 indica um mais pobres da população entre 2005–2017, dividida
líquido de florestas, bem como dos danos causados elevado grau de concentração das exportações de
f Os dados referem-se ao ano mais recente por emissões de dióxido de carbono e partículas. pelo número correspondente de anos.
um país num número reduzido de produtos.
relativamente ao qual foram disponibilizadas As poupanças líquidas nacionais são equivalentes
informações acerca dos três tipos de despesas às poupanças brutas nacionais deduzidas do valor Despesas com investigação e FONTES DE DADOS PRINCIPAIS
(educação, saúde e militares) durante o período do consumo de capital fixo. desenvolvimento: Despesas correntes e de Colunas 1–3, 6 e 8: Banco Mundial (2019a).
especificado. capitais (públicas e privadas) em trabalho criativo
Serviço da dívida total: Somatório dos com caráter sistemático destinado a reforçar Coluna 4: OIT (2019).
g Os dados relativos a tendências utilizados para
reembolsos de capital e juros efetivamente pagos o conhecimento, incluindo o conhecimento da
o cálculo da variação estão disponíveis em Coluna 5: UNCTAD (2019).
em moeda, bens ou serviços sobre a dívida a longo humanidade, da cultura e da sociedade, e a
http://hdr.undp.org/en/data.
prazo, juros pagos sobre a dívida a curto prazo, utilização do conhecimento em novas aplicações.
h Inclui o arquipélago de Svalbard e a ilha de Jan Coluna 7: UNDESA (2019b).
e reembolsos (acordos de recompra e encargos) A investigação e o desenvolvimento abrangem
Mayen. do Fundo Monetário Internacional. É expresso em Colunas 9 e 12: Cálculos do GRDH baseados
a investigação fundamental, a investigação
i Inclui o Listenstaine. percentagem de exportações de bens, serviços aplicada e o desenvolvimento experimental. em dados do Banco Mundial (2019a).
j Inclui as ilha de Natal, Cocos (Keeling) e Norfolk. e rendimentos primários.
Rácio de dependência dos idosos: Rácio entre Coluna 10: Cálculos do GRDH baseados na série
k Inclui as ilhas Åland. Formação bruta de capital: Despesas relativas cronológica do IDH Ajustado à Desigualdade.
os totais da população no escalão dos 65 ou mais
l Inclui as ilhas Canárias, Ceuta e Melilha. a aquisições de ativos imobilizados da economia anos de idade e no escalão 15–64 anos. Os rácios
acrescidas da variação líquida dos inventários. Coluna 11: Cálculos do GRDH baseados na série
m Inclui o Norte de Chipre. são expressos como número de dependentes por cronológica do Índice de Desigualdade de Género.
Os ativos imobilizados incluem benfeitorias em 100 pessoas em idade ativa (15–64 anos).
n Referente a 2008. terrenos (tais como vedações, valas e fossas),
o Referente a 2013. compras de fábricas, máquinas e equipamento e a Despesas militares: Todas as despesas correntes
p Inclui Sabá e Saravaque. construção de estradas, ferrovias e estruturas afins, e de capitais com: as forças armadas, incluindo as
PAINEL
5
PAINEL 5 Sustentabilidade socioeconómica | 341
Regiões em vias de desenvolvimento
Estados Árabes (20 países ou territórios)
Argélia, Bahrein, Djibouti, Egito, Iraque, Jordânia, Koweit, Líbano, Líbia, Marrocos, Estado da Palestina, Omã, Qatar, Arábia
Saudita, Somália, Sudão, República Árabe da Síria, Tunísia, Emirados Árabes Unidos, Iémen
Nota: Todos os países listados nas regiões em vias de desenvolvimento estão incluídos nos agregados relativos aos países em vias de desenvolvimento. Os países incluídos nos
agregados relativos aos Países Menos Desenvolvidos e Pequenos Estados Insulares em Vias de Desenvolvimento seguem as classificações da ONU, disponíveis em www.unohrlls.
org. Os países incluídos nos agregados relativos à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico encontram-se listados em www.oecd.org/about/membersan-
dpartners/list-oecd-member-countries.htm.
Referências estatísticas
Nota: As referências estatísticas dizem respeito a todos os materiais estatísticos do Relatório de 2019, incluindo as tabelas estatísticas publicadas em http://hdr.undp.org/en/human-development-report-2019.
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Na generalidade dos países, são muitos os que têm poucas É difícil obter uma imagem clara das desigualdades no
perspetivas de um futuro melhor. São pessoas desprovidas de desenvolvimento humano e do modo como estão a mudar.
esperança, sentido e dignidade, que assistem nas margens da Por um lado, porque são tão amplas e multifacetadas quanto
sociedade, ao progresso de outros, rumo a uma prosperidade a própria vida. Por outro, porque os indicadores em que nos
cada vez maior. Se é verdade que, a nível mundial, muitas baseamos e os dados que lhes subjazem são, frequentemente,
pessoas escaparam à pobreza extrema, são muitos mais os que inadequados. Porém, há padrões importantes que se repetem,
nunca tiveram as oportunidades ou recursos para gerir as suas uma e outra vez.
vidas. O género, a etnia ou a riqueza dos pais continuam a ser Em todos os países, os objetivos estão em mudança. A
elementos preponderantes para a determinação do lugar de desigualdade no desenvolvimento humano é elevada ou está a
qualquer pessoa na sociedade. aumentar nas áreas que se espera virem a ser mais importantes
Desigualdades. As provas estão por todo o lado. As no futuro. Houve algum progresso, a nível mundial, em áreas
desigualdades nem sempre refletem um mundo injusto, mas, fundamentais, como o escape à pobreza e a obtenção de
quando os percursos de desigualdade têm pouco a ver com um nível básico de escolaridade, apesar da permanência de
a valorização do esforço, do talento ou dos riscos assumidos importantes disparidades. No entanto, ao mesmo tempo, as
por empreendedores, podem chocar com o sentimento de desigualdades têm-se dilatado nos patamares mais altos da
justiça da generalidade das pessoas e constituir uma afronta à escala do progresso.
dignidade humana. Sob o espectro das arrebatadoras mudanças Uma abordagem assente no desenvolvimento humano abre
tecnológicas e da crise climática, essas desigualdades novas perspetivas acerca das desigualdades — por que motivo
no desenvolvimento humano prejudicam as sociedades, importam, de que modo se manifestam e o que fazer quanto
enfraquecendo a coesão social e a confiança das pessoas às mesmas — o que ajuda à conceção de medidas concretas.
nos governos, nas instituições e entre si. Na sua maioria, O Relatório realça a importância do realinhamento dos atuais
lesam as economias, desperdiçam o potencial das pessoas, no objetivos das políticas: enfatizando, por exemplo, a qualidade
trabalho e na vida pessoal, impossibilitando-as de concretizá-lo da educação em todas as faixas etárias, incluindo ao nível pré-
plenamente. Muitas vezes, são as desigualdades que impedem primário, além do foco nas taxas de matrícula no ensino primário
as decisões políticas de refletir as aspirações da sociedade no e secundário. Muitas destas aspirações já se repercutem
seu todo e de proteger o planeta, se, na verdade são uns poucos, na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Esta
melhor posicionados, que exercem o seu poder para moldar as abordagem implica, igualmente, fazer face aos desequilíbrios
decisões à medida dos seus interesses. Em casos extremos, os de poder que estão no âmago de muitas desigualdades,
povos saem à rua. nomeadamente através da criação de condições equitativas por
Estas desigualdades no desenvolvimento humano são meio de medidas anti monopólio. Nalguns casos, o combate às
um obstáculo à implementação da Agenda 20 30 para o desigualdades implica lidar com normas sociais profundamente
Desenvolvimento Sustentável. Não se trata somente de enraizadas na história e na cultura de uma nação. Muitas
discrepâncias no rendimento e na riqueza. Não é possível políticas abrangem opções que tanto potenciariam a equidade
representá-las através da mera utilização de indicadores quanto a eficiência. O principal motivo para a raridade da sua
sumários de desigualdade que se focam numa única dimensão. prossecução poderá estar associado ao poder dos interesses
Mais do que isso, irão, também, enformar as perspetivas das estabelecidos, que têm pouco a ganhar com a mudança.
pessoas que viverem até ao século XXII. O Relatório explora O futuro das desigualdades no desenvolvimento humano, no
as desigualdades no desenvolvimento humano, indo além do século XXI, está nas nossas mãos. Não podemos, contudo, ser
rendimento, além das médias e além do presente. Interroga complacentes. A crise climática demonstra que o preço a pagar
que formas de desigualdade importam e o que as catalisa, pela inação se agrava à medida que o tempo passa, pois gera
reconhecendo que as desigualdades perniciosas devem, mais desigualdade, o que, por sua vez, pode dificultar a aplicação
geralmente, ser pensadas enquanto sintomas de problemas de medidas ambientais. A tecnologia já está a transformar
mais amplos numa sociedade e numa economia. Inquire, ainda, o mercado de trabalho e a vida, embora se desconheça, por
que políticas podem enfrentar esses catalisadores — políticas enquanto, até que ponto as máquinas irão substituir as pessoas.
simultaneamente capazes de auxiliar o crescimento da Estamos, porém, à beira de um abismo para lá do qual o regresso
economia das nações, promover o desenvolvimento humano e será difícil. No entanto, a escolha é nossa – e devemos fazê-la
reduzir a desigualdade. agora.