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Madeiras Alternativas para Construção de Instrumentos Musicais

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA


Laboratório de Produtos Florestais – LPF

PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica


CNPq/IBAMA

Relatório Final

PLANO DE TRABALHO: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DAS


NOVAS ESPÉCIES PARA UTILIZAÇÃO EM INSTRUMENTOS
MUSICAIS

PROJETO: AVALIAÇÃO DE MADEIRA AMAZÔNICAS PARA


UTILIZAÇÃO EM INSTRUMENTOS MUSICAIS

Orientando: Ricardo Faustino Teles


Curso: Engenharia Florestal
Instituição de Ensino: Universidade de Brasília – UnB
Orientador: Mário Rabelo de Souza
Unidade: Laboratório de Produtos Florestais – LPF
Período: agosto de 2004 a julho de 2005
Contatos:
Mário: 3316 1533 – mario.souza@ibama.gov.br
Ricardo: 3336 0091 – rfteles@gmail.com / rteles@unb.br
Funtec: www.funtecg.org.br

Brasília, 15 julho de 2005.


INTRODUÇÃO
O Brasil, apesar de seu tamanho e magnitude de suas florestas, não se
caracteriza como um grande produtor e exportador de instrumentos musicais. Isso
se deve a um certo tradicionalismo por parte dos fabricantes e luthiers de
instrumentos musicais que utilizam uma pequena quantidade de madeiras, as quais
tem seu uso para partes específicas em cada instrumentos. Esse tradicionalismo
junto com a escassez dessas poucas espécies tem onerado significativamente o
valor dessas madeiras no mercado internacional, cotado em dólar, e, levando assim
as indústrias e fabricantes em todo o país a uma busca por espécies alternativas. É
comprovado que o mercado brasileiro de instrumentos musicais está em constante
crescimento, tanto em consumo como em produção, levando assim a essa busca
imediata (SOUZA, 1983; ANAFIM, 2003). Os fabricantes de instrumentos musicais
se organizam em duas associações: a ANAFIM - Associação Nacional dos
Pequenos e Médios Fabricantes de Instrumentos Musicais, com 39 associados e a
ABEMÚSICA – Associação Brasileira da Música, com 65 fabricantes associados
(ANAFIM, 2003).
Apesar de existir pouca produção de trabalhos científicos nessa área no
Brasil, o Laboratório de Pesquisas Florestais (LPF) e o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do estado de São Paulo (IPT) foram pioneiros em classificar as
espécies brasileiras para a utilização em instrumentos musicais. Entretanto, os
trabalhos desenvolvidos estavam dentro de um pequeno universo (menos de 100
espécies) e hoje já são quase 300 espécies estudas somente no LPF. Nos trabalhos
feitos anteriormente, as propriedades físicas (densidade e contrações), mecânicas
(módulos de elasticidade e ruptura) bem como caracteres gerais das madeiras
(textura, grã e figura) limitavam o número de espécies estudas. Eram apenas
analisadas madeiras com grã regular, textura de média a fina e contração
volumétrica abaixo de 15,9%.
O presente trabalho tem por objetivo estudar e avaliar acusticamente 59
espécies florestais para a utilização em instrumentos musicais.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O Brasil possui a segunda maior cobertura vegetal do mundo e a mais
importante floresta tropical do globo. Apesar dessa vasta diversidade, ele não se
caracteriza como um grande exportador de instrumentos musicais. Isso se deve a
utilização de espécies importadas, raras e bem conhecidas em todo o mundo,
principalmente pelas suas excelentes propriedades físicas, mecânicas e acústicas e
além de serem usadas a séculos por luthiers e fabricantes de instrumentos musicais.
No Brasil, espécies como o jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) e o mogno
(Swietenia macrophylla) são utilizadas em diversos tipos de instrumentos de corda, o
pau-brasil (Caesalpinea echinata) utilizado em arcos de violinos apesar dessas
espécies se apresentarem ameaçadas de extinção (ANAFIM, 2003; SOUZA, 1983).
Hoje existe no mercado brasileiro de instrumentos musicais uma procura por
espécies alternativas às madeiras importadas, uma vez, que o avanço nos preços
dessas madeiras, cotadas em dólar, tem efeito imediato no valor final do produto.
Em estudos realizados por SOUZA (1983); SLOOTEN & SOUZA (1993);

2
FAGUNDES (2003); FERNADES (2004) e TELES (2004), ficou comprovado que as
espécies amazônicas são aptas para a utilização em instrumentos musicais de
qualidade.

MADEIRAS USADAS EM INSTRUMENTOS MUSICAIS


Segundo SOUZA, 1983; SLOOTEN, 1993; BUCUR, 1995; PEARSON, 1967
as madeiras mais utilizadas hoje na confecção de instrumentos musicais e suas
partes principais são:

Violino, viola a violoncelo:

- tampo harmônico e barra harmônica: "European spruce" ("abeto" -


Picea abies), "sitka spruce" (Picea sitchensis).
- fundo, faixas laterais, voluta, cabo e cavalete: "maple" ("acero" ou
"atiro" - Acer sp.) ou "sycamore” (Platanus occidentalis).
- escala, botão e estandarte: "African ebony" (Diospyros spp.) ou
"boxwood" (Buxus sempervirens).
- cravelhas: "African ebony" (Diospyros spp.), jacarandá-da-Bahia
(Dalbergia nigra) ou "boxwood" (Buxus sempervirens).
- arco: pau-brasil, também chamada pernambuco (Caesalpinia echinata).

Piano:

- tábua harmônica: "European spruce" ("abeto" - Picea abies), "Canadian


sitka spruce” (Picea sp.) e pinho brasileiro (Araucaria augustifolia).
Esta última utilizada apenas no Brasil.
- mecanismos: "beech" (Fagus sylvatica), "Canadian rock maple" (Acer
sp.) e pau-marfim (Balfourodendron riedelianum).

Clarineta a oboé:

- corpo do instrumento: "African blackwood" (Dalbergia melanoxylon).

Fagote a flauta:

- corpo do instrumento: "maple" (Acer sp.), "boxwood" (Buxus


sempervirens), "sycamore" (Platanus occidentalis), jacarandá-da-Bahia
(Dalbergia nigra).

Percussão:

- baqueta: "hickory" (Carya spp.), “maple” (Acer spp.), oak (Quercus


spp.), bétula (Betula spp.), faia (Fagus spp.), ébano (Dyospirus spp.).
- baterias, conga e bongôs: maple (Acer sp.), mogno (Swietenia
macrophylla), bubinga (Guibourtia demeusei), “ash” (Fraxinus sp.).

Empresas nacionais como a Liverpool já estão usando algumas madeiras


amazônicas, como o ipê (Tabebuia sp.), e o jatobá como espécies alternativas ao
“hickory”.

3
PROPRIEDADES FÍSICAS, MECÂNICAS, CARACTERES GERAIS E
TRABALHABILIDADE DA MADEIRA PARA INSTRUMENTOS MUSICAIS

Sobre as propriedades ideais para as madeiras utilizadas em instrumentos


musicais, citam-se (SOUZA, 1983; BUCUR, 1995):

Tampo harmônico a tábua harmônica:

Baixa massa específica, alto módulo de elasticidade, grã direita, boa


trabalhabilidade, boa estabilidade dimensional, boa para colagem e bom
acabamento final.

Fundo:

Não muito pesada, sem restrições quanto às propriedades mecânicas, boa


trabalhabilidade, boa para colagem, bom acabamento a boa estabilidade
dimensional.

Corpo de oboé a clarineta:

Boa estabilidade dimensional, textura fina, grã direita, bom peso, bom
acabamento, fácil de furar a tornear e, preferencialmente de cor negra.

Corpo de flauta a fagote:

Não muito pesada, textura fina, boa estabilidade dimensional, grã direita, bom
acabamento, fácil de furar e tornear.

Arco para violino:

Alto módulo de elasticidade em flexão (acima de 200.000 kgf/cm²), grã


direita, textura fina, alta resistência à ruptura em flexão.

Detalhe importante deve ser observado quanto ao fundo dos instrumentos


de corda, pois este, apesar de não exigir madeiras com propriedades muito
especiais, exige que sua freqüência natural de vibração esteja entre meio a um
tom acima, em relação ao tampo. Para atender a esta característica, deve-se
observar não só a madeira, mas também as suas dimensões, pois a freqüência
natural de uma placa de vibração é função das propriedades da mesma e de suas
dimensões.

PROPRIEDADES ACÚSTICAS

Segundo SLOOTEN; SOUZA (1993), os princípios de ressonância e as


propriedades de radiação do som na madeira foram aplicados durante séculos na
construção de instrumentos musicais em madeira, antes mesmo de serem
cientificamente comprovados. Atualmente, as propriedades acústicas da madeira
são conhecidas e podem ser devidamente investigadas.

4
O método de vibração forçada é o mais utilizado para se determinar a
freqüência natural de vibração (fr) e o decaimento logarítmico (DL). Segundo
HEARMON (1968), ele funciona da seguinte maneira: a amostra é suportada por um
fio ou linha nos seus pontos nodais, e têm pequenas chapas de metal ferroso
fixadas nas suas extremidades. Próximos às chapas ficam dois transdutores, um
deles é alimentado com corrente alternada para excitar as vibrações, e o outro serve
como detector da resposta da amostra. A freqüência da corrente elétrica é variada
até que se atinja um ponto máximo de vibração; quando atingida esse ponto máximo
a freqüência natural de ressonância da amostra é obtida.
π * ∆f
De acordo com Hearmon: DL =
3 * fr
onde, fr é a freqüência de ressonância e ∆f é o diferencial da freqüência entre
os dois pontos diretamente opostos, acima e abaixo do ponto de ressonância, no
qual a amplitude de vibração cai para a metade do valor do ponto de pique de
ressonância com a freqüência de “meia amplitude” f’ e f’’.
Outros métodos foram utilizados por SOUZA (1983) que consistiam no
método acústico, método de comparação direta e o método estatístico. O método
acústico, destinado a instrumentos de cordas, foi proposto por KOLLMAN (1968) a
partir da seguinte observação: a madeira, apesar de possuir 1/10 a 1/20 da
densidade dos metais em geral, tem uma velocidade de propagação sonora
semelhante aos mesmos. Então se definiu um parâmetro que chamou de resistência
à onda sonora (W), e que, quanto menor, melhor será a qualidade acústica do
material.

E
W = ∂ *v = ∂ = ∂E

onde, W= resistência à propagação sonora, ∂= densidade, v= velocidade de


propagação sonora, E= módulo de elasticidade.
O método de comparação direta consiste numa comparação direta de todas
as propriedades mensuráveis para a classificação. No terceiro método ou método
estatístico, comparam-se mais precisamente as espécies. Este método desenvolvido
por CAILLIEZ (1976) utiliza a análise estatística denominada “Análise das
Componentes Principais”. Neste método, tanto as grandezas mensuráveis como as
não mensuráveis (grã, brilho, cor, etc.) podem ser analisadas.

5
MATERIAL E MÉTODOS

ESTUDO DE MERCADO

O estudo de mercado foi feito baseado no relatório produzido pela Associação


Nacional dos Pequenos e Médios Fabricantes de Instrumentos Musicais – ANAFIM,
no ano de 2003 e através do site da Abemusica
(http://www.abemusica.com.br/estatistica.asp). Foi feita também uma visita à 21ª
Feira Internacional da Música realizada no Expo Center Norte – São Paulo de 15 –
19 de setembro de 2004, na qual se pode ter contato com fabricantes nacionais de
instrumentos musicais.

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA OS INSTRUMENTOS


MUSICAIS

As características dos instrumentos, bem como as madeiras utilizadas, foram


analisadas a partir de trabalhos já publicados, páginas da Internet dos principais
fabricantes mundiais, catálogos e informações obtidas através de contatos diretos
com fabricantes nacionais. Foi feita uma análise das principais partes de madeiras
utilizadas nos instrumentos e suas características diretas com as propriedades
físicas e acústicas.

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES JÁ ESTUDADAS PELO LPF


Todas as espécies estudadas e publicadas no banco de dados pelo LPF
foram listadas e preparado um mapa com todas as características encontradas.

IDENTIFICAÇÃO E COMPRA DAS MADEIRAS


Foram procuradas no mercado pranchas das espécies selecionadas. A
direção do corte das pranchas dependeu da aplicação. Dessa forma, algumas
tiveram corte radial e outras tangencial. As pranchas foram aparelhadas, tinham 30
cm de largura por 5 cm de espessura e 2 metros de comprimento. Foram secas ao
ar e acondicionadas a 12%.

TESTE ACÚSTICO
Os testes acústicos foram realizados no Laboratório de Produtos Florestais
(LPF) e o método de vibração forçada, proposto por Heramon (1968), foi o utilizado
para se determinar a freqüência natural de vibração (fr) e o decaimento logarítmico
(DL) de 49 espécies madeireiras.
Para a realização do teste acústico foi utilizado um aparelho composto de um
sensor e um excitador, ambos eletromagnéticos, em cada uma de suas
extremidades. O excitador emitia uma onda sonora senoidal em forma de sinal
progressivo em um intervalo de 120 a 240 Hz durante um intervalo de 150
segundos, com amplitude constante e uma variação na freqüência de 0,01Hz, a qual
era gerada com o auxilio do software Cool Edito Pro II. O sensor recebia a vibração
transmitida através das amostras de madeiras (dimensões 30 x 2 x 0,3 cm – Figura
1). No software, a onda obtida pela ressonância da amostra com o sinal, era
6
registrada em um dos canais de gravação de áudio do programa. Utilizaram-se dois
suportes de fios de algodão que ficaram posicionados a 10 cm das extremidades de
forma que a harmônica fundamental da madeira fosse captada. Todo o sistema era
controlado por um microcomputador PC AMD Duron 1400 com 256 MB de memória
RAM. A Figura 2 ilustra o esquema do equipamento utilizado. O volume de captação
e altura do captador foi mantido constante para todas as amostras.
O teste possui um funcionamento simples: o excitador, ao emitir o sinal, faz
com que a amostra de madeira vibre a uma freqüência progressiva e, quando a
freqüência do sinal se iguala à freqüência de ressonância da madeira, a amostra
entra em ressonância. Com isso o detector capta a freqüência de ressonância da
amostra e gera um gráfico com o pico de ressonância característico de cada madeira
(Figuras 3 e 4).

30 cm
2,0 cm
0,3 cm

Figura 1. Medidas das chapas de madeiras.

Figura 2. Esquema do equipamento utilizado.

CLASSIFICAÇÃO PARA INSTRUMENTOS MUSICAIS

Madeiras para instrumentos de corda

A classificação de madeiras para violões obedeceu aos mesmos critérios


utilizados por TELES (2004). As madeiras classificadas para guitarras elétricas de
corpo sólido seguiram os critérios utilizados por FERNANDES (2004), acrescentando
apenas características necessárias para o uso em contrabaixos. A seleção das

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madeiras para clarinetas e oboés baseou-se na comparação com a “african
blackwood” (Dalbergia melanoxylon).

Madeiras para gaitas

A seleção de madeiras para gaitas diatônicas seguiu o critério da tração


perpendicular às fibras acima de 30 kgf/cm². Essa característica evita que os dentes
(pinos) dos corpos das gaiatas quebrem durante a usinagem. As espécies que não
possuíam dados de tração perpendicular às fibras foram classificadas com base em
suas grãs. Madeiras com grã cruzada, reversa, obliqua, entrecruzada, direita a
revessa, direita a cruzada e direita a ondulada entraram nessa seleção. A
trabalhabilidade é uma característica importante para a fabricação do corpo do
instrumento, sendo necessário corta e furar bem, sem dificuldades. Como a grã não
foi fator de exclusão ficou garantido que espécies excluídas em outras classificações
para instrumentos pudessem ser incluídas.

Madeiras para instrumentos de sopro

Para clarineta foram selecionadas as espécies que apresentaram alta massa


específica, acima de 0,75 kgf/cm2, grã direita, textura de média a fina, cor escura,
com bom acabamento, excelente torneamento, furação e perfuração, e estabilidade
dimensional. Para flautas e fagotes a seleção foi baseada na comparação com o
“maple”. Foram selecionadas inicialmente espécies que possuíam grã direita e
textura fina.

Madeiras para percussão: baterias, conga e bongôs

A seleção das madeiras para percussão foi baseada na comparação com o


“maple” e o mogno. Foram selecionadas madeiras com massa específica acima de
0,32 kgf/cm², decaimento logarítmico abaixo de 0,030, freqüência natural de vibração
sonora abaixo de 180 Hz e velocidade de propagação sonora acima de 4000 m/s.

Madeiras para baquetas

As madeiras para baquetas foram selecionadas comparando-se com hickory.


Foram selecionadas as que possuíam massa específica acima de 0,62 kgf/cm²,
resistência ao impacto acima de 1500 mm, grã direita a ondulada, textura de média a
fina, possuir bom torneamento e acabamento, e ter aparência uniforme.

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Figura 3. Pico de ressonância da amostra de macacaúba.

Figura 4. Pico de ressonância da amostra de ucuúba-da-terra-firme.

RESULTADO E DISCUSSÃO

ESTUDO DE MERCADO
Segundo a Abemusica (2005) o mercado de instrumentos musicais tem
participação inexpressiva no processo de exportação nacional. Entretanto, o setor
está em constate crescimento, uma vez que houve um aumento de 28% das
exportações com relação ao ano de 2003 a 2004. Na área de importação houve um
aumento de 25% de 2003 para o de 2004. Segundo a ANAFIM (2003) O
faturamento do setor música em 2002 é estimado em RS 318 milhões, com
crescimento de 6% em relação ao ano anterior. Este setor possuía cerca de quatro
mil postos de trabalho nos anos de 2001 e 2000.
A indústria de instrumentos musicais, áudio, iluminação e acessórios está
concentrada basicamente na região Sudeste. O interior do estado de São Paulo é o
principal centro produtor, seguido pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo,

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Bahia e Pernambuco. O Estado de São Paulo representa 58% do mercado da
música e a região Sul cerca de 19% (ANAFIM, 2003).
O Quadro 1 apresenta composição da indústria de instrumentos musicais,
equipamentos de som e acessórios do Brasil.

Quadro 1. Composição da Indústria de Instrumentos Musicais, Equipamentos de


Som e Acessórios do Brasil.
Segmentos Instrumentos

Sopro Barítonos, bombardões, clarinetas, cornetas, euphonium,


flautas, flugehorn, melofones, pios, saxofones, saxhorn,
trompetes, trombones, trompas e tubas.
Instrumentos musicais

Bandolins, banjos, cavaquinhos, contrabaixos, guitarras,


Cordas
harpas, violas, violinos, violões e violoncelos.

Teclados Cravos, pianolas, pianos e teclados.

Percussão Agogôs, baterias, caixas, castanholas, chocalhos, cuícas,


maracás, pandeiros, pratos, reco-recos, surdos, tambores,
tamborins e xilofones.

Fole Acordeom, acordeom cromático, bandônion, gaitas e sanfonas


e suas variações (gaita escocesa, a concertina e as
harmônicas).

Acessórios e Arcos de violino, cordas, afinadores, tarraxas para instrumentos


partes dos de corda, capas para teclados, capas em geral, estojos e peles
instrumentos para instrumentos de percussão.

Equipamentos de Amplificadores, cabos, caixas acústicas, estantes para suporte


som (áudio), de instrumentos musicais microfones, microfones para
iluminação e afins instrumentos artísticos, pedais, pedestais para microfones,
processadores de som, suportes para partituras e tripés para
microfones.
Fonte: ANAFIM, 2003.

Segundo Abemusica (2005); ANAFIM (2003), a região sudeste é a que mais


comporta as empresas de instrumentos musicais com mais de 65% de indústrias e
fabricantes, seguido pela região sul, logo após a região nordeste e por fim a região
centro-oeste. A Tabela 1 mostra o número de estabelecimentos e postos de trabalho
da indústria de instrumentos musicais no país.

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Tabela 1. Estabelecimentos e postos de trabalho da indústria de instrumentos
musicais.
Número de
Região Número de empregos
estabelecimentos
Centro-oeste 4 0,2% 1 1,1%
Nordeste 16 0,8% 3 3,3%
Sudeste 1886 90,9% 71 78,0%
Sul 168 8,1% 16 17,6%
Total 2074 100,0 91 100,0
Fonte: ANAFIM, 2003; RAID, 2000.

No segmento de sopro de metal destaca-se a tradicional empresa Weril, única


fabricante brasileira, localizada em Franco da Rocha, SP, que planejava produzir a
partir do ano de 1998 cerca de 32 mil instrumentos de sopro e percussão. Esta
empresa após três tentativas de exportações na Feira Internacional de Frankfurt,
Alemanha, percebeu a necessidade de investir em tecnologia e adoção de
processos modernos de produção e gestão. Hoje é a principal exportadora de
instrumentos musicais e mantém um depósito nos Estados Unidos, país no qual
possui uma parceria com a DEG Music Products. Seus principais mercados são os
Estados Unidos e a Alemanha.
Em Santa Catarina, na cidade de Blumenau, localiza-se a octogenária
Harmônica Catarinense (antiga Hering de 1923). Esta é uma das quatro principais
fábricas de gaitas no mundo, sendo a alemã Hohner a mais antiga (1857). Exporta
mais de 40% da sua produção de gaitas para os Estados Unidos, Europa e América
do Sul e possui acordos comerciais com empresas japonesas e norte-americanas.
Na área de pianos a empresa Fritz Dobbert é única na América Latina,
embora suas exportações não passem de 2% de seu faturamento. A empresa Di
Georgio é a mais expressiva na área de produção de violões no país comercializa 77
mil instrumentos por ano sendo que 700 desses são exportados por mês. Os violões
correspondem a 70% dos instrumentos comercializados em lojas de instrumentos
musicais.
No Brasil a empresa mais expressiva no ramo de instrumentos musicais é
Giannini, com fábrica localizada no estado de São Paulo. A empresa foi pioneira na
fabricação de instrumentos musicais acústicos no país e hoje é líder de mercado.
Com a visita feita à 21ª Feira Internacional da Música – EXPOMUSIC foi
possível verificar que alguns fabricantes de instrumentos musicais já estão aderindo
à utilização de madeiras alternativas para confecção de seus instrumentos e partes
dos instrumentos. A empresa de guitarras e violões Tagima já utiliza o marupá em
corpos de guitarras, substituindo assim o “ash” e o “maple”. Já a empresa Nhureson,
que produz violinos e violoncelos já testou o ipê para produção de arcos, obtendo
excelentes resultados, e também o ipê-roxo e o amarelo, marupá, araucária e a
grevilha em tampos e laterais resultando em instrumentos de boa qualidade. Já a
empresa de baquetas Liverpool já utiliza o ipê, abiu e o jatobá em escala comercial e
pretende testar o freijó e o roxinho. A empresa Fox foi a que apresentou uma maior
quantidade de testes em instrumentos com madeiras alternativas. A empresa já
utiliza o marupá e a imbuia para tampos de violões e corpos de instrumentos de

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corda. Utiliza braúna, ipê-preto e gombeira e afirma ter obtido excelentes resultados,
principalmente com relação à trabalhabilidade das madeiras.

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA OS INSTRUMENTOS


MUSICAIS

As principais características das madeiras para utilização em instrumentos


musicais segundo SOUZA (1983); BUCUR (1995); SLOOTEN (1993); TELES
(2004); FAGUNDES (2003); FERNANDES (2004) e PEARSON, (1967) são:

Violões, violas, cavacos e guitarras elétricas

Os violões produzidos no Brasil têm como característica a utilização de


diversas madeiras para cada parte dos mesmos. Para o tampo utilizam-se madeiras
não muito pesadas como o spruce (Picea abies) e o cedro-do-oregon (Thuya
plicata), com massa específica variando de 0,45 e 0,55 g/cm3, grã direita, boa
trabalhabilidade, boa estabilidade dimensional, boa para colagem e com bom
acabamento final, freqüência acima de 150 hz, decaimento logaritmico abaixo de
0,026 e velocidade de propagação sonora acima de 4.100 m/s. Para o fundo e
laterais a madeira não pode ser muito pesada, com massa específica variando de
0,55 a 0,92 g/cm3, sem restrições quanto às propriedades mecânicas, boa
trabalhabilidade, boa para colagem, bom acabamento e boa estabilidade
dimensional, freqüência abaixo de 180 hz, decaimento logaritmico abaixo de 0,030 e
velocidade de propagação sonora abaixo de 4600 m/s. Para o uso em braços utiliza-
se madeiras com boa estabilidade dimensional, massa específica variando de 0,46
a 0,70 g/cm³, MOE entre 66.000 a 153.000 Kgf/cm² e grã regular. Para a escala
utilizam-se madeiras com características semelhantes ao do ébano (Diospyros
spp.), ou seja, com MOE acima de 130000 kg/cm2 , massa específica acima de 0,68
g/cm3, grã direita, textura fina e de prefência de cores escuras.
Para guitarras elétricas de corpo sólido utilizam-se madeiras de massa
específica mais baixa, variando de 0,37 a 0,63 g/cm³, grã direita e a textura de
média a fina. No braço utilizam-se madeiras com massa específica variando de 0,46
a 0,63 g/cm³. MOE entre 66.000 a 153.000 Kgf/cm², dureza entre 343 a 817 kgf,
velocidade de propagação sonora entre 3.456 a 5.053 m/s e grã regular. Para a
escala utilizam-se madeiras com alto módulo de elasticidade e alta massa
específica, sendo que em guitarras pode-se usar tanto madeiras claras como
madeiras escuras.

Corpo de instrumentos de sopro: Clarineta, oboés, flautas e fagotes

Para instrumentos de sopro, com exceção ao fagote, as madeiras necessitam


de excelente estabilidade dimensional, textura relativamente fina, grã direita, peso
específica acima de 0,90 g/cm3, acabamento variando de bom a excelente, fácil de
furar, perfurar e tornear e, preferencialmente de cor negra. No caso do fagote a
madeira não pode ser muito pesada (abaixo de 0,70 g/cm3).

Arco para violino:

Alto módulo de elasticidade em flexão (acima de 200.000 kgf/cm²), grã


direita, textura fina, alta resistência à ruptura em flexão.

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Gaitas diatônicas:

A madeira deve possuir boa resistência à tração perpendicular às fibras


(acima de 30 Kgf/cm²). Este requisito irá garantir que os pinos do pente não irão se
quebrar durante a usinagem. Em geral as espécies com grã irregular (cruzada)
possuem essa propriedade. A madeira deve ter boas características de
usinabilidade, como, cortar bem e furar sem dificuldades.

Baquetas:

Para baquetas o estudo foi feito por comparação com o hickory (Carya spp.).
A densidade deve variar em torno de 0,75 g/cm3, grã direita, resistência ao impacto
acima de 1.600 mm, madeira com aparência uniforme, fácil para secar e boa para
tornear.

Percussão: Baterias, Conga e Bongôs

As madeiras mais utilizadas em percussão são o maple (Acer sp.) e o mogno


(Swietenia macrophylla). Com isso as principais características são: massa
específica acima de 0,50 g/cm3, decaimento logarítmico abaixo de 0,030, freqüência
de ressonância acima de 150 Hz e velocidade de propagação sonora acima de
4.000m/s.

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES JÁ ESTUDADAS PELO LPF


Todas as espécies estudadas pelo LPF foram levantadas, chegando a um
número de 273 espécies, entretanto 36 delas eram repetidas, totalizando assim 237
espécies. Diferentemente dos trabalhos desenvolvidos por TELES (2004);
FERNANDES (2004) e SLOOTEN & SOUZA (1993), os quais excluíam madeiras
com textura de média a grossa, contração volumétrica acima de 15,9% e grãs que
não fossem direitas, o presente trabalho selecionou tanto espécies selecionadas por
esses critérios como outras que estariam fora dessa seleção.
As espécies selecionadas para os testes acústicos estão listadas na Tabela 2.
Foram coletadas 29 espécies provenientes da Floresta Nacional dos Tapajós no
estado do Pará, 29 espécies provenientes de Manaus; e 3 espécies tradicionais
utilizadas em instrumentos musicais utilizadas para estudo comparativo. As
madeiras foram secas ao ar e acondionadas, posteriormente, a 12% em sala
climatizada. A maior parte das amostras possuía corte radial. Entretanto foram
utilizadas algumas amostras com corte tangencial para estudo de diferenças de
características acústicas em diferentes cortes na mesma espécie. Dentre as
espécies selecionadas somente as espécies que possuíam os dados de
propriedades físicas, mecânicas e acústicas foram mantidas, totalizando assim 52
espécies, sendo o amapá (Chrysophyllum sp.) mantido por possuir excelentes
características acústicas e anatômicas. As espécies amarelão/garapa (Apuleia
leiocarpa), andiroba (Carapa guianensis) e muiracatiara (Astronium lecointei)
possuíam indivíduos provenientes de mais de uma região apresentando
propriedades acústicas distintas, sendo assim, mantidos.

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Tabela 2. Espécies selecionadas para o projeto.
NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA LOCALIZAÇÃO
1 Açoita-cavalo Lueheopsis duckeana Burret Tiliaceae Manaus
2 Amapá Chrysophyllum sp. Sapotaceae Tapajós
3 Amapá doce Brosimum parinarioides Ducke Moraceae Manaus
Leguminosae-
4 Amarelão / Garapa Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. Tapajós
Caesalpinioideae
Leguminosae-
5 Amarelão / Garapa Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. Tapajós
Caesalpinioideae
6 Amescla Trattinnickia burseraefolia (Mart.) Willd. Burseraceae Tapajós
7 Anani Symphonia globulifera L.f. Guttiferae Tapajós
8 Andiroba Carapa guianensis Aubl. Meliaceae Tapajós
9 Andiroba Carapa guianensis Aubl. Meliaceae Tapajós
Leguminosae-
10 Angelim-pedra Hymenolobium petraeum Ducke Tapajós
Papilionoideae
11 Cedrinho Erisma uncinatum Warm. Vochysiaceae Tapajós
12 Cedro Cedrela odorata L. Meliaceae Manaus
Leguminosae-
13 Cerejeira Amburana acreana (Ducke) A.C.Sm. Manaus
Papilionoideae
Leguminosae-
14 Copaíba Copaifera reticulata Ducke Manaus
Caesalpinioideae
15 Cuiarana / Mirindiba Buchenavia grandis Ducke Combretaceae Tapajós
Leguminosae-
16 Cumarú Dipteryx polyphylla Huber Tapajós
Papilionoideae
17 Envira preta Onychopetalum amazonicum R.E.Fr Annonaceae Manaus
18 Faeira Roupala montana Aubl. Proteaceae Tapajós
Leguminosae-
19 Fava-amargosa Vatairea cf. paraensis Tapajós
Papilionoideae
Leguminosae-
20 Fava-arara tucupi Parkia paraensis Ducke Tapajós
Mimosoideae
Leguminosae-
21 Faveira-de-folha-fina Piptadenia suaveolens Miq. Manaus
Mimosoideae
22 Freijó verdadeiro Cordia goeldiana Huber Boraginaceae Tapajós
Leguminosae-
23 Gombeira Swartzia leptopetala Benth. Tapajós
Papilionoideae
24 Grumixava Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre Sapotaceae Manaus
Guariúba/ Oiticica
25 Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Moraceae Tapajós
amarela
26 Ipê Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols. Bignoniaceae Tapajós
27 Itaúba-amarela Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez Lauraceae Tapajós
Leguminosae-
28 Jacarandá Dalbergia spruceana Benth. Manaus
Papilionoideae
Leguminosae-
29 Jatobá Hymenaea courbaril L. Tapajós
Caesalpinioideae
30 Jequitibá-cedro (35) Allantoma lineata (Mart. ex O.Berg) Miers Lecythidaceae Manaus
31 Louro-vermelho Ocotea rubra Mez Lauraceae Tapajós
Leguminosae-
32 Macacaúba Platymiscium ulei Harms Manaus
Papilionoideae
33 Maçaranduba Manilkara huberi (Ducke) Chevalier Sapotaceae Tapajós
34 Mandioqueira Qualea paraensis Ducke Vochysiaceae Tapajós
35 Marupá Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae Manaus

14
36 Mogno Swietenia macrophylla King Meliaceae Manaus
37 Morototó Schefflera morototoni (Aubl.) Decne. & Planch Araliaceae Manaus
38 Muiracatiara Astronium lecointei Ducke Anacardiaceae Tapajós
39 Muiracatiara Astronium lecointei Ducke Anacardiaceae Manaus
40 Munguba gr terra firme Eriotheca longipedicellata (Ducke) A.Robyns Bombacaceae Manaus
41 Mururé Brosimum acutifolium Huber Moraceae Manaus
42 Pará-Pará Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Bignoniaceae Manaus
43 Pequiarana Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. Caryocaraceae Tapajós
44 Quaruba-rosa Vochysia maxima Ducke Vochysiaceae Tapajós
45 Tanibuca Terminalia amazonica (J.F.Gmel) Exell. Combretaceae Tapajós
46 Tatajuba Bagassa guianensis Aubl. Moraceae Tapajós
47 Tauari-amarelo Couratari oblongifolia Ducke & R.Knuth Lecythidaceae Manaus
48 Tauari-branco Couratari guianensis Aubl Lecythidaceae Manaus
49 Tauari-rosa Couratari stellata A.C.Sm. Lecythidaceae Manaus
Leguminosae-
50 Taxi preto folha grande Tachigali myrmecophila Ducke Manaus
Caesalpinioideae
51 Ucuúba-da-terra-firme Virola cf. michelli Myristicaceae Tapajós
52 Urucu da mata Bixa arborea Huber Bixaceae Manaus
53 Maple (átiro) Acer sp. Aceraceae Exterior
54 Pinho de riga Pinus sylvestris L. Pinaceae Exterior
Spruce/ abeto pinho
55 Picea abies (L.) Karst. Pinaceae Exterior
sueco

As propriedades físicas e mecânicas das espécies selecionadas estão


presentes na Tabela 3. A Tabela 4 apresenta os dados de trabalhabilidade, tração e
resistência ao impacto. Os dados de caracteres gerais e anatômicos das espécies
selecionadas estão presentes no Anexo I.

Tabela 3. Propriedades físicas e mecânicas das espécies selecionadas.


Propriedades Físicas Propriedades Mecânicas
Massa Flexão estática Dureza janka
Nome comum Contração (%)
específica (kgf/cm²) seca (kgf)
(g/cm³) RADIAL TANG VOL T/R MOR MOE PAR TRANS
Açoita-cavalo 0,64 4,7 9,3 13,7 1,98 1271 138000 973 817
Amapá - - - - - - - - -
Amapá-doce 0,57 4,5 7,7 12,6 1,71 1043 115000 734 567
Amarelão / Garapa 0,83 4,4 8,5 14,0 1,93 1278 143850
Amescla 0,44 5,1 7,2 11,8 1,41 654 112000 470 316
Anani 0,58 4,5 7,9 13,2 1,76 1114 140000 680 571
Andiroba 0,59 4,4 8,1 12,6 1,84 1093 120000 841 640
Angelim-pedra 0,59 4,1 6,3 10,1 1,54 1115 118000 781 590
Cedrinho 0,46 3,6 8,7 12,9 2,42 892 110000 590 394
Cedro 0,53 4,0 6,2 11,6 1,55 768 99000 762 623
Cerejeira 0,47 2,9 5,4 8,2 1,85 785 88000 520 399
Copaíba 0,62 4,1 8,2 12,5 2,00 1179 123000 867 664
Cuiarana / Mirindiba 0,72 4,7 7,4 12,2 1,58 976 107000 1352 1094
Cumarú 0,83 6,0 7,0 13,1 1,16 1485 148000 1188 1233

15
Envira-preta 0,64 3,9 8,7 12,7 2,23 1265 140000 822 695
Faeira 0,77 6,3 12,3 18,0 1,95 1614 173000 976 984
Fava-amargosa 0,78 4,8 9,8 14,0 2,04 1513 153000 934 986
Fava-arara tucupi 0,44 3,5 7,6 11,9 2,17 750 117000 399 337
Faveira-de-folha-
0,77 4,5 7,8 12,7 1,73 1285 134000 785 733
fina
Freijó-verdadeiro 0,48 4,1 6,6 10,6 1,61 932 104000 608 452
Gombeira 0,83 5,8 10,5 17,1 1,81
Grumixava 0,67 4,7 9,7 14,0 2,06 142000 1018 780
Guariúba/ Oiticica
0,60 3,1 6,2 10,0 2,00 1110 124000 799 624
amarela
Ipê 0,89 4,7 6,3 10,1 1,34 1726 131000 1480 1406
Itaúba-amarela 0,68 3,0 6,8 10,1 2,27 1113 108000 532 554
Jacarandá 0,92 4,2 8,1 12,7 1,93 1193**
Jatobá 0,76 3,4 7,7 11,4 2,26 1399 159000 1253 1116
Jequitibá-cedro 0,53 3,0 5,7 9,8 1,90 1171 130000 504 523
Louro-vermelho 0,55 3,2 7,9 11,2 2,47 794 109000 342 343
Macacaúba 0,74 2,6 4,6 6,6 1,77 1039 106000 911 914
Maçaranduba 0,89 6,7 9,4 15,0 1,40 1729 142000 1532 1464
Mandioqueira 0,66 6,0 11,4 18,1 1,89 1190 128000 830 709
Marupá 0,38 2,6 5,9 8,8 2,27 664 82000 439 267
Mogno 0,52 2,9 4,7 7,2 1,62 562 66000 435 517
Morototó 0,41 6,7 9,1 15,7 1,36 725 113000 489 358
Muiracatiara 0,79 4,6 7,6 11,9 1,65 1391 153000 891 978
Munguba-gr-terra-
0,45 4,5 9,8 14,9 2,18 895 106000 630 469
firme
Mururé 0,67 5,0 9,1 14,1 1,82 1402 145000 1463 1377
Pará-Pará 0,31 5,4 8,2 13,9 1,52 562 89000 336 192
Pequiarana 0,61 3,9 8,7 11,8 2,23 806 141000 817 745
Quaruba-rosa 0,49 4,0 8,8 12,1 2,20 930 114000 560 481
Tanibuca 0,80 5,2 7,8 12,8 1,50 1489 143000 1166 1014
Tatajuba 0,70 4,1 5,8 9,5 1,41 1269 118000 1007 753
Tauari-amarelo 0,50 4,2 6,6 10,9 1,57 847 111000 589 469
Tauari-branco 0,52 3,6 4,1 10,4 1,14 1061 117000 665 516
Tauari-rosa 0,65 5,8 7,8 13,4 1,34 1367 146000 895 710
Táxi-preto-folha-
0,56 4,1 7,3 11,1 1,78 1070 112000 762 562
grande
Ucuúba-da-terra-
0,50 4,6 8,3 13,7 1,80 972 121000 472 671
firme
Urucu-da-mata 0,32 2,6 6,0 9,1 2,31 555 77000 396 198
MOR - módulo de ruptura; MOE - módulo de elasticidade; PAR – paralela; TRANS -
transversal

16
Tabela 4. Resultados de tração, resistência ao impacto e trabalhabilidade das
espécies selecionadas.
Trabalhabilidade
Tração Resistência
Nome comum Testes
Perpend. ao Impacto
(kgf/cm2) (mm) Aplainamento Torno Broca Serra
Açoita-cavalo 47 1637,2 fácil/ruim fácil/excelente fácil/excelente difícil
Amapá - - - - - -
Amapá-doce 30 1415,3 regular fácil fácil regular
Amarelão /
98 2039,8 fácil fácil fácil fácil
Garapa
Amescla 37 906,6 médio - - fácil
fácil/muito
Anani 33 1552,5 fácil/ruim regular/ruim
ruim
Andiroba 41 1566,0 regular/bom bom bom regular
Angelim-pedra 48 1686,0 muito ruim/regular ruim/bom fácil/bom
Cedrinho 29 1103,0 fácil/ruim - - fácil
Cedro 29 813,5 /bom /bom /bom
Cerejeira 31 977,3 - - -
Copaíba 44 1507,7 regular/bom /bom bom regular
Cuiarana /
- 1980,1 excelente /excelente - -
Mirindiba
Cumarú - 3013,0 difícil - fácil -
Envira-preta 24 1773,8 fácil - - fácil
Faeira 63 2083,0 fácil/regular regular/bom regular/bom -
Fava-
42 2691,2 regular/regular regular/regular regular/regular -
amargosa
Fava-arara
35 784,8 fácil/ruim - regular/ruim -
tucupi
Faveira-de-
35 2339,3 difícil/regular excelente regular difícil
folha-fina
Freijó-
31 1264,7 fácil/bom - - fácil
verdadeiro
Gombeira excelente excelente excelente excelente
Grumixava 40 1603,0 - fácil/excelente fácil/excelente -
Guariúba/
Oiticica 29 1732,2 regular/muito ruim fácil/excelente fácil/regular -
amarela
Ipê 39 3430,6 fácil/bom fácil/excelente fácil/excelente -
Itaúba-amarela 47 - 56 1897,2 regular - - regular
Jacarandá - - excelente excelente excelente -
Jatobá 68 2330,7 regular/ruim fácil/excelente fácil/bom -
Jequitibá-cedro 31 1312,3 bom excelente bom -
Louro-
30 1233,6 fácil/bom fácil/bom fácil/bom regular
vermelho
Macacaúba - - excelente excelente excelente -
Maçaranduba 51 2819,9 fácil fácil/excelente fácil/excelente -
Mandioqueira 1833,1 regular - fácil -
Marupá 28 741,0 fácil/excelente ruim fácil/excelente fácil/excelente
Mogno 61 1186,2 fácil/regular fácil fácil/excelente fácil

17
Morototó 39 529,1 /excelente - /regular -
Muiracatiara 105,3 2273,2 regular/ruim fácil/excelente fácil/excelente fácil
Munguba-gr-
36 857,7 fácil/excelente - - fácil
terra-firme
Mururé 42 1531,4 regular/excelente bom excelente -
Pará-Pará 29 367,8 fácil - difícil fácil
Pequiarana 58 1544,5 /excelente bom bom -
Quaruba-rosa 35 1136,0 fácil/ruim fácil/bom fácil/bom fácil
Tanibuca 53 2400,6 difícil - - difícil
Tatajuba 74 2343,9 fácil fácil fácil fácil
Tauari-amarelo 38 1189,1 fácil/bom - fácil/excelente fácil
Tauari-branco 42 1341,8 fácil - - fácil
Tauari-rosa 46 2035,9 difícil difícil difícil regular
Táxi-preto-
- - difícil - fácil/bom regular
folha-grande
Ucuúba-da-
49 1019,6 fácil/bom fácil/bom fácil/bom fácil
terra-firme
Urucu-da-mata 24 701,4 /bom - - fácil
Fonte: http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira; SLOOTEN & SOUZA, 1993; IBDF, 1988;
MAINIER & CHIMELO, 1989.

TESTE ACÚSTICO

A Tabela 5 apresenta o resultado dos testes acústicos das espécies


selecionadas. Os valores apresentados são valores médios encontrados para cada
espécie.

Tabela 5. Propriedades acústicas das espécies selecionadas.


Propriedades Acústicas
Freqüência
Nome comum Velocidade de Decaimento
natural de
propagação - C (m/s) logarítmico (DL)
vibração - Fr (Hz)
Açoita-cavalo 4644 159,8 0,031
Amapá - 169,2 0,029
Amapá-doce 4492 169,2 0,029
Amarelão / Garapa 4163 166,1 0,020
Amarelão / Garapa 4163 151,6 0,034
Amescla 5045 166,1 0,028
Anani 4913 176,5 0,017
Andiroba 4510 174,1 0,025
Andiroba 4510 189,1 0,018
Angelim-pedra 4472 175,8 0,029
Cedrinho 4890 179,7 0,020
Cedro 4322 149,0 0,029
Cerejeira 4327 177,2 0,024
Copaíba 4454 196,4 0,026
Cuiarana / Mirindiba 3855 188,3 0,019
Cumarú 4223 158,5 0,020

18
Envira-preta 4677 193,2 0,024
Faeira 4740 188,5 0,024
Fava-amargosa 4429 190,1 0,016
Fava-arara tucupi 5157 179,6 0,027
Faveira-de-folha-fina 4172 167,3 0,026
Freijó-verdadeiro 4655 193,6 0,019
Gombeira - 200,0 0,016
Grumixava 4604 169,1 0,018
Guariúba/ Oiticica amarela 4546 181,1 0,023
Ipê 3837 175,0 0,017
Itaúba-amarela 3985 159,3 0,031
Jacarandá - 183,6 0,016
Jatobá 4574 155,4 0,030
Jequitibá-cedro 4953 - -
Louro-vermelho 4452 152,0 0,033
Macacaúba 3785 163,6 0,021
Maçaranduba 3994 169,8 0,025
Mandioqueira 4404 173,9 0,020
Marupá 4645 167,9 0,027
Mogno 3563 166,6 0,027
Morototó 5250 207,3 0,026
Muiracatiara 4401 172,6 0,016
Muiracatiara 4401 174,6 0,023
Munguba-gr-terra-firme 4853 175,1 0,026
Mururé 4652 194,3 0,024
Pará-Pará 5358 198,7 0,029
Pequiarana 4808 145,3 0,037
Quaruba-rosa 4823 152,6 0,031
Tanibuca 4228 160,8 0,024
Tatajuba 4106 161,6 0,027
Tauari-amarelo 4712 176,3 0,027
Tauari-branco 4743 206,0 0,024
Tauari-rosa 4739 182,7 0,026
Taxi-preto-folha-grande 4472 176,2 0,026
Ucuúba-da-terra-firme 4919 185,0 0,026
Urucu-da-mata 4905 173,2 0,027

O resultado encontrado foi satisfatório, com resultados bem próximos aos dos
obtidos por SOUZA (1983); SLOOTEN & SOUZA (1993). A freqüência natural de
vibração das amostras variaram de 145,3 a 207,3 Hz, com desvio padrão igual a
15,10. O decaimento logarítmico variou de 0,016 a 0,037 com desvio padrão igual a
0,005 e a velocidade de propagação sonora variou de 3553 a 5358 m/s com desvio
padrão igual a 352.
Foi possível observar que ocorrem variações acústicas dentro de uma mesma
espécie proveniente de regiões diferentes, como no caso das espécies
amarelão/garapa, andiroba e muiracatiara. O decaimento logarítmico foi a
característica que mais variou dentro de uma mesma espécie. Esse resultado pode
ter ocorrido devido a diferenças de posição de corte das tábuas e até mesmo devido
a características fenotípicas de cada indivíduo.

19
Na análise de freqüência e decaimento logarítmico para amostras com corte
tangencial foi possível observar que não há diferença significativa entre os valores
encontrados com os valores das amostras com corte radial. Entretanto, as amostra
com corte tangencial apresentaram defeitos de processamento, apresentando
empenamentos que dificultaram a realização dos testes acústicos.
Foi feito uma análise estatística visando conhecer o grau de correlação entre
as propriedades físicas e acústicas e entre as propriedades mecânicas e acústicas.
Segundo BARDUCCI & PASQUALINI (1948) e HAINES (1979) apud BUCUR (1995),
madeiras com altos valores de velocidade de propagação sonora paralela às fibras
geralmente são madeiras de baixa massa específica. Essa característica foi
comprovada com as madeiras tropicais estudadas, sendo significativa a correlação
entre massa específica e velocidade de propagação sonora, e massa específica e
decaimento logarítmico e decaimento logarítmico e freqüência, e não significativo
com massa específica e freqüência. (Quadro 2). O Anexo II apresenta os gráfico das
análises.

Quadro 2. Correlação entre propriedades física, mecânicas e acústicas.

DENS VEOCIDAD FREQ MOE DEC


DENS Pearson Correlation 1 -,757 ** -,165 ,730 ** -,391 **
Sig. (2-tailed) , ,000 ,256 ,000 ,006
N 49 44 49 45 49
VEOCIDAD Pearson Correlation -,757 ** 1 ,363 * -,200 ,194
Sig. (2-tailed) ,000 , ,016 ,198 ,207
N 44 44 44 43 44
FREQ Pearson Correlation -,165 ,363 * 1 -,009 -,472 **
Sig. (2-tailed) ,256 ,016 , ,952 ,001
N 49 44 49 45 49
MOE Pearson Correlation ,730 ** -,200 -,009 1 -,273
Sig. (2-tailed) ,000 ,198 ,952 , ,070
N 45 43 45 45 45
DEC Pearson Correlation -,391 ** ,194 -,472 ** -,273 1
Sig. (2-tailed) ,006 ,207 ,001 ,070 ,
N 49 44 49 45 49
**. Correlação é significativa ao nível de 1%.
*. Correlação é significativa ao nível de 5%.
Dens – massa específica;
Velocidad – velocidade de propagação sonora;
Freq – freqüência natural de vibração;
MOE – módulo de elasticidade;
DEC – decaimento logarítmico.

20
CLASSIFICAÇÃO PARA INSTRUMENTOS MUSICAIS
Madeiras para violão

A Tabela 7 apresenta as espécies selecionadas para cada parte do


instrumento. Para o uso em tampos foram selecionadas madeiras com
características semelhantes ao do “spruce” (Picea abies). Foram selecionadas
madeiras de cores claras, textura de média a fina e grã direita. A massa específica
variou de 0,40 a 0,55 g/cm3, decaimento logarítmico abaixo de 0,027, freqüência
acima de 150 Hz, velocidade de propagação sonora entre 4000 e 5200 m/s.
Para lateral e fundo foram selecionadas madeiras com características
semelhantes ao jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) e ao “maple” (Acer sp.). Foram
selecionadas madeiras com cores tendendo do vermelho ao marrom escuro, com
massa específica variando de 0,53 a 0,92 g/cm3, decaimento logarítmico abaixo de
0,027, velocidade de propagação sonora entre 3700 a 4800 m/s, grã direita ou
ondulada, textura de média a fina. Foram selecionadas espécies fora desse critério
de seleção por apresentarem excelentes propriedades acústicas para a dada
finalidade. No caso do mogno, andiroba, cuiarana, faieira e tanimbuca, foram
selecionadas por apresentarem características acústicas promissoras, embora
apresentem grã irregular. A faiera foi mantida, embora apresentasse textura grossa,
por possuir raios largos e, com isso, garantido uma estética considerável ao
instrumento.
Para o uso em braço foram selecionadas espécies que apresentaram boa
estabilidade dimensional, massa específica entre 0,50 a 0,79 g/cm3, MOE entre
99000 e 153000 Kgf/cm² e grã direita. Para a escala foram selecionadas madeiras
com MOE acima de 140000 Kgf/cm², e massa específica acima de 0,63 g/cm3 e
preferencialmente madeiras de cor escura. Ressalva-se as espécies cumarú e
tanimbuca por apresentarem grã irregular, e as espécies envira-preta, grumixava,
macacúba e muiracatiara por apresentarem excelentes características de
trabalhabilidade e por todas possuírem propriedades acústicas e mecânicas
próximas ao ébano (Diospyros spp.).

Tabela 7. Madeiras selecionadas para uso em violões.


Violão
Tampo Laterais e Fundo Braço Escala
Amapá Andiroba* Andiroba Cumarú*
Marupá Cuiarana / Mirindiba* Cedro Envira preta*
Munguba-gr-terra-firme Copaíba Grumixava Gombeira
Pará-Pará Faeira* Jequitibá-cedro Grumixava*
Morototó Gombeira Copaíba Ipê
Tauari-amarelo Grumixava Louro-vermelho Jacarandá
Tauari-branco Jacarandá Macacaúba Macacaúba*
Ucuúba-da-terra-firme Jequitibá-cedro Mogno* Maçaranduba
Freijó verdadeiro Macacaúba Muiracatiara Muiracatiara*
Mogno* Mururé Mururé
Muiracatiara Tanibuca*
Mururé
Tanibuca*
Obs.: Os asteriscos referem-se a madeiras que foram ressalvas.

21
Madeiras para guitarras elétricas e contrabaixos

As madeiras selecionadas para cada parte do instrumento estão presentes na


Tabela 8.
Para o corpo do instrumento a cor da madeira não é uma característica de
extrema importância, pois grande parte dos fabricantes de guitarra e contrabaixo
pintam as madeiras. Com isso, as propriedades mecânicas e acústicas são de suma
importância para a qualidade do instrumento. O peso do corpo não pode ser muito
alto, logo foram selecionadas madeiras com baixa massa específica, entre 0,35 a
0,65 g/cm3, velocidade de propagação sonora acima de 3400 m/s e baixo
decaimento logarítmico. Entretanto, grande parte das espécies selecionadas
apresentou decaimento logarítmico mediano, entre 0,023 e 0,027. Com relação aos
caracteres anatômicos selecionaram-se madeiras com textura variando de média a
fina, e grã direita.
Para o braço do instrumento selecionou-se madeiras com MOE entre 88000 e
146000 kgf/cm2, dureza janka entre 520 e 950 kgf, freqüência entre 150 e 200 Hz,
decaimento logarítmico próximo a 0,025, velocidade de propagação sonora acima de
4000 m/s, grã direita e textura de média a fina. A cerejeira foi mantida por apresentar
propriedades mecânicas e acústicas que se enquadram dentro do critério de seleção
e por ser fácil de encontrar no mercado. Para escalas foram selecionadas madeiras
escuras, com características físicas e mecânicas próximas ao ébano, e madeiras
claras, com características próximas ao “maple”. Foram selecionadas madeiras com
massa específica acima de 0,67 kgf/cm2, MOE acima de 106000 kgf/cm2, velocidade
de propagação sonora acima de 3800 m/s. A trabalhabilidade é outro fator de suma
importância para as escalas, sendo assim, foram selecionadas madeiras fácil de
plainar e serrar. A muirapiranga foi uma espécie mantida por apresentar coloração
avermelhada, contribuindo assim para a estética do instrumento.

Tabela 8. Madeiras selecionadas para uso em guitarras elétricas e


contrabaixo.
Guitarra e Contrabaixo
Corpo Braço Escala
Amapá-doce Amapá-doce* Envira-preta
Anani Anani Gombeira
Andiroba Andiroba* Grumixava
Cedrinho Cedro Ipê
Cedro Cerejeira Jacarandá
Copaíba Copaíba Jequitibá-cedro
Freijó-verdadeiro Envira-preta Macacaúba
Marupá Itaúba-amarela Maçaranduba
Mogno Jequitibá-cedro Muiracatiara
Munguba-gr-terra-firme Louro-vermelho Mururé
Tauari-amarelo Tauari-rosa
Tauari-branco
Ucuúba-da-terra-firme
Urucu-da-mata
Obs.: Os asteriscos referem-se a madeiras que foram ressalvas.

22
Madeiras para instrumentos de sopro: Clarineta, oboés, flautas e fagotes

Foram selecionadas 7 espécies que apresentaram alta massa específica,


acima de 0,75 kgf/cm2, grã direita, textura de média a fina, cor escura, com bom
acabamento, excelente torneamento, furação e perfuração, e estabilidade
dimensional. Duas espécies foram ressalvas, a muiracatiara, por apresentar
coloração mais clara que as demais, e a faieira por, embora possuir contração
volumétrica alta (18,0%) e textura grossa, foi mantida por possuir excelentes
características acústicas.
Para flautas e fagotes a seleção foi baseada na comparação com o “maple”.
Foram selecionadas inicialmente espécies que possuíam grã direita e textura fina.
Logo após, critérios físicos e acústicos foram analisados, sendo selecionadas
madeiras com massa específica entre 0,41 a 0,65 kgf/cm2, contração volumétrica
abaixo de 14,0%, freqüência natural de vibração abaixo de 210 Hz, decaimento
logarítmico abaixo de 0,030 e velocidade de propagação sonora acima de 4000 m/s.
A trabalhabilidade foi um critério de eliminação, mantendo apenas madeiras com
bom acabamento, torneamento, furação e perfuração. As espécies selecionadas
estão presentes na Tabela 9.

Tabela 9. Madeiras classificadas para instrumentos de sopro.

Instrumentos de sopro
Clarinetas e Oboés Flautas e Fagotes
Espécies
Faeira* Cedro
Gombeira Envira preta
Ipê Jequitibá-cedro
Jacarandá Tauari-amarelo
Macacaúba Mururé
Maçaranduba Pará-Pará
Muiracatiara* Copaíba
Tauari-branco
Ucuúba-da-terra-firme
Urucu-da-mata
Grumixava
Itaúba-amarela
Obs.: Os asteriscos referem-se a madeiras que foram ressalvas.

Madeiras para corpo de gaitas diatônicas

A Tabela 10 apresenta as madeiras selecionadas e as principais


características necessárias para o instrumento.

23
Tabela 10. Madeiras selecionadas e características analisadas para a confecção de
corpo de gaitas diatônicas.

Espécie
Açoita-cavalo Louro-vermelho
Amapá-doce Macacaúba*
Amarelão / Garapa Maçaranduba
Amescla Mandioqueira*
Andiroba Mogno
Angelim-pedra Morototó
Copaíba Muiracatiara
Cuiarana / Mirindiba* Munguba-gr-terra-firme
Cumarú* Mururé
Faeira Pequiarana
Fava-arara tucupi Quaruba-rosa
Faveira-de-folha-fina Tanibuca
Freijó-verdadeiro Tatajuba
Grumixava Tauari-amarelo
Ipê Tauari-branco
Itaúba-amarela Tauari-rosa
Jatobá Taxi-preto-folha-grande*
Jequitibá-cedro Ucuúba-da-terra-firme
Obs.: Os asteriscos referem-se a madeiras que foram ressalvas.

Madeiras para percussão: baterias, conga e bongôs

A Tabela 11 apresenta as espécies selecionadas para os instrumentos.

Tabela 11. Espécies selecionadas para percussão.


Percussão - Baterias, Conga e Bongôs
Espécie
Amapá-doce Maçaranduba
Amescla Marupá
Andiroba Mogno
Cedro Munguba-gr-terra-firme
Fava-arara-tucupi Tatajuba
Faveira-de-folha-fina Tauari-amarelo
Jatobá Taxi-preto-folha-grande
Urucu-da-mata

Madeiras para baquetas

Ao se comparar as espécies selecionadas com o “hickory”, duas espécies


ficariam de fora da seleção, a copaíba e o mururé. Entretanto as mesmas entraram
por possuir valores de resistência ao impacto bem próximo ao do “hickory” e também
excelentes características de trabalhabilidade. A Tabela 12 apresenta as madeiras
selecionadas para o uso em baquetas, bem como as propriedades necessárias para
o instrumento.

24
Tabela 12. Madeiras selecionadas para baquetas e suas principais características.

Espécie
Copaíba* Itaúba-amarela
Envira preta Jacarandá
Gombeira Maçaranduba
Grumixava Muiracatiara
Ipê Mururé*
Obs.: Os asteriscos referem-se a madeiras que foram ressalvas.

CONCLUSÃO

As espécies estudadas apresentaram excelentes resultados acústicos quando


comparadas com espécies tradicionalmente conhecidas. Foi possível observar que
ocorrem variações acústicas dentro de uma mesma espécie proveniente de regiões
diferentes, como no caso das espécies amarelão/garapa, andiroba e muiracatiara. O
decaimento logarítmico foi a característica que mais variou dentro de uma mesma
espécie. Esse resultado pode ter ocorrido devido a diferenças de posição de corte
das tábuas e até mesmo devido a características fenotípicas de cada indivíduo.
Os resultados obtidos mostram que as espécies nativas amazônicas
selecionadas são potencialmente aptas para a fabricação de instrumentos de
qualidade. Entretanto, para uma melhor elucidação dos resultados é necessário à
fabricação de instrumentos acabados com diversas combinações possíveis de
espécies por partes dos instrumentos, e também testes práticos com músicos e
profissionais da área. Deve-se ressaltar ainda que esta seleção não é um critério
definitivo para a escolha de uma espécie para a fabricação do instrumento, e sim,
um indicativo de sua potencialidade.
Com a visita feita à 21ª Feira Internacional da Música – Expomusic foi
possível observar que já existe uma predisposição dos fabricantes de instrumentos
musicais à procura de madeiras alternativas. Muitas empresas afirmam ter obtidos
instrumentos de excelente qualidade utilizando madeiras amazônicas. Entretanto, a
indisponibilidade dessas madeiras no mercado dificulta a produção de instrumentos,
uma vez que as serrarias não dispõem de volume suficiente para atender a
demanda das empresas.

25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ƒ ABEMÚSICA: http://www.abemusica.com.br/estatistica.asp, acessado em 04


de fevereiro de 2005. Atualizado em: 12 de janeiro de 2005.

ƒ Associação Nacional dos Pequenos e Médios Fabricantes de Instrumentos


Musicais – ANAFIM. Projeto do “Programa Setorial Integrado da Indústria de
Instrumentos Musicais do Brasil. Blumenau, 2003.

ƒ BUCUR, Voichita. Acoutics of Wood. CRC Press. 1995. 284p.

ƒ BARDUCCI, I.; PASQUALINI, G. Nuovo cimento. Misura dell’attrito interno e


delle constanti elastiche del legno. 1948. I(5). p. 416-466.

ƒ CAILLIEZ, F.; PAGES J. P. Introduction a l’analyse des donnes. Paris:


SMASH, 1976.

ƒ FAGUNDES, P. V. Utilização de espécies madeireiras amazônicas para


fabricação em corpo de gaita diatônica. 2003. 55 f. Trabalho final de curso
(Engenharia Florestal) – Faculdade de Tecnologia. Universidade de Brasília,
Brasília.

ƒ FERNANDEZ, G. de A. Avaliação de madeiras brasileiras para utilização em


guitarras elétricas. 2004. 41 f. Trabalho final de curso (Engenharia Florestal) –
Faculdade de Tecnologia. Universidade de Brasília, Brasília.

ƒ HAINES, D. Catgut acoustic. On musical instrument wood. Soc. Newslett:


1979, n° 24, p. 25-28.

ƒ HEARMON, R. F. S. The assessment of wood proprieties by vibration and


high frequency acoustic waves. U.K: Forest Research Laboratory, 1968. 49-
52pp.

ƒ IBAMA, Madeiras da Amazônia: Características e utilização. Brasília: IBAMA,


1997. p. 141 Volume III.

ƒ IBDF, Madeiras da Amazônia: Características e utilização. Brasília: CNPq,


1981. p. 113 Volume I.

ƒ IBDF, Madeiras amazônicas: Características e utilização. Brasília: IBDF/DPq-


LPF, 1988. p. 236 Volume II.

ƒ KOLLMAN, F. F. P. COTÊ Jr., W. A. Principles of Wood science and


technology. Berlim: Springer – Verlag, 1968.

ƒ MAINIERI, C.; CHIMELO, J. P., Fichas de Características das Madeiras


Brasileiras. São Paulo: IPT,1989. p.420

26
ƒ PEARSON, F. G. O.; WEBSTER, C. Timbers used in the musical instrument
industry. U.K: Forest Products Research Laboratory, 1956. 47p.

ƒ SLOOTEN, H. J. van der; SOUZA, M. R. de. Avaliação das espécies


madeireiras da Amazônia selecionadas para manufatura de instrumentos
musicais. Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1993.

ƒ SOUZA, M. R. de. Classificação de madeiras para instrumentos musicais.


Brasília: IBDF/DEL/LPF, 1983. 21p.

ƒ TELES, R. F. Avaliação de madeiras amazônicas para utilização em


instrumentos musicais. Madeiras para violões. Relatório de projeto PIBIC,
IBAMA/CNPq. Brasília: 2004.

27
ANEXO I. Caracteres gerais e anatômicos das espécies selecionadas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS E ANATÔMICAS


NOME COMUM DISTINÇÃO RESISTÊNCIA
CERNE E COR DO CERNE BRILHO GRÃ TEXTURA FIGURA RADIAL AO CORTE PRESENÇA DE
ALBURNO MANUAL INCLUSÕES MINERAIS
marrom-amarelado destaque dos raios e linhas moderadamente
Açoita-cavalo indistintos ausente revessa média
claro longitudinais pouco destacadas dura
Amapá direita
marrom-avermelhado
Amapá doce distintos fraco revessa média ausente macia não
escuro
linhas longitudinais causadas
Amarelão / Garapa distintos branco-amarelado moderado revessa média dura sim, sílica e cristais
pelos anéis
destaque dos raios e faixas
marrom-avermelhado moderadamente
Amescla pouco distintos moderado cruzada média longitudinais causadas pelos
claro dura
anéis
linhas causadas pelo moderadamente
Anani distintos amarelo-amarronzado moderado direita média sim, cristais
parênquima e anéis dura
direita a moderadamente
Andiroba pouco distintos marrom-avermelhado moderado média ausente
cruzada dura
direita a moderadamente
Andiroba pouco distintos marrom-avermelhado moderado média ausente não
cruzada dura
marrom-avermelhado
Angelim-pedra distintos ausente revessa grossa aspecto fibroso e com manchas dura não
claro
marrom-avermelhado direita a
Cedrinho distintos moderado média ausente dura não
claro cruzada
causada pelo contraste dos
Cedro distintos rosa acentuado direita média macia não
raios
causada pelas linhas
Cerejeira distintos amarelo-pálido moderado direita grossa macia
vasculares, contraste dos raios
marrom-avermelhado faixas longitudinais causadas
Copaíba distintos moderado direita média macia sim, cristais
escuro pelos anéis
faixas longitudinais causadas
Cuiarana / Mirindiba pouco distintos marrom muito pálido ausente revessa média pelos anéis, linhas vasculares dura
destacadas
Cumarú distintos castanho-escuro moderado revessa média linhas vasculares destacadas dura
moderadamente
Envira preta indistintos marrom-amarelo claro fraco direita média destaque dos raios
dura
faixas radiais largas e moderadamente
Faeira distintos vermelho-amarelado moderado direita grossa
contrastadas dura
aspecto fibroso devido contraste moderadamente
Fava-amargosa distintos marrom-avermelhado moderado revessa grossa
parênquima e fibras dura

28
Continuação ANEXO I.
CARACTERÍSTICAS GERAIS E ANATÔMICAS
DISTINÇÃO RESISTÊNCIA
NOME COMUM CERNE E COR DO CERNE BRILHO GRÃ TEXTURA FIGURA RADIAL AO CORTE PRESENÇA DE
ALBURNO MANUAL INCLUSÕES MINERAIS
direita a
Fava-arara tucupi indistintos cinza-claro ausente média linhas vasculares destacadas macia sim, cristais
cruzada
marrom-amarelo- cruzada linhas longitudinais causadas
Faveira-de-folha-fina pouco distintos moderado média macia
pálido irregular pelos anéis
direita a faixas longitudinais causadas
Freijó verdadeiro distintos marrom-cinza claro fraco média macia sim, cristais
revessa pelos anéis
Gombeira distintos preta moderado direita fina ausente dura
direita a
Grumixava pouco distintos marrom-rosado moderado fina ausente macia
ondulada
Guariúba/ Oiticica cruzada faixas longitudinais irregulares moderadamente
distintos amarelo moderado média sim, cristais
amarela revessa causadas pela grã dura
Ipê distintos marrom-escuro fraco direita fina ausente dura
faixas longitudinais causadas
moderadamente
Itaúba-amarela distintos marrom-amarelado fraco ondulada média pelos anéis, grã, destaque das sim, sílica
dura
linhas vasculares
aspecto fibroso devido contraste
média a
Jacarandá moderado direita parênquima e fibras, destaque dura
fina
das linhas vasculares
linhas longitudinais causadas
Jatobá distintos marrom-avermelhado moderado cruzada média dura
pelos anéis
linhas longitudinais causadas moderadamente
Jequitibá-cedro (35) pouco distintos róseo-acastanhado moderado direita média sim (cristais)
pelos anéis dura
marrom-amarelo- direita a
Louro-vermelho indistintos fraco média ausente macia não
pálido cruzada
direita a linhas longitudinais causadas
Macacaúba pouco distintos marrom pálido forte fina macia
ondulada pelos anéis
marrom-vermelho pouco destacada causada pelas
Maçaranduba indistintos ausente direita fina dura
escuro linhas vasculares
aspecto fibroso devido contraste
Mandioqueira pouco distintos bege-amarelado claro ausente oblíquoa grossa parênquima e fibras, destaque dura
das linhas vasculares
pouco destacada, causada
Marupá indistintos branco-amarelado moderado direita média pelas linhas vasculares e macia
contraste de raios
direita a moderadamente
Mogno distintos marrom-avermelhado acentuado média ausente
irregular dura
Morototó indistintos branca moderado direita média raios contrastados macia
Muiracatiara distintos vermelho-amarelado ausente ondulada média linhas longitudinais causadas dura sim, cristais

29
Continuação ANEXO I.
pelos anéis
CARACTERÍSTICAS GERAIS E ANATÔMICAS
DISTINÇÃO RESISTÊNCIA
NOME COMUM PRESENÇA DE
CERNE E COR DO CERNE BRILHO GRÃ TEXTURA FIGURA RADIAL AO CORTE
INCLUSÕES MINERAIS
ALBURNO MANUAL
linhas longitudinais causadas
Muiracatiara distintos vermelho-amarelado ausente ondulada média dura
pelos anéis
Munguba gr terra direita a linhas longitudinais causadas
indistintos marrom-amarealdo fraco média macia
firme cruzada pelos anéis
faixas longitudinais de cores
Mururé distintos marrom-escuro ausente direita média dura
disitntas
Pará-Pará indistintos branco-amarelado fraco direita média ausente macia
pouco destacada causada pelas moderadamente
Pequiarana indistintos amarelo-pálido ausente revessa média sim, cristais
linhas vasculares dura
cruzada linhas longitudinais causadas
Quaruba-rosa pouco distintos rosa ausente média macia não
revessa pelos anéis
Tanibuca pouco distintos marrom moderado cruzada média ausente dura
Tatajuba distintos marrom-dourado acentuado entrecruzada média linhas vasculares destacadas dura sim, cristais
linhas longitudinais causadas
Tauari-amarelo indistintos branco ausente direita média macia sim, cristais
pelos anéis
Tauari-branco indistintos branco-amarelado fraco direita média ausente macia sim, cristais
marrom-amarelado- linhas longitudinais causadas
Tauari-rosa indistintos fraco direita média
claro pelos anéis
Taxi preto folha linhas longitudinais causadas
indistintos marrom-dourado acentuado cruzada média dura
grande pelos anéis
Ucuúba-da-terra- média a
indistintos marrom-amarelo-fraco moderado direita raios destacados macia
firme fina
linhas longitudinais causadas
Urucu da mata indistintos marrom-rosado-claro moderado direita média
pelos anéis

Fonte: Banco de dados LPF / IBAMA (http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira); IBDF (1981); IBDF (1988); IBAMA (1997); MANIERI &
CHIMELO (1989).

30
ANEXO II – Gráficos de correlação entre propriedades físicas, mecânicas e
acústicas.
Freqüência (Hz)
210

200

190

180

170

Observed
160
Linear
150
Logarithmic

140 Quadratic
,3 ,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 1,0
Massa específica (g/cm3)

Figura 1. Gráfico de correlação entre freqüência e massa específica.

Velocidade de propagação (m/s)


5400

5200

5000

4800

4600

4400
Observed
4200
Linear

4000 Logarithmic

3800 Quadratic
,3 ,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 1,0

Massa específica (g/cm3)

Figura 2. Gráfico de correlação entre velocidade de propagação sonora e massa


específica.

31
Continuação ANEXO II.

Decaímento logarítmico (DL)


,04

,03

,02 Observed
Linear
Logarithmic
,01 Quadratic
,3 ,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 1,0
Massa específica (g/cm3)

Figura 3. Gráfico de correlação entre decaimento logarítmico e massa específica.

32

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