A Chave de Michelangelo
A Chave de Michelangelo
A Chave de Michelangelo
A M O R I M
A CHAVE
DE
MICHELANGELO
novo século ®
editora
Amorim, Sérgio
A chave de Michelangelo / Sérgio Amorim. –
Osasco, SP : Novo Século Editora, 2008.
08-06690 CDD-869.93
2008
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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C A P Í T U L O 1 – R O M A AT U A L I D A D E
Ao olhar mais uma vez para trás, Jaina Kornikova viu os homens
que, correndo, tentavam alcançá-la. Seus pés descalços doíam em contato
com o piso irregular. Já não gritava por socorro, poupava o fôlego, pois
ela sabia que corria por sua vida.
As pessoas em quem esbarrava olhavam-na com espanto e, suas
palavras chegavam aos ouvidos de Jaina, tão desconhecidas quanto às ins-
crições nas placas e nos cartazes que estavam por todos os lados.
“Isto é um pesadelo” — disse para si mesma. Mas as lágrimas quen-
tes que escorriam contrastando com o vento frio que lhe agredia o rosto
mostravam que aquilo era a mais pura realidade. Eles se aproximavam,
cada vez mais perto, e ela percebeu que não poderia continuar fugindo,
sentia-se fraca em razão do cativeiro do qual escapara. Aquela gargantilha
de ferro, que comprimia seu pescoço, dificultava-lhe ainda mais a respi-
ração. Então, em uma atitude desesperada, atravessou bruscamente a rua,
não prestando atenção ao caos que num instante se instalou: carros frea-
vam de súbito, parando milímetros à sua frente. As buzinas e os palavrões
que Jaina não compreendia rivalizavam entre si na tentativa de se sobrepor
uns aos outros.
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C A P Í T U L O 2 – WA S H I N G T O N
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— C
omo está a menina, doutor? — perguntou Paolo Ferri.
O dr. Rafael Biaco franziu a testa, demonstrando preocupação:
— Ela entrou em coma, seu organismo está muito fraco, as próximas
vinte e quatro horas serão decisivas para a sua sobrevivência.
O Capitão Lucas Scaliari olhou mais uma vez as fotos divulgadas
pela Interpol; não havia dúvidas, era ela mesma, Jaina Kornikova, uma
menina de onze anos, seqüestrada havia menos de duas semanas na cidade
de Moscou.
— O que o senhor acha disso? — perguntou o jovem tenente mos-
trando-lhe a gargantilha de ferro que os médicos tiveram que serrar para
retirar do frágil pescoço da menina.
O experiente oficial voltou-se então para olhar o estranho objeto:
Céus! O que vem a ser isso? Seu interior moveu-se em angústia ao
contemplar aquele terrível colar enegrecido:
— Quem teria coragem de colocar isso em uma criança? E estes
símbolos e inscrições, Paolo, o que significam?
— As palavras são totalmente desconhecidas, mas olhe esse pequeni-
no símbolo aqui, não é o símbolo da Paz? O que o símbolo da paz estaria
fazendo em um colar de ferro feito para aprisionar uma criança?
— Eu não tenho resposta, Paolo, e sim muitas perguntas. Porém, co-
nheço alguém que poderá nos ajudar — disse Scaliari — enquanto voltava
os olhos para a menina, cercada por aparelhos e mergulhada em um sono
que poderia ser eterno.
CAPÍTULO 4
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CAPÍTULO 6 – LONDRES
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CAPÍTULO 8
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CAPÍTULO 9
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CAPÍTULO 10
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CAPÍTULO 11
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CAPÍTULO 12
P
— odemos entrar, Douglas? — perguntou o reverendo — temos
uma visita para você.
O sargento, que ensaiava alguns exercícios, pôs-se de pé, e dirigin-
do-se até a porta, abriu-a. O Reverendo Thomas estava acompanhado pelo
Senador Antonin Hoppings.
— Sargento Douglas — disse o Senador apertando-lhe a mão —
agrada-me ver que o senhor está se recuperando rapidamente.
— Queiram entrar, por favor — disse-lhes indicando o confortável
sofá a três metros da cama.
— Sargento Douglas — continuou o Senador encorajado pela hos-
pitalidade — eu estou aqui para agradecer-lhe por ter salvado minha vida,
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CAPÍTULO 13
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CAPÍTULO 14
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“No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era
Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito
se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens...”
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CAPÍTULO 21
— U
ma igreja?! — espantou-se Mellina — a senhora nos trouxe a
uma igreja?
— Sim, querida, eu vou apresentá-la a um amigo de longa data, o
padre anglicano Hamilton Campbell — disse enquanto Jefrey ajudava-a a
descer.
Quando estavam para entrar na igreja, cujas portas de carvalho maci-
ço parcialmente abertas, deixavam transparecer um ambiente que parecia
saído dos filmes sobre a Idade Média, um senhor alto e corpulento, com o
rosto corado e de olhos extremamente vivazes, surgiu repentinamente por
um corredor lateral.
— Padre Campbell! — disse Lady Catherine, refazendo-se do susto.
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CAPÍTULO 22
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CAPÍTULO 24
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— O
nde vocês estavam? — inquiriu a velha senhora esboçando
um maroto sorriso. Achei o diário de meu avô — disse enquanto abria-o
cuidadosamente sobre a mesa.
O diário era um pequeno volume com as folhas amareladas pelo
tempo, cuja capa feita de couro mostrava o desgaste natural dos anos.
Tomada pela emoção ao ver o livro, Mellina disse:
— É simplesmente maravilhoso a senhora ter descoberto o diário.
As sobrancelhas da velha ergueram-se ante tão grande manifestação
de entusiasmo. A experiência dos anos fez então que seus olhos procuras-
sem os de Douglas, um brilho suave iluminava os olhos do outrora austero
jovem.
— Nada como cavalgar pelas campinas ao pôr-do-sol para a nature-
za poder cumprir o seu propósito — murmurou a velha.
— O que foi que a senhora disse?
— Nada, minha filha — disse sorrindo — eu estou contente com o
seu entusiasmo e interesse em desvendar o enigma.
Mellina declinou-se sobre o diário examinando-o; era como se tives-
se retornado ao passado, espreitando-o por uma fresta o que fora a vida
de uma outra pessoa. Era o diário de um cientista, não o de uma adoles-
cente, repleto de citações e frases amorosas. Mas para a sensibilidade da
jovem, aquelas páginas amareladas e gastas revelavam o que também fora
uma vida; em uma outra dimensão, diferente da sua, repleta de tentati-
vas e descobertas, túmulos e tesouros esquecidos pelo tempo. Havia ali
um elemento atemporal, encontrado onde quer que houvesse um homem
comprometido com a busca de algo: havia paixão.
A jovem encontrou em uma das páginas uma narrativa que destoava
das demais:
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JULIO II
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CAPÍTULO 36 - ROMA
— V
ocê não vai ver o Papa! — provocou Douglas Braun.
Mellina fuzilou-o com o olhar, mas manteve-se em silêncio.
— Bem — continuou sorrindo o sargento — então vai se cumprir
um outro ditado: Foi à Roma e não viu o Papa!
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CAPÍTULO 37
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CAPÍTULO 39
— O
s pombinhos já voltaram?
— Estão descansando em suas respectivas suítes — respondeu Jefrey.
— Pois acorde-os, então — disse a velha — é uma boa hora para
vermos a famosa obra de Michelangelo.
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CAPÍTULO 40
— C
omo ela está, doutor? — perguntou Mellina.
O médico sorriu:
— Ela está se recuperando bem. Teve sorte de chegar a tempo no
hospital... no momento está descansando, precisa de repouso.
Os três se olharam. Jefrey foi o primeiro a falar:
— Vocês podem voltar ao hotel, por enquanto as buscas ao Livro de
Ouro estão suspensas. Eu ficarei aqui com ela!
— Não — disse Mellina — é melhor que eu fique. Somos mulheres
e nos entenderemos bem! Voltem para o hotel!
— Não posso deixá-la — disse Douglas — prometi a seu tio que a
protegeria.
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CAPÍTULO 41
— O
senhor acha que aquele sacerdote está envolvido no rapto da
menina? — perguntou o tenente.
Por um momento, Scaliari contemplou o vazio e então respondeu:
— Paolo, em nossa profissão todos, veja bem, todos, são culpados
até que encontremos os verdadeiros responsáveis!
— Você tem razão, Capitão! Não devemos descartar nenhuma pos-
sibilidade.
— O que mais me intriga, tenente, é o por quê?
— Como assim senhor, por que o quê?
— Veja bem, Paolo, por que Jaina Kornikova foi escolhida, se há tantas
meninas italianas de onze anos? Por que tanto trabalho em seqüestrá-la na
Rússia e transportá-la até a Itália? O que ela tem de extraordinário? Por que
ela? Acho que, respondendo a essas perguntas chegaremos aos culpados.
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TEMPLE OF SET
Adoração Luciferiana
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CAPÍTULO 49
B
— em, o banco de custódia da Bolsa de Valores de Nova York,
assim como qualquer outro banco no mundo, deve ter uma codificação
alfanumérica, não é mesmo? — perguntou Mellina, enquanto retornava à
suíte do hotel.
Todos concordaram, e então Mellina continuou:
— Primeiro havíamos desvendado a segunda parte deste enigma,
chegando ao Moisés de Michelangelo. Porém, só agora descobrimos o
significado da primeira parte, ou seja, as primeiras quatro frases com as
palavras-chave: Mundo, Novo, Bolsa, Touro. Pois bem, eu acredito que a
primeira parte seja a fechadura, e a segunda, a chave, isto é, que o próprio
Moisés seja a chave deste enigma e não o instrumento para decifrá-lo.
— Isto me parece lógico — concordou Jefrey.
— Então — finalizou a loirinha — eu estive analisando exaus-
tivamente as fotos da estátua e não encontrei nada de excepcional que
despertasse minha atenção. Nada que me levasse a algum outro enigma
proposto por Lord Raidech, a não ser...
— A não ser? — Lady Catherine estava atenta.
— A não ser os quatro números ao pé da estátua: 1515, que é o ano
de sua inauguração quando Michelangelo a entregou para fazer parte de
um projeto do Papa Júlio II para o seu túmulo. É daí que me vem uma
idéia: a codificação alfanumérica do banco de custódia da bolsa pode ser
uma combinação da palavra Moisés com a data de sua inauguração!
Lady Catherine estava impressionada.
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— O
que houve? — perguntou Mellina ao retornar à suíte de Lady
Catherine após um passeio com Douglas pelos locais turísticos de Roma, e
depois de verificar o desânimo da velha senhora.
Lady Catherine, então olhou para ela:
— O Senador Antonin Hoppings me ligou há pouco. A senha que
nós achávamos que fosse dar acesso ao cofre individual do Banco de Cus-
tódia da Bolsa de Valores, onde está o livro de ouro não se confirmou.
Segundo Hoppings, falta um dígito. A senha deve conter onze caracteres.
Deve haver alguma coisa nesse enigma que nós não percebemos, algum
detalhe que altere significativamente nossa percepção. Talvez algo tão sim-
ples, que nós não tenhamos nem mesmo considerado.
Mellina foi tomada pela frustração:
— Mas tem que ser o Moisés de Michelangelo! E quanto à data, que
outra seria senão o ano da inauguração? Eu não consigo perceber outra
possibilidade.
Lady Catherine aproximou-se abraçando-a.
— Não se preocupe com isso, minha filha, nós daremos um jeito.
Eu tenho um pressentimento de que estamos no caminho certo. Muito em
breve encontraremos o livro... Isso é só uma questão de paciência! Como
eu disse, deve haver algum detalhe que nós desconsideramos. Agora vá
para seu quarto e descanse! Amanhã continuaremos.
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CAPÍTULO 54
— V
ocê sabe me dizer que moeda é essa e o que ela significa?
— perguntou o Capitão, sentado no gabinete de seu irmão na Universi-
dade de Roma.
Francesco Scaliari examinou mais uma vez a moeda de prata. Na
frente, as mesmas inscrições desconhecidas que haviam no colar; no verso,
uma águia bicéfala.
— Bem, as inscrições assemelham-se às que estavam no colar de
ferro. Não temos nenhum registro escrito que se aproxime dessa escrita.
Quanto a esta águia de duas cabeças, é um símbolo heráldico muito anti-
go, oriundo do Oriente, trazido para a Europa pelos cavaleiros cruzados e
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CAPÍTULO 55
P
— adre Campbell, mas que grata surpresa! — disse a velha, de-
monstrando alegria.
— Eu não esperava que chegasse a Roma tão rápido! Por favor, pa-
dre, sente-se aqui conosco!
Os olhos de Hamilton Campbell cruzaram com os de Mellina, que
então esboçou seu maravilhoso sorriso.
— Vejo que você trouxe esta jovem com você — exclamou Campbell.
— Mellina tem tido uma participação essencial na revelação dos
enigmas propostos por meu avô; sem ela ainda estaríamos na estaca zero
— concluiu Lady Catherine.
— O que o traz a Roma, Padre Campbell? — perguntou a jovem.
— Eu o convidei a vir a Roma, Mellina, pois achei que Campbell
seria um reforço considerável em nosso esforço na busca do Livro de Ouro
— respondeu Lady Catherine.
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Já não estarei contigo quando leres esta carta, portanto medite com
paciência naquilo que vou te revelar. Não te conduzas somente com
a sabedoria humana, mas com a sabedoria de um verdadeiro espírito
cristão. Se procederes assim, teu espírito será iluminado e tu tornar-
se-á o guardião de um dos maiores mistérios da humanidade: O Livro
de Ouro de Lagahs.
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Giuliano Colona olhou mais uma vez para a figura, não havia dúvi-
da, era ele mesmo! Com um estremecimento, pegou o telefone, não havia
outra coisa a fazer.
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CAPÍTULO 63
— M
atrix? O que é Matrix — perguntou Colona.
— Matrix foi uma trilogia cinematográfica em que o personagem
principal descobre que o mundo em que ele vivia não era real, mas sim
uma ilusão provocada pelas máquinas que controlavam o mundo verda-
deiro e se alimentavam da energia emanada dos corpos humanos. Ciente
dessa nova realidade, auxiliado por seus amigos o herói declara guerra aos
dominadores cibernéticos!
— Isso me parece bem apropriado para ilustrar a realidade em
que vivemos, Capitão: uma guerra declarada! Durante séculos a Igreja
vem lutando contra as forças do grande enganador — o Diabo. Este luta
ferozmente para desviar os homens do único remédio para o veneno do
pecado por ele mesmo inoculado na raça humana, no Jardim do Éden: o
sacrifício de Cristo na cruz. No Paraíso, o Demônio enganou a raça humana
com a promessa de que nossos pais seriam iguais a Deus. Estes, seguindo sua
instrução, desobedeceram ao Criador decaindo então da graça divina. Em vez
de se igualar a Deus, o homem acabou igualando-se ao Diabo, sendo partícipe
na mesma condenação deste que outrora era um anjo de rara beleza, chamado
Lúcifer, cujo significado de seu nome é portador de luz. O Criador, movido por
sua infinita misericórdia, no palco da queda do homem, conforme podemos
ver no relato bíblico de Gênesis, prometeu o sacrifício de seu próprio filho
para assim resgatar a comunhão da humanidade consigo mesma.
— Mas esse é um discurso religioso, Eminência, apregoado em todas
as igrejas cristãs! Não há nada de novo aí! — afirmou Scaliari. — Onde
isso pode se encaixar com os Filhos de Set?
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CAPÍTULO 64
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Exame da amostra:
...UCGA—CCUGGU-GGACC---AACG-CAG—GGA-GUUA-AGU...
Exame do comparado:
...UCGA—CCUGGU-GGACC---AACG-CAG—GGA-GUUA-AGU...
Resultado:
Grau de compatibilidade entre o DNA da amostra e do comparado:
99,98%
CAPÍTULO 65
— O
sangue o quê? — perguntou Scaliari.
— Para a realização desse sacrifício de tradição esotérica, a Euiose
de Lúcifer, é necessário um outro requisito também bastante específico.
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CAPÍTULO 66
— M
as, Eminência — disse Paolo, sentindo-se desconfortável por
se contrapor ao Cardeal — ao se referir a nossos primeiros pais, o senhor
está dizendo Adão e Eva?
— Sim, respondeu Colona, com um sorriso, percebendo onde o jo-
vem oficial queria chegar.
— Mas, e a teoria da evolução? — perguntou Paolo, sentindo que
estava entrando em um assunto melindroso. — O que o senhor nos diz
sobre esta teoria que proclama que o homem evoluiu de um primata e é
aceita mundialmente?
Os olhos do religioso encheram-se de compaixão, e Colona refletiu
por um momento antes de responder ao jovem:
— Eu já esperava essa sua pergunta, meu jovem. A teoria da evolução
das espécies é uma farsa montada pelos Filhos de Set e amplamente divulgada
pela mídia controlada. Cabe mesmo observar que essa teoria não é aceita
mundialmente como você disse, embora os meios de comunicação queiram
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CAPÍTULO 67
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— Qual o motivo que levaria seu avô a ter uma entrevista secre-
ta com o Papa? — perguntou Mellina, enquanto o carro conduzido por
Hamilton Campbell cruzava a ponte sobre o rio Tibre, indo em direção à
cidade do Vaticano.
— É o que nós vamos saber em breve, Mellina — respondeu a velha,
segurando-se firmemente ao banco do veículo quando este ganhou veloci-
dade ao entrar na reta da Via Della Conciliazione.
— Chegamos — disse Campbell, estacionando o veículo em uma
vaga próxima à entrada da Praça de São Pedro — e agora, onde está o
homem?
— Deve ser aquele ali — disse Mellina, ao notar um padre que se
aproximava do veículo.
Pietro Caali correu em direção ao veículo.
— Lady Catherine, eu presumo — disse o Padre se apresentando
enquanto Campbell ajudava a velha senhora a descer.
— Sou Pietro Caali, assistente do Secretário Geral.
— Sinto-me feliz que tenha vindo nos receber, Padre, senão teríamos
de esperar o término da missa para perguntar ao pároco de plantão onde
poderíamos encontrar seu chefe — brincou a velha, sorrindo, enquanto
apertava a mão do jovem sacerdote.
— Ah! Perdão! — desculpou-se Lady Catherine, notando uma certa
perplexidade no olhar do assistente do Cardeal ao ver que ela não viera
sozinha.
— Estes são meus amigos, o Padre Anglicano Hamilton Campbell e
Mellina Becker.
— Queiram acompanhar-me, por favor, o Cardeal está à sua espera —
disse o jovem padre, conduzindo-os por dentro da Basílica de São Pedro.
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— C
hegamos — disse Pietro Caali — este é o gabinete do Secretá-
rio Geral do Vaticano.
Um guarda suíço abriu a porta.
— Entrem, por favor, o Cardeal Giuliano Colona já está lhe aguar-
dando.
Pietro Caali entrou juntamente com os três.
— Eminência, esta é Lady Catherine e estes são seus amigos que a
acompanham: o sacerdote anglicano Hamilton Campbell e Mellina Becker.
CAPÍTULO 69
— É
sobre Luige Vremodns, disse Paolo, a Interpol acaba de nos
entregar o relatório completo.
— Passe-me o relatório, Paolo, vamos ver o que a Interpol
conseguiu.
— Aqui está, Capitão! Pelo que consta, depois que ele foi expulso
do Vaticano, foi contratado por uma família tradicional da cidade de Flo-
rença, a família Orlandini.
— Contratado pelos Orlandini? Isso me parece bastante estranho!
— Por que estranho, Capitão? Ele deve ter sido contratado como
segurança...
— Este é o problema, Paolo! O clã Orlandini é um dos mais tradi-
cionais do norte da Itália, suas origens são ainda mais antigas que as dos
Médicis. Porém, ao contrário desse outro famosíssimo clã de Florença,
os Orlandini nunca esconderam uma férrea antipatia contra estrangeiros,
principalmente militares.
— Por que?
— Por uma razão histórica. Quando as tropas do imperador Carlos
V invadiram a Itália e saquearam Roma, um dos chefes do exército do im-
perador esteve em Florença e seqüestrou o patriarca da família Orlandini,
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CAPÍTULO 70
S
— ejam bem-vindos — disse o Cardeal cumprimentando-os.
— Por favor, vamos nos sentar ali, perto da lareira.
Hamilton Campbell empurrou a cadeira de Lady Catherine colocan-
do-a ao lado de um gigantesco sofá de couro negro.
— Fico feliz que tenham vindo — quebrou o silêncio Giuliano
Colona.
— Confesso que uma visita ao Vaticano não estava nos nossos pla-
nos — afirmou a velha — mas fui informada pelo telefone de que meu avô
teve uma audiência com o Papa João XXIII, e de certa forma, isso me des-
pertou a curiosidade... O que teria sido tratado de tão importante naquela
época, para despertar, depois de tantos anos, o interesse do Secretário
Geral do Vaticano sobre minha pessoa?
Giuliano Colona franziu a testa parecendo incomodado pela forma
como Lady Catherine havia apresentado a questão.
— A princípio o que levou-me a convidá-la não foi o fato de seu avô
ter se encontrado secretamente com o Papa João XXIII, embora, indiscu-
tivelmente, este venha a tornar-se nosso assunto principal. O motivo por
que a senhora e seus amigos estão aqui são as informações prestadas ao
Capitão da polícia italiana, Lucas Scaliari.
— As informações prestadas ao Capitão Scaliari? Eu não estou com-
preendendo, Eminência! Tudo o que eu disse ao oficial italiano foi no
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CAPÍTULO 71
— O
que você acha da proposta do Secretário Geral do Vaticano?
— perguntou Hamilton Campbell, ao retornarem ao carro.
— Eu ainda não sei — respondeu Lady Catherine — ele me pareceu
bastante sincero, embora não tenha revelado qual o grande tesouro descri-
to na segunda parte do pergaminho. Isso, porém, é uma questão de tempo.
Logo descobriremos ao encontrarmos o livro. Agora, a grande questão é se
devemos entregá-lo ao Vaticano ou destruí-lo.
— Em primeiro lugar, Lady Catherine, devemos achá-lo — disse
Mellina, trazendo-os de volta à realidade — só então poderemos decidir o
que fazer com ele. E, a propósito, será que já temos a resposta do Senador?
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— M
as como vamos saber o que aconteceu em onze de setembro
de 1927? — perguntou Douglas Braun perplexo.
— Ora, meu jovem, isso é simples! Basta consultar os jornais da épo-
ca — disse Lady Catherine. Estamos em Roma, local de uma das maiores
bibliotecas do mundo, a Biblioteca do Vaticano. Logicamente eles devem
ter um acervo completo de jornais antigos. Basta pedirmos ao Cardeal
Colona, não creio que ele nos negue esse favor.
— Há dois problemas nessa sua solução, Catherine — interveio Ha-
milton Campbell — primeiro: o que diremos ao Cardeal sobre esse repentino
interesse por um jornal de 1927?. Segundo: em qual jornal procurar?
— É uma boa pergunta — exclamou Jefrey, pondo-se a pensar.
— Libras — respondeu Mellina — o depósito feito pelo avô de Lady
Catherine foi em libras!
— Sim, está no extrato — disse Douglas — mas o que tem isso a ver
com o jornal?
— É simples — continuou Mellina — por que razão um depósito em
um banco suíço seria feito em libras?
Campbell sorriu:
— Para nos indicar em que jornal procurar!
— Um jornal inglês? — arriscou Lady Catherine.
— Sim — tornou Mellina — mas não um jornal comum, mas um
que em 1927 tivesse circulação internacional!
— O London Magazine! — exclamou Campbell.
— E quanto ao Cardeal, o que diremos a ele? — Mellina estava
inquieta.
— Eu tive uma outra idéia, minha jovem: em vez de consultarmos o
jornal na Biblioteca do Vaticano, porque não irmos direto à fonte?
— Como assim, Lady Catherine? — perguntou Jefrey.
— É simples, vou ligar para a Fundação Raidech em Londres. Não
creio que o London Magazine vá negar o pedido de uma entidade com-
prometida com a pesquisa histórica. Depois, meu pessoal na Inglaterra nos
mandará o jornal por fax!
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CAPÍTULO 74
— O
senhor deve ter lido os jornais — disse Scaliari. O retrato
falado de Luige Vremodns está estampado em todos eles. Agora a questão
que me inquieta é como o senhor contratou um homem como este sem
antes averiguar seus antecedentes?
O Diretor da Morel e Scozzi engoliu em seco.
— Não tínhamos como saber de seu envolvimento em um roubo no
Vaticano. Por sinal, a Santa Sé é bem parcimoniosa quanto à divulgação
de informações dos acontecimentos por trás de seus muros — respondeu
o homem.
— E quanto à forma de contratação, como ela é feita? Por indicação
de um cliente anterior ou existe um outro critério?
O diretor percebeu a armadilha.
— Em alguns casos contratamos pessoal especializado por meio de
referências anteriores. Esta, porém, é a exceção, geralmente formamos
nosso cadastro diretamente.
— Como assim? — perguntou Scaliari.
— Temos contatos com oficiais de diversas forças armadas de países
da União Européia, assim nossos quadros são formados por jovens oficiais
que recentemente deram baixa nesses exércitos.
— Luige Vremodns era um desses casos, então?
— Sim — respondeu o diretor — ele foi contratado um ano depois
que deu baixa no exército suíço.
— Pois bem — disse Scaliari, levantando-se — por enquanto era isso.
O diretor da Morel e Scozzi acompanhou-os até a porta, depois fe-
chou-a e respirou mais aliviado.
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CAPÍTULO 75
— O
pessoal da Fundação Raidech já encaminhou o fax do jornal?
— perguntou a velha, apreensiva.
— Sim — respondeu Jefrey — que acabara de retornar à suíte acom-
panhado por Douglas.
— Passe-me as folhas — pediu Lady Catherine — estou ansiosa para
ver do que se trata.
Jefrey então entregou-lhe um calhamaço de folhas avulsas que re-
produziam um jornal do começo do século.
— Onze de setembro de 1927! — suspirou a velha — eu era recém-
nascida.
— O que quer que Lord Raidech queria nos dizer, ficou por muito
tempo no esquecimento aguardando esse momento — refletiu Hamilton
Campbell.
— Sim — concordou Mellina — agora só nos resta lermos e desco-
brir o que é.
— São mais de noventa páginas — observou Lady Catherine. Para
adiantarmos a leitura, vamos dividir em três partes: eu e Mellina, lemos as
páginas políticas e culturais; o senhor, Padre Campbell, as páginas sociais
e de assuntos gerais, enquanto Jefrey e Douglas, as restantes.
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CAPÍTULO 76
E
— m que posso lhe ajudar, Lucas? — perguntou Francesco Scaliari,
recebendo o irmão em seu gabinete na Universidade de Roma.
O Capitão da polícia italiana sentou-se em frente à escrivaninha
onde se encontrava o homem que fora responsável por sua educação. Ele
era criança ainda, quando perdera os pais e Francesco, ainda jovem na
época, se mostrara muito mais do que um irmão.
— É sobre o caso da menina russa — disse o Capitão mostrando-se
cansado.
— Você encontrou alguma pista? — perguntou Francesco, com es-
perança.
— Esta é a questão, Francesco, eu sinceramente não sei.
— Como, não sabe? Se você, que é o policial não sabe, quem é que
pode saber? Eu, por acaso?
— É justamente este o motivo que me traz aqui!
— Como assim? — Francesco mostrou-se surpreso.
— Eu preciso, meu irmão, que você me diga se estou diante de uma
pista ou não!
— Explique-me!
O policial explicou-lhe.
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CAPÍTULO 77
— O
nome de Max Fuchon, está aí?
Uma sensação de triunfo perpassou pela alma de Lady Catherine.
— Sim, está aqui — repetiu Jefrey, entregando para Lady Catherine
a folha que estava lendo — veja a senhora mesma.
Hamilton Campbell e Mellina puseram-se atrás da velha fazendo a
leitura juntos. Ao percorrer rapidamente a manchete escrita logo abaixo
da imagem de um caixão que desembarcava no porto de Londres, um bri-
lho luminoso aflorou no olhar do trio:
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CAPÍTULO 78
— O
que você descobriu junto à Interpol — perguntou Scaliari.
— Nada, Capitão, os Orlandini são uma família Florentina tradicional.
Seus integrantes sempre mantiveram uma conduta irrepreensível, nenhum
deslize. Não há nem mesmo multas por infração de trânsito. A Interpol
não encontrou absolutamente nada que possa tornar-lhes suspeitos.
— Uma família perfeita demais, não?
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CAPÍTULO 79
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CAPÍTULO 80
— E
se todos eles pertencessem aos Filhos de Set?
Paolo ficou sem reação ante o impacto da pergunta.
— Sim — continuou Scaliari, fazendo um gesto com a mão. Imagine
a Terra inteira como um corpo, sendo controlada por um pequeno grupo,
mas muitíssimo poderoso: os senhores da Terra, aqueles que detêm o do-
mínio completo das maiores indústrias, dos mais influentes bancos e dos
mais representativos jornais e revistas que circulam pelo globo terrestre!
Agora imagine que esse pequeno grupo tivesse um propósito secreto, aca-
lentado durante séculos, talvez milênios...
— Um objetivo secreto? Acalentado por homens tão poderosos? Isso
seria terrível!
— Sim, isso por si só seria terrível, mas agora imagine a hipótese de
que todo esse poderio conquistado por eles tivesse sua origem em Lúcifer,
e seu único objetivo fosse a criação de um império universal, controlado
pelo próprio Lúcifer!
— Um império universal controlado por Lúcifer?
— Mas quem seria o regente?
— Aí é que está! Você lembra do que o Cardeal Giuliano Colona
nos disse?
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CAPÍTULO 81
E
— ntão esse é o Livro de Ouro de Lagahs! — exclamou Hamilton
Campbell, fascinado diante da belíssima obra de ourivesaria, o livro cobi-
çado por magos e reis, o livro pelo qual muitos homens deram a vida e a
própria alma!
— E tiraram vidas também — acrescentou Mellina, contemplando
a peça dourada.
— Céus! Que inscrições são essas? — exclamou Lady Catherine ao
examinar o interior do Livro de Ouro.
— Isso é incompreensível! — disse Mellina aproximando-se do livro
e contemplando um amontoado de caracteres em relevo, totalmente des-
conhecidos, que cobriam as páginas de alto a baixo.
— Estas inscrições são semelhantes? — perguntou Jefrey.
— Chega de divagação — concluiu Lady Catherine — vamos ver o
que ele contém — disse a velha abrindo com dificuldade a capa trabalhada
com desenhos de animais e representações geométricas.
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CAPÍTULO 83
A
— lô — disse Jefrey atendendo ao telefone —, quem é?
— Reverendo Thomas Becker!
— Não, não é um incômodo nenhum, reverendo! Estamos todos
acordados, o nosso grande objetivo foi alcançado. Espere só um instante,
que vou passar o telefone para a sua sobrinha.
Jefrey voltou-se para Mellina.
— É o seu tio!
— Tio Becker! — disse Mellina — o senhor nem imagina o que aca-
bamos de conseguir!
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CAPÍTULO 84
— C
apitão — disse Paolo Ferri, irrompendo pela sala dos oficiais
da polícia italiana.
— O que houve, Paolo? — perguntou Scaliari, virando-se para trás
e contemplando seu afoito subordinado.
— Acho que eu encontrei algo muito interessante, os Orlandini...
— Um momento, Paolo — interrompeu-o Scaliari com um gesto —,
vamos até minha sala.
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CAPÍTULO 86
SETMARK
O mundo agora é todo seu. A tecnologia a serviço do homem.
Você não precisará mais se preocupar em transportar
dinheiro ou em como efetuar suas compras!
Chegou SETMARK, o cartão inteligente.
Um novo mundo começa agora! Com SETMARK, teremos
o surgimento da sociedade global sem dinheiro. Um novo mundo espera
por você.
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CAPÍTULO 87
183
I
— sso é terrível, capitão! — exclamou Paolo, dando-se conta da
extensão do mal planejado pelos Filhos de Set — mas diga-me, o que é que
nós, simples policiais, podemos fazer?
Scaliari sorriu ante à perplexidade de seu jovem auxiliar.
— O que nós podemos fazer? — É certo que não podemos mudar
o mundo lutando contra forças, cuja dimensão desconhecemos, mas tam-
bém é certo que vamos deixar a nossa contribuição.
— Como assim, senhor?
— Ora Paolo, fazendo a nossa parte... fazendo a nossa parte! Você
não disse que essa empresa é ligada ao clã Orlandini?
— Sim!
— Pois bem, vamos fazer o que sabemos fazer... vamos investigar!
CAPÍTULO 89
— V
iva o Senador Hoppings! — exclamou Mellina com entusias-
mo. Então esta era a surpresa que meu tio queria nos fazer: a candidatura
do Senador Hoppings à Casa Branca.
— Se o Senador chegar à Casa Branca, o Livro de Ouro estará seguro
— completou Jefrey.
— Não necessariamente — observou Lady Catherine —, lembre-se,
Jefrey, que o Presidente dos Estados Unidos não é a Rainha da Inglaterra, a
Presidência não é vitalícia... O que aconteceria com o Livro de Ouro após
o término de seu mandato?
— Os Filhos de Set poderiam usar sua gigantesca influência para ter
acesso ao livro.
— Este é o meu medo — continuou Lady Catherine —, estamos
num dilema. Mesmo que o Senador Hoppings seja eleito, não acredito que
o livro esteja seguro sob a guarda do governo americano. Agora também
não confio no Secretário Geral do Vaticano... Na minha opinião, acho que
deveríamos destruir o livro.
184
CAPÍTULO 90
— O
senhor disse investigar? Mas já estamos investigando... —
inquiriu Paolo surpreso.
— Sim, Paolo, já estamos investigando. Só que agora nossas inves-
tigações tomarão um outro rumo — disse Scaliari enquanto seu olhar
perdia-se no infinito.
— O que o senhor quer que eu faça? — perguntou o Tenente ainda
não entendendo.
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CAPÍTULO 91
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CAPÍTULO 92
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CAPÍTULO 93
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CAPÍTULO 94
193
Scaliari deixou o prédio do banco. Seu plano dera certo, e sua bri-
lhante interpretação como banqueiro dera-lhe a oportunidade de instalar
um moderníssimo sistema de escuta sob a mesa do banqueiro. Agora qual-
quer que fosse o vínculo entre os Filhos de Set e o Banco Central da União
Européia, Scaliari ficaria sabendo.
CAPÍTULO 95
— O
quê? — perguntou o Cardeal, surpreso, voltando-se para a
jovem —, você tem uma idéia de como interpretar esse mapa?
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CAPÍTULO 97
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CAPÍTULO 99
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CAPÍTULO 100
E
— u seria capaz de pagar meio milhão de euros só para saber o
assunto tratado naquele gabinete do Secretário Geral do Vaticano depois
que saímos — disse Lady Catherine ao entrar em sua suíte no hotel.
— Para mim, o Cardeal Colona pareceu visivelmente incomodado.
Tive a impressão de que havia um conflito entre os dois — disse a jovem
pegando carona na suspeita de Lady Catherine.
— Isso é apenas impressão — interveio Campbell. — Um homem
na posição de Giuliano Colona deve sofrer terríveis pressões. Imaginem
acumular a posição de Cardeal com a de Primeiro-Ministro do Estado do
Vaticano!
— Talvez você tenha razão, Campbell — continuou a velha —, mas
não importa. O que importa é que agora sabemos o grande segredo do
Livro de Ouro: a Árvore da Vida.
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— V
eja bem — continuou Scaliari — eu não sou um expert em
economia internacional, mas tenho a impressão de que, ao contrário do
que você disse, há algo de muito errado aqui!
— Eu não estou compreendendo, Capitão.
— Acompanhe meu raciocínio, Paolo. Como o Cardeal Colona nos
disse, o plano dos Filhos de Set é o domínio do mundo. Para atingir esse
objetivo essa sociedade secreta milenar tem, ao longo da história, se infil-
trado e exercido influência em importantes setores da atividade humana,
como na política, na religião, e até mesmo na economia. E é aí que está
o problema. Se olharmos com mais atenção, veremos que existe algo de
satânico na economia mundial: o luxo fabuloso de poucos contrastando
com a miséria que se abate sobre grande parte da humanidade, bilhões de
dólares sendo utilizados diariamente na pesquisa de novas tecnologias de
guerra, enquanto no mesmo dia morrem de fome milhares de seres huma-
nos. A humanidade possui recursos e tecnologia suficientes para que cada
indivíduo sobre a face da Terra viva com dignidade tendo o alimento sobre
sua mesa e um teto sobre sua cabeça, mas isso não acontece por quê?
— É realmente diabólico — confirmou Paolo Ferri.
— Exato, você disse bem! Esse sistema econômico mundial é injusto
e diabólico. Agora a grande questão é: por que ele é assim?
— Por que ele é assim? — indagou o jovem tenente confuso.
— Sim, a questão é essa, meu jovem, por que ele é assim? Veja Paolo,
você lembra do que o Cardeal nos disse quando estivemos no Vaticano
sobre a intenção dos Filhos de Set em estabelecer na Terra um reino
luciferiano?
Paolo assentiu com a cabeça.
— Pois bem — continuou Scaliari —, o Cardeal também nos dis-
se que esse reino luciferiano seria encabeçado por uma figura especial: o
anticristo. A questão com a qual nos deparamos agora é como esse reino
luciferiano poderia ser estabelecido.
— E como ele seria estabelecido? — perguntou o jovem com os
olhos brilhando.
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CAPÍTULO 102
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CAPÍTULO 104
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Um estampido seco fez com que o corpo fosse jogado para o lado.
Parte da nuca estava esfacelada. Giuliano Colona aproximou-se e, abai-
xando-se, retirou o que restava da touca ninja. Seus olhos anuviaram-se ao
contemplar o rosto do invasor.
— O que devo fazer com o corpo — perguntou o homem com a
pistola.
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CAPÍTULO 107
A
— charam um corpo! — disse Paolo, sentado próximo ao telefo-
ne junto ao gabinete de Scaliari.
— O que foi que você disse? — perguntou o Capitão pelo celular,
enquanto dirigia com apenas uma das mãos em direção ao quartel da po-
lícia de Roma.
— Um corpo — Scaliari recebeu a confirmação enquanto em sua
mente voltava à imagem da menina.
— Nas margens do Tibre — continuou Paolo —, a informação che-
gou agora há uns dez minutos, estou indo com uma equipe imediatamente
para lá, próximo ao hospital Tiberina.
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CAPÍTULO 110
— D
iga-me, Paolo, qual é o sentido das águas do Tibre — pergun-
tou Scaliari já dentro do carro.
Paolo surpreendeu-se.
— Ora, Capitão! Como qualquer cidadão italiano, o senhor sabe
que ele corre do norte para o sul.
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C A P Í T U L O 111
E
— u tenho uma teoria, Eminência, os Filhos de Set tentaram matá-lo.
Giuliano Colona permaneceu em silêncio.
— Hoje pela manhã foi encontrado o corpo de uma moça — disse
Scaliari, no mesmo instante em que, olhando para o Cardeal, procurava
algum sinal de perturbação.
Colona, porém manteve-se calmo.
— O nome dela era Francesca Sforza!
A face do Cardeal abriu-se em uma expressão profunda de dor e
pesar.
— Francesca Sforza? Não pode ser!... — Você tem certeza, meu filho?
Francesca Sforza é a sobrinha do Primaz de Veneza, o Cardeal Vicenzo
Sforza. Isso é uma verdadeira tragédia!
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CAPÍTULO 112
E
— u não consigo entender, Capitão. O cardeal Colona resolveu
afastá-lo das investigações?
— É o que parece, Paolo, a grande questão é: por quê?
— Se a sua teoria estiver certa e for confirmado que a moça encon-
trada morta tinha como missão silenciar Giuliano Colona, parece então
que os Filhos de Set obtiveram sucesso.
— Não, Paolo, eu não creio que os Filhos de Set tenham conseguido
amedrontar o Secretário Geral do Vaticano. Existe uma outra razão para
que ele queira me ver longe do caso, e isto é mais uma das coisas que te-
remos que descobrir.
— Como?
— Eu ainda não sei, mas talvez a nossa resposta esteja em Veneza.
— Veneza... o senhor não está dizendo que nós vamos para Veneza?
— Sim, mas não iremos sozinhos.
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— O
que vocês vão fazer? — perguntou Mellina vendo que Lady
Catherine preparava-se para sair.
— Ótimo! — respondeu a velha —, não quis acordá-la, mas já que
está aqui, vamos descer juntas, você vai comigo.
— Para onde? — perguntou a jovem recém-acordada.
— Nós não concordamos que entregaríamos o livro de ouro ao
Vaticano?
Mellina concordou com um ligeiro aceno de cabeça.
— Pois bem — continuou a velha —, chegou a hora. O Padre Cam-
pbell já está lá embaixo.
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CAPÍTULO 114
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CAPÍTULO 116
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CAPÍTULO 117
— M
orte em Veneza não é uma leitura inadequada para o momen-
to? — perguntou Mellina à velha quando esta fechou o livro deixando-o
sobre uma mesa.
— Apesar do título, é uma obra bem interessante, minha filha.
— Talvez seja, mas com essa visão maravilhosa — disse enquanto
olhava pela janela do hotel para a entrada do grande canal de Veneza
— não me parece o momento mais oportuno.
Lady Catherine sorriu.
— Na minha idade, Mellina, um bom livro por si só já é uma gran-
de aventura — disse a velha vendo na inquietação da moça uma sede de
aventuras.
— Eu compreendo — disse Mellina olhando para Lady Catherine na
cadeira de rodas e deixando transparecer um certo arrependimento pela
observação feita.
— Não fique triste, minha filha! Tenha certeza de que eu já me diver-
ti muito e, na sua idade já tinha percorrido o mundo.
— A senhora já viajou pelo mundo todo? — surpreendeu-se Mellina.
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CAPÍTULO 118
P
— rofessor Francesco Scaliari, professor Francesco!
O professor de história antiga e medieval voltou-se para olhar quem
insistentemente chamava por ele. Era um de seus alunos.
— Sim — respondeu o mestre ao parar —, o que você quer, Júlio?
— Professor — disse o jovem meio relutante.
— Fale, rapaz!
— Professor, é sobre aquela nota da prova de segunda-feira...
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CAPÍTULO 119
Jean
Marie percorreu vagarosamente a biblioteca existente no
subsolo da Cátedral de Pádua. Após uma procura minuciosa seus olhos
depararam-se com a empoeirada estante composta por livros que de tão
antigos, tinham sido dispostos em um local quase oculto e esquecido nos
fundos da biblioteca.
Suas mãos ágeis limparam alguns títulos encobertos pelo pó acu-
mulado por décadas de indiferença. Uma alegria espiritual aflorou em sua
face ao encontrar o que procurava, um livro cuja lombada carcomida pelo
tempo, mal permitiu-lhe ler o título: Tratado de Demonologia — O Reino
do Inferno.
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CAPÍTULO 120
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CAPÍTULO 121
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CAPÍTULO 122
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CAPÍTULO 123
— C
hegamos no coração — disse Douglas em um murmúrio, ago-
ra ao lado de Mellina.
— O que foi que você disse?
— Este é o coração de Veneza — tornou Douglas a dizer, agora com
voz audível.
— É lindo — pronunciou a jovem enquanto seus olhos pousavam
sobre a magnífica Basílica de São Marcos e o gigantesco campanário ao
lado. Uma revoada de pombos levantou vôo como se fizesse uma core-
ografia ensaiada. A praça fervilhava de gente das mais diversas partes do
mundo.
— Segundo Napoleão, esta praça é o maior salão de festas da Europa.
— Como sabe isto? — inquiriu a jovem — você está me parecendo
um guia turístico —, alfinetou.
— Até que eu gostaria de ser um guia turístico aqui em Veneza — re-
tornou o sargento —, mas não posso, prometi a seu tio que tomaria conta
de você. Não poderia deixar a princesinha do Reverendo Becker despro-
tegida — disse segurando-se para não rir, no momento em que viu as faces
de Mellina corar.
— Não seja por isso, se é assim que você pensa, pode voltar!
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CAPÍTULO 124
— O
que você quer saber?
— Não sei — disse Mellina sorrindo —, eu tenho curiosidade, tudo
aconteceu tão de repente...
— O atentado contra o Senador — continuou Douglas —, o enigma
do avô de Lady Catherine...
— Sim, e depois saímos pelo mundo: Londres, Cairo, Roma, e agora
Veneza.
— E não é maravilhoso estarmos aqui? Se nada tivesse acontecido,
não estaríamos agora sentados em um dos cafés da mais famosa praça do
mundo, não teríamos nos conhecido.
— Aí é que está o problema — disse Mellina —, eu ainda conheço
você tão pouco. Lembro-me que quando estávamos em Roma, houve uma
situação semelhante a esta, em que nós conversávamos em um café...
— O café grego — disse Douglas com um sorriso.
— Naquela ocasião você fez perguntas sobre mim, agora é minha vez.
— Pois não, senhorita — disse Douglas levantando-se e fazendo uma
mesura com a mão enquanto se curvava —, estou a seu inteiro dispor,
pergunte o que quiser!
— Bobinho! — Mellina sorriu com o gracejo.
— Minha vida não tem muita coisa que você possa achar interes-
sante — disse Douglas, agora com um tom sério. Assim como você, perdi
meus pais muito cedo. Aos dezoito incorporei-me ao exército, ganhei uma
medalha por bravura...
— Hmm... hmm... um herói, então!
Douglas continuou a narrativa agora, ligeiramente encabulado.
— Dei baixa do exército, e em razão da política que se seguiu em nos-
so país, acabei me incorporando à milícia dos defensores da liberdade.
— Foi aí que você conheceu o Senador Antonin Hoppings?
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CAPÍTULO 125
— C
om quem o senhor estava falando? — perguntou Paolo en-
trando na sala e vendo a perturbação que tomara conta de Scaliari no
momento em que o Capitão punha o telefone no gancho.
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CAPÍTULO 126
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CAPÍTULO 127
O rabino Isaac Bem Disraeli pela primeira vez em sua longa existência,
sorriu ao contemplar o Domo da Rocha, a famosa mesquita que, construí-
da exatamente onde outrora havia o Templo de Salomão, agora constituía
um obstáculo intransponível, ou melhor, aparentemente intransponível, para
aquilo que era o sonho judeu da reedificação do Templo de Jerusalém.
Disraeli fechou os olhos como se estivesse vendo o invisível, no lu-
gar da mesquita ele admirava a magnífica e imponente construção que em
breve estaria ali.
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CAPÍTULO 128
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CAPÍTULO 132
— U
ma missão gloriosa! O rabino Bem Disraeli recolhera-se
a seus aposentos e, ao trancar a porta, foi até uma parede lateral onde,
depois de retirar um tijolo falsamente assentado, estendeu a mão e pegou
algumas cartas. A alegria estava estampada em seu semblante. Abriu-as
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CAPÍTULO 133
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CAPÍTULO 134
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CAPÍTULO 135
CAPÍTULO 136
— V
ocê — disse o cardeal apontando para Mellina. — Você é uma
contundente revelação de um segredo de Deus!
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CAPÍTULO 137
E
— ste é um ponto fundamental — disse Sforza voltando-se para
Lady Catherine —, talvez não exista nada mais importante para o homem
do que isto: investigar a razão de sua existência, esquadrinhar o propósito
de seus setenta ou oitenta anos sobre a face da Terra. Não obstante isso,
como a senhora mesma disse, a maior parte da população deste nosso
mundo vive em uma completa indiferença. Vocês saberiam me dizer por
que as coisas são assim?
Lady Catherine e Hamilton Campbell entreolharam-se.
Sforza então continuou:
— Vocês nunca se perguntaram por que razão ninguém fala do
inferno?
— Falar do inferno? — a testa da velha enrugou-se.
— Sim, falar do inferno — prosseguiu o Cardeal —, falar do céu,
enfim, por que razão ninguém parece se preocupar com o que acontece
conosco depois da morte? Na minha ótica essa seria a mais importante
das questões, afinal aqui vive-se tão pouco, mas, e depois, o que significa
a eternidade?
— Sim — respondeu Campbell —, como padre eu já me fiz essa
pergunta.
— E aí, Padre — perguntou Sforza —, o senhor descobriu a resposta?
Campbell sacudiu levemente a cabeça em negativa.
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CAPÍTULO 138
P
— aolo, o que é isso — perguntou Scaliari observando o envelope
lacrado em cima de sua mesa.
— Não sei, Capitão! Isso chegou há pouco de Roma e é para o se-
nhor. Parece que foi remetido pela polícia de Pádua. Como não estávamos
em Roma, a Central reenviou para Veneza.
— Vamos abrir então — disse enquanto abria o envelope retirando
algumas fotos.
— Céus! Que coisa horrível! Veja isso, Paolo!
— Parece que este homem foi retalhado!
— Alguém devia estar enfurecido com ele!
— Capitão, veja!
Os olhos de Scaliari correram para a imagem que Paolo tinha em
suas mãos
— Uma fotografia ampliada de uma moeda de prata.
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CAPÍTULO 139
— C
omo eu disse, a arte é o repositório das experiências e angús-
tias da humanidade. Para conhecermos o homem devemos olhar para a sua
arte. Ao contrário da história, que pode sofrer a censura ou mesmo a ma-
nipulação conforme o interesse dos poderosos, a produção artística revela
de forma fidedigna todas as vicissitudes por que passou a humanidade.
Basta que tenhamos sensibilidade e erudição para compreendê-la tirando
importantíssimas lições.
— O senhor diz então que a arte pode nos revelar alguns segredos,
e que seriam segredos de homens — interveio Campbell —, mas qual a
natureza desses segredos?
— Veja bem, Padre, se o senhor olhar para grandes catedrais
como Notre Dame, Chartres, verá que elas são a expressão máxima de
um momento histórico; suas linhas sóbrias e elegantes apontam para o
alto, e em um verticalismo grandioso, procuram despertar os homens
para Deus. Foram construídas em uma época na qual a preocupação
com o destino eterno da alma ocupava um espaço importante em todas
as mentes.
— Isso parece bem retratado pelo cinema — interferiu Mellina.
— Sim — confirmou Lady Catherine —, pela literatura também. Eu
li um livro de Umberto Eco, O Nome da Rosa...
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— Isto é uma prova, minha jovem, agora existem muitas outras. Mas
continuemos: há pouco eu falei da disputa filosófica entre racionalistas
e empiristas. Disse que os racionalistas acreditavam que o belo era uma
característica própria de um determinado ser, ao contrário dos empirista,
que acreditam que a beleza está no olhar de quem vê. Pois bem, essas mes-
mas correntes filosóficas conflitam também em um outro ponto bem mais
crucial para a filosofia.
— Pelo visto é um conflito e tanto — observou a jovem.
— Sim, é um gigantesco embate no campo das idéias, mas com re-
flexos para a própria vida humana, Mellina. Elas conflitam também sobre
a natureza da verdade.
— Sobre a natureza da verdade?
— Exatamente. Assim como para os racionalistas o belo possui um
critério objetivo para sua apreciação, a verdade deve ser buscada de forma
objetiva. Ao contrário, os empiristas não se preocupam com a existência
de uma verdade objetiva ficando assim a questão da verdade a critério da
subjetividade de cada um.
— Eu estou meio confusa — confessou a velha —, qual é a impor-
tância de tudo isso?
— É de uma importância vital, Lady Catherine — respondeu o
Cardeal. Primeiro, porque o mundo em que vivemos é dominado pelos
princípios do pensamento empirista. O pensamento contemporâneo deve
muito a homens como Bacon, Hobbes, Locke e Hume, formadores de
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CAPÍTULO 140
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CAPÍTULO 141
— H
á uma outra fraude ainda maior — tornou a dizer Sforza —,
e que tem causado estragos terríveis ao conhecimento da verdade. Uma
pseudo teoria científica propagada mundialmente como verdade inques-
tionável.
— O senhor está se referindo à teoria da evolução? — questionou
Mellina.
— Sim, minha jovem, é disso mesmo que estou falando. Acredito
que vocês vão ficar chocados se eu lhes disser que essa teoria, juntamente
com a campanha intelectual para difamar a Idade Média, faz parte de um
plano fantástico para a criação de um novo mundo. Este é o grande segre-
do. A civilização ocidental, como a conhecemos, não é o resultado de um
processo cego, mas de um trabalho cuidadosamente planejado.
— Criação de um novo mundo, como assim, Eminência? — Mellina
aparentava estar surpresa.
— Um Novus Ordo Seculorum — disse Sforza. Uma Nova Ordem
Secular, ou seja, um mundo novo com regras novas, diferente de tudo o
que conhecemos...
— Esta é a frase que está presente na nota de um dólar — observou
Campbell.
— Boa observação, Padre, ela está na nota de um dólar como um
sinal de que o poderio político-econômico está subordinado a esse plano
extraordinário para transformar o mundo. A propósito disso, em de-
zembro de 1939 o Papa Pio XII realizou algo nunca antes visto. Em sua
radiomensagem de Natal, transcreveu na íntegra uma carta recebida de um
presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt.
— Uma carta de Roosevelt? — E qual era o teor dessa carta?
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CAPÍTULO 142
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CAPÍTULO 143
S
“ enhor bispo, é com um profundo sentimento de temor que, em
conformidade com a lei canônica, venho relatar-lhe revelações terrí-
veis que, acredito eu, chegaram até mim, pela misericórdia de Deus.
Peço que medite no conteúdo dessa carta. E juntamente comigo, di-
vida o peso dessas revelações. Uma outra carta está sendo enviada ao
Vaticano para julgamento por Sua Santidade.
Há duas semanas, ao ser chamado para exercer o ofício que me foi
confiado como ministro da Santa Igreja, deparei-me com algo que
abalou-me profundamente.
A entidade estava em uma moça. Uma jovem que, iludida por amigos,
decidiu participar de uma sessão de espiritismo. Sendo uma pessoa
fraca, o espírito maligno não teve dificuldade em se apossar dela.
Isto é o comum, e essa triste realidade é a razão de ser do meu
ministério.
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CAPÍTULO 144
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CAPÍTULO 145
U
— m número muito limitado? Isso me parece muito vago, quantas
pessoas ao todo teriam acesso a essa correspondência? — insistiu Scaliari.
— Bem, em razão do sigilo da correspondência eclesiástica, eu diria,
em tese, que no Vaticano apenas o Papa poderia ter acesso a essa carta.
— Em tese?
— Sim, em tese, pois embora o direito canônico determine que o
sacerdote católico comunique apenas a seu superior imediato e à Sua San-
tidade o conhecimento do segredo a que teve acesso, é muito provável que
essa carta tenha passado por outras mãos. Veja bem, Capitão, ela deve ter
sido recebida no correio geral e depois encaminhada para a Secretaria do
Vaticano, somente depois é que chegaria às mãos do pontífice.
— Se é que chegou — retrucou Paolo Ferri.
— Nesse percurso ela poderia ser interceptada, o senhor está que-
rendo dizer?
— Exatamente, Capitão! A Igreja possui inimigos poderosos, e é
bem possível que esses possuam agentes infiltrados até mesmo dentro do
Vaticano.
— Inimigos poderosos? — inquiriu Scaliari olhando furtivamente
para Paolo —, que inimigos seriam esses?
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CAPÍTULO 146
— O
s elaboradores desse plano estão dentro do Vaticano? — sur-
preendeu-se Mellina. Mas afinal, o que eles são, satanistas?
— Infelizmente, mais uma vez terei que responder afirmativamente
à sua pergunta, Mellina — disse Sforza. — Embora esse plano não tenha
sido armado agora, mas há muitos séculos, ele foi elaborado por um
grupo de homens que adoram ao Diabo e que estão, inclusive, dentro
do Vaticano.
— Se eu estou entendendo bem — interferiu a velha —, o senhor
está afirmando categoricamente que existe uma conspiração de satanistas
dentro do próprio Vaticano?
— Exatamente — confirmou o Cardeal.
— E que esses satanistas foram os responsáveis pela aceitação da
teoria da evolução pelo Papa João Paulo II?
— Continua correta a afirmativa — respondeu Sforza.
— Meu Deus! — exclamou a velha —, o senhor acredita então que
Giuliano Colona esteja à frente desse movimento progressista, que visa à
reforma do Vaticano com a tomada do papado, e que ele seja um adepto
do satanismo?
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CAPÍTULO 147
S
— ua sobrinha foi morta por isso? — perguntou a velha no mo-
mento em que novamente notava as lágrimas na face do Cardeal.
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CAPÍTULO 148
— O
senhor acredita que eles estejam infiltrados dentro do
Vaticano? — indagou Paolo.
— Sim, Tenente — continuou o bispo. Embora isso possa soar como
heresia, eu tenho a impressão, agora confirmada por esse episódio, de que
os inimigos da cristandade estejam cada dia mais encastelados na cidadela
de Pedro.
— Isso é muito grave, senhor bispo — interferiu Scaliari —, como
representante da Igreja, o senhor está afirmando a existência desse grupo
dentro do Vaticano.
— A situação pode ser mais grave ainda, Capitão, tudo depende de
onde partiu a ordem para assassinar Jean Marie Luquesi. Se essa ordem
partiu de alguém próximo do Papa, a cristandade corre grande perigo.
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CAPÍTULO 149
— A
senhora acredita nas palavras do Cardeal Vicenzo Sforza?
— perguntou Mellina já fora da Catedral de São Marcos.
— Eu não sei o que dizer, minha jovem, tudo o que ele nos disse me
pareceu tão convincente, mas por outro lado o Capitão Scaliari suspeita
que ele faça parte dos Filhos de Set.
— E o senhor, Padre, o que pensa?
— Também estou confuso, Catherine, não sei em quem confiar, ape-
nas tenho a impressão de que fomos precipitados ao entregar o livro de
ouro ao Secretário Geral do Vaticano. E se Giuliano Colona realmente for
o anticristo?
— O que me deixou intrigada — continuou a velha — foi o fato de
Vicenzo Sforza conhecer o teor da audiência secreta que meu avô teve com
o Papa João XXIII.
— Ora, Catherine! — retrucou o sacerdote anglicano —, conforme
Sforza nos disse, se o Vaticano vem sendo o palco de uma guerra secreta, é
bem provável que o papa da época tenha reservado o conhecimento dessa
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CAPÍTULO 150
— C
apitão Scaliari, entre por favor — disse Giuliano Colona saudan-
do o oficial italiano que se encontrava à porta escoltado pela guarda suíça.
— Eminência!
— Sente-se aqui — disse o Cardeal indicando ao oficial uma poltro-
na perto da sua. — Em que posso lhe ajudar?
Scaliari retirou do bolso a carta que o exorcista francês encaminhara
ao bispo de Pádua.
— Veja isto, Eminência!
— O que é isto? — perguntou o Cardeal aparentando surpresa.
— Eu é que lhe pergunto, Eminência. Esta carta me foi entregue
pelo bispo de Pádua. É de autoria de um exorcista francês assassinado.
Junto ao corpo encontramos uma moeda idêntica à que estava com o mé-
dico morto no hospital samaritano.
— Isto é grave — setenciou Giuliano Colona após ler todo o con-
teúdo da carta.
— Talvez mais grave seja o fato de que uma outra carta com teor
semelhante a este tenha sido encaminhada para o Vaticano.
— Nenhuma carta semelhante a esta foi recebida aqui no Vaticano
— afirmou Colona com estudada veemência.
— O código canônico determina que se algum sacerdote obtiver o
conhecimento de algo com poder suficiente para prejudicar a Igreja, esse
mesmo sacerdote deve comunicar a seu superior mais próximo e ao Papa.
— Eu conheço o direito canônico, Capitão. Agora tenha certeza,
essa carta jamais chegou ao Vaticano.
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CAPÍTULO 151
L
— ady Catherine, Lady Catherine!
— O que houve, meu filho? — perguntou a velha percebendo a an-
siedade de Douglas Braun quando o grupo retornou ao hotel.
— Recebi há pouco uma ligação do assistente do Capitão Scaliari,
ele pediu que suspendêssemos a investigação sobre Vicenzo Sforza e par-
tíssemos o mais rápido possível para Roma.
— Ele descobriu alguma coisa? — perguntou Mellina.
— Sim, parece que as pistas apontam para alguém dentro do Vati-
cano.
— “Alguém” dentro do Vaticano?
— Ele não soube precisar o nome? — perguntou a velha.
— Não, o Tenente Paolo informou-me apenas de um novo assassi-
nato, agora de um padre exorcista. Segundo ele, Scaliari acredita que o
mandante esteja dentro do Vaticano
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CAPÍTULO 152
— O
que foi que o Cardeal lhe disse, Capitão?
— Mais uma vez ele se mostrou hostil à nossa investigação, Paolo.
— Mas o senhor lhe mostrou a carta do exorcista francês?
— Sim, mostrei-lhe, e ele prometeu investigar, porém, recusou-se a
acreditar que os Filhos de Set possam estar inflitrados no Vaticano. Além
disso proibiu-me de continuar investigando.
— Isso é muito estranho, Capitão.
— Eu concordo, Paolo, isso é muito estranho! Mesmo que Giuliano
Colona esteja liderando uma guerra secreta contra os Filhos de Set, deve-
ria considerar nossa contribuição. Só espero que consiga identificar dentro
do Vaticano quem teve acesso à carta do exorcista francês.
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CAPÍTULO 153
CAPÍTULO 154
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T
— enho algumas revelações importantes — disse a velha aos dois
oficiais da polícia italiana sentados à sua frente.
— Fico feliz com sua contribuição, Lady Catherine, mas em razão
do assassinato de um padre francês na cidade de Pádua, devo dizer-lhe que
as investigações tomaram um outro rumo. Talvez Vicenzo Sforza não seja
o culpado como imaginávamos, lamento ter tomado o seu tempo.
— Pois não lamente, Capitão, o importante é a descoberta da
verdade.
— O senhor disse que Vicenzo Sforza talvez não seja o culpado?
— inquiriu Mellina.
— Exatamente — confirmou Scaliari —, este religioso assassinado
em Pádua era um exorcista francês. Não sei de que forma, mas o certo é
que ele descobriu algo impressionante, descobriu detalhes a respeito da
conspiração dos Filhos de Set.
— Detalhes? — inquiriu Hamilton Campbell.
— Esse exorcista cometeu o equívoco de encaminhar ao Vaticano
uma carta informando de sua descoberta. A carta dizia sobre a intenção
dos Filhos de Set de preparar um governo global para o mundo, bem como
tratava do aparecimento do anticristo.
— Isso nós já sabemos — contemporizou a velha.
— Exato — confirmou Scaliari —, mas a carta ia além, também
relatava que os satanistas preparavam a terceira guerra mundial, e não
somente isso, mas que a terça parte das estrelas que haviam caído, retor-
nariam ao seu antigo lugar no céu. E que isso se daria por meio de um mar
de sangue.
— A terça parte das estrelas retornarão ao céu?
— O que há nisso para surpreendê-lo, padre? — perguntou a velha.
— É que o exorcista, na verdade, não está se referindo propriamente
a estrelas — esclareceu Campbell —, estrelas em linguagem profética é um
sinônimo usado para espíritos angelicais.
— Isto mesmo — confirmou Mellina —, quando a Bíblia se refere
à queda de Lúcifer, ela compara-o a uma estrela: “como caíste do céu, ó
estrela da manhã...”
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CAPÍTULO 157
— Ó
timo, se ele já está em Roma, virá com mais urgência...
— Há, no entanto, um problema: seu assistente não soube me dizer
em que local de Roma ele está.
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CAPÍTULO 158
— A
missa está sendo realizada na Igreja Santa Maria Delle Grazie
— disse Jefrey, voltando-se para o grupo após desligar o aparelho —, eu
também tentei ligar para Mellina, mas seu telefone não atende.
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CAPÍTULO 160
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CAPÍTULO 161
— V
ocê então é o anticristo? — perguntou a jovem desfalecendo
em seu íntimo.
— Anticristo? Então é assim que você se refere ao Príncipe do Sangue
Real? Não me menospreze, menina! Eu sou o descendente de Absalão, o
portador do sangue sagrado, não posso ser considerado como um simples
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Paolo Ferri sorriu aliviado ao ver que sua pontaria fora certeira.
— Parados, estão todos presos! — gritou o Capitão da polícia de
Roma, com a arma apontada para o grupo de encapuzados que não sabia
o que estava acontecendo.
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CAPÍTULO 168
PARA MELLINA
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TA N Z Â N I A – Á F R I C A , T R Ê S A N O S D E P O I S . . .
FIM
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