Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Instituto de Matemática Mestrado Profissionalizante em Ensino Da Matemática
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Instituto de Matemática Mestrado Profissionalizante em Ensino Da Matemática
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Instituto de Matemática Mestrado Profissionalizante em Ensino Da Matemática
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENSINO DA MATEMÁTICA
Porto Alegre
2010
Viviane Raquel Backendorf
Porto Alegre
2010
Viviane Raquel Backendorf
Banca Examinadora:
The objective of this work was to elaborate, to apply and to analyze a didactic
sequence to approach the theme of the length and area measures, in a group of the
fourth grade (fifth year) of the Elementary School. The difficulties presented by
students of the High School and egress of the schools, related to the theme of the
greatness and measures, that motivated the research. This theme was present in
some moments of their scholarship process. It is believed that the incomprehensions
of the concepts are related to a teaching based on the use and memorization of rules
and formulas. There was elaborated, then, a teaching proposal betting in the
construction of the concepts from the first series of the Elementary School, where the
student begins the study of the concepts of greatness and measures. The research
was developed as a case study, and the didactic sequence was applied in a group of
the fourth grade of a municipal school of the municipal district of Travesseiro, Rio
Grande do Sul. During the whole construction process, implementation and
evaluation of the sequence, we referred to studies that treat of the act of measuring,
the construction of concepts, the use of the multiplicative structures and the
children's cognitive development to understand and to analyze the strategies and the
methods used by the students involved in the research to solve certain situations.
Analyzing the results, it was verified that it is possible to promote the understanding
and to build the measure concept with students of the fourth grade (fifth year) of the
Elementary School.
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................15
3. REFERENCIAIS TEÓRICOS.................................................................................33
3.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................33
3.2. O QUE É MEDIR.................................................................................................34
3.3. A COMPREENSÃO DAS MEDIDAS...................................................................36
3.3.1. Primeiro Estágio: Comparação Perceptiva Direta.......................................38
3.3.2. Segundo Estágio: Deslocamento de Objetos e Construção da Idéia
de Unidade.....................................................................................................39
3.3.3. Terceiro Estágio: Propriedade Transitiva...................................................39
3.4. ÁREA..................................................................................................................41
3.5. CONCEITOS E CAMPOS CONCEITUAIS.........................................................44
3.6. ESTRUTURAS MULTIPLICATIVAS...................................................................46
3.6.1. Isomorfismo de Medidas...............................................................................47
3.6.2. Produto de Medidas......................................................................................50
3.6.3. Proporção Múltipla........................................................................................51
3.7. A ORIGEM DOS CONCEITOS DE MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO...................52
3.7.1. Correspondência Um-a-muitos....................................................................53
3.7.2. Relações entre Variáveis – Co-variação......................................................54
3.7.3. Distribuição Equitativa..................................................................................54
3.7.4. Coordenação entre os Esquemas de Correspondência e de
Distribuição Equitativa.................................................................................56
4. A PROPOSTA DE ENSINO-APRENDIZAGEM.....................................................57
4.1. CARACTERIZAÇÃO...........................................................................................57
4.1.1. Do Município...................................................................................................57
4.1.2. Da Escola........................................................................................................58
4.1.3. Dos Alunos.....................................................................................................61
4.2. CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA.......................................................................63
4.2.1. Construção da Unidade.................................................................................65
4.2.2. Conversão de Unidades................................................................................66
4.2.3. Perímetro........................................................................................................67
4.2.4. Área.................................................................................................................67
4.3. RELATO COMENTADO DA IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA....................68
4.3.1. Construção da Unidade.................................................................................69
4.3.1.1. Atividade de medir a sala de aula utilizando o próprio corpo........................69
4.3.1.2. Atividade de criação de unidade única para a turma....................................73
4.3.1.3. Atividade para definir unidade padrão e suas partes....................................76
4.3.2. Conversão das Unidades...............................................................................79
4.3.2.1. Atividade de converter metros em centímetros e milímetros........................79
4.3.2.2. Atividade de converter a unidade criada para o sistema métrico decimal....80
4.3.2.3. Atividade de converter metros, centímetros e milímetros.............................83
4.3.2.4. Atividade de converter a quantidade encontrada em palmos para
metros, centímetros e milímetros..................................................................87
4.3.2.5. Atividade de converter medidas no sistema métrico decimal........................91
4.3.2.6. Atividade de pesquisa sobre o sistema métrico decimal...............................96
4.3.2.7. Atividade de reconhecimento de outras unidades utilizadas para medir....102
4.3.2.8. Atividade de utilização do sistema métrico no dia-a-dia da Escola.............103
4.3.3. Perímetro.......................................................................................................108
4.3.3.1. Atividade para introduzir conceito de perímetro de um retângulo...............108
4.3.3.2. Perímetro do Retângulo..............................................................................108
4.3.3.3. Atividade envolvendo perímetro – sala – casa – Escola.............................112
4.3.4. Área................................................................................................................116
4.3.4.1. Atividade de comparação de áreas.............................................................116
4.3.4.2. Atividade para verificar que figuras com a mesma área podem ter
perímetros diferentes...................................................................................121
4.3.4.3. Atividade de diferenciação entre área e perímetro.....................................123
4.3.4.4. Atividade de construção do metro quadrado e verificação da área da sala
de aula.........................................................................................................127
4.3.4.5. Atividade para aproximar área de figuras irregulares.................................132
4.3.4.6. Atividade de calcular a área aproximada do município...............................137
4.3.4.7. Atividade de diferenciação entre área e perímetro.....................................141
4.3.5. Avaliação.......................................................................................................142
4.4. ANÁLISE DA EXPERIMENTAÇÃO DA PROPOSTA........................................147
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................158
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................162
7. APÊNDICES.........................................................................................................165
APÊNDICE 01 – Autorização para divulgação do nome e imagem dos alunos......166
APÊNDICE 02 – Sequência didática proposta e aplicada no Estágio
Supervisionado.............................................................................167
15
1 INTRODUÇÃO
1
A 4ª série do Ensino Fundamental de 8 anos corresponde ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9
anos.
16
didática, bem como para interpretar os resultados obtidos. Apresentamos ideias bem
fundamentadas de alguns estudiosos da psicologia cognitiva e da matemática sobre
o tema das medidas e a construção de conceitos.
No terceiro capítulo, apresentamos a proposta de ensino-aprendizagem que
foi aplicada aos alunos de uma turma de 4ª série2 do Ensino Fundamental. No início,
fazemos a caracterização de cada uma das partes envolvidas na pesquisa, como o
município, a escola e a turma. Num segundo momento, são relatados os objetivos
da proposta, que está organizada em blocos, de acordo com a teoria na qual nos
baseamos para desenvolver a pesquisa. Num terceiro momento, é apresentado um
relato comentado da implementação da proposta, incluindo as soluções
apresentadas pelos alunos participantes da pesquisa. Nessa parte são apresentados
comentários sobre as atividades e seu desenvolvimento, baseados na teoria
consultada. Ainda, nesse capítulo é feita uma análise geral da implementação da
proposta, abordando os principais aspectos.
Nas Considerações Finais, faz-se uma reflexão final sobre a pesquisa com a
sistematização dos resultados, respondendo às questões norteadoras. São
avaliados também os aspectos que me fizeram repensar a atuação pedagógica, a
partir da pesquisa realizada.
2
A 4ª série do Ensino Fundamental de 8 anos corresponde ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9
anos.
17
2.1 POR QUE O TRABALHO COM MEDIDAS NA 4ª SÉRIE (5º ANO) DO ENSINO
FUNDAMENTAL?
5
Entre outras, foram consultadas e analisadas as seguintes coleções: - DANTE, L. R. Tudo é
matemática: 5ª série – São Paulo: Ática, 2005. - IEZZI, G., DOLCE,O. e MACHADO, A. Matemática
e Realidade: 5ª série, 5. Ed. São Paulo: Atual, 2005. - MORI, I e ONAGA, D.S. Matemática: Ideias e
Desafios, 5ª série, 14. Ed. Reformulada. São Paulo: Saraiva, 2005.
20
6
A 4ª série do Ensino Fundamental de 8 anos corresponde ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9
anos.
21
ACERTARAM
ACERTARAM NÃO
COM 2mm P/ MAIS ERRARAM
VALOR EXATO RESPONDERAM
OU MENOS
35 24 7 1
10% 1%
53%
36%
7
No município de Travesseiro existe uma única escola de Ensino Médio, da rede estadual, onde foi
aplicado o questionário.
22
correspondente a 24 alunos, mediram com erro de 2mm para mais, o que se deve à
falta de precisão como também ao instrumento utilizado para medir, que podia estar
defeituoso, como também ter sido usado de forma incorreta. Curiosamente, ninguém
apresentou resultado 6,8cm ou 6,9cm; esse erro só ocorreu para mais: 7,1cm e
7,2cm.
No entanto, sete alunos, 10% do total, erraram as medidas, o que pode ser
considerado grave em se tratando de alunos de Ensino Médio, pois com tantos anos
de escola espera-se que o ato de medir tenha sido aprendido. Entre os erros
apresentados, um aluno respondeu 10cm, um respondeu 0,7cm, outro respondeu
8,1cm e quatro alunos responderam 8cm. Em relação à resposta 10cm, fica difícil
identificar o procedimento utilizado e o motivo do erro, pois todos os participantes
tinham régua. Esse erro pode ser consequência de um questionário realizado sem
efeito avaliativo, e sem a preocupação de acertar por parte de quem respondeu às
questões. Já o erro correspondente a 0,7cm pode ter ocorrido pela falta de
compreensão da unidade de medida, que nesse caso é o centímetro. A resposta da
medida 8cm pode ter ocorrido pelo fato de alguns alunos não terem bem claro a
utilização da régua, pois enquanto respondiam as questões mostravam dúvida
quanto ao início da contagem da medida, se começariam a contar a partir da marca
do zero ou da marca de número um. Fato esse, que aconteceu inúmeras vezes
durante as aulas, quando lhes era solicitado que medissem objetos e segmentos.
Percebe-se a não compreensão do conceito de unidade e dos números decimais.
Em outras pesquisas realizadas com egressos das escolas, como a do
Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) 2002 8, por exemplo, também
apareceram erros de medida de comprimento. Numa questão onde era solicitado
que medissem com uma fita métrica ou régua uma fita branca, mais de 80% dos
entrevistados forneceram resultado correto, no entanto, 16% não acertaram a
medida da fita.
Em relação aos erros cometidos, é provável que os alunos do Ensino Médio
que responderam às questões, não tenham desenvolvido na prática o conteúdo
medidas, não construindo, dessa forma, o conceito de medida. Acredita-se que as
situações apresentadas no ensino não foram diversificadas e desafiadoras. O que
fica evidente é que oito anos de Escola, no mínimo, não foram suficientes para que
8
Conforme Lima e Bellemain (2004).
23
esses alunos soubessem medir corretamente. Talvez porque o conteúdo não tenha
sido efetivamente trabalhado.
47 15 5
7%
22%
71% ACERTARAM
ERRARAM
NÃO RESPONDERAM
25 34 8
12%
37%
ACERTARAM
ERRARAM
51%
NÃO RESPONDERAM
27 34 6
26
9%
40%
51% ACERTARAM
ERRARAM
NÃO RESPONDERAM
Questão 5: Quais são as possíveis medidas de uma sala retangular, cujo carpete
que cobre totalmente a sala possui 36m²?
13 29 25
27
19%
37%
ACERTARAM
44% ERRARAM
NÃO RESPONDERAM
Essa questão foi considerada uma das mais difíceis em função de vários
aspectos abordados, como a forma retangular, medidas de comprimento e área.
Além de exigir conhecimento relacionado às figuras geométricas, faz-se necessário
considerar a área como produto das possíveis medidas dos lados. Por esse motivo,
apenas 19%, o que corresponde a 13 alunos, acertaram a questão. Esses
apresentaram não somente uma solução, mas várias, como 4x9, 3x12, 6x6, entre
outras. Essas respostas mostram a compreensão da relação entre a área do
retângulo e as medidas dos lados e também de estratégias de fatoração de um
número inteiro.
Já os alunos que erraram a questão, apresentaram os mais variados erros e
confusões. A figura na forma retangular, em alguns casos, foi mal interpretada ou
houve falta de atenção, pois desenharam triângulos e, além disso, multiplicaram as
medidas dos três lados entre si. Outros somaram as medidas desses três lados, o
que resultava em 36. Mas a grande confusão ocorreu entre perímetro e área: muitos
desenharam retângulos, mas ao invés de multiplicar os lados adjacentes, somaram
os quatro lados, de forma que o resultado fosse 36.
De fato, a confusão entre área e perímetro é grande. A unidade de área, m², é
ignorada e para muitos não tem importância. Nem falou-se em área ou perímetro e,
mesmo assim, alguns simplesmente não deram atenção ao fato de o carpete cobrir
toda sala e não somente o contorno. Isso pode ser o resultado de um ensino voltado
para a aplicação de fórmulas, que pode ter parecido efetivo no momento em que
elas foram apresentadas, mas que não surtiu efeito a médio prazo.
Comparando as duas questões, a dificuldade aumenta quando se envolvem
grandezas diferentes como área e perímetro, e junto com ela vem a noção mal
28
9
INAF – Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional, conforme nota anterior.
10
Correspondente ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9 anos.
29
2.4 METODOLOGIA
O que nos motivou a optar por uma abordagem qualitativa de pesquisa foi
encontrar respostas a algumas situações. Decidimos fazer o estudo com uma única
turma para que se pudesse analisar mais profundamente cada situação vivenciada
em sala de aula. Como buscamos verificar se é possível promover a compreensão
do conceito de medida num 5º ano do Ensino Fundamental, decidimos aplicar a
proposta numa turma de 4ª série, hoje 5º ano, da qual eu era professora, para
desenvolver a pesquisa em forma de estudo de caso. Nossa pesquisa corresponde
ao que dizem Lüdke e André (1986):
vários itens foram aproveitados, como informações dos pais, pesquisas em livros e
internet.
e) “os relatos do estudo de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais
acessível do que outros relatórios de pesquisa.” Cada um dos momentos da
pesquisa seria descrito da forma como os alunos iriam solucionar cada situação-
problema proposta. Foram realizadas filmagens, gravações, fotografias e relato
descritivo de cada atividade com o objetivo de registrar cada interpretação das
situações, bem como a diversidade de raciocínios e soluções que poderiam surgir.
Segundo Lüdke e André (1986), o desenvolvimento de um estudo de caso
caracteriza-se por três fases: a fase exploratória, a fase da coleta de dados e a fase
da interpretação sistemática e análise dos dados.
11
A 4ª série do Ensino Fundamental de 8 anos corresponde ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9
anos.
32
3 REFERENCIAIS TEÓRICOS
3.1 INTRODUÇÃO
12
Conforme item 2.2 do Capítulo anterior, no início de 2008 foram aplicadas algumas questões
envolvendo medidas, aos alunos das três séries do Ensino Médio do Município de Travesseiro. No
total, 67 alunos responderam às questões.
34
13
Entidades diferentes de mesma grandeza
35
poder ser medido por metros ou centímetros, enquanto a massa não pode ser
medida dessa maneira.
O reconhecimento de uma dimensão a ser medida não é o suficiente para
definir uma unidade de medida que lhe seja aplicável. Por exemplo, é possível
reconhecer o que está mais ou menos quente e saber que a dimensão é a
temperatura, sem que se disponha de uma unidade para medir a temperatura. Além
disso, uma mesma dimensão em diferentes culturas ou até na mesma cultura pode
ser medida com unidades diferentes. Os agricultores em nossa região, por exemplo,
quando falam em área de terras, falam em hectares. Em outras regiões, utilizam o
alqueire que possui muitas variações, todas maiores que o hectare. Em outros
países como Estados Unidos, utilizam o acre para quantificar área de propriedades.
Com as medidas de volume ocorre a mesma variação, principalmente em função da
quantidade que se queira medir. A quantidade de água que consumimos em nossas
residências é dada por m³ (metros cúbicos), enquanto que um remédio nos é
receitado por mililitros ou gotas. Não quer dizer que não se possa medir remédios
em m³, por exemplo, mas aplica-se a comodidade e praticidade para que não se
tenha que fazer conversões trabalhosas e que podem levar a erros.
tamanho dos objetos. Este ato envolve dois componentes diferentes e separáveis.
Um dos componentes é a inferência lógica ou inferência transitiva, em que
comparamos grandezas através de uma relação existente entre elas. É preciso
apropriar-se da lógica para medir. Outro importante componente envolvido no ato de
medir é a compreensão da unidade, caracterizada como uma exigência
fundamental, pois quando medimos estamos preocupados com quantidades reais e
com as relações de tamanho como maior e menor. É a quantidade constante que as
unidades têm que permite fazer-se uma comparação entre grandezas.
14
PIAGET, Jean; INHELDER, Bärbel; SZEMINSKA, Alina. La géométrie spontanée de l’enfant.
Paris: Presses Universitaires de France, 1948. - PIAGET, Jean; INHELDER, Bärbel. A representação
do espaço na criança. Tradução: Bernardina Machado de Albuquerque. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1993.
39
3.4 ÁREA
15
No estágio I, para os autores, não há conservação dos comprimentos, áreas e volumes; o estágio II
é o das relações intermediárias entre essa ausência e a conservação operatória que ocorrerá no
estágio III.
42
Assim, várias atividades podem levar o aluno a definir a área de uma superfície
como sua medida em unidades quadradas.
Ainda, segundo o autor, é possível nesse estágio conseguir que o aluno
conserve a área através da realização de atividades em que ele forma retângulos
com dimensões variadas, mas com a mesma quantidade de quadradinhos de 1cm²,
que inicialmente formavam um quadrado, ou até mesmo um retângulo com outras
dimensões.
A área de uma figura irregular também pode ser calculada de forma
aproximada através da decomposição em quadradinhos de, por exemplo, 1cm².
Mas, muitas crianças podem não compreender essa decomposição, logo, o cálculo
de áreas de regiões irregulares não será possível nessa fase.
16
A expressão numérica de uma medida é sempre resultado de uma divisão. Pode ser concebida
como divisão. Uma certa unidade cabe tantas vezes em outra unidade.
48
Multiplicação
M1 M2
1 a
b x
17
Um isoformismo entre dois conjuntos é uma aplicação bijetora que preserva as estruturas
algébricas dos conjuntos onde são definidas. Em particular, um isomorfismo entre dois espaços
vetoriais onde estão definidas a soma e a multiplicação por um escalar é definido como uma
transformação linear bijetora, sendo que a transformação linear preserva a soma e a multiplicação por
um escalar.
49
palmos cm
1 18
10 x
M1 M2
a b
1 x
m cm
5 90
1 x
M1 M2
1 a
x b
palmos cm
1 18
x 360
18
Medida em centímetros, do palmo criado numa das atividades da Proposta de Ensino-
aprendizagem.
50
a.2) Qual é o volume de uma pipa que possui 120cm de altura e área da base
igual a 15cm²?
Altura
-----------
x = 120
Área da base Volume
A = 15 A.x = V
Altura
----------- x
Área da base Volume
A = 150 A.x = V = 330
19
Medida em centímetros, do palmo criado numa das atividades da Proposta de Ensino-
aprendizagem.
54
4.1 CARACTERIZAÇÃO
4.1.1 Do Município
20
As informações sobre o Município de Travesseiro foram retiradas do site oficial do Município -
www.travesseiro.rs.gov.br em 27/07/2009.
58
4.1.2 Da Escola
21
O número de alunos matriculados refere-se ao ano de 2008.
59
Magistério e Licenciatura
4
Magistério e cursando Licenciatura
ÁREA DE FORMAÇÃO
5
Pedagogia
Música
4
Matemática
Letras - Português/Inglês
3
Letras - Português/Espanhol
Letras - Português
2
Estudos Sociais
Educação Física
1
Ciências Exatas
Biologia
0
6
5
3
2
1
0
São João
Barra do Fão
Cairu
São Miguel
Gráfico 4.3 – Localidades em que moram os alunos da turma
14
13
12
11
10
9
8
ALUNOS
7
6
5
4
3
2
1
0
(12 anos)
(11 anos)
(10 anos)
nascidos
nascidos
nascidos
em 1996
em 1997
em 1998
motivaram o trabalho com medidas. Para isso, procurou-se seguir algumas etapas,
as quais foram:
1) Verificação das maiores dificuldades encontradas para o aprendizado de
medidas de grandezas. Aplicou-se um questionário, a partir de observações feitas
nas aulas com alunos do Ensino Médio, os quais apresentaram várias dificuldades
em relação às medidas, principalmente no que diz respeito às conversões de
unidades de medidas, perímetro e área.
2) Avaliação da importância do tema nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. Em função da utilidade do conteúdo Medidas, acreditou-se que fosse
um dos temas que deveria ser trabalhado de forma mais efetiva, logo, decidiu-se
elaborar uma sequência para que ocorresse a construção do conceito de medida.
3) Identificação dos conceitos matemáticos necessários e envolvidos na
compreensão e uso adequado das medidas. A partir de pesquisa realizada, foram
selecionados alguns conceitos que participam direta ou indiretamente da construção
do conceito de medida. Em especial, consideramos que as estruturas multiplicativas
e a proporcionalidade constituem um campo conceitual relevante para essa
construção, principalmente em relação à conversão de medidas.
4) Planejamento de atividades que utilizassem questões do dia-a-dia do
aluno, possibilitando a tradução dos conceitos fundamentais de medidas em
situações futuras. Algumas atividades foram criadas por mim, considerando o dia-a-
dia da escola e dos alunos. Outras foram adaptadas de materiais encontrados sobre
medidas, conforme consta na Bibliografia.
Partiu-se de atividades que utilizavam o próprio corpo, pois em muitas
atividades de seu dia-a-dia a criança utiliza o próprio corpo, seja para medir, contar e
comparar. Como o objetivo da proposta é a construção do conceito de medida,
decidiu-se realizar atividades práticas para que as crianças vivenciassem cada etapa
da construção do conceito de medida, contribuindo para o entendimento da etapa
seguinte.
As atividades da sequência foram organizadas em blocos, para que a
construção do conceito de medida se desse de forma progressiva. As atividades
articulam-se umas com as outras sem “queimar etapas”. Todo processo baseia-se
em pesquisa realizada a respeito do assunto medidas.
65
experimentação, não seria novidade repartir uma unidade em três, quatro, cinco ou
mais partes iguais.
Dessa forma, pretendia-se que o aluno reconhecesse que não existe somente
uma unidade para medir grandezas de comprimento, além de perceber que a
unidade pode ser dividida em partes iguais, as quais novamente podem ser divididas
e assim sucessivamente, utilizando-se o que for mais conveniente. Compreendendo
assim, a existência ou possibilidade de adesão de várias unidades de medidas de
comprimento e a relação existente entre elas.
4.2.3 Perímetro
4.2.4 Área
Cada grupo deverá encontrar uma forma de medir os dois itens sem
utilização de qualquer instrumento, somente o corpo. Utilizarão lápis e papel para
registrar.
Enquanto mediam o que lhes fora solicitado, dois grupos discutiam entre si,
pois ambos haviam utilizado a unidade palmo, no entanto, a quantidade de palmos
obtida era diferente, mesmo que tivessem medido a mesma parede. Até que o
componente de um dos grupos observou que poderia haver tamanhos diferentes de
palmos. De qualquer forma, demonstravam estar cientes de que a medida da
mesma parede, quando utilizamos unidades iguais, resulta no mesmo número.
correta, mas que os grupos obtiveram resultados diferentes, pois utilizaram unidades
diferentes para medir as mesmas paredes e janelas.
23
O conceito de teorema-em-ação foi abordado no Capítulo 3.
73
1 – Criar uma unidade de medida única na turma e fazer nova medição. Decidido qual
unidade adotar, transferir em uma cartolina a unidade para que possa ser utilizada por todos
os grupos.
que havia algo errado, pois estavam mais avançados que outro, e na sua medição
havia menos palmos do que no grupo que já tinha medido uma extensão maior da
parede. A minha sugestão foi que medissem novamente. Nessa conclusão,
apresentaram e utilizaram um teorema-em-ação: mesmo objeto e mesma unidade
resultam na mesma medida.
A lógica presente no ato de medir foi percebida durante as medições que
realizavam, quando observavam as diferenças entre os valores encontrados pelos
grupos. Se estivessem medindo a mesma parede e alguém mais adiantado na tarefa
tivesse, até o momento, encontrado valor menor que os mais atrasados, isso era
motivo de desconfiança, pois sabiam que alguém não estaria medindo corretamente.
Dessa forma, ficava claro que a inferência lógica ou transitiva não só fazia-se
presente, como era utilizada para verificarem se o processo estaria ou não
ocorrendo de forma correta.
Conforme Caraça (1952) e Nunes e Bryant (1997), esse componente deve
estar bem claro nessas crianças com idade de 9 a 10 anos, para que o ato de medir
realmente ocorra com compreensão.
Depois das medições realizadas, cada grupo apresentou as medidas
encontradas.
Essa atividade foi proposta para que a turma optasse por uma única parte da
unidade padrão e por uma única parte da parte da unidade padrão.
77
Então surgiu uma dúvida: “A diretora saberá o que representam essas medidas, de
forma que ela possa encomendar o material sem que falte ou sobre?” Alguns alunos
comentaram que, se o material fosse comprado em nosso município, bastaria enviar
o palmo, os dedos e dedinhos junto com a quantidade necessária de cada material.
No caso de o material ser comprado em outra cidade, como Porto Alegre, por
exemplo, foi sugerido que se fizesse cópia escaneada do palmo, dedo e dedinho e
que se enviasse essa cópia por e-mail. Mas, comentei que no e-mail poderia
acontecer de a figura perder seu tamanho original, pois poderia desconfigurar-se,
dependendo de como fosse feita a cópia e de como ela fosse gravada. Então, eu
perguntei o que deveríamos fazer. Com esse problema a ser resolvido, uma aluna
sugeriu que se pegasse uma régua e medisse cada palmo em centímetros, tanto na
altura quanto no comprimento, e que se colocassem, ao lado do desenho do palmo,
setinhas indicando as medidas em centímetros.
Preencher o quadro:
A turma será dividida em grupos de três pessoas onde cada grupo
deverá com a utilização de trena e régua, observar as unidades que estão
nesses instrumentos e concluir:
1 metro possui ................. centímetros.
1 centímetro possui .................. milímetros.
1 metro possui ................. milímetros.
Quadro 4.6 – Atividade proposta de conversão das unidades da turma no sistema métrico
iria saber o valor exato do palmo, pois se tratava de um palmo criado pela turma e
não uma unidade utilizada em nosso município, estado ou país, o que poderia gerar
confusão, sobrando ou faltando material.
Como a turma decidiu adotar o palmo, o dedo e o dedinho, foi mais tranquilo
fazer a conversão, pois todos estavam trabalhando com as mesmas unidades.
A turma foi dividida em cinco grupos. Cada grupo teve que encontrar algum
esquema ou estratégia para realizar as conversões solicitadas.
Atividade em grupos de 3 componentes cada, cuja seleção será feita por sorteio.
* Cada grupo recebe a seguinte tabela para preencher:
METRO 1 4 2,5 15
CENTÍMETRO 100 1000 70
MILÍMETRO 1000 500
MEDIDA SOLUÇÃO
1m = 100cm = 1000mm
4m multiplicando por 4:
4m = 400cm = 4000mm
1m = 100cm = 1000mm
acrescentando um zero:
1000cm ERRO
10m = 1000cm =100000mm*
10m =1000cm =10000mm
500mm é a metade de 1000mm
500mm 50cm é a metade de 100cm
0,50m é a metade de 1m
2m e 50cm = 250cm
5m = 500cm = 5000mm
2,5m
dividindo por 2:
2,5m = 250cm = 2500mm
70cm = 0,7m (menor que 1m)
ERRO
70cm = 70000mm (x 1000)*
70cm
0,7m =70cm = 700mm
menor que 1m menor que 100cm menor que 1000mm
Conversão de 4m: “Se 1 metro são 100cm e 1000mm, então 4m são 400cm e
4000mm. Basta multiplicarmos cada um dos valores por 4”.
Utilizaram a multiplicação direta e a proporcionalidade (isomorfismo de
medidas - uma das estruturas multiplicativas apresentadas por Vergnaud (1983)),
partindo do valor unitário da relação: 1m = 100cm = 1000mm, multiplicando cada um
dos termos por 4, obtendo 4m = 400cm = 4000mm.
Conversão de 70cm: “70cm equivalem a 0,7m, pois não chega a dar 1m. E 0,7m
equivalem a 70.000mm, pois multiplica-se por 1000”. Utilizaram os 70 cm, os quais
multiplicaram por 1000, no entanto, não souberam explicar o motivo dessa
multiplicação. Mas, em função desse resultado, outro grupo manifestou-se dizendo
que 0,7m é menor que um metro, logo, teremos menos que 1000mm, obtendo
700mm e não 70000 mm. O resultado foi corrigido, mas novamente surgiu a
dificuldade em trabalhar com números decimais. Nesse caso, com a multiplicação.
Conversão de 15m: temos que 10m são 1000cm, então 15m = 10 + 5, logo 1000 +
500 = 1500cm e 10000 + 5000 = 15000mm. Nessa resolução utilizaram as
propriedades da adição e multiplicação, como a distributividade e a associatividade,
bem como a decomposição dos números.Vemos aí novamente um exemplo de
aplicação do isomorfismo de medidas: f(15)=f(10+5)=f(10)+f(5)=1000+500=1500.
87
Quadro 4.9 – Atividade proposta de conversão das medidas para o sistema métrico
24
18 é a medida do palmo criado pelos alunos, em centímetros.
88
sempre compra madeira em metros. Mais uma vez, os alunos trouxeram para a sala
de aula as práticas culturais, mencionando as falas de seus familiares e a maneira
como utilizam o sistema de medidas.
As medidas dos sarrafos também foram convertidas, mas não fiz comentários
antes de realizarem as conversões para evitar que algum grupo dissesse como iria
fazê-las, possibilitando que outro copiasse ao invés de utilizar estratégias próprias
de resolução. Seriam necessários 93 palmos e 9 dedos de sarrafos. A medida em
questão foi transformada em centímetros das maneiras seguintes:
esse valor por 9 vezes, mediu com a régua e encontrou 15,8cm. Então perguntei a
eles se era esse mesmo o valor dos dedos em centímetros. Ficaram na dúvida, mas
logo o Gabriel B disse:
- Pela conta feita no quadro dá mais que 15,8cm, dá 16 centímetros e 2
milímetros.
A Gabriela sugeriu que se fizesse o cálculo da seguinte forma:
- Vamos separar 1 centímetro de 8 milímetros e fazer cada um deles vezes 9.
A partir da sugestão da Gabriela, os outros ajudaram a calcular daquela forma
e foram dizendo:
- Uma vez o nove dá nove e oito vezes o nove dá 72.
Perguntei a eles o que seria o nove e o 72. Responderam que teríamos então
9cm e 72mm. Mas perguntei novamente:
- Como poderemos fazer para ter somente um valor? Em centímetros ou em
milímetros?
O Gabriel B sugeriu que se convertesse os milímetros para centímetros:
- Se um centímetro possui 10 milímetros, 72 milímetros são 7,2cm.
- E como saberemos o total de centímetros? – questionei.
Muitos deles responderam que deveríamos somar 9cm com 7,2cm, o que
resultaria em 16,2cm, conforme o cálculo do quadro.
Como o grupo do Émerson havia encontrado 15,8cm, questionei-os sobre
essa diferença e disseram que ela podia ter ocorrido por uma falta de cuidado em
observar os milímetros. Esse grupo confiou mais na medição do que no cálculo, no
entanto, faltou cuidado ao medir. Mostraram-se presos ao instrumento e ao
concreto, deslocando no instrumento uma a uma as unidades que deviam se repetir,
com dificuldade de abstração da medida..
- Faltou “precisão” na hora de medir – disse Hélio.
Questionei-os sobre essa diferença e sua interferência ou não nas medições
que realizamos. Fui dando exemplos de onde poderiam sobrar ou faltar 4mm:
- Tenho esse bloco de folhas na mão. Se eu fosse acrescentar ou tirar 4mm
na espessura, grossura, faria diferença?
A Cassiana respondeu:
- Se tirássemos 4mm tu ficarias sem folhas.
Perguntei se então faz diferença ter 4mm a mais ou a menos e todos
responderam que sim. O Gabriel B deu outro exemplo:
90
- Se meu pai instalasse uma porta que tivesse 4mm a mais ou a menos, iria
dar problema.
Aproveitei para falar sobre as situações em que faz diferença quando faltam
ou sobram milímetros. Perguntei se representaria um problema a sobra de 4mm ou
falta de 4mm em uma das paredes da quadra de esportes. Responderam que não,
pois como a quadra é grande, essa diferença nem seria percebida.
Retornando à quantidade de material necessário para efetuar as compras de
trilhos de alumínio e sarrafos de madeira, concluímos que necessitaríamos de 5,40m
ou 540cm ou 5400mm de trilhos de alumínio e de 16,902m ou 1690,2cm ou
16902mm de sarrafos de madeira.
Questionados sobre a forma mais prática de encomendar esse material, os
alunos disseram que seria melhor utilizar metros. Perguntei a eles:
- Ao invés de comprar 16,902m de sarrafos, poderíamos comprar quantos
metros de maneira que não faltasse material?
O Eduardo respondeu:
- Poderíamos comprar 17m e os “quase” 10cm que sobram iríamos cortar.
Com a incumbência de criar uma unidade para medir e com o surgimento de
diferentes unidades, os alunos conseguiram selecionar a unidade mais conveniente
para aquela situação. Com isso, conseguiram construir um bom conceito de unidade
que foi posteriormente transferido para unidades usuais como metro, centímetro,
milímetro e polegadas. Em todas as práticas posteriores às de criar unidades, os
alunos não demonstraram insegurança ao dizer que na parede de 5,80m a unidade
metro se repetia cinco vezes e que, como não era possível utilizar mais um metro
inteiro, utilizava-se uma unidade menor, o centímetro, que cabia oitenta vezes na
parte que sobrava.
O mesmo ocorreu com a unidade polegada, indicada nas trenas que
utilizaram para medir. O grupo não apresentou dificuldades para obter o valor das
medições traduzido nessas unidades e até mesmo transformá-las em centímetros e
milímetros.
De acordo com as práticas realizadas, os alunos criaram suas formas de
medir baseadas em unidades que se repetem e numa inferência lógica ou transitiva
que dá sentido ao ato de medir. A partir da construção do conceito de unidade,
fundamentaram com clareza o conceito de medida. Ficou claro que a régua é um
instrumento no qual uma ou mais unidades se repetem e que com sua utilização
91
unidade. E que, no caso das medidas 3,85m e 4,10m, basta comparar a parte
inteira. Como neste caso o número 4 é maior que o número 3, sabe-se que 4,10m é
maior que 3,85m. Logo, não há necessidade de comparar os centímetros que
aparecem depois da vírgula. Identifica-se a compreensão do sistema decimal.
A ideia da proporcionalidade esteve presente nas conversões, evidenciando o
uso das estruturas multiplicativas. A multiplicação como soma de parcelas iguais foi
também utilizada em situações onde a organização do pensamento poderia ser feita
dessa forma.
Pela larga e convincente utilização da proporcionalidade nas mais variadas
situações, foi tranquilo trabalhar com as conversões das unidades de medidas. A
conversão dos metros para centímetros e milímetros e vice-versa não gerou
confusão, não tendo sido ensinada nenhuma regra. A única memorização
necessária foi quanto à quantidade de centímetros e milímetros necessários para
completar o metro.
A variedade de métodos e esquemas utilizados para resolver cada situação
mostra a autonomia dos alunos em chegar à solução, utilizando suas próprias
estratégias.
A atividade foi muito boa, pois cada um resolveu a situação proposta de sua
maneira. Antes da realização da mesma, solicitei que ninguém comentasse sua
forma de resolver, pois poderia atrapalhar a atividade. É o que fizeram. Cada um
pensou de uma maneira e na hora da correção, apresentou sua forma de pensar e
resolver as situações. Perceberam a validade das estratégias dos demais, cujas
soluções às vezes eram mais simples do que as próprias.
Formação de grupos com 3 pessoas em cada, a critério dos alunos. Pesquisa em livros
dados pela professora e na Internet sobre medidas de comprimento.
25
Nome fictício de uma Comerciante da Localidade de Três Saltos Baixo, que fica a 16 km da Sede
do Município de Travesseiro.
98
valor para polegada, para facilitar o cálculo em função das casas decimais: 1
polegada = 2,5 cm, 2 polegadas = 5 cm. Questionei:
- Então, 4 polegadas são quantos centímetros?
Alguns responderam 8 centímetros, até que um dos alunos disse:
- Se duas polegadas são 5 cm, então quatro polegadas são 10 cm.
A partir de atividades anteriores e da minha intenção em fazê-los raciocinar
dessa forma, utilizaram as estruturas multiplicativas, a proporcionalidade para
resolver a situação. A relação ou proporção existente entre uma polegada foi
estendida às demais, descobrindo o valor em cm de 29 polegadas da seguinte
forma:
POLEGADAS CENTÍMETROS
1 2,5
POLEGADAS CENTÍMETROS
2 5
4 10 32 - (3.1) 80 - (3.2,5)
8 20 32 - 3 80 - 7,5
16 40 29 72,5
32 80
26
Conforme pesquisa realizada - Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de
Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Matemática – Ministério da Educação,
Secretaria da Educação Básica, 2007. Grandezas e Medidas – fascículo 5 – Mara Sueli Simão
Moraes, p.47.
100
cabelo como unidade padrão na atividade de medir as paredes. Perguntei por que
haviam desistido, então, o Gabriel B respondeu:
- Achei que seria vantagem medir com o dedo ou fio de cabelo porque,
chegando no final da parede, seria mais difícil sobrar ou faltar um espaço para
medir. E usando unidades menores dá para saber a medida exata.
Perguntei novamente, porque então teriam desistido se a medida encontrada
seria mais exata. Aí a Cassiana respondeu:
- Isso iria demorar demais e poderíamos perder a conta.
Com base nessa resposta, comentei com os alunos sobre a vantagem e a
desvantagem de se utilizar uma certa unidade de medida, o que depende da
situação e daquilo que queremos medir. Demonstraram ter entendido que não basta
medir, é preciso escolher a unidade mais adequada para cada situação.
Conforme Caraça (1952), no problema da medida ocorre a escolha da
unidade, cujo procedimento obedece à economia, comodidade e praticidade.
Retomei o assunto centímetro e milímetro e pedi a eles:
- A espessura do fio de cabelo aproxima-se mais de que unidade? Metro,
centímetro ou milímetro?
Logo responderam milímetro. O aluno Gabriel B sugeriu:
- Podemos ver quantos fios de cabelo formam um milímetro?
Respondi que sim, mas pedi à turma que me mostrassem o que representa
um milímetro em suas réguas. Como todos mostraram corretamente, pedi que
fizessem a comparação. Nos grupos em que estavam, foram pegando seus fios de
cabelo e colocando sobre a régua. Após terem feito as comparações apresentaram
três resultados diferentes:
O Gabriel B., que “emprestou” seus fios de cabelo para o grupo que concluiu
que um fio de cabelo cabe 4 vezes em um milímetro, defendeu-se:
- Pode dar diferença de um cabelo para outro. Eu tenho cabelo grosso.
101
27
PIAGET e INHELDER, a Representação do Espaço na Criança. Artes médicas, 1993 – Capítulo 5 –
As noções do ponto e do contínuo. p.143-145.
102
* Para medir comprimentos existem somente as unidades vistas até o momento? Como
você mediria a distância da Escola à sua casa?
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Pretto, escola de turno integral, acolhe
crianças de todas as localidades do Município. Em 2008 estão matriculados ......... alunos,
provenientes das ........ localidades. A grande maioria utiliza transporte escolar. Para fazer uso do
mesmo é necessário morar a pelo menos .................... de distância da Escola. Os alunos que
percorrem a maior distância são da localidade de Barra do Fão e percorrem ................. diariamente.
A Escola possui uma área construída de ............... Para cercar toda a Escola são
necessários ................... de tela, enquanto que para cercar a horta da Escola são necessários
..................... de tela.
A Escola está bem equipada tecnologicamente. Recentemente foi instalado um telecentro
com .......... computadores, cujo monitor é de ............................. o que significa que a diagonal da tela
possui essa medida, que corresponde a ............... centímetros. Há também ........... televisores de
..............................., cuja diagonal da tela possui essa medida, o que corresponde a ............. cm, e
um televisor de .................................. que corresponde a ............cm.
Um dos materiais utilizados por todos os alunos é o lápis, mas a maioria possui lapiseira,
cuja grafite possui espessura de ..................... ou de ....................., pois esta não quebra com tanta
facilidade.
Quanto aos cadernos, alguns possuem caderno grande, cujas medidas são .................. de
largura, que equivale a ..............................., e ..................... de altura, que equivale a
................................ Já os cadernos pequenos possuem ................. de largura, que equivale a
..............................., e ........................... de altura, que equivale a ...............................
100m 21 + 29 + 21 + 29 = 100
28
Essa propriedade é válida para todos os paralelogramos.
107
4.3.3 Perímetro
A atividade descrita abaixo foi elaborada com uso de papel quadriculado para
facilitar o desenho do retângulo que representaria a horta. Posteriormente, foi
trabalhada a área da horta usando-se o mesmo retângulo.
Recortar em papel quadriculado um retângulo semelhante à horta. Considerar que o lado de cada quadradinho
equivale a um metro.
Perímetro do retângulo:
* Como podemos escrever essa soma dos lados da horta?
Retornamos ao texto da aula anterior, mas já estava claro para os alunos que
não haveria necessidade de se medir os quatro lados da horta para saber a
109
100m 21 + 29 + 21 + 29 = 100
Figura 4.18 – Retângulo com as anotações da quantidade de tela, solução de uma aluna
110
- Basta medir um lado e fazer vezes quatro, ou somar quatro vezes aquele
valor.
- E o perímetro do triângulo?
- Aí depende, os lados podem ser iguais ou diferentes. Se os três lados forem
iguais, basta fazer a medida de um deles vezes três, mas se forem diferentes, temos
que medir os três lados e somar todos eles. - disse o Darlei.
- E se eu tiver que encontrar o perímetro de um círculo?
A Gabriela sugeriu que se fizessem dois “traços” no meio do círculo. Um na
vertical e outro na horizontal. Depois deveria se fazer a medida de cada um deles
multiplicada por dois, daí somar. O Gabriel B sugeriu que se medisse com a trena
até o meio e se multiplicasse esse valor por dois.
Com essa explicação percebe-se a importância dada às linhas retas, ou
então, aos segmentos de reta. Independente da situação, a solução é buscada nas
retas. Essa utilização de linhas retas pode estar relacionada ao fato de as réguas
serem retas, ou seja, os instrumentos utilizados pelos alunos são rígidos.
A Cassiana disse:
- Eu acho que é melhor pegar um metro que mede tecido, uma fita métrica e
medir tudo ao redor.
Perguntei por que não utilizariam a régua e me responderam que “ela é reta,
não se entorta aí não dá para medir certo.” Ainda perguntei, então:
- Se tivéssemos que cercar com tela um canteiro em forma de círculo, como
seria melhor proceder?
Acharam que o melhor seria medir ao redor. Pegar uma trena e contornar o
canteiro.
Perceberam que não tinham o conhecimento suficiente para calcular o
perímetro de uma circunferência sem medi-la diretamente, como acontecia nas
outras figuras em que, dependendo da figura, bastava medir um dos lados.
Em relação ao perímetro das diferentes figuras geométricas, percebeu-se a
clareza acerca do assunto, pois consideraram cada figura com suas próprias
características e a partir delas generalizavam. Perceberam que um triângulo pode
ter todos os lados ou nenhum lado igual aos demais, permitindo assim que se
calcule o perímetro de um triângulo, dependendo de sua apresentação. Um
quadrado teria os quatro lados iguais e um retângulo os lados iguais dois a dois.
112
a) Quantos metros de tela que cercava a cancha, havia antes de ser coberta, sabendo que é
um retângulo, cujos lados medem 36m e 26,50m?
b) Que retângulos poderíamos cercar utilizando a tela que foi retirada? Será possível cercar a
horta da Escola? Falta, sobra, justifique.
c) Suponhamos que se queira trocar o rodapé das 5 salas do 2º piso da Escola, mas será
colocado rodapé de cerâmica e não de madeira. Cada barra de cerâmica mede 40 cm,
quantas barras de cerâmica serão necessárias?
d) Qual será o perímetro da quadra coberta?
e) Temos abaixo a planta baixa de uma casa, na qual pretende-se colocar rodaforro de gesso
e rodapé de madeira. Que quantidade em metros e centímetros de cada material será
necessário?
a) Quantos metros de tela que cercava a cancha havia antes de ela ser
coberta, sabendo que é um retângulo, cujos lados medem 36m e 26,50m?
Procederam da seguinte forma:
36 + 26,5 + 36 + 26,5 = 125m
(36 + 26,5) x 2 = 125m
b) Que retângulos poderíamos cercar utilizando a tela que foi retirada? Será
possível cercar a horta da Escola? Falta? Sobra? Justifique.
É possível, mas sobram 25m de tela, porque 125 – 100 = 25
Poderíamos cercar os seguintes retângulos e ainda sobraria tela, pois a tela
necessária não chegaria a 125m:
36m por 12m e 20m por 10m
Já um retângulo de 36m por 27m não seria possível cercar, pois iria faltar
meio metro de tela em dois lados, ou faltaria um metro.
d) Qual será o perímetro da quadra coberta?
Todos eles responderam “é a mesma resposta da letra ‘a’, porque o perímetro
é igual ao contorno, metros de tela que tinha na cancha”. Logo, a resposta foi 125m.
e) Temos abaixo a planta baixa de uma casa, na qual pretende-se colocar
rodaforro de gesso e rodapé de madeira. Que quantidade em metros e centímetros
de cada material será necessário?
Os alunos foram somando as medidas dos lados de cada parte da planta e
encontraram 94,20m para o rodaforro, pois todo o contorno receberia gesso. Já em
relação ao rodapé o Émerson disse:
- Para o rodapé temos que descontar as portas, porque na porta não vai
rodapé.
Solicitei então, que eles decidissem qual o número de portas da casa e a
medida de cada uma delas. Em relação ao número de portas, concluíram que
deveria ter no mínimo sete, pois cada espaço deveria ter uma porta e ainda deveria
ter uma porta que desse para o exterior da casa. Quanto à largura, mediram a porta
da sala, cuja medida é 1,10m, e decidiram optar por portas de um metro de largura,
pois seria mais fácil de calcular. Logo, teriam que descontar 7m dos 94,20m
encontrados, o que seria igual a 87,20m de rodapé.
Em muitas situações, os alunos demonstraram não gostar de utilizar números
não inteiros. Evitavam utilizá-los quando possível.
114
8,70m por 8,70m por 7,00m por 7,00m por 7,00m por
MEDIDAS DOS LADOS
5,80m 5,80m 5,80m 5,80m 5,80m
TOTAL 134,8m
DESCONTANDO AS
PORTAS
134,8m - (5 x 1,10m) = 134,8m - 5,50m = 129,3m
Quadro 4.24 – Cálculo do perímetro das salas, medições realizadas pelos alunos
Figura 4.21 – Desenvolvimento do cálculo até encontrar 324 barras, cópia do caderno de uma aluna
4.3.4 Área
* Quais das figuras abaixo possuem região colorida do mesmo tamanho? Justifique.
Cada aluno recebeu uma folha contendo os nove quadrados com as devidas
regiões coloridas, baseada em Rocha (2007). Formamos duplas e um trio para que
discutissem com o colega a situação. Primeiro, identificamos cada quadrado com
uma letra de A até I, na ordem para a direita e para baixo:
A B C
D E F
G H I
.
Quadro 4.26 – Identificação de cada quadrado
117
Émerson e Daniel
“A letra I possui o mesmo tamanho da letra B e H – As letras C, F, G, D têm
os mesmos tamanhos – Juntando a letra C mais a letra H vai ter o mesmo tamanho
da letra E – A letra G mais a letra H juntando vai dar o mesmo tamanho da letra I – A
letra A e B juntando terá o mesmo tamanho da letra D – A e C juntando tem o
mesmo tamanho da letra I.”
Gabriela e Fernanda
“A parte da figura A é igual a parte da B – Se juntarmos a letra G e H formará
a letra I – Se juntarmos os dois quadrados da F formaremos a figura C – A G e a C –
A letra A é a metade da D – E a E se juntar os triângulos forma a I.”
Gabriel S e Cleiton
“A figura C e H tem o mesmo tamanho que a figura I – Três figuras coloridas
da letra B dá o mesmo tamanho que a figura E – A figura C e G – A figura A tem o
mesmo tamanho que a letra B.”
Graziele e Charles
“A letra A cabe dois retângulos e a letra B é igual da letra A, e a letra E é três
vezes do que a letra A – B é igual a letra A e a letra H – C é igual a letra F e também
119
Bruna e Cassiana
“A letra A e a letra B possui um triângulo cada, então dividimos a letra D,
dividimos em duas partes e formamos dois triângulos iguais aos triângulos da letra A
e B, E a letra E formou três triângulos iguais aos das letras A, B e D. – Formamos
também quadrados na letra C, F, G, H e I. Na letra C, F e G encontramos dois
quadrados em cada quadrinho, já na letra H encontramos um quadrado e na letra I
encontramos três quadrados. Letras A, B, D e E tem a mesma região colorida –
letras C, F e G tem a mesma região colorida – letras C e G tem a mesma região
colorida porque são retângulos. – Obs. Se dividirmos em triângulos todas as partes
juntando-os, formamos um quadrado.”
Hélio e Gabriel B
“As figuras coloridas que tem o mesmo tamanho são: A e B, C e G, F e G, F e
C, A e H, B e H, D e F, E e I, porque se a gente dividir ou transformar em outras
partes irá dar o mesmo tamanho.”
Percebi que num certo momento, alguns grupos ignoraram a palavra tamanho
e agruparam as que possuíam a mesma região colorida de acordo com a forma.
Mas, nas conclusões feitas a partir das apresentações orais, ficou claro que
triângulos podem formar quadrados e que a metade de um quadrado pode ser um
triângulo ou um retângulo. Conversamos sobre cada figura (parte colorida) e
analisamos as mesmas. Concluímos juntos que os quadrados que possuem a região
colorida de mesmo tamanho são:
- A, B e H possuem mesma área;
- C, F, G e D possuem a mesma área;
- E e I possuem a mesma área.
120
4.3.4.2 Atividade para verificar que figuras com a mesma área podem ter perímetros
diferentes
A atividade foi realizada individualmente para que cada aluno utilizasse sua
criatividade e percebesse por conta própria que figuras com a mesma área podem
ter perímetros diferentes.
Atividade para diferenciar área de perímetro. Com essa questão que será realizada em
duplas queremos que os alunos consigam diferenciar área de perímetro.
Muitos animais como gatos, aves e cachorros invadem a horta da Escola, portanto pensou-
se que a melhor solução para evitar essas visitas seria cobrir toda horta com uma tela. Isso
será possível? Qual a quantidade de tela necessária?
29
Quadro 4.29 – Atividade proposta para diferenciar área de perímetro
29
A Horta é um retângulo com as seguintes medidas dos lados: 21m x 29m.
124
Émerson: “Calculei 21 x 29, mas tenho que fazer vezes 4, pois o quadradinho
tem 4 lados.”
Ele utilizou o vezes 4, pensando no número de lados de cada quadradinho no
interior do retângulo. Não conseguiu diferenciar a área do perímetro na divisão em
quadradinhos feita por eles.
O aluno Émerson soube explicar o motivo de se ter diferentes perímetros para
uma mesma área, no entanto, considerou como uma medida importante o perímetro
de cada quadradinho que compunha o retângulo formado pela horta. Aconteceu
uma valorização do contorno de cada quadradinho. Para esse aluno, a área de cada
quadradinho está relacionada ao seu contorno.
Hélio: “21 x 29 = 609m²”
Gabriel B: “Fiz 21 x 29 é que perímetro é o contorno, não saberia no meio.
Comecei contando, mas me perdi.”
O Gabriel B, como relatou, contou quadradinho por quadradinho, mas errou
na contagem. Não pensou na soma repetida de parcelas iguais, nem na
multiplicação de um lado pelo outro.
Fernanda: “200m, 100 de contorno mais 100 por cima.”
Alguns alunos multiplicaram o valor do perímetro por dois, considerando o
valor da área igual ao valor do perímetro multiplicado por dois. Demonstraram dar
muita importância ao valor do perímetro.
Cassiana: “Fiz 29 x 21 que deu 609. São todos os quadradinhos.”
A Cassiana multiplicou um lado pelo outro para encontrar a área. Ela já nem
utilizou a soma repetida de parcelas iguais, fazendo diretamente a multiplicação.
Figura 4.25 – Explicação e cálculo da área, solução apresentada por uma aluna
126
Verificação da área da sala de aula – a turma será dividida em três grupos de livre escolha,
onde cada grupo deverá construir o instrumento de medida, que será o metro quadrado de jornal.
quando chegavam ao final percebiam que o metro quadrado não cabia inteiro, então
mediam a parte que sobrava e descontavam do comprimento.
Cada aluno receberá uma figura, a qual deve ser sobreposta por
uma malha quadriculada, onde cada quadradinho terá “um centímetro
quadrado”, ou seja, uma área correspondente a um quadradinho que tem 1
cm de lado.
Gabriel S,
48cm² 50cm²
Émerson
Graziele,
52cm² 61cm²
Charles
Hélio,
58cm² 60cm²
Cleiton
Fernanda,
60cm² 63cm²
Daniel
Gabriela,
Bruna, 71cm² 85cm²
Darlei
Gabriel B,
56cm² Não calcularam
Cassiana
Quadro 4.33 – Valor da área aproximada de cada figura, obtido pelos alunos
134
Gabriel V e Eduardo
Figura 1: 48cm² e Figura 2: 55cm² - contaram primeiro os quadradinhos
inteiros e depois foram juntando as partes. “Olhávamos os pedacinhos que dava
para juntar e formar um só.”
Idéia de juntar para formar um.
Gabriel S e Émerson
Figura 1: 48cm² e Figura 2: 50cm² - contaram os inteiros e depois juntaram as
partes.
Graziele e Charles
Figura 1: 52cm² e Figura 2: 61cm² - no início contaram todos os quadradinhos
como se fossem inteiros, depois, observando a diferença em relação aos valores
135
Hélio e Cleiton
Figura 1: 58cm² e Figura 2: 60cm² - contaram todos os quadradinhos inteiros,
depois contaram todos aqueles que representavam somente uma parte, aí dividiram
o número de quadradinhos não inteiros por dois. “Dividimos por dois porque eles não
são inteiros, então consideramos só a metade deles.” Exemplo: a figura 2 tem 45
quadradinhos inteiros e 30 partes, fazendo 30 : 2 = 15, 15 + 45 = 60 quadradinhos =
60cm².
Consideraram todas as partes como a metade de um inteiro. Não deram
importância ao tamanho das partes, mesmo que essa ideia de frações tenha sido
desenvolvida com a turma antes da experimentação sobre medidas.
Segundo Nunes e Bryant (1997), em pesquisas realizadas, as crianças
utilizam a estratégia de dividir em dois pedaços, dando muita importância à metade.
Seu raciocínio dá significado à metade. O que não seria o caso desses alunos que
deveriam partir não somente em metades. No meu ponto de vista, estes deveriam
ter muita clareza de que há pedacinhos maiores e menores que a metade.
Fernanda e Daniel
Figura 1: 60cm² e Figura 2: 63cm² - contaram todos os inteiros. As partes
também foram contadas como quadradinhos inteiros, depois dividiram por dois e
somaram aos inteiros.
Gabriel B e Cassiana
Figura 1: 56cm² e Figura 2: não tinham calculado na hora da apresentação,
pois demoraram muito para aproximar a área da figura 1. Fizeram ao redor da figura
1 um retângulo de 8cm por 9cm, o que daria 72cm², mas eles estavam na dúvida
sobre o procedimento posterior. Então, questionei-os sobre os quadradinhos não
coloridos, se faziam ou não parte da área daquela figura. Disseram que não, então
136
perguntei o que deveriam fazer nesse caso. A Cassiana respondeu que deveriam
descontar aqueles quadradinhos em branco, dos 72. Assim, explicaram aos colegas
que deveriam tirar os aproximadamente 16 quadradinhos em branco. Então, fizeram:
8 x 9 = 72
72 – 16 = 56 quadradinhos = 56cm²
Depois dessas apresentações, em função da grande diferença de área entre
o grupo da Bruna e os demais grupos, juntei todos e contamos novamente, em
conjunto, o que seria a área aproximada de cada uma das figuras. Comentei que a
diferença é normal, pode ocorrer, pois estamos aproximando valores. “Ninguém deu
um valor exato, mas uma diferença muito grande em relação aos outros grupos
deveria ser verificada.”
Continuando, questionei-os sobre o perímetro e muitas foram as sugestões
para encontrar o perímetro de cada figura. Alguns diziam que deveríamos dividir a
área por quatro, outros diziam que deveríamos contar os lados da parte exterior dos
quadradinhos do contorno. Verificou-se que a ideia de perímetro está atrelada à
ideia de cálculo. Sobre como encontrar o perímetro, solicitei que pensassem, como
tarefa de casa: “Qual a forma mais adequada para encontrar o perímetro das duas
figuras?”
Gostei da atividade anterior, pois eles tiveram que descobrir maneiras de
calcular a área de regiões diferentes de retângulos ou quadrados, mas acredito que
teria sido suficiente fazer a atividade com uma figura somente.
Partindo das duas figuras criadas, comentei com os alunos sobre plantas de
casas, mapas de cidades e município como o nosso. Perguntei se seria possível
transferir para um papel o espaço ocupado por nosso município, prontamente o
Charles respondeu:
- Claro que é, se até tem mapa do Brasil!
Percebi nessa resposta a segurança em relação à logicidade das medidas e
transitividade, verificada em todos os alunos muito claramente, pois se Travesseiro
faz parte do Brasil, é menor que o Brasil. Então, se é possível obter um mapa do
Brasil, que é grande, é possível obter um mapa de Travesseiro, que é muito menor
que o Brasil.
A inclusão também está clara, pois se um grupo faz parte de outro, esse é
menor ou no máximo igual ao outro.
137
Atividade em grupos, que serão formados por três alunos, escolhidos pela
professora. Cada grupo receberá:
* um mapa do Município de Travesseiro com escala 1cm – 50000 cm (A professora
inicialmente pede e se necessário, explica que cada centímetro do mapa corresponde a
50.000 cm, ou seja, 500m ou 0,5 km de terras. Então cada 4 quadradinhos correspondem a
1 km quadrado.);
* uma malha quadriculada, onde cada quadradinho terá um centímetro quadrado.
Grupo 1: 81km²
Grupo 2: 87km²
Grupo 3: 79km²
Grupo 4: 80km²
Grupo 5: 85km²
A atividade foi proposta com o objetivo de aplicar o que havia sido trabalhado,
principalmente para diferenciar área de perímetro.
4.3.5 Avaliação
13%
ERRO DE 2mm
2 – Meça a sua classe, faça um desenho, diga qual o valor do perímetro e da área.
Escreva os cálculos que indicam cada valor.
33%
67% 33%
CÁLCULO E RESULTADO CORRETOS
CÁLCULO CORRETO E
53% RESULTADO ERRADO
4 – Ana trouxe um carretel de linha contendo 92m de linha. Paulo trouxe um carretel
onde dizia: 9200cm. Lúcia trouxe outro onde dizia 100 jardas. Em qual dos carretéis
tinha mais linha? Justifique.
Lembrete: 1 jarda = 0,9144m
Dez alunos perceberam com ou sem cálculo que 92m = 9200cm, dizendo que
Ana e Paulo tinham a mesma quantidade de linha. Desses, sete acertaram a
145
33%
92M = 9200CM > 100 JARDAS
TOTALMENTE CORRETO
47%
92M = 9200CM < 100 JARDAS
PARCIALMENTE CORRETO
TOTALMENTE ERRADO
20%
5 – Pedro tem 52m de tela. Ele quer fazer uma horta retangular ou quadrada e
cercá-la com essa tela sem que falte, ou sobrem mais do que 5m da tela. Ajude-o
dando pelo menos três sugestões.
40%
60% ACERTARAM
ERRARAM
27%
ACERTARAM
ERRARAM
73%
Cada uma das atividades foi elaborada com objetivos que estivessem de
acordo com a proposta, mas enquanto algumas atingiram plenamente o que era
esperado, outras não apresentaram o resultado que se pretendia alcançar.
No início do trabalho, quando os alunos mediram e criaram unidades próprias,
o objetivo enunciado sobre a percepção do aluno em relação à importância de se
criar uma unidade padrão entre eles para medir comprimentos foi totalmente
alcançado. Percebia-se a angústia dos alunos depois de terem criado suas
unidades, na primeira atividade, e as unidades da turma, num momento seguinte.
Foi um problema a ser resolvido: que outras pessoas entendessem as unidades de
medida que eles estavam utilizando, ou, então, conseguir transmitir a quem quiser
que fosse a quantidade exata de material necessário. Ficou claro para eles que era
necessária uma conversão das medidas. Era necessário converter a unidade padrão
que haviam criado para uma unidade utilizada na nossa cultura, conseguindo, assim,
solicitar o material necessário às outras pessoas.
A representação de partes da unidade também foi construída pelos alunos a
partir da necessidade, pois nas medições realizadas chegavam a um ponto em que
não era possível utilizar a unidade inteira, mas uma parte dela. Então, decidiram
utilizar outra unidade que representasse uma parte da unidade padrão. Fizeram uso
do conhecimento sobre frações e números decimais, dividindo cada unidade em
partes iguais.
Durante o desenvolvimento das atividades, foi evidenciado o uso de muitos
teoremas-em-ação. Aqueles que foram verbalizados pelos alunos foram discutidos e
melhorados de forma que pudessem auxiliar na construção dos conceitos de
medida.
Da mesma forma como os teoremas-em-ação apresentados pelos alunos
envolvidos enriqueceram o trabalho, a experimentação acrescentou muito à sua
aprendizagem, pois muitas descobertas interessantes surgiram a partir da mesma.
Na realização da atividade em que cada grupo teve que criar sua própria
unidade de medida, não foi possível comparar os valores encontrados pelos grupos,
pois cada um tinha sua unidade e correspondente quantidade de unidades para as
paredes e janelas. Mas, durante os comentários sobre as medições realizadas,
alguns alunos concluíram que “quanto mais próximo o comprimento das unidades,
mais próximo seria o resultado das medições realizadas com essas unidades”.
150
proporcionalidade 30, que foi determinante na realização das conversões. Assim, não
foi necessário utilizar regras ou decorar fórmulas para resolver situações envolvendo
conversões de medidas. Partiram da relação de proporcionalidade “se um palmo
31
mede 18cm , então 2 palmos medem 36cm” e assim por diante. As conversões de
palmos em centímetros contribuíram para que as conversões de outras unidades
fossem realizadas analogamente, como: “se o dedinho é a metade do dedo, sua
medida também será a metade da medida do dedo”; “se uma polegada possui
aproximadamente 2,5cm, duas polegadas possuem 5cm”; “se 10m são 1000cm,
então temos a relação 15m = 10m + 5m = 1000cm + 500cm = 1500cm”.
32
Os objetivos propostos em relação à conversão de medidas também foram
alcançados, como verificou-se nas observações feitas durante as aulas e na tarefa
avaliativa. Utilizavam a proporcionalidade e a multiplicação, mas o importante é que
compreenderam que a multiplicação é a operação mais adequada para converter
unidades de medidas.
A utilização da proporcionalidade auxiliou na resolução de várias situações e
produziu resultados satisfatórios. Além disso, propiciou que cada aluno percebesse
o motivo pelo qual se multiplica. Depois de terem efetuado o cálculo de várias
situações pela proporção, perceberam que é possível resolver uma multiplicação
diretamente. Verificaram, por exemplo, que é possível encontrar o valor em
centímetros de 30 palmos, resolvendo o produto: 30 x 18.
O trabalho com números decimais relacionado ao sistema métrico foi mais
simples. Numa determinada situação havia a necessidade de se transformar 70cm
em metros. Pelo raciocínio da proporcionalidade, os alunos concluíram que esses
70cm não chegariam a formar um metro, pois um metro teria 100cm. Logo,
concluíram que não formariam um metro, e que esse comprimento se representaria
por 0,70m.
Avalio positivamente a utilização dessa estrutura multiplicativa33 para resolver
situações que exigem conversões. Hoje, em série mais avançada, esses mesmos
alunos utilizam a proporcionalidade para resolver situações de porcentagem.
30
Problemas de conversão podem ser considerados, segundo a classificação mencionada na seção
2.6 deste trabalho, como problemas que envolvem isomorfismo de medidas.
31
Valor estabelecido para o palmo em atividades anteriores.
32
Foram estabelecidos os seguintes objetivos em relação à conversão de medidas: saber converter a
unidade de medida criada para a unidade metro; compreender a conversão entre as unidades de
medida, a partir das estruturas multiplicativas (isomorfismo de medidas).
33
Segundo Vergnaud (1983), as estruturas multiplicativas envolvem o isomorfismo de medidas
(proporcionalidade) e a organização retangular (análise dimensional e produto de medidas).
152
Aconteceu por parte deles um entendimento de que não é preciso memorizar regras,
basta entender e internalizar para usar adequadamente certos esquemas.
A relevância dessa aprendizagem fica mais evidente quando comparada com
resultados obtidos através de pesquisa realizada anteriormente com alunos de
Ensino Médio, onde as conversões de unidades geraram muitas dúvidas e confusão.
Sabe-se, por experiência própria, que esta conversão, na escola, comumente se dá
através de memorização de fórmulas e regras, como por exemplo, deslocar a vírgula
para a direita ou para a esquerda, de acordo com a conversão que se queira
realizar. No uso desse método é preciso lembrar de todos os múltiplos e
submúltiplos do metro, além de saber escrever de forma correta o valor a ser
convertido na tabela.
Uma ideia que ficou muito clara durante as conversações com os alunos, em
função das medições realizadas, foi a “caracterização de um retângulo como
quadrilátero de lados consecutivos perpendiculares entre si”. Essa compreensão foi
evidenciada numa das explicações dadas pelos alunos para a não medição dos
quatro lados da horta, que tem o formato de um retângulo, no cálculo do perímetro.
Os alunos comentaram que não haveria necessidade de se medir os quatro lados,
somente dois “que se encostam”, pois tratava-se de um retângulo, que não é “torto”.
Interpretando essa fala, considero que referiam-se a ângulos retos. Logo, verificou-
se que tinham conhecimento de que um retângulo possui ângulos internos retos.
Verificaram que, com os lados congruentes dois a dois, teriam informações
suficientes para calcular o perímetro. A presença dessa ideia contribuiu para o
desenvolvimento de atividades relacionadas ao perímetro de figuras. Em relação ao
perímetro do quadrado e do retângulo, pôde-se observar que era possível encontrá-
lo através de cálculo de várias maneiras, fazendo-se um jogo com os números que
identificavam as medidas dos lados. No caso do quadrado, bastaria conhecer a
medida de um dos lados. Já no retângulo, a medida de dois lados consecutivos.
Com muita espontaneidade, a soma desses quatro lados que definiria o perímetro
foi realizada através de um arranjo de números e operações, utilizando-se adição e
multiplicação e suas propriedades, como a comutatividade, associatividade e
distributividade.
A partir dessas figuras, quadrado e retângulo, partiu-se para o triângulo e foi
criado um modelo para o cálculo do perímetro quando o triângulo possui lados com
medidas iguais ou diferentes.
153
Verificou-se clareza por parte dos alunos para encontrar o perímetro nas figuras
anteriormente citadas, principalmente no quadrado e retângulo. Mas, quando o
assunto passou a ser um círculo, a discussão foi extensa e a solução demorou para
aparecer. A obtenção desse perímetro, para os alunos, era uma situação-problema
complicadíssima a ser resolvida. Considero que a dificuldade estava em não se
poder escrever esse perímetro como resultado de um cálculo, como nos casos
anteriores. Os alunos tentaram de muitas maneiras, mas o que parecia óbvio estava
distante. Eles não conseguiam desprender-se do cálculo e da transformação dos
lados em segmentos de retas. Buscavam linearizar o círculo, talvez pela
familiaridade com as linhas retas e pelo uso intenso de réguas rígidas durante toda
vida escolar. A pergunta que ficou é: por que depois de terem falado tanto em
“contorno”, “ao redor”, demorou até que alguém sugerisse medir o contorno do
canteiro circular para obter o resultado?
Analisando as atividades realizadas nesse sentido, acredito que a maneira como
foram conduzidas podem ter levado à ideia de perímetro como resultado de um
cálculo. Falou-se muito dos lados do quadrado, retângulo e triângulo e a partir deles
escreveu-se o cálculo do perímetro. Mas, quando passamos para o círculo e figuras
irregulares, tínhamos que falar do contorno, pois não estávamos mais tratando com
segmentos de reta.
Em relação às atividades envolvendo área e comparação de áreas, podemos
caracterizá-las como positivas. A arte de pensar e encontrar caminhos para
descobrir semelhanças e diferenças foi bastante explorada. Na atividade de
comparação de partes do quadrado, foi nítido o interesse dos alunos em decifrar
cada característica das figuras e encontrar uma solução que pudesse ser justificada.
Mostraram entusiasmo em poder explicar porque as regiões, mesmo sendo
diferentes, possuíam mesmo tamanho.
Os alunos apresentaram diferentes maneiras para representar a mesma parte
do inteiro. Em relação às figuras, mostraram e provaram a partir de recortes que “o
quadrado pode ser decomposto em dois triângulos iguais. Que esse mesmo
quadrado pode ser decomposto em dois retângulos iguais ou quatro quadrados
iguais”.
Na mesma atividade, percebeu-se uma progressiva abstração dos desenhos,
pois no início sentiam a necessidade de recortar e sobrepor as figuras, o que foi
dando lugar à análise e ao raciocínio. A divisão do quadrado em duas e quatro
154
partes foi decisiva para que ocorresse uma análise numérica. Nas conclusões
relatadas observaram que, dividindo-se um quadrado em quatro partes iguais, cada
parte seria equivalente a um quarto de todo o quadrado, independente da forma que
a figura teria. A mesma ideia foi levada para a divisão em duas partes. A partir
dessas conclusões, conseguiram verificar que um triângulo, um quadrado e um
retângulo de lados distintos podem ter a mesma área. Logo, perceberam que figuras
diferentes podem ter áreas iguais. Compararam triângulos, retângulos e quadrados,
partes de um mesmo retângulo e foram capazes de dizer quais dos pares de figuras
possuíam a mesma área.
Uma atividade muito proveitosa para discutir área e perímetro foi aquela em que
criaram diferentes figuras utilizando o mesmo número de quadradinhos, unidades de
área, em que haviam decomposto o retângulo inicialmente dado. No final da
atividade, ao analisá-la, os alunos perceberam que a área se mantinha e o perímetro
mudava e, assim, puderam verificar que “figuras com a mesma área podem ter
perímetros diferentes”.
A compreensão de que figuras com áreas iguais podem ter perímetros
diferentes se deu, para alguns alunos, a partir da discussão em torno do assunto.
Um dos alunos mostrou o motivo pelo qual isso estaria acontecendo. Explicou aos
demais que alguns quadradinhos poderiam estar no interior da figura, logo não se
contariam seus lados. Outros, que estariam nas laterais, de acordo com sua
posição, poderiam ter um, dois, três ou até os quatro lados contados para obter-se o
perímetro da figura.
Nessas primeiras atividades envolvendo área e perímetro, os alunos pareciam
diferenciar as duas propriedades de modo adequado. Mas, quando trabalhou-se a
área numericamente, realizando cálculos, surgiram as dúvidas e confusões em
relação a ambos. Houve grande dificuldade por parte dos alunos em trabalhar com a
área sem considerar o valor do perímetro. Durante a experimentação de toda
sequência didática, diferenciar área de perímetro foi a maior dificuldade apresentada
pelos alunos, e até o final essa dificuldade não havia sido resolvida para alguns.
Avalio que a maneira como foram abordados esses conceitos, perímetro e área,
contribuiu para gerar esse impasse. Utilizei a malha quadriculada como apoio para
que visualizassem melhor as figuras trabalhadas, não percebendo que isso poderia
levá-los a contar os quadradinhos do contorno quando era solicitado que
calculassem o perímetro. Para alguns, a malha quadriculada, além de apoio para o
155
desenho, acabou sendo usada como instrumento de medida. Esses alunos usaram
o mesmo instrumento (malha quadriculada) para medir as duas grandezas – área e
perímetro – o que dificultou a diferenciação entre ambos. Essa confusão ficou
evidente quando foi solicitado o cálculo da área da horta e muitos quiseram
considerar os lados dos quadradinhos ao invés de simplesmente contá-los.
Observo que as próprias sugestões trazidas pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais para o segundo ciclo, que inclui a quarta série, contribuem para essa
confusão quando listam entre os conteúdos conceituais e procedimentais da
Matemática:
Cálculo de perímetro e de área de figuras desenhadas em malhas
quadriculadas e comparação de perímetros e áreas de duas figuras sem o
uso de fórmulas (BRASIL. MEC, 1997, p. 90, grifo nosso).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
Corresponde ao 6º ano do Ensino Fundamental de 9 anos.
160
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORI, I.; ONAGA, D.S. Matemática: Ideias e Desafios, 5ª série. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Tradução de Ivette Braga. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2002.
______. Fala, mestre. Nova Escola, São Paulo, ano XXIII, n. 215, p. 32-36, 2008a.
Entrevista concedida a Gabriel P. Grossi.
7 APÊNDICES
166
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
AUTORIZAÇÃO
_______________________ _______________________
Viviane Raquel Backendorf Responsável pelo aluno
Professora – pesquisadora
_______________________
Nome do(a) aluno(a)
167
AULA 01
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• utilize sua criatividade para medir comprimentos sem utilizar instrumento conhecido;
• compare grandezas;
• perceba a importância de se criar uma unidade padrão para medir comprimentos;
• busque formas de representar partes da unidade, que aparecem no processo de medição de
determinados comprimentos;
• expresse numericamente o resultado da comparação de grandezas;
• consiga trabalhar em grupo a fim de trocar ideias a partir da situação recebida;
PROCEDIMENTO:
1 – Formação de 5 grupos com três elementos em cada grupo. A escolha dos integrantes do grupo
será feita por sorteio.
3 – Cada grupo deverá encontrar uma forma de medir os dois itens sem utilização de qualquer
instrumento, somente o corpo. Utilizarão lápis e papel para registrar.
AULA 02
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• perceba a importância de se criar uma unidade padrão para medir comprimentos;
• busque formas de representar partes da unidade que aparecem no processo de medição de
determinados comprimentos;
• compreenda a existência do Sistema Internacional de Medidas;
• saiba determinar parte da unidade e parte da parte da unidade padrão criada;
• saiba converter a unidade de medida criada na unidade metro;
• compreenda a conversão entre as unidades de medida, a partir das estruturas multiplicativas
(isomorfismo de medidas);
• utilize seus conhecimentos sobre frações para encontrar as partes da unidade e partes da
parte da unidade de medida escolhida;
• pesquise, informe-se sobre outras medidas, bem como sobre o Sistema Internacional de
Medidas;
169
• utilize as informações obtidas através dos pais e familiares para aprimorar seus
conhecimentos.
PROCEDIMENTO:
1 – Criar uma unidade de medida única na turma e fazer nova medição. Decidido qual unidade adotar,
transferir em uma cartolina a unidade para que possa ser utilizada por todos os grupos.
* Que unidade vamos criar para a turma?
* Vamos utilizar uma unidade já utilizada por algum grupo ou vamos criar uma diferente de
todas as criadas pelos grupos?
* Como vamos chamá-la?
AULA 03
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• perceba a quantidade de unidades de medida existentes e a importância de se criar uma
unidade padrão internacional para facilitar o trabalho com medidas;
• utilize adequadamente a tecnologia disponível para pesquisar e apresentar de forma coerente
aos demais colegas o trabalho realizado;
171
• trabalhe cooperativamente com os colegas, a fim de criar, sintetizar e elaborar material que
possa acrescentar novos conhecimentos ao grupo.
PROCEDIMENTO:
1 – Formação de grupos com 3 pessoas em cada, a critério dos alunos. Pesquisa em livros dados pela
professora e na Internet sobre medidas de comprimentos.
2 – Cada grupo deverá criar 3 slides em Power Point, que tratem das unidades de medida de
comprimento existentes, da história das medidas e o surgimento do metro, bem como seus múltiplos e
submúltiplos, utilizando o material pesquisado e a entrevista realizada com os pais.
3 – Análise da atividade:
A professora retoma os assuntos pesquisados, dando ênfase à história do metro.
AULA 04
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• reconheça as várias unidades de medida de comprimento conhecidas e utilizadas;
• consiga realizar as conversões de unidades utilizando a proporcionalidade;
• saiba trabalhar com várias unidades de medida;
• saiba escolher a unidade que melhor represente as grandezas que foram medidas;
172
PROCEDIMENTO:
3 – Preencher o quadro:
A turma será dividida em grupos de três pessoas onde cada grupo deverá com a utilização de
trena e régua, observar as unidades que estão nesses instrumentos e concluir:
5 – Juntos, criar uma tabela sobre as unidades de medida criadas e o sistema métrico:
173
6 – Atividade em grupos de 3 componentes cada, cuja seleção será feita por sorteio.
* Cada grupo recebe a seguinte tabela para preencher:
METRO 1 4 2,5 15
CENTÍMETRO 100 1000 70
MILÍMETRO 1000 500
AULA 05
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• compreenda a existência das várias unidades de medida de comprimentos e relação existente
entre elas;
• utilize a idéia da proporcionalidade para converter unidades;
• resolva situações do cotidiano, comparando e transformando unidades de medida.
PROCEDIMENTO:
a) O quadro negro de nossa sala mede 410 cm e o quadro da sala ao lado mede 3,85 m. Qual dos quadros é maior?
Mostre por quê.
b) Bernardo quis comprar um carretel de linha para construir uma pipa, mas ficou na dúvida se era suficiente, pois ele
precisava de 10 m no mínimo, e no carretel dizia 100.000 mm.
c) A professora de Artes precisa de 50 cm de barbante por aluno para realizar uma atividade. Como na Escola há
exatamente 140 alunos, quantos novelos de barbante serão necessários, sabendo que cada novelo possui 10m de
barbante?
d) Quantos degraus possui a escada que leva do 1º andar de nossa Escola à sala da 4ª A? Qual a altura de cada um
deles? O que nos dizem essas medidas?
e) Uma parede mede 6 metros e 15 centímetros, qual a medida em metros, centímetros e milímetros?
f) A largura de uma porta é 90 cm, qual sua largura em metros e milímetros?
g) O comprimento da quadra de esportes que está sendo coberta é de 36 metros, qual o comprimento em cm e mm? É útil
ou necessário fazer essa transformação? Justifique.
6 – Tarefa de casa:
* Qual a distância de sua casa até a Escola?
AULA 06
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• resolva situações do cotidiano, comparando e convertendo unidades de medida.
176
PROCEDIMENTO:
AULA 07
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• analise a situação e utilize os valores e unidades adequadas de acordo com a situação
proposta;
• estime valores aproximados para cada situação.
PROCEDIMENTO:
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Pretto, escola de turno integral, acolhe crianças
de todas as localidades do Município. Em 2008 estão matriculados ......... alunos, provenientes das ........
localidades. A grande maioria utiliza transporte escolar. Para fazer uso do mesmo é necessário morar a pelo
menos .................... de distância da Escola. Os alunos que percorrem a maior distância são da localidade de
Barra do Fão e percorrem ................. diariamente.
A Escola possui uma área construída de ............... Para cercar toda a Escola são necessários
................... de tela, enquanto que para cercar a horta da Escola são necessários ..................... de tela.
A Escola está bem equipada tecnologicamente. Recentemente foi instalado um telecentro com
.......... computadores, cujo monitor é de ............................. o que significa que a diagonal da tela possui essa
medida, que corresponde a ............... centímetros. Há também ........... televisores de ..............................., cuja
diagonal da tela possui essa medida, o que corresponde a ............. cm, e um televisor de
.................................. que corresponde a ............cm.
Um dos materiais utilizados por todos os alunos é o lápis, mas a maioria possui lapiseira, cuja grafite
possui espessura de ..................... ou de ....................., pois esta não quebra com tanta facilidade.
Quanto aos cadernos, alguns possuem caderno grande, cujas medidas são .................. de largura,
que equivale a ..............................., e ..................... de altura, que equivale a ................................ Já os
cadernos pequenos possuem ................. de largura, que equivale a ..............................., e ...........................
de altura, que equivale a ...............................
AULA 08
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• compreenda que a soma dos lados de um polígono é o perímetro desse polígono;
178
• reconheça que o perímetro pode ser calculado de forma diferente dependendo do polígono em
questão;
• perceba que polígonos diferentes podem ter mesmo perímetro.
PROCEDIMENTO:
3 – Perímetro do Retângulo:
* Como podemos escrever essa soma dos lados da horta?
Esperamos que os alunos, através da atividade realizada consigam concluir como chegamos ao cálculo
do perímetro do retângulo:
P=a+b+a+b P=a+a+b+bP=2xa+2xb
a) Quantos metros de tela que cercava a cancha, havia antes de ser coberta, sabendo que é um retângulo, cujos lados
medem 36m e 26,50m.
b) Que retângulos poderíamos cercar utilizando a tela que foi retirada? Será possível cercar a horta da Escola? Falta,
sobra, justifique.
c) Suponhamos que se queira trocar o rodapé das 5 salas do 2º piso da Escola, mas será colocado rodapé de cerâmica e
não de madeira. Cada barra de cerâmica mede 40 cm, quantas barras de cerâmica serão necessárias?
d) Qual será o perímetro da quadra coberta?
e) Temos abaixo a planta baixa de uma casa, na qual pretende-se colocar rodaforro de gesso e rodapé de madeira. Que
quantidade em metros e centímetros de cada material será necessário?
AULA 09
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• perceba que diferentes regiões podem possuir áreas iguais;
• compreenda que figuras com perímetros diferentes podem ter mesma área;
• defina área de uma figura.
180
PROCEDIMENTO:
1 – Atividade individual:
* Quais das figuras abaixo possuem região colorida do mesmo tamanho? Justifique.
Cada aluno receberá a atividade, cujas figuras deverá observar e concluir quais possuem
região colorida de mesmo tamanho e o por quê disso. Pode sobrepor as figuras, importante é que
compare os triângulos, quadrados e retângulos que estão no quadrado inicial que é o mesmo em todas
as situações.
2 – Discussão da atividade:
* Quais são as figuras que possuem a região colorida de mesmo tamanho? Por quê?
* De que forma podemos mostrar isso?
1 – A partir do retângulo abaixo, recorte outras figuras em papel quadriculado que possuam a
mesma quantidade de quadradinhos:
5 – Atividade para diferenciar área de perímetro. Com essa questão que será realizada em duplas
queremos que os alunos consigam diferenciar área de perímetro.
Muitos animais como gatos, aves e cachorros invadem a horta da Escola, portanto pensou-se que a
melhor solução para evitar essas visitas seria cobrir toda horta com uma tela. Isso será possível?
Qual a quantidade de tela necessária?
8 – Definição de área:
Em conjunto, a partir das atividades realizadas definir a área de uma figura.
* Como podemos encontrar a área comparando com outra figura que tomamos como unidade?
AULA 10
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• perceba a diferença entre perímetro e área;
• consiga relacionar superfície e área;
• construa o metro quadrado.
183
PROCEDIMENTO:
2 – Verificação da área da sala de aula – a turma será dividida em três grupos de livre escolha, onde
cada grupo deverá construir o instrumento de medida, que será o metro quadrado de jornal.
AULA 11
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• calcule o perímetro e área aproximada de figuras sobrepostas em malhas quadriculadas;
• encontre formas de aproximar perímetro e área de regiões irregulares;
• utilize procedimentos e instrumentos de medidas para obter precisão no resultado;
• compreenda que é possível obter a área de qualquer região mesmo aproximada.
PROCEDIMENTO:
(Será aproveitado o momento para discutir as áreas de terras, localidades, municípios, cujos terrenos
não formam figuras planas regulares como quadrados, retângulos,...,fazendo-se necessário, portanto,
as aproximações.)
3 – Atividade em grupos, que serão formados por três alunos, escolhidos pela professora. Cada grupo
receberá:
* um mapa do Município de Travesseiro com escala 1cm – 50000 cm (A professora
inicialmente pede e se necessário, explica que cada centímetro do mapa corresponde a 50.000 cm, ou
seja, 500m ou 0,5 km de terras. Então cada 4 quadradinhos correspondem a 1 km quadrado.);
* uma malha quadriculada, onde cada quadradinho terá um centímetro quadrado.
Na atividade 1 e 3, acredita-se que os alunos irão medir o quadro e as salas, mas no caso de
alguém solicitar a planta da Escola, essa será fornecida.
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AULA 12
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• calcule perímetro e área de figuras sobrepostas em malhas quadriculadas;
• encontre formas de calcular perímetro e área de regiões irregulares;
• utilize procedimentos e instrumentos de medidas para obter precisão no resultado;
• pesquise e perceba a importância de obter resultados precisos;
• compreenda que é possível obter a área de qualquer região mesmo aproximada.
PROCEDIMENTO:
AULA 13
OBJETIVOS:
Que o aluno:
• saiba medir, utilizando os instrumentos como régua e trena;
• consiga diferenciar área de perímetro;
• encontre o perímetro e a área;
• converta medidas de uma unidade para outra.
PROCEDIMENTO:
1 – Avaliação
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NOME:................................................................................SÉRIE:..........DATA:..............................
ATIVIDADES DE AVALIAÇÃO
2 – Meça a sua classe, faça um desenho, diga qual o valor do perímetro e da área. Escreva os cálculos
que indicam cada valor.
3 – Uma pessoa mediu o comprimento de um corredor com passos. Cada passo media 60cm. Se a
pessoa contou 25 passos e meio, qual a medida em metros e centímetros do corredor?
4 – Ana trouxe um carretel de linha contendo 92m de linha. Paulo trouxe um carretel onde dizia:
9200cm. Lúcia trouxe outro onde dizia 100 jardas. Em qual dos carretéis tinha mais linha? Justifique.
Lembrete: 1 jarda = 0,9144m
5 – Pedro tem 52m de tela. Ele quer fazer uma horta retangular ou quadrada e cercá-la com essa tela
sem que falte, ou sobrem mais do que 5m da tela. Ajude-o dando pelo menos três sugestões.