6159 Publicação 41603 2 10 20200411
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DOI:10.17765/2176-9168.2020v13n2p797-817
INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
dos agentes públicos. O lançamento direto dos dejetos, sem o devido tratamento nos
cursos d’água, acarreta desequilíbrios ecológicos e poluição da água, disseminação
de patógenos e contaminação das águas potáveis (SERPA FILHO et al., 2013).
A produção de suínos pode acarretar poluição do tipo olfativa, associada ao
problema do odor desagradável dos dejetos, devido à evaporação de determinados
compostos que causam prejuízo ao bem-estar humano e animal. Dentre as técnicas
de tratamento, o manejo dos dejetos pode ser realizado pelos seguintes processos
que visam o armazenamento e tratamento (SERPA FILHO et al., 2013; DIAS et al.,
2016): lagoas de decantação, esterquias, bioesterquias, biodigestores, compostagem
e cama sobreposta.
O biodigestor é uma técnica que pode ser utilizada desde os pequenos até
os grandes produtores (COLATO; LANGER, 2011) por se tratar de uma ferramenta
que além de ajudar na mitigação de emissão dos GEEs, gera o biogás, o biofertilizante
e ainda reduz a poluição que é despejada nos recursos hídricos (BONTURI; DIJK,
2012).
O efluente final, denominado de biofertilizante, resultante do processo
de fermentação anaeróbia, é fator de agregação de valor às propriedades rurais.
Segundo Fornari (2002), o biofertilizante possui teores de nutrientes iguais e até
maiores que o do material original. Silva et al. (2012) indicam que os constituintes
desses efluentes são produtos que podem aumentar a fertilidade dos solos por
conterem nutrientes essenciais às plantas, em virtude da matéria orgânica que lhe é
adicionada, com a consequente formação de húmus.
Ainda de acordo com os mesmos autores, o biofertilizante apresenta uma
série de substâncias que podem alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas
do solo, afetando, em geral, o desenvolvimento das plantas.
Para Haack (2009), o biofertilizante é tido como fertilizante nobre, uma vez
que é caracterizado por apresentar teores médios de macronutrientes como 1,5 a
2,0% de nitrogênio (N), 1,0 a 1,5% de fósforo (P) e 0,5 a 1,0% de potássio (K).
O autor defende que o uso do biofertilizante tem potencial para substituir total
ou parcialmente os fertilizantes sintéticos. A literatura indica vários estudos que
demostram a eficiência de biofertilizante, principalmente aqueles que tratam para
fins agronômicos (MOREIRA et al., 2015; MUFATTO et al., 2016; SEDIYAMA et al.,
2014; VILLELA JUNIOR; ARAÚJO; FACTOR, 2003).
2.2.2 Compostagem
3 DISCUSSÃO
animais, de acordo com estudos realizados por Oliveira (2011), produzem um maior
volume de dejetos por dia. Zanin, Baragantini e Pessatto (2010) observaram que em
um período de 5 anos e 9 meses o investidor já consegue recuperar o valor de R$
634.898,00 investido na implementação do biodigestor na sua propriedade, o que
torna o processo viável para produtores de médio e grande porte. A compostagem,
além de ser uma técnica de fácil manejo, apresenta do ponto de vista econômico
a vantagem de apresentar um baixo custo de implantação, porém sua utilização
é limitada para o tratamento de dejetos com pouca matéria úmida, tornando-a
inviável para o tratamento de dejetos de suínos, sendo indicada principalmente para
tratamento de dejetos de aves. Esse método também apresenta como ponto positivo
uma boa estabilização do material e conservação dos nutrientes.
Eyerkaufe e Brito (2011) chegaram a um valor de implantação de um
modelo de compostagem de R$ 107.937,35, valor muito inferior ao encontrado para
implantação de um biodigestor. Essa diferença de valores de investimento inicial faz
com que muitas vezes os pequenos produtores adotem o sistema de compostagem
como método de tratamento de resíduos na propriedade.
Porém, do ponto de vista ambiental e geração de créditos de carbono,
utilizando a técnica de biodigestores o produtor contribuirá com o meio ambiente e
ganhará créditos que poderão ser negociados no mercado internacional, conforme
o protocolo de Kyoto (PEREIRA, 2005). Com a venda de créditos de carbono, o
produtor poderá aumentar sua renda final anual, tornando a utilização de técnicas
de biodigestores mais interessante em relação à técnica de compostagem.
O Quadro 1 mostra um comparativo entre essas duas técnicas mais
comumente aplicadas entre os produtores rurais no Brasil, indicando quais são
mais recomendadas do ponto de vista econômico e ambiental, sendo possível notar
que tanto em relação à geração de renda como no quesito ambiental, a técnica de
biodigestores é mais recomendada.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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