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Direitos Fundamentais No Estado Mocambicano

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Direito

Coordenação do Curso de Direito

Cadeira : Direitos Fundamentais

2º Ano 2023

TEMA: DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO MOÇAMBICANO

O Tutor:

Discente:

 Renato Dúlcio da Fonseca Hate

Maputo, Maio de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

2º ANO

NOME DO ACADÊMICO:

RENATO DÚLCIO DA FONSECA HATE

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO MOÇAMBICANO

MAPUTO, MAIO DE 2023


ÍNDICE

1.Introdução .................................................................................................................................... 4
1.1 Objectivos ................................................................................................................................ 5
1.2.Metodologia .............................................................................................................................. 6
1.3.Contextualização ...................................................................................................................... 7
1.3.1.Tipos de Direitos fundamentais no Estado Moçambicano .................................................... 8
1.4.Interpretação dos direitos fundamentais . ............................................................................... 13
1.5.Diferença entre os direitos . .................................................................................................... 13
1.6.Categorias de direitos fundamentais quanto aos sujeito. ........................................................ 13
2.Considerações Finais ................................................................................................................. 14
3.Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 15
1.INTRODUÇÃO

A Constituição Moçambicana atribui os direitos fundamentais a todos os cidadãos perante a lei, e


todos gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres. Falar de Direitos
fundamentais em Moçambique significa rebuscar inúmeros aspectos da história de um País do
século XX e, tentar condensá-los para justificar o conceito,sendo assim, não se mostra tarefa fácil
e muito menos algo que possa ser esgotado numa reflexão apenas, contudo, a necessidade de fazer
este trabalho e tentar entender a real essência de direitos Fundamentais em Moçambique,
devido aos conturbados momentos que marcam o quotidiano moçambicano.

Assim sendo, o presente trabalho de campo, é sobre OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA


CONSTITUIÇÃO MOÇAMBICANA.

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1.1.OBJECTIVOS

Geral

 Analisar de um modo geral as diferentes concepções dos direitos fundamentais de


Moçambique

Específicos

 Falar dos Direitos fundamentais;


 Descrever os tipos de direitos Fundamentais.

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1.2.METODOLOGIA

Enquanto procedimento, este trabalho realizou-se por meio de observação indirecta e indutiva,
porque foi partindo de uma análise documental e do seu respectivo conteúdo que se obteve um
parecer, um ponto de vista generalizado sobre o tema em causa.

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1.3.CONTEXTUALIZAÇÃO

O estabelecimento de direitos fundamentais do cidadão, bem como de um modelo jurídico-


constitucional destinado a proteger-lhes de qualquer violação, constitui-se em aparato essencial
para que se estabeleça a convivência pacífica e, quiçá, duradoura entre partes que compõem o
tecido social, nesta análise propositadamente resumida ao homem comum e ao Estado. Daí, pois,
a importância de se verificar com acuidade tal questão.

A Constituição Moçambicana atribui os direitos fundamentais a todos os cidadãos perante a lei,


todos gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres. O artigo 35º e seguintes
da CRM enumeram princípios e uma série de direitos, deveres e liberdades consignados na “lei-
mãe” do país. Refere ainda que: “...os direitos fundamentais consagrados na Constituição não
excluem quaisquer outros constantes das leis” (CRM, 2004). Isto para dizer que todos os assuntos
sobre os direitos fundamentais não se esgotam apenas na Constituição, existindo outros
instrumentos legais ou leis que de forma específica nos remetem à sua consulta e apreciação. Ou
seja, a fonte de reconhecimento dos direitos humanos em si não é, apenas, a Constituição mas
também a Lei ordinária.

Segundo MENDES, “direitos fundamentais são direitos de defesa que se destinam a proteger
determinadas posições subjectivas contra a intervenção do poder público”. Ainda nesta mesma
linha de pensamento, o autor diz que “os direitos fundamentais do homem são situações jurídicas
objectivas e subjectivas definidas no direito positivo em prol da dignidade, igualdade e liberdade
da pessoa Humana.

Direitos fundamentais e Deveres fundamentais são situações jurídicas ou adscrição de


comportamentos impostas constitucionalmente às pessoas, aos membros da comunidade política.
São deveres que o homem tem perante o Estado, ou perante outros homens enquanto cidadão e
que derivam do seu estatuto básico, a Constituição, em conformidade com os princípios que a
enformam.

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1.3.1.TIPOS DE DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO MOÇAMBICANO

Assim, as atribuições dos direitos fundamentais na CRM encontram-se dispostos em:

 Princípio da Universalidade

Os arguidos gozam da presunção de inocência até decisão judicial definitiva. Nenhum cidadão
pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo crime, nem ser punido com pena não
prevista na lei ou com pena mais grave do que a estabelecida na lei no momento da prática da
infracção criminal

Este é o primeiro comum a quaisquer direitos fundamentais. Todos quanto fazem parte da
comunidade política são titulares dos direitos e deveres aí consagrados. Portanto, este princípio diz
respeito aos destinatários das normas.

 Princípio da Igualdade

Neste princípio, todos têm os mesmos direitos e deveres, e diz respeito ao conteúdo do princípio
da universalidade

 Direito à liberdade e à segurança

Na República de Moçambique, todos têm direito à segurança, e ninguém pode ser preso e
submetido a julgamento senão nos termos da lei (Art.59: CRM)

Os arguidos gozam da presunção de inocência até decisão judicial definitiva.

Nenhum cidadão pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo crime, nem ser
punido com pena não prevista na lei ou com pena mais grave do que a estabelecida na lei no
momento da prática da infracção criminal

 Direito à vida

Todo o cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral e não pode ser sujeito à tortura ou
tratamentos cruéis ou desumanos. (Art. 40: CRM)

Na República de Moçambique não há pena de morte.

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 Outros direitos pessoais

Todo o cidadão tem direito à honra, ao bom nome, à reputação, à defesa da sua
imagem pública e à reserva da sua vida privada (Art. 41: CRM)

 Direitos da criança

As crianças têm direito à protecção e aos cuidados necessários ao seu bemestar.

As crianças podem exprimir livremente a sua opinião, nos assuntos que lhesdizem respeito, em
função da sua idade e maturidade.

Todos os actos relativos às crianças, quer praticados por entidades públicas, quer por instituições
privadas, têm principalmente em conta o interesse superior da criança. (Art.47:CRM)

 Direitos de antena, de resposta e de réplica política

Os partidos políticos têm o direito a tempos de antena nos serviços públicos de radiodifusão e
televisão, de acordo com a sua representatividade e segundo critérios fixados na lei.

Os partidos políticos com assento na Assembleia da República, que não façam


parte do Governo, nos termos da lei, têm o direito a tempos de antena nos serviços públicos de
radiodifusão e televisão, de acordo com a sua representatividade para o exercício do direito de
resposta e réplica política às declarações políticas do Governo.

O direito de antena é também garantido a organizações sindicais, profissionais e representativas


das actividades económicas e sociais, segundo critérios fixados na lei.

Nos períodos eleitorais, os concorrentes têm direitos a tempos de antena, regulares e equitativos
nas estações da rádio e televisão públicas, de âmbito nacional ou local, nos termos da lei. (Art.
49:CRM)

 Direito à liberdade de reunião e de manifestação

Todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação nos termos da lei.
(Art.51:CRM)

 Direito à indemnização e responsabilidade do Estado

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A todos é reconhecido o direito de exigir, nos termos da lei, indemnização pelos prejuízos que
forem causados pela violação dos seus direitos fundamentais.

O Estado é responsável pelos danos causados por actos ilegais dos seus agentes, no exercício das
suas funções, sem prejuízo do direito de regresso nos termos da lei.(Art.58:CRM).

 Direito de impugnação

O cidadão pode impugnar os actos que violam os seus direitos estabelecidos na Constituição e nas
demais leis. (Art.69:CRM).

 Direito de recorrer aos tribunais

O cidadão tem o direito de recorrer aos tribunais contra os actos que violem os seus direitos e
interesses reconhecidos pela Constituição e pela lei.( Art.70:CRM)

 Sufrágio universal

O povo moçambicano exerce o poder político através do sufrágio universal, directo, igual, secreto
e periódico para a escolha dos seus representantes, por referendo sobre as grandes questões
nacionais e pela permanente participação democrática dos cidadãos na vida da
Nação.(Art.73:CRM)

 Direito de petição, queixa e reclamação

Todos os cidadãos têm direito de apresentar petições, queixas e reclamações


perante autoridade competente para exigir o restabelecimento dos seus direitos
violados ou em defesa do interesse geral.(Art.79:CRM)

 Direito de resistência

O cidadão tem o direito de não acatar ordens ilegais ou que ofendam os seus direitos, liberdades e
garantias. (Art.80:CRM)

 Direito de acção popular

Todos os cidadãos têm, pessoalmente ou através de associações de defesa dos interesses em causa,
o direito de acção popular nos termos da lei.(Art.81:CRM)

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O direito de acção popular compreende, nomeadamente :

a) o direito de requerer para o lesado ou lesados as indemnizações a que tenham direito;

b) o direito de promover a prevenção, a cessação ou a perseguição judicial das infracções contra


a saúde pública, os direitos dos consumidores, a preservação do ambiente e o património cultural;

c) o direito de defender os bens do Estado e das autarquias locais

 Direito de propriedade

O Estado reconhece e garante o direito de propriedade (Art.82:CRM)

 Direito à herança

O Estado reconhece e garante, nos termos da lei, o direito à herança (Art.83:CRM)

 Direito ao trabalho

O trabalho constitui direito e dever de cada cidadão;


Cada cidadão tem direito à livre escolha da profissão. (Art.84:CRM)
 Direito à retribuição e segurança no emprego
Todo o trabalhador tem direito à justa remuneração, descanso, férias e à reforma nos termos da lei.

O trabalhador tem direito à protecção, segurança e higiene no trabalho.

O trabalhador só pode ser despedido nos casos e nos termos estabelecidos na lei.(Art.85:CRM)
 Direito à greve e proibição de lock-out
Os trabalhadores têm direito à greve, sendo o seu exercício regulado por lei;
A lei limita o exercício do direito à greve nos serviços e actividades essenciais,
no interesse das necessidades inadiáveis da sociedade e da segurança nacional. (Art.87:CRM)

 Direito à educação

Na República de Moçambique a educação constitui direito e dever de cada cidadão.


O Estado promove a extensão da educação à formação profissional contínua e
a igualdade de acesso de todos os cidadãos ao gozo deste direito.(Art.88:CRM)

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 Direito à saúde

Todos os cidadãos têm o direito à assistência médica e sanitária, nos termos da lei, bem como o
dever de promover e defender a saúde pública.(Art.89:CRM)

 Direito ao ambiente

Todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender;

O Estado e as autarquias locais, com a colaboração das associações de defesa do ambiente,


adoptam políticas de defesa do ambiente e velam pela utilização racional de todos os recursos
naturais.(Art.90:CRM)

 Direito a Habitação e urbanização

Todos os cidadãos têm direito à habitação condigna, sendo dever do Estado, de acordo com o
desenvolvimento económico nacional, criar as adequadas condições institucionais, normativas e
infra-estruturais.(Art.91:CRM)

 Direito dos consumidores

Os consumidores têm direito à qualidade dos bens e serviços consumidos, à formação e à


informação, à protecção da saúde, da segurança dos seus interesses económicos, bem como à
reparação de danos.

As associações de consumidores e as cooperativas têm direito, nos termos da lei, ao apoio do


Estado e a serem ouvidas sobre as questões que digam respeito à defesa dos consumidores, sendo-
lhes reconhecida legitimidade processual para a defesa dos seus associados. (Art.92:CRM)

 Direito à assistência na incapacidade e na velhice

Todos os cidadãos têm direito à assistência em caso de incapacidade e na velhice.

O Estado promove e encoraja a criação de condições para a realização deste direito. (Art.95:CRM)

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1.4.Interpretação dos direitos fundamentais

Os preceitos constitucionais relativos aos direitos fundamentais são interpretados e integrados de


harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Carta Africana dos Direitos do
Homem e dos Povos. (Art. 43: CRM)

1.5.Diferença entre os direitos

Nunca se devem confundir os direitos dos povos e os direitos do homem. Quando falamos dos
direitos dos povos estamos a falar do direito a autodeterminação, direito a paz, etc. São direitos da
colectividade bem definidos e em situações variáveis. Direito do homem refere-se ao direito à vida,
à liberdade, às convicções religiosas, direito ao trabalho, etc,

1.6.Categorias de direitos fundamentais quanto aos sujeito

Quanto aos sujeitos os direitos podem ser:

 Direitos fundamentais individuais e institucionais

Enquanto os Direitos fundamentais individuais referem-se ao direito à vida, à liberdade pessoal,


à objecção de consciência, o direito ao trabalho, direito ao ensino, etc. Os direitos fundamentais
institucionais dizem respeito por exemplo ao direito de livre organização, de confissões religiosas,
direito de antena, livre acção de associação, associações sindicais, etc.

 Direitos comuns e particulares

Por direitos comuns entende-se os direitos de todos os membros da comunidade política só por
virtude dessa qualidade, por exemplo os direitos dos cônjuges, direitos de exercício do sufrágio
universal.

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2.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os direitos fundamentais constituem a base de sustentação de uma ordem político-jurídica


minimamente organizada e viável de evolução humana. Não se pretende discutir com isso,
evidentemente, concepções religiosas ou de costumes variantes das mais diversas nações. Isso
porque o que se concebe e ao qual se filia, é o reconhecimento de direitos fundamentais da espécie
humana que exorbitam deste ou daquele país, por constituírem-se em essência própria do ser
humano.

Não basta, contudo, a compreensão de que os direitos fundamentais estão plasmados no texto
constitucional e que constituem a essência de um modelo de Estado juridicamente organizado. É
preciso que haja, na prática, mecanismos que os defendam e protejam de violação.

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3.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Legislação

Constituição da República de Moçambique, 2004, aprovado pela lei nr.1/2018 de 12 de Junho

Internet

https://www.studocu.com/pt/document/universidade-nova-de-lisboa/estudos-de-direito/trabalho-
tutorial/direitos-fundamentais-na-constituicao-mocambicana/3086862/view

https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Atribui%C3%A7%C3%A3o-Dos-Direit Fundamentais-
Na-Constitui%C3%A7%C3%A3o/38689870.html

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