Artigo Processo Penal
Artigo Processo Penal
Artigo Processo Penal
Resumo
O presente artigo visa abordar com mais clareza os pontos deste assunto que é de suma
importância no processo de julgamento pelo júri [...]
SUMMARY: The jury trial process is, by far, one of the most awaited subjects to be
addressed by professors, by law students, and even more, by lovers of criminal law. As stated
above, the preparation of the case for judgment in plenary is a matter of paramount
importance in this procedural sphere, as the initial stage of the jury process (1st stage) has
already passed here, that is, there was a sentence of pronouncement in the process that there is
no longer any appeal, thus, the preclusion occurred, and the records must be forwarded to be
judged by the Jury Court. However, to arrive on the day of the trial, it is necessary to obey
some requirements, these are listed in articles 422 to 424 of the Code of Criminal Procedure.
The points that touch these articles will be explained, in order to clarify any questions on the
subject. The topics of Pronunciation, Pronunciation and Summary Acquittal will also be
addressed, since only from one of these institutes will the second phase of the process be
started, the preparation of the process for judgment in plenary.
Como visto, para chegar na preparação para que o processo seja julgado em plenário
é necessário que tenha havido uma sentença de pronúncia, para relembrar o leitor do que se
trata a pronúncia no processo, o promotor de Justiça e Autor renomado de livros de Direito,
Renato Brasileiro de Lima leciona que:
“1. Pronúncia: a decisão de pronúncia encerra um juízo de admissibilidade da acusação de
crime doloso contra a vida, permitindo o julgamento pelo Tribunal do Júri apenas quando
houver alguma viabilidade de haver a condenação do acusado. Assim, se o juiz sumariante
estiver convencido da existência do crime e da presença de indícios suficientes de autoria ou
de participação, deve pronunciar o acusado, de maneira fundamentada. Há na pronúncia um
mero juízo de prelibação, por meio do qual o juiz admite ou rejeita a acusação, sem qualquer
valoração acerca do mérito. Julga-se admissível o ius accusationis. Restringe-se à verificação
da presença do fumus boni iuris, admitindo todas as acusações que tenham ao menos
probabilidade de procedência. Em regra, a decisão de pronuncia é proferida após a
apresentação das alegações orais pelas partes, ao final da l° fase do judicium accusationis.”
A pronúncia é tida como a “única saída” para o réu que não foi impronunciado ou
que não foi absolvido sumariamente.
Sobre a impronúncia, o artigo 414 do CPP demonstra que: “Não se convencendo da
materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o
juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.” Sabendo que as provas e indícios
servem para o convencimento do juiz, se o mesmo não estiver convicto da existência de
requisitos para que o processo seja levado adiante, cabe a ele fundamentar e impronunciar o
acusado, fazendo com que os autos voltem para o MP ou para o querelante.
Renato Brasileiro esclarece sobre a Absolvição Sumária que: “para que o acusado
seja absolvido sumariamente, é necessário um juízo de certeza. De fato, como se pode
perceber pela própria redação dos incisos do art. 415 -provada a inexistência do fato, provado
não ser ele autor ou partícipe, o fato não constituir infração penal, ou demonstrada causa de
isenção de pena ou de exclusão do crime - a absolvição sumária, por subtrair dos jurados a
competência para apreciação do crime doloso contra a vida, deve ser reservada apenas para as
situações em que não houver qualquer dúvida por parte do magistrado. Como bem esclarece
Badaró (op. cit. p. 88), "a prova, quanto à existência ou materialidade do fato, poderá gerar no
juiz três estados de convencimento. O magistrado poderá ter certeza de que o fato material
existiu, caso em que estará presente um dos requisitos da pronúncia. No caso de haver dúvida
se o fato existiu ou não, deverá impronunciar o acusado, porque não estará convencido da
materialidade do fato (CPP, art. 414, caput). Por fim, poderá o juiz ter certeza de que o fato
material não existiu, quando deverá aplicar a nova hipótese de absolvição sumária”
O artigo ora citado, tem um caráter “organizador” no processo. De acordo com ele, o
processo deve está devidamente sanado, ou seja, com todas as diligências cumpridas, provas
devidamente apresentadas, para que possa ser levado a julgamento pelo Tribunal do júri.
O caput do artigo 423 do CPP, juntamente com o inciso I expõe que:
“Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a serem produzidas ou exibidas no
plenário do júri, e adotadas as providências devidas, o juiz presidente:
I - ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que
interesse ao julgamento da causa.”
Assim, o juiz determinará que a realização de diligências requeridas pelas partes
interessadas ou mesmo determinadas de ofício pelo próprio juiz, tanto para sanar qualquer
nulidade, quanto para esclarecer qualquer fato que seja relevante para o julgamento da causa.
Neste sentido, Renato Brasileiro leciona que:
“Diante do indeferimento de diligência que não seja manifestamente irrelevante, impertinente
ou protelatória, a parte poderá impugnar a matéria em preliminar de futura e eventual
apelação. Nesse caso, diante de resultado adverso na sessão de julgamento, afigura-se cabível
apelação sob o argumento de que ocorrera nulidade após a pronúncia, consubstanciada em
cerceamento da acusação ou da defesa (CPP, art. 593, II, "a"). Proclamada a nulidade pelo
juízo ad quem, o processo terá que ser renovado a partir da decisão de indeferimento da
diligência, a qual, desta vez, terá que ser realizada.”
O inciso II, do mesmo artigo, expõe que:
“II - fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do
Tribunal do Júri.”
Têm-se previsto que o juiz fará um relatório suscinto do processo. Vale salientar que
antes da reforma da processual em 2008, o relatório feito pelo juiz era lido logo após o
interrogatório do acusado. Com o advento da reforma (lei 11.689/08), esse resumo do
processo passa a ser feito pelo juiz com o fim de preparação do processo para julgamento em
plenário, que deve ser entregue aos jurados logo após a formação do Conselho de Sentença,
assim determinado pelo artigo 472, parágrafo único do CPP.
Sobre o mesmo assunto, autor Renato Brasileiro leciona que:
“Como se percebe, antes das mudanças, os destinatários desse relatório eram não apenas as
partes, como também os jurados e o público. Com a nova sistemática, que visou imprimir
maior celeridade ao julgamento, evitando-se a leitura da peça em plenário, o relatório passa
ser entregue aos jurados após a formação do conselho de sentença, permitindo, assim, que os
jurados possam conhecer as teses de acusação e defesa apresentadas até aquele momento, bem
como as provas constantes do processo.”
Salienta-se também que, no relatório em questão, é proibido ao juiz, que exponha suas
opiniões pessoais sobre o caso, sob risco de exercer influência indevida no animus judicandi
dos jurados.”
Neste mesmo sentido, Guilherme de Souza Nucci também adverte:
“deve constar deste relatório: a) resumo do conteúdo da denúncia ou queixa; b) resumo da
resposta à acusação apresentada pela defesa, com suas alegações preliminares e/ou exceções:
c) elenco das provas (basta enumerar e não detalhar uma por uma) colhidas ao longo do
inquérito, em especial as periciais, que não são refeitas; d) elenco das provas (basta enumerar
e não detalhar uma por uma) colhidas na fase de formação da culpa; e resumo do conteúdo do
interrogatório do réu, em especial se levantou e qual foi a sua tese de autodefesa (se preferiu
valer-se do direito ao silêncio, basta mencionar o fato, sem valoração alguma); f) resumo do
conteúdo das alegações finais das partes; g) resumo do conteúdo da pronúncia, acolhendo
e/ou rejeitando as teses das partes (se houve impronúncia, desclassificação ou absolvição
sumária, expor o resumo do seu conteúdo, fazendo menção à reforma pelo Tribunal; h)
exposição de pontos excepcionais, como, por exemplo, se houve decretação da prisão
preventiva ou prisão em flagrante, concessão ou negativa de liberdade provisória, cumulada
ou não com medidas cautelares diversas da prisão, recurso contra a pronúncia e resultado do
acórdão; i) se houve aditamento à denúncia e alteração da pronúncia, após a preclusão; j)
quais as provas requeridas e, eventualmente, realizadas na fase de preparação do plenário.”
Este artigo trata da competência para o preparo do processo para julgamento. Assim diz o
referido:
Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal
do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo
preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código.
Paragrafo único. Deverão ser remetidos, também, os processos preparados até o encerramento
da reunião, para a realização de julgamento.
O que acontece é que, às vezes, em tribunais em que a demanda de processos são
maiores que em outros, é comum que nestas ocasiões o juiz que “organiza” o processo é
diferente daquele que vai julga-lo. Sendo assim, o juiz que organiza o processo, deve remetê-
lo ao juiz presidente do Tribunal do Júri até 5 dias antes do sorteio dos jurados. Por exemplo,
no dia a dia de uma Vara Criminal tem-se muitos processos, principalmente naquelas em que
funciona um Tribunal do Júri. Nessas situações, geralmente existe um juiz que cuida do dia a
dia, de audiências corriqueiras, e há também um juiz que cotidianamente preside um júri.
Neste caso, o juiz que organizou o processo, que presidiu a instrução criminal, a investigação
em primeiro grau, não é o mesmo que vai julgar o processo no Tribunal do Júri, então por isso
há a necessidade dessa transição.
Considerações finais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lima. Renato Brasileiro de. Código de Processo Penal: comentado. 6º Edição. ver., atual. e
ampl. – Salvador: Juspodivm, 2021.
GOMES, Márcio Schlee – Júri: Limites Constitucionais da Pronúncia. 1º ed. Porto Alegre:
Sergio Antônio Fabris Editor, 2010.
NUCCI, Guilherme de Souza – Tribunal do Júri. 1ª ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2008.