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Adenilsa Do Carmo Bispo Da Cruz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. ANTÔNIO GARCIA FILHO


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA DE LAGARTO

ADENILSA DO CARMO BISPO DA CRUZ

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA


DO RESERVATÓRIO
DIONÍSIO MACHADO LOCALIZADO NO
MUNICÍPIO DE LAGARTO-SE

LAGARTO-SE
2019
ADENILSA DO CARMO BISPO DA CRUZ

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA


DO RESERVATÓRIO
DIONÍSIO MACHADO LOCALIZADO NO
MUNICÍPIO DE LAGARTO-SE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento de Farmácia de Lagarto da
Universidade Federal de Sergipe como requisito
parcial obrigatório para a conclusão do Curso de
Graduação em Farmácia.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Ciro Marques


Cavalcante.

LAGARTO-SE
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7
2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 9
2.1 Caracterização da área de estudo .......................................................... 9
2.2 Caracterização da bacia hidrográfica dos Rios Piauí e Jacaré ............. 10
2.3 Resoluções que atestam a qualidade da água ..................................... 11
2.4 Como devem ser usados os indicadores microbiológicos ..................... 12
2.5 Fontes de Contaminação Hídrica ......................................................... 13
2.6 Micro-organismos utilizados para monitorar a qualidade da água ........ 15
3 OBJETIVOS ............................................................................................... 17
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 17
3.2 Objetivos Específicos .......................................................................... 17
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 18
4.2 Coleta da amostra ................................................................................ 18
4.3 Preparo das Amostras de Água para Análise ....................................... 18
4.4 Número Mais Provável (NMP) ............................................................. 19
4.4.1 Teste presuntivo para coliformes ....................................................... 22
4.4.2 Teste confirmatório para coliformes totais ......................................... 22
4.4.3 Teste confirmatório para coliformes termo tolerantes ........................ 22
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 24
6 CONCLUSÃO ............................................................................................. 29
7 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 30
8 ANEXO ....................................................................................................... 35
RESUMO
CRUZ, Adenilsa do Carmo Bispo. Análise microbiológica da água do reservatório
Dionísio Machado localizado no município de Lagarto-SE. Trabalho de
Conclusão de Curso – Departamento de Farmácia de Lagarto (DFAL), Universidade
Federal de Sergipe, Lagarto, 2019.

Introdução: A água é uma substância de grande importância para a saúde da


população. No entanto, quando contaminada, pode veicular inúmeras enfermidades
e essa transmissão pode se dar por diferentes mecanismos. O mecanismo de
transmissão de doenças mais comumente lembrado e diretamente relacionado à
qualidade da água é o da ingestão, por meio do qual um indivíduo sadio ingere água
que contenha componente nocivo à saúde e a presença desse componente no
organismo humano provoca o aparecimento de doença. Parte do município de
Lagarto é abastecida pelo reservatório Dionísio Machado e tem como principais
usos, abastecimento humano, agrícola e para fins recreativos. Objetivo: Avaliar a
qualidade microbiológica da água do reservatório Dionísio Machado, do município de
Lagarto- SE. Métodos: foram coletadas 6 amostras de água de diferentes pontos do
reservatório Dionísio Machado. A caracterização microbiológica foi conduzida, de
acordo com a metodologia descrita no manual de Técnicas de Microbiologia
Sanitária e Ambiental (2017) e o Manual Prático de Análise de Água (2013) de
coliformes totais, termo tolerantes. Resultados: Os índices de Número Mais
Provável NMP/100 mL obtidos nas amostras apresentaram presença de coliformes
totais e termo tolerantes em todos os pontos. Esses índices superam 2500
coliformes termo tolerantes por 100 mL, sendo superior ao valor máximo
estabelecido pela Resolução nº 274/2000 do CONAMA para balneabilidade e fora
dos padrões preconizados para potabilidade segundo a Portaria nº 2.914/2011 e a
Portaria nº 518/2004 ambas do Ministério da Saúde. Conclusão: Os resultados da
pesquisa acusaram que a água do reservatório Dionísio Machado encontra-se
contaminada por coliformes termo tolerantes, o que a caracteriza como imprópria
para consumo e para balneabilidade, segundo a Portaria nº 2.914/2011, Portaria nº
518/2004 ambas do Ministério da Saúde e Resolução nº 274/2000 do CONAMA.

Palavras-chave: Água; Microbiologia; Coliformes; Indicadores


ABSTRACT
CRUZ, Adenilsa do Carmo Bispo. Microbiological analysis of the water of the
Dionísio Machado reservoir located in the municipality of Lagarto-SE. Course
Completion Work - Lagarto Pharmacy Department (DFAL), Federal University of
Sergipe, Lagarto, 2019.

Introduction: Water is of great importance to the health of the population.


However, when contaminated, it can carry innumerable diseases and this
transmission can occur through different mechanisms. The mechanism of disease
transmission most commonly remembered and directly related to water quality is that
of ingestion, whereby a healthy individual ingests water containing a component
harmful to health and the presence of this component in the human body causes the
onset of disease. Part of the municipality of Lagarto is supplied by the reservoir
Dionísio Machado and has as main uses, human, agricultural and recreational
purposes. Objective: To evaluate the microbiological quality of the water of the
reservoir Dionísio Machado, in the municipality of Lagarto-SE. Methods: 6 samples
of water were collected from different points of the Dionísio Machado reservoir. The
microbiological characterization was conducted according to the methodology
described in the Manual of Sanitary and Environmental Microbiology Techniques
(2017) and the Practical Manual of Water Analysis (2013) of total, thermally tolerant
coliforms. Results: The NMP / 100 mL indices obtained in the samples showed the
presence of total and thermally tolerant coliforms at all points. These indices exceed
1000 thermally tolerant coliforms per 100 mL, being higher than the maximum value
established by CONAMA Resolution No. 357 for bathing, being then unfit for bathing
and for consumption according to Ordinance No. 2,914 and PORTAL No. 518.
Conclusion: The results of the research showed that the water of the Dionísio
Machado reservoir is contaminated by thermally tolerant coliforms, with amounts
greater than 1000 N per 100 mL of water, which characterizes it as unfit for
consumption and for bathing.

Keywords: Water; Microbiology; Coliformes; Indicators


7

1 INTRODUÇÃO

A água é uma substância indispensável à vida do homem e dos demais seres


vivos que habitam nosso planeta. A saúde do ser humano está diretamente
associada à qualidade da água consumida, pois a mesma, se contaminada, pode
levar a diversas doenças (BRASIL, 2005).
No mundo estima-se que 97% da água é salgada, dos 3% restantes, 2,8%
estão na forma de geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso, e somente os
0,2% estão disponíveis para o consumo. De toda a água doce acessível, apenas 8%
dela é destinadas para os domicílios, pois 70% da água consumida no mundo é
utilizada na agricultura e 22% nas indústrias (RIBEIRO, 2008).
O Brasil é o país com maior disponibilidade de água doce no mundo,
possuindo 12% de toda água da superfície (BRASIL, 2010). Porém, a distribuição
dessa água no território nacional deixa muito a desejar, dos 12% de toda água
apenas 3% localizam-se no Nordeste brasileiro sendo que essa região possuiu 28%
da população do país (SUASSUNA, 2008).
O estado de Sergipe é composto, na sua grande maioria, por rios de pequena
extensão, dentre eles temos os rios Piauí e Jacaré que confluem no reservatório
Dionísio Machado, localizado no município de Lagarto-SE. O reservatório possui
capacidade para 15.000.000 m3 e tem como principais usos, abastecimento humano,
agrícola e para fins recreativos, correspondendo por 80% do abastecimento de água
da cidade (LIMA, 2015).
Para avaliação da potabilidade da água existem duas principais portarias. A
Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde e a portaria
N.º 518, de 25 de março de 2004 que dispõe sobre os procedimentos de controle e
de vigilância da qualidade da água. Elas trazem que a água própria para o consumo
humano é a potável. Para ser classificada dessa forma, essa deve atender a
parâmetros microbiológicos e físico-químicos. Já para avaliação da balneabilidade a
RESOLUÇÃO da CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000 define os critérios
de balneabilidade em águas brasileiras.
No que diz respeito aos parâmetros físicos, são analisados temperatura,
sabor, odor, cor, turbidez, sólidos totais e condutividade elétrica. Já para análise
química são feitos testes de pH, alcalinidade, acidez, dureza, oxigênio dissolvido,
8

demandas química e bioquímica de oxigênio, série nitrogenada, fosforo, ferro,


manganês e micro poluentes. Na análise microbiológica são empregados
indicadores biológicos específicos, onde o principal grupo analisado são as bactérias
do grupo coliforme.
Os coliformes são grupos de bactérias indicadores de contaminação,
compostos por bactérias gram-negativas, podendo ser aeróbias ou anaeróbias
facultativas, não formadoras de esporos, e estão associadas à decomposição de
matéria orgânica em geral. A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos
gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vários outros
gêneros e espécies pertençam ao grupo (BETTEGA, 2006).
Eles são classificados em não fecais e termo tolerantes. O conjunto dos dois
grupos é normalmente referido como coliformes totais. Os coliformes termo
tolerantes guardam as mesmas características dos coliformes totais e ainda são
capazes de fermentar a lactose e produzir gás a 44,5 °C (CONSEMA, 2006).
A presença de coliformes indica que há microrganismos capazes de fermentar
a lactose e produzir gás. Esses microrganismos podem estar presentes
normalmente no solo ou em efluentes não contaminados por fezes. A quantificação
de coliformes totais é mais útil no controle de qualidade de medicamentos ou
alimentos processados uma vez que reflete principalmente a observação das boas
práticas de fabricação (ORTEGA et al., 2009; LECT, 2017).
Já a presença de coliformes termo tolerantes indica o contato recente da água
com material fecal. Dessa forma, a identificação desses micro-organismos na água a
torna imprópria para o consumo. Entre os coliformes termo tolerantes, o principal
representante é a Escherichia coli. Esse micro-organismo é de origem fecal
exclusiva, estando sempre presentes em locais que tiveram contato com fezes e
ausentes em ambientes livres de contato recente com fezes (BETTEGA, 2006).
Diante do exposto, o presente trabalho avaliou a qualidade microbiológica da
água do reservatório Dionísio Machado, seguindo os padrões de potabilidade de
água citado pela Portaria nº 2.914/2011 e na Portaria nº 518/2004 ambas do
Ministério da Saúde e os critérios de balneabilidade seguindo a resolução da
CONAMA nº 274/2000. Tendo em vista a importância da água do reservatório
Dionísio Machado para o município de Lagarto e a influência da qualidade da
mesma sobre a saúde da população, esse trabalho trará informações relevantes a
cerca da qualidade microbiológica deste bem comum a sociedade.
9

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Caracterização da área de estudo


O município de Lagarto está localizado na região Nordeste do país e
encontra-se na região Centro-Sul no estado de Sergipe. É a maior cidade do interior
do estado, com uma população estimada em 2017 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 104 099 habitantes, ficando na colocação de
terceiro município mais populoso de Sergipe. Somando a sua área urbana e a rural,
o município possuí cerca de 738,92 Km², sendo que a área rural tem 732,83 Km² e
área urbana 6,09 Km² (IBGE, 2017).
A hidrografia do município é composta pelos rios Vaza-Barris, Piauí, Jacaré,
Piauitinga de Cima, Machado e Caiça, pelos riachos Oiti, Pombos, Flexas e
Urubutinga. No seu solo, há riquezas minerais exploradas e inexploradas, como
argila, calcário, mármore, enxofre e pedras de revestimento. As áreas de
preservação do município são as piscinas do povoado Brejo, as fontes naturais e o
Balneário Bica (BRASIL, 2013).
O abastecimento da sede do município e mais trinta e dois povoados é
realizado pelo Sistema Integrado Piauitinga, com captação de água no rio Piauitinga
e na barragem Dionísio Machado, em seis poços profundos implantados em Salgado
e quatro na região Pé de Serra do Qui, todos inseridos na Bacia Hidrográfica do Rio
Piauí. Em sua bacia as atividades predominantes são a agricultura e pecuária.
Essas atividades têm acelerado o processo de degradação do meio ambiente,
alterando a qualidade da água e reduzindo a vazão dos mananciais no período de
estiagem (DESO, 2017).
A barragem Dionísio Machado (Figura 1) construída pelo governo estadual é
alimentada pelos rios Piauí e Jacaré. Possuí capacidade para armazenar 15.000.000
m3 e tem como principais usos, abastecimento humano e hidro agrícola. Esse
reservatório é a principal fonte de água de Lagarto, sendo responsável por 80% do
abastecimento da cidade (LIMA, 2017).
10

A B

Figura 1- Fotografias ilustrativas do reservatório Dionísio Machado. A) Visão ao nível do leito do Rio.
B) Visão de cima da barragem.

De acordo com a classificação climática de Koppen, o clima da região de


Lagarto é do tipo tropical com chuvas no inverno, e as temperaturas médias do ar
dos meses mais frios ocorrem em julho e agosto, com valores em torno de 22,5 ºC, e
o mês mais quente é janeiro, com média de 26,2 ºC. As temperaturas médias
mínimas mensais estão compreendidas entre 18 e 22 ºC e as temperaturas médias
máximas mensais estão entre 26 e 32 ºC (SOUSA et al., 2010)

2.2 Caracterização da bacia hidrográfica dos Rios Piauí e


Jacaré
A Bacia Hidrográfica do rio Piauí possui uma área de 4.175 km², abrange
quinze municípios, onde cinco estão totalmente inseridos na bacia, Arauá, Boquim,
Pedrinhas, Salgado, e Santa Luzia do Itanhy e, dez parcialmente em Simão Dias,
Tobias Barreto, Poço Verde, Riachão do Dantas, Lagarto, Indiaroba, Itaporanga da
Ajuda, Umbaúba, Estância e Itabaianinha (SEMARH, 2015).
A Bacia do rio Piauí é a segunda maior bacia hidrográfica do estado, sua
nascente está localizada no município de Riachão do Dantas na Serra dos Palmares
(EMBRAPA, 2010; SERGIPE, 2010). A bacia do rio Piauí possui uma disponibilidade
hídrica superficial de 27,12 milhões de m3 /ano, contudo, tem uma demanda de
39,46 m3 /ano. Dentre os principais usos da água da bacia do rio Piauí, destacam-se
a utilização no abastecimento doméstico (66,2%), irrigação (20,2%) e
dessedentação de animais (17%) (SERGIPE, 2010).
A bacia do rio Jacaré está localizada dentro do município de Poço Redondo,
às margens do rio são Francisco, no estado de Sergipe. O município de Poço
11

Redondo tem área total de 1.212 Km2, faz divisa com os municípios de Canindé de
São Francisco e Porto da Folha, está situado a 140 km da capital Aracaju, sendo
caracterizado pelo grande número de assentamentos rurais. As precipitações
médias anuais de Poço Redondo são de 535,20 mm (SANTANA; AGUIAR NETTO;
MELLO JUNIOR, 2007).
O rio Jacaré possui extensão de 68,3 km, com vazão média de 22,92 m3/s.
Seus principais afluentes são os rios Caiçá e Jacarezinho, localizados no município
de Simão Dias (BRASIL, 2013). A nascente situa-se no povoado Aroeira no
município de Poço Verde e percorre os municípios de Simão Dias e Lagarto,
confluindo com rio Piauí próximo à barragem Dionísio Machado no município de
Lagarto (BOMFIM, 2013).

2.3 Resoluções que atestam a qualidade da água


Para garantir que a água própria para consumo esteja dentro dos padrões de
potabilidade e não ofereça risco à saúde do consumidor existem regulamentos do
Ministério da Saúde e da CONAMA que devem ser seguidos. Dentre eles, pode-se
citar a portaria N.º 518, de 25 de março de 2004, a qual estabelece as
responsabilidades por parte de quem produz a água, a quem cabe o exercício do
controle de qualidade da água e das autoridades sanitárias, a quem cabe a missão
de “vigilância da qualidade da água” para consumo humano (BRASIL, 2005).
Essa mesma portaria traz que o padrão microbiológico de potabilidade da
água para consumo humano VMP (valor máximo permitido). Para água advindas de
poços, nascentes, outras fontes devem apresentar ausência de coliformes termo
tolerantes e de Escherichia coli. Já para água na saída do tratamento e água no
sistema de distribuição elas devem apresentar ausência de coliformes totais e
coliformes termo tolerantes em 100 mL. Em sistemas que analisam 40 ou mais
amostras por mês deve-se apresentar ausência em 100 mL em 95% das amostras
examinadas no mês. Os sistemas que analisam menos, apenas uma amostra
poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100 mL.

Além da portaria 518 a portaria Nº 2.914, DE 12 de dezembro de 2011 que


dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade, também é muito importante
quando se trata de avaliação da potabilidade da água. Ela traz a definição de que a
12

água para consumo humano é água potável, a qual é destinada à ingestão,


preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da
sua origem, devendo atender ao padrão de potabilidade estabelecido não
oferecendo riscos à saúde.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) traz a Resolução nº 274,


de 29 de novembro de 2000, onde diz que a saúde e o bem-estar humano podem
ser afetados pelas condições de balneabilidade da água. Confirma ainda a portaria
anterior, afirmando que Escherichia coli é abundante em fezes humanas e de
animais de sangue quente, sendo encontrada somente em esgotos, efluentes, águas
naturais e solos que tenham recebido contaminação fecal recente.
Para fins de balneabilidade, a água será considerada imprópria quando o
valor obtido na última amostragem for superior a 2.500 coliformes termo tolerantes
ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mL. Para múltiplas amostras, a
água é considerada própria para o banho quando em 80% ou mais de um conjunto
de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no
mesmo local, houver, no máximo, 1.000 coliformes fecais por 100 mL (CONAMA,
2000).

2.4 Como devem ser usados os indicadores microbiológicos


Para determinar a qualidade microbiológica da água é muito utilizada a
verificação dos micro-organismos indicadores. Tratam-se de organismos não
patogênicos ou com baixa patogenicidade, cujas características assemelham-se aos
patogênicos. Isto significa que, a presença de um micro-organismo indicador pode
sugerir a presença de micro-organismos patogênicos. Dentre estes indicadores, os
mais comumente utilizados são coliformes totais e termo tolerantes (BRASIL, 2006;
EMILIANO; ANDRÉ, 2012; MENEZES et al., 2013).
A US EPA (United States Environmental Protection Agency) lista os seguintes
critérios para um organismo ser um indicador ideal de contaminação fecal. Dentre
eles destacam-se: O organismo deve estar presente sempre que patógenos
entéricos estejam presentes; O organismo deve ser útil para todos os tipos de água;
Ter um tempo de sobrevivência no ambiente mais longo do que o patógeno entérico
mais resistente; Não deve crescer na água e deve ser encontrado em intestinos de
animais de sangue quente (MATTHIENSEN, 2014).
13

Dentre os indicadores biológicos de contaminação da água, citam-se os


coliformes, micro-organismos de inúmeros tipos, que podem indicar presença de
dejetos de origem animal na água. Cabe citar que a água com micro-organismos de
origem humana é nociva porque transmite diversas doenças. A verificação mais
comum a ser realizada para determinar a contaminação por coliformes consiste em
verificar a presença e/ou concentração da bactéria Escherichia coli, bactéria
presente nos sistemas digestivos de animais de sangue quente ou endotérmicos.
Embora essa bactéria nem sempre seja nociva, ela é usada como indicativo de
contaminação com fezes humanas (COLLISCHONN; DORNELLES, 2015).
Os coliformes termo tolerantes são um subgrupo de bactérias do grupo
coliforme que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2 °C, em 24 h, tendo como principal
representante a Escherichia coli. Embora outros gêneros e espécies possam ser
incluídos, a maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos gêneros
Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter (ANDRADE, 2008).
A presença de E. coli nas amostras atesta que esta água é imprópria para o
consumo humano, pois sua detecção pode indicar a presença de micro-organismo
patogênicos (ALVES et al., 2008; SIQUEIRA et al., 2010; SILVA et al., 2013).

2.5 Fontes de Contaminação Hídrica


A água pode veicular inúmeras enfermidades e essa transmissão pode se dar
por diferentes mecanismos. O mecanismo de transmissão de doenças mais
comumente lembrado e diretamente relacionado à qualidade da água é o da
ingestão, por meio do qual um indivíduo sadio ingere água que contenha
componente nocivo à saúde e a presença desse componente no organismo humano
provoca o aparecimento de doença (BRASIL, 2006). As principais doenças
veiculadas por água estão no Quadro 1.
14

Quadro 1- Principais doenças veiculadas pela água e agentes transmissores

Doença Micróbio patogênico


Botulismo Clostridium botulinum
Campilobacteriose Campylobacterjejuni
Cólera Vibriocholerae
Infecção por E.coli Certas cepas de Escherichia coli
Infecção por M.marinum Mycobacterium marinum
Disenteria Várias espécies do gênero
Shigella e Salmonella
Legionelose (Doença do Legionellasp.
Legionário e Febre de Pontiac) Legionellapneumophila
Leptospirose Leptospirasp.
Otite externa Várias espécies de bactérias e
fungos.
Salmonelose Várias bactérias do gênero
Salmonella.
Febre tifoide Salmonella Typhi
Vibrioses Vibrio vulnificus, V.alginolyticus,
V.parahaemolyticus
Fonte: BACHUROVA, A. (2013) Water-baseddiseases. WHO Reports.

A presença de fezes na água pode favorecer a contaminação da mesma por


micro-organismos patogênicos (HOWARD, 2003). As principais causas de
contaminação da água destacam-se o destino final do esgoto doméstico e industrial
em fossas sépticas, a disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e
industriais, a utilização de poços antigos, inadequadamente vedados e próximos de
fontes de contaminação, como fossas e áreas de pastagem ocupadas por animais
(SUTHAR, 2009). A deposição diária de resíduo orgânico animal no solo é também
uma prática muito disseminada no meio rural, que aumenta o risco de contaminação
das águas subterrâneas (CONBOY; GOSS, 2000).
Outro fator que contribui para contaminação das águas é a falta de proteção
encontrada próximo aos mananciais, o que evidencia a necessidade de um trabalho
de orientação para os consumidores, com o objetivo de manter sua qualidade
microbiológica. A falta de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais é uma das
15

principais causas da grande quantidade de águas contaminadas no Brasil (ROSSI,


2004; ROHDEN, 2009).
O reservatório Dionísio Machado é alimentado pelos rios Piauí e Jacaré
(LIMA, 2017). Segundo Araújo et.al, (2010) ambos rios estão contaminado com a
presença de coliformes. A contaminação desses rios por microrganismos de origem
fecal, leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos.
Além da contaminação pelo esgoto doméstico a dessedentação de animais ocasiona
contaminação da água por excrementos de gado e cavalo carreados para o corpo
hídrico pelas enxurradas e abastecimento público.
O rio Jacaré ainda sofre com a ação das chuvas, o mau cheiro é sentido em
muitos trechos, a cor da água, na maior parte do curso fluvial é escura, isso se dá
pela contaminação resultante dos resíduos trazidos pelo matadouro. Devido a essa
contaminação a pesca é inviável, já que o chorume proveniente dos resíduos do
abate dos animais tem matado muitos peixes (FONTES, 2015).

2.6 Micro-organismos utilizados para monitorar a qualidade


da água
De acordo com Hagler (2006), os micro-organismos tradicionalmente usados
para monitorar a qualidade das águas recreativas ou potáveis, consistem em um
grupo de bactérias não patogênicas, não necessariamente, mas comumente
encontradas no trato gastrointestinal dos animais de sangue quente. Como exemplo
tem-se as Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus.sp que têm sido isoladas de
águas recreacionais. A presença destes microrganismos sugere riscos à saúde por
meio do contato corporal, ingestão ou inalação, e têm sido propostos como
indicadores de qualidade para as águas complementares aos coliformes.
Os coliformes totais podem ser classificados em coliformes não fecais e
fecais. Os coliformes fecais envolvem cerca de 20 espécies, dentre as quais se
encontram tanto bactérias originárias do trato intestinal de humanos como de outros
animais de sangue quente. O grupo dos coliformes totais é composto por bactérias
dos gêneros Escherichia, Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter, e inclui todas as
bactérias na forma de bastonetes Gram negativos, não esporogênicos, aeróbios ou
anaeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com produção de gás,
quando incubados a 35-37°C por 24 – 48 horas (GEUS; LIMA, 2008).
16

Destas bactérias, apenas a Escherichia coli tem como habitat primário o trato
intestinal do homem e dos animais. Os demais, além de serem encontrados nas
fezes, também estão presentes em outros ambientes como vegetais e solo.
Consequentemente a presença de coliformes totais não indica, necessariamente,
contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatogenos (FRANCO, 2008;
PEDROSA, 2015; LEITE 2006; CARDOSO, 2001).
Coliforme termo tolerante, anteriormente denominado de coliformes fecais,
corresponde aos coliformes totais que apresentam capacidade de fermentar a
lactose com produção de gás, quando incubados a 44,5-45,5ºC em 24 horas.
Nessas condições, cerca de 90% das culturas são positivas para E. coli, enquanto
entre os demais gêneros, apenas algumas cepas de Enterobacter e Klebsiella
mantêm essa característica. Dessa forma, a pesquisa de coliformes termotolerantes
ou E. coli nos alimentos fornece, com maior segurança, informações sobre as
condições higiênicas do produto e indica, de maneira mais eficaz, uma eventual
presença de enteropatógenos (FRANCO, 2008; CARDOSO, 2001).
E. coli é uma bactéria coliforme, facultativamente anaeróbia, e normalmente
encontrada no intestino grosso de animais endotérmicos. E. coli é o principal
representante dos indicadores de contaminação fecal, visto que esse micro-
organismo habita exclusivamente o trato intestinal do homem e animais de sangue
quente, seu uso foi proposto em 1892 como um indicador (FRANCO, 2008).
Esse trabalho fará um estudo microbiológico da água do reservatório Dionísio
Machado, onde terá como referência os padrões de potabilidade seguindo a Portaria
nº 2.914, Portaria nº 518 e a Resolução da CONAMA nº 274.
17

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar a qualidade microbiológica da água do reservatório Dionísio Machado,


do município de Lagarto- SE.

3.2 Objetivos Específicos

 Detectar e quantificar coliformes totais em amostras de água do reservatório


Dionísio Machado do município de Lagarto- SE;
 Quantificar coliformes termo tolerantes em amostras de água do reservatório
Dionísio Machado do município de Lagarto- SE;
 Qualificar a água do reservatório como próprias ou impróprias para
balneabilidade e potabilidade de acordo com a portaria nº 2.914, portaria n.º
518 e a resolução da CONAMA nº 274.
18

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.2 Coleta da amostra


Foram feitas duas coletas em três pontos estratégicos, localizados em
diferentes regiões da Barragem Dionísio Machado (10 57’ 29’’S; 37 40’ 8’’O), da
cidade de Lagarto-SE, nos dias 21/01/2019, 29/01/2019. As coletas e testes
microbiológicos foram realizados seguindo o manual de Técnicas de Microbiologia
Sanitária e Ambiental (2017) e o Manual Prático de Análise de Água (2013). Foram
utilizados frascos de vidro transparente de boca esmerilhada capacidade para
250mL, tampados e protegidos com papel tipo Kraft colocados antes da esterilização
para evitar contaminações durante o manuseio. A esterilização foi feita sob calor
úmido 121C durante 15 minutos e o volume mínimo de água coletada foi de 100
mL. A distância aproximada da margem da coleta foi de 7m e 20m e da outra
margem 15m.
A primeira coleta foi realizada a uma temperatura de 31°C, onde o ponto A foi
coletada às 16:02 h, B às 16:07 e a C 16:20 h. Já a segunda coleta foi obtida a
33°C, sendo que a amostra A foi coleta às 14:30h, a B às14:35h e a C às 14:45h. Na
Figura 2 mostra o momento das coletas de água feitas na Barragem Dionísio
Machado, Localizado no município de Lagarto-SE.

A B C

Figura 2: Coleta da amostra. A) Lançamento do frasco B) Enchimento do frasco C) Frasco com a


amostra.

4.3 Preparo das Amostras de Água para Análise


Todas as análises foram feitas logo após as coletas. As amostras de água foram
diluídas de 10-1 a 10-3, utilizando como diluente água peptonada (HIMIDIA)
19

preparada seguindo as indicações do fabricante conforme Figura 3. Assim como os


caldos utilizados, Caldo lactosado (IONLAB), Caldo Bile verde brilhando (FLUKA) e
caldo Escherichia coli (IONLAB), onde todos foram inicialmente preparados
seguindo as indicações dos fabricantes. Todos distribuídos em tubos de ensaios (9
mL de caldo em cada tubo) junto ao meio de cultura foram posto tubos de Durham
invertidos. A água peptonada e os caldos foram esterilizados a 121°C a calor úmido
(autoclave phoenix luterco vertical) durante 15 minutos.

Figura 3- Diluições realizadas nas amostras coletas.

4.4 Número Mais Provável (NMP)


O NMP para coliformes foi determinado através da técnica de fermentação
em tubos múltiplos (TM). Nessa técnica, diferentes alíquotas da amostra são obtidas
por sucessivas diluições respectivamente inoculadas em séries replicadas de tubos
de ensaio contendo o meio de cultura. Após a incubação, a partir do número de
tubos positivos em cada série de diluição, estima-se o número mais provável (NMP)
de organismos em 100 mL da amostra (BRASIL, 2006).
As combinações de tubos positivos (com crescimento) e de tubos negativos
(sem crescimento) de cada uma das diluições inoculadas foram analisadas
estatisticamente pelo método do NMP. Foram elaboradas tabelas de NMP para
combinações de 3 diluições com 3 tubos cada uma (série de três tubos).
O teste consiste em três etapas, o teste presuntivo, o qual foi realizado
através da semeadura de volumes determinados da amostra em tubos de caldo
lactosado. Para o teste confirmatório, foi feita a transferência de cultura de todos os
20

tubos positivos de caldo lactosado para tubos contendo Caldo BVB (Caldo o Bile
Verde Brilhante). (BATISTA, 2009).
Por fim, foi realizado o teste de diferenciação para coliformes termo
tolerantes, que compreende a transferência das culturas de todos os tubos positivos
de caldo BVB para tubos contendo meio E.C (Escherichia coli). (YAMAGUCHI,
2013). A partir do Quadro 2 foram tiradas as combinações dos resultados obtidos
pelos tubos positivos do caldo BVB e o caldo EC.
21

Quadro 2. NMP por grama ou mL para séries de 3 tubos com diluições de 0,1/ 0,01/ e 0,001 e
respectivos intervalos de confiança 95%.
Tubos NMP/g Intervalo de Tubos NMP/g Intervalo de
ou mL Confiança ou mL Confiança
Positivos Positivos
(95%) (95%)

0,1 0,01 0,001 Inf Sup 0,1 0,01 0,001 Inf Sup

0 0 0 <3.0 - 9.5 2 2 0 21 4.5 42

0 0 1 3.0 0.15 9.6 2 2 1 28 8.7 94

0 1 0 3.0 0.15 11 2 2 2 35 8.7 94

0 1 1 6.1 1.2 18 2 3 0 29 8.7 94

0 2 0 6.2 1.2 18 2 3 1 36 8.7 94

0 3 0 9.4 3.6 38 3 0 0 23 4.6 94

1 0 0 3.6 0.17 18 3 0 1 38 8.7 110

1 0 1 7.4 1.3 20 3 0 2 64 17 180

1 0 2 11 3.6 38 3 1 0 43 9 180

1 1 0 7.4 1.3 20 3 1 1 75 17 200

1 1 1 11 3.6 38 3 1 2 120 37 420

1 2 0 11 3.6 42 3 1 3 160 40 420

1 2 1 15 4.5 42 3 2 0 93 18 420

1 3 0 16 4.5 42 3 2 1 150 37 420

2 0 0 9.2 1.4 38 3 2 2 210 40 430

2 0 1 14 3.6 42 3 2 3 290 90 1,000

2 0 2 20 4.5 42 3 3 0 240 42 1,000

2 1 0 15 3.7 42 3 3 1 460 90 2,000

2 1 1 20 4.5 42 3 3 2 1100 180 4,100

2 1 2 27 8.7 94 3 3 3 >1100 420 -


22

4.4.1 Teste presuntivo para coliformes

Após serem feitas as três diluições, foram inoculados 9 tubos com Caldo
Lactosado com tubo de Durham invertido, sendo que em três tubos foram inoculados
a concentração de 10-1, em outros três tubos 10-2, e nos outros três restantes
inoculou-se a concentração de 10-3. Esse mesmo procedimento se deu para as
amostras B e C. Todos os tubos foram incubados em estufa a 35°C. As leituras
foram realizadas após 24 a 48 h, e a partir dos tubos com produção de gás
procedeu-se a prova confirmatória.
Para esse teste foi utilizado como meio o Caldo Lactosado (CL), o qual é
composto por hidrolisado proteico de tecido animal (5 g/dL), extrato de bife (3 g/dL) e
lactose (5 g/dL) (IONLAB, 2015). A Digestão Enzimática de Gelatina e o Extrato de
Carne Bovina fornecem carbono e nitrogênio necessários para o crescimento no
Caldo Lactosado. A lactose é a fonte de carboidrato. A fermentação da lactose é
demonstrada pela produção de gás.

4.4.2 Teste confirmatório para coliformes totais

O teste confirmatório foi realizado a partir dos tubos que apresentaram


crescimento e formação de gás no teste presuntivo. O caldo foi colocado em tubos
de ensaio com tubos de Duhran. Nesse caso, foi retirado 10 µL por intermédio de
uma alça de platina calibrada dos tubos positivos no CL e inoculada no caldo BVB e
novamente incubado em estufa a 37 ºC por 24h-48h. Para a positividade do teste,
foram consideradas a turvação e produção gás no tubo de Duhran (BRASIL, 2003).
O meio de cultivo utilizado para esse teste foi o caldo bile verde brilhante
(BVB) que contém em sua composição, hidrolisado proteico de tecido animal
(10g/dL), lactose (10g/dL), bile de boi (20g/dL) e verde brilhante (0,0133g/dL)
(IONLAB, 2015). O Caldo Verde Brilhante é uma boa escolha porque a bílis bovina e
o corante verde brilhante funcionam como inibidores das bactérias Gram positivas, e
muitas Gram-negativas que não sejam coliformes. A Lactose é a fonte de
carboidrato. Bactérias que fermentam a lactose e produzem gás são detectadas.

4.4.3 Teste confirmatório para coliformes termo tolerantes


Para confirmação de coliformes termo tolerantes, foi retirado 10 µL dos tubos
positivos no teste BVB e colocada nos tubos contendo caldo Escherichia coli (EC) os
quais foram incubados em banho-maria a 44.5 ºC por 24h. Para sua positividade,
23

também foi considerada a turvação do tubo e formação de gás. Esse meio é


composto por hidrolisado enzimático de caseína (20 g/dL), lactose (5 g/dL), mistura
de sais biliares (1,5 g/dL), fosfato dipotássico (4 g/dL), fosfato monopotássico
(1,5g/dL) e cloreto de sódio (5 g/dL) (IONLAB, 2015).
O caldo EC apresenta em sua composição uma mistura de fosfatos que lhe
confere um poder tamponante impedindo a sua acidificação. A Triptose, uma mistura
de digestão enzimática de proteína, fornece nitrogênio, vitaminas e aminoácidos no
Meio EC. Fosfato Dipotássico e Fosfato Monopotássico são os reagentes
tamponantes. O cloreto de sódio mantém o equilíbrio osmótico do meio (BRASIL,
2003).
Para a positividade do teste, foram consideradas a turvação e produção gás
no tubo de Duhran. O Meio EC não deve ser utilizado para o isolamento direto de
coliformes, um enriquecimento prévio no meio presuntivo é necessário para uma
recuperação ótima dos coliformes fecais.
24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises microbiológicas das amostras coletadas no


Reservatório Dionísio Machado para a coleta 1 foram 110000, 24000, 21000
NMP/100 mL para coliformes totais e para coliformes termo tolerantes foram 24000,
24000 e 9200 NMP/100 mL. Já para a coleta 2 para coliformes totais os valores
foram 7500, >110000 e 21000 NMP/100 mL, para os coliformes termo tolerantes os
valores foram também 7500, >110000 e 21000 NMP/100 mL conforme pode ser
demonstrada nas Tabelas 1 e 2. O valor médio das 6 amostras para coliformes totais
foi de 48 916 NMP/100 mL e para coliformes termo tolerantes foi de 32 616
NMP/100 mL.

Tabela 1- Contagem total de coliformes nas amostras de água do reservatório, utilizando a tabelo do
NMP, a partir da leitura dos resultados no caldo BVB das coletas 1 e 2.

COLETA 1 COLETA 2
Amostra A: 110000 NMP/mL Amostra A: 7500 NMP/mL
Amostra B: 24000 NMP/mL Amostra B: > 110000 NMP/mL
Amostra C: 21000 NMP/mL Amostra B: 21000 NMP/mL

Tabela 2- Contagem total de coliformes termo tolerante nas amostras de água do reservatório,
utilizando a tabelo do NMP, a partir da leitura dos resultados no caldo EC das coletas 1 e 2.
COLETA 1 COLETA 2
Amostra A: 24000 NMP/mL Amostra A: 7500 NMP/mL
Amostra B: 24000 NMP/mL Amostra B: > 110000 NMP/mL
Amostra C: 9.200 NMP/mL Amostra C: 21000 NMP/mL

Os índices de NMP/100 mL obtidos nas amostras apresentaram presença de


coliformes totais e termo tolerantes, em todos os pontos. Esses índices superam
1000 coliformes termo tolerantes por 100 mL (Tabela 2), sendo superior ao valor
máximo estabelecido pela Resolução nº 274 do CONAMA para balneabilidade. As
figuras 4, 5 e 6 apresentam os resultados para coliformes totais e termo tolerantes.
25

A B

Figura 4: Teste presuntivo para coliformes. A) Resultado positivo para o teste. Tubos com a presença
de bolhas no interior dos tubos de Durhan e turvação do meio. B) Resultado negativo para o teste.
Tubos translúcido e sem bolhas no interior de tubos de Durhan (Arquivo pessoal).

A B C

Figura 5: Teste confirmatório para coliformes totais. A) Tubo negativo para teste. Tubo sem
crescimento de microrganismos, não há turvação do meio, nem formação de bolhas. B) Tubo com
resultado negativo. Tem crescimento de microrganismos, verificado pela turvação do tubo, porém,
eles não produzem gás, verificado pela ausência de bolhas. C) Tubo com resultado positivo. Tubo
com turvação do meio de cultura e formação de bolhas no tubo de Duhran (Arquivo pessoal).

A B

Figura 6- Teste confirmatório para coliformes termo tolerantes. A) Tubo com resultado negativo. Tubo
sem crescimento de microrganismos, não há turvação do meio, nem formação de bolhas. B) Tubo
com resultado positivo. Tubo com turvação do meio de cultura e formação de bolhas no tubo de
Duhran (Arquivo pessoal).
26

A Portaria N.º 518, de 25 de março de 2004 diz que água para consumo
humano advindas de poços, nascentes e outras fontes deve ter a ausência de
coliformes totais e termo tolerantes em 100 mL. Sendo assim, a água do reservatório
é considerada imprópria para o consumo humano, pois apresentou números a cima
de 2500 (Figura7).

Figura 7- Número de coliformes termo tolerantes nas coletas 1 e 2. A linha tracejada vermelha
significa o limite máximo de coliformes termo tolerantes que é de 2500. No eixo Y encontra-se as
concentrações log/100mL. E o no eixo X as coletas.

Nos estudos realizados por Lima (2015) foram analisados reservatórios


situados na bacia hidrográfica do rio Piauí, dentre eles o reservatório Dionísio
Machado. Apresentando em seus resultados valores inferiores a 200 NMP/100 ml,
limite estabelecido pela Resolução 357/05 do Conama para Águas Doces sendo
considerada excelente para o uso em balneabilidade humana, conforme a
Resolução Conama 274/2000.

Contudo, na segunda coleta do período chuvoso, houve um aumento


ultrapassando o limite para águas doces, com valor de 700 NMP/100 ml. Foram
coletadas por Lima (2015) duas amostras no período chuvoso e uma no período
seco, compreendidas no intervalo temporal de junho de 2013 a agosto de 2014.
27

No entanto esses resultados de Lima (2015) divergem com a pesquisa


realizada por este presente trabalho. Essa divergência pode ser justificada pelo fato
de que a sua pesquisa se deu nos anos de 2013 e 2014, passando-se assim seis
anos da sua pesquisa até o momento atual. Durante esse período houve um
aumento populacional, com esse aumento há também uma crescente no que se
refere ao urbanismo. Esse aumento desordenado, junto à falta de saneamento
básico ocasiona um quadro de piora no que tange a qualidade da água dos rios do
município.

Em uma pesquisa da qualidade da água do Reservatório Macela/Itabaiana-


Sergipe: 2004 – 2014 de Sena (2015), ele obtive resultados positivos para coliformes
termo tolerantes. A pesquisa se sucedeu duas vezes no período chuvoso e duas no
período seco, compreendidas no intervalo temporal de junho de 2013 a novembro de
2014. Nos seus resultados foi encontrado uma variação de 420 a 7000 NMP/100
mL.

Lima e Garcia (2008), na sua pesquisa sobre qualidade da água em


Ribeirópolis-SE: O Açude do Cajueiro e a Barragem do João Ferreira, também foram
encontrados resultados semelhantes. Os autores encontraram valores positivos
tanto para coliformes totais, como para coliformes termo tolerantes. No período
chuvoso foram encontrados 14 NMP/mL e 33 NMP/mL para coliformes totais e no
período de seca 48 NMP/100mL e 56 NMP/100mL, já para os coliformes termo
tolerantes foram encontrados 11 NMP/mL e 14 NMP/mL no período chuvoso e 14
NMP/mL e 4 NMP/mL.

Os resultados de Lima e Garcia (2008) corroboram com os resultados


encontrados nesse presente trabalho no que diz respeito, a classificação de água
imprópria para consumo devido a presença de coliformes termo tolerantes. No
entanto para a balneabilidade os índices de coliformes são aceitáveis para o
reservatório do João Ferreiro, enquanto que os resultados para potabilidade do
reservatório Dionísio Machado foi reprovada.

Em uma avalição da qualidade da água do reservatório Jaime Umbelino –


barragem do Poxim/Sergipe, feita por Neves. et. al (2016), também foram
encontrado resultados positivos para coliformes termo tolerantes, havendo um
aumento desses valores em períodos chuvosos. As concentrações de coliformes
termo tolerantes apresentaram valores entre 17 a 49 NMP/100 mL no período
28

chuvoso e < 1,8 a 2 NMP/100 mL no período seco, obedecendo a classificação pela


Resolução n° 357 da Conama para águas doce classe 1 (200 NMP/100 mL). Porém
para potabilidade a água foi considerada imprópria.

.
29

6 CONCLUSÃO

A água do reservatório Dionísio Machado encontra-se contaminada por


coliformes termo tolerantes, em valores acima do permitido, estando imprópria para
balneabilidade segunda a Resolução da CONAMA nº 274/2000. Para potabilidade os
valores também encontram-se acima do permitido segundo a Portaria nº 2.914/2011
e a Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde, o que demonstra a necessidade de
iniciativa do poder público para resolver esse problema.
30

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8 ANEXO

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