DPC Direitos Humanos
DPC Direitos Humanos
DPC Direitos Humanos
SUMÁRIO
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Caros colegas, o presente material é uma abordagem objetiva e dirigida para seus estudos
em concursos públicos relacionado à disciplina dos Direitos Humanos.
Sinto-me honrado e grato ao convite para juntos construirmos conhecimento que permitirá a
resolução de diversas questões em futuras provas da matéria.
Estudar Direitos Humanos é aprofundar-se em uma temática inerente a todos nós. E acima
de tudo conhecermos todo conteúdo histórico desse direito tão antigo e contemporâneo ao
mesmo tempo.
A proposta é estabelecer um viés do conhecimento doutrinário aliado com normas que
positivam o conteúdo posto e as decisões jurisprudências sobre os temas.
As resoluções de questões também fará parte do nosso material como forma de abordagem
empírica do conteúdo visto.
Gratidão, pela troca! Bons estudos!
1.1 Introdução
Direito Internacional Público (DIP) dentre os ramos do Direito é aquele cuja destinação é
construir um arcabouço jurídico com a finalidade de orientar as nações e organizações em
âmbito internacional. Estabelecendo uma ordem (normas) comuns que regulem
comportamentos que, por vezes, extrapolem esfera da soberania estatal.
São sujeitos com os quais o Direito Internacional Público deve lidar: os Estados Nacionais
juntamente com as Organizações Internacionais, como participantes efetivos das relações
jurídicas externas.
Conforme o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ), de 1920, são fontes
do Direito Internacional: as convenções internacionais, os costumes internacionais, decisões
judiciárias e doutrinas dos publicitas, jurisprudência e os princípios gerais do Direito. A
doutrina e a jurisprudência são meios auxiliares, não constituindo fontes em sentido técnico.
Estas fontes funcionam como canais de elaboração de leis de âmbito internacional, sendo que
uns são mais utilizados, outros mais antigos. A saber, como exemplo, a matéria internacional
utilizava, principalmente antes da Segunda Guerra Mundial, dos costumes internacionais, da
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prática não escrita, mas seguida por tradições e gestos aceitos aquela época. Na
contemporaneidade, predominam os tratados, acordos internacionais que criam obrigações
entre os Estados Partes.
A priori é necessário conceituar expressões distintas que estão conexas ao mesmo direito.
São elas: Direitos do homem, direitos humanos (em sentido estrito – stricto sensu) e os
direitos fundamentais.
a) Direitos do Homem: aqueles direitos em que há uma conexão direta natural, aqui
podendo citar direito à vida e o da liberdade.
b) Direitos Humanos: a expressão representa que direitos naturais foram positivados em
tratados, acordos e convenções internacionais.
c) Direitos Fundamentais: expressão de ordem interna, uma vez que significa que
tratados internacionais de direitos humanos foram devidamente incorporados ao
ordenamento jurídico de um determinado Estado.
DIREITOS
• PLANO INTERNACIONAL
HUMANOS
DIREITOS
• PLANO INTERNO
FUNDAMENTAIS
Para Alexandre de Moraes (2011), os direitos humanos fundamentais constituem "o conjunto
institucionalizado de direitos e de garantias do ser humano, que tem por finalidade básica o
respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o
estabelecimento de condições mínimas de vida e de desenvolvimento da personalidade
humana".
Neste mesmo sentido, SILVA (2003) afirma em sua obra “estudos em homenagem ao Ministro
Marco Aurélio Mendes de Farias Mello” que: "A previsão dos direitos humanos fundamentais
direciona-se basicamente para a proteção à dignidade humana em seu sentido mais amplo,
de valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na
autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão
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ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo
estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas
limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a
necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos."
Teoria geral dos Direitos Humanos: compreende os elementos fundamentais para o estudo
desse direito. Considerando que toda pessoa, sem qualquer discriminação, deve ter a sua
dignidade respeitada e a sua integridade protegida.
Toda pessoa, sem exceção, deve ter garantidos seus direitos individuais ou civis (como o
direito à vida, segurança, justiça, liberdade, igualdade e propriedade), políticos (como o direito
de votar e ser votado), sociais (como o direito à educação, trabalho, saúde e bem-estar),
culturais (como o direito à cultural e ao lazer) e ambientais (como o direito a um meio ambiente
equilibrado).
Aponta os direitos humanos como uma criação normativa, positivados, uma vez que são
construídos pela manifestação legítima da soberania do povo.
TEORIA MORALISTA OU DE PERELMAN
JUSNATURALISTA:anteriores à Constituição e
RESUMO inerentes à natureza humana.
Para SILVA (2014) “ A incomparável importância dos direitos humanos fundamentais não
consegue ser explicada por qualquer das teorias existentes, que se mostram insuficientes. Na
realidade, as teorias se completam, devendo coexistirem, pois somente a partir da formação
de uma consciência social (teoria de Perelman), baseada principalmente em valores fixados
na crença de uma ordem superior, universal e imutável (teoria jusnaturalista) é que o legislador
ou os tribunais (esses principalmente nos países anglo-saxões) encontram substrato político
e social para reconhecerem a existência de determinados direitos humanos fundamentais
como integrantes do ordenamento jurídico (teoria positivista). O caminho inverso também é
verdadeiro, pois o legislador ou os tribunais necessitam fundamentar o reconhecimento ou a
própria criação de novos direitos humanos a partir de uma evolução de consciência social,
baseada em fatores sociais, econômicos, políticos e religiosos”.
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QUESTÃO SOBRE O TEMA
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humano sujeito de direitos. Não pare até que tenha terminado aquilo que começou. -
Baltasar Gracián.-Tu não pode desistir.
Antiguidade
Uma das características dos direitos humanos é a historicidade. Os valores das sociedades
mais antigas (4000 a.C. a 476 d.C.), em que pese sejam antagônicos com os hodiernos, já
expressavam uma ideia de proteção desses direitos.
Podemos citar dentre documentos do lapso temporal referido traços protetivos dos direitos
humanos no Código de Hamurabi, ligado ao povo babilônico e a Lei das Doze Tábuas, dos
romanos.
a) Código de Hamurabi – origem na Babilônia em 1694 a.C. (século XVII a.C.) constituiu-
se como um conjunto de normas da antiga Mesopotâmia e recebe este nome por que
foi elaborado pelo Rei Hamurabi (sexto na dinastia babilônica). Refere-se a um
monumento de estrutura geológica formado por uma única e maciça rocha magmática
de diorito com escrita cuneiforme. Composto por 282 dispositivos em 3600 linhas, com
matérias de cunhos processual, penal, contratual, obrigacional e patrimonial, família e
sucessão. Perdurou por mais de quinze anos e regulavam a vida em sociedade.
As penas adotadas por este código eram severas para os crimes de lesão corporal e
homicídios, adotando a lei de talião. Por esta lei a reparação do dano ao individuo seria
com a provocação de outro dano na pessoa do causador. Aplicavam-se penas de
morte por meio da forca e até de afogamento. Seus dispositivos não estabeleciam
distinções entre prescrições civis, religiosas e morais. Era o “Olho por olho, dente
por dente”.
b) Lei das Doze Tábuas: A Lei das Doze Tábuas também denominada de Lex Duodecim
Tabularum foi um conjunto de leis antigas elaboradas no período da República
romana, por pressão dos plebeus. Instituídas em 451 e 450 a.C., as Leis das Doze
Tábuas foi promulgada escrita em doze tabletes de madeira. Ali estavam escritas as
leis que determinavam como deveriam ser os julgamentos, as punições para os
devedores e o poder do pai sobre a família.
Os tabletes de madeiras foram afixados no fórum romano de forma que o povo tivesse
acesso à leitura das leis. Afirma-se que com esta conduta surgiria o principio da
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publicidade das leis. A origem seria para estabelecer a igualdade de direitos entre as
diversas classes sociais, sendo vedada a beligerância privada.
Ademais, embora a importância significativa dos documentos supra principalmente em provas
objetivas para concursos públicos e provas de ordem, as sociedades da antiguidade tanto
orientais como ocidentais limitavam a ideia de proteção somente à vida, integridade física,
honra, família e propriedade privada. O que era privilégio de poucos. Podendo citar ainda
Código de Manu e Lei Mosaica.
c) Código de Manu – origem no século XIII a.C. Composto por doze livros, protegia
propriedade privada, a honra pessoal, a vida, a integridade física das pessoas, a
família. Além disso, punia o adultério e admitia o divórcio. Prescrevia a pena de morte,
exílio e de confisco.
d) Lei Mosaica: origem no século XIII a.C. Atribuída a Moisés e reunida nos primeiros
livros da Bíblia sob o título de Pentateuco, denominados pelos judeus de Torá ou Lei.
Era composta de um conjunto de regras morais, sociais e religiosas de observação
obrigatória para o povo de Israel. Fundamentada pelas leis divinas.
Idade Média
Predominância da fusão dos pensamentos religiosos com práticas costumeiras
(consuetudinárias). Uma vez que o Cristianismo estabeleceu a dignidade humana como algo
individual, racional e livre. O homem como criatura de Deus e o poder deriva deste Deus.
Considerando que Deus deu a vida ao homem, somente ele poderia tirar, e não o Estado.
Período de 476 a 1453 e teve como marco inaugural a tomada do Império Romano do
Ocidente pelos povos bárbaros e como advento do termo a tomada de Constantinopla pelos
turco-romanos.
Neste período temos a Alta Idade Média (séculos V ao X) e a Baixa Idade Média (XI ao XV).
Entretanto no primeiro período citado não temos documento significativos de proteção aos
direitos humanos, mas já no período da Baixa encontramos nesta sociedade um documento
muito importante:
Magna Carta: documento firmado pelo rei inglês João Sem-Terra (1215 – 1225) e idealizada
para proteger os privilégios dos barões e os direitos dos homens livres. A Magna Carta é
considerada o documento básico das liberdades inglesas. Contem dispositivos acerca do
respeito à liberdade de ir e vir, propriedade privada, sucessão hereditária, matrimônio,
menores, penas pecuniárias, solução de questões jurídicas, serviço militar, entre outros. Foi
a base do constitucionalismo inglês. Garantia ainda, que nenhum individuo seria detido, preso,
despojado de seus bens, exilado, senão em virtude de julgamento de seus pares e em
conformidade com as leis do país.
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A partir do século XX, a regulação dos direitos econômicos e sociais passou a incorporar as
Constituições Nacionais. A primeira Carta Magna, a revolucionar a positivação de tais direitos,
foi a Constituição Mexicana de 1917, que versava, inclusive, sobre a função social da
propriedade, estabelecendo os primeiros direitos sociais com finalidade de promover a
igualdade. A Constituição Mexicana representou um marco histórico na afirmação dos direitos
humanos de segunda geração ou dimensão ao traçar um elenco de direitos trabalhistas e
previdenciários e lhes imputando a qualidade de direitos fundamentais.
A Constituição de Weimar de 1919 ou Constituição Alemã, por meio do seu capítulo sobre os
direitos econômicos e sociais, foi o grande modelo seguido pelas novas Constituições
Ocidentais. A partir da segunda metade do século XX, iniciou-se a real positivação dos direitos
humanos, que cresceram em importância e em número, devido, principalmente, aos inúmeros
acordos internacionais.
Tendo sido assinada por meio do Tratado de Versalhes, documento que pôs fim a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), produziu um choque à população da época que por meio deste
a Alemanha foi obrigada a reconhecer a independência da Áustria. Assim como, a Mexicana
(que já foi primeiro marco dos direitos de primeira geração) reconheceu esses direitos sociais,
inclusive estabelecendo em seu primeiro artigo que “todo poder emana do povo”.
O advento da Segunda Guerra (1939-1945) que teve início com a invasão da Polônia e como
termo a rendição formal do Japão. Entretanto, a doutrina majoritária afirma que a guerra
começou muito antes, uma vez que logo após a promulgação da Constituição Alemã foi
fundado o partido Operário Alemão.
Dentre os jovens que estavam neste grupo encontrava-se Adolf Hitler. Em 1920, o referido
partido que já se chamava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães preparou
um golpe de Estado, em 1923. Com o fracasso do golpe, Hitler foi preso.
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Uma vez em liberdade, cerca de oito meses depois dos cinco que deveria ter cumprido, ele
reorganizou seu partido e criou uma força armada para apoiar suas reinvindicações políticas.
Conquistando uma carreira política avassaladora e poderes extraordinários, em 1933 a
Alemanha se retira da Conferência Geral do desarmamento, reunida em Genebra. Uma
semana depois se retira da Liga das Nações (organização criada pelo Tratado de Versalhes
com objetivo de estabelecer a paz mundial e evitar um novo conflito como fora a Primeira
Guerra Mundial).
Em 1935 um exército com mais de 500 mil homens é criado. Em 1938 as tropas alemãs
ingressam na Áustria. No ano seguinte, a Alemanha atravessou a fronteira da Polônia e Hitler
desencadeia a Segunda Guerra Mundial.
Muito mais sangrenta que a Primeira Guerra que deixou o legado de oito milhões de vidas
perdidas, a Segunda Guerra deixa a terrível marca de mais de quarenta e cinco milhões de
mortos.
A situação sangrenta e aterrorizante das duas guerras serviu para demonstrar ao mundo a
necessidade imediata de proteção dos direitos humanos na dimensão internacional. Uma
resposta ao holocausto e todas as barbáries acontecidas no período.
A grande primeira manifestação do sentimento de mudança e do processo de
internacionalização dos direitos humanos foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos
de 1948, que foi base para dois outros documentos: Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966.
A união desses três documentos deu origem a Carta Internacional dos Direitos
Humanos.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma reformulação do escopo das Liga das
Nações ou Sociedade das Nações, organização internacional criada por meio do Tratado de
Versalhes, em 28 de junho de 1919, logo após a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918).
O surgimento da Liga das Nações teve por fundamento a ideologia dos 14 pontos básicos
para reconstrução da Europa, quais sejam:
Exigência da eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos;
Liberdade nos mares;
Abolição das barreiras econômicas entre os países;
Redução dos armamentos nacionais;
Redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos
colonizados;
Retirada dos exércitos de ocupação da Rússia;
Restauração da independência da Bélgica;
Restituição da Alsácia e Lorena à França;
Reformulação das fronteiras italianas;
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Reconhecimento ao direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-
Hungria;
Restauração da Romênia, da Sérvia e Montenegro e direito de acesso ao mar para a
Sérvia;
Reconhecimento da independência da Polônia;
Reconhecimento ao direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia e
abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo;
Criação da Liga das Nações.
Infelizmente, ante o fracasso em sua missão mais importante, a de impedir novo conflito
mundial, a Liga das Nações acabou por ser dissolvida e reformada na atual ONU, com os
princípios básicos mantidos, porém com o cuidado de evitar os equívocos que levaram à
inefetividade da organização. A liga foi autodissolvida em 18 de abril de 1946.
Neste cenário, a Organização das Nações Unidas foi idealizada ainda na vigência da Segunda
Guerra Mundial e concebida depois de diversas negociações.
A Carta da ONU (também denominada Carta de São Francisco), elaborada pelas potências
vitoriosas da Segunda Guerra Mundial e que oficializa a constituição da organização, passou
por ratificação de dois terços dos 50 Estados representados na Conferência e pela Polônia
entrou em vigor em 24 de outubro de 1945.
A ação das potências vencedoras do referido conflito que levaram à criação da ONU deu-se
das lições aprendidas pela fraqueza política da Liga das Nações que careceu de ações
coletivas dos Estados e sim apenas iniciativas de natureza individual que se limitava a
questões administrativas e técnicas e não resolvia os problemas da comunidade internacional.
A Organização das Nações quando da sua formação contava com 51 membros e atualmente
é integrada por 193 países. Sua sede está localizada em Manhattan, Nova York. Possuindo
ainda escritórios Genebra, Nairóbi e Viena.
Financiada com contribuições avaliadas e voluntárias dos países membros. Dentre seus
objetivos incluem a manutenção da paz, segurança, auxílio no desenvolvimento econômico e
no progresso social, além da proteção do meio ambiente e promoção do combate à fome,
desastres naturais e conflitos armados.
Enquanto a Liga das Nações era composta por três órgãos principais, a ONU possui seis
órgãos de maior amplitude: Assembleia Geral (principal), Conselho de Segurança (decidir
resoluções para manutenção da paz e a segurança), Conselho Econômico e Social (auxiliar
na promoção da cooperação econômica e social internacional e desenvolvimento), Conselho
de Direitos Humanos (fiscalizar a proteção dos direitos humanos e propor tratados
internacionais sobre o tema), Secretariado (fornecimento de estudos, informações e
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facilidades necessárias para ONU) e o Tribunal Internacional de Justiça (principal órgão
judicial). Ainda contando com órgãos complementares: Organização Mundial de Saúde
(OMS), Programa Alimentar Mundial, Fundo nas Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
01. (VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia) Esse documento histórico de remota
conquista dos direitos humanos foi editado com o escopo de assegurar a Supremacia
do Parlamento sobre a vontade do Rei, controlando e reduzindo os abusos cometidos
pela nobreza em relação aos seus súditos, em especial declarando, dentre outras
conquistas, o direito de petição, eleições livres e a proibição de fianças exorbitantes e
de penas severas:
A) Petition of Rights, de 1628.
B) Habeas Corpus Act, de 1679.
C) The Bill of Rights, de 1689.
D) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.
E) Magna Carta, de 1215.
ALTERNATIVA C. Magna Carta: Limitou os poderes do Rei. Petition of rights: ampliou
a limitação. Habeas corpus Act: consagração de mecanismo processual para tutela da
liberdade. Bill of rights: consagra a SUPREMACIA do parlamento, pondo temor à
monarquia absolutista e institucionalizou a separação de poderes que foi teorizada
posteriormente por Monstesquieu.
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IV. O processo de universalização, sistematização e internacionalização da proteção dos
direitos humanos intensificou-se após o término da 2ª Guerra Mundial.
Está correto o que consta de:
A) I, II, III e IV.
B) I, II e III, apenas.
C) I, III e IV, apenas.
D) II, III e IV, apenas.
E) I e IV, apenas.
ALTERNATIVA A. I - Certo. É com a Magna Carta que nasce a essência do devido
processo legal, que nada mais é do que vincular o Estado à norma. O Estado (trem) é
obrigado a andar sobre os trilhos (legislação), portanto seu poder foi limitado. II - Certo.
O instituto do habeas corpus já existia na Inglaterra desde 1215, desde a Magna Carta,
mas não havia ainda sido instrumentalizado, procedimentalizado. III - Certo. Na
Declaração de Independência dos Estados Unidos, os direitos mais importantes eram
os direitos civis (vida, liberdade e propriedade) juntamente com os direitos políticos.
Nos Estados Unidos, o que era mais importante era a liberdade política, porque
entendiam que, caso se efetivassem a liberdade política, os demais (civis) seriam
consequência.
Segundo o Professor José Afonso da Silva, 2003: “são aquelas prerrogativas e instituições
que o Direito Positivo concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas
as pessoas”.
São chamados fundamentais porque sem eles a pessoa humana não convive, ou até mesmo
não sobrevive. A dignidade é intrínseca ao ser humano e o respeito a ela é uma forma de
concretização desse direito.
Em virtude desse direito, que deve ser garantido além da legislação pátria também por meio
da adoção de medidas especiais (ações afirmativas e políticas públicas) para consecução
desses direitos, serão vedadas medidas que afetem a integridade física e psíquica do ser
humanos, como vedação a adoção de penas cruéis, desumanas ou degradantes.
Para BELTRAMELLI (2014) “a dignidade da pessoa humana possui caráter multidimensional
e individual. Multidimensional porque congrega diversos atributos intrínsecos do ser humano,
como a liberdade, a igualdade, a integridade física e psíquica; e individual porque, embora
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Dos Direitos Sociais - art. 6º ao art. 11, CF (Capítulo II).
Da Nacionalidade - art. 12 e art. 13, CF (Capítulo III).
Dos Direitos Políticos - art. 14 ao art. 16, CF (Capítulo IV).
Dos Partidos Políticos (Capítulo V).
Direitos e deveres
Direitos sociais (art.
individuais e
6º ao art. 11, CF)
coletivos (art. 5º, CF)
Direitos da
Direitos políticos (art.
nacionalidade (art.
14 ao art. 17, CF)
12 e art. 13, CF)
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Assistência jurídica.
A titularidade dos direitos fundamentais é ampla, pois são vinculados a condição humana, a
partir do momento da concepção até o momento da morte. De acordo com o Supremo Tribunal
Federal, os estrangeiros também são titulares de direitos fundamentais, assim como as
pessoas jurídicas por serem representadas por pessoas físicas. Podendo exercer os seus
direitos como, por exemplo, devido processo legal em relação a garantias que deveriam ser
prestadas pela União para que um estado pudesse contrair empréstimos externos.
O princípio da dignidade da pessoa humana, afixado nos fundamentos da República no art.
1° da Constituição Federal é condição sine qua non para o direito contemporâneo nacional, o
que significa que o referido princípio determina valor às normas jurídicas brasileiras. Assim
como, é núcleo exegético de todo ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que o raciocínio
interpretativo de todas as regras deve se orientar por esta máxima, já que as relações jurídicas
humanas são fragmentárias e evoluem de forma contínua. A dignidade da pessoa humana é
um princípio constitucional estruturante.
Os direitos fundamentais são os direitos do homem jurídico institucionalmente garantidos.
Seriam os direitos objetivamente vigentes em uma ordem jurídica concreta, ou seja, são os
enunciados constitucionais de cunho declaratório, cujo objetivo consistiria em reconhecer, no
plano jurídico, a existência de uma prerrogativa fundamental do cidadão. A livre expressão
(art. 5º, inciso IX), a intimidade e a honra (art. 5º, inciso X) e a propriedade e defesa do
consumidor são direitos fundamentais, que cumprem a função de direitos de defesa dos
cidadãos sob um a dupla perspectiva:
O direito à vida diz respeito à própria existência da pessoa humana. A Constituição garante a
existência digna de todo ser vivo, tendo o próprio nascituro seus direitos civis assegurados.
Apenas excepcionalmente a legislação brasileira admite o fim da vida, por meio da pena de
morte em estado de guerra declarada, das excludentes de ilicitude penal (legítima defesa,
estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito e da
autorização do aborto nos casos previstos no Código Penal.
A Constituição proíbe qualquer mecanismo que possa resultar na solução não espontânea da
vida. Assim, a pena de morte não pode ser institucionalizada juridicamente no país. A própria
pena de morte em caso de guerra declarada está sujeita à condição de ser esta mesma guerra
declarada pelo Presidente da República.
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O direito fundamental à igualdade ou isonomia deve produzir efeitos sobre todas as pessoas
do país. O legislador e o aplicador da lei devem tratar igualitariamente todos os indivíduos,
sem distinção de qualquer natureza.
Todos os cidadãos têm o direito ao tratamento idêntico pela lei, em consonância com os
critérios do ordenamento jurídico. O princípio da igualdade perante a lei assegura a todos os
cidadãos tratamento idêntico perante a lei.
A igualdade não é absoluta, mas apenas formal, onde os desiguais são tratados
desigualmente e o Estado se apresenta perante os entes privados com relativa supremacia
legal.
A Carta Magna preconiza que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei. Este princípio objetiva combater o poder arbitrário do Estado. Só por
meio de espécies normativas devidamente elaboradas conforme as regras de processo
legislativo constitucional podem-se criar obrigações para o indivíduo, pois são expressão da
vontade geral.
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Os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a Constituição Federal quando
verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado.
O particular também não poderá agir de modo discriminatório, preconceituoso ou racista, sob
pena de responsabilidade civil e penal, nos termos da lei.
O princípio da reserva legal tem abrangência diversa e mais restrita do que o princípio da
legalidade. De natureza concreta, o princípio da reserva legal somente tem aplicação nas
hipóteses previstas constitucionalmente.
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Em 07 de novembro de 2019, no bojo das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs
43, 44 e 54), de Rel. do Min. Marco Aurélio do Supremo Tribunal Federal, a maioria dos
Ministros concluíram que o cumprimento da pena só pode ser iniciado após o transito em
julgado de sentença penal condenatória. Tal decisão ocorreu após 3 anos de insegurança
jurídica desde que a maioria dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
HC 126292, de Relatoria do Min. Teori Zaviscki entenderam pela possibilidade do inicio da
execução da pena mesmo que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.
Por sua vez, o art. 283 do CPP prevê: Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou
do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
A teoria das gerações foi desenvolvida por Karel VASAK por meio de um texto publicado em
1977, e por uma palestra proferida em 1979, que foi fruto de uma Conferência no Instituto
Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo (França) – 1979.
A classificação dos direitos humanos na doutrina majoritária irá obedecer a dois critérios
principais: as gerações ou dimensões dos direitos humanos e a classificação referente aos
direitos e garantias fundamentais.
A priori, importante destacar que parte da doutrina não utilizará a expressão “geração dos
direitos humanos” por remeter a ideia de sobreposição de uma geração sobre a outra, quando,
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Referem-se às liberdades públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos civis e políticos a
traduzirem o valor de liberdade. Documentos históricos (séculos XVII, XVIII e XIX): 1) Magna
Carta de 1215, assinada pelo rei Joao sem terra;2) Paz de Westfália (1648);3) Habeas Corpus
Act (1679);4) Bill of Rights (1688); 5) Declarações, seja a americana (1776), seja a francesa
(1789).
Desta forma, pode-se dizer que de segunda dimensão, são, pois, os direitos ao trabalho, à
saúde, à educação, dentre outros, cujo sujeito passivo é o Estado, que tem o dever de realizar
prestações positivas aos seus titulares, os cidadãos, em oposição à posição passiva que se
reclamava quando da reivindicação dos direitos de primeira geração.
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Direitos humanos de terceira dimensão (fraternidade):
A par das dificuldades e das conquistas decorrentes da diuturna luta social pelo
reconhecimento e pela eficácia dos direitos civis e políticos, de primeira geração, e dos direitos
econômicos, sociais e culturais, direitos de segunda geração, outros valores, até então não
tratados como prioridade na sociedade ocidental, foram colocados na pauta de discussão em
período posterior ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Referidos valores, para
serem efetivados, exigiam soluções inovadoras que só o reconhecimento de direitos de
estirpe diversa dos já positivados poderia satisfazer. Estes novos direitos passaram, assim, a
serem alcunhados de direitos de terceira geração.
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Foi neste mesmo sentido, agora já no campo jurídico jurisprudencial pátrio, que o Supremo
Tribunal Federal adotou com base na decisão infra, a corrente geracional "clássica" de Karel
VASAK (primeira segunda e terceira gerações/dimensões):
Resultado da globalização dos direitos humanos (o universalismo), cuja qual fora criada por
Paulo BONAVIDES. Para o teórico, alguns motivos evidenciam a exigência de se criar
uma quarta geração, como, por exemplo: o direito de participação democrática (democracia
direta), o direito ao pluralismo, o direito à bioética e aos limites da manipulação genética. Isto
é, fundados na defesa da dignidade da pessoa humana contra intervenções abusivas de
particulares ou do Estado.
Sendo identificados com o direito da manipulação genética, direito de morrer com dignidade
e direito à mudança de sexo, todos pensados para a solução de conflitos jurídicos inéditos,
novos, frutos da sociedade contemporânea.
Finalmente, os direitos humanos da quinta dimensão, como os de quarta, também não são
pacificamente reconhecidos pela doutrina, como o são os das três primeiras. No entanto, os
direitos que por essa geração são reconhecidos, quais sejam, a honra, a imagem, enfim, os
“direitos virtuais” que ressaltam o princípio da dignidade da pessoa humana, decorrem de uma
era deveras nova e contemporânea, advinda com o exacerbado desenvolvimento da Internet
nos anos 90.
Tais valores, portanto, são defendidos e protegidos por essa geração de direitos, com a
particularidade de protegê-los frente ao uso massivo dos meios de comunicação eletrônica,
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merecendo, assim, proteção não só as pessoas naturais, mas também as pessoas jurídicas
(art. 50, Código Civil de 2002).
C) O Princípio da essencialidade reza que os direitos humanos devem ser vistos como aquela
categoria de direitos inerentes à sociedade em determinada época histórica, podendo ser
divididos em essenciais, que devem gozar de livre fruição, e os não essenciais, que ainda
demandam reivindicações a serem conquistadas ao longo do tempo.
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que será denominado relativismo cultural. Pelo relativismo cultural a atividade humana e
aplicação desses direitos deveriam ser interpretadas dentro de um contexto, nos termos da
sua própria cultura (expressões, normas, padrões e valores).
Complementariedade: Os direitos fundamentais não são analisados sob o prisma isolado, pois
estão numa relação de complementariedade, ou seja, os direitos sociais reforçam os direitos
individuais, os direitos difusos ampliam as garantias para a tutela coletiva e é nessa simbiose
que eles devem ser compreendidos e respeitados.
Irrenunciabilidade. São irrenunciáveis, uma vez que não podem ser abdicados, rejeitados ou
recusados. Não se renunciam esses direitos. Alguns deles podem até não ser exercidos,
pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite sejam renunciados.
31
Interdependência: os direitos fundamentais estão vinculados uns aos outros, não podendo ser
vistos como elementos isolados, mas sim como um todo, um bloco que apresenta
interpenetrações; as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuem
diversas intersecções para atingirem suas principais finalidades. No intuito de exemplificarmos
a característica relacionada neste comando, podemos dizer que a liberdade de locomoção
está relacionada à garantia do habeas corpus e ao devido processo legal.
Os tratados são considerados uma das fontes do Direito Internacional positivo e podem ser
conceituados como todo acordo formal, firmado entre pessoas jurídicas de Direito
Internacional Público. Tem como finalidade a produção de efeitos jurídicos.
A denominação ‘tratado’ é genérica, pois de acordo com a sua forma, o seu conteúdo, o seu
objeto ou o seu fim, podem ser adotadas outras denominações como, por exemplo:
convenção, declaração, protocolo, acordo, ajuste, compromisso.
No ordenamento jurídico brasileiro o Presidente da República tem competência para celebrar
o tratado e, posteriormente, o Congresso Nacional irá aprová-los, mediante decreto legislativo.
Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o tratado volta para o Poder Executivo para que
seja ratificado. Com a ratificação do Presidente da República o tratado internacional deverá
32
ser promulgado internamente através de um decreto de execução presidencial. Vejamos: “
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VIII - celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”.
Alguns doutrinadores até defendem o status supralegais dos tratados e há outros que
defendem a supra constitucionalidade dos mesmos alegando que os tratados possuem força
obrigatória e vinculante.
Para a jurisprudência pátria, adota-se a teoria da paridade entre tratado internacional e a
legislação federal. Com relação aos tratados internacionais de direitos humanos as
discussões acerca da sua hierarquia no ordenamento jurídico brasileiro são ainda maiores.
33
3. Demais tratados
internacionais = status de
lei ordinária
34
4.4 Procedimentos de incorporação de tratados internacionais ao ordenamento jurídico
brasileiro
Destaca-se que em caso de recusa pelo Legislativo, não há edição de decreto e não existirá
ratificação. Podendo ser rejeitado pelo Congresso. O quórum de aprovação dependerá do
status do tratado, conforme informado alhures. Se norma supralegal, por maioria simples
(status de norma supralegal); Se emenda constitucional, seguir regras do art. 5 §3° da CRFB.
A ratificação possuirá algumas características: discricionariedade (praticado de acordo com
critérios de conveniência e oportunidade da Administração Pública), unilateralidade (ato de de
competência do Estado- Parte e não se submete a imposições internacionais) e
irretratabilidade ( que após a ratificação não é possível o seu desfazimento).
O entendimento doutrinário pátrio é que não há necessidade de homologação pelo Superior
Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal para ter validade e vigência no nosso
território.
35
Em casos de confronto entre regras do ordenamento interno e um dispositivo de um tratado
internacional deverá prevalecer à regra mais benéfica à vítima, uma vez que os tratados por
premissa garantem direitos mínimos.
36
STATUS de normas equivalentes às EMENDAS CONSTITUCIONAIS se forem aprovados
pelo rito previsto no art. 5º, § 3º, da CF/88.
O conceito da Nacionalidade não deve ser confundido com conceito de cidadania. A cidadania
pressupõe a nacionalidade, pois, para ser titular de direitos políticos no Brasil é necessário a
condição de nacional. Ainda, podendo o nacional de o país perder ou ter seus direitos políticos
suspensos (art. 15 CRFB).
A democracia direta se realizará quando o cidadão, em pleno gozo de seus direitos políticos,
participa de referendos, plebiscitos, quando ajuíza ação popular, dentre outras manifestações.
Indiretamente, a democracia se manifesta quando os atos principais da vida política do país
são realizados por nossos representantes eleitos para essa finalidade.
O artigo 14 da CF dispõe que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto na forma da lei.
Nacionalidade Originária ou primária
37
Critérios ius soli na forma do art. 12, I, a, CRFB. Segue texto constitucional:
I - natos:
Critérios ius sanguinis na forma do art. 12, I, b e c, CRFB. Segue texto constitucional:
38
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira;
Naturalização Ordinária na forma do art. 12, II, a, CRFB. Segue texto constitucional:
A lei não deve fazer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. Exceto nos casos
determinados na própria Constituição Federal, são os cargos privativos de brasileiro nato
dispostos no art. 12, §3° CRFB:
V - da carreira diplomática;
39
VI - de oficial das Forças Armadas;
Conforme texto constitucional, (art. 12, §1°, CRFB) no caso dos portugueses residentes
permanentemente no Brasil há atribuição de direitos que são inerentes aos brasileiros, desde
que haja reciprocidade Não se refere à atribuição de nacionalidade.
5.6 Extradição
O brasileiro nato jamais será extraditado, conforme art. 5°, LI, CRFB. Entretanto, de forma
excepcional o brasileiro naturalizado será extraditado na hipótese de crime comum cometido
antes da naturalização ou, a qualquer tempo, em caso de envolvimento em tráfico de drogas,
de acordo com a lei.
A extradição é a entrega do refugiado, acusado, criminoso ao governo estrangeiro que o exige
em seu próprio Estado para o julgamento de um delito ou ainda para o cumprimento de uma
pena. Insta pontuar, que a extradição exige como pressuposto a existência de um processo
penal. Via de regra a extradição é para o estrangeiro, exceto em casos de crimes políticos ou
de opinião.
O diploma legal que disciplina o tema é a lei 6.815/1980 (arts. 76 a 94) e o decreto
86.715/1981.
40
O Supremo Tribunal Federal em 2016 sobre o tema:
Perda da Nacionalidade. Brasileira naturalizada americana. Acusação de homicídio no
exterior. Fuga para o Brasil. Perda de nacionalidade originária em procedimento administrativo
regular. Hipótese constitucionalmente prevista. (...) A Constituição Federal, ao cuidar da perda
da nacionalidade brasileira, estabelece duas hipóteses: (i) o cancelamento judicial da
naturalização (art. 12, § 4º, I); e (ii) a aquisição de outra nacionalidade. Nesta última hipótese,
a nacionalidade brasileira só não será perdida em duas situações que constituem exceção à
regra: (i) reconhecimento de outra nacionalidade originária (art. 12, § 4º, II, a); e (ii) ter sido a
outra nacionalidade imposta pelo Estado estrangeiro como condição de permanência em seu
território ou para o exercício de direitos civis (art. 12, § 4º, II, b). No caso sob exame, a
situação da impetrante não se subsume a qualquer das exceções constitucionalmente
previstas para a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira.
[MS 33.864, rel. min. Roberto Barroso, j. 19-4-2016, P, DJE de 20-9-2016.]
Privação de nacionalidade obtida mediante fraude e apatria. Não ignoro ser a
nacionalidade direito fundamental de primeira geração, pelo qual se estabelece o vínculo
instaurador de direitos e deveres entre o indivíduo e determinado Estado, enfatizando, com
isso, a identidade da pessoa humana no cenário internacional. Tampouco desconheço os
esforços no sentido de conferir maior efetividade a esse direito, constante da Declaração
Universal dos Direitos do Homem, a qual estabelece em seu art. 15: “1. Toda pessoa tem
direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
nem do direito de mudar de nacionalidade”. A adesão brasileira à Convenção sobre o Estatuto
dos Apátridas, celebrada em 28-7-1951 no âmbito das Nações Unidas, com o depósito do
instrumento de ratificação brasileiro em 30-4-1996, evidencia a importância que o Brasil
passou a conferir à matéria. Buscando dotar esse documento de maior eficácia e com o
objetivo de reduzir os casos de indivíduos sem nacionalidade, foi celebrada pelas Nações
Unidas, em 30-8-1961, a “Convenção para a Redução dos Casos de Apatridia” (Convention
on the Reduction of Statelessness), cujo texto foi aprovado pelo Congresso Nacional brasileiro
em 4-10-2007 (Decreto Legislativo 274, publicado no Diário Oficial da União de 5-10-2007),
sendo esse instrumento de adesão apresentado às Nações Unidas em 25-10-2007 (...). Nesse
documento, os Estados contratantes se comprometem a não privar uma pessoa de sua
nacionalidade se essa privação vier a convertê-la em apátrida (art. 8º, § 1º). Inobstante essa
regra geral, o acordo internacional referido prevê a possibilidade de uma pessoa ser privada
da nacionalidade de Estado contratante “nos casos em que a nacionalidade tenha sido obtida
por declaração falsa ou fraude” (art. 8º, § 2º, b). Além dessa exceção, o tratado ainda admite
a reserva do direito do Estado contratante de privar o indivíduo de sua nacionalidade se, em
41
O estrangeiro, que em outrora foi chamado de adventício, isto é, aquela pessoa nascida em
outro Estado e que permanecia em território alheio e mantendo sua primitiva nacionalidade
sempre foi historicamente bem recebido em território brasileiro.
42
Em alguns momentos uma receptividade mais ampla e outros não. Na Constituição Brasileira
de 1824 estabeleceu-se a liberdade de trânsito em território nacional, sem nenhuma restrição
ao estrangeiro. Em 1891 o rol é ampliado com possibilidade de ingresso e saída sem
necessidade de passaporte e posteriormente foi ratificado por meio da emenda constitucional
de 1926.
Na Carta de 1934 estabeleceram-se alguns limites percentuais de ingresso chamados de
cotas. O ato foi mantido no texto de 1937 e com pequenas alterações em 1946 e 1967.
Na Constituição de 1988 estabelece que determinadas restrições serão estabelecidas pela
União, que tem competência para legislar sobre o assunto. A temática é regida pelo Estatuto
do Estrangeiro (Lei 6.815, de 19 de agosto de 1980).
5.9 Refugiados
Refugiado é aquela pessoa que em virtude fundados temores motivados por questões de
cunho de perseguição racial, ideológica, religiosa, política ou criminal no território do seu
Estado de origem, procura asilo ou refúgio em outro com a finalidade de nunca ser molestado.
No Brasil a condição da pessoa refugiada é regida pela Lei 9.474/1997, no qual, dispõe que
não irão desfrutar dessa qualidade aqueles que tenham cometido crimes contra paz, crime de
guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo, participação de atos terroristas ou ainda
tráfico de drogas.
Aos refugiados é possível a concessão de asilo político. Poderá ser exercido de duas
maneiras: asilo diplomático (proteção conferida aos estrangeiros nas embaixadas, navios,
aeronaves, acampamentos militares); asilo territorial (perfaz-se no próprio território do Estado
que concede a proteção).
43
O Sistema de proteção internacional dos direitos humanos no Brasil tem seu marco na
Constituição Federal de 1988. Através dos chamados remédios constitucionais, a CRFB
proporciona garantias que tem como propósito a realização do amparo, proteção e defesa dos
direitos fundamentais.
O Habeas Corpus é uma Ação Constitucional isenta de custas, cujo objetivo é evitar ou fazer
cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder
(contra atos de autoridade).
Convém ressaltar que a Pessoa Jurídica também poderá impetrar Habeas Corpus, mas,
deverá requerê-lo em favor de pessoa física, pois somente as pessoas físicas poderão ser
beneficiadas com este Remédio Constitucional.
b) Habeas Data: O Habeas Data tem a utilidade de assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes no registro ou nos bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Atuando também para
retificação de dados, quando não prefira fazer em processo sigiloso, judicial ou
administrativo.
Assim como o Habeas Corpus, o Habeas Data é submetido aos benefícios da Justiça Gratuita.
Porém, poderá ser ajuizado tanto por pessoa física quanto por pessoa jurídica, ressaltando
que a pessoa física poderá ser brasileira ou estrangeira.
44
Tem caráter personalíssimo, só podem pleitear informações relativas ao próprio impetrante e
nunca de terceiros exceto se herdeiros ou cônjuge supérstite.
c) Mandado de Segurança: O Mandado de Segurança é o remédio constitucional que
poderá ser impetrado por pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual,
universalidade reconhecida por lei, para a proteção de direito líquido e certo não
amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data (caráter residual). A CRFB/88 em seu
artigo 5º " LXIX – Conceder-se à Mandado de Segurança para proteger direito líquido
e certo, não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público."
Possuem legitimidade ativa para ajuizar o Mandado de Injunção qualquer pessoa cujo
exercício de direito, liberdade ou prerrogativa constitucional esteja sendo inviabilizado em
virtude da falta de norma regulamentadora da Constituição.
É possível o Mandado de Injunção coletivo, reconhecida a legitimidade para as associações
de classe devidamente constituídas. Quanto ao sujeito passivo este será sempre a pessoa
estatal.
45
Tem legitimidade ativa para propor Ação Popular o nacional que esteja no gozo de direitos
políticos, não cabe aos estrangeiros e aos partidos políticos. Desta forma, deverá ser cidadão
brasileiro (nato ou naturalizado), podendo ser também o português equiparado e no gozo dos
direitos políticos.
O PNDH é um programa do Governo Federal do Brasil, criado com base no art. 84, inciso IV,
da Constituição Federal de 1988, pelo Decreto nº 1904, de 13 de maio de 1996, “contendo
diagnóstico da situação desses direitos no País e medidas para a sua defesa e promoção”.
Atualmente já existem três versões do PNDH. As versões I e II forma publicadas durante o
governo Fernando Henrique, e a última, ou PNDH III, foi publicada no final de 2009, no
governo Lula. As propostas deverão ser discutidas pelo Congresso Nacional, a fim de que se
transformem em lei. Os programas tinham pontos focais:
46
a) PNDH-1
Tem por desígnio identificar os principais obstáculos à promoção e proteção dos direitos
humanos no Brasil, elegendo prioridades e apresentando propostas concretas de caráter
administrativo, legislativo e político-cultural que busquem equacionar os mais graves
problemas que hoje impossibilitam ou dificultam a sua plena realização. O PNDH é resultante
de um longo e muitas vezes penoso processo de democratização da Sociedade e do Estado
brasileiro.
b) PNDH-2
Ainda no Governo FHC foi implementada a 2ª parte do Programa Nacional de
Desenvolvimento Humano, o PNDH 2 incorpora ações específicas no campo da garantia do
direito à educação, à saúde, à previdência e assistência social, ao trabalho, à moradia, a um
meio ambiente saudável, à alimentação, à cultura e ao lazer, assim como propostas voltadas
para a educação e sensibilização de toda a sociedade brasileira com vistas à construção e
consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos. Ademais, foram estabelecidas
novas formas de acompanhamento e monitoramento das ações contempladas no Programa
Nacional, baseadas na relação estratégica entre a implementação do programa e a
elaboração dos orçamentos em nível federal, estadual e municipal. O PNDH II deixa de
circunscrever as ações propostas a objetivos de curto, médio e longo prazo, e passa a ser
implementado por meio de planos de ação anuais, os quais deliberarão os meios a serem
utilizados, os recursos orçamentários destinados a financiá-las e os órgãos responsáveis por
sua execução.
c) PNDH-3
A terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), por meio do decreto
7.053/2009, apresenta a Política de Estado para os temas relativos a esta área, ao estabelecer
diretrizes, objetivos e ações para os anos seguintes. O objetivo do programa desenvolvido
pelo governo federal é dar continuidade à integração e ao aprimoramento dos mecanismos
de participação existentes e criar novos meios de construção e monitoramento das políticas
públicas sobre Direitos Humanos no Brasil. O PNDH-3 tem como diretriz a garantia da
igualdade na diversidade, com respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia
da laicidade do Estado brasileiro, prevista na Constituição Federal. A ação que propõe a
criação de mecanismos que impeçam a ostentação de símbolos religiosos em
estabelecimentos públicos da União visa atender a esta diretriz. O programa é ainda
estruturado nos seguintes eixos orientadores:
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Interação Universalizar
Democrática entre Desenvolvimento e Direitos em um
Estado e Sociedade Direitos Humanos Contexto de
Civil Desigualdades
Segurança Pública,
Educação e Cultura
Acesso à Justiça e Direito à Memória
em Direitos
Combate à e à Verdade
Humanos
Violência
(FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor Público) Dentre as diretrizes da Política Nacional para
a População em Situação de Rua, segundo o previsto no Decreto nº 7.053/2009, está
A) o atendimento humanizado e universalizado.
B) a valorização e o respeito à vida e à cidadania.
48
C) o respeito à dignidade da pessoa humana.
D) a integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução.
E) a atualização constante da contagem oficial da população em situação de rua.
ALTERNATIVA D. Dentre as diretrizes da Política Nacional para a População em
Situação de Rua, segundo o previsto no Decreto nº 7.053/2009, está: Art. 6o São
diretrizes da Política Nacional para a População em Situação de Rua: V - integração dos
esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução
O sistema global de proteção dos direitos humanos, da ONU, contém normas de alcance geral
e de alcance especial:
As normas de alcance geral e destinadas a todos os indivíduos, genérica e
abstratamente, tais como: os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e o de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
As normas de alcance especial são destinadas a indivíduos ou grupos específicos, tais
como: mulheres, refugiados, crianças entre outros. Dentre as normas especiais do
sistema global da ONU, destacam-se a Convenção contra a Tortura e outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes, a Convenção para a
50
Eliminação da Discriminação contra a Mulher, a Convenção para a Eliminação de
todas as formas de Discriminação Racial e a Convenção sobre os Direitos da Criança.
Nos sistema global da ONU, o Brasil ratificou a maior parte dos instrumentos internacionais
de proteção aos direitos humanos, tais como o Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos, em 24/01/92; o Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, 24/01/92; a
Convenção para a Eliminação de toda a Discriminação contra a Mulher, em 01/02/84; a
Convenção para a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, em 27/03/68; e a
Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24/09/90.
O sistema interamericano de promoção dos direitos humanos teve início formal com a
aprovação da Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem em 1948 na Colômbia.
A Declaração Americana é um instrumento de alcance geral que integra o sistema
interamericano, destinada a indivíduos genéricos e abstratos, estabelecendo os direitos
essenciais da pessoa independente de ser nacional de determinado Estado, tendo como
fundamento os atributos da pessoa humana. Além da Declaração Americana, há outros
instrumentos de alcance geral que fazem parte do sistema interamericano, como a Convenção
Americana sobre os Direitos Humanos ou “Pacto de San José”(1969), ratificada pelo Brasil
em 25/09/92.
Além dos instrumentos de alcance geral, os sistemas interamericano também é integrado por
instrumentos de alcance especial, tais como: a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos básicos das Nações
Unidas e foi assinada em 10 de dezembro de 1948, sob a forma de uma Resolução
(recomendação). O Brasil aderiu na mesma data. A Declaração possui duas características
principais: a universalidade e a indivisibilidade.
51
A primeira característica está relacionada ao fato de que a Declaração se estende a todas as
pessoas, independentemente de procedência nacional, etnia, sexo, idade ou condição social.
No que tange à indivisibilidade, a Declaração não faz distinção entre os direitos em gerações,
conferindo a todos eles uma natureza indivisível.
Não obstante a Declaração não ser tecnicamente um tratado ou acordo que cria obrigações
legais, constitui uma consolidação do direito consuetudinário para o tema nas relações
exteriores.
No preâmbulo do documento é reconhecida a dignidade inerente a todos os membros da
família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis como fundamento da liberdade, da
justiça e da paz no mundo.
A Assembleia Geral, órgão que proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH) afirma a necessidade de um ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas
as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tenha sempre
em mente a referida Declaração, e pelo esforço por meio do ensino e da educação, promover
o respeito a esses direitos e liberdades, e, a adoção de medidas progressivas de caráter
nacional e internacional.
A DUDH possui 30 artigos e apresenta em seu bojo direitos que são costumeiramente
divididos em categorias:
Direitos Humanos de Primeira Geração, também conhecidos como direitos civis e
políticos (arts. I ao XXI). Dentre estes direitos estão no rol:
Todo ser humano com capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
na Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.
Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.
Todo ser humano com direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Todo ser humano com direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
constituição ou pela lei.
Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente
até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público
no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
52
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito
à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
A vontade do povo será à base da autoridade do governo; essa vontade será expressa
em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo
equivalente que assegure a liberdade de voto.
53
54
Comissão Interamericana de Direitos Humanos: Função principal a observância e defesa dos
direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem poderes para formular recomendações
aos governos dos Estados membros.
Corte Interamericana de Direitos Humanos: Possui atribuição consultiva e contenciosa, ou
seja, também é jurisdicional. Ela examina as comunicações que contem denúncias de
violação a direito consagrado pela convenção, por Estado que dela seja parte. Além disso, a
corte julga casos. As sentenças proferidas pela Corte Interamericana são definitivas e
inapeláveis.
O Brasil somente ratificou sua adesão ao Pacto de San José da Costa Rica em 25 de setembro
de 1992, por decreto-legislativo, depositando a respectiva Carta de Adesão no dia 6 de
novembro do mesmo ano, pelo Decreto n. 678/1992, de 6 de novembro de 1992. A
morosidade em ratificar a Convenção Americana de Direitos Humanos no Brasil ocorreu em
decorrência do regime ditatorial, que vigorava na época.
Ao ratificar a Convenção Americana, o Brasil aceitou compulsoriamente a competência da
Comissão para receber denúncias de casos individuais de violações de direitos humanos.
Assim, no caso do Brasil, até o presente, o único órgão internacional que têm competência
para aceitar denúncias de casos individuais; e a Comissão Interamericana conforme
estabelece a Convenção Americana no seu artigo 44: “Qualquer pessoa ou grupo de pessoas,
ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros
da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas
de violação desta Convenção por um Estado-parte.”
Além do recebimento de denúncias, a Comissão tem duas funções: promover e estimular em
termos gerais os direitos humanos através da elaboração de relatórios gerais; elaborar
estudos e relatórios sobre a situação dos direitos humanos nos países membros da OEA;
realizar visitas in loco aos países membros e, apresentar um Relatório Anual na qual são
reproduzidos relatórios finais dos casos concretos, nos quais já houve uma decisão sobre a
responsabilidade internacional dos países denunciados. A publicação de um relatório final no
Relatório Anual da Comissão divulgado para os Estados membros da Assembleia Geral da
OEA é a sanção mais forte a que pode estar submetido um Estado, que ainda não tenha
reconhecido a competência da jurisdição da corte Interamericana, proveniente do sistema
interamericano.
A Corte Interamericana, diferentemente da Comissão, é um órgão de caráter jurisdicional, que
foi criado pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos com o objetivo de supervisionar
o seu cumprimento, como função complementar a função conferida pela mesma a Comissão.
55
Assim, a legitimidade processual para o envio de casos para a Corte é somente concedida
para a Comissão os Estado-parte, não sendo permitido o envio de casos pelas próprias
vítimas de violações, seus representantes, familiares ou pelas organizações não
governamentais. Para que os casos não sejam encaminhados à Corte primeiramente terão
que passar pelo exame da Comissão, esgotando o seu procedimento:
“Art. 61-1. Somente os Estados-parte e a Comissão têm direito de submeter um caso à
decisão da Corte”.
“Art. 62-1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito de seu instrumento de ratificação
desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que
reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da
Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção.”
A Corte possui duas funções principais: a função contenciosa, que é a análise dos casos
individuais de violações de direitos humanos encaminhados pela Comissão ou pelos Estados-
parte; e a função consultiva. A sua função consultiva refere-se a sua capacidade para
interpretar a Convenção e outros instrumentos internacionais de direitos humanos. Qualquer
dos Estados partes da OEA podem solicitar à Corte uma opinião consultiva, mesmo os que
não são partes na Convenção Americana ou outros órgãos enumerados no Capítulo X da
Carta da Organização, conforme o artigo 64 da Convenção Americana.
A função consultiva da Corte foi usada com mais frequência nos seus primeiros anos de
funcionamento, e as Opiniões Consultivas versaram sobre temas como: os limites de sua
autoridade; os limites das ações dos Estados; discriminação; habeas corpus; garantias
judiciais; pena de morte; responsabilidade do Estado, entre outros temas cruciais para a
efetiva proteção dos direitos humanos.
(...) diante do inequívoco caráter especial dos tratados internacionais que cuidam da proteção
dos direitos humanos, não é difícil entender que a sua internalização no ordenamento jurídico,
por meio do procedimento de ratificação previsto na CF/1988, tem o condão de paralisar a
eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina normativa infraconstitucional com ela conflitante.
Nesse sentido, é possível concluir que, diante da supremacia da CF/1988 sobre os atos
normativos internacionais, a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel (art. 5º,
57
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
[Tese definida no RE 466.343, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 3-12-2008, DJE 104 de 5-6-
2009, Tema 60.]
O Plenário desta Corte, no julgamento conjunto dos HC 87.585 e HC 92.566, relator o ministro
Marco Aurélio, e dos RE 466.343 e RE 349.703, relatores os ministros Cezar Peluso e Carlos
Britto, sessão de 3-12-2008, fixou o entendimento de que a circunstância de o Brasil haver
58
subscrito o Pacto de São José da Costa Rica conduziu à inexistência de balizas visando à
eficácia do que previsto no art. 5º, LXVII, da CF/1988, restando, assim, derrogadas as normas
estritamente legais definidoras da custódia do depositário infiel.
[RE 716.101, rel. min. Luiz Fux, dec. monocrática, j. 31-10-2012, DJE 220 de 8-11-2012.]
(...) impende enfatizar — quanto ao outro fundamento do recurso em questão — que a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que inexiste, em nosso
sistema jurídico, a prisão civil do depositário infiel, inclusive a do depositário judicial a quem
se haja atribuído infidelidade depositária (...). Essa orientação, por sua vez, acha-se
contemplada em súmula desta Suprema Corte revestida de eficácia vinculante (Súmula
Vinculante 25) (...). [AI 277.940, rel. min. Celso de Mello, dec. monocrática, j. 31-5-
2011, DJE 111 de 10-6-2011.]
59
da Súmula Vinculante 25, o que impossibilita a análise da presente proposta. [PSV 54, rel.
min. presidente Ricardo Lewandowski, P, j. 24-9-2015, DJE 199 de 5-10-2015.
Ademais, o STJ sumulou seu entendimento, publicando a Súmula 419 do Superior Tribunal
de Justiça, a qual estabelece que “(...) descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”.
Para Porto (2011, p. 115-116) “a prisão do devedor de alimentos não é pena, mas meio
coercitivo de execução que visa compelir o devedor ao pagamento da dívida alimentícia e não
simplesmente puni-lo, tanto que pagando o devedor a prisão será levantada”.
61
62
Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa.
Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo menos,
as seguintes garantias: de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda
e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada;
de dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa e a
comunicar-se com defensor de sua escolha; de ser julgado sem dilações indevidas;
de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por intermédio de
defensor de sua escolha; de ser informado, caso não tenha defensor, do direito que
lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um defensor
designado ex-offício gratuitamente, se não tiver meios para remunerá-lo; de interrogar
ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e de obter o comparecimento e o
interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições de que dispõem as
de acusação; de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda
ou não fale a língua empregada durante o julgamento; de não ser obrigada a depor
contra si mesma, nem a confessar-se culpada.
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Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação da pena. A
anistia, o indulto ou a comutação da pena poderá ser concedido em todos os casos.
A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas
menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.
Não se poderá invocar disposição alguma do dispositivo do Pacto para retardar ou
impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do Pacto.
9.3.4 O Pacto de São José da Costa Rica e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos: proteção do domicílio contra ingerências arbitrárias
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9.4 PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E
CULTURAIS.
O Pacto foi elaborado em 1949, pós Segunda Guerra Mundial e finalizado em 1966 pela
Assembleia Geral das Organizações Unidas. Reconhece direitos e deveres da Declaração
Universal dos Direitos Humanos de 1948, detalhando-a e estendendo seu rol de direitos.
Trata-se de um diploma voltado aos Estados.
Dentre seus artigos, as referências são:
Autodeterminação dos povos;
Livre disposição dos seus recursos naturais e riquezas;
Compromisso dos estados de implementar os direito previstos;
Os direitos propriamente ditos;
Mecanismo de supervisão por meio da apresentação de relatórios ao Comitê;
Normas referentes à sua ratificação e entrada em vigor.
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No que tange à educação dispõe que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos
humanos e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a educação deverá capacitar
todas as pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão,
a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou
religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. Para
tanto reconhece as seguintes garantias:
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os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino
gratuito;
A educação de nível superior deverá igualmente torna-se acessível a todos, com base
na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela
implementação progressiva do ensino gratuito;
Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de base para
aquelas pessoas que não receberam educação primaria ou não concluíram o ciclo
completo de educação primária;
Será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede escolar em todos
os níveis de ensino, implementar-se um sistema adequado de bolsas de estudo e
melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente.
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fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de
vida pública.
Estabelece ainda um Comitê para a eliminação da discriminação racial composto de 18 peritos
conhecidos para sua alta moralidade e conhecida imparcialidade, que serão eleitos pelos
Estados Membros dentre seus nacionais e que atuarão a título individual, levando-se em conta
uma repartição geográfica equitativa e a representação das formas diversas de civilização
assim como dos principais sistemas jurídicos. O Comitê submeterá anualmente à Assembleia
Geral, um relatório sobre suas atividades e poderá fazer sugestões e recomendações de
ordem geral baseadas no exame dos relatórios e das informações recebidas dos Estados
Partes. Levará estas sugestões e recomendações de ordem geral ao conhecimento da
Assembleia Geral, e se as houver juntamente com as observações dos Estados Partes.
No Brasil, foi assinada em 7 de março de 1966 e ratificada em 1968, sem reservas,
promulgada em 1969 pelo decreto 65.810.
Em virtude de sua magnitude a convenção estabelece um viés fundamentalista na nossa
Constituição que normatiza o crime de racismo como imprescritível e inafiançável, sujeito a
pena de reclusão. Regulamentado pela lei 7.716/1989.
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Dentre as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a mulher, a fim de
assegurar-lhe a igualdade de direitos com o homem na esfera da educação e em particular
para assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulheres, estão:
Capacitação profissional
Acesso aos estudos e obtenção de diplomas e certificados
A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis masculino e feminino em
todos os níveis e em todas as formas de ensino
As mesmas oportunidades de acesso aos programas de educação e bolsas
As mesmas oportunidades para participar ativamente nos esportes e na educação
física
Adotada em Belém do Pará, Brasil, em 9 de junho de 1994 e incorporada por meio do decreto
nº 1.973/1996. A Convenção em tela entrou em vigor internacional em 3 de março de 1995.
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato
ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada.
E aduz que toda mulher poderá exercer livre e plenamente seus direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais, e contará com a total proteção desses direitos consagrados
nos instrumentos regionais e internacionais sobre direitos humano. Os Estados Partes
reconhecem que a violência contra a mulher impede e anula o exercício desses direitos.
A Convenção de Belém do Pará é reconhecida como o primeiro tratado internacional de
proteção dos direitos humanos das mulheres a reconhecer expressamente a violência contra
a mulher como um problema sistêmico, estrutural e generalizado na sociedade.
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A Convenção foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 28 de setembro de 1984.
Em 2010 já contava com adesão de mais de 146 Estados. Sua ratificação no Brasil deu-se
em 28 de setembro de 1989 e incorporada por meio do decreto 40/91.
No bojo da Convenção são consagrados direitos, dentre eles a proteção contra atos de tortura
e outras formas de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, além do direito de não
ser extraditado ou expulso para um país em que a probabilidade de sofrer a pena de tortura
seja grande. Ainda garante o direito de que a denúncia de tortura seja examinada
imparcialmente e o direito a não ser torturado para fins de obtenção de provas ilícitas.
Em seu art. 1º o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos,
físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de
uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira
pessoa tenha cometido, ou seja, suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa
ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza;
quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou
aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam
consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou
delas decorram.
Ademais, em seu art. 2º garante que em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias
excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer
outra emergência pública como justificação para tortura.
O documento prevê a jurisdição compulsória e universal para os indivíduos suspeitos da
prática de tortura. É assim considera compulsória, pois obriga os Estados membros a punir
os torturadores, independente do território no qual ocorreu a violação e da nacionalidade do
violador e da vítima. Universal porque o Estado-parte onde se encontre o suspeito deverá
processá-lo ou extraditá-lo para outro Estado também signatário que o solicite e tenha esse
direito, independentemente de acordo prévio bilateral sobre extradição.
9.9 REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O TRATAMENTO DOS PRESOS
Adotadas pelo 1º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de
Delinquentes, realizado em Genebra, em 1955, e aprovadas pelo Conselho Econômico e
70
Social da ONU através da sua resolução 663 C I (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela
resolução 2076 (LXII) de 13 de maio de 1977. Em 25 de maio de 1984, através da resolução
1984/47, o Conselho Econômico e Social aprovou treze procedimentos para a aplicação
efetiva das Regras Mínimas.
Reconhece a Convenção que nem todas as regras poderão ser aplicadas de forma indistinta
e permanentemente pelos Estados, tendo em vista as diferentes condições legais, sociais,
econômicas e geográficas do mundo, e admite que sejam adotadas novas práticas, desde
que se ajustem aos princípios que informaram a adoção das regras.
O objetivo das regras não é descrever detalhadamente um sistema penitenciário modelo, mas
apenas estabelecer - inspirando-se em conceitos geralmente admitidos em nossos tempos e
nos elementos essenciais dos sistemas contemporâneos mais adequados - os princípios e as
regras de uma boa organização penitenciária e da prática relativa ao tratamento de
prisioneiros.
As regras que se seguem deverão ser aplicadas imparcialmente. Não haverá discriminação
alguma baseada em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou qualquer outra opinião,
origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou em qualquer outra situação.
O Tribunal Penal Internacional foi criado por meio de um tratado internacional denominado
Estatuto de Roma, diferente dos tribunais de exceção que surgem mediante resolução do
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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O Estatuto de Roma é um tratado multilateral (stricto sensu) de caráter normativo, estático,
territorial absoluto e aberto ilimitado.
O Estatuto de Roma não é um produto imutável. Ele pode passar por atualizações com fins
de aprimoramento ao longo do tempo. Qualquer Estado-Parte pode pedir a revisão e a
mudança do documento, desde que esse empreendimento respeite os artigos relacionados à
possibilidade de alterações.
Em geral, o Tribunal Penal Internacional (TPI) atua quando os tribunais nacionais não
conseguem ou não desejam realizar os processos criminais. Sendo assim, a formação desse
foro internacional geralmente se justifica como um último recurso. De acordo com o preâmbulo
do decreto brasileiro nº 4388 de 2002, que promulga a adesão brasileira às normas
do Estatuto de Roma, ficam claras duas questões: este documento considera um dever de
cada Estado, desde que este seja um Estado-Parte, realizar sua jurisdição penal frente a um
crime considerado internacional. Ao mesmo tempo, deixa claro que o TPI tem uma função
complementar aos tribunais nacionais de cada Estado membro.
Esse Tribunal julga basicamente quatro tipos de crimes, em conformidade com o artigo 5°
do Estatuto de Roma.
Esse tipo de Crime é o mais claro de se definir. Tentativas de genocídio ocorrem quando
existe um ataque disposto a destruir, total ou parcialmente, um grupo definido por sua
nacionalidade, por sua etnia, por sua raça ou por suas práticas religiosas. Dentre eles:
O primeiro diz respeito aos homicídios atentados contra um grupo. Por exemplo,
tentativas de assassinato contra um grupo de cristãos ou muçulmanos, por sua crença
religiosa, significando uma perseguição seguida de tentativa de destruição de vidas.
Quando houver atentados graves contra as condições física ou mental de um
determinado grupo de pessoas;
Quando ocorrerem tentativas de transferência de crianças forçosamente de um grupo
para outro. Por exemplo: organizações voltadas para o roubo e venda/doação de
crianças recém-nascidas.
Tentativas impostas com o intuito de impedir o nascimento de indivíduos. Por exemplo:
sistemas organizados clandestinamente para abortos.
Submeter um grupo de pessoas a condições de vida que irão destruí-las fisicamente,
até a morte ou não. Por exemplo, escravizar pessoas ou obrigá-las a trabalhos em
locais insalubres.
72
9.11.2 Crimes contra a humanidade
O Estatuto de Roma compreende como Crimes de guerra aquelas ações que atentam contra
a Convenção de Genebra, estabelecidas em 12 de agosto de 1949. A lista de crimes nesta
modalidade é extensa, porém podemos colocar aqui alguns exemplos: privar um prisioneiro
de guerra de um julgamento justo e imparcial; deportações ou transferências ilegais; atacar
intencionalmente populações civis em geral em conflitos armados; atacar com o objetivo de
destruir os bens de uma população civil, ou seja, que não mantêm relação com a esfera militar,
como residências, estabelecimentos comerciais, praças, parques, estádios; ferir um
combatente que tenha deposto armas ou, impossibilitado de se defender, decidiu pela
rendição; causar a morte de cidadãos ou militares do país inimigo com base em traição.
No caso deste tipo de crime, as disposições para o julgamento devem estar de acordo com
a Carta das Nações Unidas, estabelecida na Assembleia, em 1974.
Lendo o documento definido em Roma, nota-se que os três tipos de crimes mostrados
anteriormente estão claramente definidos em seus artigos. Porém, esta quarta modalidade de
crime não. O Brasil foi um dos países que incentivou a revisão do Estatuto de Roma – e esse
tipo de iniciativa é perfeitamente possível. O resultado dessa reunião foi uma emenda
concluída na Conferência de Campala, na Uganda. Nessa definição, afirma-se que um crime
de agressão existe quando uma pessoa ou grupo de pessoas com capacidade de controlar
as forças armadas de uma nação planejam e/ou instituem um ataque a outro país,
prejudicando sua independência política, sua condição territorial, ou abalando sua soberania.
Em outras palavras, quando a Carta das Nações Unidas é violada em algum grau, ocorre um
ato de agressão.
Todos os crimes definidos pelo Estatuto de Roma não “vencem”, como costumamos dizer.
Estamos acostumados a ver, principalmente aqui no Brasil, casos em que, com a demora da
justiça, os crimes prescrevem ao passar de alguns anos. Uma vez que o crime é definido
73
Até hoje, apenas 21 casos foram examinados pelo Tribunal Penal Internacional. Todos eles
são referentes a países africanos. Até 2014, houve apenas duas condenações. Isso
demonstra que a grande maioria das ocorrências são realmente investigadas em nível
nacional, sem apelo ao foro internacional.
O Senegal foi o primeiro Estado a ratificar o tratado internacional em 1999. No dia 11 de abril
de 2002 foram alcançadas 60 ratificações, tendo sido, assim, superada a condição necessária
para que o Tribunal Penal Internacional fosse efetivado. Entrando em vigor internacional em
1º de julho de 2002.
O Estatuto de Roma do TPI foi aprovado por 120 Estados e teve sete votos contrários: Estados
Unidos, China, Índia, Israel, Filipinas, Sri Lanka e Turquia. Atualmente cerca de 122 Estados
são membros do Tribunal (34 são da África, 18 da Ásia, 18 são do Leste Europeu, 27 são da
América Latina e do Caribe e 25 são da Europa Ocidental e outros Estados).
O Tribunal não poderá julgar uma pessoa que já tenha sido julgada
por outro tribunal, por atos também punidos pelos artigos 6o, 7o ou 8o,
a menos que o processo nesse outro tribunal:
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Princípio da legalidade: representando pelo preceito nullum crimen nulla poena
sine lege, que significa que ninguém pode ser punido por uma conduta que não
foi definida previamente como crime. Um indivíduo apenas pode ser julgado
em face de uma conduta: que já tenha sido positivada pelo tratado internacional
ao momento da sua prática, que tenha sido realizada depois da entrada em
vigor do Estatuto, que tendo sido definida com objetividade e que seja
especifica (evitando uso da analogia).
Princípio da imprescritibilidade: os crimes da competência do Tribunal Penal
Internacional não prescrevem, conforme o estabelecido no art. 29 do Estatuto
de Roma.
Princípio da irretroatividade internacional penal: a norma internacional feita
para incriminar não pode retroagir. Pelo preceito tempus regit actum, desde o
momento que um tratado internacional entra em vigor no território de um
Estado rege todos os atos compreendidos pela sua destinação até cessar sua
vigência.
Princípio da complementariedade: a complementariedade se caracteriza pela
competência residual da Corte, ou seja, ela apenas irá atuar se o Estado se
mantiver silente e inerte ou ainda se mostrar incapaz de julgar seus criminosos.
Ao contrário dos tribunais ad hoc o TPI tem competência subsidiária em relação
às jurisdições de seus Estados Partes.
A competência material, como a própria nomenclatura sugere, indica quais as matérias que
podem ser objeto de julgamento pelo Tribunal Penal Internacional.
De acordo com o artigo 5º do Estatuto de Roma, o TPI tem competência para julgar os crimes
de genocídio, contra a humanidade, crimes de guerra e o crime de agressão. Vejamos:
Artigo 5º
a) O crime de genocídio;
d) O crime de agressão.
01. Sobre Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, é correto afirmar que:
A) o Tribunal Penal Internacional poderá impor pena de expatriação se o elevado grau de
ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado a justificarem.
B) são considerados crimes contra a humanidade os atos praticados com intenção de destruir,
no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
C) o Tribunal Penal Internacional (TPI) terá competência apenas para julgar os crimes de
genocídio, os crimes contra a humanidade e os crimes de agressão.
D) nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por um crime de competência do
Tribunal Penal Internacional, relativamente ao qual já tenha sido condenada ou absolvida pelo
TPI.
E) o Tribunal Penal Internacional e vinculado a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
e possui competência para julgar pessoas físicas.
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02. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia) Nos termos da Declaração Universal
dos Direitos Humanos, é correto afirmar que
A) toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de
um Estado.
B) são asseguradas às presidiárias condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação.
C) toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas ou militares.
D) é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
E) ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade, exceto no caso de iminente
perigo público.
ALTERNATIVA A. Indica exatamente o direito previsto no item 1 do Artigo XIII da
Declaração Universal dos Direitos Humanos: Todo ser humano tem direito à liberdade
de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
03. (FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor Público) Integram a denominada Carta Internacional
dos Direitos Humanos − International Bill of Rights:
I. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
II. Carta da Organização das Nações Unidas − ONU.
III. Declaração Universal de Direitos Humanos.
IV. Convenção Americana de Direitos Humanos.
Está correto o que se afirma em
A) II e IV, apenas.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) III e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.
ALTERNATIVA C. A chamada International Bill of Rights é composta por três
documentos extremamente relevantes para a proteção dos direitos humanos: a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Considerando as opções disponíveis, estão corretos os itens I e III e a resposta é a letra
C.
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04. A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial dispõe que os Estados-partes se comprometam a garantir o
direito de cada um à igualdade perante a lei, prevendo expressamente os seguintes
direitos, entre outros:
A) direito à habitação, direito à formação profissional e direito a emprego que garanta o
sustento da família.
B) direito de casar-se e escolher o cônjuge e direito ao acesso a todo tipo de transporte
público.
C) direito ao lazer, direito à habitação e direito de casar-se e escolher o cônjuge.
D) direito de casar-se e escolher o cônjuge, direito à habitação e direito à formação
profissional.
ALTERNATIVA D. Necessário conhecer a literalidade da convenção. A alternativa A
está incorreta, pois se fala em direito ao trabalho, não em direito ao emprego que
garanta o sustento da família. As alternativas B e C estão incorretas, pois o direito ao
acesso a todo tipo de transporte público e o direito ao lazer não estão expressamente
previstos. A alternativa D está correta, porque previsto no art. 5 da referida Convenção.
Referências
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