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Apostila Direitos Humanos

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DIREITOSHUMANOS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. CONCEITO 4

DireitosHumanoseDireitosFundamentais 7
3. FUNÇÕESECARACTERÍSTICASDOSDIREITOSHUMANOS 8

4. DI
REITOSHUMANOS:HISTÓRIA,FUNDAMENTOS 11

Históriadasdeclaraçõesdedireitos 12
Fundamentosteóricosdistintos 18
5. MITOSEVERDADESSOBREOSDIREITOSHUMANOS 19

6. EXPRESSÃOFORMALDOSDIREITOSHUMANOS 21

7. DIREITOSHUMANOSNOBRASIL 24

7. 1 Violência e a agenda de direitos humanos no Brasil: uma agenda


aserconstruída
25
8. CONSIDERAÇÕESFINAIS 29

9. REFERENCIAS 31

1
NOSSAHISTÓRIA

Anossahistóriainiciacomarealizaçãodosonhodeumgrupodeempresários, em
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Alémdepromoveradivulgaçãodeconhecimentosculturais,científicosetécnicosque
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

2
1. INTRODUÇÃO

Atualmente os direitos humanos são sempre lembrados como inerentes pelo


status de oficialidade que a Declaração Universal dos Direitos Humanos deu a eles,
mas a verdade é que tais direitos devem soar como naturais à condição humana. O
que a ONUfez ao oficializar esses direitos e traduzi-los para todas os seus idiomas
oficiaisfoi elaborar um valioso documento que serve de base para muitas
constituições nacionais.

Apesardenãoserobrigatório quetodosospaísesincluamtodasascláusulas
dosdireitoshumanosaopédaletraemsuaconstituição,existemoutrosdocumentos
especiaisquefazemqueasnaçõesjustifiquemsuasleisperanteaosdireitosnaturais do
ser humano. Ou seja, se os cidadãos de um país são desrespeitados pelo seu
governo quanto aos direitos humanos, a comunidade internacional junto a ONU
deverá realizar esse questionamento podendo até chegar a tomar medidas para
ajudar as pessoas.

Umexemplocontemporâneoqueenvolvea questãodosdireitoshumanosea
comunidade internacional é a crise migratória na Europa. A questão dos refugiados
deixou de ser um problema apenas dos países em guerra e agora é uma questão
universal que envolve esses direitos naturais.

ADeclaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)é o documento


oficializado pela ONUem 1948 que regulariza o que, por natureza, um homem deve
ter garantido em sua vida. Na teoria, o simples fato de você ser da espécie humana
deveria te garantir todos esses direitos.

Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de


opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros.
Todos merecem estes direitos, sem discriminação.

ODireito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos


governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a
fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou
indivíduos.

3
2. CONCEITO

Quando falamos em Direitos Humanos, utilizamos esta expressão como


sinônimo dos direitos fundamentais. Portanto, direitos fundamentais são, os direitos
individuais fundamentais (relativos à liberdade, igualdade, propriedade, segurança e
vida);osdireitossociais(relativosàeducação,trabalho,lazer,seguridadesocialentre
outros); os direitos econômicos (relativos ao pleno emprego, meio ambiente e
consumidor); e direitos políticos (relativos às formas de realização da soberania
popular).

JoaquínHerreraFloreslecionaque:

“O direito não vai surgir, nem funcionar, por si só. As normas jurídicas
poderão cumprir uma função mais em concordância com o “que ocorre em
nossas realidades” se as colocarmos em funcionamento – a partir de cima,
mas sobretudo a partir de baixo -, assumindo desde o princípio uma
perspectivacontextualecrítica,querdizer,emancipadora.”(FLORES,2009. p.
24)

Para José Luiz Quadros de Magalhães, necessária é esta classificação dos


Direitos Fundamentais da Pessoa, ou simplesmente, Direitos Humanos:

“DIREITOSINDIVIDUAIS–OpontodeconvergênciadosDireitosIndividuais
será a liberdade, sendo que estes direitos são relativos à vida, liberdade,
propriedade, segurança e igualdade.
Encontramos, na doutrina, referência a “direitos de personalidade” (vida,
liberdade),“direitosdaintimidade”(vidaprivada,inviolabilidadededomicílio),
“liberdades públicas” (liberdade de reunião, associação, etc.), todas estas
denominações se incluem dentro dos direitos individuais fundamentais [...]
DIREITOSSOCIAIS–Compreendem osDireitosSociais,osdireitosrelativos à
saúde, educação, previdência e assistência social, lazer, trabalho,
segurança e transporte.
Estesdireitosestãoa pedirumaprestaçãopositivadoEstadoquedeveagir no
sentido de oferecer estes direitos que estão a proteger interesses da
sociedade, ou sociais propriamente dito.
DIREITOS ECONÔMICOS – Os Direitos Econômicos são aqueles direitos
queestãocontidosemnormasdeconteúdoeconômico,queviabilizarãouma
política econômica. Classificamos entre direitos econômicos, pelas
características marcantes deste direitos, o direito de pleno emprego,
transporte integradoà produção, direito ambientale direitos do consumidor.
DIREITOS POLÍTICOS – Os Direitos Políticos constituem o quarto e último
grupo de direitos que compõem os Direitos Humanos. São direitos de
participação popular no Poder do Estado, que resguardam a vontade
manifestada individualmente por cada eleitor, sendo que a sua diferença
essencial paraos direitos individuais é que,paraestes últimos nãoseexige
nenhum tipo de qualificação em razão da idade e nacionalidade para seu
exercício, enquanto que para os direitos políticos, determina a Constituição
requisitos que o indivíduo deve preencher.”

4
SeguindonaconceituaçãodeDireitosHumanoscolhemos:

“OsDireitoshumanos,comosabemos,podemserdefinidoscomooconjunto
defaculdadese instituiçõesquebuscam concretizar algumasdasprincipais
exigências concernentes ao reconhecimento da dignidade de todos os
homens. Tais exigências aparecem inicialmente sob a forma de princípios
morais, porém, gradativamente, elas foram se incorporando ao direito
positivo.Emvirtudedessaduplaconstituição,osdireitoshumanospoderser
concebidos ao mesmo tempo como “direitos legais” e “direitos morais”.
DireitosHumanossão“direitoslegaisnamedidaemqueestãoconsignados
empreceitosreconhecidosporumaordemjurídicanacionalouinternacional,
correspondendo,assim,adeterminadasprevisõeslegais.”(RABENHORST,
Eduardo Ramalho. ALMEIDA, Agassiz Filho e MELGARÉ, Plínio
(organizadores)., 2010. p. 21)

JoséCastanTobeñasdefinedireitoshumanoscomo:

“[...] aqueles direitos fundamentais da pessoa humana – considerada tanto


em seu aspecto individual como comunitário – que correspondem a esta
razão de sua própria natureza (de essência ao mesmo tempo corpórea,
espiritual e social) e que devem ser reconhecidos e respeitados por todo
poder e autoridade, inclusive as normas jurídicas positivas, cedendo, não
obstante, em seu exercício, ante as exigências do bem comum.”

Na lição de Joaquín Herrera Flores, o assunto Direitos Humanos não é algo


tão simples quanto se imagina:

“Do ponto de vista de uma “nova teoria”, as coisas não são tão
“aparentemente” simples. Os direitos humanos, mais que direitos
“propriamente ditos”, são processos; ou seja, o resultado sempre provisório
das lutas que os seres humanos colocam em prática para ter acesso aos
bens necessários para a vida.” (FLORES, 2009, p. 34)
“Os direitos humanos são uma convenção cultural que utilizamos para
introduzirumatensãoentreosdireitosreconhecidoseaspráticassociaisque
buscam tanto seu reconhecimento positivado como outra forma de
reconhecimento ou outro procedimento que garanta algo que é, ao mesmo
tempo, exterior e interior a tais normas. Exterior, pois as constituições e
tratados “reconhecem” – evidentemente não um modo neutro nem apolítico
–os resultados das lutas sociais quese dão foradodireito,comoo objetivo de
conseguir um acesso igualitário e não hierarquizado “a priori” aos bens
necessários para se viver.” (FLORES, 2009, p. 34)

AindanapreleçãodeFlores:

“Por isso, nós não começamos pelos “direitos”, mas sim pelos “bens”
exigíveis para se viver com dignidade: expressão, convicção religiosa,
educação, moradia, trabalho, meio ambiente, cidadania, alimentação sadia,
tempoparaolazereformação,patrimôniohistórico-artístico,etc.”(FLORES,
2009, p. 34)
“Querdizer,aolutarporteracessoaosbens,osatoreseatrizessociaisque se
comprometem com os direitos humanos colocam em funcionamento
práticassociaisdirigidasanosdotar,todasetodos,demeioseinstrumentos –
políticos,sociais,econômicos,culturaisoujurídicos –quenospossibilitem
construir as condições materiais e imateriais necessárias para poder viver.”
(FLORES, 2009, p. 35)

5
Assim, os direitos humanos tem sua origem na dignidade humana, isto é,
nasceram da necessidade de se proporcionar acesso a todos igualdade de direitos
aos bens necessários para que todos, indiscriminadamente, tenham uma vida com
qualidade, justa, feliz e digna.

As questões que envolvem a qualidade de vida pressupõem a existência e,


sobretudo,aefetividade de um conjunto de direitos que se vinculam essencialmente
às noções de liberdade e de dignidade humana.

Quantoàdignidadehumanapodemosdefinir:

“ [...] não como o simples acesso aos bens, mas que tal acesso seja
igualitário e não esteja hierarquizado “a priori” por processos de divisão do
fazer que coloquem alguns, na hora de ter acesso aos bens, em posições
privilegiadas, e outros em situação de opressão e subordinação. Mas,
cuidado! Falar de dignidade humana não implica fazê-lo a partir de um
conceito ideal ou abstrato. A dignidade é um fim material. Trata- se de um
objetivoqueseconcretizanoacessoigualitárioegeneralizadoaosbensque
fazem com que a vida seja digna” de ser vivida.” (FLORES, 2009. p. 37)
“Que neutralidade podemos defender se nosso objetivo é empoderar e
fortaleceraspessoaseosgruposquesofremessaviolações,dotando-osde
meios e instrumentos necessários para que, plural e diferenciadamente,
possamlutarpeladignidade?Porissonossainsistênciaparaqueumavisão
atualdosdireitoshumanospartadenovasbasesteóricaseinduzaapráticas
renovadas nas lutas “universais pela dignidade.” (FLORES, 2009. p. 38)

Inúmerosediferenciadossãoosconceitosdedireitoshumanosfundamentais, não
sendo fácil a definição, haja vista que qualquer tentativa pode significar um
resultado insatisfatório e não traduzir à exatidão, a especificidade de conteúdo e a
abrangência, como aponta José Afonso da Silva:

“A ampliação e transformação dos direitos fundamentais do homem no


envolver histórico dificulta definir-lhes um conceito sintético e preciso.
Aumenta essa dificuldade a circunstância de se empregarem várias
expressõesparadesigná-los,taiscomo:direitosnaturais,direitoshumanos,
direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos,
liberdades fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do
homem”. (SILVA, 1992. p. 174)

Paraapósbreveanálisedasdiversasterminologiasconcluirque:

“Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a


este estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a
concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento
jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas
prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma
convivência digna, livre e igual detodas as pessoas.” (SILVA, 1992. p. 177)

Quanto à necessidade de todas essas lutas em busca do acesso aos bens,


justifica-sepelofatodevivermosemummundooriginalmenteinjustoedesigual,haja

6
vistaqueadisponibilidadeeacessoaosbensnecessáriosàvidahumananãoépara todos,
como preceitua a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual será estudada
no decorrer desta disciplina.

DireitosHumanose Direitos Fundamentais

O respeito aos direitos humanos representa – ou deveria representar - um


princípio comum a todos os povos. Dessa forma, os direitos fundamentais se
relacionam com os primeiros reconhecidos e incorporados na esfera do direito
constitucional positivo de determinado Estado. A diferença entre direitos humanos e
direitosfundamentaisnãoestánoconceito,poisambospossuemamesmaessência e
finalidade, que é de assegurar um conjunto de direitos inerentes à dignidade da
pessoa humana. A diferença substancial, então, reside na localização da norma que
dispõe sobre os mesmos.

IngoWolfgangSarlet,relativamenteaotema,esclarece:

"Em que pese sejam ambos os termos ('direitos humanos' e 'direitos


fundamentais') comumente utilizados como sinônimos, a explicação
corriqueira e, diga-se de passagem,procedente para a distinção é de que o
termo 'direitos fundamentais' se aplica para aqueles direitos do ser humano
reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de
determinadoEstado,aopassoqueaexpressão'direitoshumanos'guardaria
relação com os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas
posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal,
independentemente de sua vinculação com determinada ordem
constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal para todos os
povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter
supranacional (internacional)." (SARLET, 2006. p. 36)

7
Os direitos fundamentais, assim, são os direitos humanos incorporados,
positivados,emregra,naordemconstitucionaldeumEstado.Nestesentido,convém
destacar a lição de Silvio Beltramelli Neto:

“[...] em sendo a finalidade dos direitos humanos a salvaguarda jurídica do valor maior da
dignidade da pessoa humana e dos demais valores que condicionam a sua preservação (liberdade,
igualdade, etc.), sua enunciação normativa dá-se, prioritariamente, na forma de princípios que são
consagrados pelas constituições democráticas contemporâneas sob a alcunha de direitos
fundamentais.” (BELTRAMELLI, 2014. p. 42)

Valeressaltarainda:

“[...]que,parasustentaraproteçãoeapromoçãodosdireitosfundamentais, é
preciso observar três instrumentos básicos de qualquer ordem jurídica
constitucionaldemocrática,asaber:a)oEstadoDemocráticodeDireito,que
vinculaelimitaopoderestatal(históricaaspiraçãodosdireitoshumanos);b) a
rigidez constitucional, que consiste no escudo contra o retrocesso jurídico
emrelaçãoaosdireitosjáenunciados;ec)ocontroledeconstitucionalidade, que
representa o mecanismo de desconstituição de atos de afronta.”
(BELTAMELLI, 2014. p. 42)

Ainda no tocante à distinção entre direitos humanos e direitos fundamentais,


Christiana D'arc Damasceno Oliveira argumenta:

“[...]queosdireitoshumanosreportam acategoriasnormativasdestinadasa
assegurar a dignidade da pessoa humana, com reconhecimento em âmbito
internacional - independentemente de vinculação a uma ordem jurídica
interna específica -, e que os direitos fundamentais se referem a categorias
normativas, tomando em conta os direitos humanos acolhidos, expressa ou
implicitamente,naordemjurídicadedeterminadoEstado.”(OLIVEIRA,2010. p.
65)

3. FUNÇÕESECARACTERÍSTICASDOSDIREITOSHUMANOS

Ensina CANOTILHO que os direitos humanos desempenham quatro funções


fundamentais: função de defesa ou de liberdade,função de prestação social, função
classificação coloca em clara evidência o papel de sujeito passivo do Estado frente
aos direitos humanos.

A função de defesa ou de liberdade é decorrência da histórica preocupação


comalimitaçãodopoderestatal,gênesedosdireitoshumanos,quepõem,então,os
interessesdocidadão(emespecialasualiberdade)asalvodaintervençãoarbitrária do
Estado, fazendo-o em dupla perspectiva: objetiva e subjetiva. Na perspectiva
objetiva,osdireitoshumanosconsubstanciam“normasdecompetêncianegativapara os
poderespúblicos”,proibindo ingerênciasabusivas na esfera jurídica do indivíduo. Na
perspectiva subjetiva, esses mesmos direitos “armam” o indivíduo de pretensão

8
exigível no sentido de que o Estado omita-se em relação à intervenção afrontosa à
dignidade da pessoa humana.

A função de prestação social está associada aos direitos humanos cuja con-
cretização (otimização) dependa de providências positivas do Estado, v.g., saúde,
educação e segurança. Estando o poder estatal adstrito ao cumprimento desta
função, não cabe mais cogitar o caráter meramente programático das normas de
direitos econômicos, sociais e culturais. Ainda que respeitadas as vicissitudes
econômicasepolíticasdoEstado,nãoédadoaospoderesconstituídoseximirem-se do
dever jurídico de implementar medidas tendentes à satisfação dos direitos humanos,
cuja experimentação pelo indivíduo dependa de políticas públicas, por- quanto a
isso está obrigado, juridicamente.

A função da proteção perante terceiros, embora igualmente oponível ao Es-


tado, distingue-se da função de prestação social por exigir providências estatais
voltadas à proteção dos titulares de direitos humanos em face da violação perpe-
trada por terceiros (outros particulares). Esta hipótese trata, mais propriamente, de
medidas de proteção (ação de proteger para evitar ação de violação) e não de
promoção (ação para permitir que direito seja fruído), como visto na função anterior.
Noexercíciodestafunçãodeproteçãoperanteterceiros,osdiferentesórgãosestatais são
instados a prevenir e reprimir afrontas a direitos humanos, principalmente mediante
providências administrativas (Poder Executivo), edição de leis punitivas (Poder
Legislativo) e realização de investigações, julgamentos e imposição de sanções
(autoridade policial, Ministério Público e Poder Judiciário).

A função de não discriminação deriva da igualdade como pilar da salvaguar-


dadadignidadedapessoahumana.DeveoEstadotratarseuscidadãoscomoiguais, em
todas as suas instâncias de atuação (administrativa, regulamentadora e julgadora).
Seguramente, no desempenho desta tarefa, os poderes públicos defrontam
circunstâncias em que devem decidir acerca do sacrifício da igualdade formal em
nome da igualdade material.

As quatro funções dos direitos humanos colocam em voga o equívoco que a


teoria das gerações ajudou a consolidar no sentido de que há diferentes categorias
dedireitoshumanos,asquaisacarretamdistintostiposdeobrigaçõesemumadivisão
estanque, quais sejam: liberdades públicas geram direitos negativos (de abstenção)

9
e direitos econômicos, culturais e sociais geram direitos positivos (de prestação).
Certo é que todo direito humano está apto a ensejar dever de respeito, promoção e
proteção.

O dever de respeito é consequência da função de defesa ou liberdade e da


função da igualdade (mormente a formal). O dever de proteção desdobra-se da
funçãodeproteçãoperanteterceiro.Finalmente,odeverdepromoçãodesdo-bra-se da
função de prestação social e de não discriminação (especialmente a material).

Dois exemplos são didáticos para o entendimento de que qualquer direito


humanocumpreasquatrofunçõesreferidase,consequentemente,estáaptoagerar
quaisquer dos três aludidos deveres.

O primeiro exemplo refere-se ao direito à vida, comumente classificado como


liberdade pública ou direito civil a que corresponderia um direito de abstenção, não
podendo ser afrontado pelo Estado (dever de respeito), de jeito que, no Brasil, é
proibidaa pena demorte, salvo em caso deguerra. Igualmente, avida nãopode ser
ceifada por qualquer particular, violação contra a qual o Poder Legislativo editou
(dever de proteção) a norma que prevê, por exemplo, os crimes de homicídio e
infanticídio. Está também o Estado obrigado a fornecer serviços básicos (dever de
promoção) para a sobrevivência humana – portanto ligados à saúde como condição
da própria vida – atendimento médico, remédios e alimentação.

Já o direito à moradia, direito social em regra associado a um dever de


prestação estatal, deve ser fomentando pelo Estado através da construção de
unidades e da facilitação de crédito visando a que os cidadãos possam alugar ou
comprar imóveis destinados à sua morada (dever de promoção). Mas, não só. As
normas que preservam a relação do indivíduo com o local onde habita, v.g. as
disposições legais protetivas do locatário e aquelas impeditivas da desapropriação
sem que haja comprovado interesse público, são resultado da ação do Poder

Legislativoque,entreoutrosmotivos,também pretendesalvaguardaro direito à


moradia (dever de proteção). Submetendo-se a essas mesmas normas, o Estado
encontra-seobrigadoaabster-sedeinterferirnodireitoàmoradiadoindivíduo(dever de
respeito), a não sernas exatas e extraordinárias hipóteses legalmente admitidas, do
que são exemplo a possibilidade de ingresso na residência para prisão em flagrante
e os casos de desapropriação pelo Poder Público.

10
4. DIREITOSHUMANOS:HISTÓRIA,FUNDAMENTOS

Quandoseabordaaquestãodosdireitoshumanoséimperiosocomentarsobre a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), um documento adotado em
1948 pelaOrganização dasNaçõesUnidas(ONU)comoformadereforçare ampliar
osprincípiosdacartadefundaçãodessaentidadeinternacional.Seuprincipalobjetivo foi
promover entre os Estados-membros da ONU a adoção de políticas públicas e
legislações nacionaisque tivessem comoparâmetrosnormativos os artigos contidos
na DUDH.

Na concepção fornecida pelo DUDH, os direitos humanos são, para além de


todos aqueles direitos considerados universais e inalienáveis, “um conjunto mínimo
dedireitosnecessárioparaassegurarumavidaaoserhumanobaseadanaliberdade e na
dignidade”. Essa é uma definição importante porque evidencia que o grande
fundamentodosintituladosdireitoshumanos,nasuaconfiguraçãocontemporânea,é a
denominada “dignidade humana”.

NadefiniçãodeCASTILHO(2011,p.137),adignidadehumana:

Está fundada no conjunto de direitos inerentes à personalidade da pessoa


(liberdadeeigualdade)etambémnoconjuntodedireitosestabelecidospara
acoletividade(sociais,econômicoseculturais).Porissomesmo,adignidade da
pessoa não admite discriminação, seja de nascimento, sexo, idade,
opiniões ou crenças, classe social e outras.

Apesar de muitos autores considerarem que a DUDH seja parte de uma


tradiçãodedeclaraçõesdedireitosqueremontaaDeclaraçãodeDireitosdeVirgínia
(1776)e a Declaração dosDireitos do Homem e do Cidadão (1789), elas são meras

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inspiraçõesàdeclaraçãodaONU,queébastantediferentedasanteriores,apesarde certas
similaridades normativas.

É essencial estabelecer a diferença entre os alicerces teóricos dessas


históricas declarações de direitos, dado que estes detêm uma forte influência, não
apenas sobre como os direitos nelas declarados devem ser aplicados, mas também
sobre as consequências da implementação legal no ordenamento jurídico nacional
dos intitulados direitos humanos.

Históriadasdeclaraçõesdedireitos

A história moderna é marcada por eventos conturbados de mudanças sociais


e políticas, alguns de extrema importância para as nações e povos neles envolvidos
e outros de significância essencial para o curso histórico do Ocidente. Dois destes
eventos modernos se encaixam no segundo grupo de eventos, dentre várias razões
históricas, pela presença inédita de declarações de direitos. São eles: a
IndependênciadosEstadosUnidosdaAmérica(1776–1783)eaRevoluçãoFrancesa
(1789–1799).

 DeclaraçãodeDireitosdaVirgínia

NocasodosEUA,omovimentodeindependênciadastrezecolôniasbritânicas teve
como motivos principais a conduta adotada pela Inglaterra nos anos antecedentes a
luta pela separação política. A adoção de leis mercantilistas, favoráveis unicamente
aos interesses da metrópole, às incessantes guerras em que a Inglaterra esteve
envolvida com outras nações nas décadas passadas, além dos custos de
manutenção das tropas britânicas instaladas nas colônias sobre os quais estas
estavam responsáveis favoreceram o surgimento de um sentimento de
independência entre os colonos.

Foidentrodesse contexto quefoiescritaaDeclaraçãode DireitosdeVirgínia.


Expondodeformaresumidaosdireitosnaturaisdoshomens,essadeclaração,escrita
pelos congressistas do estado de Virgínia, estabeleceu a proteção à vida, liberdade,
propriedade e “a procura pela felicidade” dos indivíduos como essenciais a um
governo que visa o bem comum. De certa forma, essa declaração antecipou em um
mês o conteúdo da declaração de independência nacional. Aliás, é nítido o quanto
essadeclaraçãodedireito teveporbaseteóricaasobrasdosfilósofosinglesesJohn

12
Locke e Thomas Paine, este último tendo atuado diretamente no processo de
independência.

Porsuavez,aDeclaraçãodeIndependênciadosEUA,escritaemgrandeparte
porThomasJefferson,expôsumalistade27atoscometidospelaInglaterra,nafigura do
Rei Jorge III, que violavam os “direitos naturais” dos colonos elencados na
Declaração de Virgínia. Foram estes atos que fundamentaram por consequência a
separação política das colônias, como afirma a Declaração de Independência dos
EUA, documento inicial, “quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna
necessárioaumpovodissolveroslaçospolíticosqueoligavamaoutro[...]exigeque se
declarem as causas que os levam a essa separação”.

Observa-se assim como um evento tão importante necessitava de uma


declaração que exprimisse, resumisse as principais ideias e o significado daquele
momento, que marca não apenas a primeira vez que uma colônia se emancipa de
sua metrópole, como inicia a era das revoluções que se seguiriam nos séculos
seguintes. Além disso, há ainda a estreia na política da noção de direitos
autoevidentes,naturaiseinalienáveissobreosquaistodososgovernosdevemestar
alicerçados, os quais marcariam presença na futura Constituiçãodo país e futuras
nações ao redor do planeta nos séculos seguintes.

A Independência dos EUA teve importantes repercussões na Europa, em


especial na França que ajudou com apoio militar as colônias em seu processo de
separação. Os gastos dessa ajuda terminaram por deteriorar a situação política e
financeira da monarquia francesa, o que, por consequência, terminou por agravar a
relaçãoentreopovoeoreiLuísXVI.EsseinstávelmomentodaFrançaterminoupor
desencadear uma dos mais famosos processos revolucionários do século XVIII, a
Revolução Francesa.

 DeclaraçãodosDireitosdoHomemedo Cidadão

Tendo por exemplo os mesmos princípios norteadores da Independência dos


EUA, os franceses deram início a um longo processo revolucionário pelo qual
aspiravam derrubar a monarquia absolutista e instalar um governo baseado no
consentimentopopular.Apesardecontarcomasmaisvariadasinfluênciasfilosóficas,
dentre elas dos filósofos franceses Montesquieu, Voltaire e Rousseau, a Revolução
Francesademonstrouumuniformedesejopelofimdosprivilégioslegaisda

13
aristocracia e do clero, e da necessidade de assentar o novo governo sob o
consentimento popular, com o fito de preservar os direitos naturais dos homens.

Aformacomoosrevolucionáriosfrancesesencontraramdeexpressaratodos,
tanto ao povo como as demais nações, essa enorme mudança política a qual
pretendiam,foipormeiodeumadeclaraçãopolíticasimilaradadapelosamericanos em
seu processo de independência, a qual ficou conhecida por Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão.

É importante destacar que dois dos envolvidos, direta e indiretamente, no


conteúdo da declaração de independência americana também tiveram participação,
de certa forma, na declaração de direitos da Revolução Francesa: Thomas Paine e
Thomas Jefferson. O primeiro, por acreditar que o processo revolucionário francês
era produto do movimento de separação americano, defendeu em sua obra “Os
DireitosdoHomem”,aconcepçãodedireitosnaturaisqueemanavamdadeclaração
francesa.JáosegundoauxiliouseuamigofrancêsLafayette,quetambémparticipou da
guerra da independência americana, na confecção de um rascunho que serviria
como proposta da declaração de direitos da França.

Apesar da influência e envolvimento americano na Revolução Francesa, há


algumas diferenças entre as declarações de direitos dos dois países. Como
argumenta Norberto Bobbio (1992), pois as distinções entre elas residem tanto na
ausência da declaração francesa de uma concepção eudemonológica do Estado,
presente nas declarações americanas, e da finalidade dos direitos declarados, que
na França visava afirmar politicamente os direitos individuais e nos EUA pretendia
relacioná-los ao “bem comum da sociedade”.

LynnHunt(2009,p.131-132),resumindoosprincipaisartigosdadeclaraçãode
direitos francesa, afirma:

Os deputados franceses declaravam que todos os homens, e não só os


franceses, “nascem e permanecem livres e iguais em direitos” (artigo 1).
Entre os “direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem” estavam a
liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão (artigo 2).
Concretamente,issosignificavaquequalquerlimiteaosdireitostinhadeser
estabelecido na lei (artigo 4). “Todos os cidadãos” tinham o direito de
participarnaformaçãodalei,quedeveriaseramesmaparatodos(artigo6), e
consentir na tributação (artigo 14), que deveria ser dividida igualmente
segundoacapacidadedepagar(artigo13).Alémdisso,adeclaraçãoproibia
“ordens arbitrárias” (artigo 7º), punições desnecessárias (artigo 8º) e
qualquerpresunçãolegaldeculpa(artigo9º)ouapropriaçãogovernamental
desnecessáriadapropriedade(artigo17).Emtermosumtantovagos,insistia

14
que “ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo as religiosas”
(artigo10),enquantoafirmavacommaisvigoraliberdadedeimprensa(artigo 11).

AsconsequênciasdaDeclaraçãodosDireitosdoHomemedoCidadãoforam
essenciais nos desdobramentos políticos, sociais e econômicos pela qual a França
passou durante o período da Revolução Francesa. Graças a ela todos os homens
livres, com idade de até 21 anos e que pagassem impostos, tinham direito a votar e
sereleitos; osprotestantes e judeustiveram reconhecidos seus direitos de liberdade
religiosa, de atuar profissionalmente em certas áreas antes restritas a católicos, e
assumir cargos e empregos no funcionalismo público; durante determinado período,
a escravidão foi abolida, tanto no país como nas colônias; e as mulheres adquiriram
certos direitos, como o de serem proprietárias de imóveis e de se divorciarem.

Apesar de posições tão revolucionárias para a sua época, muitas das


conquistas possibilitadas pela declaração de direitos francesa terminaram sendo
sepultadas juridicamente após o advento do império comandado por Napoleão
Bonaparte e, após a queda deste, da restauração da monarquia na pessoa de Luís
XVIII, irmão do rei que foi deposto e guilhotinado durante a Revolução Francesa.

Contudo, apesar de se observar certo retrocesso nas conquistas sociais e


políticas alcançadas após estas duas grandes revoluções, nas nações europeias
dominadas pelos antigos conceitos de direitos e poder, os ideais que serviram de
fundamentos para as transformações promovidas pela via revolucionária no
tratamento jurídico dosindivíduos e na concepção de soberania dopovo comofonte
legitimadoradopoder,terminaramporgradualmentereconquistarespaçonasesferas
políticas. A partir daí, a participação democrática de grupos anteriormente excluídos
eaexpansãodagarantiaprotetoradosdireitosindividuais,pormeiodosmecanismos de
ação do Estado, começaram a ganhar força novamente, mesmo que em intensidade
menor aos dois períodos destacados.

15
 DeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos

Entrerevoluçõespolíticas,mudançaseconômicas,finsdepoderososimpérios,
dissoluçãoesurgimentodenovasnações,alémdeenormesconflitosarmadosentre os
séculos XIX e XX, o mundo passou por sérias transformações políticas,
econômicasesociais.Duranteesteperíodohistórico,aesferalegal,sobreinfluência de
novas concepções jurídicas, estendeu gradualmente sua área de regulação com
acriação,pelavialegislativa,denovosdireitosnasearasocial,econômicaecultural, o que
consequentemente expandiu a intervenção do Estado na sociedade.

Os dois principais eventos marcantes do início do século XX foram as duas


grandes guerras mundiais, que juntas provocaram a morte de milhões de pessoas e
mudaramintensamenteageografiapolíticadaEuropaedorestantedoplaneta.Uma
dasgrandesquestõeslevantadaspelaúltimagrandeguerrafoiogenocídiopraticado
contradeterminadospovos,promovidosdiretamentepelosEstadostotalitários,entre eles
a Alemanha nazista.

Foi nesse contexto histórico que foi fundada, em 1945, a Organização das
Nações Unidas (ONU), órgão internacional criado pelos países vencedores da 2ª
Guerra Mundial, cujas finalidades principais eram de intermediar as relações entre
nações antes e durante conflitos, fosse estes armados ou não, e buscar garantir os
direitos dos indivíduos independentes de sua nacionalidade, classe social, cor ou
gênero.

16
Como forma de manifestar publicamente um repúdio aos crimes contra a
humanidade cometidos pelas nações derrotadas durante a guerra, possui 30 artigos
antecedidosporumpreâmbulo,incluindoaquelespresentesemfamosasdeclarações
históricas de direito anteriores.

Preleciona,nessesentido,ErivaldaSilva(2012,p.66):

No texto da Declaração relacionam-se os direitos civis e políticos


(conhecidospordireitosdeprimeirageração:liberdade)eosdireitossociais,
econômicoseculturais(chamadosdireitosdesegundageração:trabalho),e há,
ainda, a fraternidade como valor universal (denominados direitos de terceira
geração: espírito de fraternidade, paz, justiça, entre outros – nos
considerandos e arts. I, VIII, entre outros).

Essa distinção geracional entre direitos foi capitaneada conceitualmente pelo


juristatchecoKarelVasak,quebuscoupormeiodelaagruparediferenciarosdireitos
queforamconsolidadospelosEstadoseportratadosinternacionaisemdeterminados
momentoshistóricos.Dessaforma,osdaprimeirageraçãosurgiramnasRevoluções
daInglaterra,EUAeFrança,estandopresentesnasdeclaraçõesdedireitosresultante das
duas últimas; os da segunda, por sua vez, durante o século XIX e XX, como
respostaàsmudançassociaiseeconômicastrazidasespecialmente pela Revolução
Industrial e; a terceira geração advém historicamente pós 2ªGuerra Mundial e como
respostaaosdesafiosjurídicosimpostospelasaçõesdasnaçõesduranteoconflitoe dos
problemas políticos internacionais que se avizinhavam no período brevemente
posterior,comoaGuerraFriaeasindependênciasdascolôniasafricanaseasiáticas.

Importante afirmar que, apesar da presença, em maior ou menor grau, de


direitos considerados essenciais aos homens em tratados internacionais assinados
por algumas nações antes da 2ª Guerra, é possível concluir que a mais importante
declaração de direitos, desde aquela escrita na Revolução Francesa, foi sem dúvida
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujos efeitos jurídicos, mesmo com
variações, se faz presentes até os dias atuais entre as nações-membros da ONU,
conforme aprofundaremos em momento posterior na disciplina.

17
Fundamentosteóricosdistintos

A princípio, quando se analisa superficialmente a Declaração Universal dos


DireitosHumanos,apresençadatradiçãodosdireitosnaturais,estaqualserviramde
fundamento teóricos para as declarações de direito da França e dos EUA, é
percebível em certos artigos, como 3, 4, 5, 9, 12, 13, e 16. Todos estes replicam os
direitosnaturaisjáprevistosemdeclaraçõesanteriores.Háaindaaquelesartigosque são
voltados exclusivamente para os direitos do cidadão, ou seja, regulam a relação
entre o indivíduo e o Estado, os quais também encontram ressonância histórica na
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

É possível assim afirmar que os direitos previstos nestes artigos da DUDH


encontramressonâncianatradiçãojusnaturalista.Ojusnaturalismopossuiraízesna
antiguidade clássica grega, encontrando eco em escritos de Aristóteles, cuja noção
de direito natural foi resgatada e reformulada teologicamente durante a Idade Média
por Tomás de Aquino, e ganhando sua versão mais moderna (também chamada de
racional)graçasàsobrasdefilósofosdoperíododoIluminismo(entreosséculosXVII e
XVIII), como Hugo Grotius, John Locke e Immanuel Kant.

Aliás, podem-se traçar como fontes inspiradoras dos direitos humanos as


teorias da lei natural, do direito natural e dos direitos do homem, que apesar de
distintasteoricamente,permearamafilosofiadodireitoduranteodecorrerdegrande parte
da História.

18
5. MITOSEVERDADESSOBREOS DIREITOSHUMANOS

 Os Direitos Humanos não foram criados por alguém ou para um


grupoespecífico

Inicialmente,éprecisodestacarqueosDireitosHumanosnãosãoumacriação ou
invenção, e sim o reconhecimento de que, apesar de todas as diferenças, existem
aspectos básicos da vida humana que devem ser respeitados e garantidos.

ADeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos foiredigidaafimderesguardar
osdireitosjáexistentesdesdedoindícioderacionalidadenossereshumanos.Assim
sendo, ela não criou ou inventou direitos em seus artigos, mas se limitou a escrever
oficialmente aquilo que, de algum modo, já existia anteriormente à sua redação.
Assim sendo, quando o senso comum fala que “os Direitos Humanos foram criados
paraumdeterminadogrupo”,porexemplo,jápodemosidentificarquesetratadeum

19
comentárioequivocado,poisosDireitosHumanossãoasseguradosatodaequalquer
pessoa.

 OsDireitosHumanossãouniversais

Emsegundolugar,aextensãodosDireitosHumanoséuniversaleaplica-sea todo e
qualquer tipo de pessoa. Portanto, não servem para proteger ou beneficiar alguém e
condenar outros, porque característica genérica. Então, frases repetidas pelo senso
comum, como “Direitos Humanos servem para proteger bandidos”, não estão
corretas, visto que os Direitos Humanos presta-se à proteção de todos,
indistintamente.

Alegações com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos podem


ser feitas para evitar ações que violem os direitos de réus ou criminosos, como o
cárcere injustificado, a tortura ou o assassinato.

20
 OsDireitosHumanosnão sãoumapessoa

Por último, os Direitos Humanos não são uma entidade, uma ONG ou uma
pessoaqueseapresentafisicamenteetemvontadeprópria.Portanto,afraserepetida
pelosensocomum,“Masquandomorreumpolicial,osDireitosHumanosnãovãodar apoio
à família. ” Está duplamente incorreta, visto que os Direitos Humanos não são
entidade ou pessoas e que eles se estendem a todos, inclusive policiais.

6. EXPRESSÃOFORMAL DOSDIREITOSHUMANOS

Além de ter redigido o documento central que trata dos Direitos Humanos no
mundo, a ONU tem a tarefa de garantir a aplicação de tais direitos. Porém, a
organizaçãonãopodeatuarcomoumafiscaloucentralreguladoraordenandoações
dentro dos países e dos governos. O que a ONUpode fazer é, no máximo,
recomendaçõesparaque os países signatários sigam ospreceitosestabelecidos no
documento.

21
Além de recomendações, são comuns ações estratégicas envolvendo os
paísessignatáriosparapressionargovernosparaquerespeitemosDireitosHumanos
dentro de seus territórios, como embargos econômicos, cortes de relações
comerciais, restriçõesem zonas de livre comércio e restrições ou cortes de relações
exteriores.

A expressãoformaldosdireitoshumanos inerentessedáatravésdasnormas
internacionaisdedireitoshumanos.Umasériedetratadosinternacionaisdosdireitos
humanoseoutrosinstrumentossurgiramapartirde1945,conferindoumaformalegal aos
direitos humanos inerentes.

 AcriaçãodasNaçõesUnidas

Viabilizouumfórumidealparaodesenvolvimentoeaadoçãodosinstrumentos
internacionais de direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível
regional, refletindo as preocupações sobre os direitos humanos particulares a cada
região.

Amaioriadospaísestambémadotouconstituiçõeseoutrasleisqueprotegem
formalmenteosdireitoshumanosbásicos.Muitasvezes,alinguagem utilizadapelos
Estados vem dos instrumentos internacionais de direitos humanos.

As normas internacionais de direitos humanos consistem, principalmente, de


tratados e costumes, bem como declarações, diretrizes e princípios, entre outros.

 Tratados

Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras


específicas. Tratados internacionais têm diferentes designações, como pactos,
cartas, protocolos, convenções e acordos. Um tratado é legalmente vinculativo para
os Estados que tenham consentido em se comprometer com as disposições do
tratado, em outras palavras, que são parte do tratado.

UmEstadopodefazerpartedeumtratadoatravésdeumaratificação,adesão ou
sucessão.

22
 Aratificação

A ratificação é a expressão formal do consentimento de um Estado em se


comprometer com um tratado. Somente um Estado que tenha assinado o tratado
anteriormente durante o período no qual o tratado esteve aberto a assinaturas pode
ratificá-lo.

A ratificação consiste de dois atos processuais: a nível interno, requer a


aprovação pelo órgão constitucional apropriado como o Parlamento, por exemplo. A
nível internacional, de acordo com as disposições do tratado em questão, o
instrumentoderatificaçãodeveserformalmentetransmitidoaodepositário,quepode ser
um Estado ou uma organização internacional como a ONU.

A adesão implica o consentimento de um Estado que não tenha assinado


anteriormente o instrumento. Estados ratificam tratados antes e depois de este ter
entrado em vigor. O mesmo se aplica à adesão.

Um Estado também pode fazer parte de um tratado por sucessão, que


aconteceemvirtudedeumadisposiçãoespecíficadotratadooudeumadeclaração. A
maior parte dos tratados não são auto executáveis. Em alguns Estados tratados são
superiores à legislação interna, enquanto em outros Estados tratados recebem
status constitucional e em outros apenas certas disposições de um tratado são
incorporadas à legislação interna.

Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a ele, indicando


que, embora consinta em se comprometer com a maior parte das disposições, não
concordacomsecomprometercomcertasdisposições.Noentanto,umareservanão pode
derrotar o objeto e o propósito do tratado.

Alémdisso,mesmoqueumEstadonãofaçapartedeumtratadoounãotenha
formuladoreservas,oEstadopodeaindaestarcomprometidocomasdisposiçõesdo
tratado que se tornaram direito internacional consuetudinário ou constituem normas
imperativas do direito internacional, como a proibição da tortura.

23
 Costume

O direito internacional consuetudinário ou simplesmente “costume” é o termo


usado para descrever uma prática geral e consistente seguida por Estados,
decorrente de um sentimento de obrigação legal.

Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos


não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de suas disposições têm o caráter de
direito internacional consuetudinário.

7. DIREITOSHUMANOSNO BRASIL

A violência está na base da construção da agenda de direitos humanos no


Brasil. Nos dias atuais, a violência institucionalizada, que cotidianamente interrompe
projetosetrajetóriasdaquelesquesofremdiretamenteasconsequênciasmaisdiretas das
políticas de ajuste estrutural, assim como das suas imbricações com as persistentes
desigualdades raciais e de gênero.

Trata-se de fenômeno que se expressa sob várias modalidades, envolvendo


sujeitos com inserção determinada em um conjunto de relações sociais concretas.
Essasrelaçõessãoconstituídasemumaculturaparticulareconformamosprocessos de
institucionalização da violência no Brasil. Desse ângulo, a violência não pode ser
considerada errática, posto que se instala na vida social, sendo dirigida a indivíduos

24
que corporificam relações sociais determinadas, e não à corporeidade de seres
abstratos. Embora o corpo seja o objeto mais imediato da violência, seus efeitos
incidem sobre as consciências (Vásquez, 1977) e influenciam as estratégias de luta
e resistência dos segmentos sociais que constituem os seus alvos privilegiados –
sujeitosderelaçõesmúltiplasqueseentrecruzamnaproduçãoereproduçãodavida e,
portanto, das suas desigualdades e contradições.

OinventáriodasformaspredominantesdeviolênciainstitucionalizadanoBrasil
compreende a corrupção que grassa nos três poderes (tendo o envolvimento das
elites financeiras e políticas), com a apropriação criminosa do patrimônio público ea
reinvençãodemecanismoseestratégiasqueasseguramaimpunidade,favorecendo o
descrédito das instituições públicas e da política stricto sensu; a prática
generalizada da tortura, protagonizada por agentes dos aparatos de repressão, nos
períodos de normalidade democrática; a criminalidade urbana, cuja expressão mais
caballocaliza-senaschamadasexecuçõessumáriasouextrajudiciais,queconsistem em
homicídios praticados por agentes das forças de segurança ou por grupos de
extermínio, quase exclusivamente, contra integrantes das classes subalternas; nas
chacinas, que se referem a homicídios de três ou mais pessoas e que, segundo
especialistas, envolvem geralmente o tráfico de drogas (Schivartche, 1998/ Yunes,
2001) e outras modalidades de crime vinculadas diretamente ao comércio ilegal de
drogas; nos autos de resistência (adotados pela polícia civil, para encobrir
assassinatos e indicar que execuções realizadas por seus agentes decorreram de
resistênciasaaçõespoliciais);noshomicídioselatrocínios,cadavezmaisfrequentes; nos
crimes sexuais; nos crimes contra o patrimônio. É necessário chamar a atenção
também para os altos índices de criminalidade vinculada a relações familiares. Há,
ainda, que se considerar a violência letal relacionada a conflitos fundiários e o
igualmente correspondentegrau de impunidade. Nessescrimes, quefazempartedo
nosso cotidiano, há forte dimensão classista, racista e/ou de gênero.

7. 1 ViolênciaeaagendadedireitoshumanosnoBrasil:umaagendaa ser
construída

Dada a gravidade dasviolações dos direitoshumanos no país, ações apenas


restritivas, de contenção dos excessos e abusos, que caracterizam os direitos civis,
são absolutamente insuficientes, embora necessárias. O debate sobre a concepção

25
dos direitos humanos, em uma perspectiva de totalidade (a necessária articulação
entreosdenominadosdireitosprimeirageração–civisepolíticos-eoschamadosde
segunda geração – sociais, econômicos e culturais) consubstanciou-se na
Constituição Brasileira de 1988, que bem expressou as noções de indivisibilidade e
interdependênciadosDireitosHumanos,alémderecepcionartratadosinternacionais.
Comefeito,oBrasilratificouváriostratadosdeproteçãoaosdireitoshumanos,apartir da
promulgação da nova Constituição - portanto, nos marcos da mundialização do
capital e da ofensiva neoliberal.

Registram-se algumas importantes experiências em curso, envolvendo a


denominadasociedadecivil,que tencionamasrelaçõescomoEstado,evidenciama sua
omissão e conivência em face de graves violações de direitos e provocam a
formulação de projetos e programas, num quadro de grande retração dos
investimentos públicos em políticas sociais e de vilipêndio de conquistas históricas
dasclassestrabalhadorasedosseusdireitosmaisfundamentais.Éimportanterefletir
sobre o sentido que adquirem ações no campo dos direitos humanos para o
enfrentamento de manifestações da “questão social”, em um quadro de crescentes
desigualdadessociais–quadroestequeéamaiscontundenteexpressãodaviolação
desses mesmos direitos.

Foi exatamente em um contexto marcado, de um lado, por desigualdades e


violência institucional crescentes e, de outro lado, por pressões nacionais e
internacionais, vocalizadas por organizações de Direitos Humanos, que o Governo
FHC lançou o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH, 1996), vinculado à
então Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça
(SEDH/MJ). Este Programa, decorrente, portanto, de amplas pressões e
negociações,foiinstituídosemquehouvesseumapolíticadeDireitosHumanospara o
país. Sua formulação foi claramente incidente sobre direitos civis e políticos,
minimizando expressamente os direitos sociais, econômicos e culturais, que foram
incorporados ao PNDH, de 2002. A interdependência e a indivisibilidade desse
conjuntodedireitostêmsidoreafirmadasnassucessivasConferênciasInternacionais das
quais o Brasil tem participado, como país-membro da ONU e cujos documentos
oficiais resultantes tem ratificado. Nesse ponto, não se pode deixar de registrar a
visível e crescente impotência das instâncias internacionais para dar resposta aos
cadavezmaisgravesecomplexosdesafiosenfrentadospelahumanidade.

26
Tampoucosepodedesconhecerque,mesmoosgrupostransnacionaisqueexercem
fortes pressões sobre vários governos em todo o mundo, ainda abordam
primordialmente os direitos civis e políticos.

Nesse quadro adverso, ocorreu a implementação do PNDH, com grande


fragilidade, por meio da abertura de linhas de financiamento na Secretaria Especial
dos Direitos Humanos, no âmbito de acordos multilaterais. Para a implantação de
programas vinculados às linhas programáticas do PNDH, essa Secretaria funcionou
como catalisadora de experiências consideradas exitosas desenvolvidas no âmbito
da sociedade civil, com financiamentos e escopo mais reduzidos, estimulando a
ampliação e formulação de projetos por parte de entidades que demonstravam
potencial para a intervenção na realidade social – seja porque tinham credibilidade
resultante da in- terlocução com o poder público, seja porque tinham visibilidade
derivada do protagonismo no campo dos direitos humanos.

Observam-se, nessas experiências, as seguintes tendências: (i) acentuada


fragmentação de projetos e ações sociais; (ii) escolha, para implementação dos
projetos,deáreascomosmaioresíndicesdeviolênciaeexclusãosocial;(iii)faltade
formação técnica e política adequada dos profissionais para o desenvolvimento das
propostas;(iv)projetosfinanciadospeloPoderPúblicoegeridospororganizaçõesda
sociedade civil, que buscam suprir lacunas do poder público em relação às políticas
sociais; (v) os recursos empregados são irrisórios em face da magnitude das
desigualdadesestruturais,acarretandoaçõesresiduaisdecaráterassistencial;(vi)os
financiamentos são disputados por agências da sociedade civil, que contratam
profissionaisliberais,emgeralidentificadoscomocampodosdireitoshumanos,mas cujas
relações contratuais são extremamente precárias, dadas as modalidades dos
convêniosfirmados;(vii)buscadecriaçãoeaumentoderedesnaexpectativadeuma nova
interlocução entre segmentos da população, organizações da sociedade civil e
agências do poder público.

É importante analisar as contradições que essas experiências encerram. Os


projetos têm se constituído de forma fragmentada, sem articulação com políticas
universais,emumquadrodeaprofundamentodeprocessosdeapartaçãosocial.Não
obstante, algumas experiências vêm se desenvolvendo no sentido de promover,
ampliar e consolidar visões societárias humanistas, com o combate ao conformismo
em face de expressões de arbítrio, violência, discriminação e exclusão, em especial

27
comempenhonoenfrentamentoda“culturadaimpunidade”,incidindonocampodos
valores,dasconcepçõesdemundoedacultura.Nãosedefinem,contudo,estratégias
globais, nas quais o Estado tem papel fundamental. Ademais, tem-se a falsa
expectativa de reversão desse quadro em decorrência de ações voltadas para
mobilizações e sensibilizações dos segmentos populacionais envolvidos, incidindo-
se em práticas voluntaristas, espontaneístas, heróicas por vezes, que, no limite,
podemvulnerabilizaraindamaisossetoresquevivemelutamnotênuelimiteentrea
banalização da vida e a naturalização da morte.

Énecessárioatentarparaacontradiçãoentreosvaloresqueosprojetosnesse
campo buscam difundire consolidare aexperiência cotidiana, quepodefragilizaros
direitos humanos daqueles que integram, como profissionais, as experiências em
questão, na medida em que experimentam relações de trabalho bastante precárias.
Registra-se também que essa precarização do trabalho técnico é constatada, em
grande medida, na terceirização que o próprio Estado, pela mediação de agências
multilaterais, introduz e fomenta em seu âmbito.

Outro aspecto a ser ressaltado refere-se ao fato de que o campo dos direitos
humanos e outros que lhe são transversais, como gênero, racismo, geração
(trabalhos com idosos, crianças e adolescentes) mobilizam apoios de “cooperação
internacional”efinanciamentosgovernamentais,oquepermitelevantarahipótesede que
as demandas por projetos são mais definidas a partir dos padrões de financiamento
e de exigências internacionais (os chamados acordos ou plataformas de ação
internacionais, as prioridades de investimento) do que por um diagnóstico social da
realidade nacional.

Comoseviu,asaçõesimplementadasdestinam-seasujeitoscujascondições
materiais de vida confrontam-nos com o desemprego estrutural, a banalização da
vida, a naturalização da violência e da morte e o fatalismo que obstaculiza a
capacidade de sonhar e de traçar projetos individuais e coletivos futuros, em um
quadro de graves violações dos direitos humanos. Nesse contexto, pode-se indagar
se os projetos em curso apontam para a inibição ou a potencialização de ações
coletivas;eemquemedidaessesprojetosindicamaconsolidaçãodeconcepçõesde
mundo e inscrições na vida social subordinadas à ordem vigente ou a sua
reelaboração, por meio da crítica e da recriação de experiências.

28
Essas experiências não lograram combinar a universalidade do acesso a
direitos sociais, culturais, econômicos, civis e políticos – em síntese, aos direitos
humanos-comasparticularidadesderivadasdoreconhecimentodasdesigualdades de
classe, raça, gênero e geração. É necessário imprimir a visão de totalidade
necessária à apreensão dos processos sociais em suas múltiplas determinações.
Mais do que propor políticas voltadas para determinados segmentos sociais –
necessárias, importantes, mas não suficientes, é urgente se lutar contra a ofensiva
neoliberal e se formular políticas públicas de acesso universal, que, partindo do
reconhecimento das desigualdades de classe, de gênero e de etnia e das
particularidadesgeracionais,sejamcapazesdepreveraeliminaçãodebarreirasque
impedem o acesso daqueles que se encontram em condições

O campo dos Direitos Humanos que, com todos os seus limites e con-
tradições, é dos mais relevantes, constitui um espaço de lutas de diferentes forças
sociais. Os direitos, em qualquer sociedade, devem seravaliados em termos de sua
determinaçãoconcreta.Comefeito,oBrasilratificouváriostratadosinternacionaisde
proteção aos direitos humanos, a partir da promulgação da nova Constituição.

8. CONSIDERAÇÕESFINAIS

A expressão “direitos humanos” é uma forma abreviada de mencionar os


direitosfundamentaisdapessoahumana.Semessesdireitosapessoanãoconsegue
existir ou não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida. Todos
sereshumanosdevemterassegurados, desde onascimento,ascondiçõesmínimas
necessárias para se tornarem úteis à humanidade, como também devem ter a
possibilidade de receber os benefícios que a vida em sociedade pode proporcionar.
É a esse conjunto que se dá o nome de direitos humanos.

Assim os direitos humanos correspondem a necessidades essenciais da


pessoa humana, para que a pessoa possa viver com dignidade, pois a vida é um
direito humano fundamental. E para preservar a vida todos tem que ter direito a
alimentação, a saúde, a moradia, a educação, e tantas outras coisas.

Pessoascomvalorigual,masindivíduoseculturasdiferentes,umapessoanão vale
mais do que a outra, umanão vale menos do que a outra e sabemos que todas
devem ter o direito de satisfazer aquelas necessidades.

29
A afirmação da igualdade de seres humanos não quer dizer igualdade física
nem intelectual ou psicológica. Cada pessoa humana tem sua individualidade, sua
personalidade, seu modo próprio de ver de sentir as coisas. Assim, também, os
grupos sociais têm sua cultura própria, que é resultado de condições naturais e
sociais.

30
9. REFERENCIAS

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