Apostila Direitos Humanos
Apostila Direitos Humanos
Apostila Direitos Humanos
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 3
2. CONCEITO 4
DireitosHumanoseDireitosFundamentais 7
3. FUNÇÕESECARACTERÍSTICASDOSDIREITOSHUMANOS 8
4. DI
REITOSHUMANOS:HISTÓRIA,FUNDAMENTOS 11
Históriadasdeclaraçõesdedireitos 12
Fundamentosteóricosdistintos 18
5. MITOSEVERDADESSOBREOSDIREITOSHUMANOS 19
6. EXPRESSÃOFORMALDOSDIREITOSHUMANOS 21
7. DIREITOSHUMANOSNOBRASIL 24
9. REFERENCIAS 31
1
NOSSAHISTÓRIA
Anossahistóriainiciacomarealizaçãodosonhodeumgrupodeempresários, em
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.
2
1. INTRODUÇÃO
Apesardenãoserobrigatório quetodosospaísesincluamtodasascláusulas
dosdireitoshumanosaopédaletraemsuaconstituição,existemoutrosdocumentos
especiaisquefazemqueasnaçõesjustifiquemsuasleisperanteaosdireitosnaturais do
ser humano. Ou seja, se os cidadãos de um país são desrespeitados pelo seu
governo quanto aos direitos humanos, a comunidade internacional junto a ONU
deverá realizar esse questionamento podendo até chegar a tomar medidas para
ajudar as pessoas.
Umexemplocontemporâneoqueenvolvea questãodosdireitoshumanosea
comunidade internacional é a crise migratória na Europa. A questão dos refugiados
deixou de ser um problema apenas dos países em guerra e agora é uma questão
universal que envolve esses direitos naturais.
3
2. CONCEITO
JoaquínHerreraFloreslecionaque:
“O direito não vai surgir, nem funcionar, por si só. As normas jurídicas
poderão cumprir uma função mais em concordância com o “que ocorre em
nossas realidades” se as colocarmos em funcionamento – a partir de cima,
mas sobretudo a partir de baixo -, assumindo desde o princípio uma
perspectivacontextualecrítica,querdizer,emancipadora.”(FLORES,2009. p.
24)
“DIREITOSINDIVIDUAIS–OpontodeconvergênciadosDireitosIndividuais
será a liberdade, sendo que estes direitos são relativos à vida, liberdade,
propriedade, segurança e igualdade.
Encontramos, na doutrina, referência a “direitos de personalidade” (vida,
liberdade),“direitosdaintimidade”(vidaprivada,inviolabilidadededomicílio),
“liberdades públicas” (liberdade de reunião, associação, etc.), todas estas
denominações se incluem dentro dos direitos individuais fundamentais [...]
DIREITOSSOCIAIS–Compreendem osDireitosSociais,osdireitosrelativos à
saúde, educação, previdência e assistência social, lazer, trabalho,
segurança e transporte.
Estesdireitosestãoa pedirumaprestaçãopositivadoEstadoquedeveagir no
sentido de oferecer estes direitos que estão a proteger interesses da
sociedade, ou sociais propriamente dito.
DIREITOS ECONÔMICOS – Os Direitos Econômicos são aqueles direitos
queestãocontidosemnormasdeconteúdoeconômico,queviabilizarãouma
política econômica. Classificamos entre direitos econômicos, pelas
características marcantes deste direitos, o direito de pleno emprego,
transporte integradoà produção, direito ambientale direitos do consumidor.
DIREITOS POLÍTICOS – Os Direitos Políticos constituem o quarto e último
grupo de direitos que compõem os Direitos Humanos. São direitos de
participação popular no Poder do Estado, que resguardam a vontade
manifestada individualmente por cada eleitor, sendo que a sua diferença
essencial paraos direitos individuais é que,paraestes últimos nãoseexige
nenhum tipo de qualificação em razão da idade e nacionalidade para seu
exercício, enquanto que para os direitos políticos, determina a Constituição
requisitos que o indivíduo deve preencher.”
4
SeguindonaconceituaçãodeDireitosHumanoscolhemos:
“OsDireitoshumanos,comosabemos,podemserdefinidoscomooconjunto
defaculdadese instituiçõesquebuscam concretizar algumasdasprincipais
exigências concernentes ao reconhecimento da dignidade de todos os
homens. Tais exigências aparecem inicialmente sob a forma de princípios
morais, porém, gradativamente, elas foram se incorporando ao direito
positivo.Emvirtudedessaduplaconstituição,osdireitoshumanospoderser
concebidos ao mesmo tempo como “direitos legais” e “direitos morais”.
DireitosHumanossão“direitoslegaisnamedidaemqueestãoconsignados
empreceitosreconhecidosporumaordemjurídicanacionalouinternacional,
correspondendo,assim,adeterminadasprevisõeslegais.”(RABENHORST,
Eduardo Ramalho. ALMEIDA, Agassiz Filho e MELGARÉ, Plínio
(organizadores)., 2010. p. 21)
JoséCastanTobeñasdefinedireitoshumanoscomo:
“Do ponto de vista de uma “nova teoria”, as coisas não são tão
“aparentemente” simples. Os direitos humanos, mais que direitos
“propriamente ditos”, são processos; ou seja, o resultado sempre provisório
das lutas que os seres humanos colocam em prática para ter acesso aos
bens necessários para a vida.” (FLORES, 2009, p. 34)
“Os direitos humanos são uma convenção cultural que utilizamos para
introduzirumatensãoentreosdireitosreconhecidoseaspráticassociaisque
buscam tanto seu reconhecimento positivado como outra forma de
reconhecimento ou outro procedimento que garanta algo que é, ao mesmo
tempo, exterior e interior a tais normas. Exterior, pois as constituições e
tratados “reconhecem” – evidentemente não um modo neutro nem apolítico
–os resultados das lutas sociais quese dão foradodireito,comoo objetivo de
conseguir um acesso igualitário e não hierarquizado “a priori” aos bens
necessários para se viver.” (FLORES, 2009, p. 34)
AindanapreleçãodeFlores:
“Por isso, nós não começamos pelos “direitos”, mas sim pelos “bens”
exigíveis para se viver com dignidade: expressão, convicção religiosa,
educação, moradia, trabalho, meio ambiente, cidadania, alimentação sadia,
tempoparaolazereformação,patrimôniohistórico-artístico,etc.”(FLORES,
2009, p. 34)
“Querdizer,aolutarporteracessoaosbens,osatoreseatrizessociaisque se
comprometem com os direitos humanos colocam em funcionamento
práticassociaisdirigidasanosdotar,todasetodos,demeioseinstrumentos –
políticos,sociais,econômicos,culturaisoujurídicos –quenospossibilitem
construir as condições materiais e imateriais necessárias para poder viver.”
(FLORES, 2009, p. 35)
5
Assim, os direitos humanos tem sua origem na dignidade humana, isto é,
nasceram da necessidade de se proporcionar acesso a todos igualdade de direitos
aos bens necessários para que todos, indiscriminadamente, tenham uma vida com
qualidade, justa, feliz e digna.
Quantoàdignidadehumanapodemosdefinir:
“ [...] não como o simples acesso aos bens, mas que tal acesso seja
igualitário e não esteja hierarquizado “a priori” por processos de divisão do
fazer que coloquem alguns, na hora de ter acesso aos bens, em posições
privilegiadas, e outros em situação de opressão e subordinação. Mas,
cuidado! Falar de dignidade humana não implica fazê-lo a partir de um
conceito ideal ou abstrato. A dignidade é um fim material. Trata- se de um
objetivoqueseconcretizanoacessoigualitárioegeneralizadoaosbensque
fazem com que a vida seja digna” de ser vivida.” (FLORES, 2009. p. 37)
“Que neutralidade podemos defender se nosso objetivo é empoderar e
fortaleceraspessoaseosgruposquesofremessaviolações,dotando-osde
meios e instrumentos necessários para que, plural e diferenciadamente,
possamlutarpeladignidade?Porissonossainsistênciaparaqueumavisão
atualdosdireitoshumanospartadenovasbasesteóricaseinduzaapráticas
renovadas nas lutas “universais pela dignidade.” (FLORES, 2009. p. 38)
Inúmerosediferenciadossãoosconceitosdedireitoshumanosfundamentais, não
sendo fácil a definição, haja vista que qualquer tentativa pode significar um
resultado insatisfatório e não traduzir à exatidão, a especificidade de conteúdo e a
abrangência, como aponta José Afonso da Silva:
Paraapósbreveanálisedasdiversasterminologiasconcluirque:
6
vistaqueadisponibilidadeeacessoaosbensnecessáriosàvidahumananãoépara todos,
como preceitua a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual será estudada
no decorrer desta disciplina.
IngoWolfgangSarlet,relativamenteaotema,esclarece:
7
Os direitos fundamentais, assim, são os direitos humanos incorporados,
positivados,emregra,naordemconstitucionaldeumEstado.Nestesentido,convém
destacar a lição de Silvio Beltramelli Neto:
“[...] em sendo a finalidade dos direitos humanos a salvaguarda jurídica do valor maior da
dignidade da pessoa humana e dos demais valores que condicionam a sua preservação (liberdade,
igualdade, etc.), sua enunciação normativa dá-se, prioritariamente, na forma de princípios que são
consagrados pelas constituições democráticas contemporâneas sob a alcunha de direitos
fundamentais.” (BELTRAMELLI, 2014. p. 42)
Valeressaltarainda:
“[...]que,parasustentaraproteçãoeapromoçãodosdireitosfundamentais, é
preciso observar três instrumentos básicos de qualquer ordem jurídica
constitucionaldemocrática,asaber:a)oEstadoDemocráticodeDireito,que
vinculaelimitaopoderestatal(históricaaspiraçãodosdireitoshumanos);b) a
rigidez constitucional, que consiste no escudo contra o retrocesso jurídico
emrelaçãoaosdireitosjáenunciados;ec)ocontroledeconstitucionalidade, que
representa o mecanismo de desconstituição de atos de afronta.”
(BELTAMELLI, 2014. p. 42)
“[...]queosdireitoshumanosreportam acategoriasnormativasdestinadasa
assegurar a dignidade da pessoa humana, com reconhecimento em âmbito
internacional - independentemente de vinculação a uma ordem jurídica
interna específica -, e que os direitos fundamentais se referem a categorias
normativas, tomando em conta os direitos humanos acolhidos, expressa ou
implicitamente,naordemjurídicadedeterminadoEstado.”(OLIVEIRA,2010. p.
65)
3. FUNÇÕESECARACTERÍSTICASDOSDIREITOSHUMANOS
8
exigível no sentido de que o Estado omita-se em relação à intervenção afrontosa à
dignidade da pessoa humana.
A função de prestação social está associada aos direitos humanos cuja con-
cretização (otimização) dependa de providências positivas do Estado, v.g., saúde,
educação e segurança. Estando o poder estatal adstrito ao cumprimento desta
função, não cabe mais cogitar o caráter meramente programático das normas de
direitos econômicos, sociais e culturais. Ainda que respeitadas as vicissitudes
econômicasepolíticasdoEstado,nãoédadoaospoderesconstituídoseximirem-se do
dever jurídico de implementar medidas tendentes à satisfação dos direitos humanos,
cuja experimentação pelo indivíduo dependa de políticas públicas, por- quanto a
isso está obrigado, juridicamente.
9
e direitos econômicos, culturais e sociais geram direitos positivos (de prestação).
Certo é que todo direito humano está apto a ensejar dever de respeito, promoção e
proteção.
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4. DIREITOSHUMANOS:HISTÓRIA,FUNDAMENTOS
Quandoseabordaaquestãodosdireitoshumanoséimperiosocomentarsobre a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), um documento adotado em
1948 pelaOrganização dasNaçõesUnidas(ONU)comoformadereforçare ampliar
osprincípiosdacartadefundaçãodessaentidadeinternacional.Seuprincipalobjetivo foi
promover entre os Estados-membros da ONU a adoção de políticas públicas e
legislações nacionaisque tivessem comoparâmetrosnormativos os artigos contidos
na DUDH.
NadefiniçãodeCASTILHO(2011,p.137),adignidadehumana:
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inspiraçõesàdeclaraçãodaONU,queébastantediferentedasanteriores,apesarde certas
similaridades normativas.
Históriadasdeclaraçõesdedireitos
DeclaraçãodeDireitosdaVirgínia
NocasodosEUA,omovimentodeindependênciadastrezecolôniasbritânicas teve
como motivos principais a conduta adotada pela Inglaterra nos anos antecedentes a
luta pela separação política. A adoção de leis mercantilistas, favoráveis unicamente
aos interesses da metrópole, às incessantes guerras em que a Inglaterra esteve
envolvida com outras nações nas décadas passadas, além dos custos de
manutenção das tropas britânicas instaladas nas colônias sobre os quais estas
estavam responsáveis favoreceram o surgimento de um sentimento de
independência entre os colonos.
12
Locke e Thomas Paine, este último tendo atuado diretamente no processo de
independência.
Porsuavez,aDeclaraçãodeIndependênciadosEUA,escritaemgrandeparte
porThomasJefferson,expôsumalistade27atoscometidospelaInglaterra,nafigura do
Rei Jorge III, que violavam os “direitos naturais” dos colonos elencados na
Declaração de Virgínia. Foram estes atos que fundamentaram por consequência a
separação política das colônias, como afirma a Declaração de Independência dos
EUA, documento inicial, “quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna
necessárioaumpovodissolveroslaçospolíticosqueoligavamaoutro[...]exigeque se
declarem as causas que os levam a essa separação”.
DeclaraçãodosDireitosdoHomemedo Cidadão
13
aristocracia e do clero, e da necessidade de assentar o novo governo sob o
consentimento popular, com o fito de preservar os direitos naturais dos homens.
Aformacomoosrevolucionáriosfrancesesencontraramdeexpressaratodos,
tanto ao povo como as demais nações, essa enorme mudança política a qual
pretendiam,foipormeiodeumadeclaraçãopolíticasimilaradadapelosamericanos em
seu processo de independência, a qual ficou conhecida por Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão.
LynnHunt(2009,p.131-132),resumindoosprincipaisartigosdadeclaraçãode
direitos francesa, afirma:
14
que “ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo as religiosas”
(artigo10),enquantoafirmavacommaisvigoraliberdadedeimprensa(artigo 11).
AsconsequênciasdaDeclaraçãodosDireitosdoHomemedoCidadãoforam
essenciais nos desdobramentos políticos, sociais e econômicos pela qual a França
passou durante o período da Revolução Francesa. Graças a ela todos os homens
livres, com idade de até 21 anos e que pagassem impostos, tinham direito a votar e
sereleitos; osprotestantes e judeustiveram reconhecidos seus direitos de liberdade
religiosa, de atuar profissionalmente em certas áreas antes restritas a católicos, e
assumir cargos e empregos no funcionalismo público; durante determinado período,
a escravidão foi abolida, tanto no país como nas colônias; e as mulheres adquiriram
certos direitos, como o de serem proprietárias de imóveis e de se divorciarem.
15
DeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos
Entrerevoluçõespolíticas,mudançaseconômicas,finsdepoderososimpérios,
dissoluçãoesurgimentodenovasnações,alémdeenormesconflitosarmadosentre os
séculos XIX e XX, o mundo passou por sérias transformações políticas,
econômicasesociais.Duranteesteperíodohistórico,aesferalegal,sobreinfluência de
novas concepções jurídicas, estendeu gradualmente sua área de regulação com
acriação,pelavialegislativa,denovosdireitosnasearasocial,econômicaecultural, o que
consequentemente expandiu a intervenção do Estado na sociedade.
Foi nesse contexto histórico que foi fundada, em 1945, a Organização das
Nações Unidas (ONU), órgão internacional criado pelos países vencedores da 2ª
Guerra Mundial, cujas finalidades principais eram de intermediar as relações entre
nações antes e durante conflitos, fosse estes armados ou não, e buscar garantir os
direitos dos indivíduos independentes de sua nacionalidade, classe social, cor ou
gênero.
16
Como forma de manifestar publicamente um repúdio aos crimes contra a
humanidade cometidos pelas nações derrotadas durante a guerra, possui 30 artigos
antecedidosporumpreâmbulo,incluindoaquelespresentesemfamosasdeclarações
históricas de direito anteriores.
Preleciona,nessesentido,ErivaldaSilva(2012,p.66):
17
Fundamentosteóricosdistintos
18
5. MITOSEVERDADESSOBREOS DIREITOSHUMANOS
Inicialmente,éprecisodestacarqueosDireitosHumanosnãosãoumacriação ou
invenção, e sim o reconhecimento de que, apesar de todas as diferenças, existem
aspectos básicos da vida humana que devem ser respeitados e garantidos.
ADeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos foiredigidaafimderesguardar
osdireitosjáexistentesdesdedoindícioderacionalidadenossereshumanos.Assim
sendo, ela não criou ou inventou direitos em seus artigos, mas se limitou a escrever
oficialmente aquilo que, de algum modo, já existia anteriormente à sua redação.
Assim sendo, quando o senso comum fala que “os Direitos Humanos foram criados
paraumdeterminadogrupo”,porexemplo,jápodemosidentificarquesetratadeum
19
comentárioequivocado,poisosDireitosHumanossãoasseguradosatodaequalquer
pessoa.
OsDireitosHumanossãouniversais
Emsegundolugar,aextensãodosDireitosHumanoséuniversaleaplica-sea todo e
qualquer tipo de pessoa. Portanto, não servem para proteger ou beneficiar alguém e
condenar outros, porque característica genérica. Então, frases repetidas pelo senso
comum, como “Direitos Humanos servem para proteger bandidos”, não estão
corretas, visto que os Direitos Humanos presta-se à proteção de todos,
indistintamente.
20
OsDireitosHumanosnão sãoumapessoa
Por último, os Direitos Humanos não são uma entidade, uma ONG ou uma
pessoaqueseapresentafisicamenteetemvontadeprópria.Portanto,afraserepetida
pelosensocomum,“Masquandomorreumpolicial,osDireitosHumanosnãovãodar apoio
à família. ” Está duplamente incorreta, visto que os Direitos Humanos não são
entidade ou pessoas e que eles se estendem a todos, inclusive policiais.
6. EXPRESSÃOFORMAL DOSDIREITOSHUMANOS
Além de ter redigido o documento central que trata dos Direitos Humanos no
mundo, a ONU tem a tarefa de garantir a aplicação de tais direitos. Porém, a
organizaçãonãopodeatuarcomoumafiscaloucentralreguladoraordenandoações
dentro dos países e dos governos. O que a ONUpode fazer é, no máximo,
recomendaçõesparaque os países signatários sigam ospreceitosestabelecidos no
documento.
21
Além de recomendações, são comuns ações estratégicas envolvendo os
paísessignatáriosparapressionargovernosparaquerespeitemosDireitosHumanos
dentro de seus territórios, como embargos econômicos, cortes de relações
comerciais, restriçõesem zonas de livre comércio e restrições ou cortes de relações
exteriores.
A expressãoformaldosdireitoshumanos inerentessedáatravésdasnormas
internacionaisdedireitoshumanos.Umasériedetratadosinternacionaisdosdireitos
humanoseoutrosinstrumentossurgiramapartirde1945,conferindoumaformalegal aos
direitos humanos inerentes.
AcriaçãodasNaçõesUnidas
Viabilizouumfórumidealparaodesenvolvimentoeaadoçãodosinstrumentos
internacionais de direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível
regional, refletindo as preocupações sobre os direitos humanos particulares a cada
região.
Amaioriadospaísestambémadotouconstituiçõeseoutrasleisqueprotegem
formalmenteosdireitoshumanosbásicos.Muitasvezes,alinguagem utilizadapelos
Estados vem dos instrumentos internacionais de direitos humanos.
Tratados
UmEstadopodefazerpartedeumtratadoatravésdeumaratificação,adesão ou
sucessão.
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Aratificação
Alémdisso,mesmoqueumEstadonãofaçapartedeumtratadoounãotenha
formuladoreservas,oEstadopodeaindaestarcomprometidocomasdisposiçõesdo
tratado que se tornaram direito internacional consuetudinário ou constituem normas
imperativas do direito internacional, como a proibição da tortura.
23
Costume
7. DIREITOSHUMANOSNO BRASIL
24
que corporificam relações sociais determinadas, e não à corporeidade de seres
abstratos. Embora o corpo seja o objeto mais imediato da violência, seus efeitos
incidem sobre as consciências (Vásquez, 1977) e influenciam as estratégias de luta
e resistência dos segmentos sociais que constituem os seus alvos privilegiados –
sujeitosderelaçõesmúltiplasqueseentrecruzamnaproduçãoereproduçãodavida e,
portanto, das suas desigualdades e contradições.
OinventáriodasformaspredominantesdeviolênciainstitucionalizadanoBrasil
compreende a corrupção que grassa nos três poderes (tendo o envolvimento das
elites financeiras e políticas), com a apropriação criminosa do patrimônio público ea
reinvençãodemecanismoseestratégiasqueasseguramaimpunidade,favorecendo o
descrédito das instituições públicas e da política stricto sensu; a prática
generalizada da tortura, protagonizada por agentes dos aparatos de repressão, nos
períodos de normalidade democrática; a criminalidade urbana, cuja expressão mais
caballocaliza-senaschamadasexecuçõessumáriasouextrajudiciais,queconsistem em
homicídios praticados por agentes das forças de segurança ou por grupos de
extermínio, quase exclusivamente, contra integrantes das classes subalternas; nas
chacinas, que se referem a homicídios de três ou mais pessoas e que, segundo
especialistas, envolvem geralmente o tráfico de drogas (Schivartche, 1998/ Yunes,
2001) e outras modalidades de crime vinculadas diretamente ao comércio ilegal de
drogas; nos autos de resistência (adotados pela polícia civil, para encobrir
assassinatos e indicar que execuções realizadas por seus agentes decorreram de
resistênciasaaçõespoliciais);noshomicídioselatrocínios,cadavezmaisfrequentes; nos
crimes sexuais; nos crimes contra o patrimônio. É necessário chamar a atenção
também para os altos índices de criminalidade vinculada a relações familiares. Há,
ainda, que se considerar a violência letal relacionada a conflitos fundiários e o
igualmente correspondentegrau de impunidade. Nessescrimes, quefazempartedo
nosso cotidiano, há forte dimensão classista, racista e/ou de gênero.
7. 1 ViolênciaeaagendadedireitoshumanosnoBrasil:umaagendaa ser
construída
25
dos direitos humanos, em uma perspectiva de totalidade (a necessária articulação
entreosdenominadosdireitosprimeirageração–civisepolíticos-eoschamadosde
segunda geração – sociais, econômicos e culturais) consubstanciou-se na
Constituição Brasileira de 1988, que bem expressou as noções de indivisibilidade e
interdependênciadosDireitosHumanos,alémderecepcionartratadosinternacionais.
Comefeito,oBrasilratificouváriostratadosdeproteçãoaosdireitoshumanos,apartir da
promulgação da nova Constituição - portanto, nos marcos da mundialização do
capital e da ofensiva neoliberal.
26
Tampoucosepodedesconhecerque,mesmoosgrupostransnacionaisqueexercem
fortes pressões sobre vários governos em todo o mundo, ainda abordam
primordialmente os direitos civis e políticos.
27
comempenhonoenfrentamentoda“culturadaimpunidade”,incidindonocampodos
valores,dasconcepçõesdemundoedacultura.Nãosedefinem,contudo,estratégias
globais, nas quais o Estado tem papel fundamental. Ademais, tem-se a falsa
expectativa de reversão desse quadro em decorrência de ações voltadas para
mobilizações e sensibilizações dos segmentos populacionais envolvidos, incidindo-
se em práticas voluntaristas, espontaneístas, heróicas por vezes, que, no limite,
podemvulnerabilizaraindamaisossetoresquevivemelutamnotênuelimiteentrea
banalização da vida e a naturalização da morte.
Énecessárioatentarparaacontradiçãoentreosvaloresqueosprojetosnesse
campo buscam difundire consolidare aexperiência cotidiana, quepodefragilizaros
direitos humanos daqueles que integram, como profissionais, as experiências em
questão, na medida em que experimentam relações de trabalho bastante precárias.
Registra-se também que essa precarização do trabalho técnico é constatada, em
grande medida, na terceirização que o próprio Estado, pela mediação de agências
multilaterais, introduz e fomenta em seu âmbito.
Outro aspecto a ser ressaltado refere-se ao fato de que o campo dos direitos
humanos e outros que lhe são transversais, como gênero, racismo, geração
(trabalhos com idosos, crianças e adolescentes) mobilizam apoios de “cooperação
internacional”efinanciamentosgovernamentais,oquepermitelevantarahipótesede que
as demandas por projetos são mais definidas a partir dos padrões de financiamento
e de exigências internacionais (os chamados acordos ou plataformas de ação
internacionais, as prioridades de investimento) do que por um diagnóstico social da
realidade nacional.
Comoseviu,asaçõesimplementadasdestinam-seasujeitoscujascondições
materiais de vida confrontam-nos com o desemprego estrutural, a banalização da
vida, a naturalização da violência e da morte e o fatalismo que obstaculiza a
capacidade de sonhar e de traçar projetos individuais e coletivos futuros, em um
quadro de graves violações dos direitos humanos. Nesse contexto, pode-se indagar
se os projetos em curso apontam para a inibição ou a potencialização de ações
coletivas;eemquemedidaessesprojetosindicamaconsolidaçãodeconcepçõesde
mundo e inscrições na vida social subordinadas à ordem vigente ou a sua
reelaboração, por meio da crítica e da recriação de experiências.
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Essas experiências não lograram combinar a universalidade do acesso a
direitos sociais, culturais, econômicos, civis e políticos – em síntese, aos direitos
humanos-comasparticularidadesderivadasdoreconhecimentodasdesigualdades de
classe, raça, gênero e geração. É necessário imprimir a visão de totalidade
necessária à apreensão dos processos sociais em suas múltiplas determinações.
Mais do que propor políticas voltadas para determinados segmentos sociais –
necessárias, importantes, mas não suficientes, é urgente se lutar contra a ofensiva
neoliberal e se formular políticas públicas de acesso universal, que, partindo do
reconhecimento das desigualdades de classe, de gênero e de etnia e das
particularidadesgeracionais,sejamcapazesdepreveraeliminaçãodebarreirasque
impedem o acesso daqueles que se encontram em condições
O campo dos Direitos Humanos que, com todos os seus limites e con-
tradições, é dos mais relevantes, constitui um espaço de lutas de diferentes forças
sociais. Os direitos, em qualquer sociedade, devem seravaliados em termos de sua
determinaçãoconcreta.Comefeito,oBrasilratificouváriostratadosinternacionaisde
proteção aos direitos humanos, a partir da promulgação da nova Constituição.
8. CONSIDERAÇÕESFINAIS
Pessoascomvalorigual,masindivíduoseculturasdiferentes,umapessoanão vale
mais do que a outra, umanão vale menos do que a outra e sabemos que todas
devem ter o direito de satisfazer aquelas necessidades.
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A afirmação da igualdade de seres humanos não quer dizer igualdade física
nem intelectual ou psicológica. Cada pessoa humana tem sua individualidade, sua
personalidade, seu modo próprio de ver de sentir as coisas. Assim, também, os
grupos sociais têm sua cultura própria, que é resultado de condições naturais e
sociais.
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9. REFERENCIAS
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33