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Fique Ligado!! A Base Dos Direitos Humanos É A Dignidade Da Pessoa Humana

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Direitos Humanos | Material de Apoio

Prof: Marcelo Miranda | professormiranda@live.com

DIREITOS HUMANOS
Teoria Geral dos Direitos Humanos e sua Relação com a Constituição Federal brasileira
1. Direitos Humanos (DH) - Conceito e terminologia
Segundo o professor Antônio Peres Luño: os direitos humanos constituem um conjunto de faculdades e instituições
que, em cada momento histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais
devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional.
Fique ligado!! A Base dos Direitos Humanos é a dignidade da pessoa humana.
PERGUNTA: O que vem a ser a dignidade?
São utilizadas as seguintes terminologias que também podem significar Direitos Humanos: “direitos fundamentais”,
“liberdades públicas”, “direitos da pessoa humana”, “direitos do homem”, “direitos da pessoa”, “direitos
individuais”, “direitos fundamentais da pessoa humana”, “direitos públicos subjetivos”

2. Estrutura Normativa dos Direitos Humanos


Os direitos humanos apresentam uma característica marcante: possuem estrutura normativa aberta. Estrutura
normativa aberta é aquela que apresenta definição ampla, que permite ao seu leitor realizar interpretação de
grande amplitude.
Vamos diferenciar REGRA de PRINCÍPIO, para melhor compreensão.
REGRAS são mandados de determinação aplicado por subsunção. “É ou não é!” A consequência jurídica é inevitável
se houver adequação do fato à norma. Ex. CP art. 121 que define o crime de homicídio.
PRINCÍPIOS são mandados de otimização aplicado por ponderação de interesses – “pode ser que seja”. Ex. Princípio
da razoável duração do processo (art. 5º LXXVIII) “a todos será assegurada a razoável duração do processo”.
Processo penal costuma ser mais moroso que um processo trabalhista, por exemplo.
A estrutura normativa dos Direitos Humanos é formada essencialmente por um conjunto de princípios, além das
regras que estudaremos.
Resumo e Ideia Central: normas Jurídicas são regras e princípios. A ESTRUTURA NORMATIVA DOS DIREITOS
HUMANOS possuem normatividade aberta, com maior incidência de princípios.
Temos uma ampla normatividade na estrutura dos Direitos Humanos. Quando a doutrina e sua prova trata de
Normas de Direitos Humanos estaremos nos referindo, no âmbito internacional:
a) aos tratados internacionais;
b) aos costumes; e
c) aos princípios gerais do Direito Internacional.

Já no âmbito interno destaca-se:


a) Constituição Federal;
b) Leis específicas; e
c) Atos normativos secundários (como decretos executivos).

3. Direito e Garantias Fundamentais e os Direitos Humanos


Para compreender a relação entre os Direitos Humanos e os Direitos e Garantias Fundamentais (DGF) precisamos
voltar para uma compreensão histórica.
Os Direitos Fundamentais são oriundos dos Direitos Humanos. O estudo dos direitos fundamentais importa na
exatidão de sua identidade com os direitos histórica e internacionalmente gerados. Ponto este em que é de extrema
importância entender a sutil diferenciação entre tais institutos.

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Como ensina o professor Alexandre de Moraes, as tradições das diversas civilizações fundidas e suplantadas por
pensamentos filosóficos jurídicos, ideias surgidas com o cristianismo e com o direito natural, resultam no chamado
de direitos humanos fundamentais.
Os direitos humanos fundamentais surgem no seio social dada a necessidade de controle do poder Estatal. Este
direito ainda não materializado, porém entendido como direito do homem, é anterior à positivação. O ato de
escrever o direito e transforma-lo em Carta Constitucional é o movimento denominado Constitucionalismo –
momento em que se resume em documento escrito tudo aquilo que o povo entende como regra fundamental.
Efetivamente, aprende-se nos bancos acadêmicos que o direito é anterior à positivação da norma. Neste contexto,
os Direitos Humanos surgem no mundo com a finalidade de assegurar o respeito à pessoa humana, referindo-se aos
valores consagrados em tratados internacionais, objetivando impor limitação ao arbítrio estatal e assegurar a
igualdade entre os indivíduos. É o respeito ao princípio basilar da dignidade da pessoa humana.
A expressão Direitos Humanos é utilizada, comumente, para externar valores e direitos consagrados em tratados
internacionais. No Brasil a terminologia direitos fundamentais, por sua vez, passa a ser utilizada no momento em que
aquele conjunto de Direitos Humanos são geradores de um movimento de constitucionalismo, assim positivado na
nossa Constituição Federal.
Neste sentido, segundo o conceito melhor empregado e comum a diversos doutrinadores de direito explica que por
Direitos Fundamentais entende-se o conjunto de situações jurídicas positivadas em mandamento fundamental
visando liberdade, igualdade e dignidade da pessoa humana.
Fique ligado! Apesar de muitos autores entenderem como sinônimas as expressões (e assim o são no que tange sua
essência em conteúdo), os direitos fundamentais devem ser conceituados como decorrentes dos direitos humanos e
expressos em nosso texto constitucional.
Os DGF se originam na Magna Carta Inglesa (1215) para satisfazer os interesses políticos da burguesia. Anos mais
tarde, na Revolução francesa (1789) ocorre a Declaração dos Direitos do Homem buscando priorizar interesses mais
sociais. Já nos Séculos XVIII e XIX passam a surgir as Constituições Liberais. Toda essa evolução traz algumas gerações
de direitos, cada qual contendo características peculiares do momento histórico. Vejamos:
Direitos e Garantias Fundamentais de Primeira Dimensão
Esta primeira leva de direitos buscavam garantir limites à arbitrariedade do Estado, garantir a propriedade, a
liberdade, a vida. Exige-se uma abstração do Estado (um não fazer). São também chamados de Direitos ou liberdades
negativas, direitos de defesa (defender-se do próprio Estado). Estado Liberal - primeiros direitos e garantias
fundamentais com o intuito de proteger o indivíduo contra as atrocidades do Estado e garantindo-lhe liberdades
mínimas: liberdade de reunião, associação, consciência, inviolabilidade de domicílio. Surgimento: sec. XVIII e XIX.
Direitos e Garantias Fundamentais de Segunda Dimensão
A segunda leva de Direitos e Garantias Fundamentais, após as primeiras Constituições Liberais. Notou-se a
necessidade de prestações positivas por parte do Estado. Estado Social – somando-se às liberdades até então
admitidas uma nova dimensão de direitos começa a ser admitida visando a igualdade entre os indivíduos. O Estado
passa a incentivar direitos sociais, culturais e outros relacionados à economia: saúde, moradia, direito de greve,
assistência social, dentre outros. Surgimento: séc. XIX e XX.
Direitos e Garantias Fundamentais de Terceira Dimensão
Trata-se do Estado Democrático de Direito – é o surgimento de direitos relacionados à coletividade: fraternidade e
solidariedade. Dentre eles: meio ambiente ecologicamente equilibrado, progresso. O homem passa a ser visto como
integrante e parte essencial de uma coletividade. Surgimento: séc. XX e XXI.
Direitos e Garantias Fundamentais de Quarta Dimensão
Sem momento certo para seu surgimento, doutrina moderna vem falando da quarta dimensão destes direitos. Seria
a ideia dos direitos relacionados à tecnologia, conhecimentos relacionados à era pós modernidade (manipulação

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genética, mudança de sexo etc). Segundo André Ramos Tavares, a quarta dimensão trata-se da tutela diferenciada
quanto a determinados grupos sociais (crianças, adolescentes, idosos, afrodescendentes), direitos estes
implementados na Constituição Federal mediante reforma.
Direitos e Garantias Fundamentais de Quinta Dimensão
Ainda não consolidada e sem orientações da Suprema Corte neste sentido, a 5ª dimensão seria, segundo Paulo
Bonavides, o direito a paz em razão das adversidades que vive o mundo moderno (terrorismo).
Dentro deste tópico ainda, devemos destacar as Garantias Fundamentais. São normas assecuratórias destes direitos.
Garantias, portanto, podem ser conceituadas como um conjunto de medidas destinadas à proteção, segurança e
efetivação dos direitos fundamentais. Neste sentido, o habeas corpus surge como garantia ao direito de locomoção
amparado pelo inciso LXVIII, do art. 5º, da Constituição Federal.
Outro exemplo é o inciso X, do art. 5º, que determina a inviolabilidade do direito a intimidade, vida privada, honra e
imagem das pessoas, assegurando, no mesmo texto, o direito a indenização em caso de dano material ou moral
provocado pela sua violação. Portanto, a garantia vem para assegurar o cumprimento do direito fundamental.

4. Características dos Direitos Humanos Fundamentais


Agora que já verificamos que Direitos e Garantias Fundamentais com os Direitos Humanos possuem diferenciação
conceitual, porém, com a mesma base ideológica originária, devemos estudar suas comuns características:
São características comuns aos direitos fundamentais expressos na Constituição Federal de 1988:
 Imprescritibilidade: tais direitos não desaparecem pelo decurso do tempo. É imprescritível toda a ação que
visa reparar a violação aos direitos fundamentais.
 Inalienalibilidade: são intransferíveis a outrem.
 Irrenunciabilidade: em regra, não podem ser objeto de renúncia.
 Inviolabilidade: disposições infraconstitucionais ou atos administrativos não podem deixar de observar o
mandamento fundamental.
 Universalidade: abrange a todos os indivíduos, sem qualquer distinção social, racial, de convicção política.
 Efetividade: o Poder Público de atuar no sentido de garantir a efetivação dos direitos fundamentais.
 Interdependência: apesar dos direitos fundamentais serem autônomos, deve-se a analisar a intersecção
necessária entre alguns direitos para atingirem a finalidade proposta. Ex. a ligação entre o direito de
locomoção e a garantia do habeas corpus.
 Complementaridade: os direitos fundamentais não podem ser interpretados isoladamente, devem se
justapor sendo balanceados para o alcance do objetivo fundamental.
 Relatividade ou Limitabilidade (natureza relativa): sua natureza não é absoluta (veremos adiante).

5. Tratados Internacionais de Direitos Humanos na Constituição Federal


Conforme já observado, os direitos fundamentais expressos no texto constitucional não excluem outros decorrentes
de tratados que a república federativa do Brasil faça parte. Neste sentido, a EC nº 45/04 acrescenta o § 3º, do art. 5º,
da CF/88 estabelecendo que “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.”
Ensina o professor Alexandre de Moraes que a ressalva da infra constitucionalidade citada no item anterior é
justamente a hipótese do § 3º, do art. 5º, da CF - quando aprovadas pelo quórum qualificado e versarem sobre
direitos humanos serão equivalentes às emendas constitucionais.
Não apenas com natureza essencialmente constitucional, mas também com característica de supra legalidade, o
referido autor explica que “o Supremo Tribunal Federal alterou seu tradicional posicionamento, passando a

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proclamar – por maioria – o status da supra legalidade dos tratados internacionais incorporados no ordenamento
jurídico brasileiro antes da EC nº 45/04.”
A supra legalidade acarreta na revogação de normas infraconstitucionais que estejam em desacordo com tratados
internacionais de que o Brasil faça parte. Evidentemente que caso não aprovadas pelo quórum qualificado, exigido
para sua identidade tal qual emenda constitucional, não poderá haver derrogação de norma expressa no texto
constitucional. Entretanto, normas infraconstitucionais poderão ser inaplicáveis (revogadas) quando afrontar
direitos decorrentes de tratados internacionais de que o Brasil faça parte.
Neste sentido foi o entendimento do STF ao analisar a subscrição brasileira ao Pacto São Jose da Costa Rica que
entendeu restarem “derrogadas as normas estritamente legais definidoras da custódia do depositário infiel”,
mantendo, entretanto, a supremacia da norma constitucional que trata deste assunto (art. 5º, LXVII, da CF). Ou seja,
ficou afastada a sua eficácia através de normas infraconstitucionais – esse é o chamado efeito paralisante do direito
supralegal sobre a norma infraconstitucional. Daí a natureza supralegal destas normas, incluindo-se entre tais as de
direitos fundamentais.
Para entender, a tabela abaixo resume a posição que os tratados de direitos humanos podem assumir no direito
brasileiro:
Força de norma constitucional Tratados e Convenções Internacionais sobre direitos humanos
(igual à EC). aprovados com procedimento de EC.
Força de supralegalidade Tratados e convenções Internacionais sobre Direitos Humanos
(acima de Lei, abaixo da CF). do qual o Brasil é signatário firmado antes da EC 45/04.
Força infraconstitucional Tratados Internacionais comuns.
(igualdade diante das demais
Leis).

CAIU EM CONCURSO! CESPE - “Com relação ao estatuto jurídico dos tratados internacionais no direito brasileiro,
julgue o próximo item: Os tratados internacionais se incorporam ao ordenamento jurídico brasileiro com o status de
emenda constitucional.” Gabarito: errado. Nem todos os tratados internacionais se incorporam ao ordenamento
jurídico brasileiro com o status de EC, podendo ter força de supralegalidade ou ainda de norma infraconstitucional.

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