Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
92 p., il.
CDU 37:504
U519.25 – 24
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Profa. Sandra Miessa
Reitora
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
Unidade I
1 A CRISE AMBIENTAL...........................................................................................................................................9
2 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................................................. 18
2.1 Por que educação ambiental?.......................................................................................................... 18
2.2 A história................................................................................................................................................... 20
3 LEGISLAÇÃO EM VIGOR................................................................................................................................. 29
4 TENDÊNCIAS ATUAIS....................................................................................................................................... 29
Unidade II
5 ASPECTOS FILOSÓFICO-CONCEITUAIS E PEDAGÓGICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL......... 37
5.1 Aspectos filosófico-conceituais....................................................................................................... 37
5.1.1 A herança de Tbilisi ................................................................................................................................ 37
5.1.2 Modismo ambiental versus consciência ecológica.................................................................... 39
5.1.3 A psicologia ambiental e os comportamentos pró-ambientais .......................................... 42
5.1.4 Ecocidadania e movimentos sociais ............................................................................................... 43
5.2 Aspectos pedagógicos da educação ............................................................................................. 47
5.2.1 A questão da pluralidade...................................................................................................................... 47
5.2.2 Propostas pedagógicas em educação ambiental........................................................................ 48
5.2.3 Interdisciplinaridade e transversalidade......................................................................................... 50
5.2.4 Habilidades e competências em educação ambiental.............................................................. 54
5.2.5 Educação ambiental na educação formal e não formal ........................................................ 55
6 ASPECTOS PRÁTICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................ 56
6.1 Conhecendo para planejar................................................................................................................ 56
6.1.1 Nível de amadurecimento/desenvolvimento dos participantes .......................................... 56
6.1.2 O ambiente educacional....................................................................................................................... 58
7 O QUE É APRENDIDO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL?.......................................................................... 58
7.1 Diretrizes específicas para programas voltados para a primeira infância .................... 58
7.2 Diretrizes específicas para a educação formal.......................................................................... 61
7.3 Diretrizes específicas para a educação não formal: público em geral ........................... 66
8 DESENVOLVENDO E IMPLEMENTANDO PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.............. 68
8.1 Pensando a educação ambiental para a primeira infância ................................................. 70
8.2 Programando a educação ambiental no contexto da educação formal ....................... 72
8.3 Programando a educação ambiental no contexto da educação não formal:
público em geral .......................................................................................................................................... 74
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Isso se dá, primeiramente, através de texto explicativo sobre a importância do estudo e aprofundamento
em EA, desenvolvido numa perspectiva holística, integrando conhecimentos, valores, atitudes e ações,
promovendo a consciência ética sobre todas as formas de vida.
Em seguida, o assunto é abordado por meio de uma viagem através da história, que envolve os
grandes acontecimentos que contribuíram para que a problemática ambiental ganhasse visibilidade e
preocupação global e que inclui a legislação mais atual. Esse percurso histórico o auxiliará a compreender
e estabelecer reflexões sobre a EA, tornando-o apto a realizar projetos que abordem tal questão com
seus desdobramentos e desafios de aplicabilidade.
Por último, é traçado um panorama atual das principais tendências em EA, a fim de que você adquira
não só conhecimentos sobre as diversas concepções existentes, mas também passe a construir um
pensamento crítico a respeito e reconheça a necessidade da prática educativa.
INTRODUÇÃO
A legislação determina que a educação ambiental deverá estar presente em currículos das
instituições de ensino públicas e privadas; traz especificações para a educação ambiental não formal,
envolvendo ações e práticas direcionadas à sensibilização da coletividade. A lei ressalta também que é
responsabilidade de toda a sociedade, não somente das escolas, contribuir para a promoção da atuação
individual e coletiva com foco na prevenção, identificação e solução de problemas ambientais.
A Lei n. 9.795/1999 dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências. De acordo com o decreto:
Neste livro-texto buscamos retratar a educação ambiental (EA) de forma geral, fazendo uma
abordagem crítica. A pedagogia crítica tem como referência maior Paulo Freire, grande educador brasileiro.
Consideramos que seus estudos nos auxiliam a pensar numa perspectiva de autonomia cidadã, que propõe
a educação libertadora, no sentido de que podemos transformar a realidade que ora encontramos.
Transpondo isso para a educação ambiental, podemos dizer que as práticas devem propor uma
observação sensível e crítica do ambiente, incentivando a reflexão e a busca de soluções para os problemas
identificados. As práticas da pedagogia tradicional não possibilitam que os estudantes sejam sujeitos
de sua aprendizagem. Queremos um cidadão observador, questionador, crítico, reflexivo, cooperativo,
íntegro e ético, porém, como podemos vislumbrar esse caminho se são as práticas tradicionais que
prevalecem atualmente?
A educação ambiental crítica exige uma nova postura do educador, precisa de um mediador e não
mais de um transmissor de conhecimentos, necessita de um profissional aberto ao diálogo.
As informações que estão hoje acumuladas nos livros e na internet são importantes conhecimentos
construídos no percurso do homem no planeta Terra. Na concepção expressa no parágrafo anterior,
educadores e educandos aprendem juntos, observando, pesquisando, refletindo e dialogando, com o
propósito de poder transformar talvez uma realidade próxima que incomoda, que foi percebida como
negativa para a manutenção da boa qualidade de vida.
Enquanto ação educativa, a educação ambiental permite o contato com o campo ambiental,
promovendo reflexões, metodologias e experiências práticas que têm por objetivo construir
conhecimentos e valores ecológicos na atual e nas futuras gerações.
Bons estudos!
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Unidade I
1 A CRISE AMBIENTAL
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto
sabemos: todas as coisas estão ligadas, como o sangue que une uma família. Há uma
ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou
o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido,
fará a si mesmo.
O século XVIII estabeleceu um marco na história da humanidade quando teve início o processo da
revolução industrial, que alterou as formas de organização social, a economia e o meio ambiente. Como
consequência, a poluição do ar, da água e do solo se incorporaram ao cotidiano das cidades.
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Unidade I
Figura 2 – Poluição do ar nas grandes cidades, causada por emissões industriais e veiculares
Figura 3 – Enchente nos grandes centros urbanos, causada por acúmulo de lixo em local inadequado
Nessa época, a utilização de energia proveniente do uso intensivo da água, da queima de carvão
e, posteriormente, do petróleo nos processos industriais foi determinante para o comprometimento
dos recursos naturais nas décadas que se seguiram. A sociedade industrializada de então desconhecia
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
a dimensão dos graves problemas que provocaria no meio ambiente em curto e médio prazo e,
consequentemente, seus impactos na saúde humana. Só em meados do século XX, diante do intenso
aumento da poluição nos ambientes urbanos, estabeleceu-se a associação entre alterações na saúde das
populações, e até mesmo a morte, e a exposição a esses poluentes (Mele, 2006).
A vulnerabilidade ambiental e dos seres humanos foi definitivamente desnudada quando acidentes
ambientais de grande magnitude começaram a ocorrer.
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Unidade I
Em 1948, na pequena cidade de Donora, localizada no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos,
metade da população adoeceu (6 mil pessoas) e vinte morreram devido ao fenômeno de inversão térmica
que propiciou o aumento das concentrações de poluentes provenientes das indústrias localizadas no
entorno da cidade (Ciocco, 1961).
Outro episódio de grande importância foi o ocorrido em Londres, no inverno de 1952. Após um
período de inversão térmica, associado ao aumento da utilização de carvão para a calefação, houve o
aumento da concentração dos poluentes atmosféricos, o que provocou a morte de aproximadamente
4 mil pessoas na época. Da mesma forma como ocorreu em Meuse, quando a população de pessoas
idosas com doenças cardiorrespiratórias prévias foi a mais afetada (Logan, 1952). Esses episódios foram
determinantes para o início da formulação de medidas de controle ambiental que minimizassem essas
ocorrências na Europa e, posteriormente, nos Estados Unidos (Elsom, 1987).
1
Indústria instalada na localidade despejava seus resíduos químicos, sobretudo mercúrio, no mar, sem qualquer
tratamento, contaminando os peixes que serviam de alimento para as populações das aldeias da região.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Saiba mais
REZA por chuva. Dirreção: Ravi Kumar. Reino Unido: Rising Star
Entertainment, 2014. 96 min.
Ao longo das décadas posteriores, outros episódios ocorreram. Em 1976, em Seveso, na Itália, um
reator químico explodiu, liberando dioxina e ocasionando 193 casos de cloroacne e a saída de mais
de 700 pessoas da região, fato que produziu um profundo impacto na Europa, que culminou com o
desenvolvimento da Diretiva de Seveso – EC Directive on Control of Industrial Major Accident Hazards,
em 1982 (Cetesb, 2008).
Em 1984, na cidade de Bhopal, na Índia, 40 toneladas de gases tóxicos fatais vazaram na fábrica de
pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide (este assunto será abordado posteriormente).
Aproximadamente 2,5 mil pessoas morreram nos instantes seguintes ao acidente e mais 8 mil nos três
dias seguintes (Anderson et al., 1988).
Agora você conhecerá outros episódios, ocorridos durante a década de 1950, que estão relacionados
a contaminantes do solo e da água e tiveram efeitos na saúde das populações que ficaram expostas a eles.
Outro caso significativo ocorreu no bairro de Love Canal, na cidade de Niagara Falls, no estado de
Nova York. Em 1892, William T. Love propôs conectar as partes alta e baixa do rio Niagara, abrindo um
canal com aproximadamente 9,6 km de extensão e 85 m de profundidade, para criar uma via navegável
de transporte de carga. O projeto foi abandonado em 1920 e o local vendido para a indústria Hooker
Chemical, que o utilizou como aterro, para deposição final de resíduos tóxicos. Em 1953, quando o aterro
atingiu a capacidade máxima, com mais de 21 milhões de kg de resíduos, foi coberto com camadas de
entulho. Após esse procedimento, a empresa vendeu o local, pelo preço simbólico de 1 dólar, para a
Niagara Falls Board of Education. Uma escola foi construída diretamente sobre o aterro e circundada por
residências. A partir de 1978, os moradores do conjunto habitacional descobriram que suas casas haviam
sido erguidas sobre um aterro contendo dejetos químicos industriais e bélicos durante o período de
1920 a 1953. Estudos constataram vários efeitos na população: alterações nos cromossomos, aumento
do número de abortos, de defeitos congênitos. Mais de 700 famílias foram evacuadas (Beck, 2008).
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Unidade I
Na década de 1940, foi fundado pela primeira-dama, D. Darcy Vargas, um complexo educacional
para crianças pobres no município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, o
Ministério da Saúde instalou no local uma fábrica de pesticidas para enfrentar a malária, endêmica na
região naquela época. Nos anos 1950, a fábrica foi desativada e todo o material ali abandonado começou
a se espalhar e se infiltrar no solo, provocando um processo de contaminação do meio ambiente e da
população, sem solução até hoje (Herculano, 2002).
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Outro evento dessa natureza ocorreu na cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, entre 1960
e 1963. Uma fundição primária de chumbo poluiu intensamente a cidade, afetando os trabalhadores
dessa indústria, seus filhos e moradores de regiões próximas à usina. Ainda na Bahia, um estudo de
1995 evidenciou elevadas concentrações de chumbo e cádmio em sedimentos e moluscos de todo o
ecossistema ao norte da Baía de Todos os Santos (Carvalho, 2003).
Na década de 1950, a cidade de Cubatão, no Estado de São Paulo, foi escolhida pelo governo
federal para instalação da primeira grande refinaria de petróleo do Brasil, a RPBC – Refinaria Presidente
Bernardes de Cubatão –, para produzir mais de 45 mil barris/dia (Couto, 2003). A instalação dessa
refinaria, associada às vantagens proporcionadas pela localização da cidade (próxima ao porto de Santos
e ao grande centro consumidor que é São Paulo), além da grande disponibilidade de recursos hídricos,
atraiu indústrias cuja produção utilizava derivados do petróleo (Pinto, 2005).
Nos 20 anos seguintes, mais de cinquenta indústrias químicas, entre elas, siderúrgicas, petroquímicas
e de fertilizantes, foram instaladas ao longo dos vales da cidade. Estava formado o primeiro polo
petroquímico brasileiro.
Com a instalação dessas indústrias, surgiram os problemas ambientais da cidade. Nos anos 1980
tornou-se conhecida mundialmente por causa dos problemas ambientais e pela insatisfatória saúde de
sua população (Kucinski, 1982).
Apesar de muitos estudiosos e pesquisadores indicarem os problemas que envolvem o descaso com
o meio ambiente, muitos desastres ambientais ainda vem ocorrendo.
Em 2015, no município de Mariana, estado de Minas Gerais, ocorreu o rompimento de uma barragem
(Fundão) da mineradora Samarco (controlada pela Vale e pela BHP Billiton), provocando o acidente
considerado por muitos como o pior desastre socioambiental da história brasileira. Uma enxurrada de
lama com o volume de mais de 40 milhões de metros cúbicos devastou a região, deixando um enorme
rastro de destruição.
A lama atravessou longas distâncias (cerca de 550 km do Rio Doce); alcançou alguns afluentes, chegou
ao mar transformando as ondas, que antes eram leves e azuis, em densas coberturas de água marrom.
Assim, por onde passou aniquilou a biodiversidade, destruiu casas e trouxe muita tristeza aos habitantes
de uma grande região. Infelizmente, os efeitos dessa tragédia custarão muitos anos para serem minimizados.
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Unidade I
Saiba mais
Para ampliar sua pesquisa sobre o rompimento da barragem de Mariana,
você pode conferir os documentários que abordam o tema:
Em 1962, Rachel Carson, ecologista norte-americana, já alertava para os efeitos danosos que algumas
ações humanas provocam no ambiente. Por meio da publicação de Primavera Silenciosa, questionou de
forma incisiva a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico. Essa obra abriu espaço para
o movimento ambientalista que se seguiu. Sua maior contribuição foi a conscientização pública de que
a natureza é frágil diante da intervenção humana, fomentando uma inquietação internacional sobre a
perda da qualidade de vida (Guimarães, 2006).
A questão ambiental emerge como problema mundial significativo em meados dos anos 1970,
mostrando um conjunto de contradições entre os modelos de desenvolvimento adotados até então e
a realidade socioambiental, que se revelou na degradação dos ecossistemas e na qualidade de vida das
populações (Odum, 1988). Diante do exposto, fica evidente que no século XX se inicia a crise ambiental. Ao
longo dos anos foram se intensificando as discussões sobre o equacionamento desse problema.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Surgiram fóruns mundiais, que vincularam desenvolvimento e meio ambiente de forma indissociável.
Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (explicada de forma mais detalhada mais à
frente), realizada em Estocolmo no ano de 1972, o termo desenvolvimento sustentável começa a ser
difundido. Nessa conferência, bem como nas que se seguiram, foram firmadas as bases para um novo
entendimento a respeito das relações entre o ambiente e o desenvolvimento (MEC, 2008).
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Unidade I
Certamente, ocorrências dessa espécie foram determinantes para despertar a atenção da mídia e,
consequentemente, da opinião pública para os efeitos danosos da poluição sobre a saúde. Isso levou as
autoridades governamentais dos Estados Unidos e de vários países da Europa a estabelecer medidas de
controle para a emissão de poluentes. Para que essas medidas fossem respeitadas, as ações de controle
ambiental passaram a ser discutidas nos grandes centros urbanos.
Todos esses eventos corroboraram para a necessidade de buscar na educação suporte para que
mudanças de comportamento ambiental fossem estabelecidas. Para tanto, houve necessidade de
adjetivar a educação e então surgiu a educação ambiental.
É histórico o fato de que as populações de qualquer parte do planeta, em qualquer época, para
assegurar sua sobrevivência e a das gerações subsequentes, utilizaram-se dos recursos naturais a sua
volta. Com o passar do tempo, esse uso foi se alterando, decorrente de mudanças socioeconômicas, do
crescimento do emprego de técnicas e equipamentos para a extração desses recursos e do acúmulo de
riquezas de determinadas sociedades para manter seu poder e supremacia perante o mundo. O homem,
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
em muitos casos, segundo Pedrini (1997, p. 21), “praticamente extinguiu alguns dos recursos que
poderiam ser renováveis”.
A partir desse contexto, porém dentro de um processo demorado, o homem vem criando mecanismos
para diminuir o seu impacto sobre o meio ambiente, não apenas instituindo leis, como também, e
principalmente, trazendo essa questão para o âmbito da educação ambiental crítica.
No entanto, somente a partir do século XX essa questão ambiental se torna um problema significativo
mundialmente, por meio da constatação de ecossistemas degradados e pela falta de qualidade de vida
dos povos. O problema ambiental adquiriu tamanha proporção, que hoje em dia já se fala em ameaça
à continuidade da vida a longo prazo. É justamente nesse momento histórico que surge e começa a se
conceitualizar a educação ambiental: conjunto de ações pedagógicas formais e não formais, que podem
conduzir a capacidade crítica dos cidadãos, de uma forma geral, às escolhas ambientalmente responsáveis.
“Os problemas ambientais foram criados por homens e mulheres e deles virão as soluções. Estas não
serão obras de gênios, de políticos ou tecnocratas, mas sim de cidadãos e cidadãs” (Reigota, 2009, p. 19).
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Unidade I
2.2 A história
[...] sempre que posso, tenho enfatizado no meu nomadismo pelo Brasil e
no exterior que a educação ambiental brasileira é uma das melhores e mais
pertinentes do mundo. Essa minha afirmativa não está baseada em nenhum
sentimento nacionalista ou autopromocional, mas sim nas observações e
estudos que tenho feito pelos muitos lugares que tenho visitado e onde
tenho vivido há mais de uma década (Noal et al., 1998, p. 12).
Falar em história da educação ambiental é falar de algo diversificado e complexo, pois além de
ela ter sua trajetória considerada oficial – pois envolve conferências e acordos internacionais, ou seja,
eventos que marcaram e tornaram essa história evidentemente pública e legítima no mundo todo –,
também é necessário dizer que, antes disso, grupos de pessoas já se organizavam, ainda que de modo
discreto, para discutir e até mesmo colocar em prática a temática ambiental através da literatura,
de reivindicações políticas e de ações educativas que somente mais tarde convencionou-se chamar de
educação ambiental.
Lembrete
Portanto, segundo Carvalho (2008, p. 51), a educação ambiental é “herdeira direta do debate ecológico”
que teve início em meados da década de 1960 e se originou nos chamados novos movimentos sociais.
Além desses dois aspectos da história apresentados acima, temos também as peculiaridades da EA
no Brasil, que, independentemente do contexto histórico de cada época, tomou direções e dimensões
muito diferentes.
A seguir, você poderá acompanhar o paralelo contextual que traçamos entre a história mundial
oficial e a história da EA no Brasil.
Em 1968 foi criado o Clube de Roma, na Itália, fundado pelo industrial Aurélio Peccei (top manager
da Fiat e da Olivetti) e pelo cientista escocês Alexander King, em que tomavam parte cientistas, políticos
e industriais para discutir problemas relacionados ao consumo, às reservas de recursos naturais não
renováveis e ao crescimento da população mundial até o século XXI. Os principais problemas detectados
por eles, e publicados no relatório que chamaram de Limites do Crescimento, foram:
20
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
• industrialização acelerada;
No entanto, mais do que apenas detectar problemas que pontuavam a deteriorização do meio
ambiente causada pelo desenvolvimento social e econômico da humanidade, o Clube de Roma, segundo
Reigota (2009, p. 22), deixou clara a necessidade “de se investir numa mudança radical na mentalidade
de consumo e procriação.” Podemos constatar essa afirmação na parte do relatório que diz:
Se, por um lado, tal debate colocou os problemas ambientais em nível mundial de preocupação, por
outro, foi alvo de muita crítica dos países em desenvolvimento, principalmente dos latino-americanos,
que percebiam, ainda que de forma sutil e por meio de mensagens indiretas, que “para conservar o padrão
de consumo dos países industrializados era necessário controlar o crescimento da população em países
pobres” (Reigota, 2009, p. 23).
No Brasil de 1968, entrando na década de 1970, o regime militar ganhava força com um modelo
econômico em que se privilegiava as relações capitalistas de produção. Além disso, os tecnocratas
visavam a um Brasil desenvolvido urbana e industrialmente, de modo que isso acelerasse o processo
de modernização do mercado financeiro. Assim, eles abriram as portas do país para as indústrias de
potencial poluidor, consolidando o começo da história da degradação ambiental por aqui. Nesse mesmo
período houve a implementação das reformas educacionais, entre elas a que remodelou a universidade
e a que estabeleceu o sistema nacional de 1º e 2º graus, no entanto, ambas tinham como objetivo o
aumento da eficiência produtiva do trabalho.
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Unidade I
Como consequência dos relatórios do Clube de Roma e com os olhares voltados para a questão
ambiental, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou em 1972 a Primeira Conferência Mundial
de Meio Ambiente Humano em Estocolmo, na Suécia, como dissemos anteriormente.
Nessa ocasião, além do mérito de se perceber como necessária a educação dos cidadãos, a fim de
serem encontradas soluções para os problemas do meio ambiente, até mesmo fortalecendo o que se
poderia chamar de corresponsabilidade no controle e na fiscalização dos agentes degradadores, o tema
poluição industrial continuou e se acentuou como principal pauta das discussões.
O “milagre econômico” vivido por países como Índia e Brasil, visava a um crescimento que se voltava
prioritariamente para a economia, as indústrias com potencial poluidor que não podiam operar em seus
países de origem e imigravam para os países em desenvolvimento sem tomar as devidas medidas de
segurança necessárias, atitude essa que não foi sem consequências.
Ainda no Brasil, pouco antes de acontecer a Conferência de Estocolmo, foi criada a Sema, Secretaria
Especial do Meio Ambiente, cujo primeiro secretário a assumir o cargo foi Paulo Nogueira Neto, ecólogo
referência na época e professor da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Reigota (2009, p. 83), Paulo
Nogueira teve grande importância pela sua atuação à frente do novo órgão, uma vez que nesse período
o movimento ambiental era tido como “inimigo do progresso”, pois assumia uma posição totalmente
contrária à do regime em vigor, isso num momento em que “ser contrário ou taxado de opositor ao
regime poderia levar à cadeia, ao exílio ou à morte”. Ainda segundo Reigota (Noal et al., 1998, p. 17),
Paulo transformou o espaço da então secretaria “em uma verdadeira escola, por onde passaram técnicos
de alto nível que conseguiram driblar com muita competência as adversidades políticas”.
Como consequência de seu trabalho, o prof. Paulo Nogueira Neto foi o único
brasileiro convidado a integrar a Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento, comissão responsável pela publicação do relatório Brundtland,
intitulado Nosso Futuro Comum (editora Fundação Getúlio Vargas), onde surgiu
pela primeira vez a noção de desenvolvimento sustentável (Reigota, 1998, p. 17).
Tal documento atenta para a importância de um novo tipo de educação, que requer “um novo
e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre a escola e a comunidade, entre os
sistemas educacionais e a sociedade” (Um pouco…, [s.d.]), o que pressupõe uma educação ambiental
contínua, voltada para os interesses nacionais, integrada às diferenças e multidisciplinar.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O seminário teve uma participação multidisciplinar, pois “contou com a presença de especialistas em
educação, biologia, geografia e história, entre outros...” (Reigota, 2009, p. 27).
Dois anos depois (1977), em Tbilisi, na Geórgia (ex-União Soviética), realizou-se o Primeiro Congresso
Mundial de Educação Ambiental, que ficou conhecido como Conferência de Tbilisi. Na ocasião, além de
serem apresentados trabalhos – voltados para o meio ambiente – que estavam sendo realizados em diversos
países, nos documentos finais elaborados nessa conferência “saíram as definições, os objetivos, os princípios e
as estratégias para a educação ambiental que até hoje são adotados mundialmente” (Ibram, 2011).
No Brasil, o regime militar perdia nitidamente sua força, principalmente para os movimentos
estudantis que reivindicavam liberdade, anistia e democratização, entre outras coisas. Nos últimos meses
do ano de 1977, muitas dessas reivindicações estavam garantidas, entre elas: assembleias, manifestações
culturais, reuniões políticas abertas etc. Segundo Reigota (Noal et al., 1998, p. 15), é justamente nesse
contexto que se situa o “surgimento do pensamento ecologista brasileiro contemporâneo”.
Alguns nomes se destacaram pela sua influência na questão ambiental. Um deles foi José Lutzenberger,
autor de O manifesto ecológico brasileiro (editora Movimento, 1980).
Entretanto, muitos educadores presentes ao congresso não acreditavam que era possível falar em
temas que envolvessem a formação de cidadãos, pois muitos dos países presentes “continuavam a
produzir armas nucleares e a viver sob regimes totalitários que impediam a participação dos cidadãos e
das cidadãs nas decisões políticas” (Reigota, 2009, p. 28).
Ao final desse encontro foi redigido o documento intitulado Estratégia Internacional de Ação em
Matéria de Educação e Formação Ambiental para o Decênio de 90, em que se destaca a necessidade de
atender prioritariamente à formação de recursos humanos nas áreas formais e não formais da educação
ambiental e de incluir a dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino.
É nesse ano que o brasileiro Paulo Nogueira Neto elabora com outros integrantes da Comissão
Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento o documento Nosso Futuro Comum. Esse texto se
torna de extrema importância para a educação ambiental até os dias de hoje e aponta pela primeira
vez a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e padrões de produção e consumo, no
entanto, sem desconsiderar o crescimento econômico, desde que este venha conciliado com as
questões ambientais.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Em 1992, o Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, mais conhecida como Rio-92 ou ECO-92. Essa conferência,
também denominada Cúpula da Terra, foi especialmente importante por dois motivos: pela primeira vez
foi permitida a participação de entidades da sociedade (ONGs) nos debates – apesar de não terem direito
de deliberar – e foram aprovados cinco acordos oficiais internacionais:
• Declaração de Florestas.
Tal encontro contou com a presença de 103 chefes de Estado e 182 nações que tinham como
objetivo introduzir a ideia de desenvolvimento sustentável – um modelo de crescimento econômico
mais adequado ao equilíbrio natural da Terra, cujas bases já haviam sido criadas em 1987, no relatório
Nosso Futuro Comum –, e buscar mecanismos que repensassem a lacuna existente entre o Norte e o Sul
do planeta, no que se refere ao desenvolvimento.
Por outro lado, alguns autores apontam aspectos tanto positivos quanto negativos que se contrastam
no documento.
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Unidade I
“Em particular, a Agenda não possibilitou que os países ricos mudassem o seu modelo consumista
de recursos naturais, inviabilizando o tradicional apelo para o desenvolvimento sustentável” (Pedrini,
1997, p. 32).
Paralelamente à Rio-92, no Aterro do Flamengo (Rio de Janeiro) acontecia o Fórum Global. “Sob
grandes tendas, cerca de dez mil Organizações Não Governamentais (ONG’s) e representantes de
entidades da sociedade civil de todos os matizes ideológicos e credos, falando diferentes línguas,
debateram a questão ambiental” (Pedrini, 1997, p. 31).
Desse encontro saíram produtos importantes para o movimento ambientalista, como a primeira
versão da Carta da Terra (cuja redação final foi concluída em 2000) e a Declaração do Rio, que
aponta para a insustentabilidade do modelo econômico dominante, que “não leva em consideração a
finitude da Terra”.
Saiba mais
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A partir de 1995 a ONU passou a organizar um encontro anual entre os representantes de diversos
países do mundo, chamado de Conferências das Partes da Convenção‑Quadro da ONU sobre Mudanças
Climáticas, ou COP, com o propósito de realizar negociações e definir metas para a redução dos gases
de efeito estufa.
Saiba mais
A COP 1 ocorreu em Berlim e a COP 2, em 1996, em Genebra. Esses encontros, mais do que trazer
novos acordos, servem para acompanhar a implementação de propostas da RIO‑92.
A COP 3, em 1997, ocorreu no Japão, em Kyoto, e resultou em novas propostas de conduta ambiental
por parte dos países integrantes do grupo, reunidas no documento chamado de “Protocolo de Kyoto”,
que define metas de redução de emissão de gases que agravam o efeito estufa para os países ricos.
O protocolo entrou em vigor em 2005.
Dez anos após a ECO-92, em 2002 realizou-se em Joanesburgo, na África do Sul, a Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+10.
27
Unidade I
No entanto, foi nessa conferência que, pela primeira vez, foram colocados em questão os problemas
associados à globalização e à desigualdade.
Além disso, ganhou força o conceito de desenvolvimento sustentável, em que o consumo dos
recursos naturais deve atender as necessidades do presente sem comprometer as reservas para as
gerações futuras.
Entre os principais assuntos discutidos nesse encontro podemos destacar os problemas relacionados
à água, à habitação, aos alimentos, à energia, à saúde, ao saneamento e à segurança econômica.
Vinte anos após a ECO‑92, em 2012, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, com o intuito de contribuir para a definição
da agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.
Esta Conferência teve como temas principais a economia verde, no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
No entanto, o documento produzido foi considerado, por muitos pesquisadores, um documento
genérico, que não define metas, prazos, e não estabelece uma agenda de transição para uma economia
mais sustentável.
Em 2015, foi realizada em Paris mais uma Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças
Climáticas (COP 21), que teve como tema principal o clima e as mudanças climáticas causadas pelo
efeito estufa e pelo aquecimento global.
Foi firmado um acordo (ficou conhecido como Acordo de Paris), que terá validade a partir de 2020,
no qual as nações pobres e ricas se uniram no combate às mudanças climáticas. Ao todo, 195 países
membros da Convenção do Clima da ONU e a União Europeia ratificaram o documento.
O objetivo a longo prazo do acordo é manter o aquecimento global abaixo de 2º C, ponto considerado
crucial, a partir do qual muitos cientistas afirmam que o planeta estaria condenado a um futuro
devastador, com elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos (como secas, tempestades e
enchentes) e escassez de água e alimentos.
Em junho de 2017, o então presidente dos EUA Donald Trump, anunciou a saída do Acordo Climático
de Paris afetando significativamente o acordo, já que os EUA são um dos principais emissores de
gases do efeito estufa. A decisão foi intensamente criticada pela comunidade internacional e pelos
defensores do combate ao aquecimento global.
Ao longo dos anos, apesar do aperfeiçoamento da legislação – no que se refere ao meio ambiente –,
do aumento significativo, porém nem tanto eficaz, de ONG’s voltadas para a ecologia, de iniciativas de
informação para a população e do modismo em torno da questão ambiental.
Ainda não foram encontradas soluções para a desigualdade social, o processo de urbanização
continua acelerado, contribuindo efetivamente para o aumento da degradação ambiental no que se
refere à água, ao ar, ao solo e aos riscos socioambientais como enchentes, deslizamento de encostas,
resíduos tóxicos industriais despejados clandestinamente pelas indústrias, entre outros.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Observação
3 LEGISLAÇÃO EM VIGOR
A educação ambiental aparece no Brasil desde 1973, como atribuição da Secretaria Especial do Meio
Ambiente (Sema), como já citado anteriormente. No entanto, é principalmente nas décadas de 1980 e
1990 que ela ganha força, estimulada por todos os movimentos ambientais que compõem a história da
educação ambiental de forma oficial e não oficial e pelo advento da consciência ambiental no mundo.
Assim, pode se dizer que desde os anos 1980 foram criadas políticas públicas em prol da educação
ambiental no Brasil.
Saiba mais
4 TENDÊNCIAS ATUAIS
O que está em risco é a Terra em sua totalidade, e os homens em seu conjunto.
A história global entra na natureza e a natureza global entra na história: isto é
inédito na filosofia.
Gustavo Krause
Existem, hoje em dia, muitas maneiras de se conceber, tanto no plano das ideias como no campo da
ação, a educação ambiental.
Uma autora que discorre sobre as tendências da educação ambiental é Silva (2007), especialista
em meio ambiente, que em sua tese de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) categoriza a
educação ambiental sob três aspectos de sua concepção: conservador, pragmático e crítico.
29
Unidade I
Segundo essa autora, estudar educação ambiental sob a ótica dessas três concepções “estabelece
contribuições teóricas e práticas para a análise de recursos didáticos da área e para a reflexão de um
caminho a ser traçado que busque englobar as características de uma educação ambiental crítica”.
Veja, a seguir, conceitos resumidos de cada concepção segundo a autora. Na educação conservadora:
Portanto, fica a critério de cada educador, instituição etc., através da caracterização dessas inúmeras
concepções, identificar a que melhor irá satisfazer cada tipo de intervenção.
Observação
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Resumo
31
Unidade I
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Exercícios
Questão 1. (Enade 2005 – Química, adaptada) A globalização dos negócios, a internacionalização dos
padrões de qualidade ambiental, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação
da educação ambiental nas escolas permitem antever que a exigência futura em relação à preservação
do meio ambiente deverá intensificar-se. A evolução do processo de conscientização acerca do problema
ambiental seguiu o percurso apresentado no quadro seguinte.
I - Políticas end-of-pipe
II - O tema das tecnologias limpas
III - O tema dos produtos limpos
IV - O tema do consumo limpo
2) tratamento da poluição;
7) procura consciente por produtos e serviços que motivem a existência de processos discutidos pela
óptica da conscientização ambiental;
33
Unidade I
Análise da questão
Fase II – Tecnologias limpas: são aquelas que visam implementar atividades produtivas com mínima
eliminação de poluentes, portanto, elas reduzem a necessidade da adoção das tecnologias end-of-pipe.
Entre as ações descritas, as que melhor se enquadram no contexto dessas tecnologias são as identificadas
pelos números 1 (interferência nos processos produtivos que geram poluição) e 6 (tratamento e/ou
reutilização de subprodutos gerados nas atividades produtivas).
Fase III – Produtos limpos: são aqueles delineados desde o início para que seus processos produtivos
não resultem em impactos ambientais, seja na obtenção de matéria-prima ou nas etapas de processamento
que levam ao produto final. As ações 3 (redesenho de produtos) e 8 (desenvolvimento de produtos
sustentáveis) são as que almejam a obtenção de produtos limpos.
Fase IV – Consumo limpo: caracterizado pela seletividade dos consumidores que visam adquirir
produtos sustentáveis, cuja produção não gere impactos ambientais. A adoção generalizada dessa ação
pró-ambiental deve ser fomentada pelo incentivo da educação ambiental nos mais diversos setores sociais.
Essa ação parte do pressuposto de que o impacto gerado pelos processos produtivos é inversamente
proporcional à conscientização ecológica da população. Nesse caso, as ações 4 (reorientação para novos
comportamentos sociais) e 7 (procura consciente por produtos e serviços que motivem a existência de
processos discutidos pela óptica da conscientização ambiental) são aquelas que melhor traduzem essa
etapa do processo de conscientização ambiental.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Questão 2. (Enade 2005 – Geografia) Das cinco alternativas a seguir, quatro contêm afirmações que
constituem o tratamento transversal dado ao tema meio ambiente. Qual é a alternativa que não contém?
A) Não existe apenas uma crise ambiental, mas, sim, uma crise civilizatória, sendo necessária uma
profunda mudança na concepção de mundo, de natureza, de poder.
C) A questão ambiental diz respeito, sobretudo, à preservação dos ambientes naturais intocados e ao
controle da poluição.
D) É preciso criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação sociedade/natureza com
a perspectiva de buscar soluções para os problemas ambientais.
E) O crescimento econômico deve estar subordinado a uma exploração racional e responsável dos
recursos naturais para garantir a vida das gerações futuras.
A) Alternativa correta.
Justificativa: os problemas ambientais que assolam a sociedade moderna não ocorrem por si mesmos,
como em eras passadas (surgimento e desaparecimento de geleiras, mudanças ambientais globais etc.).
Na atualidade, a origem desses problemas está no modo predatório e descontrolado como a sociedade
humana moderna explora os recursos ambientais. Assim, é correto afirmar que a crise ambiental que
vivenciamos no momento é consequência de uma crise civilizatória, que poderá ser debelada apenas se
ocorrerem mudanças profundas na concepção do mundo pelas pessoas.
B) Alternativa correta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a questão ambiental é muito mais ampla e profunda do que apenas preservar ambientes
naturais intocados e controlar a poluição. Uma mudança de postura generalizada do mundo civilizado
com relação ao consumismo excessivo e à adoção de procedimentos sustentáveis e conscientes da
exploração de recursos é o principal foco da questão ambiental. E a consequência dessa mudança
resultará, naturalmente, no controle da preservação, da poluição e de outros aspectos de igual relevância
para a problemática ambiental.
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Unidade I
D) Alternativa correta.
Justificativa: como foi dito na justificativa da alternativa C, a busca por práticas sustentáveis é de
suma importância para a manutenção de ecossistemas e recursos, no entanto, não se deve estagnar o
desenvolvimento econômico das nações.
E) Alternativa correta.
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