Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Fenólicos 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 38

Biotecnologia de

Compostos Fenólicos
Prof. Dr. Ivaldo Itabaiana Jr (EQ/UFRJ)
Profa. Dra. Michelle Frazão Muzitano (FF/UFRJ – Macaé)
02/04/2019 – 03/04/2019

QUÍMICA, 3º Ano do Ensino Médio


Compostos oxigenados: Fenol e Aldeído

FENOL

Os fenóis são substâncias que apresentam


uma cadeia aromática (anel benzênico) ligada
diretamente a uma hidroxila.

HO HO

Anel benzênico
Fenol

1
NOMENCLATURA

A nomenclatura oficial para os fenóis segue a


regra:

PREFIXO + HIDROXI + BENZENO

HO HO
Exemplo:

OH
1,3-di-
Mono-hidroxibenzeno
hidroxibenzeno*
Ou hidróxi-benzeno
*A função principal (OH) recebe numeração 1 e as demais, os
menores números possíveis.

QUÍMICA, 3º Ano do Ensino Médio


Compostos oxigenados: Fenol e Aldeído
NOMENCLATURA

Se existirem dois substituintes no anel


benzênico, usamos as palavras orto (o), meta
(m) e para (p) para descrever suas posições
relativas.

Exemplo: HO
HO HO
OH

OH
HO
Orto Meta
Para

2
QUÍMICA, 3º Ano do Ensino Médio
Compostos oxigenados: Fenol e Aldeído
NOMENCLATURA

Merecem destaque os monometil-fenóis, que


são conhecidos como cresóis.

HO HO HO

CH3

Imagem: Moebius / Domínio público.


CH3
H3C

2-metilfenol (o-cresol)
3-metilfenol (m-cresol)
4-metilfenol (p-cresol)

A mistura de cresóis é um poderoso


desinfetante conhecido como creolina.

QUÍMICA, 3º Ano do Ensino Médio


Compostos oxigenados: Fenol e Aldeído
NOMENCLATURA

Outros exemplos:

HO HO
HO
Br

Cl Br Cl
Cl
o-bromofenol 3-bromo-5- 3,4-diclorofenol
clorofenol

3
Compostos Fenólicos

Esqueleto Classe de compostos fenólicos


básico
C6 Fenois simples, benzoquinonas
C6-C1 Ácidos fenólicos
C6-C2 Acetofenonas
C6-C3 Fenilpropanoides : ácidos cinâmicos e
cumarinas

C6-C1-C6 Xantonas
(C6-C3)2 Lignanas
(C6-C3)n Ligninas

Compostos Fenólicos

Biogênese: os compostos fenólicos podem ser


formados a partir de duas rotas biogenéticas:

A- via do acetato – origina compostos com grupos


OH dispostos em meta

B- via do ácido chiquímico – obtém-se compostos


com grupos OH em posição orto

4
Exemplo
Via do Acetato Via do Ac. Chiquímico

OH em meta OH em orto

OH

HO O
OH

OH

OH O

Derivados do ácido chiquímico


 Rota alternativa para formação de compostos aromáticos.
Especialmente aminoácidos:

 rota de plantas e micro-organismos

 intermediário central: ácido chiquímico

10

5
Metabolismo secundário
GLICOSE
Ácido chiquímico Acetil CoA

triptofano fenilalanina/ ácido gálico via condensação


Ciclo
tirosina ác. cítrico mevalonato

Taninos Ácidos
Alcaloides isoprenóides
hidrolisáveis graxos/
(indólicos e
Acetogeninas
quinolínicos) ornitina/
lisina Terpenoides
e
esteróides
Protoalcaloides Ác. cinâmico
Alcaloides Alcaloides
(isoquinolínicos (pirrolidínicos,
benzilisoquinolíni tropânicos,
Fenilpropanoides piperidínicos,
cos)
quinolizidínicos)

Lignanas/
Antraquinonas
Ligninas
Flavonoides
Cumarinas
Taninos condensados
11
11

Formação do ácido chiquímico


PEP COOH COOH COOH

+
P O PO O NAD
aldolização - HOP H O
PO DAHP sintase 3-hidroquinato
H H sintase
HO OH HO OH
HO O
OH OH
OH H
DAHP
D- Eritrose 4-P aldolização

COOH COOH HO COOH HO COOH

- H2O NADH
NADH

O OH O OH HO OH
HO OH
OH OH OH
OH
ác. 3-desidrochiquímico ác. 3-desidroquínico ác. quínico
ÁC. CHIQUÍMICO

Oxidação e enolização

COOH

HO OH
12
12 OH
ÁC. GÁLICO

6
Formação dos ácidos corísmico e cinâmico
Formação ácido corísmico e ácido cinâmico
H
COOH COOH COOH
H
PO COOH
ATP H H
PEP
chiquimato sintase
HO OH PO OH EPSP sintase PO O COOH
COOH OP
OH OH OH
ÁC. CHIQUÍMICO ác. chiquímico 3-P
NH2 eliminação 1,2
- HOP
O COOH COOH
COOH
HO
O eliminação 1,4
- HOP
O COOH
OH corismato
L-Tyr OH sintase PO O COOH

OH ÁC. CORÍSMICO OH
EPSP
ác. prefênico
COOH

COOH
NH2
L-Phe

ÁC. CINÂMICO
13
13

Compostos Fenólicos

Derivados do ácido benzóico (C6-C1)

Dimerização

14

7
Compostos Fenólicos
Derivados do ácido cinâmico (C6-C3): são os
derivados do ácido cinâmico.

Existem sob duas formas isoméricas: Cis-cinâmico e


trans-cinâmico (o mais estável).

15

Compostos Fenólicos
Ésteres e heterosídeos de ácidos fenólicos e do
ácido cinâmico: são encontrados na forma de
ésteres, glicosídeos e amidas.
Primeiro composto desta série : ácido clorogênico
(éster) obtido de grãos de café em 1846.

16

8
Compostos Fenólicos

Distribuição: os derivados do ácido benzóico são


amplamente encontrados tanto nas angiospermas
como nas gimnospermas.

-o ácido gálico e seus derivados ocorrem


preferencialmente em plantas lignificadas.

-os compostos fenólicos são raramente encontrados


em bactérias, algas e fungos. Exceção : líquens
(associação algas e fungos) – produzem compostos
fenólicos.
17

Compostos Fenólicos
Propriedades gerais dos ésteres e heterosídeos fenólicos:
-São muito reativos
- caráter ácido – possibilita o isolamento através de soluções
fracamente básicas (carbonato de sódio –Na2CO3)
-Podem formar ligações de H (intramolecular ou
intermolecular)
-Complexação com metais
-Por serem aromáticos – intensa absorção na região do
ultravioleta
-São facilmente oxidáveis (instabilidade) em meio básico, luz ,
calor, metais (ferro e manganês) – escurecimento das
soluções ou do composto isolado.
-Isomerização- em sol. aq. sob a influencia de luz ultravioleta
18

9
Compostos Fenólicos

Obtenção, detecção e identificação dos comp.


fenólicos:

-Extrato etanólico de material fresco ou seco


-Visualização em CCD através de luz UV e
exposição a vapores de amônia ou reagentes
cromogênicos (cloreto férrico)
-CG após derivatização
-CLAE em fase reversa; eluentes - mistura de
acetonitrila água ou álcool; solução acidificada para
evitar a ionização
19

Compostos Fenólicos

Propriedades biológicas:

-Uso econômico importante como flavorizante e corante


de alimentos e bebidas.

-Ecologia quimica - defesa das plantas, inibição da


germinação de sementes, do crescimento de fungos

-Atividade antibacteriana e antiviral

-Atividade antioxidante

20

10
Compostos Fenólicos

21

22

11
23

24

12
Compostos Fenólicos
Cápsico (Capsicum spp – Solanaceae)
)
Parte utilizada – fruto
Nomes populares – tili, pimenta-quente, páprica e pimenta vermelha.
Uso popular – temperos, corantes e aromatizantes
Constituintes químicos – capsaicinóides (até 1%) – responsável pelo
sabor picante e pelas atividades biológicas.

Atividade – estimula a secreção gástrica


e o peristaltismo; topicamente provoca
hiperemia
# creme a 0,025% - 0,075% -
tratamento de neuralgia pós-herpética,
neuropatia diabética, dores por
mastectomia e psoríase.

25

Compostos Fenólicos

-Uva-ursina (Arctostaphylos uva-ursi L. Spreng. -


Ericaceae)
Parte utilizada – folhas
Uso popular – tratamento das infecções das vias
urinárias (antibacteriana)
Constituinte químico - hidroquinona - liberada na forma
livre na urina.
Principal componente: arbutina (teor de 6 a 10%)
(β-O-glicopiranosídeo da hidroquinona)

26

13
LIGNOIDES

27

Lignoides

• Conceito: micromoléculas formadas por unidades C6-C3

• Ligninas:
- macromoléculas formadas por unidades C6-C3
- parede células vegetais - rigidez

28

14
29

30

15
31

Lignoides

Biogênese :

•acoplamento oxidativo - entre unidades monoméricas


radicalares
•Radicais - estruturas canônicas de ressonância
•Variação estrutural
-depende do acoplamento dos radicais nas diferentes
posições possíveis
-Adição - íons hidretos + hidroxila inter ou intramolecular
+ ciclização + aromatização

32

16
Lignoides

33

Lignoides
Ocorrência e distribuição:

-as plantas lenhosas são mais ricas em lignanas


-nos arbustos predominam as neolignanas.

-A família Lauraceae foi a mais estudada, principalmente os


gêneros Aniba, Licaria, Nectandra e Ocotea, com quase duas
centenas de substancias inéditas registradas na literatura.

34

17
Lignoides
• Ocorrência

- plantas lenhosas, arbustos (material da parede celular)

• Importância

- essenciais para o desenvolvimento do vegetal, atividade


alelopática

- resposta química em resposta a ferimentos mecânicos


e/ou micro-organismos

- atividades biológicas: antitumoral, antifúngica,


antioxidante, anti-inflamatória, anti-hepatotóxica, relaxante
muscular, cercaricida.
35

Lignoides

Atividades biológicas:
-adaptação ecológica - lignoides são indicadores do
processo evolutivo em angiospermas

-a lignificação faz parte da reação hipersensitiva de


plantas a patógenos

-defesa contra insetos - efeito anti-alimentar

-acumulam-se em madeiras como reposta a ferimentos


mecânicos ou ao ataque de microorganismos
36

18
Lignoides
Atividades biológicas:
- antioxidante - de produtos alimentícios- ácido nor-di-
hidroguaiarético
- inibe a penetração de cercárias de Shistosoma mansoni
no hospedeiro – surinamensina (Virola surinamensis)
- antineoplásica - podofilotoxina, com rendimento de 1,5 a
4,0% do peso seco.

37

Lignoides
Propriedade, obtenção e análise:
Lignanas
-são sólidos incolores ; Pf = 60 a 3000C
-carboxila ou hidroxila livre confere polaridade
intermediária.
-lignanas glicosiladas - extraídos efetivamente com
alcoóis como metanol, etanol e butanol.
-fontes de lignanas - resinas de árvores

38

19
Lignoides – drogas vegetais
• Podophyllum peltatum L. (Berberidaceae)

- usos: cáustico para certos papilomas, vermífugo e


emético
OH

O
O
O

H3CO OCH3

OCH3
podofilotoxina

39

Lignoides – drogas vegetais


• Guaiacum officinale L. (guaiáco, pau-santo)

- usos: a resina tem sido utilizada no tratamento do


reumatismo subagudo, profilaxia da gota e artrite
reumatóide
H3CO H3CO

HO HO

OCH3 OCH3

OH OH

ácido guaiarético guaiacina

H3CO OCH3
O

HO OH
40 ácido -guaiacônico

20
Lignoides – drogas vegetais
• Silybum marianum L. Gaertn (cardo-santo)

- usos: doenças hepáticas agudas e crônicas

41

Aplicações Biotecnológicas

42

21
43

Anidridos e ésteres de fenólicos – via


Química

44

22
Derivados Fenil etil ester de ácido cafeico

45

46

23
Contextualização
Geração mundial de resíduos
industriais

glicerol

FGV, 2016.

Contextualização

24
LIPASES - Degradação de Gorduras - Triacilgliceróis

As gorduras estão concentradas nos adipócitos

Triacilgliceróis Ácidos Graxos + Glicerol


LIPASES

Os ácidos graxos e o glicerol são liberados pela corrente sanguínea e são


absorvidos por outras células (principalmente hepatócitos)

25
Degradação de Triacilgliceróis (Gorduras)

Triacilglicerol

Lipases

Ácido Graxo

Glicerol
Acetil-CoA
Gliceraldeído 3 P
Ácido cítrico Acetoacetato

Glicólise Gliconeogênese
Ciclo de Corpos
Krebs Cetônicos

26
53

DEFINIÇÃO DE LIPASES

54

27
REAÇÕES CATALISADAS POR LIPASES

55

56

28
Lipases – Características Estruturais
• Lipases são / hidrolases;
• A maioria das lipases - “lid” ou tampa;
• Sítio catalítico - tríade catalítica com os aminoácidos serina, histidina, e
aspartato/glutamato;
• Geralmente sofrem ativação interfacial – maior atividade na presença de
substratos hidrofóbicos.

Estrutura cristalina da lipase de Thermomyces lanuginosus, evidenciando a


tampa hidrofóbica em sua forma fechada (A) e aberta (B).

57 Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic v. 64, p. 1–22, 2010.

Lipases – Mecanismo Catalítico

Ataque nucleofílico
Abertura da ligação C=O

His aceita o hidrogênio


doado pela Ser

58

29
59

MÉTODO DA RODAMINA B

60

30
61

Tegumento fibroso
(caroço e Cascas)
li

Mangifera indica L., Anacardiaceae

30% da manga – tegumento fibroso:

Evolução da quantidade comercializada no RJ, em caixas de


papelão de 6 kg, das três variedades mais importantes.

Fonte: Embrapa, 2016

31
Fibrous tegument
(seed and Bark)
li
Green Supports NaOH (2% p/v), 4 h à 100°C

(Crude Fiber)

Mangifera indica L., Anacardiaceae


OH
OH
O HO (Refined Fiber)
HO O
O
O O
Si
O
APTES

32
Lipases em Catalisadores Híbridos

Imobilização de
lipases por
ligação covalente

Resolução de Blocos Quirais – síntese


da Ritigotina – Agonista de Dopamina
Mal de Parkinson

P
d

P Gabriella Sergio
d Clara Ferraz – Mestrado EPQB Graduação Engenharia Química

Lipases em Catalisadores Híbridos

Imobilização de
lipases por
ligação covalente

Racemização e resolução dinâmica de


terpenos – melhoria de atividade
antitumoral

P
d

P
d

Profa. Dra. Ivana C.


Tese Doutorado – Amanda Staudt R. Leal
PPG Ciências Farmacêuticas FF/UFRJ

33
67

Flavonoides como substâncias antitumorais


Núcleo C6-C3-C6

Rutina

Potencial antitumoral de flavonoides


Flavonoide Tipo celular Referência
HeLa (cervical) Xiang et al. (2014)
Quercetina K562 (leucemia) Brisdelli et al. (2007)
HL-60 (leucemia) Shen et al. (2003)

HL-60, U937, K562 (leucemia)


Lin et al. (2012)
LAN-5 (neuroblastoma)
Chen et al. (2013)
Rutina HepG2 (hepatocarcinoma)
Karakurt (2016)
A549 (pulmão)
Sghaier et al. (2016)
HT29 (cólon)

A375 (melanoma)
Guo et al., 2016
DU145 (próstata)
Naringina Lewinska et al., 2015
68 JJA12 (condrosarcoma)
Tan et al., 2014
MDA-MB-231, MDA-MB-468 e BT-549

34
Eficácia
limitada Solubilidade

Estabilidade meio lipídico

Derivados
Lipofílicos

Ácidos C3 – C18

Lipofilicidade

Biodisponibilidade
69Process Biochemistry, 45: 382–389, 2010.
Salem et al.
Mellou et al. Process Biochemistry, 41:2029–2034, 2005.

Ácidos graxos como substância antitumorais


Ácidos monocarboxílicos lineares, ramificados ou não, apresentando-se na
forma saturada ou insaturada.

Potencial antitumoral de ácidos graxos


Ácido graxo Tipo celular Referência
Ácido butírico Huh 7 (hepatocarcinoma) Pant et al. (2017)
Ácidos cáprico (C10:0),
colorretal (HCT-116), câncer de pele (A-
caprílico(C8:0) Narayanan et al. (2015)
431) e mama (MDA-MB-231)
capróico (C6:0)
Ácidos
Blanckaert et al. (2015)
docosahexaenóico MIA PaCa-2 (pâncreas)
Gillis et al. (2002)
linolênico, HL-60
Hawkins et al. (1998)
eicosapentaenoico MDA-MB-231 (mama)
70

35
Lipases (triacilglicerol éster hidrolases - E.C. 3.1.1.3)

Hidrólise Esterificação

- Quimio/regio e
enantiosseletividade;
- Processos ambientalmente
limpos;
- Produtos de alta pureza;
- Purificação mais simples;
- Imobilização e reutilização;

Biocatálise
CALB/Lipase PS

71
PAQUES, F. W. e MACEDO, G. A., Química Nova, 29: 93-99, 2006.

Ésteres de flavonoides com potencial


antitumoral

Potencial antitumoral de flavonoides esterificados


F. esterificado Ácido Graxo Tipo celular Referência
Sudan e Rupasinghe
Ésteres de quercetina-3-O-glicosídeo - HepG2
(2015)
Ácidos com cadeias C8 a
Ésteres de isoquercetrina Caco 2 Salem et al. (2010)
C16
Ácido dodecanodióico e Theodosiou et al.
Ésteres de silibina K562
hexanodióico (2011)

Ésteres de quercetina - Leucemia (HL-60) Sakao et al. (2009)

VGEF (fator de
crescimento
Ácidos oleico, linoleico,
Ésteres de Rutina endotelial vascular) Mellou et al.(2006)
linolênico
em células K562 de
linfoblastoma

Viskupicova e Maliar
Ésteres de rutina C6 – C 20 CaCO-2 e L1210
(2017)

72

36
73

74

37
75

38

Você também pode gostar