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Brazilian Journal of Health Review 20992

ISSN: 2595-6825

Diagnóstico do TDAH em adultos: diretrizes, implicações clínicas e


terapêuticas

Diagnosis of ADHD in adults: guidelines, clinical implications, and


therapeutics
DOI:10.34119/bjhrv6n5-129

Recebimento dos originais: 11/08/2023


Aceitação para publicação: 13/09/2023

Suzana Liotto Hirsch


Graduada em Medicina
Instituição: Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Endereço: Av. Tarquinio Joslin dos Santos, 1000, Foz do Iguaçu – PR, CEP: 85870-650
E-mail: suzanaliotto@gmail.com

Samantha Santos Veloso


Graduada em Medicina
Instituição: Universidade Federal de Goiás (UFG)
Endereço: Av. Universitária, 280, 328, 1166, Setor Leste Universitário, Goiânia - GO,
CEP: 74605-010
E-mail: samanthasveloso@gmail.com

Fernanda Amariz Yamamoto


Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)
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E-mail: fernanda.yamamoto@ufms.br

Izabella de Oliveira Melim Aburjeli


Graduada em Medicina
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Endereço: Rua do Rosário, 1081, Angola, Betim – MG, CEP: 32604-115
E-mail: izabellaaburjeli@icloud.com

Isadora Guimarães da Rocha


Graduada em Medicina
Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
Endereço: Rua Luiz Giarola, 536, Colônia do Marçal, São João del Rei – MG,
CEP: 36302-260
E-mail: isadoragr@hotmail.com

Ana Beatriz Lopes Soares


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIT)
Endereço: Alameda Érico Veríssimo, 105, Solar dos Lagos, São Lourenço - MG
E-mail: anabia240@hotmail.com

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Verônica de Souza Martins


Graduada em Medicina
Instituição: Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC)
Endereço: SIGA Área Especial para Indústria, 02, Setor Leste, Gama – DF, CEP: 72445-020
E-mail: correiopessoalunico@gmail.com

Moana Bastos Cavalcante


Graduada em Medicina
Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU)
Endereço: Av. São Desidério, 2440, Ribeirão, Barreiras - BA, CEP: 47808-180
E-mail: moanabastoscavalcante1@gmail.com

Karina Carvalho Higa


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade Evangelica Mackenzie
Endereço: R. José Casagrande, 1160, Vista Alegre, Curitiba - PR, CEP: 80820-590
E-mail: karinacarvalho.fdc@gmail.com

Pedro Rafael Zanzarini Delfiol


Graduando em Medicina
Instituição: Centro Universitário Aparício Carvalho (UNIFIMCA)
Endereço: Rua das Araras, 241, Eldorado, Porto Velho – RO, CEP: 76811-678
E-mail: pedrorzd@hotmail.com

Thaiza Pereira de Paula


Graduada em Medicina
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Campus Macaé
Endereço: Av. Aluizio da Silva Gomes, 50, Granja dos Cavaleiros, Macaé - RJ,
CEP: 27930-560
E-mail: thaizadpaula@gmail.com

Ariane Abreu Tsutsumi


Graduanda em Medicina
Instituição: São Leopoldo Mandic
Endereço: R. Dr. José Rocha Junqueira, 13, Pte. Preta, Campinas - SP, CEP: 13045-755
E-mail: tsutsumiariane@gmail.com

Arthur Henrique Santos Veloso


Residente em Cirurgia Geral pelo Hospital Regional do Gama
Instituição: Universidade Evangélica de Goiás (UNIEVANGÉLICA)
Endereço: Av. Universitária, s/n, Cidade Universitária, Anápolis - GO
E-mail: arthurhenrique_23@hotmail.com

Fábio Mendes de Paula


Graduando em Medicina
Instituição: Centro Universitário Faminas
Endereço: Av. Cristiano Ferreira Varella, 655, Muriaé, MG, CEP: 36880-000
E-mail: fdemendes97@gmail.com

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Rafaianne Santos Veloso


Graduada em Medicina
Instituição: Universidade Federal de Goiás (UFG)
Endereço: Av. Universitária, 280, 328, 1166, Setor Leste Universitário, Goiânia - GO,
CEP: 74605-010
E-mail: rafaianne.02@gmail.com

Victor Scaglioni Reis Brito


Graduado em Medicina
Instituição: Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Endereço: Rua K 202, Lavras – MG, CEP: 37200-000
E-mail: victorsrb7@gmail.com

RESUMO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é tradicionalmente associado à
infância, mas sua persistência e impacto na vida adulta são questões de crescente importância
clínica e social. O presente artigo revisa as diretrizes para o diagnóstico do TDAH em adultos,
suas implicações clínicas e as principais intervenções terapêuticas. A natureza evolutiva do
TDAH significa que os sintomas podem mudar de infância para idade adulta, com a
hiperatividade motora, por exemplo, tornando-se mais interna e menos visível. O diagnóstico
em adultos é complexo devido à presença potencial de comorbidades como depressão,
ansiedade e abuso de substâncias. Clinicamente, adultos com TDAH frequentemente enfrentam
desafios no local de trabalho, incluindo dificuldades de concentração e organização, e podem
ter dificuldade em manter relacionamentos interpessoais saudáveis. Intervenções terapêuticas
eficazes para adultos incluem uma combinação de medicamentos, terapia comportamental e
psicoeducação. Abordagens personalizadas, levando em consideração as comorbidades e as
necessidades individuais, mostram-se promissoras. A revisão sublinha a necessidade de maior
conscientização e pesquisa focada para garantir que adultos com TDAH recebam o apoio
adequado.

Palavras-chave: TDAH em adultos, comorbidades, intervenções terapêuticas, diagnóstico,


psicoeducação.

ABSTRACT
Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is traditionally associated with childhood,
but its persistence and impact in adulthood are issues of growing clinical and social importance.
This article reviews the guidelines for diagnosing ADHD in adults, its clinical implications, and
the primary therapeutic interventions. The evolving nature of ADHD means that symptoms may
change from childhood to adulthood, with motor hyperactivity, for example, becoming more
internal and less visible. Diagnosis in adults is complex due to the potential presence of
comorbidities such as depression, anxiety, and substance abuse. Clinically, adults with ADHD
often face challenges in the workplace, including difficulties with concentration and
organization, and may struggle to maintain healthy interpersonal relationships. Effective
therapeutic interventions for adults include a combination of medication, behavioral therapy,
and psychoeducation. Personalized approaches, taking into account comorbidities and
individual needs, have shown promise. The review underscores the need for increased
awareness and focused research to ensure that adults with ADHD receive appropriate support.

Keywords: ADHD in Adults, Comorbidities, Therapeutic Interventions, Diagnosis,


Psychoeducation.

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1 INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é frequentemente
percebido como uma condição da infância, mas é uma perturbação neurodesenvolvimental que
persiste na vida adulta em um número significativo de indivíduos (Faraone et al., 2015). Apesar
dessa continuidade ao longo da vida, a prevalência, apresentação e implicações clínicas do
TDAH em adultos permanecem subestimadas e mal compreendidas por muitos profissionais de
saúde e pelo público em geral.
A importância de um diagnóstico preciso e intervenções terapêuticas adequadas para
adultos com TDAH não pode ser subestimada. O TDAH em adultos está associado a uma
variedade de problemas funcionais, incluindo dificuldades no trabalho, nas relações
interpessoais, na gestão financeira e na autoestima (Kooij et al., 2010). Além disso, adultos com
TDAH têm maior probabilidade de experimentar comorbidades, como transtornos de humor,
ansiedade, abuso de substâncias e distúrbios do sono (Asherson et al., 2016).
Apesar de seu impacto significativo na funcionalidade e bem-estar dos adultos, o
diagnóstico do TDAH nessa população enfrenta desafios. Os sintomas podem ser mais sutis do
que em crianças, e o autorelato da infância é frequentemente usado para estabelecer um
diagnóstico. Isso pode ser problemático, pois as memórias de eventos distantes podem não ser
precisas e podem não refletir a verdadeira natureza dos sintomas vivenciados (Moffitt et al.,
2015).
Dada a crescente conscientização sobre o TDAH em adultos e a necessidade de
abordagens diagnósticas e terapêuticas apropriadas, esta revisão busca proporcionar uma
compreensão clara das diretrizes atuais de diagnóstico, as implicações clínicas associadas à
condição em adultos e as intervenções terapêuticas disponíveis. Através desta análise, pretende-
se fornecer insights valiosos para profissionais de saúde, pacientes e pesquisadores.

2 MÉTODO
A busca da literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, Scopus, e PsycINFO.
Foram utilizados os termos "TDAH", "adulto", "diagnóstico", "tratamento" e "diretrizes". Os
critérios de inclusão envolviam artigos publicados entre 2010 e 2021, em inglês, que discutiam
diretrizes de diagnóstico, implicações clínicas ou intervenções terapêuticas para TDAH em
adultos. Foram excluídos estudos que abordavam apenas a população pediátrica ou que não
estavam centrados no TDAH.

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3 RESULTADOS
Os estudos identificados foram agrupados por tipo de intervenção.

3.1 DIRETRIZES DE DIAGNÓSTICO


O diagnóstico preciso do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
em adultos é de importância vital, tanto para a adequada intervenção clínica quanto para o bem-
estar do indivíduo. Tradicionalmente, o TDAH é associado à infância, mas estudos têm
mostrado que muitos dos sintomas persistem na vida adulta, afetando entre 2,5% a 4,4% da
população global (Simon et al., 2009).
A base do diagnóstico em adultos, segundo as diretrizes, é a presença contínua de
sintomas desde a infância. Uma característica definidora do TDAH é que os sintomas, como
desatenção, impulsividade e hiperatividade, começam na infância, geralmente antes dos 12 anos
de idade (American Psychiatric Association, 2013). Embora esses sintomas possam evoluir com
o tempo e manifestar-se de maneira diferente na idade adulta, como dificuldade em completar
tarefas ou seguir instruções, eles têm raízes em comportamentos observados anteriormente na
vida do paciente.
A obtenção de um histórico detalhado é, portanto, fundamental. Esta coleta envolve não
apenas entrevistar o paciente, mas também, quando possível, consultar relatos de terceiros,
como familiares ou professores, sobre o comportamento do indivíduo na infância (NICE, 2018).
Dessa forma, cria-se uma imagem mais clara e contextualizada da trajetória de vida do paciente,
permitindo um diagnóstico mais informado.
No entanto, o diagnóstico em adultos é muitas vezes complicado por vários fatores. Um
deles é a comorbidade. Estima-se que até 80% dos adultos com TDAH tenham pelo menos um
outro transtorno psiquiátrico coexistente, como ansiedade, depressão ou transtorno bipolar
(Kessler et al., 2006). Esses transtornos podem mascarar ou exacerbar os sintomas do TDAH,
tornando o diagnóstico um desafio.
Além disso, os critérios diagnósticos tradicionais do TDAH foram desenvolvidos com
base em pesquisas e observações em populações pediátricas. Como resultado, há uma
necessidade de adaptação desses critérios para refletir mais precisamente a manifestação dos
sintomas em adultos. Algumas diretrizes, como a proposta pelo National Institute for Health
and Care Excellence (NICE, 2018), já começaram a incorporar essa adaptação, reconhecendo
que os sintomas em adultos podem ser mais sutis ou apresentados de maneira diferente.
Para aprimorar o diagnóstico, muitos profissionais de saúde também utilizam escalas de
avaliação específicas para adultos. Uma das mais amplamente utilizadas é a Adult ADHD Self-

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Report Scale (ASRS-v1.1), desenvolvida em conjunto pela Organização Mundial da Saúde


(OMS) e pesquisadores da Universidade de Harvard. Esta escala serve como uma ferramenta
preliminar de triagem e pode ajudar os profissionais a identificar indivíduos que necessitam de
uma avaliação mais aprofundada (Kessler et al., 2005).
Em conclusão, o diagnóstico do TDAH em adultos é uma tarefa complexa que exige
uma abordagem multifacetada. Com o crescente reconhecimento da persistência do TDAH na
vida adulta e o desenvolvimento de diretrizes mais refinadas, há esperança de que mais
indivíduos possam ser adequadamente diagnosticados e, consequentemente, tratados.

3.2 IMPLICAÇÕES CLÍNICAS


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adultos tem
implicações clínicas significativas que vão além das manifestações sintomáticas diretas do
transtorno. O TDAH não tratado ou mal gerenciado na idade adulta pode resultar em desafios
ocupacionais, relações interpessoais deterioradas, comorbidades psiquiátricas e uma qualidade
de vida global reduzida (Biederman & Faraone, 2005).
Primeiramente, em um ambiente de trabalho, adultos com TDAH podem lutar contra a
procrastinação, a má gestão do tempo e a desorganização. Estes desafios podem levar a um
desempenho profissional diminuído, frequentes mudanças de emprego ou mesmo desemprego.
Katzman et al. (2017) observaram que os adultos com TDAH são mais propensos a terem
empregos de menor status, enfrentam mais demissões e têm salários mais baixos em
comparação com aqueles sem o transtorno.
Relacionamentos interpessoais também podem ser comprometidos. A impulsividade, a
dificuldade de escuta e a falta de atenção característica do TDAH podem causar tensão nas
relações íntimas e familiares. Estas características podem ser interpretadas como desinteresse
ou desrespeito pelo parceiro ou outros membros da família, resultando em conflitos e, em alguns
casos, na dissolução de relacionamentos significativos (Asherson, 2010).
Outra implicaçāo clínica pertinente é a alta prevalência de comorbidades psiquiátricas
em adultos com TDAH. Estes incluem, mas não estão limitados a, transtornos de ansiedade,
depressão, abuso de substâncias e transtorno bipolar (Kessler et al., 2006). Tais comorbidades
tornam o diagnóstico e o tratamento mais complexos, exigindo uma abordagem integrada e,
muitas vezes, a colaboração de vários especialistas para gerenciar adequadamente todas as
condições concomitantes.
O uso e abuso de substâncias é uma preocupação clínica particular. Adultos com TDAH
têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver problemas relacionados ao uso

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de substâncias, seja como uma tentativa de automedicação ou como resultado de


comportamentos impulsivos associados ao TDAH (Wilens et al., 2008). Esta relação entre
TDAH e abuso de substâncias realça a importância de um diagnóstico precoce e uma
intervenção adequada para minimizar riscos associados.
No aspecto da saúde física, existem evidências de que o TDAH em adultos está
associado a uma variedade de problemas, incluindo obesidade, distúrbios do sono, e condições
cardiovasculares (Cortese & Tessari, 2017). Por exemplo, a hiperatividade e impulsividade
podem levar a comportamentos arriscados, como dirigir de forma imprudente, resultando em
um maior número de acidentes de trânsito entre adultos com TDAH.
Dadas estas implicações clínicas, torna-se claro que o tratamento eficaz do TDAH em
adultos é imperativo. A abordagem terapêutica ideal é muitas vezes multimodal, incluindo
medicação, terapia cognitivo-comportamental e estratégias de intervenção psicoeducacional.
Estas abordagens combinadas visam não só abordar os sintomas centrais do TDAH, mas
também as diversas complicações que podem surgir na vida de um adulto com o transtorno
(Ramsay, 2017).
Em conclusão, as implicações clínicas do TDAH em adultos são multifacetadas,
influenciando diversos aspectos da vida do indivíduo. Reconhecendo estas implicações e
abordando-as de forma abrangente, os profissionais de saúde podem ajudar seus pacientes a
alcançar uma melhor qualidade de vida e reduzir a carga global do TDAH na população adulta.

3.3 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS


Tratar adultos com TDAH requer uma abordagem multifacetada, refletindo a
complexidade do transtorno. As intervenções terapêuticas mais comuns incluem medicamentos,
terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia psicoeducacional, coaching e modificações
ambientais.
O pilar da farmacoterapia para o TDAH em adultos tem sido, historicamente, os
estimulantes. O metilfenidato, por exemplo, é uma das medicações mais prescritas e tem
demonstrado ser eficaz na redução dos sintomas em muitos adultos com TDAH (Kooij et al.,
2010). Embora os estimulantes sejam frequentemente bem tolerados, alguns pacientes podem
experimentar efeitos colaterais, incluindo insônia, aumento da pressão arterial ou problemas
gastrointestinais. Para aqueles que não podem tolerar os estimulantes, medicamentos não
estimulantes, como a atomoxetina e o guanfacine de ação prolongada, têm se mostrado eficazes
(Cunill et al., 2016).

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A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é outra intervenção com evidências robustas


que apoiam sua eficácia no tratamento do TDAH em adultos. A TCC orientada para o TDAH
é projetada para ajudar os indivíduos a desenvolver estratégias para lidar com a desatenção, a
impulsividade e a hiperatividade. Os pacientes são ensinados a reconhecer e desafiar
pensamentos e crenças autodestrutivas, a estabelecer rotinas, e a usar ferramentas e técnicas
que aumentam a atenção e a organização (Safren et al., 2010).
Terapias psicoeducacionais são essenciais para ajudar os pacientes a compreender a
natureza do TDAH e as maneiras como ele afeta suas vidas. Informação sobre o transtorno pode
desmistificar muitos dos desafios que os adultos com TDAH enfrentam, proporcionando-lhes
uma estrutura para abordar melhor seus sintomas (Young & Amarasinghe, 2010).
O "coaching" para TDAH é uma abordagem relativamente nova, mas que tem ganho
popularidade. Semelhante à TCC, o coaching se concentra em ajudar os adultos com TDAH a
desenvolver habilidades práticas para gerenciar os sintomas e desafios diários. Os coaches
trabalham com indivíduos para definir metas, criar estratégias para alcançá-las e fornecer
suporte contínuo (Knouse & Safren, 2010).
Modificações ambientais, como a criação de um espaço de trabalho estruturado e a
redução de distrações, podem ser benéficas para adultos com TDAH. Técnicas simples, como
fazer listas, estabelecer alarmes para lembrar compromissos e organizar o ambiente de trabalho,
podem ter um impacto significativo na produtividade e no bem-estar (Ramsay & Rostain,
2016).
Além dessas abordagens, a combinação de tratamentos pode ser especialmente eficaz.
Por exemplo, combinar medicamentos com TCC pode ser mais benéfico do que qualquer uma
das abordagens isoladamente, permitindo que os pacientes alcancem um controle ótimo dos
sintomas e uma melhor qualidade de vida (Solanto et al., 2010).
Contudo, é crucial observar que o tratamento ideal varia de pessoa para pessoa. O que é
eficaz para um indivíduo pode não ser para outro. Portanto, a abordagem terapêutica deve ser
personalizada, levando em consideração os sintomas específicos do paciente, as comorbidades
e outras circunstâncias individuais (Nigg et al., 2017).
Em conclusão, uma ampla variedade de intervenções terapêuticas está disponível para
adultos com TDAH, variando de tratamentos medicamentosos a intervenções psicossociais. A
chave é identificar a combinação certa de tratamentos que atenda às necessidades únicas de
cada paciente e fornecer um acompanhamento contínuo para garantir o melhor resultado
possível.

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4 DISCUSSÃO
O diagnóstico e tratamento do TDAH em adultos requer uma abordagem cuidadosa e
multifacetada. A compreensão da natureza evolutiva deste transtorno é essencial, pois a
manifestação dos sintomas pode variar consideravelmente desde a infância até a idade adulta
(Biederman et al., 2011). Por exemplo, enquanto a hiperatividade motora pode ser mais
evidente em crianças, nos adultos ela pode se manifestar mais como uma sensação interna de
inquietação. Tal transformação sintomática implica a necessidade de critérios diagnósticos e
instrumentos de avaliação específicos para a população adulta.
Outra consideração crucial é o alto índice de comorbidades associadas ao TDAH em
adultos. Transtornos como ansiedade, depressão e abuso de substâncias são frequentemente
coexistentes e podem complicar o diagnóstico e tratamento (Kessler et al., 2006). Esta inter-
relação destaca a importância de uma avaliação abrangente para identificar e abordar
potencialmente várias condições subjacentes. O tratamento do TDAH sem a consideração de
comorbidades pode resultar em intervenções menos eficazes e em resultados insatisfatórios para
o paciente.
As implicações sociais e ocupacionais do TDAH em adultos também merecem atenção.
Adultos com TDAH podem enfrentar desafios significativos no local de trabalho, incluindo
dificuldades de concentração, organização e gerenciamento de tempo, que podem afetar seu
desempenho e satisfação profissional (Nigg et al., 2005). Além disso, a capacidade de manter
relacionamentos interpessoais saudáveis pode ser prejudicada, levando a conflitos e mal-
entendidos frequentes.
Ao examinar as intervenções terapêuticas, é evidente que uma abordagem combinada é
frequentemente mais eficaz. Enquanto os medicamentos, como os estimulantes e
antidepressivos, têm mostrado benefícios significativos em muitos adultos com TDAH
(Spencer et al., 2007), a terapia comportamental e a psicoeducação desempenham um papel
crucial ao ajudar os indivíduos a desenvolver estratégias de enfrentamento e habilidades de
autogestão. A personalização do tratamento, com base nas necessidades e preferências
individuais, é essencial para otimizar os resultados.
Em conclusão, a complexidade do TDAH em adultos exige um olhar cuidadoso e
abrangente por parte dos profissionais de saúde. À medida que a conscientização sobre o TDAH
em adultos continua a crescer, é crucial que as diretrizes diagnósticas e terapêuticas evoluam
de acordo. Isso garantirá que os afetados por este transtorno recebam o suporte e cuidado
adequados ao longo de suas vidas.

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5 CONCLUSÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adultos é uma área
que vem recebendo crescente atenção e reconhecimento nos últimos anos. Enquanto
historicamente o foco recaía sobre a manifestação do TDAH na infância, tornou-se claro que
as implicações deste transtorno estendem-se ao longo de toda a vida de um indivíduo. As
consequências do TDAH não tratado ou inadequadamente tratado em adultos têm ramificações
profundas, impactando não apenas o indivíduo afetado, mas também suas famílias,
comunidades e locais de trabalho.
É evidente que o diagnóstico do TDAH em adultos requer sensibilidade e
especificidade. A natureza evolutiva dos sintomas, juntamente com a presença potencial de
comorbidades, torna o processo diagnóstico complexo. A necessidade de avaliações
abrangentes e instrumentos de diagnóstico específicos para adultos não pode ser subestimada.
Estes são vitais para garantir que os adultos afetados recebam o reconhecimento e o apoio que
merecem.
Quanto ao tratamento, as intervenções terapêuticas devem ser consideradas em termos
de sua adequação e eficácia para a população adulta. O potencial para abordagens
personalizadas, que combinam tratamentos farmacológicos com terapias comportamentais e
psicoeducacionais, oferece esperança. Essas abordagens holísticas são promissoras para ajudar
os adultos com TDAH a alcançar um melhor funcionamento e qualidade de vida.
Em termos futuros, enquanto avançamos em nossa compreensão e abordagem do TDAH
em adultos, é fundamental que a pesquisa continue a se aprofundar em aspectos ainda não
explorados. Isso inclui a identificação precoce, o desenvolvimento de novas intervenções
terapêuticas e a avaliação do impacto a longo prazo de intervenções específicas.
Finalmente, este artigo destaca a necessidade urgente de uma maior conscientização e
educação, não apenas entre os profissionais de saúde, mas também na sociedade em geral.
Reconhecer e apoiar adultos com TDAH é um imperativo que pode trazer transformações
positivas nas vidas de inúmeros indivíduos e, por extensão, em nossas comunidades.

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