BJHR 129
BJHR 129
BJHR 129
ISSN: 2595-6825
RESUMO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é tradicionalmente associado à
infância, mas sua persistência e impacto na vida adulta são questões de crescente importância
clínica e social. O presente artigo revisa as diretrizes para o diagnóstico do TDAH em adultos,
suas implicações clínicas e as principais intervenções terapêuticas. A natureza evolutiva do
TDAH significa que os sintomas podem mudar de infância para idade adulta, com a
hiperatividade motora, por exemplo, tornando-se mais interna e menos visível. O diagnóstico
em adultos é complexo devido à presença potencial de comorbidades como depressão,
ansiedade e abuso de substâncias. Clinicamente, adultos com TDAH frequentemente enfrentam
desafios no local de trabalho, incluindo dificuldades de concentração e organização, e podem
ter dificuldade em manter relacionamentos interpessoais saudáveis. Intervenções terapêuticas
eficazes para adultos incluem uma combinação de medicamentos, terapia comportamental e
psicoeducação. Abordagens personalizadas, levando em consideração as comorbidades e as
necessidades individuais, mostram-se promissoras. A revisão sublinha a necessidade de maior
conscientização e pesquisa focada para garantir que adultos com TDAH recebam o apoio
adequado.
ABSTRACT
Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is traditionally associated with childhood,
but its persistence and impact in adulthood are issues of growing clinical and social importance.
This article reviews the guidelines for diagnosing ADHD in adults, its clinical implications, and
the primary therapeutic interventions. The evolving nature of ADHD means that symptoms may
change from childhood to adulthood, with motor hyperactivity, for example, becoming more
internal and less visible. Diagnosis in adults is complex due to the potential presence of
comorbidities such as depression, anxiety, and substance abuse. Clinically, adults with ADHD
often face challenges in the workplace, including difficulties with concentration and
organization, and may struggle to maintain healthy interpersonal relationships. Effective
therapeutic interventions for adults include a combination of medication, behavioral therapy,
and psychoeducation. Personalized approaches, taking into account comorbidities and
individual needs, have shown promise. The review underscores the need for increased
awareness and focused research to ensure that adults with ADHD receive appropriate support.
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é frequentemente
percebido como uma condição da infância, mas é uma perturbação neurodesenvolvimental que
persiste na vida adulta em um número significativo de indivíduos (Faraone et al., 2015). Apesar
dessa continuidade ao longo da vida, a prevalência, apresentação e implicações clínicas do
TDAH em adultos permanecem subestimadas e mal compreendidas por muitos profissionais de
saúde e pelo público em geral.
A importância de um diagnóstico preciso e intervenções terapêuticas adequadas para
adultos com TDAH não pode ser subestimada. O TDAH em adultos está associado a uma
variedade de problemas funcionais, incluindo dificuldades no trabalho, nas relações
interpessoais, na gestão financeira e na autoestima (Kooij et al., 2010). Além disso, adultos com
TDAH têm maior probabilidade de experimentar comorbidades, como transtornos de humor,
ansiedade, abuso de substâncias e distúrbios do sono (Asherson et al., 2016).
Apesar de seu impacto significativo na funcionalidade e bem-estar dos adultos, o
diagnóstico do TDAH nessa população enfrenta desafios. Os sintomas podem ser mais sutis do
que em crianças, e o autorelato da infância é frequentemente usado para estabelecer um
diagnóstico. Isso pode ser problemático, pois as memórias de eventos distantes podem não ser
precisas e podem não refletir a verdadeira natureza dos sintomas vivenciados (Moffitt et al.,
2015).
Dada a crescente conscientização sobre o TDAH em adultos e a necessidade de
abordagens diagnósticas e terapêuticas apropriadas, esta revisão busca proporcionar uma
compreensão clara das diretrizes atuais de diagnóstico, as implicações clínicas associadas à
condição em adultos e as intervenções terapêuticas disponíveis. Através desta análise, pretende-
se fornecer insights valiosos para profissionais de saúde, pacientes e pesquisadores.
2 MÉTODO
A busca da literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, Scopus, e PsycINFO.
Foram utilizados os termos "TDAH", "adulto", "diagnóstico", "tratamento" e "diretrizes". Os
critérios de inclusão envolviam artigos publicados entre 2010 e 2021, em inglês, que discutiam
diretrizes de diagnóstico, implicações clínicas ou intervenções terapêuticas para TDAH em
adultos. Foram excluídos estudos que abordavam apenas a população pediátrica ou que não
estavam centrados no TDAH.
3 RESULTADOS
Os estudos identificados foram agrupados por tipo de intervenção.
4 DISCUSSÃO
O diagnóstico e tratamento do TDAH em adultos requer uma abordagem cuidadosa e
multifacetada. A compreensão da natureza evolutiva deste transtorno é essencial, pois a
manifestação dos sintomas pode variar consideravelmente desde a infância até a idade adulta
(Biederman et al., 2011). Por exemplo, enquanto a hiperatividade motora pode ser mais
evidente em crianças, nos adultos ela pode se manifestar mais como uma sensação interna de
inquietação. Tal transformação sintomática implica a necessidade de critérios diagnósticos e
instrumentos de avaliação específicos para a população adulta.
Outra consideração crucial é o alto índice de comorbidades associadas ao TDAH em
adultos. Transtornos como ansiedade, depressão e abuso de substâncias são frequentemente
coexistentes e podem complicar o diagnóstico e tratamento (Kessler et al., 2006). Esta inter-
relação destaca a importância de uma avaliação abrangente para identificar e abordar
potencialmente várias condições subjacentes. O tratamento do TDAH sem a consideração de
comorbidades pode resultar em intervenções menos eficazes e em resultados insatisfatórios para
o paciente.
As implicações sociais e ocupacionais do TDAH em adultos também merecem atenção.
Adultos com TDAH podem enfrentar desafios significativos no local de trabalho, incluindo
dificuldades de concentração, organização e gerenciamento de tempo, que podem afetar seu
desempenho e satisfação profissional (Nigg et al., 2005). Além disso, a capacidade de manter
relacionamentos interpessoais saudáveis pode ser prejudicada, levando a conflitos e mal-
entendidos frequentes.
Ao examinar as intervenções terapêuticas, é evidente que uma abordagem combinada é
frequentemente mais eficaz. Enquanto os medicamentos, como os estimulantes e
antidepressivos, têm mostrado benefícios significativos em muitos adultos com TDAH
(Spencer et al., 2007), a terapia comportamental e a psicoeducação desempenham um papel
crucial ao ajudar os indivíduos a desenvolver estratégias de enfrentamento e habilidades de
autogestão. A personalização do tratamento, com base nas necessidades e preferências
individuais, é essencial para otimizar os resultados.
Em conclusão, a complexidade do TDAH em adultos exige um olhar cuidadoso e
abrangente por parte dos profissionais de saúde. À medida que a conscientização sobre o TDAH
em adultos continua a crescer, é crucial que as diretrizes diagnósticas e terapêuticas evoluam
de acordo. Isso garantirá que os afetados por este transtorno recebam o suporte e cuidado
adequados ao longo de suas vidas.
5 CONCLUSÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adultos é uma área
que vem recebendo crescente atenção e reconhecimento nos últimos anos. Enquanto
historicamente o foco recaía sobre a manifestação do TDAH na infância, tornou-se claro que
as implicações deste transtorno estendem-se ao longo de toda a vida de um indivíduo. As
consequências do TDAH não tratado ou inadequadamente tratado em adultos têm ramificações
profundas, impactando não apenas o indivíduo afetado, mas também suas famílias,
comunidades e locais de trabalho.
É evidente que o diagnóstico do TDAH em adultos requer sensibilidade e
especificidade. A natureza evolutiva dos sintomas, juntamente com a presença potencial de
comorbidades, torna o processo diagnóstico complexo. A necessidade de avaliações
abrangentes e instrumentos de diagnóstico específicos para adultos não pode ser subestimada.
Estes são vitais para garantir que os adultos afetados recebam o reconhecimento e o apoio que
merecem.
Quanto ao tratamento, as intervenções terapêuticas devem ser consideradas em termos
de sua adequação e eficácia para a população adulta. O potencial para abordagens
personalizadas, que combinam tratamentos farmacológicos com terapias comportamentais e
psicoeducacionais, oferece esperança. Essas abordagens holísticas são promissoras para ajudar
os adultos com TDAH a alcançar um melhor funcionamento e qualidade de vida.
Em termos futuros, enquanto avançamos em nossa compreensão e abordagem do TDAH
em adultos, é fundamental que a pesquisa continue a se aprofundar em aspectos ainda não
explorados. Isso inclui a identificação precoce, o desenvolvimento de novas intervenções
terapêuticas e a avaliação do impacto a longo prazo de intervenções específicas.
Finalmente, este artigo destaca a necessidade urgente de uma maior conscientização e
educação, não apenas entre os profissionais de saúde, mas também na sociedade em geral.
Reconhecer e apoiar adultos com TDAH é um imperativo que pode trazer transformações
positivas nas vidas de inúmeros indivíduos e, por extensão, em nossas comunidades.
REFERÊNCIAS
BIEDERMAN, J.; PETTY, C. R.; EVANS, M.; SMALL, J.; FARARONE, S. V. How persistent
is ADHD? A controlled 10-year follow-up study of boys with ADHD. Psychiatry Research, v.
141, n. 3, p. 215-219, 2006.
CORTÉSE, S.; ADAMO, N.; DEL GIOVANE, C.; MOHR-JENSEN, C.; HAYES, A. J.;
CARUCCI, S.; ... & COGHILL, D. Comparative efficacy and tolerability of medications for
attention-deficit hyperactivity disorder in children, adolescents, and adults: a systematic review
and network meta-analysis. The Lancet Psychiatry, v. 5, n. 9, p. 727-738, 2018.
CUNILL, R.; CASTELLS, X.; TOBIAS, A.; & CAPELLÀ, D. Atomoxetine for attention
deficit hyperactivity disorder in adulthood: a meta-analysis and meta-regression.
Pharmacoepidemiology and Drug Safety, v. 25, n. 10, p. 1145-1152, 2016.
FARAONE, S. V.; BIEDERMAN, J.; MICK, E. The age-dependent decline of attention deficit
hyperactivity disorder: a meta-analysis of follow-up studies. Psychological Medicine, v. 36, n.
2, p. 159-165, 2015.
KATZMAN, M. A.; BILKEY, T. S.; CHOKKA, P. R.; FALLU, A.; & KLASSEN, L. J. Adult
ADHD and comorbid disorders: clinical implications of a dimensional approach. BMC
Psychiatry, v. 17, n. 1, p. 302, 2017.
KESSLER, R. C.; ADLER, L.; BARKLEY, R.; BIEDERMAN, J.; CONNERS, C. K.;
DEMLER, O.; ... & SECNIK, K. The prevalence and correlates of adult ADHD in the United
States: results from the National Comorbidity Survey Replication. The American Journal of
Psychiatry, v. 163, n. 4, p. 716-723, 2006.
KNOUSE, L. E.; & SAFREN, S. A. Current status of cognitive behavioral therapy for adult
attention-deficit hyperactivity disorder. Psychiatric Clinics, v. 33, n. 3, p. 497-509, 2010.
KOOLJ, J. J.; BIJLENGA, D.; SALERNO, L.; JAESCHKE, R.; BITTER, I.; BALÁZS, J.; ...
& STES, S. Updated European Consensus Statement on diagnosis and treatment of adult
ADHD. European Psychiatry, v. 25, n. 2, p. 116-126, 2010.
MOFFITT, T. E.; HOUTS, R.; ASHERSON, P.; BELSKY, D. W.; CORCORAN, D. L.;
HAMMERLE, M.; ... & POULTON, R. Is adult ADHD a childhood-onset neurodevelopmental
disorder? Evidence from a four-decade longitudinal cohort study. The American Journal of
Psychiatry, v. 172, n. 10, p. 967-977, 2015.
NICE. Attention deficit hyperactivity disorder: diagnosis and management. National Institute
for Health and Care Excellence, [NICE Guideline, No. 87], 2018.
NIGG, J. T.; LEWIS, K.; EDINGER, T.; & FALK, M. Meta-analysis of attention-
deficit/hyperactivity disorder or attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms, restriction
diet, and synthetic food color additives. Journal of the American Academy of Child &
Adolescent Psychiatry, v. 51, n. 1, p. 86-97, 2017.
SAFREN, S. A.; OTTO, M. W.; SPRICH, S.; WINETT, C. L.; WILENS, T. E.; &
BIEDERMAN, J. Cognitive-behavioral therapy for ADHD in medication-treated adults with
continued symptoms. Behaviour Research and Therapy, v. 48, n. 7, p. 620-628, 2010.
SIMON, V.; CZOBOR, P.; BÁLINT, S.; MÉSZÁROS, Á.; & BITTER, I. Prevalence and
correlates of adult attention-deficit hyperactivity disorder: meta-analysis. The British Journal
of Psychiatry, v. 194, n. 3, p. 204-211, 2009.
SOLANTO, M. V.; MARKS, D. J.; WASSERSTEIN, J.; MITCHELL, K.; ABIKOFF, H.;
ALVIR, J. M.; & KOFMAN, M. D. Efficacy of meta-cognitive therapy for adult ADHD. The
American Journal of Psychiatry, v. 167, n. 8, p. 958-968, 2010.