Acb DP A03
Acb DP A03
Acb DP A03
1. Princípio da legalidade
§ CF, art. 5º, XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal”.
§ CP, art. 1º: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
§ CADH, art. 9º: “Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões
que, no momento em que foram cometidas, não sejam delituosas, de
acordo com o direito aplicável. (...)”.
§ DUDH, art. 11.2: “Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito
nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do
que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso”.
perante o poder estatal e demarcava este mesmo poder como o espaço exclusivo da
coerção penal. Sua significação e alcance políticos transcendem o condicionamento
histórico que o produziu, e o princípio da legalidade constitui a chave mestra de qualquer
sistema penal que se pretenda racional e justo”.
Nilo Batista indica a função constitutiva do princípio da legalidade: “nem sempre
se percebe que o princípio da legalidade não apenas exclui as penas ilegais (função de
garantia), porém ao mesmo tempo constitui a pena legal (função constitutiva)”.
Nilo Batista também indica quatro funções do princípio em estudo: 1) proibir a
retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia); 2) proibir a
criação e penas pelo costume (nullum crimen nulla poena sine lege scripta); 3) proibir o
emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas (nullum crimen
nulla poena sine lege stricta); e 4) proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum
crimen nulla poena sine lege certa).
Com isso, em outras palavras, a lei penal deve ser escrita, estrita, certa e prévia.
Franz Von Liszt dizia que “O Código Penal é a Carta Magna do delinquente.
Não protege a ordem jurídica, nem a comunidade, senão o indivíduo que contra esta
obrou. Dispõe para ele o direito a ser castigado só se concorrem os requisitos legais e
dentro dos limites estabelecidos pela lei”.
ASSINATURAS | CEI
Atenção! O STF entende que, havendo disciplina legal expressa, não cabe
analogia visando beneficiar o réu, como ocorre, por exemplo, na disciplina do
arrependimento posterior e da reparação do dano pelo art. 16 do Código Penal, que
funciona como causa de diminuição da pena, e não como extinção da punibilidade, como
há para outros crimes com disciplina específica (HC 179.808, HC 94.030, HC 92.626
etc.).
Para Nilo Batista, “(...) a adequação social da ação, seja enquanto justificativa de
caráter consuetudinário (...), seja enquanto princípio de interpretação que reinsere os tipos
penais numa sociedade historicamente determinada (...), está indissoluvelmente ligada
aos costumes”.
O STF entende, porém, que o princípio da adequação social não pode, por si só,
revogar crimes: HC 104.467 (casa de prostituição) e RHC 115.986 (violação de direito
autoral por venda de produtos “piratas”).
Sobre a proibição de leis penais indeterminadas, vejamos a lição de Juarez Cirino
dos Santos:
ASSINATURAS | CEI
O STF entende pela constitucionalidade das leis penais em branco (RE 810.321,
Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática de 17.06.2016; RE 748.829, Rel. Min.
Rosa Weber, decisão monocrática de 24.10.2016). Ambos os REs foram interpostos pela
DPE/SP, que questionava a constitucionalidade do art. 66 da Lei de Drogas, segundo o
qual “(...) denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS nº 344/1998”.
O Min. Gilmar Mendes anotou no RE 810.321 que “A compatibilidade das
normas penais em branco heterogêneas com o princípio da legalidade não é questão
simples. (...) De um modo geral, a doutrina admite a utilização da norma penal em branco
como técnica legislativa, permitindo que o legislador remeta a outras fontes normativas,
em melhor posição para complementar a proibição. (...) Sendo justificável a remissão,
não haveria inconstitucionalidade. (...) No caso específico da Lei de Drogas – Lei
11.343/06 –, não há inconstitucionalidade a ser pronunciada”.
Prosseguindo, sobre as chamadas leis penais imperfeitas, vejamos a lição de
Martinelli e Leonardo de Bem:
ASSINATURAS | CEI
2. Princípio da culpabilidade
ASSINATURAS | CEI
3. Princípio da lesividade
Para Nilo Batista, “Uma república que tenha como fundamento ‘a dignidade da
pessoa humana’ (art. 1º, III, da CF) e como objetivos a construção de uma ‘sociedade
ASSINATURAS | CEI
livre, justa e solidária’ e a promoção do ‘bem de todos’ (art. 2º, incisos I e IV, da CF)
deve conter, pelo menos, a inflação penal”.
Para Marcelo Semer, “A composição com o princípio da lesividade impõe
cautela. Se não pode haver criminalização onde não há lesão ou exposição a perigo de
bem jurídico, o inverso não é necessariamente obrigatório. Não é a simples existência de
lesão ou exposição a bem jurídico que impõe a criminalização. A lesividade é critério
imprescindível, mas não suficiente para a legitimidade da punição. É preciso submetê-la,
ainda, ao princípio da necessidade. O princípio da intervenção mínima se projeta em duas
dimensões: a fragmentariedade e a subsidiariedade. A ideia da fragmentação nasce da
própria legalidade: nem tudo o que é ilícito, imoral ou antissocial é crime, apenas as
condutas selecionadas previamente pelo legislador. A natureza fragmentária implica em
que o Direito Penal não se obriga a sancionar todas as condutas lesivas aos bens jurídicos,
mas apenas aquelas mais graves e mais perigosas praticadas contra os bens mais
relevantes. (...) A subsidiariedade, a seu turno, parte do reconhecimento de que o Direito
Penal não é a única forma de controle social”.
5. Princípio da proporcionalidade
Para Ferrajoli, “A história das penas é, sem dúvida, mais horrenda e infamante
para a humanidade do que a própria história dos delitos; porque mais cruel e talvez mais
numerosas do que as violências produzidas pelos delitos têm sido as produzidas pelas
penas e porque, enquanto o delito costuma ser uma violência ocasional e às vezes
impulsiva e necessária, a violência imposta por meio da pena é sempre programada,
consciente, organizada por muitos contra um. Frente à artificial função de defesa social,
não é arriscado afirmar que o conjunto das penas cominadas na história tem produzido ao
gênero humano um custo de sangue, de vidas e de padecimentos incomparavelmente
superior ao produzido pela soma de todos os delitos”.
Deste princípio resulta a absoluta proibição – tanto pelo Direito nacional como
pelo DIDH – das penas crueis, desumanas ou degradantes.
Nilo Batista adverte que “O princípio da humanidade intervém na cominação, na
aplicação e na execução da pena, e neste último terreno tem hoje, face à posição
dominante da pena privativa da liberdade, um campo de intervenção especialmente
importante”.
§ CF, art. 5º, XXXVI: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada”.
§ CADH, art. 8.4: “O acusado absolvido por sentença passada em julgado
não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos”.
§ A garantia contra o bis in idem ou da vedação da persecução penal múltipla
busca proteger a pessoa para que ela não seja novamente processada por
fatos pelos quais já foi julgada. Mas o princípio também funciona num
âmbito material para além do âmbito processual.
ASSINATURAS | CEI
são de natureza criminal (STJ, REsp 1.847.488, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
5ª Turma, j. 20.04.2021).
§ Duplicidade de sentenças: “Os institutos da litispendência e da coisa
julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda
sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais
favorável ao acusado” (STF, HC 101.131, Rel. p/ acórdão Min. Marco
Aurélio, 1ª Turma, j. 25.10.2011). No mesmo sentido: STJ, RHC 69.586,
2018 (pode ser interessante ler também o voto vencido do Min. Sebastião
Reis Júnior, que fundamenta seu entendimento na doutrina de Paulo
Rangel).