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REVISÃO – AP1 DIREITO PENAL

1 – Direito penal: origem e evolução histórica

Os estudiosos subdividem a história do direito penal em algumas fases, fases estas que
não se sucederam de forma linear ou totalmente rígida (os princípios e características de
um período penetravam em outro). São elas:

Vingança Privada

ESCOLA CLÁSSICA

Fundamentada nos pensamentos do Iluminismo (razão).


Crítica as arbitrariedades do modelo punitivo.
Os homens deveriam agir de modo racional, apoiados no “contrato social”( Rousseau) –
livre arbítrio.
Aqueles que agissem de modo irracional, descumprindo o contrato social, estariam sujeitos
ao sistema punitivo, mas as penas deveriam ser proporcionais a conduta praticada.
Igualdade perante a Lei.

ESCOLA POSITIVA

Principais Teóricos:
1. Cesare Lombroso – “O Homem Delinquente” (1876) – Antropologia Criminal
2. Enrico Ferri – “Sociologia Criminal” (1900)
- Precursor da Sociologia Criminal
3. Raffaele Garófalo – “Criminologia”(1905) - foco nos aspéctos psicológicos.

ESCOLA POSITIVA

Fundamentada no pensamento positivista filosófico.


Determinismo do comportamento humano.( tudo possui sempre uma causa, portanto
incompatível com o livre arbítrio)
Rejeição ao livre arbítrio.

2 – Princípios do direito penal


Etimologicamente, princípio tem vários significados, entre os quais o de momento em que
algo tem origem; causa primária, elemento predominante na constituição de um corpo
orgânico; preceito, regra ou lei; fonte ou causa de uma ação. No sentido jurídico, não se
poderia fugir de tais noções, de modo que o conceito de princípio indica uma
ordenação, que se irradia e imanta os sistemas de normas, servindo de base para a
interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo. Há
princípios expressamente previstos em lei, enquanto outros estão implícitos no
sistema normativo. Existem, ainda, os que estão enumerados na Constituição Federal,
denominados de princípios constitucionais (explícitos e implícitos) servindo de orientação
para a produção legislativa ordinária, atuando como garantias diretas e imediatas aos
cidadãos, bem como funcionando como critérios de interpretação e integração do texto
constitucional

Constitucionais explícitos

Concernentes à atuação do Estado:

Legalidade (ou reserva legal)


Trata-se do fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais,
mormente os incriminadores, somente podem ser criados através de lei em sentido estrito,
emanada do Poder Legislativo, respeitado o procedimento previsto na Constituição.
Encontra-se previsto, expressamente, no art. 5.º, XXXIX, da CF, bem como no art. 1.º do
Código Penal (será estudado em capítulo próprio).
Pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas incriminadora é função exclusiva da
lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser
aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e
cominando-lhe a sanção correspondente.

Quanto ao princípio da reserva legal, este significa que a regulação de determinadas


matérias deve ser feita, necessariamente, por meio de LEI FORMAL, de acordo com as
previsões constitucionais a respeito. Nesse sentido, o art. 22, I, da Constituição Brasileira
estabelece que compete privativamente à União legislar sobre Direito Penal. Nenhuma
pessoa poderá ser submetida ao poder punitivo estatal se não com base em leis formais,
que sejam fruto do consenso democrático.

Para que o princípio da legalidade, seja, na prática, efetivo, cumprindo com a finalidade de
estabelecer quais são as condutas puníveis e as sanções a elas cominadas, é necessário
que o legislador penal evite ao máximo o uso de expressões vagas, equívocas ou ambíguas.

Anterioridade

Significa que uma lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a um fato concreto,
caso tenha tido origem antes da prática da conduta para a qual se destina. Como estipulam
o texto constitucional e o art. 1.º do Código Penal, “não há crime sem lei anterior que o
defina”, nem tampouco pena “sem prévia cominação legal” (destacamos).
De nada adiantaria adotarmos o princípio da legalidade, sem a correspondente
anterioridade, pois criar uma lei, após o cometimento do fato, seria totalmente inútil para a
segurança que a norma penal deve representar a todos os seus destinatários. O indivíduo
somente está protegido contra os abusos do Estado, caso possa ter certeza de que as leis
penais são aplicáveis para o futuro, a partir de sua criação, não retroagindo para abranger
condutas já realizadas.

Humanidade

Significa que o direito penal deve pautar-se pela benevolência, garantindo o bem-estar da
coletividade, incluindo-se o dos condenados. Estes não devem ser excluídos da sociedade,
somente porque infringiram a norma penal, tratados como se não fossem seres humanos,
mas animais ou coisas. Por isso, estipula a Constituição que não haverá penas: a) de morte
(exceção feita à época de guerra declarada, conforme previsão dos casos feita no Código
Penal Militar); b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis
(art. 5.º, XLVII), bem como que deverá ser assegurado o respeito à integridade física e
moral do preso (art. 5.º, XLIX). Na realidade, há uma redação imprecisa, pois as penas
cruéis constituem o gênero do qual são espécies as demais (pena de morte, prisão perpétua,
banimento, trabalho forçado). Logo, na alínea e, onde se lê cruéis, devemos incluir as penas
corporais, que implicam em castigos físicos.
Esse princípio sustenta que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam
a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos
condenados.

Concernentes ao indivíduo

Personalidade ou da responsabilidade pessoal

Significa que a punição, em matéria penal, não deve ultrapassar a pessoa do delinquente.
Trata-se de outra conquista do direito penal moderno, impedindo que terceiros inocentes e
totalmente alheios ao crime possam pagar pelo que não fizeram, nem contribuíram para
que fosse realizado. A família do condenado, por exemplo, não deve ser afetada pelo crime
cometido. Por isso, prevê a Constituição, no art. 5.º, XLV, que “nenhuma pena passará da
pessoa do condenado”. Isso não significa a impossibilidade de garantir à vítima do delito a
indenização civil ou que o Estado não possa confiscar o produto do crime – aliás, o que o
próprio art. 5.º, XLV, prevê.

Individualização da pena

Significa que a pena não deve ser padronizada, cabendo a cada delinquente a exata
medida punitiva pelo que fez. Não teria sentido igualar os desiguais, sabendo-se, por certo,
que a prática de idêntica figura típica não é suficiente para nivelar dois seres humanos.
Assim, o justo é fixar a pena de maneira individualizada, seguindo-se os parâmetros legais,
mas estabelecendo a cada um o que lhe é devido

Sob outro aspecto, é relevante destacar que a individualização da pena figura em três níveis:
a)individualização legislativa: quando um tipo penal incriminador é criado pelo legislador,
cabe a este a primeira fixação do quantum abstrato da pena, estabelecendo o mínimo e o
máximo previstos para o delito;
b) individualização judiciária: ao término da instrução, compete ao juiz, em caso de
condenação do réu, fixar a pena concreta – entre o mínimo e o máximo abstratamente
previstos no tipo penal, conforme exposto linhas acima;
c) individualização executória: transitada em julgado a decisão condenatória, inicia-se o
cumprimento da pena perante o juiz da execução penal. Passa-se, então, a determinar os
benefícios cabíveis ao sentenciado, sendo possível diminuir a pena (indulto, remição, como
exemplos), alterar o regime para um mais benéfico ou para um mais rigoroso (progressão
ou regressão), dentre outras medidas.
Em suma, a pena continua a ser individualizada até o término de seu cumprimento.
Observe-se a preocupação do constituinte com tal aspecto, determinando que “a pena será
cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado” (art. 5.º, XLVIII, CF).

Constitucionais implícitos

Concernentes à atuação do Estado

Intervenção mínima e princípios paralelos e corolários da subsidiariedade,


fragmentariedade e ofensividade

Significa que o direito penal não deve interferir em demasia na vida do indivíduo, retirando-
lhe autonomia e liberdade. Afinal, a lei penal não deve ser vista como a primeira opção
(prima ratio) do legislador para compor conflitos existentes em sociedade, os quais, pelo
atual estágio de desenvolvimento moral e ético da humanidade, sempre estarão presentes.
Há outros ramos do Direito preparados a solucionar as desavenças e lides surgidas na
comunidade, compondo-as sem maiores traumas. O direito penal é considerado a ultima
ratio, isto é, a última cartada do sistema legislativo, quando se entende que outra solução
não pode haver senão a criação de lei penal incriminadora, impondo sanção penal ao
infrator. Como bem assinala Mercedes García Arán “o direito penal deve conseguir a tutela
da paz social obtendo o respeito à lei e aos direitos dos demais, mas sem prejudicar a
dignidade, o livre desenvolvimento da personalidade ou a igualdade e restringindo ao
mínimo a liberdade” (Fundamentos y aplicación de penas y medidas de seguridad en el
Código Penal de 1995, p. 36)

Caso o bem jurídico possa ser protegido de outro modo, deve-se abrir mão da opção
legislativa penal, justamente para não banalizar a punição, tornando-a, por vezes, ineficaz,
porque não cumprida pelos destinatários da norma e não aplicada pelos órgãos estatais
encarregados da segurança pública. Podemos anotar que a vulgarização do direito penal,
como norma solucionadora de qualquer conflito, pode levar ao seu descrédito e,
consequentemente, à ineficiência de seus dispositivos.

Enfim, o direito penal deve ser visto como subsidiário aos demais ramos do Direito.
Fracassando outras formas de punição e de composição de conflitos, lança-se mão da lei
penal para coibir comportamentos desregrados, que possam lesionar bens jurídicos
tutelados. Antes de recorrer ao direito penal deve-se esgotar todos os meios extrapenais
de controle social, e somente quando tais meios se mostrarem inadequados à tutela de
determinado bem jurídico, em virtude da gravida da agressão e da importância daquele
para a convivência social, justifica-se a utilização do direito penal.

Fragmentariedade significa que nem todas as lesões a bens jurídicos protegidos devem
ser tuteladas e punidas pelo direito penal que, por sua vez, constitui somente parcela do
ordenamento jurídico. Fragmento é apenas a parte de um todo, razão pela qual o direito
penal deve ser visto, no campo dos atos ilícitos, como fragmentário, ou seja, deve ocupar-
se das condutas mais graves, verdadeiramente lesivas à vida em sociedade, passíveis de
causar distúrbios de monta à segurança pública e à liberdade individual.
O princípio da ofensividade (ou lesividade), outro consectário da intervenção mínima,
demonstra ser indispensável a criação de tipos penais incriminadores, cujo objetivo seja
eficiente e realístico, visando à punição de condutas autenticamente lesivas aos bens
jurídicos tutelados. No âmbito de um Estado democrático de direito, somente se admite a
existência de infração penal quando há efetivo, real e concreto perigo de lesão a um bem
jurídico determinado. Em outros termos, o legislados deve ser abster de tipificar como crime
ações incapazes de lesar, ou, no mínimo, colocar em perigo concreto o bem jurídico
protegido pela norma penal.

Taxatividade

Significa que as condutas típicas, merecedoras de punição, devem ser suficientemente


claras e bem elaboradas, de modo a não deixar dúvida por parte do destinatário da norma.
A construção de tipos penais incriminadores dúbios e repletos de termos valorativos pode
dar ensejo ao abuso do Estado na invasão da intimidade e da esfera de liberdade dos
indivíduos. Aliás, não fossem os tipos taxativos – limitativos, restritivos, precisos – e de nada
adiantaria adotar o princípio da legalidade ou da reserva legal. Este é um princípio
decorrente, nitidamente, da legalidade.

Proporcionalidade

Significa que as penas devem ser harmônicas à gravidade da infração penal cometida, não
tendo cabimento o exagero, nem tampouco a extrema liberalidade na cominação das penas
nos tipos penais incriminadores. Não teria sentido punir um furto simples com elevada pena
privativa de liberdade, como também não seria admissível punir um homicídio qualificado
com pena de multa.

Vedação da dupla punição pelo mesmo fato

Quer dizer que ninguém deve ser processado e punido duas vezes pela prática da mesma
infração penal. Tal garantia está prevista, implicitamente, na Convenção Americana sobre
Direitos Humanos (art. 8.º, n. 4). Se não há possibilidade de processar novamente quem já
foi absolvido, ainda que surjam novas provas (princípio processual da vedação do duplo
processo pelo mesmo fato), é lógico não ser admissível punir o agente outra vez pelo
mesmo delito.

Concernente ao indivíduo

Culpabilidade

Significa que ninguém será penalmente punido, se não houver agido com dolo ou culpa,
dando mostras de que a responsabilização não será objetiva, mas subjetiva (nullum crimen
sine culpa). Tratase de conquista do direito penal moderno, voltado à ideia de que a
liberdade é a regra, sendo exceção a prisão ou a restrição de direitos.
Outros (Livro de Bitencourt):

Irretroatividade da lei penal

Desde que uma lei entra em vigor até que cesse a sua vigência rege todos os atos
abrangidos pela sua destinação. Entre esses dois limites – entrada em vigor e cessação de
sua vigência – situação sua eficácia. Não alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois
dos dois limites extremos: não retroage e nem tem ultra-atividade.
Esse princípio se aplica apenas em relação a lei mais severa. Admite-se a aplicação
retroativa da lei mais favorável.
As leis temporárias ou excepcionais constituem exceções aos princípio da irretroatividade
da lei penal, e são ultra-ativas. Mesmo esgotado o período de sua vigência, terão aplicação
aos fatos ocorridos durante a sua vigência.

Princípio da adequação social

O direito penal tipifica condutas que tenham uma certa relevância social, caso contrário,
não poderiam ser delitos. Deduz-se, consequentemente, que há condutas que por sua
adequação social não podem ser considerdas criminosas. Segundo essa teoria, as
condutas que se consideram socialmente adequadas não se revestem de tipicidade, e, por
isso, não podem constituir delitos

Princípio da insignificância ou bagatela

O princípio da insignificância foi abordado pela primeira vez pro Claus Roxin em 1964. A
tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos protegidos, pois
nem sempre qualquer ofensa a esses bens ou interesses é suficiente para configurar o
injusto típico.
Em outros termos, condutas que se amoldam a determinado tipo penal, sob o ponto de vista
formal, não apresentam nenhuma relevância material. Nessas circunstâncias, pode-se
afastar liminarmente a tipicidade penal porque em verdade o bem jurídico não chegou a ser
lesado.
A insignificância não é sinônimo de pequenos crimes ou pequenas infrações, mas se refere
à gravidade, extensão ou intensidade da ofensa produzida a determinado bem jurídico
penalmente tutelado, independentemente de sua importância.
Se deve considerar materialmente atípicas as condutas de inegável irrelevância para a
sociedade como um todo.

Requisitos (STF):
1 – Mínima ofensividade da conduta do agente;
2 – Nenhuma periculosidade social da ação;
3 – Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4 – Inexpressividade da lesão jurídica provocada;

3 – Lei penal no tempo e no espaço (lugar e tempo do crime)


Atividade – é o período entre a entrada em vigor e a revogação;

Extra atividade – quando a lei alcança fatos anteriores ou posteriores a sua atividade.
Ultratividade – incidência após o período de vigência;
Retroatividade – incidência antes do período de vigência.

Princípio da Continuidade das Leis – regra geral, as leis vigoram até serem revogadas
por outras leis.

Exceção: Leis Temporárias e Excepcionais são autorevogáveis.


Revogação – retirada da vigência da Lei.
Ab-rogação - Revogação Absoluta
Derrogação – Revogação Parcial

CONCEITO E ALCANCE DA LEI PENAL NO TEMPO

A regra geral em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum).
No campo penal não ocorre de maneira diversa: ao crime cometido em determinada data,
aplica-se a lei penal vigente exatamente no mesmo dia, ainda que posteriormente venha a
ser proferida a sentença.

Exceções (Sucessão de Lei no tempo)

Novatio Legis Incriminadora - Criação de uma nova figura típica; EFICÁCIA APENAS
PARA A FRENTE.
Lex Gravior – Lei posterior mais rígida que a anterior
Abolitio Criminis – Extinção de um crime;

Lex Mitior ou Novatio Legis e Mellius – Lei posteior mais benigna;


Lei posterior possui parte benígna e parte mais grave.

Havendo sucessão de leis penais no tempo é aplicável a lei intermediária se ela for a mais
favorável

Sumula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência

A exceção é a extraatividade, ou seja, a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos


ocorridos fora do âmbito de sua vigência. O fenômeno da extraatividade, no campo penal,
realiza-se em dois ângulos: a) retroatividade, que é a aplicação da lei penal benéfica a fato
acontecido antes do período da sua vigência (art. 5.º, XL, CF); b) ultratividade, que significa
a aplicação da lei penal benéfica, já revogada, a fato ocorrido após o período da sua
vigência.

A lei penal não retroage, salvo para beneficar o réu (art. 5º XL CF 88)

No conflito de leis penais no tempo, é indispensável investigar qual a que se apresenta mais
favorável ao indivíduo tido como infrator.

A lei anterior, quando for mais favorável, terá ULTRAATIVIDADE e prevalecerá mesmo ao
tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar revogada. O inverso também é verdadeiro,
isto é, quando a lei posterior for mais benéfica, retroagirá para alcançar fatos cometidos
antes da sua vigência.

Extraatividade: - retroatividade = lei revogadora mais benéfica

- ultraatividade = lei revogada é mais benéfica

ABOLITIO CRIMINIS (ABOLIÇÃO DO DELITO)

Trata-se do fenômeno que ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime
determinado fato (exemplos: deixaram de ser consideradas condutas criminosas o adultério,
a sedução e o rapto consensual, em face da edição da Lei 11.106/2005). Quando acontece
a hipótese da abolitio criminis, segundo o disposto no art. 107, III, do Código Penal,
extingue-se a punibilidade do agente. Em qualquer fase do processo ou mesmo da
execução da pena, deve ser imediatamente aplicada a retroatividade da norma que retira a
tipicidade de qualquer fato.

Lembremos que, reconhecida a extinção da punibilidade por tal motivo, não subsiste contra
o réu ou condenado nenhum efeito, apagando-se, inclusive o registro constante da sua
folha de antecedentes.

LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS

As leis excepcionais e temporárias são leis que vigem por período predeterminado, pois
nascem com a finalidade de regular circunstâncias transitórias especiais que, em situação
normal, seriam desnecessárias. Leis temporárias são aquelas aquelas cuja vigência vem
previamente fixada pelo legislador, e são leis excepcionais as que vigem durante situações
de emergência.

Elas têm ULTRAATIVIDADE

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou


cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.

Portanto, essas leis (temporárias ou excepcionais) são sempre ultrativas, ou seja,


continuam a produzir efeitos aos fatos praticados durante a sua época de vigência, ainda
que tenham sido revogadas.
(art. 3.º, CP). O objetivo é manter o seu poder intimidativo.
TEMPO DO CRIME

Art. 4º do CP: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.

ADOTA-SE ASSIM A TEORIA DA ATIVIDADE

Exceções a teoria do resultado:

Crime de homicídio: nos crimes plurilocais o lugar da infração será aquele em que se
exteriorizarem os efeitos.
Lei 9.099/95: local da infração.

Estelionato mediante a emissão de cheque sem a suficiente provisão de fundos: se o


cheque é emitido em uma cidade e sacado em outra, o lugar da infração é o do sacado.
Estelionato mediante cheque falsificado: local em que ocorreu o prejuízo.
Crimes formais.

O TEMPO DO CRIME NAS INFRAÇÕES PENAIS PERMANENTES E CONTINUADAS

No caso do crime permanente, a consumação se prolonga no tempo.


É considerado tempo do crime todo o período em que se desenvolver a atividade delituosa.
Ilustrando: durante um sequestro, pode ocorrer de um menor de 18 anos completar a
maioridade, sendo considerado imputável para todos os fins penais

A mesma regra deve ser aplicada ao crime continuado, uma ficção jurídica idealizada para
beneficiar o réu, mas que é considerada uma unidade delitiva.

TEORIAS SOBRE O LUGAR DO CRIME

Existem, igualmente, três teorias: a) atividade, considerando local do delito aquele onde foi
praticada a conduta (atos executórios); b) resultado, reputando o lugar do crime como
sendo aquele onde ocorreu o resultado (consumação); c) mista ou da ubiquidade, aceitando
como lugar do crime tanto onde houve a conduta, quanto onde se deu o resultado. Adota o
art. 6.º do Código Penal a teoria mista.

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no


todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
ADOTA-SE ASSIM A TEORIA DA UBIQUIDADE

LUGAR DO CRIME NAS INFRAÇÕES PENAIS PERMANENTES OU CONTINUADAS


Continua-se a adotar a teoria mista, permitindo, portanto, considerar lugar do crime aquele
onde se der qualquer ato de execução ou mesmo onde se concretizou o resultado. No caso
dos delitos permanentes e continuados, peculiares que são, a execução é mais arrastada
do que ocorre no crime comum e instantâneo. Exemplo: se houver um sequestro, cujos
autores mudam o local do cativeiro a todo momento, passando por várias cidades até que
soltam a vítima, o lugar do crime é qualquer um daqueles por onde passou o ofendido.

Para a solução do juízo competente, segue-se a regra do art. 71 do Código de Processo


Penal, isto é, “praticada [a infração] em território de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção”.

LEI PENAL NO ESPAÇO

Territorialidade é a aplicação das leis brasileiras aos delitos cometidos dentro do território
nacional (art. 5.º, caput, CP). Esta é uma regra geral, que advém do conceito de soberania,
ou seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as leis pertinentes aos acontecimentos dentro
do seu território.
Excepcionalmente, no entanto, admite-se o interesse do Brasil em punir autores de crimes
ocorridos fora do seu território. Extraterritorialidade, portanto, significa a aplicação da lei
penal nacional a delitos ocorridos no estrangeiro (art. 7.º, CP).

Territorialidade – a lei penal tem aplicação nos limites do território. (art. 5º, CP)

Extraterritorialidade – aplicação da lei brasileira a fatos praticados no estrangeiro. (art. 7º,


CP)
Princípio da territorialidade Relativa – art. 5o, CP
Territorialidade Absoluta – só a Lei brasileira se aplica aos fatos praticados no território
nacional;

Territorialidade Relativa (temperada) – via de regra, aplica-se a Lei brasileira aos fatos
praticados no território nacional, mas excepcionalmente aplica-se a Lei estrangeira, quando
assim determinarem tratados, convenções e regras de direito internacional.

Territorialidade

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.

Extraterritorialidade:

Incondicionada (Art. 7º, I, “a”, “b’,“c” e “d”)


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
ou condenado no estrangeiro.
Condicionada (Art. 7º, II, “a”, “b’ e “c”)

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.

4 – Conflito aparente de normas

É a situação que ocorre quando ao mesmo fato parecem ser aplicáveis duas ou mais
normas, formando um conflito apenas aparente entre elas. O conflito aparente de normas
(ou concurso aparente de normas) surge no universo da aplicação da lei penal, quando esta
entra em confronto com outros dispositivos penais, ilusoriamente aplicáveis ao mesmo
caso.
Acontece quando em relação a um determinado fato, imagina-se possível a aplicação de
mais de uma norma incriminadora.
Ex. alguém pratica um homicídio utilizando um revólver não deve ser responsabilizado
simultaneamente por homicídio e porte ilegal de arma de fogo, sob pena de bis in idem.

Ex.: Exemplo: quando alguém importa substância entorpecente, à primeira vista pode-se
sustentar a aplicação do disposto no art. 334 do Código Penal (crime de contrabando),
embora o mesmo fato esteja previsto no art. 33 da Lei de Drogas. Estaria formado um
conflito aparente entre normas, pois duas normas parecem aplicáveis ao mesmo fato
ocorrido. O direito, no entanto, oferece mecanismos para a solução desse impasse
aparente, fictício. Na situação exposta, aplica-se o art. 33 da Lei de Drogas (tráfico ilícito de
drogas), por se tratar de lei especial.

Tendo em vista que o conflito entre normas penais é apenas aparente, convém conhecer
os critérios que permitem solucioná-los. São, fundamentalmente, cinco:
a) critério da sucessividade;
b) critério da especialidade;
c) critério da subsidiariedade;
d) critério da absorção (consunção);
e) critério da alternatividade.

Pressupostos:
Unidade de fato;
Pluralidade de normas;
Aparente aplicação de mais de uma norma;
Efetiva aplicação de apenas uma das normas;

1.CRITÉRIO DA SUCESSIVIDADE
Se houver um período de tempo separando duas ou mais normas aplicáveis ao mesmo
fato, é sempre preferível a lei posterior (lex posterior derogat priori). Exemplo: o art. 3.º, V,
da Lei 1.521/51 (crimes contra a economia popular) prevê ser delito “vender mercadorias
abaixo do preço de custo com o fim de impedir a concorrência”. Entretanto, o art. 4.º, VI, da
Lei 8.137/90, preceitua, identicamente, ser crime “vender mercadorias abaixo do preço de
custo com o fim de impedir a concorrência”. Dessa forma, havendo duas normas penais
incriminadoras, passíveis de aplicação ao mesmo fato, resolve-se o pretenso conflito,
através do critério da sucessividade, isto é, vale o disposto na Lei 8.137/90, que é mais
recente.

2. CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE
Lei especial afasta a aplicação de lei geral (lex specialis derogat generali), como, aliás,
encontrasse previsto no art. 12 do Código Penal. Para identificar a lei especial, leva-se em
consideração a existência de uma particular condição (objetiva ou subjetiva), que lhe
imprima severidade menor oumaior em relação à outra. Deve haver entre os delitos geral e
especial relação de absoluta contemporaneidade. Ex.: furto qualificado exclui o simples;
crime militar exclui o comum; infanticídio exclui o homicídio.

3. CRITÉRIO DA SUBSIDIARIEDADE (TIPO DE RESERVA)

Lei principal afasta a aplicação de lei secundária.

O fato mais amplo e mais grave absorve outros menos amplos e graves, que funcionam
como fase normal de preparação ou execução ou mero exaurimento. Ex: Homicídio e porte
ilegal de arma.

Uma norma é considerada subsidiária em relação a outra, quando a conduta nela prevista
integra o tipo da principal (lex primaria derogat subsidiariae), significando que a lei principal
afasta a aplicação de lei secundária. A justificativa é que a figura subsidiária está inclusa
na principal. Na lição de Nicás, a norma subsidiária somente se aplica em caso de defeito
da norma principal, preferindo-se esta em detrimento daquela, devendo ter, por questão de
lógica, pena mais grave a do delito subsidiário, que é residual (El concurso de normas
penales, p. 149). Há duas formas de ocorrência: a) subsidiariedade explícita, quando a
própria lei indica ser a norma subsidiária de outra (“se o fato não constitui crime mais grave”,
“se o fato não constitui elemento de crime mais grave”, “se o fato não constitui elemento de
outro crime”). Ex.: exposição a perigo (art. 132), subtração de incapazes (art. 249), falsa
identidade (art. 307), simulação de autoridade para celebrar casamentos (art. 238),
simulação de casamento (art. 239); b) subsidiariedade implícita (tácita), quando o fato
incriminado em uma norma entra como elemento componente ou agravante especial de
outra norma. Ex.: estupro contendo o constrangimento ilegal; dano no furto qualificado pelo
arrombamento.

CRITÉRIO DA ABSORÇÃO (OU CONSUNÇÃO)

Quando o fato previsto por uma lei está, igualmente, contido em outra de maior amplitude, aplicasse
somente esta última. Em outras palavras, quando a infração prevista na primeira norma constituir
simples fase de realização da segunda infração, prevista em dispositivo diverso, deve-se aplicar
apenas a última. Conforme esclarece Nicás, ocorre a consunção quando determinado tipo penal
absorve o desvalor de outro, excluindo-se este da sua função punitiva. A consunção provoca o
esvaziamento de uma das normas, que desaparece subsumida pela outra (El concurso de normas
penales, p. 157).

Trata-se da hipótese do crime-meio e do crime-fim. É o que se dá, por exemplo, no tocante à violação
de domicílio com a finalidade de praticar furto a uma residência. A violação é mera fase de execução
do delito patrimonial. O crime de homicídio, por sua vez, absorve o porte ilegal de arma, pois esta
infração penal constitui-se simples meio para a eliminação da vítima. O estelionato absorve o falso,
fase de execução do primeiro (ver, nesse caso, o disposto na Súmula 17, do Superior Tribunal de
Justiça: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”).
A diferença fundamental entre o critério da consunção e o da subsidiariedade é que, neste último caso,
um tipo está contido dentro de outro (a lesão corporal está incluída necessariamente no crime de
homicídio, pois ninguém consegue tirar a vida de outrem sem lesioná-lo), enquanto na outra hipótese
(consunção) é o fato que está contido em outro de maior amplitude, permitindo uma única tipificação
(o homicídio absorve o porte ilegal de arma porque a vítima perdeu a vida em razão dos tiros
disparados pelo revólver do agente, o que demonstra estar o fato – portar ilegalmente uma arma –
ínsito em outro de maior alcance – tirar a vida ferindo a integridade física de alguém). Ocorre que é
possível matar alguém sem dar tiros, isto é, sem portar ilegalmente uma arma. Assim, a consunção
envolve fatos que absorvem fatos, enquanto a subsidiariedade abrange tipos que, de algum modo,
contêm outros.

CRITÉRIO DA ALTERNATIVIDADE

Significa que a aplicação de uma norma a um fato exclui a aplicabilidade de outra, que também o
prevê, de algum modo, como delito. Ex.: o fato conjunção carnal permite o enquadramento nos
delitos de estupro (art. 213), violação sexual mediante fraude (art. 215) e até mesmo assédio sexual
(art. 216-A). Assim, eleito o estupro, estão, automaticamente, afastados os delitos de posse sexual
mediante fraude e assédio sexual.

5 – Conduta

6 – Relação de causalidade e teoria da imputação objetiva (imputação objetiva 3


teorias)

TEORIA CAUSAL OU NATURALISTA

TEORIA FINALISTA DA AÇÃO


TEORIAS SOCIAL DA AÇÃO
TEORIA DA AÇÃO SIGNIFICATIVA

TEORIA CAUSAL OU NATURALISTA

Conceito causal de ação foi criado por Von Liszt, no final do século XIX.

Segundo Von Liszt “a ação consiste numa modificação causal do mundo exterior,
perceptível pelos sentidos, e produzida por uma manifestação de vontade, isto é por uma
ação ou omissão voluntária”
Ação para Von Liszt = movimento corporal voluntário que causa modificação no mundo
exterior.
Elementos do conceito de ação:

1. Manifestação de vontade;
2. Resultado;
3. Relação de Causalidade
conteúdo da vontade é abstraído para a culpabilidade(dolo e culpa).
O conceito causal de ação não era aplicável à omissão – não há uma relação de
causalidade entre a não realização de um movimento e corporal e o resultado.
( Bitencourt, 2012, p. 280)

TEORIA CAUSAL OU NATURALISTA


Críticas à teoria causal
Definição muito almpla de ação - ação em sentido estrito(fazer) e omissão; a omissão
penalmente relevante não é causal, mas normativa, pois está centrada num dever jurídico
e legal de agir;
O Dolo – para a teoria causalista o dolo deveria ser aferido durante a análise da
culpabilidade e não da conduta; Segundo Welzel o agente tem a possibilidade de antever
as consequencias de seu comportamento, dirigindo-se a uma certa finalidade; ex. Um
homem que agarra uma mulher e é impedido de levá-la, pode ter várias intenções que são
essenciais para a caracterização do tipo.

TEORIA FINAL DA AÇÃO

Welzel - criou o conceito finalista em contraposição à teoria da ação e, essencialmente, em


contraponto à dissonância entre a vontade e seu conteúdo.

“Ação é o comportamento humano voluntário conscientemente dirigido a um fim”.

A Causalidade é cega. A finalidade é vidente

TEORIA FINAL DA AÇÃO


Crítica à Teoria Final – crimes culposos – o resultado ocorre de modo causal,
independentemente da vontade do agente.

Dolo e culpa - localizam-se no tipo penal.

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO

“Ação é a conduta socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana”

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