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FIV - Vírus Chikungunya

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Vírus Chikungunya

● Esse vírus pertence à família Togaviridae que atualmente apresenta apenas um gênero,
Alphavirus que agrupa 31 espécies.
● As espécies podem ser divididas em grupos de acordo com o tropismo principal que estes
vírus possuem. Tem o grupo que produz principalmente encefalite, e o grupo dos vírus que
estão relacionados a doenças exantemáticas e a poliartrite.

● Estrutura dos alfavírus


○ Apresentam um genoma de RNA de fita simples com polaridade positiva
○ Esse genoma é envolvido pela proteína do capsídeo e o vírus é envelopado e, inserido
nesta estrutura encontram-se as espículas virais. Cada espícula é composta por 3
heterodímeros das glicoproteínas virais E1 e E2.
○ Alguns alfavírus possuem a E3 associada a espícula de forma não covalente.
○ O genoma está dividido em duas ORFs. Uma que vai estar relacionada a tradução das
proteínas não estruturais do vírus , isso ocorre inicialmente durante o ciclo replicativo.
Em seguida, conforme a quantidade de proteínas estruturais aumenta na célula, há
então o direcionamento para a transcrição de um RNA subgenômico que é referente a
ORF que depois vai ser traduzida nas proteínas estruturais do vírus.

● Genótipos do Chikungunya
○ Apresenta apenas 1 sorotipo, mas foram identificados até o momento 4 genótipos:
■ Linhagem Oeste Africano (WAL) - linhagem mais antiga;
■ Linhagem Leste Centro Sul Africano (ECSA);
■ Linhagem Asiática (AL);
■ Linhagem Oceano Índico (IOL) - mais recentemente, surgiu a partir da linhagem
ECSA.

○ O vetor mais eficiente para circulação urbana do vírus é o Aedes aegypti. Nas ilhas do
pacífico porém, a espécie predominante para a disseminação é Aedes albopictus, que
até então não tinha sido descrito como um vetor potente.
■ Isso aconteceu por uma mutação no resíduo próximo ao peptídeo de fusão na
glicoproteína E1 no genótipo IOL.
● Dinâmica da transmissão
○ Para um mosquito ser vetor de um arbovírus, ele precisa ao ingerir o sangue
contaminado sustentar a replicação do vírus no trato digestivo, que precisa ganhar a
hemolinfa e, também precisa ter uma boa taxa de replicação nas células da glândula
salivar daquele mosquito.

○ Quanto mais veloz for o período de incubação extrínseca e intrínseca, bem como a
carga viral que o ser humano consegue produzir durante a viremia, mais eficiente vai
ser a propagação desse vírus.
● Rotas de infecção
○ Se dá principalmente pela picada do inseto.
○ A partir de 2005, foi observada a transmissão vertical. A infecção intrauterina é
possível, em alguns casos afetando o curso da gravidez podendo gerar o aborto
espontâneo, mas também pode acontece a infecção durante o parto.
● Patogênese em humanos
○ A maior parte dos casos são sintomáticos, representando 80%.
○ A infecção com o vírus leva a febre chikungunya, que é uma doença dengue-like, e a
artralgia incapacitante.
○ Com a ampla dispersão desse vírus para outras regiões e para centros urbanos, foi
observado também o surgimento de quadros atípicos com uma frequência.
○ A febre chikungunya a partir do período de inoculação em torno de 2 a 4 dias acontece
o surgimento dos sintomas, que começam de forma súbita. Geralmente o paciente
apresenta febre alta, cefaléia, dos nas costas, poliartralgia, fadiga, exantema e
sintomas gástricos. Essa fase aguda ocorre entre 1 a 4 dias.
○ A partir de então com o surgimento dos anticorpos, é observado uma redução da
viremia , e entre 5-7 dias o paciente entra na fase de convalescência , e em
aproximadamente 2 semanas ele tem a resolução dos sintomas de um caso típico de
chikungunya.
○ A poliartralgia acontece de forma bilateral, simétrica e, acomete principalmente as
articulações (tornozelos, punhos e falanges), assim como as grandes articulações
(cotovelos e joelhos). Entre 25 a 42% dos casos pode ocorrer edema nas articulações.
○ No caso da fase aguda, nos infiltrados inflamatórios gerados em decorrência da
replicação viral, os linfócitos TCD8 + são predominantes.
○ A febre chikungunya também pode se apresentar como uma doença
prolongada/crônica. Neste caso o paciente evolui para uma recuperação dos sintomas
como febre e cefaléia, mas existe uma persistência da poliartralgia.

○ A porcentagem de pessoas com doença prolongada varia muito (média de 48% dos
infectados).
○ Como fatores de risco para quadros crônicos temos:
■ Idade (>45 anos);
■ Doenças inflamatórias pré-existente;
■ Grau de gravidade dos sintomas na fase aguda.
○ O que persiste são as dores musculares e, pode evoluir para uma espécie de
reumatismo.
○ Não se sabe ao certo como é estabelecida essa sintomatologia prolongada, mas
sabe-se que alguns macrófagos infectados são encontrados no líquido sinovial das
pessoas com a doença crônica. Outro fato que chama a atenção é que o infiltrado
apresenta uma predominância de linfócitos TCD4 +.

○ A persistência após a fase aguda pode ocorrer com uma recidiva dos sintomas iniciais
e depois com os sintoma persistentes com a artralgia, dores musculares ,
manifestações reumáticas, com até uma artrite reumatóide, isso pode perdurar de 30
dias a 2 anos.
○ Após a inoculação do vírus pela picada do inseto, ele replica em fibroblastos e
macrófagos , com isso o vírus consegue atingir os linfonodos e, consequentemente,
faz viremia. Através da viremia, atinge os sítios de replicação típicos que são o
músculo, a pele e as articulações. Essa replicação gera uma carga viral bem elevada,
o pacientes pode apresentar até 10⁹ partículas virais e, isso também é caracterizado
com a indução da resposta imune inata, com a produção de interferon, citocinas
pró-inflamatórias e quimiocinas. Nas articulações então ocorre um infiltrado celular, o
recrutamento das células , que caracteriza um aumento do líquido sinovial e todo um
processo inflamatório nas articulações .
■ Já na fase crônica, todo o mecanismo de cronicidade ainda não está totalmente
elucidado, mas se aponta uma possível persistência do vírus em células, por
exemplo, satélites musculares, no fígado, no baço e, em macrófagos também
nas articulações. As articulações no caso da infecção crônica apresentam um
infiltrado, elevada quantidade de citocinas. A hiperplasia do líquido sinovial é
bem mais expressiva. E também ocorre o surgimento de angiogênese, que é
um quadro que se assemelha muito a um quadro reumático.
● Sintomas
○ Com relação ao dano que os tecidos apresentam, ele pode estar diretamente
relacionado a replicação do vírus que é citopática e vai induzir apoptose , mas também
ao dano que é ocasionado pela resposta imune inata com o recrutamento de células
para o tecido muscular esquelético e para as articulações. As células que são
suscetíveis a replicação viral são as células endoteliais, fibroblastos, hepatócitos,
macrófagos, monócitos, células satélites musculares, monócitos e osteoblastos.
● A replicação do chikungunya pode ocorrer em sítios atípicos como cérebro, fígado e baço
● O vírus pode ser encontrado na saliva, na urina, em swabs oculares e também pode estar
presente no fluido cervicovaginal.
● Casos atípicos
○ Já foi bem descrito que o vírus pode produzir manifestações cardiovasculares, renais,
cutâneas, oculares, hepáticas e também síndrome respiratória.
○ As crianças apresentam na maioria das vezes quadros reumáticos brandos, com
incidência baixa, mas elas são um grupo de risco para os quadros atípicos.

○ O chikungunya está associado a complicações neurológicas. 0,1% das infecções pode


estar associado a encefalites, paralisia flácida aguda, meningoencefalite e síndrome de
Guillain-Barré (GBS).
○ Diferentemente dos alfavírus encefalogênicos que infectam neurônios , o CHIKV
parece infectar as células do estroma do sistema nervoso central, e , em particular, as
células do plexo coroide.
■ Como evidência para que esse agente de fato esteja causando quadros
neurológicos, in vivo foi feita a detecção do vírus em fluido cerebroespinhal,
através de isolamento viral ou RT-PCR. E,in vitro sabe-se que os
neuroblastomas e células da glia , como os astrócitos, são suscetíveis a
replicação viral.
● Transposição de barreiras
● Diagnóstico clínico
○ O diagnóstico clínico das arboviroses está ficando cada vez mais complicado.

● Diagnóstico laboratorial
○ O hemograma do paciente não é muito conclusivo, mas na maioria dos casos é
observada uma leucopenia sendo a linfopenia bem evidente, assim omo uma
trombocitopenia.

○ Para diagnóstico específico é feita a pesquisa do vírus que pode ser feita pelo RT-PCR
ou isolamento, sendo necessário ser realizado durante a fase aguda e a amostra de
escolha é o sangue ou o soro.
○ Já na fase subaguda é recomendado a pesquisa de IgM e IgG pelo teste de ELISA, e
na fase crônica deve ser feita principalmente a pesquisa de IgG.

● Tratamento
○ Não há antiviral específico, o paciente é tratado com analgesia e suporte
○ Os antiinflamatórios não esteroidais e corticóides não são recomendados durante a
fase aguda.

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