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Pneumatologia - Tema 08

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PUC-GOIÁS – PNEUMATOLOGIA – 2024.

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TEMA 08 Espírito e Eclesiologia.

I. Ponto de Partida:
- O Concílio Vaticano utilizou a categoria “mistério” para falar da Igreja.
- Místico significa misterioso, que contém uma realidade invisível e divina. O
corpo visível da Igreja, composto da hierarquia e dos fiéis, contém e manifesta a
realidade invisível de Jesus a comunicar, pelo Espírito Santo, sua vida divina aos
homens. Neste sentido, diz-se, às vezes, que a Igreja é o “sacramento de Cristo”.
- Aqui podemos apresentar a imagem da Igreja “Corpo de Cristo” recuperando
seja a linguagem de Paulo na carta aos Coríntios (1Cor 12,13; 10,17; 12,27;
2Cor 5,17), aos Romanos (6,4-5; 8,17), aos Colossenses (1,18-24) e aos Efésios
(1,18-23; 3,19); seja aquela dos Padres e dos teólogos medievais que falavam de
Corpo de Cristo fazendo referência seja à Eucaristia, seja à própria Igreja.
- Para São Paulo, a noção de Igreja resulta na afirmação duma dupla unidade,
ambas misteriosas e indissociáveis uma da outra: a unidade de todos os cristãos
com Cristo e a unidade de todos os cristãos entre si.
- Afirmar que a Igreja é o Corpo de Cristo com o sentido que lhe dá São Paulo
equivale a sublinhar a imanência de Cristo. O apóstolo conseguiu encontrar
meio de exprimir com mais nitidez a transcendência de Cristo ao dar-lhe um
lugar à parte no corpo. Cristo é a “cabeça do corpo”. Esta imagem, que vem pela
primeira vez em Cl 1,18, oferece a dupla vantagem de afirmar a preeminência de
Cristo, segundo um uso muito frequente da metáfora (1Cor 1,18) nomeadamente
no Antigo Testamento (Is 7,8), como ainda a função que exerce no corpo
humano, enquanto é fonte de vida. É que a cabeça tem para os antigos,
sobretudo os antigos gregos, a função que hoje nós atribuímos ao coração.
- A Encíclica MyC deu o ponta pé inicial e consagrou a renovação da
investigação eclesiológica nascida depois da primeira guerra mundial e centrada
sobre a noção de Corpo Místico, ao afirmar: “Para definir e descrever a
verdadeira Igreja de Jesus Cristo, a Igreja santa, católica, apostólica, romana,
nada é mais nobre, elevado e divino, que a expressão Corpo Místico de Jesus
Cristo” (MyC 39). A Igreja é o Corpo Místico porque é uma entidade social
visível e orgânica, cuja fonte última de autoridade é o Espírito Santo.
- O Concílio Vaticano II assume uma outra categoria para contemplar o mistério
da Igreja. Mesmo que de modo discreto, a Igreja é vista como Templo do
Espírito Santo, sendo ela o Povo de Deus (1Cor 3,16-17). Santo Agostinho torna
mais clara essa ideia quando diz: “Deus habita no seu templo; não apenas o
Espírito Santo, mas também o Pai e o Filho... Por isso, templo de Deus, ou seja,
de toda a Trindade, é a santa Igreja, tanto a do céu como a da terra” (cf. LG 9;
PO 1; AG 7; CEC 797-798).
- O Espírito Santo é o vínculo de amor entre o Pai e o Filho, e é também o
verdadeiro princípio da unidade da Igreja. Nenhuma outra verdade é mais
claramente ilustrada pelos documentos conciliares. Por meio do Espírito, Cristo
une os seus irmãos num só corpo. Os homens são capazes de criar a unidade
mediante o nivelamento e a uniformidade. O Espírito Santo cria-a na
multiplicidade dos seus dons e na variedade dos ofícios e das funções existentes
no Corpo Místico de Cristo; Ele, de fato, suscita o amor, que tudo coloca ao
serviço da unidade (LG 7).
- Por isso mesmo, a unidade da Igreja, está estruturada na imagem da comunhão
trinitária, ela vive uma dinamicidade e, se exprime assim, na multiplicidade das
Igrejas, dos carismas e dos ministérios, suscitados pelo mesmo Espírito Santo
para o crescimento do único Corpo de Cristo.
- Como o Espírito é o promotor da Comunhão, não podemos pensar numa
unidade eclesial imediata e direta, fora da nova formação do Corpo de Cristo sob
a ação do mesmo Espírito Santo. Para unir o que afirmamos anteriormente,
tendo em conta também a orientação de Möhler sobre o Espírito na Igreja,
dizemos que a “Unidade na Igreja” se dá no cumprimento de todas as
promessas, ou seja, pela criação contínua no Pai, pelo Mistério da Encarnação
do Filho de Deus e pela santificação no Espírito. Tendo em conta que “somos
templos do Espírito de Deus” (1Cor 6, 19), a ação santificadora deste mesmo
Espírito reúne a multidão para direcioná-la à Salvação.

II. Communio e Koinonia – fruto do ES


- A Igreja é templo do Espírito (LG 4). Ele é o seu princípio de unidade (LG
14;17). É o seu princípio de renovação (UR 2). Portanto, o Espírito Santo é
componente do mistério da Igreja, e a eficácia da sua missão está
indissoluvelmente ligada ao agir do Espírito.
- A Igreja é comunhão de fé: nasce e vive da fé intimamente aceita em sua
integridade e testemunhada externamente na assembleia litúrgica e na vida de
cada dia (LG 9). Ela é comunhão de esperança, isto é, uma comunidade
escatológica, pois já se encontra em posse de bens espirituais e eternos e se acha
a caminho da consumação do Reino de Deus (LG 5, 9, 48, 51). É ainda
comunhão de caridade e de serviço: é comunidade em que todos, pastores e
fieis, estão a serviço uns dos outros, em que toda atividade eclesial se resolve,
em última análise, num serviço diferenciado aos irmãos; a caridade, lei suprema
da Igreja, postula necessariamente estas relações dinâmicas de doação recíproca
(LG 7-10, 12-13, 23, 27, 31-33, 40-41, 45). Também é comunhão sacramental
ou de culto, pois a comunhão de fé, esperança e caridade dos irmãos é
alimentada mediante os sacramentos e encontra sua mais alta expressão quando
em comum participam do sacrifício eucarístico que é comunhão
simultaneamente com o Cristo e com os irmãos (LG 3, 7, 11). Podemos dizer
numa comunhão sacerdotal, régia e profética, porque possui um sacerdócio
comum, régio e magisterial, participação do sumo e eterno Sacerdócio de Cristo
(LG 10-12. 34-36).
- A Igreja é ainda comunhão carismática porquanto dotada da plenitude dos dons
do Espírito; todos os seus membros recebem pelo menos carismas ordinários e
comuns que devem utilizar para o bem da própria comunidade (LG 7, 12, 30).
Por fim, a Igreja é comunidade missionária, porque todos os membros do Povo
de Deus, vitalmente inseridos no Corpo místico de Cristo, compartilham da
missão d’Ele; por isso a todos incumbe ser “sinal e veículo” de redenção,
santificação e reconciliação a fim de que a humanidade inteira se torne Igreja
(LG 17; AG 35-37).

Pe. Mauro Francisco dos Santos


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