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Saida Mak Igreja. Pe. Alípio. 2024

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O que é a Igreja

1. Definição

Nas línguas Latinas, os termos «Igreja», «Iglesia», «Chiesa», «Église» vêm do grego
Ekklesia, que tradus a palavra hebraica qahal: convocação, ajuntamento, assembleia de
pessoas que recebem um chamamento ou um convite. Reunião de gente convocada. No seu
sentido original como reuniao popular nos At 19,32.401, onde se apresenta uma assembleia
em confusao. Em At 5,11, diz-se que «sobreveio grande temor a toda a Ekklesia » - a
comunidade local de Jerusalem - tal como também se lê em At 8,1: «naquele dia rompeu uma
grande perseguiçao contra a Igreja de Jerusalem)) 2. Mas na maioria dos textos, porem,
Ekklesia é reunião com sentido religioso, traduzindo para grego o termo hebraico qahal é a
assembleia que crê e é reunida num local preciso para celebrar a sua fé . A Palavra qahal
significa reunir-se juntos ou assembleia. E a reunião solene que constitui a
comunidade como tal, e a chamada daquela comunidade para formar uma assembleia
ordenada (Nm 10, 7, 1Re 12,3), como a do Sinai ou a sua representa?ao actual, uma
assembleia que celebra uma solenidade (grande assembleia: Sl 22, 26) 3. A palavra Ekklesia
está relacionada com a obra de Deus em salvar e santificar os crentes como aqueles
que foram convocados ou chamados para fora. Este conceito refere a um povo a quem
Deus chamou das trevas, para a sua maravilhosa luz (1Pd 2,9). A palavra Igreja também
tem sentido pertence ao Senhor, encontramos no (1Cor 11,22; Ap 1,11). Nas línguas anglo-
saxócas, os termos «kierke» e «church» vêm do grego kyriakè, adjective que significa «do
Senhor». Juntando estas duas origens, percebemos que a Igreja é uma comunidade reunida
pelo Senhor4.

Por decisão inteiramente livre e insondável da sua bondade e sabedoria, o Pai eterno criou o
mundo, decidiu elevar os homens à participação da Sua vida divina, e não os abandonou
quando pecaram em adão, antes lhe proporcionou sempre os auxílios necessaries para se
salvarem na perspective de Cristo Redentor, «que é imagem do Deus invisível, o
primogenitor de toda a criatura» (Col 1,15). A todos os eleitos o Pai «designou desde a
eternidade, predestinando-os a reproduzirem a imagem de seu Filho, a fim de que seja Ele o
mais velho de uma multidão de irmãor (Rom 8,29). Aos que acreditam em Cristo quis
Convocá-los na santa Igreja, a qual, tendo sido 1) prefigurada já desde a origem do mundo e
2)preparada admiravelmente na história do povo de Israel e na antiga aliança foi fundada
«nos últimos tempos» e 3) manifestada pela efusão do Espírito Santo, e será 4) comsumada
em glória no fim dos séculos5.

2. Três estados da Igreja

1
B. NEUNHEUSER, «Igreja universal e Igreja local», 654. Foi citada em P.G Alípio, Os elementos constitutivos
da Igreja local, dissertação, Roma, 2014, 9.
2
Ibid.
3
Cfr. L. DE LORENZI, «Chiesa» in Nuovo dizionario di teologia Biblica, 252. Foi citada em P.G Alípio, Os
elementos constitutivos da Igreja local, dissertação, Roma, 2014, 9.
4
A. Manaranche, J’aime mon Église, 11.
5
LG 2.
Existe uma comunhão entre todos os discípulos de Jesus, de todos os três estados (terra,
purgatório e céu), porque todos os que estão unidos a Cristo estão unidos entre si. A esta
comunhão chamamos comunhão dos santos e é ela que constitui a Igreja na sua totalidade.
Assim a Igreja total engloba a Igreja militante, que na terra luta pela santidade, a Igreja que se
purifica no purgatório e a Igreja triunfante que já contempla a Glória de Deus.

Entre os três estados há diferenças, mas os três pertencem à mesma etapa da história da
salvação, a plenitude dos tempos. A diferença está em que uns pertencem já de forma plena e
outros ainda não, mas todos, desde o seu baptismo são filhos de Deus, membros do corpo de
Cristo e templo do Espírito Santo, e por isso, vivem já dentro desta etapa última da história da
salvação.

A Igreja, à qual somos chamados em Jesus Cristo e na qual, pela graça de Deus, adquirimos a
santidade, só será consumada na glória celeste, mas já começou a restauração do género
humano. “Já chegamos, portanto ao fim dos tempos, a renovação do mundo está
irrevogavelmente decretada e vai-se realizando em certo modo já neste mundo. De facto, a
Igreja possui já na terra uma santidade verdadeira, embora imperfeita”6.

Vivendo já na plenitude dos tempos, mas na fase terrena, sabemos que ainda não chegámos à
meta final. Por isso, não podemos deixar de ter os olhos postos no destino final, no céu.
Como povo peregrina a Igreja na caminha para terra prometida e é para lá que desde já olha.
Sabemos que este mundo passará e por isso, não nos apegamos a ele. A Igreja na sua forma
actual passará, mas tal como aconteceu com Cristo ressucitado, também ela ressucitará com
os mesmos membros mas com outroa prerrogativas.

O facto de devermos olhar para a meta não nos desliga, pelo contrário, do que aqui se passa.
Sabendo que esta etapa é passagem para a definitiva sabemos bem a importância em se
pertencer conscientemente, afectiva e efectivamente, desde já à comunhão ecclesial. Há uma
continuidade que mostra como não é secundária a santidade de vida que se leva na terra.
Aquilo que vivemos agora vai evidentemente influenciar o nosso future, seremos as mesmas
pessoas com toda a carga de bem e mal, de amor e de arrependimento. Deste modo entramos
já na comunhão com o céu, desde a páscoa de Jesus que existe esta unidade.

3. As notas da Igreja

“Creio a Igreja, una, santa, católica e apstólica”. “Estes quarto atributos, inseparavelmente
ligados entre si, indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a
si mesma; é Cristo que pelo Espírito Santo concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e
apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades” 7.

Este quarto termos foram acrescentados ao artigo sobre a Igreja no símbolo de


Constantinopla no ano 381. Foram seguramente tomados do símbolo de Santo Epifánio, o

6
Concílio Vat. II, Constituição dogmatica sobre a Igreja (Lumen Gentium), 48.
7
CIC, 811
qual, por sua vez, tinha ulitilizado o de São Cirilo de Jerusalem. Quem quiser compreender o
que é a Igreja deve perguntar antes de mais qual o significado da confissão do simbólo”8.

Para percebermos bem estas notas, precisamos da luz da fé, sem a qual não vemos a fonte
divina de onde elas brotam, nem entendemos aquilo que elas nos pedem como vocação à
plenitude de Cristo. Sem o olhar teológico da fé, ou caímos num triunfalismo apologetico e
simplesmente humno, que só pensa na presença institucional da Igreja e não a vê como
verdadeiro mistério de fé ou escandaliza-nos por verificarmos os pecados de tantos seus
filhos que contradizem qualquer uma das quarto notas. Tendo isto presente comecemos por
olhar para as quarto notas como um todo e depois brevemente para cada uma delas.

As notas da Igreja são uma unidade inseparável. Não podemos comprender uma, sem as
outras. A unidade é apostolica, assim se relaciona visivelmente com Cristo. É católica, não
limitada a um lugar ou a uma raça, a uma classe ou a um segmente da história (por exemplo a
cristandade medieval) mas chamada à missão universal e apta por si a abarcar o conjunto do
desenvolvimento humano no tempo e no espaço. A unidade finalmente é santa: realiza-se
para lá de toda a organização humana pela acção do Espírito Santo, que é principio de
comunhão.

A santidade é católica: realiza-se numa variedade imensa de vocações; é apostolica porque


procede da vinda histórica de Deus na nossa carne; é una pelo Espírito Santo.

A catolicidade é una, mesmo se não se esgota a sua noção falando de expansão ou dilatação
da unidade, porque o Espírito Santo realiza as vocações e os contributos pessoais numa
comunhão. A catolicidade é apostolica, não aberta a qualquer sincretismo. É santa, vem de
Deus e vai para Deus.

Finalmente, a apostolicidade é una porque uma é a comunidade apostolica fundada por Jesus,
é católica, chamada à missão universal até ao fim dos tempos. É santa, porque procede da
acção do próprio Senhor e do Seu Espírito, para lá de toda a segurança dos homens e
ultrapassando toda a continuidade da história. Nós acreditamos na Igreja apostolica, como
acreditamos que é una, santa e católica, acima de toda a evidência ou aparência” 9.

4. Os graos de comunhão e de pertençe à Igreja (LG 13-17)

O Vaticano II indica diversas graos de pertença à Igreja e o faz nestes termos: “Todos os
homens são chamados a esta unidade católica do Povo de Deus, a qual anuncia e promove a
paz universal; a ela pertencem, de vários modos, ou a ela se ordenam, quer os católicos quer
os outros que acreditam em Cristo quer, finalmente, todos os homens em geral” (LG 13). A
partir deste critério, vem os vários tipos de pertença à Igreja, seguindo uma prospectiva
concentrica de comunhão: 1).uma comunhão plena e total para os católicos através dos três
vínculos acima mencionados (LG 14); e 2). uma comunhão parcial para os cristãos não
católicos (protestante, anglicano, ortodoxos quais faltam a plenitude um dos três vínculos

8
Yves Congar, Propriedades esenciales de la Iglesia, in Mysterium Salutis IV/1. Madrid, 1973,371.
9
Yves Congar, Propriedades esenciales de la Iglesia, in Mysterium Salutis IV/1. Madrid, 1973,376.
(LG 15) e para todas as pessoas de boa vontade que procuram a verdade, “Tudo o que de
bom e verdadeiro neles há, é considerado pela Igreja como preparação para receberem o
Evangelho” (LG 16). Neste sentido, é importante falar sobre a fé implícita (Tomas de
Aquino) ou cristianismo anónimo ou cristianismo em busca (Karl Rahner).

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