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Dependência Química e Família

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA E

FAMÍLIA
MSC. ARIADNE RIBEIRO
MESTRE EM CIÊNCIAS PELA UNIFESP – ESPECIALISTA EM DQ
UNIFESP
DOUTORANDA DO PROGRAMA DE PSIQUIATRIA E PSICOLOGIA
MÉDICA UNIFESP
DEPENDÊNCIAS NÃO QUÍMICAS…

Quando falamos em dependência, uma das primeiras coisas


que vem à nossa mente são as dependências relacionadas ao
álcool e uso de drogas e entorpecentes. Poucos colocariam em
sua lista, num primeiro momento, a compulsão por comida, o
vício por smartphones e aparelhos eletrônicos, a compulsão
por compras, desejos desenfreados por sexo (ninfomania), o
cigarro, remédios, jogos e mais uma série de outras situações.
DEPENDÊNCIAS NÃO QUÍMICAS…

Por isso, é preciso abrir o campo de visão quando se toca nesse


assunto, pois podem haver muitas outras experiências que causam
dependência, sejam elas químicas (álcool, entorpecentes, fumo,
medicamentos, etc) ou não-químicas/comportamentais (compulsão
por compras, aparelhos eletrônicos, jogos, sexo, etc). Evidentemente,
nos casos de dependência química existe o abuso de uma
determinada substância que fortalece o vício em decorrência de
interações fisiológicas no organismo do indivíduo, o que não ocorre
nos casos de dependências comportamentais. Entretanto para muitos
autores “o mecanismo do comportamento adictivo é bastante
semelhante em ambos os casos”.
DEPENDÊNCIAS NÃO QUÍMICAS…
Segundo uma especialista do instituto junguiano de Nova Iorque, a
dependência pode estar relacionada ao mito da deusa celta
Maeve. “Maeve é uma figura da mitologia cujo nome significa
‘aquela que intoxica’; a autora faz uma análise simbólica desta
figura, que, ao mesmo tempo em que traz o êxtase e a dependência
também é capaz de trazer a cura. Para ela, a dependência, seja ela
química ou comportamental, é como um espaço transicional, onde o
dependente cria um mundo ilusório, um espaço transitório entre a
vida real e suas fantasias, para não ter de encarar os problemas. E o
comportamento dependente ou o uso de substâncias seria uma
forma de encontrar um meio de dominar o medo”.
DEPENDÊNCIA QUÍMICA E NÃO QUÍMICA.
O fenômeno da dependência, seja ele químico ou não, é bastante complexo e
passível de diversas interpretações de acordo com a psicologia analítica ou
cognitivo comportamental . Porém, algo se assemelha diante dos pensamentos
de diversos autores que falam sobre o assunto. Todos relatam de alguma forma
que a dependência é uma maneira que o sujeito encontra para distanciar-se da
realidade, ou seja, fugir de um sofrimento psíquico. No entanto, essa fuga se
torna uma situação de sofrimento igual ou ainda maior, se tornando um ciclo
vicioso.
Por isso, é recomendado que a pessoa que sofre com algum tipo de
dependência busque a psicoterapia, pois nela pode-se trabalhar questões mais
profundas que não apenas o comportamento dependente, questões estas que
só virão à tona em um processo de análise. A psicoterapia pode dar forças ao
sujeito para enfrentar essas situações ao invés de fugir delas.
TRANSTORNO DO CONTROLE DOS
IMPULSOS

• Jogo Patológico
• Dependência de Sexo
• Compras Compulsivas
• Dependência de Internet
JOGO PATOLÓGICO -
É a persistência e a recorrência do comportamento de
apostar em jogos de azar, apesar de prejuízos em diversas
áreas da vida decorrentes dessa atividade. Jogadores patológicos
devem ser encorajados a procurar ajuda de tratamento
adequado. É alto o índice de comorbidades psiquiátricas.
Geralmente, o jogo começa com pequenas apostas, normalmente
na adolescência, sendo mais freqüente entre os homens. O
intervalo de tempo entre começar a jogar e a perder o controle
sobre o jogo varia de 1 a 20 anos, sendo mais comum num
período de 5 anos. É freqüente que as primeiras apostas tenham
resultado em ganho de uma quantia expressiva de dinheiro.
AS TRÊS FASES DO JOGADOR
PATOLÓGICO
• fase da vitória: a sorte inicial é rapidamente substituída pela habilidade no jogo. As vitórias
tornam-se cada vez mais excitantes e o indivíduo passa a jogar com maior freqüência, acreditando
que é um apostador excepcional. Um indivíduo que joga apenas socialmente geralmente pára de
jogar aí;
• fase da perda: a atitude de otimismo não-realista passa a ser característica do jogador patológico.
O jogo não sai de sua cabeça e ele passa a ir jogar sozinho. Depois de ganhar uma grande quantia
de dinheiro, o valor da aposta aumenta consideravelmente, na esperança de ganhos ainda maiores.
A perda passa a ser difícil de ser tolerada. O dinheiro que ganhou no jogo é utilizado para jogar
mais, em seguida, o indivíduo emprega o salário, economias e dinheiro investidos;
• fase do desespero: caracterizada pelo aumento de tempo e dinheiro gastos com o jogo e pelo
afastamento da família. Um estado de pânico surge, uma vez que o jogador percebe o tamanho de
sua dívida, seu desejo de pagá-la prontamente, o isolamento de familiares e amigos, a reputação
negativa que passou a ter na sua comunidade e, finalmente, um desejo nostálgico de recuperar os
primeiros dias de vitória. A percepção desses fatores pressionam o jogador e o comportamento de
jogar aumenta ainda mais, na esperança de ganhar uma quantia que possa resolver todos esses
problemas. Alguns passam então a utilizar recursos ilegais para obter dinheiro. Nessa fase, é
comum a exaustão física e psicológica, sendo freqüente a depressão e pensamentos suicidas.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS SEGUNDO
DSM 5
• Preocupação excessiva com o jogo;
• Necessidade de aumentar o tamanho das apostas, por
excitação;
• Esforço excessivo e sem sucesso de controlar, parar ou
diminuir as apostas;
• Inquietude ou Irritabilidade quando para de jogar;
• Tentativa de fugir de sentimentos desagravéis através do
jogo;
• Tentativa de recuperar o dinheiro perdido;
• Mentir para se manter jogando às escondidas;
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS SEGUNDO
DSM 5
• Ameaçar ou perder relacionamentos significativos, como
emprego, casamento, relação com filhos ou familiares;
• Contar com outros para prover dinheiro e aliviar sua situação
financeira desesperadora em função do jogo
ASSISTA AO VÍDEO SOBRE DEPENDÊNCIA DE JOGOS

https://youtu.be/zZSi2OtpMdo
REFERÊNCIAS:

:
1- American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental
disorders. 4th ed. Washington (DC): American Psychiatric Association; 1994.
2- FIDALGO, Thiago Marques, DA SILVEIRA, Dartiu Xavier. Manual de Psiquiatria.
São Paulo: Roca, 2010.
3- Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à
saúde, 10 revisão (CID-10), Vol !, Ed USP.
4- Kaplan & Sadock: Compêndio de Psiquiatria.
5- Internet em 15.08.2013: http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu4_05.htm.
DEPENDÊNCIA DE SEXO OU APETITE
SEXUAL EXCESSIVO
Escala de Rastreamento de Dependência de sexo (Silveira et AL, 2000):
1.Você sofreu abuso sexual quando criança ou na adolescência?
2. Você tem assinado ou comprado regularmente revistas pornográficas?
3. Seus pais tiveram problemas de ordem sexual?
4. Você frequentemente se percebe preocupado com questões sexuais?
5. Você acha que seu comportamento sexual não é normal?
6. Sua (seu) esposa (o) ou companheira (o) se preocupa ou até mesmo reclama de seu
comportamento sexual?
7. Para você, é difícil interromper seu comportamento sexual, mesmo sabendo que é
inadequado?
8. Você chega a se sentir mal por causa da sua conduta sexual?
9. Sua conduta sexual já causou problemas a você ou à sua família?
10. Você alguma vez buscou ajuda para lidar com comportamentos sexuais de que não
gostava?
11. Você já chegou a se preocupar com o fato de as pessoas descobrirem suas atividades
sexuais?
12. Alguém já se feriu emocionalmente por causa da sua conduta sexual?
13. Alguma de suas atividades sexuais é ilegal?
14. Você já prometeu a si mesmo que deixaria de fazer alguma coisa relacionada ao seu
comportamento sexual?
15. Você já fez alguma tentativa de interromper algum aspecto de sua conduta sexual e
acabou não conseguindo?
16. Você tem que esconder dos outros algum aspecto de seu comportamento sexual?
17. Você já tentou parar de fazer alguma coisa relacionada à sua atividade sexual?
18. Você já achou que o seu comportamento sexual era degradante?
19. Para você, sexo é uma forma de escapar de seus problemas?
20. Você se sente deprimido após fazer sexo?
21. Você já sentiu necessidade de deixar de praticar alguma forma de comportamento
sexual?
23. Você já manteve práticas sexuais com menores de idade?
24. Você sente que é controlado por seu desejo sexual?
25. Você sente que seu desejo sexual é mais forte do que
você?

Considera-se um provável dependente de sexo quem


responder positivamente a seis (6) ou mais questões.

O que caracteriza a dependência de sexo não é a freqüência


ou o número de parceiros, mas as características de falta de
controle e disfuncionalidade. Também são comportamentos
associados à dependência de sexo a masturbação ou mesmo o
devaneio sexual com essas características.
A SINTOMATOLOGIA CARACTERÍSTICA DA DEPENDÊNCIA DE SEXO
CONSISTE NA:
1. Necessidade de dedicação a esse comportamento por tempo, com freqüência ou em
situações progressivamente maiores para a obtenção do prazer ou alívio desejado;
2. Redução significativa do prazer ou do alívio do desconforto se mantido o mesmo padrão
inicial de dedicação ao comportamento;
3. Desconforto, ansiedade ou mal-estar físico quando impossibilitado de manter o
comportamento;
4. O comportamento é mantido como forma de aliviar o desconforto experimentado;
5. O comportamento é frequentemente mantido por maior tempo, por mais vezes ou por um
período mais longo que o inicialmente pretendido;
6. Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir, controlar ou
alterar o comportamento;
7. Gasta-se muito tempo em atividades de preparação para o comportamento (ex.: devaneios,
idas a certos locais, abordagens a pessoas), sua manutenção propriamente dita ou a recuperação
de seus efeitos (ex.: administração de dívidas, sono, tratamento de doenças adquiridas);
8. Atividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes são abandonadas em virtude da
manutenção do comportamento;
9. O comportamento é mantido apesar da consciência de que ele acarreta conseqüências
negativas relevantes físicas, psicológicas, econômicas, sociais ou familiares.
REFERÊNCIAS

1 - American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of


mental disorders. 4th ed. Washington (DC): American Psychiatric Association; 1994.
2 - FIDALGO, Thiago Marques, DA SILVEIRA, Dartiu Xavier. Manual de
Psiquiatria. São Paulo: Roca, 2010.
3 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
relacionados à saúde, 10 revisão (CID-10), Vol !, Ed USP.
4 – Internet em 15.08.2013: http://www.slaa.org.br/br/grupos.htm
COMPRAS COMPULSIVAS:
Oniomania (do grego onios, à venda, e mania, insanidade) é o termo técnico para
o desejo compulsivo de comprar, mais comumente conhecido como síndrome do
comprar compulsivo. O termo foi inicialmente utilizado por Kraepelin em 1915 e
Bleuler em 1924. Embora tenha sido descrita há mais de cem anos, só nos últimos
15 anos a doença voltou a ser estudada, o que faz com que seja virtualmente
desconhecida nas discussões sobre saúde mental. No entanto, o quadro parece
estar a aumentar globalmente já que o terreno para seu desenvolvimento é fertil
no mundo moderno, com o advento de catálogos de compras pelos correios,
canais de televisão dedicados a vendas e compras pela internet.
Os sinais e sintomas do Transtorno de Compras Compulsivas são: desejo repentino
e espontâneo de comprar, estado de provável desequilíbrio psicológico, nenhuma
preocupação com as conseqüências dessas compras, tentativa de reduzir a
tensão psicológica através do ato das compras, ato de compra como meio de
reduzir a tensão ou a ansiedade. Normalmente, a pessoa não está em busca da
posse de bens, mas sim da redução automática de um estado de tensão. A
importância está no ato de comprar, e não no bem comprado ou no ato de
adquirir o bem comprado.
É IMPORTANTE SE FAZER O DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL COM A MANIA DO TRANSTORNO
AFETIVO BIPOLAR, BEM COMO COM O COLECIONISMO
DO TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO.

O tratamento se dá através da psicofarmacoterapia,


acompanhada por médico psiquiatra, bem como através da
psicoterapia, seja ela analítica, cognitivo-comportamental ou
Gestalt-terapia, associadamente. Além disso, é necessária
uma conscientização da pessoa para a mudança de hábitos.
• Compre apenas com dinheiro e cartão de débito.
• Destrua seus cartões de crédito, deixando apenas um guardado em local seguro para o caso
de emergências
• Faça listas de compras e só compre o que está na lista
• Evite lojas em promoção. Se você for a uma, tenha a quantia certa de dinheiro que queira
gastar consigo
• Só passeie para ver vitrines quando as lojas já estiverem fechadas. Se você for passear em
lojas ou ver vitrines em horário comercial, deixe sua carteira em casa.
• Não receba catálogos de compras por telefone ou internet em casa. Se eles chegarem pelo
correio, jogue-os direto no lixo. Não assista canais de compras
• Se você for viajar para ocasiões festivas, compre os presentes e embrulhe-os antes mesmo de
sair de casa.
• Nomeie os sentimentos: porque você compra? Porque está deprimido? Porque está entediado?
Porque está se sentindo mal?
• Exercite-se quando o impulso de comprar aparecer
• Evite lugares e pessoas que fazem com que você gaste dinheiro
• Leve um amigo em quem possa confiar se tiver que fazer compras
• Pergunte a si mesmo: eu realmente preciso disto ou estou comprando só porque o quero?
• Lembre-se: se você está se sentindo fora de controle é porque realmente o está. Procure ajuda
de um profissional de saúde mental para avaliação.
REFERÊNCIAS:

American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical


manual of mental disorders. 4th ed. Washington (DC):
American Psychiatric Association; 1994.
FIDALGO, Thiago Marques, DA SILVEIRA, Dartiu Xavier. Manual
de Psiquiatria. São Paulo: Roca, 2010.
Internet em 15.08.13:
http://psiquiatriaetoxicodependencia.blogspot.com.br/2011/02/
oniomania-transtorno-do-comprar.html
DEPENDÊNCIA DE INTERNET OU
INTERNET OVERUSE OU INTERNET
ADDICTION DISORDER (IAD)
É um transtorno que abrange ainda as crianças e adolescentes, onde os
mesmos perdem o interesse pelo almoçar ou jantar à mesa com a
família, tomar banho, realizar sua higiene e necessidades básicas, bem
como de passear e se relacionar pessoalmente com amigos.
Sejam nas redes sociais ou em jogos virtuais, os adolescentes têm
perdido muitas horas do seu dia acessando a Internet.
O termo Internet Addiction Disorder foi proposto pela primeira vez em
1995 pelo psiquiatra novaiorquino Ivan Goldberg. A IADrefere-se tanto as
pessoas que se mantém conectadas à Rede por conta da necessidade
quanto àquelas que o fazem por impulso emocional.
De um modo geral, a sintomatologia que abrange este transtorno é:
• Preocupação mal-adaptativa com a Internet, indicada por, ao
menos, uma das duas circusntâncias: a) as preocupações com o
uso da Internet são sentidas como irresistíveis; b) o uso excessivo
da Internet por períodos de tempo maiores que o planejado;
• O uso da internet ou a preocupação com o seu uso causam
perturbação clinicamente significativa ou prejuízo social,
ocupacional ou em outras áreas de funcionamento importantes;
• O uso excessivo da internet não ocorre apenas durante períodos
de mania ou hipomania (do Transtorno Afetivo Bipolar) e não é
bem mais explicado por outros transtornos do eixo I do DSM-IV.
Os critérios diagnósticos de Dependência de Internet utilizados pelo
Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital
das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) são:

(1) Preocupação excessiva com a Internet;


(2) Necessidade de aumentar o tempo conectado (on-line) para ter a
mesma satisfação;
(3) Exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da Internet;
(4) Apresentar Irritabilidade e/ou depressão;
(5) Quando o uso da Internet é restringido, apresenta labilidade emocional
(Internet como forma de regulação emocional);
(6) Permanecer mais conectado (on-line) do que o programado;
(7) Ter o Trabalho e as relações familiares e sociais em risco pelo uso
excessivo;
(8) Mentir aos outros a respeito da quantidade de horas conectadas.
O diagnóstico é firmado quando o indivíduo apresenta 05 desses 08
critérios descritos.
REFERÊNCIAS

1- FIDALGO, Thiago Marques, DA SILVEIRA, Dartiu Xavier.


Manual de Psiquiatria. São Paulo: Roca, 2010.
2- Internet em 15.08.2013:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Depend%C3%AAncia_da_internet
3- Internet em 15.08.2013:
http://www.dependenciadeinternet.com.br/
OBRIGADA!!!

ariadnerf@gmail.com

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