Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
Skip to main content
O Buccolicum carmen (1362/1363) é uma das obras mais importantes de Giovanni Boccaccio (1313‑1375), não apenas porque é seu único livro de poesia em latim, mas também porque simboliza um movimento autofictício em direção a Virgílio.... more
O Buccolicum carmen (1362/1363) é uma das obras mais importantes de Giovanni Boccaccio (1313‑1375), não apenas porque é seu único livro de poesia em latim, mas também porque simboliza um movimento autofictício em direção a Virgílio. Contudo, pode parecer inusitado que Boccaccio queira concluir a sua carreira literária com o humilde gênero bucólico, ao invés do épico ou trágico. No presente estudo, examinarei a vinculação de Boccaccio àquele gênero e seu efeito na carreira do autor. Em primeiro lugar, apresentarei um breve resumo sobre a história do gênero bucólico no período medieval, destacando a importância de Sérvio, Dante e Giovanni del Virgilio. Em segundo lugar, argumentarei que Boccaccio segue parcialmente Dante e subverte a noção tradicional de um cursus virgiliano. Então, analisarei alguns relevantes intertextos entre a Epistola 23 de Boccaccio (na qual ele explica os significados de seus personagens e títulos bucólicos) e o proêmio de Sérvio ao seu comentário sobre as éclogas virgilianas. Por fim, debaterei a complexa relação de Boccaccio com o Bucolicum carmen de Petrarca, concluindo que ele, ao contrário de seu praeceptor italiano, teria adotado a opinião serviana de que as Bucólicas de Virgílio formavam um livro unitário.

The Buccolicum carmen (1362/1363) is perhaps one of Giovanni Boccaccio’s (1313‑1375) most important works, not only because it is his only book of poetry in Latin, but also because it symbolizes an autofictional movement towards Virgil. Yet, it might strike one as odd that Boccaccio seeks to culminate his literary career with the humble bucolic, rather than with the sublime epic or tragic genre. In the present study, I examine Boccaccio’s relationship with the bucolic genre and its effect on his self‑fashioned career. Firstly, I present a brief summary of the history of the bucolic genre in the Middle Ages, highlighting the importance of Servius, Dante and Giovanni del Virgilio. Secondly, I argue that Boccacciopartially follows Dante and subverts the traditional notion of a Virgilian cursus. Thirdly, I analyze some relevant intertexts between Boccaccio’s Epistola 23 (in which he explains the meanings of his bucolic characters and titles) and Servius’ Proem to his commentary on Virgil’s Eclogues. Finally, I discuss the issue of Boccaccio’s com‑plex relationship with Petrarch’s Bucolicum carmen, concluding that he, unlike his Italian praeceptor, followed the Servian opinion that Virgil’s Eclogues formed a unitary book.
Nos dois últimos livros de suas Genealogie deorum gentilium (Genealogias dos deuses gentílicos, ca. 1359-1374), após treze volumes enciclopédicos sobre os deuses e heróis da mitologia greco-romana,... more
Nos  dois  últimos  livros  de  suas Genealogie  deorum gentilium (Genealogias    dos    deuses    gentílicos,    ca.    1359-1374),  após treze volumes enciclopédicos  sobre  os  deuses  e  heróis  da  mitologia  greco-romana,  Giovanni Boccaccio expõe uma contundente defesa da poesia e dos poetas, apresentando inúmeros argumentos e exemplos para rebater seus críticos (dentre eles, teólogos, advogados  e  médicos). Particularmente no  capítulo  10  do  livro  15,  Boccaccio explica  que  todos  os  seres humanos  possuem  disposições  naturais,  incluindo uma  disposição poética;  e  que  a  consequente  diversidade  de  estudos  e  ofícios deveria  ser  exaltada,  e  não  reprovada.  Então,  Boccaccio  faz  um  relato  de  sua trajetória pessoal, revelando a inocuidade de qualquer projeto de vida que não contemple  o  desejo  de  cada  um.  Neste  material, apresentarei  uma  tradução inédita  da Genealogia 15.10  do  latim  para  o  português brasileiro,  acompanhada de uma breve introdução sobre a carreira literária boccacciana.
Research Interests:
This article aims to provide a close analysis of Tristia 3.4a, focusing on Ovid's paradoxical relationship with power (potestas) in the poem. While advising his addressee to shun ambition and keep far from all magna nomina, Ovid himself... more
This article aims to provide a close analysis of Tristia 3.4a, focusing on Ovid's paradoxical relationship with power (potestas) in the poem. While advising his addressee to shun ambition and keep far from all magna nomina, Ovid himself seems to insist on the idea that, despite his exile in the region of Pontus, his own name (i.e. his reputation) is powerful and survives in Rome. Thus, I will argue that Tristia 3.4a ultimately suggests a dualism between Ovid's name and his actual (and real) self.
Alcestus is the sixth among fifteen eclogues in Giovanni Boccaccio's Buccolicum carmen (c. 1362–63). Like most poems in this book, Alcestus presents an allegorical narrative based upon a specific historical episode. More particularly,... more
Alcestus is the sixth among fifteen eclogues in Giovanni Boccaccio's Buccolicum carmen (c. 1362–63). Like most poems in this book, Alcestus presents an allegorical narrative based upon a specific historical episode. More particularly, Alcestus takes the form of a political panegyric in honour of Louis of Taranto (the husband of Queen Johanna), who returned to Naples in 1348, after a long conflict involving a vendetta for the murder of Andrew of Hungary (Johanna's first husband), in 1345. This article aims to offer, first, an overview of Boccaccio's Alcestus; and then, provide a closer examination of this work. Taking into consideration its historical background, as well as its literary strategies, I will focus on the different kinds of shifts that emerge in the text – from winter to spring, absence to return, sorrow to happiness, and peace to fear. As I will try to demonstrate, these shifts, besides reflecting the political instability that marked the Neapolitan Trecento, also reveal Boccaccio's literary models for this eclogue – mainly Virgil's Eclogues 5 and 8.
A Bucólica 10 é possivelmente uma das éclogas mais prestigiadas de Virgílio. Particularmente nas últimas décadas, estudiosas e estudiosos têm se interessado em analisar as mesclas genéricas e os elementos metaliterários que caracterizam... more
A Bucólica 10 é possivelmente uma das éclogas mais prestigiadas de Virgílio. Particularmente nas últimas décadas, estudiosas e estudiosos têm se interessado em analisar as mesclas genéricas e os elementos metaliterários que caracterizam aquela composição. Contudo, um ponto importante parece ter sido ainda pouco explorado, a saber, o da interação entre as camadas de realidade, ficção e autoficção no texto virgiliano. Em vista disso, o presente artigo se propõe a apresentar um breve comentário da Bucólica 10, somando àquele extenso debate de gêneros uma reflexão acerca dos efeitos de real, fictício e autofictício depreendidos do poema.
Resumo: O poema I.20 de Propércio é frequentemente apontado pelos críticos como uma composição complexa, ou mesmo obscura. Nessa elegia de 52 versos, Propércio, lidando com matéria pederástica, alude ao episódio do rapto de Hilas, e traça... more
Resumo: O poema I.20 de Propércio é frequentemente apontado pelos críticos como uma composição complexa, ou mesmo obscura. Nessa elegia de 52 versos, Propércio, lidando com matéria pederástica, alude ao episódio do rapto de Hilas, e traça um paralelo entre o famoso mito e a atual situação vivenciada por Galo no plano amoroso. Ao fazer isso, Propércio recorre a diversos elementos típicos de um locus amoenus, de modo a descrever o lugar onde os eventos narrados transcorrem. Na verdade, uma análise atenta mostra como essa tópica também recebe um tratamento metapóetico, na medida em que certos vocábulos e imagens a ela associados parecem remeter diretamente ao gênero elegíaco. O presente artigo consistirá numa breve apresentação do mencionado poema, enfocando particularmente o motivo do cenário aprazível, em sua relação com a elegia e com outros gêneros poéticos. Palavras-chave: Propércio I.20; elegia; locus amoenus; mito de Hilas; metapoesia.
Research Interests:
Datada de 1367, Olympia é a décima quarta écloga, dentre outras quinze, incluída no Buccolicum carmen (c. 1346-1367) de Giovanni Boccaccio. Conforme o próprio poeta declara a Martino da Signa (Epist. XXIII), essa coletânea tem como modelo... more
Datada de 1367, Olympia é a décima quarta écloga, dentre outras quinze, incluída no Buccolicum carmen (c. 1346-1367) de Giovanni Boccaccio. Conforme o próprio poeta declara a Martino da Signa (Epist. XXIII), essa coletânea tem como modelo as Bucólicas de Virgílio. No entanto, particularmente em Olympia - poema que trata do encontro sobrenatural entre o personagem Sílvio e o espírito de sua filha morta - nota-se que Boccaccio também recorre a outros gêneros poéticos e tradições, incorporando, por exemplo, elementos da elegia e da epopeia àquela moldura pastoril virgiliana. Pensando nisso, neste trabalho iremos apresentar, além da primeira tradução anotada do poema latino para o português, um estudo enfocando a intertextualidade em Olympia, sendo a relação desta com Virgílio, sobretudo com o livro VI da Eneida, nossa principal meta. Assim, no primeiro capítulo buscamos pincelar breves comentários a respeito das edições, traduções e manuscritos do Buccolicum carmen e de Olympia; de dados essenciais sobre Boccaccio e de sua produção em latim; da nossa metodologia, pautada em questões sobre intertextualidade, arte alusiva, memória poética, recepção e tradição nos estudos clássicos; e, por fim, de informações gerais e questionamentos acerca da écloga em apreço. No segundo capítulo estarão nossas análises propriamente ditas, centradas na presença de diferentes gêneros poéticos em Olympia ¿ bucólico, elegíaco e épico, nessa ordem. Para tanto, iniciaremos cada tópico com uma discussão sobre o estatuto e as características fundamentais da écloga, da elegia e da epopeia, na Antiguidade latina e no Renascimento, tecendo comentários sobre os intertextos encontrados com o poema boccacciano. No terceiro e último capítulo, com base na metodologia, nas reflexões e hipóteses exploradas nos capítulos precedentes, apresentaremos nosso estudo comparativo das passagens em que se descreve o Elísio, paraíso mítico, na Olympia de Boccaccio e no livro VI da Eneida de Virgílio.
Research Interests:
Research Interests: