Motricidade
2013, vol. 9, n. 2, pp. 95-106
© FTCD/FIP-MOC
doi: 10.6063/motricidade.9(2).2671
A importância do desporto de alto rendimento na inclusão social
dos cegos: Um estudo centrado no Instituto Benjamin Constant
- Brasil
The importance of high performance sports in social inclusion of blind
people: A study centered on Benjamin Constant Institute - Brazil
R. Pereira, R. Osborne, A. Pereira, S.I. Cabral
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
RESUMO
A população de pessoas deficientes vem crescendo a cada dia, gerando problemáticas sociais que
interferem diretamente na qualidade de vida deste segmento. O objetivo dessa pesquisa foi investigar
o esporte de alto rendimento como contribuição para inclusão social de atletas cegos do Instituto
Benjamin Constant. Observou-se que os alunos egressos do Instituto, até duas décadas atrás, não davam
prosseguimento aos seus estudos, embora gozassem de oportunidade igualitária e constitucional como
cidadão brasileiro. Foram entrevistados dez atletas cegos egressos do Instituto, que estudaram entre
1994 e 1998, tendo na época da pesquisa a condição de atletas de alto rendimento e ao mesmo tempo
cidadãos, que trabalham, estudam e são independentes. A pesquisa utilizou o método qualitativo,
empregando como instrumento de investigação a entrevista semi-estruturada (Flick, 2005; Ruquoy,
2005). Para tratamento dos dados utilizou-se a técnica de “Análise de Conteúdo” (Minayo, Deslandes,
Neto, & Gomes, 2002). Os resultados foram organizados em torno de três categorias: a importância do
esporte, orientação e mobilidade, e a vida antes e depois de ser atleta. A pesquisa concluiu que o esporte
de alto rendimento contribuiu para a inclusão social de todos os entrevistados. Seus depoimentos
responsabilizam o esporte como fator primordial para realização de parte de seus ideais, sugerindo esta
prática em todas as instituições de ensino especial.
Palavras-chave: cegos, esporte, inclusão social
ABSTRACT
The population of disabled people is growing each day, producing social problems that interfere
straightly in the capacity of life of this segment. The objective of this inquiry was to investigate the
high performance sport as a contribution for social inclusion of blind athletes of the Benjamin Constant
Institute. It was observed that the previous students of the Institute, up to two decades before, did not
proceed in their studies, although they had egalitarian and constitutional opportunity as a Brazilian
citizen. Ten blind athletes, previous students of the Institute from 1994 to 1998, were interviewed. They
had, at the time of the research, the high performance athletes’ condition and were at the same time
citizens, who work, study and are independent. The inquiry used the qualitative method, employing the
semi-structured interview as the instrument of investigation (Flick, 2005; Ruquoy, 2005). The “Content
Analysis” technique was used to treat the data (Minayo et al., 2002). The results were organized around
three categories: the importance of the sport, orientation and mobility, and life before and after being
an athlete. The inquiry concluded that high performance sport contributed to the social inclusion of all
the interviewed ones. His testimonies hold the sport responsible as a primordial factor for realization of
part of his ideals, suggesting this practice in all the institutions of special teaching.
Keywords: blind men, sport, social inclusion
Submetido: 24.01.2012 | Aceite: 24.08.2012
Ramon Pereira, Soraia Izabel Cabral. Instituto Benjamin Constant, Rio de Janeiro, Brasil.
Renata Osborne. Universidade Salgado de Oliveira, São Gonçalo, RJ, Brasil.
Antonino Pereira. Escola Superior de Educação de Viseu, Viseu, Portugal.
Endereço para correspondência: Antonino Pereira, Escola Superior de Educação de Viseu, Rua Maximiano Aragão,
3504-501 Viseu, Portugal.
E-mail: apereira@esev.ipv.pt
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A sociedade muitas vezes valoriza de tal
atraso no desenvolvimento cognitivo e psico-
forma a aparência das pessoas, que a sua
motor, confirmando a maior perda no período
essência fica em segundo plano. Quintão
sensório-motor, pela necessidade de interagir
(2005) e Rechineli, Porto, e Moreira (2008)
com o ambiente que o cerca.
retratam bem esta ideia descrevendo a impatia
Outros autores destacam a importância da
da sociedade quando deparada com a defor-
prática esportiva durante a primeira fase de
midade de um corpo, sendo esta uma das
vida do cego, sendo esta primordial para a sua
primeiras barreiras a serem ultrapassadas.
relação com o psiquismo e o desenvolvimento
Assim sendo, as conquistas alcançadas pelas
cognitivo, diretamente relacionado na sua
pessoas deficientes têm se arrastado através
conduta na fase adulta (Martín & Bueno, 1997;
de muitas décadas. No caso específico do defi-
Rechineli, Porto, & Moreira, 2008).
ciente visual no Brasil, foi o Instituto Benjamin
Cratty e Thereza (1984) estudaram o
Constant (IBC) que em 1854 deu início ao
comportamento de uma menina cega com seu
atendimento educacional dos cegos deste país
irmão gêmeo, normovisual. Perceberam que
e o faz até os dias de hoje (Vieira, 1998). Entre-
a irmã cega não teve oportunidade de receber
tanto, apesar deste avanço nota-se que persiste
informações sobre seus atributos motores,
ainda algumas barreiras que precisam ser remo-
constatadas na investigação através de testes
vidas. É o caso, por exemplo, da inclusão social.
motores e cognitivos. Para Rechineli e cola-
Por muitos anos, os alunos que concluíam o
boradores (2008) uma boa imagem corporal é
primeiro grau (oitava série), não tinham pers-
essencial para uma efetiva capacidade motriz.
pectiva de vida fora da instituição, consequen-
Contudo a prática esportiva desenvolvida
temente permaneciam vagando durante o dia
por atletas cegos é pouco conhecida pela socie-
nos corredores e bancos do IBC, voltando para
dade, sendo este um dos caminhos investigados
suas casas durante a noite, regressando para o
por Pereira (2008) para a inclusão desta clien-
IBC ao amanhecer. A grande maioria vivia de
tela nas discussões sobre o Desenvolvimento
esmolas e benefícios do governo. Apenas um
Sustentável. Além disso, este entre outros
reduzido contingente dava prosseguimento aos
estudos apontam para os benefícios da prática
seus estudos e a concluía cursos de qualificação
esportiva no desenvolvimento motor e cogni-
(Vieira, 2006).
tivo do cego, refletindo ainda na qualidade de
Portanto, dois pontos são primordiais para
melhor entendimento sobre inclusão social
vida e no cotidiano dessas pessoas (Pereira,
2008; Maciel, 2001; Rechineli et al., 2008).
e esporte para pessoas cegas, sendo estes: a
Nesse sentido, o estudo de Monteiro (1999)
imagem do “eu” para o cego e a relação esporte
utilizou vinte e quatro indivíduos cegos congê-
/ cego. A não aceitação de um indivíduo em um
nitos, praticantes e não praticantes de atividade
grupo, em muitos casos, tem sua origem na
física. Chegou à conclusão que os indivíduos
rejeição pessoal, acarretando obstáculos para
praticantes de atividade física possuíam uma
a sua sociabilização (Maciel, 2001; Quintão,
influência positiva na amplitude da passada,
2005; Ribeiro, 2003). Os mesmos afirmam
melhor desenvolvimento da orientação espacial
que quando uma pessoa cega não tem conhe-
e melhor conhecimento do próprio corpo.
cimento do seu potencial, nem da estrutura do
Outro estudo sobre os benefícios da ativi-
seu corpo, seu relacionamento com a sociedade
dade física para cegos foi realizado em Porto
torna-se muito mais difícil.
Alegre - Rio Grande do Sul. Ribeiro (2003)
Para Martín e Bueno (1997) existe uma defa-
estudou duas pessoas cegas, uma de cada sexo,
sagem na primeira infância de uma criança cega
concluindo que a atividade física diminuía o
em relação a uma criança normal. Nota-se um
nível de depressão e ansiedade, contribuindo
Importância desp. alto rend. incl. social cegos | 97
para a melhora na auto estima. Brancatti, Viana,
sucesso e superar os seus limites (DePauw &
e Vilela (2001) fizeram um estudo similar em
Gavron, 2005). Por outro lado, estes despor-
Presidente Prudente, São Paulo, chegando a
tistas funcionam como modelo de superação
mesma conclusão.
para outros indivíduos com deficiência, estimu-
Outra justificativa para a importância da
lando-os na busca de soluções para ultrapassar
prática esportiva para cegos é o trabalho com a
as suas próprias barreiras, facilitando a inte-
reabilitação de pessoas que ficam cegas, na fase
gração na sociedade (Winnick, 2005; Woods,
adulta e são atendidas no IBC. Nesta recons-
2008).
trução social a prática esportiva se faz presente
A prática esportiva contribui para a sociabi-
com grande êxito, por caracterizar atividades
lização da pessoa com deficiência na medida em
grupais, acessíveis a todos e melhorando a auto
que facilita a comunicação, a realização pessoal,
estima.
a auto-imagem, o auto-conceito e a autonomia,
Franco (2001) relata que a reabilitação de
além de relativizar as suas limitações, uma vez
uma pessoa cega, será uma reorganização total
que valoriza e divulga as suas capacidades físicas.
de sua vida, diante da perda deste sentido. Esta
Promove assim uma acentuação das capacidades
reorganização implica na readaptação física,
em desfavor das limitações. O desporto também
psicológica, social e profissional como um todo,
reforça a auto-estima, dando-lhe alegria de viver,
e durante este processo vivência momentos
melhorando a qualidade de vida, favorecendo a
de revolta, ansiedade, angústia e negação da
comunicação e o convívio social.
deficiência sem esperança de cura e descreve a
Vários autores (Bento, 2004; Bodas, Lázaro,
importância da prática esportiva neste processo
& Fernandes, 2007; Garcia & Lemos, 2005;
de reabilitação.
Marques, Castro, & Silva, 2001; Winnick,
Para Guaragna, Pick, e Valentini (2005)
2005) evidenciam os benefícios psicológicos,
e Rechineli et al. (2008) o desenvolvimento
físicos, fisiológicos, sociais, entre outros, do
social origina-se na prática esportiva, desenvol-
desporto para a pessoa com deficiência.
vendo habilidades de comunicação, na troca de
Hamel (1992) e Sherrill (1986) alertam
idéias e na superação das dificuldades, refor-
para este envolvimento do esporte praticado
çando a confiança.
por pessoas deficientes e o esporte praticado
Guaragna et al. (2005) crêem na prática
por atletas convencionais. Os autores afirmam
esportiva como ferramenta para aperfeiçoar as
a contribuíção satisfatória na troca de atitudes
relações sociais entre as crianças, diminuindo as
sobre a capacidade das pessoas deficientes
atitudes auto agressivas, percebidas geralmente
perante a sociedade.
após frustrações, rejeições, ansiedade e tensão.
A prática esportiva para pessoas com defi-
Desta forma, percebemos que a prática
ciência procura também o rendimento. O trei-
esportiva contribui na melhoria de vários
namento de alto rendimento para deficientes
aspectos, em todas as faixas etárias (Guaragna
carreia consigo metas facilitadoras de proble-
et al., 2005; Labronici, Cunha, Oliveira, &
máticas sociais, tais como conscientizar a socie-
Gabbai, 2000; Pereira, 2008; Rechineli et al.,
dade para a inclusão, com ações voltadas para a
2008; Vieira, 2006), principalmente sendo utili-
qualidade de vida, a superação do preconceito e
zada para o benefício social da população de
o cultivo da solidariedade.
deficientes visuais no Brasil.
West (1994) e Nixon (1989) reforçam este
A prática esportiva de alto rendimento
pensamento exemplificando provas com a
proporciona oportunidades para o indivíduo
participação de atletas convencionais e atletas
deficiente desenvolver as suas potenciali-
em cadeiras de rodas. Os autores citam a Mara-
dades, sentir alegria e prazer, experimentar o
tona de Boston e a Maratona de Nova York, cuja
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participação conjunta oportuniza a inclusão, mas
contexto social brasileiro atual.
chamam a atenção que esta ideia ainda encontra
O IBC é um órgão da administração direta
resistência por parte da organização destes
do Ministério de Educação do Brasil, tendo
eventos, baseado em questões de segurança.
a competência, dentre outras, de promover a
Brasile
(1990)
reforça
que
as
provas
educação de deficientes visuais e cegos, visando
conjuntas, com deficientes e não deficientes,
possibilitar o pleno exercício da cidadania e o
devem ser valorizadas pela possibilidade dos
resgate da imagem social desses indivíduos.
benefícios de reintegração social. Concordamos
Foi relevante neste estudo dar “voz” ao
com o valor das provas conjuntas, mas enten-
grupo de atletas cegos do IBC, nos aspectos
demos que a competição envolve comparação
positivos e negativos de suas vidas com relação
e nesse caso os deficientes estão em desvan-
à inclusão social, oportunizando investigar a
tagem em relação aos não-deficientes, sendo
sua capacidade de participação.
impossível aferir quem são os melhores. Nas
Nessa perspectiva, optamos pela utilização
provas conjuntas o deficiente será reconhecido
de uma metodologia de perfil qualitativo uma
por sua participação, mas não tem a chance de
vez que, devido às suas potencialidades (Denzin
ser o vencedor. Só em condições semelhantes
& Lincon, 2000; Strauss & Corbin, 1998), pode
aos oponentes é possível vivenciar a vitória, de
proporcionar um conjunto de dados que nos
acordo com marcas e resultados.
ajudem a compreender as percepções e enten-
O ícone do desporto de alto rendimento
para deficientes é a Paraolimpíada, sendo esta
dimentos que estes atletas apresentam relativamente a sua inclusão social.
uma conquista para o segmento, demonstrando
Na tentativa de possibilitar um melhor
ao mundo o potencial dos deficientes. Portanto
entendimento e através da convivência de parte
é uma oportunidade ímpar de mostrar uma
dos autores desta investigação há mais de uma
imagem positiva para seus pares, que ainda
década e meia no IBC, notando a diferença
sentem vergonha de suas deficiências (Vieira,
entre alunos cegos e os atletas cegos, no que diz
2006).
respeito as suas vidas, este estudo surgiu com a
No Paraolimpismo, as ideias de rendimento
indagação: qual a importância do desporto de
e de superação estão igualmente representadas,
alto rendimento para os atletas cegos do IBC na
constituindo um verdadeiro apelo à máxima
inclusão social?
citius, altuis, fortius (mais veloz, mais alto e mais
Com esta indagação surge o objetivo geral,
forte). A pessoa com deficiência ao superar-se
sendo este: investigar como o esporte de alto
está igualmente vencendo preconceitos e tabus.
rendimento melhorou a qualidade de vida e
Tal como afirmam Garcia e Lemos (2005), tem
facilitou a inclusão social desses indivíduos na
pela frente um duplo desafio. O primeiro é o
sociedade brasileira.
ato de praticar uma atividade física com poucas
A pouca bibliografia existente com o tema
oportunidades e o segundo treinar cada vez
desta investigação e ao mesmo tempo relevante
mais para superar seus adversários.
socialmente para o segmento em questão, opor-
Na perspectiva de melhorar a qualidade de
vida das pessoas cegas, usando como amostra
tuniza as instituições educacionais utilizar deste
meio para inclusão social das pessoas cegas.
atletas do Instituto Benjamin Constant (IBC),
Desta forma, esperamos os resultados
esta investigação estudou a relação do esporte
dessa pesquisa sirvam para incentivo de ações
como fator transformador na vida dessas
voltadas para o desporto para deficientes,
pessoas, direcionando-os para a sociabilização,
fazendo deste uma ferramenta para inclusão
assim como a aceitação de suas deficiências,
social, já que no Brasil esta prática é muito
sendo este um dos maiores problemas do
difundida.
Importância desp. alto rend. incl. social cegos | 99
MÉTODO
Amostra
mento, o Brasil ficou em nono lugar na última
Paraolimpida (2008), dentre 142 países e foi
Este artigo decorre de um projeto de pesquisa
o campeão no último Parapanamericano, em
de Mestrado em Ciências da Atividade Física da
Guadalajara – México (2011), ficando a frente
Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)
de potências esportivas como Estados Unidos
no Brasil. O local da pesquisa foi o IBC, Refe-
e Canadá. No judô masculino temos o atual
rência Brasileira nas questões da pesquisa,
campeão Mundial e Paraolímpico; no futebol
aprendizagem e fomento do desenvolvimento
somos Campeões Mundiais (1998, 2000 e
integral dos cegos e deficientes visuais.
2010), Paraolímpicos (2004 e 2008) e Paname-
Nesta pesquisa foram entrevistados dez
ricanos (2007 e 2011); no atletismo temos o
alunos cegos egressos IBC, do sexo mascu-
recordista mundial nos 100 e 200 metros rasos,
lino, que vivem nos subúrbios do Município do
e a campeã Paraolímpica (2008) das mesmas
Rio de Janeiro, selecionados a partir dos seus
provas, além de disputarmos grande parte das
momentos atuais, isto é, levando em conta
finais nos esportes individuais destes campeo-
sua formação, comprometimento trabalhista
natos.
e a satisfação em suas realizações atuais, com
média de faixa etária de 32.5 + 7.5 anos.
Enfim, esta amostra faz parte de um grupo
de atletas que representam o Brasil em compe-
Os participantes fazem parte de Associações
tições internacionais, oriundos do IBC, contri-
que disputam os campeonatos organizados pela
buindo com seus depoimentos para esclarecer
Confederação Brasileira de Desporto de Defi-
a importância do esporte em suas vidas e a
cientes Visuais (CBDV) desde 1994, nas moda-
relação deste com a inclusão social.
lidades de natação, atletismo, futebol cinco,
judô, xadrez e goalball (esporte específico para
deficientes visuais).
Instrumentos
O instrumento utilizado foi a entrevista
Para definição dos atletas cegos, utilizou-
semi-estruturada, que envolve perguntar ques-
-se a classificação oftalmológica da CBDV, que
tões previamente estabelecidas, assim como
é instituída pela Associação Internacional de
questões formuladas no momento da entrevista
Esporte para Cegos (IBSA), para legitimar ou
(Creswell, 1994; Flick, 2005; Minayo et al.,
não a participação de um atleta deficiente visual
2002; Neto, 2002; Ruquoy, 2005).
e cego, nas competições oficiais nacionais e
O guião da entrevista foi realizado em uma
internacionais. Os participantes deste estudo
pesquisa de Mestrado (Pereira, 2008), a partir
são atletas B1(cegos), sendo que 70% adquiriu
dos objetivos específicos da pesquisa, que
a cegueira através do glaucoma e 40% é cego
eram: 1) investigar como o esporte promoveu
congênito e 60% ficaram cegos com idade
a inclusão social do deficiente visual do IBC; 2)
média de 10 + 2 anos .
destacar quais foram as principais diferenças
A maioria dos atletas entrevistados fazem
entre a vida antes e depois da prática de esporte
parte da equipe de Futebol de 5 do IBC, com
de alto rendimento; 3) investigar a influência
alguns integrantes das equipes de goalball, atle-
do esporte na qualidade de vida dos partici-
tismo e natação. Parte desta amostra representa
pantes do estudo 4) apontar quais os benefícios
o Brasil em campeonatos internacionais, como
que o conceito de Desenvolvimento Sustentável
as Paraolimpiadas, Mundiais e Parapanameri-
(DS) trouxe ou trará para sua vida; e 5) mostrar
canos.
qual é o papel do deficiente visual nas discus-
Hoje, em um panorama mundial do esporte
para deficientes visuais, o Brasil está entre as
nove maiores potências. A título de esclareci-
sões sobre o DS. Porém, neste artigo, excluímos
a temática do desenvolvimento sustentável.
Seus requisitos foram elaborados de acordo
100 | R. Pereira, R. Osborne, A. Pereira, S.I. Cabral
com vários autores (Bogdan & Birklen, 1994;
a devida autorização no ambiente do treina-
Ghiglione & Matalon, 2001; Quivy & Campe-
mento específico de cada atleta, sendo trans-
nhoudt, 1998; Ruquoy, 2005). Para aprimora-
critas e lidas a posteriori aos entrevistados, que
mento do guião da entrevista Pereira (2008)
pouco as modificaram. A transcrição dessas
realizou um estudo piloto com dois alunos
entrevistas constituiu o corpus de análise deste
atletas do IBC, que participaram do Campeo-
estudo.
nato Brasileiro de Futebol 5 em Campina
Grande - Paraíba.
A técnica de tratamento das informações
foi a “Análise de Conteúdo” através das entre-
Após este processo procedemos a determi-
vistas, classificadas em categorias, seguindo
nados ajustamentos. Verificado que não havia
as orientações de Minayo, Deslandes, Neto, e
mais dúvidas sobre o que se pretendia, elaborou-
Gomes (2002) de formular categorias iniciais
-se a versão final da entrevista. Antes da sua apli-
antes do trabalho de campo e reformulá-las na
cação aos sujeitos do estudo, o guião da entre-
fase de coleta e análise dos dados.
vista foi submetido a um grupo de professores
Para formular as categorias utilizamos
do ensino superior, habituados a lidar com este
primeiro a análise cross-question, que analisa
tipo de instrumento, que o sancionou. A entre-
cada entrevista individualmente provendo ao
vista foi então aplicada aos dez atletas, partici-
pesquisador uma ideia da complexidade de
pantes da pesquisa (Pereira, 2008).
cada entrevista. Após essa etapa, utilizamos a
análise cross-interview, visando comparar as
Procedimentos
Para ordenar os procedimentos metodológicos adotados na presente investigação,
entrevistas para encontrar as similaridades e
diferenças entre as respostas dos entrevistados
(Mayring, 1994, citado por Schilling, 2006).
utilizou-se as orientações de Alves-Mazzotti
A redução dos dados também chamada de
e Gewandsznajder (2004), Flick (2005) e
condensação dos dados é uma forma de análise
Thomassim (2007). Nesse sentido, as entre-
que separa, seleciona, sintetiza e organiza. A
vistas foram feitas no ambiente de treinamento
exposição dos dados consiste em organizar de
dos entrevistados, compreendendo ginásios,
uma forma compacta um conjunto de informa-
piscinas, pistas de atletismo, mas de forma reser-
ções (Miles & Huberman, 1994). Com esses
vada para não sofrer nenhum tipo de influência
dois princípios foi criado um quadro com cate-
externa e ao final de seus treinamentos.
gorias e sub-categorias, que serviu para visua-
Para maior confiabilidade do estudo, foram
lizar o conjunto de resultados da pesquisa, dos
seguidas as sugestões de Alves-Mazzotti e
quais para esse artigo selecionamos três sub-
Gewandsznajder (2004) e Thomassim (2007)
-categorias.
no que diz respeito ao esclarecimento das incli-
Ao analisarmos as entrevistas efetuadas
nações do pesquisador e a verificação dos parti-
aos atletas cegos, as ideias que encontramos
cipantes. O estudo seguiu a Resolução 196/96
presentes de uma forma bem clara, são «a
do Conselho Nacional de Saúde do Brasil que
importância do esporte», «o esporte e a orien-
informa sobre as diretrizes e normas regula-
tação e mobilidade» e «a vida antes e depois de
mentadoras de pesquisas envolvendo seres
ser atleta». Estas ideias ou mensagens transpa-
humanos. Considerando o deficiente visual
recem em muitas das “falas” dos entrevistados
independente e capaz, em vários aspectos da
emergindo assim como categorias decisivas
vida cotidiana, o termo de consentimento livre
deste estudo. Estas, no seu conjunto, definem o
e esclarecido foi confeccionado em Braille, para
quadro de preocupações, valores e atitudes que
maior independência dos entrevistados.
configuram a inclusão social destes atletas.
Todas as entrevistas foram gravadas com
Importância desp. alto rend. incl. social cegos | 101
RESULTADOS E DIScUSSãO
A importância do esporte
de alçar vôos mais altos, vislumbrando novos
desafios que se tornarão conquistas no futuro.
Para melhor entendimento sobre o estudo,
Para pessoas portadoras de deficiência visual
investigou-se a importância do desporto na vida
foi muito importante eu me inserir no contexto
dos atletas cegos de alto rendimento do IBC,
esportivo, isso me fez ver a vida com outros
partindo, daí, para outros questionamentos.
olhos, sem trocadilhos, mas foi um recomeço
Todos deram grande relevância a prática espor-
de um modo geral. A partir daí, eu comecei a
tiva, confirmando alguns estudos (Guaragna et
evoluir como pessoa, como cidadão e como ser
al., 2005; Ruquoy, 2005; Vieira, 2006). O entre-
humano também.”
vistado 1 falou da seguinte forma:
Os entrevistados 6, 8, 9 e 10 responsabi-
“a prática esportiva melhorou o meu desen-
lizam o esporte como principal responsável para
volvimento psicológico, meu desenvolvimento
melhoria da auto-estima, como nos estudos de
intelectual, meu desenvolvimento de percepção
Guaragna et al. (2005), Labronici et al. (2000)
de espaço, enfim todas as minhas faculdades,
e Rechineli et al. (2008).
sejam elas físicas ou mentais”.
No depoimento do entrevistado 6 declara
Os entrevistados 2 e 3 foram apontaram
ter sido um menino amedrontado por ficar
para outro benefício da prática esportiva, a
cego e conseqüentemente diferente de todos
orientação e mobilidade. O seu exercício facilita
os outros da sua vizinhança. Através do esporte
a “independência” da pessoa cega na sua rotina
ele aprendeu a aceitar a ausência da visão, reali-
diária nos locais de sua convivência.
zando seus sonhos infantis. Ele narra assim:
Tão importante quanto a locomoção facili-
“O esporte ajuda na auto-estima. Quando eu
tada, foi a declaração do entrevistado 3 sobre a
me vi cego [...] fiquei muito triste e era muito
contribuição do esporte para melhoria do rela-
pequeno. Eu não conseguia entender porque
cionamento interpessoal, frisando: “o esporte
as pessoas enxergavam e eu não. Aquele medo
nos ensina no dia a dia, como lidar com as
de você ser o único diferente do mundo. Estu-
pessoas. A gente acaba conhecendo muita gente
dando no Benjamin (IBC) passei a conhecer o
e sabendo lidar com as mais diversas pessoas”.
esporte, percebendo que eu não só poderia ser
A declaração do entrevistado 5 mostrou um
feliz, como útil. [...] com o treinamento passei
exemplo de superação. Este entrevistado ficou
a competir concretizando a afirmativa que o
cego na fase adulta, através de um acidente
esporte abriu as portas para mim.”
automobilístico e teve que reeducar sua vida
O entrevistado 7 correlaciona a prática do
com ausência da visão. Com bastante afinidade
esporte como motivador e disciplinador de suas
neste assunto Labronici et al. (2000), comenta
ações em sua vida. Relata que através da disci-
que a prática esportiva direciona para uma
plina dos treinamentos, o esporte conscientiza
melhor integração social e melhor aceitação da
o atleta a respeitar o próximo, a conquistar os
deficiência.
seus sonhos e interagir com o próximo. Para
Ele declara o esporte oportunizando-o a
Quintão (2005), a sociedade percebe na pessoa
situações que quando era normovisual nunca
deficiente o sinônimo de incapaz, o que pouco
imaginou em realizar. Ele descreve:
percebemos é que todos nós somos imperfeitos.
“o esporte deu um incentivo para lutar por
Tal como nos diz Bento (2004, p.85), “chamam-
aquilo que eu desejo; por traçar metas a serem
-lhes deficientes e, ao dizê-los assim, julgam-se
alcançadas efetivamente e lutar por aquilo que
normais os que o não são. Mas não. São atletas
eu sonho. Quando nós fomos inseridos no
e homens especiais. Porque deficientes somos
contexto de competições, você consegue obter
todos nós”.
vitórias e conquistas, percebendo que é capaz
102 | R. Pereira, R. Osborne, A. Pereira, S.I. Cabral
O esporte e a orientação e mobilidade
A
pesquisa
investigou
a
questão
a independência. Porque saímos da ‘saia da
do
mãe’ para você fazer as coisas sozinho. [...] e
esporte como contribuição para “indepen-
no esporte, eu comecei a desenvolver a motri-
dência” do cego, tendo a orientação e mobili-
cidade, o intercambio, a independência e até a
dade como uma meta a ser alcançada. Desta
melhorar a minha auto-estima [...] através das
forma, perguntou-se se o esporte possibilita
competições esportivas, percebia que existia
a melhoria da orientação e mobilidade, sendo
outros cegos que eram independentes e certa-
esta uma condição básica para independência
mente eu me cobrava para ser como eles. Essa
nos ambientes em que transita. A resposta foi
experiência de perceber que existem outros
unânime em afirmar grandes melhorias.
cegos que são independentes, trabalhando,
O entrevistado 1 acrescentou que através da
tendo suas famílias e felizes, certamente foi um
prática esportiva de alto rendimento melhorou
marco em minha vida, que o esporte propor-
a sua orientação e mobilidade, possibilitando
cionou.”
melhor domínio sobre seu corpo. Ele afirmou
O entrevistado 9 conseguiu distinguir o seu
que a partir desta prática, conheceu melhor
estado sedentário antes da prática esportiva. A
suas limitações e conseguiu acompanhar suas
partir dos treinamentos, ele afirmou ter melho-
progressões funcionais. Finalizou a declaração,
rado a qualidade de vida, a independência, a
dizendo:
auto-estima e a orientação e mobilidade; talvez
“se eu tenho a capacidade de jogar bola, de
o mais importante foi a perda do medo em soli-
pular em uma piscina e correr numa pista de
citar informações e ajuda. Neste trecho de sua
atletismo, eu tenho totalmente a capacidade de
entrevista ele descreveu:
sair numa rua e chegar a um lugar que eu quero
“com os treinamentos eu achei que comecei
chegar, sozinho ou com o mínimo de ajuda
a ter uma qualidade de vida melhor, mais
possível; isso graças ao esporte”.
animado, mais independente, inclusive na
Dando a mesma importância a prática
melhoria da minha orientação e mobilidade,
esportiva o entrevistado 2 declarou que nunca
sendo esta essencial para o meu deslocamento
precisou fazer uma aula de orientação e mobili-
nas ruas do Rio de Janeiro. [...] Pelo esporte
dade, pois a prática esportiva lhe proporcionou
ser disciplinador você acaba transferindo para
esta habilidade, contribuindo para sua indepen-
seu dia a dia facilitando a execução de nossas
dência. Citou como exemplo o atravessar a rua
tarefas. No nosso caso especifico, quando
e descreveu:
começamos a andar sozinhos, existe uma certa
“as travessias são movimentadas, e é óbvio
restrição em pedir ajuda e o esporte ensina a
que as pessoas avançam em grupos numerosos,
viver em conjunto, ajudando uns aos outros,
não permitindo que os carros avancem o sinal;
quebrando esta dificuldade gerada através da
então, pela audição e por tudo que a gente
inibição, solucionada muitas vezes em solicitar
desenvolve no esporte, atravessamos numa
uma informação no ponto do ônibus, o que
boa a rua, até sem ter uma pessoa diretamente
antes esperávamos que alguém prestasse este
nos auxiliando, e isso é uma forma de indepen-
atendimento.”
dência”.
Autores como DePauw e Gavron (2005),
O entrevistado 8 deixou bem claro a
Guaragna et al. (2005), Lieberman (2005),
melhoria da sua orientação e mobilidade, sendo
Nuernberg (2008), Rechineli et al. (2008) e
muito enfático na contribuição do esporte nesta
Vieira (1998) reconhecem estas dificuldades e
aquisição pessoal, a independência parcial de
sugerem a prática esportiva como meio dinami-
sua locomoção, relatando:
zador de vários benefícios para o cego.
“O esporte me proporcionou inicialmente
Importância desp. alto rend. incl. social cegos | 103
A vida antes e depois de ser atleta
os desafios de pessoas deficientes, apresentam
Sobre a diferença entre antes e depois de
como um deles o reconhecimento como
serem atletas de alto rendimento, todos enfa-
cidadão, e sugerem que os órgãos governa-
tizaram a questão das melhorias individuais
mentais tenham o mínimo de convivência com
como a locomoção, a orientação e ao fator
esses grupos para implementar ações mais
cognitivo, o que os tornou mais ativos.
efetivas para inclusão. É certo que, se o defi-
O entrevistado 1 fez uma projeção do que
ciente não se impor, reclamar, reivindicar, difícil
seria sua vida se não fosse atleta: “eu acho que
será escutá-los. Neste depoimento percebece a
eu teria que desenvolver outras formas para
importância da prática esportiva na melhoria da
ter os êxitos que eu tive praticando o esporte;
auto estima e confiança, resultando no melhor
a partir daí, eu não sei, teria uma vida seden-
convívio social.
tária”.
Quando
Assim como os entrevistados 4 e 7, o entreVygotski
(Nuernberg,
2008)
comenta em seus textos que o deficiente visual
vistado 5 é o caso da perda da visão na fase
adulta. O entrevistado descreve:
deve buscar outras alternativas para compensar
“antes eu tinha uma vida sem sonhos a
a ausência da visão, vem de encontro a esta
realizar, estando satisfeito no patamar em que
declaração, em que busca alternativas para
me encontrava. Com a perda da visão, eu entrei
normatizar sua convivência.
no IBC e comecei a fazer um trabalho de reabi-
O entrevistado 2, confunde a vida antes e
litação, o qual me trouxe a prática esportiva e a
depois de ser atleta, com a vida antes e depois
partir daí comecei a enxergar novos horizontes
de ser alfabetizado no IBC. Mas, apesar da
e a buscá-los. Eu saí de um nível do terceiro
transferência de foco, aponta para um detalhe
ano primário incompleto e depois de cego,
muito importante, que o esporte de alto rendi-
aí já esportista, completei o primeiro grau, o
mento o fez participar muito mais, não só
segundo grau e hoje estou prestes a concluir o
entre os deficientes visuais, mas com todas as
terceiro grau em Direito. Isso tudo motivado
pessoas do meio em que vive.
pela prática esportiva.”
O entrevistado 3 detectou a diferença, entre
Os entrevistados 6 e 10 declararam um
antes e depois de ser atleta, por sua inclusão
benefício muito consistente: o esporte como
nos grupos sociais pelos lugares por onde
inibidor do medo. Este medo é relatado por eles
competiu, melhorando sua relação interpessoal.
no momento da perda da visão, quando ainda
O entrevistado 4 teve a percepção clara a
eram crianças, sendo trabalhado com a prática
respeito desta questão, determinando precisa-
esportiva. Labronici et al. (2000) e Rechineli
mente seu comportamento antes e depois do
et al. (2008) constatam esta mudança em seus
treinamento de alto rendimento, declarando:
estudos. Rechineli et al. (2008) descreve outros
“eu tenho o esporte como uma linha de refe-
fatores benéficos da prática esportiva como a
rência, onde antes dele eu tinha um comporta-
independência, a concentração, a integração
mento mais retraído, e depois da prática espor-
social, a vida mais ativa e o respeito às regras
tiva, das viagens das competições e do meu
comunitárias. O entrevistado 6 explica assim
convívio com outras pessoas de outras culturas,
esta temática:
eu pude me tornar mais descontraído na minha
“Eu acho que a palavra chave é o medo. O
relação com outras pessoas; por esta razão eu
medo não existe mais. Eu hoje sou inserido na
afirmo que o esporte me possibilitou um rela-
sociedade como um cidadão sem medo. Não sei
cionamento melhor com as pessoas.”
se todo o deficiente, mas eu quando fiquei defi-
Cavalcante e Minayo (2009) e França e
ciente tinha muito medo de chegar nas pessoas;
Pagliuca (2009) em suas investigações sobre
não tinha idéia como elas iam me receber.
104 | R. Pereira, R. Osborne, A. Pereira, S.I. Cabral
Naquele instante eu me achava inútil. No
A presente investigação mostra a eficiência
momento que você percebe que está praticando
e não a deficiência, oportuniza a igualdade e
esporte, sendo tão bom quanto as pessoas que
a aceitação entre todos, permite referenciar
enxergam, no seu desporto, você começa a
a independência parcial do cego, tendo como
perceber que você também é bom, perdendo
objetivo maior o exercício da cidadania. Para
o medo de todos e chegando a conclusão que
maior reflexão e alerta, esta investigação sugere
todos são iguais a minha pessoa, mudando
maior atenção para todos os segmentos negli-
radicalmente a minha vida.”
genciados socialmente nas questões de justiça
O entrevistado 8 reforça a condição de inde-
social, direitos e respeito às resoluções surgidas
pendente, aprendida através dos treinamentos,
de seus próprios representantes. Alertamos
deixando bem claro a sua importância, assim
ainda, que de forma alguma responsabilizamos
como um marco em sua vida. Ele diz:
o esporte como o único instrumento de acesso
“o divisor de águas foi ficar independente
através do esporte. Eu tinha uma dependência
muito grande com minha família [...] com 14
à inclusão social dos cegos, mas apenas como
um dos meios.
Esta
investigação
recomenda
pesquisas
anos, quando eu comecei a treinar com mais
voltadas para inclusão deste segmento, oportu-
afinco, dispensei todo esse auxílio, o que me
nizando os deficientes a expor suas problemá-
deu autoconfiança [...] refletindo em todas as
ticas, dando voz ao segmento, enfim, legitimar
minhas tarefas do dia. E tudo isso eu devo ao
o deficiente como cidadão.
esporte, porque se eu conseguia vencer dentro
da quadra eu conseguiria também vencer na
Agradecimentos:
Nada declarado.
vida, melhorando muito a minha auto-estima.”
Estas afirmações confirmam as indicações
de autores como Cavalcante e Minayo (2009),
DePauw e Gavron (2005), França e Pagliuca
Conflito de Interesses:
Nada declarado.
(2009), Guaragna et al. (2005), Labronici et
al. (2000), Lieberman (2005), Rechineli et
al. (2008) e Vieira (2006), sobre as questões
Financiamento:
Nada declarado.
voltadas para integração social do deficiente a
REFERÊNcIAS
partir da melhoria da auto estima e a prática
esportiva leva a obtenção desta finalidade.
Alves-Mazzotti, A. J., & Gewandsznajder, F. (2004).
O método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa
cONcLUSÕES
Esta investigação, conclui que o esporte de
alto rendimento contribui para o atleta cego
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nos asseguram o preconceito existente em suas
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vidas, mas minorizadas com o exercício da
prática esportiva.
Constatou-se que a prática do esporte de
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