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Autor: Fiorotti O uniforme cafona da equipe olímpica brasileira e o manto tupinambá O Brasil enviou, neste mês de julho, seus melhores atletas para os Jogos Olímpicos de Paris. Muita gente ficou indignada com a cafonice das roupas fornecidas pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os seus 277 atletas participarem da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Mas será que nós brasileiros estamos nos conformando diante de tanta cafonice? Será que houve um embotamento geral da nossa sensibilidade estética? O uniforme para a equipe olímpica brasileira participar dessa cerimônia de abertura se assemelha às roupas baratas e de má qualidade de alguma grande loja de departamento, e foi acompanhado com a utilização do típico chinelo de dedo. Isto não é mera coincidência, as peças foram criadas e fornecidas por uma loja de departamento e estão disponíveis para venda aos consumidores brasileiros. 1/2 Há quem diga que esse uniforme da equipe olímpica se assemelha às roupas utilizadas por indivíduos evangélicos brasileiros. Ou seja, seria como algo da moda evangélica casual, uma vestimenta mais apropriada para o cotidiano dos indivíduos evangélicos ou para uma reunião dos jovens de alguma igreja evangélica brasileira. Não trata-se de desqualificar completamente o senso estético dos evangélicos. Mas reconhecer, sim, que até mesmo os indivíduos evangélicos têm seus trajes mais casuais e outros trajes mais formais que, por sua vez, são utilizados principalmente nas suas celebrações cúlticas e em cerimônias especiais. A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos não requer trajes mais sofisticados e mais formais? Acredito que sim. O fornecimento de trajes mais sofisticados aos nossos atletas seria uma forma de reconhecer que estamos diante de um dos momentos mais importantes do esporte mundial e de reconhecer o esforço heróico dos nossos atletas. Nesta breve reflexão sobre a nossa sensibilidade estética, cabe lembrar dos povos originários do Brasil e do manto tupinambá que recentemente foi repatriado ao Brasil. As populações tupinambás, que habitavam o litoral brasileiro no século XVI, tinham um manto sagrado para ser utilizado em rituais especiais. Por que não contar com a sabedoria dos povos indígenas para aguçar nossa sensibilidade estética? Acredito, sim, que eles podem nos livrar de muita cafonice. Referências Alves, R. “Manto Tupinambá [do século XVI]: entenda como o item repatriado era usado em rituais antropofágicos e por lideranças indígenas no Brasil.” G1 Rio, Rio de Janeiro, 13 jul. 2024. Brasil. “Nota de esclarecimento sobre os uniformes da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris.” Ministério do Esporte, Brasília, 22 jul. 2024. Fiorotti, S. “Por que as missões evangélicas silenciam diante dos ataques aos povos indígenas?” A Pátria, Funchal, 30 jun. 2022. Data de Publicação: 02-08-2024 2/2 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)