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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS O Cerco de Lisboa de 1384 A defesa territorial portuguesa e o seu efeito sobre o cerco. Raúl Filipe da Costa Bugalho Mestrado em História Militar Seminário: Batalhas na História - Casos de Estudo e Modelos de Análise Prof. Dr. João Gouveia Monteiro 2018 Resumo O trabalho realizado sobre o Cerco de Lisboa de 1384, focado nas grandes crónicas desta altura, vai-se afastar de uma análise ao cerco em si, ou seja, nas defesas da cidade, nos armamentos dos sitiantes e engenhos de guerra; mas sim numa apreciação de todos os fatores exteriores, como redes de comunicação e abastecimento, operações militares nestas mesmas, e importância de fortificações, como pontos de acesso, infiltração ou de emboscada, tanto para com os defensores ou para os invasores. Palavras-chave: Cerco de Lisboa (1384) – Defesa territorial – Geoestratégia – Importância das fortalezas – Ações militares. Abstract The following paper about the Siege of Lisbon of 1384, mainly focused on the great chronicles of the time, will be deviating from a straight analysis of the siege itself, that is, the city’s defence, the besiegers armaments and siege engines; but will be an appreciation of every external factor, such as, lines of communication and supply, military operations in these, and the importance of fortifications, as access, infiltration and staging points, whether to the defenders or the invaders Keywords: Siege of Lisbon (1384) – Territorial defence – Geo-strategy – Importance of strongholds – Military actions. Índice Conteúdo Página Introdução .................................................................................................. 1 Um Reino dividido e devastado ................................................................. 2 As consequências .................................................................................... 3 O Cerco de Lisboa de 1384........................................................................ 5 O inicio da demanda ............................................................................... 5 Todos os caminhos vão dar a Lisboa...................................................... 8 A importância de Coimbra.................................................................... 10 A defesa do eixo Entre Tejo e Guadiana .............................................. 13 A defesa do Norte .................................................................................. 20 Conclusão ................................................................................................. 23 Anexos ...................................................................................................... 24 Glossário: ................................................................................................. 33 Bibliografia consultada............................................................................ 34 Fontes literárias: .................................................................................. 34 Bibliografia geral: ................................................................................ 34 Introdução O Cerco de Lisboa de 1384 é uma das operações militares mais marcantes da nossa história. Munida ainda de muitas incertezas, em grande parte pelo silêncio de fontes, este evento tem consequências de uma marca insólita, pois é um marco na nossa história em que rapidamente se mudou toda a configuração política, social, económica e militar. O trabalho vai-se afastar do próprio processo defensivo e ofensivo ocorrido no espaço do cerco, focando-se mais no aspeto exterior, ou seja, tudo aquilo que esteja fora do seio da cidade lisboeta e do arraial castelhano, que possa ter contribuído para o processo de conclusão da operação. O trabalho estará fortemente ligado às duas grandes fontes acerca deste cerco: A Crónica de D. João I, de Fernão Lopes; e a Cronica de los Reyes de Castilla: Don Juan I, de Pedro López de Ayala., pois sem estas duas obras não se poderia compreender ou trabalhar nada neste âmbito. Traremos também, alguns trabalhos intensos de História Militar, mas também de organização territorial e de cariz económico, pois a História Militar necessita de todas as vertentes relevantes para funcionar. No presente trabalho falaremos de fortificações, redes viárias, ações militares, ligações entre os principais centros urbanos e de como isso afetou os defensores e os invasores, tentando responder à questão, se foi apenas a pestilência que pesou na decisão do abandono do cerco, ou se foi também de os sitiantes ficarem, cada vez mais, sitiados. 1 Um Reino dividido e devastado A Crise de 1383-85, não é nada mais que o resultado das Guerras Fernandinas: uma série de três guerras (1369-70, 1372-73 e 1381-82), em que as duas primeiras são travadas pelo monarca português, D. Fernando I, contra o de Castela, Don Enrique II que morre, entretanto, em 1379 - sucedendo ao trono o seu filho, Don Juan I, que trava a última. Estes conflitos iniciaram-se devido à ascensão ao trono de Enrique II, o Trastâmara, após ter assassinado seu meio-irmão, D. Pedro I; mas também por D. Fernando, rei jovem, carecer de uma rainha de acordo com os interesses do reino1. A questão matrimonial é aquela que vai prevalecer como um dos fatores mais importantes da invasão castelhana em 1384, porque é na sua última guerra que o rei português se vê obrigado a assinar uma paz com Castela, em Elvas, e aprofunda-a com o Tratado de Salvaterra de Magos, que é assinado em 1383 – concluindo que Dª. Beatriz, única filha de D. Fernando I, tem de casar com Don Juan I de Castela – criando as bases para o próximo conflito, pois caso o rei português morresse sem deixar um filho varão, a Regência passaria para Dª. Leonor Teles até que Dª. Beatriz e Don Juan I tivessem um filho, cingindo a coroa portuguesa à castelhana.2 Este tratado sucede após a desastrosa derrota na Ilha de Saltes, que confere aos castelhanos a supremacia na costa atlântica, resultando num ataque direto a Lisboa, colocando D. Fernando I numa situação desesperada.3 Apesar desta condição grave para a estabilidade política e independência do reino, o polémico caso matrimonial da rainha Dª. Leonor Teles com D. Fernando I, mantém-se também como um dos mais profundos obstáculos para a união das famílias nobres, ricas e das classes eclesiásticas do reino português, mesmo após a morte do rei. 1 Vide. MATOSSO, José (coord.) História de Portugal: A Monarquia Feudal (1096-1480), 1ª Edição, Volume II, Lisboa, Editorial Estampa, 1994 – p. 490. 2 Idem, ibidem. – p. 494. 3 Idem, ibidem. – p. 494. 2 Em primeiro lugar, este relacionamento foi uma das causas principais para a 2ª Guerra Fernandina4; em segundo, Dª. Leonor Teles abandonou o casamento que tivera com João Lourenço da Cunha. Com estas condicionantes, juntando-se a possível bonificação dos Teles de Meneses, houve desde 1372, uma forte contestação contra ela, que ganhou mais força quando se enviuvou, altura em que começa a atuar na política portuguesa, de forma débil, e a aproximar-se do Conde João Fernandes Andeiro.5 As consequências De acordo com José Mattoso, após a conclusão da 2ª Guerra Fernandina, o país encontrava-se numa situação muito precária na via económica: O Tesouro era exausto, a moeda a desvalorizar, os preços a subir e a população a sofrer.6 Adicionando a toda a contestação que existia no seio real, após o casamento do rei português, surgem agora imensas revoltas contra o rei por quase todo o território entre os anos de 1373-747. A fome e a pestilência marcam este período por toda a Europa, mas a verdade é que o reino português sofreu quase uma década de guerra total, drenando-lhe imensos recursos naturais, monetários e demográficos. Somente no cerco de Lisboa de 1373, a cidade – devido a ter apenas a Cerca Moura e um troço de muralha na área junto da Ribeira89 – sofreu uma destruição massiva do seu património urbano, em que os defensores tiveram de incendiar quase todos os sectores da cidade adjacentes à cerca, para expulsar os Idem, ibidem. – p. 492 – Porque sucedeu após o Tratado de Alcoutim, que comprometeu D. Fernando a se casar com a filha de Enrique II, destruindo a possibilidade para paz e anulando toda a expansão territorial que se tinha conseguido em 1370. 5 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, 1ª edição, Lisboa, Prefácio, 2005 – p. 11. 6 Vide. MATTOSO, José (coord.) História de Portugal: A Monarquia Feudal (1096-1480), op. cit. – p. 492. 7 Idem, ibidem. – p. 492. 8 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – A Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2011 – pp. 279-281. 9 Cf. Anexo - Figura 1. 4 3 castelhanos juntos da muralha, que planeavam minar uma abertura a partir do interior das habitações. 10 Seria muito ingénuo indicar, no entanto, que a governação de D. Fernando I fora, na prática, totalmente negativa. A guerra tem de ser vista sempre como um vetor de desenvolvimento, notando-se então, que mesmo com as sucessivas derrotas, principalmente na Ilha de Saltes e o frustrante cerco a Lisboa em 1373, D. Fernando I apercebe-se que é necessário melhorar as suas defesas, portanto, para recuperar o fôlego marítimo, funda a Companhia das Naus e reforma todo o negócio marítimo11; e para garantir a segurança dos seus súbditos e impedir a penetração facilitada no seu território por uma força invasora: ordena melhorar as fortificações de imensas cidades e vilas, tais como Lisboa1213, Évora, Porto, Coimbra, Santarém, Beja, etc…14 Isto por si só, foi o que garantiu um potencial bélico ao reino e a sobrevivência da revolução, que se concentrava mais em Lisboa. O Formoso morre no mês de outubro de 1383, infeliz e sem deixar um filho varão, portanto, esperava-se uma nova invasão a qualquer momento, tanto que, assim que Don Juan I soube do sucedido, iniciou logo o ajuntamento de tropas castelhanas na fronteira15, o que leva à nomeação do muito popular, D. João, Mestre d’Avis, filho bastardo de D. Pedro I, como fronteiro do Alentejo16. Dª. Leonor até lhe concede homens e quantias 10 Idem, ibidem. - pp. 290-291. Vide. MATTOSO, José (coord.) e outros, eds, Nova História Militar de Portugal, 1ª edição, Vol. 1, Círculo dos Leitores, Rio de Mouro, 2003 – p. 303. 12 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – A Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2011, op. cit. – pp. 310-311: A cerca fernandina media 8 metros de altura, com uma espessura entre 1,75 e 2,20 metros, media na sua extensão, uns 5,3 km, abarcando, em duas «bolsas», uma de cada lado da Cerca Moura, 6,6 vezes superior em área. Toda a sua extensão tinha adarves e merlões. Com 77 torres. 13 Cf. Anexo: Figura 2. 14 Vide. MATTOSO, José (coord.) História de Portugal: A Monarquia Feudal (1096-1480) op. cit.– p. 492. 15 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, imprenta de Don Antonio de Sancha, Madrid, 1780 – Disponível em: http://bibliotecadigital.jcyl.es. – Ano 5 CAP. IX, p. 176. 16 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 11. 11 4 estipuladas para pagar o soldo aos seus vassalos, no entanto, devido à falta de popularidade e de respeito pela rainha-regente, diversas fações começaram a surgir, pondo em causa a honra e poder da mesma. E o Mestre d’Avis era um dos que mais descontente estava com a situação presente, tanto que, até solicitou ao monarca castelhano para remover a rainha da sua posição e tomar o reino.17 Tal era o descontentamento pela rainha, que até levou ao irmão do rei falecido, considerar se subjugar a um castelhano para retirar do poder uma rainha a quem não respeitava. O Cerco de Lisboa de 1384 O inicio da demanda Quando os nobres estavam a cumprir o seu luto pelo rei falecido, Don Juan I tinha enviado um cavaleiro de Santiago, Alfonso Lopez de Tejada, para a corte da rainha. Este trazia cartas para todos os nobres e poderosos do Reino de Portugal, com o objetivo de reconhecerem Dª. Beatriz como rainha e a ele como rei. Muitos aceitaram a nova rainha, de acordo com os tratados, mas nem todos tiveram essa vontade18. As alianças que Dª. Leonor praticara com o Conde Andeiro, em torno de seu irmão, o Conde D. João Afonso Telo, conferiram-lhe alguma segurança19, bem como alguns aliados poderosos ao seu dispor: como o alcaide-mor de Santarém, Gonçalo Vasques; o almirante, Lançarote Pessanha; o alcaide-mor de Óbidos, João Gonçalves; o seu irmão, Conde D. Gonçalo Teles; e seu tio, Gonçalo Mendes de Vasconcelos, alcaidemor de Coimbra. Estes e alguns outros, juntamente com todos da Casa do Desembargo de Lisboa, mais alguns cavaleiros e escudeiros, escoltaram a rainha de Lisboa para Idem, ibidem. – p. 11. Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 5 CAP. XII, p. 181. 19 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 11. 17 18 5 Alenquer, e depois para Santarém, após a notícia do assassinato do Conde e do Bispo de Lisboa, temendo o mesmo destino para si20. Perpetrada com um plano manhoso pelo próprio Mestre d’Avis e Álvaro Pais21, a revolta lisboeta é o ato que inicia a guerra entre os dois reinos, pois resultou na rejeição total dos tratados que tinham sido assinados; na proclamação do Infante D. João como rei; e do Mestre como Regedor e Defensor do Reino de Portugal e dos Algarves, que ele ainda demora a aceitar, por receio e incerteza, mas é no Mosteiro de São Domingos que ele oficializa a tomada desse título e consegue, no dia seguinte, convencer grande parte dos homens bõos a apoiarem o levantamento22, pois o seu apoio financeiro era imperativo para garantir a defesa da cidade e os territórios que o apoiam23. A revolta, no entanto, apesar de ter um objetivo claro, tem um obstáculo quase impossível de ultrapassar: desde que a notícia da morte de D. Fernando I chegou aos ouvidos do monarca castelhano, que o pobre Infante D. João, pretendente legítimo à coroa portuguesa, fora preso24. O plano seria limitado a defender o reino até se conseguir negociar a libertação do Infante, mas a fortuna sorriu para o Mestre, pois quando o Infante descobre acerca da revolta, pede a um escudeiro seu para voltar a Lisboa e avisar o seu irmão: que ele não acreditava na sua libertação, portanto, que ele [o Mestre] se chamasse Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, 1ª edição, Volume I, Barcelos, Livraria Civilização,1983 – CAP. XXX, pp. 61-62. 20 Idem, ibidem. – CAP XI – Pois tinham combinado de enviar um escudeiro a avisar os cidadãos que o Mestre é que ia ser assassinado, resultando num alvoroço pela cidade em que muitos lisboetas se dirigiram ao paço para o socorrer, mas foi aqui que viram o Mestre a sair triunfalmente vivo da sua alegada tentativa de assassinato; 22 Idem, ibidem. CAP. XXVI, pp. 52-54. 23 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p.13. 24 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II , op. cit. - Ano 5 CAP. VIII, p. 176. 21 6 Rei de Portugal, se fosse necessário; e ainda lhe enviou os seus criados e João Lourenço da Cunha para o servirem25. A Revolução tem então o aval e bênção que necessitava. Contudo, para que esta demanda pudesse proceder da melhor forma, faltava resolver o assunto da tomada do Castelo de Lisboa. Sim porque, o Conde D. João Afonso Telo tinha escolhido por alcaide-mor de Lisboa, Martim Afonso Valente, que recebeu reforços de entre 10 a 12 escudeiros, comandados por Afonso Anes Nogueira26, juntando aos cerca de 200 que lá se encontravam27. Estes entraram pela porta da traição e foram logo cercados pelos lisboetas, que julgavam que queriam assassinar o Mestre28. Isto provou ser uma ameaça muito problemática, porque se encontrava no coração da rebelião e podia-a comprometer com um ataque conjunto da rainha. O castelo cai quando, o recémchegado D. Nuno Álvares Pereira, que rapidamente tinha ganho a confiança do Mestre, toma o comando da operação29. É nesta altura que se ameaça colocar os familiares dos cercados numa gata30, enquanto furavam a muralha do castelo, para que não disparassem sobre eles, uma tática que se tornou muito comum nesta época31. O Condestável, no entanto, é quem impede que este ato seja realizado, pois consegue negociar com os cercados para que um se dirigisse à rainha, em pouco tempo, e negociasse a sua rendição32. Quer D. Afonso Telo, quer a rainha, consentiram a este pedido, pois viram que era impossível manter a fortaleza, nem sequer tinham homens suficientes para os socorrerem: Eu gemtes nom tenho aqui tamtas, com que lhe possa acorrer; e ainda que Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. XXVIII, pp. 57-59. Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. XLI – pp. 79-80. 27 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 14. 28 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. XLI - pp. 80-81. 29 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 14. 30 Cf. Anexo – Figura 3. 31 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. XLI – pp. 81-82. 32 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 14. 25 26 7 as tevesse, o prazo he tã pequeno, que somente pera ferrar nõ averia hi espaço 33. Com isto, finalmente, Lisboa se encontrava totalmente na posse do Mestre. Apesar desta primeira grande vitória, ocorrida a 30 de dezembro, existe muito pouco para celebrar, pois já quando a rainha partira de Lisboa, ela tinha enviado cartas para imensos alcaides para reconhecerem Dª. Beatriz como rainha34; e a Don Juan I, para que entrasse em Portugal e a socorresse, mas a verdade é que este já se encontrava em Guarda desde o dia 13 do mesmo mês, onde já estava a juntar aliados e soldados para o seu exército35. De acordo com Pedro López, logo quando o monarca emprisiona o Infante D. João, o monarca castelhano convoca um conselho com os seus nobres de como se deve de avançar para Portugal, sendo decidido (…) antes que los de Portogal se apercibiesen, entrar en el Regno poderosamente (…)36. Assim, com o convite do Bispo da Guarda, que era o Chanceler de Dª. Beatriz, Don Juan I, entrou no reino vizinho com cerca de 25 a 30 escudeiros37, para manter a sua discrição, e pelo que Miguel Gomes Martins observa, ele já tivera convocado contingentes e imensos nobres da Beira, pois em três dias já tinha um exército de 500 soldados de Castela, sem contando com os portugueses, que lhe foram prestando vassalagem e se juntando ao longo do percurso até Santarém38. Todos os caminhos vão dar a Lisboa A cidade de Lisboa era vista como o grande objetivo, pois como indica Fernão Lopes: Lixboa era o melhor logar de todos, e cabeça primçipall do rreino; e que de tal guisa tinham neella olhos, quamtos logares hi avia; que gaanhada Lixboa, todo Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. XLI – p. 83. Idem, ibidem. – CAP. XLII – p. 84. 35 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 15. 36 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 5 CAP – IX, p. 178. 37 Idem, ibidem. – p. 179. 38 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 16. 33 34 8 Portugall era cobrado39. A coluna de marcha inicia a sua viagem para Lisboa a partir de Guarda, onde o rei castelhano se tinha mantido por quase um mês, para juntar forças e dinheiro. Daqui eles seguem para Celorico da Beira, onde permanecem 4 dias e engrossam suas forças40. A 6 de Janeiro, seguem para Coimbra, onde não são recebidos pelo Conde e o alcaide da cidade; também não são recebidos em Tomar pelo Mestre da Ordem de Cristo41. As forças castelhanas chegam a Santarém a 12 de janeiro de 1384, onde o monarca fortalece rapidamente a sua autoridade ao quebrar o selo de D. Fernando, substituindo-o por outro com armas de Portugal e Castela42; garante o serviço de muitos alcaides e nobres como diz Pedro López: E por el Regno muchos é buenos Caballeros , que tenian grandes fortalezas , asi entre Duero é Miño , como en la Vera , é entre Tajo é Guadiana , estaban por el Rey , é obedescian por señora á la Reyna Doña Beatriz su muger.43; e também garante a renúncia da regência de Dª. Leonor44. Perto de Lisboa, Don Juan I não comete logo o tão aguardado cerco, porque durante o seu percurso ele notou um problema capaz de comprometer a sua posição de força e abastecimento, Coimbra. Esta cidade, situada numa das encruzilhadas e pontos de abastecimento mais importantes de Portugal, não estava dominada e era necessária para cumprir os planos dos invasores45. Durante esta altura, as forças do Mestre não se mantiveram imóveis. Na tentativa de fortalecer a sua posição na Estremadura e conseguir angariar mais apoiantes para sua Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LXXXVI – p. 164. Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. p. 16. 41 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LXII – p. 121. 42 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 16. 43 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 6 CAP I – p. 188 – Entre algumas fortalezas importantes destacamse: Torres Novas, Alenquer, Sintra, Óbidos, Crato, etc. 44 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 16. 45 Idem, ibidem. – p. 17. 39 40 9 causa, é levada a cabo uma operação contra Alenquer, possivelmente, com o objetivo de aliviar um pouco a pressão exercida sobre Lisboa e tentar criar um ponto em que se pudesse fustigar as forças castelhanas ao se fazerem golpes-de-mão, a partir desta fortaleza46. No entanto, tendo em conta a apreciação de Miguel Gomes Martins, pensase que o ataque é o resultado de um excesso de segurança, pois tinham acabado de juntar Almada à sua causa e não fizeram uma apreciação cuidada das defesas desta vila, sendo que com poucos meios a que dispuseram a sua hoste, o seu ataque foi fracassado, tanto que retiraram logo após a receção da notícia que a hoste castelhana estava a chegar a Santarém.47 Por agora jogava-se pela defensiva, mas novos planos ofensivos seriam postos em prática, novamente, nesta vila. A importância de Coimbra Muitos eram os alcaides que olhavam para a entrada dos castelhanos como uma quebra dos tratados estabelecidos no tempo de D. Fernando I, sendo que os familiares de Dª. Leonor, que estavam em posse de Coimbra, decidiram manter-se “neutros” nesta questão e não receberam a hoste castelhana48. O antagonismo contra os invasores surgiu quando a recém-renunciada regente, rompe com o seu apoio ao monarca castelhano e envia, encobertamente, cartas aos seus familiares em Coimbra, para que não deixassem entrar as forças castelhanas na cidade, bem como aos seus servidores que seguissem para Lisboa e prestassem serviço ao Mestre49. Inicialmente, isto provou ser apenas um pequeno percalço no itinerário do monarca, mas chegado a Santarém, com um exército que aumentava quase todos os dias50, ele achou que era melhor voltar e resolver o Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 35. 47 Idem, ibidem. – pp. 35-36. 48 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 6 CAP I – p. 185. 49 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LXXVII – pp. 147-148. 50 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 16. 46 10 problema que se apresentava na sua retaguarda, mas pelo caminho, não foi bemrecebido nas vilas que passava51. Aquando da sua chegada a Coimbra, sem fazer qualquer dano, ele espalha as suas forças pelos mosteiros de Santa Ana, São Francisco, São Martinho, São Jorge e em Almoinhas52. Ele fracassa nas suas negociações para ter acesso à cidade, sendo que o alcaide, Gonçalo Mendes de Vasconcelos, afirma que já tinha indicado a Dª. Leonor que só renderia a cidade pela força de armas e que não falaria mais no assunto. Enquanto se planeava o que fazer após esta rejeição, sucederam-se algumas escaramuças com os da cidade, na área de Vila Franca e Arregaça53. Foi também aqui, que Don Juan I descobriu uma trama de Dª. Leonor e o Conde D. Pedro contra a sua vida, conseguindo expulsar este último da sua hoste (seguindo para o Porto) e o enclausuramento da ex-regente, num mosteiro em Castela54, acabando por selar a condição que todos os apoiantes dela se passassem para qualquer um dos partidos, sendo que os de Coimbra seguem pelo Mestre, embora com um custo elevado.55 Coimbra era um complexo urbanístico bem defendido por muralhas56, que se situava entre as duas mais importantes redes viárias de Portugal medieval: a Estrada de Beira57 - que foi a estrada usada pela hoste castelhana desde a Guarda, pois conferia a ligação rápida do interior ibérico, ou seja, Castela, ao litoral português, seguindo a rota Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LXXVII – p. 149. Idem, ibidem. – CAP. LXXVIII – pp. 149-150. 53 Idem, ibidem. – CAP. LXXVIII – p. 151. 54 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 6 CAP VI – pp. 191-192. 55 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CXXIII – pp. 241-242. 56 Cf. Anexo – Figura 4. 57 Vide. MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval, Repositório da Universidade Nova, 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/10362/8340 - p. 46 – Com o seguinte itinerário: (Coimbra-Viseu-Lamego-Trancoso-Guarda-Covilhã-Pinhel-Almeida-Salamanca). 51 52 11 fluvial do Mondego58 – e a Estrada Coimbrã59 - que conferia o acesso Norte-Sul, aos mais importantes centros urbanos da costa atlântica ibérica – sendo esta cidade de uma importância considerável enquanto eixo de ligação às maiores linhas de abastecimento do território - que sempre esteve assente nas ligações comerciais e militares do Império Romano (Estrada da Geira)60 61 - era então vital a ocupar para poder abastecer um exército que se mantenha na área por longos períodos de tempo, como também, ter acesso a todos os eixos do território português. Por isto, existe um claro protagonismo centrado no eixo romano que ligava Lisboa – Coimbra – Porto62. A Beira começou por adquirir um papel importante quanto à construção de sistemas defensivos, pois era uma região fronteiriça com Castela, onde se começou a notar uma maior colocação destas na raia, durante o séc. XII, junto das linhas de infiltração, vales, passagens, pontes e estradas63, ou seja, tinham a função de impossibilitar uma entrada fácil de um inimigo nesta região, estando vulneráveis a «golpes-de-mão» contínuos. Contudo, esta área encontrava-se quase toda dominada por Castela, somente existiam alguns enclaves “neutros” ou que tomaram voz pelo Mestre, como foi o caso de Lamego, Trancoso64, o alcaide de Guarda, que não tinha recebido o rei de Castela65; e alguns outros isolados, que Fernão Lopes não faz alusão de qualquer evento lá sucedido, possivelmente, porque ou foram alterando a sua posição consoante a conjuntura, ou estavam demasiado limitados para realizar qualquer operação defensiva. Cf. Anexo – Figura 5. Idem, ibidem. – pp. 46-47 – Com o seguinte itinerário: (Lisboa – Santarém – Coimbra – Porto – Guimarães – Braga – Santiago de Compostela). 60 Cf. Anexo – Figura 6. 61 Idem, ibidem. – p. 36 – Existiam cerca de 12 ou 13 vias, sendo as mais importantes: Gerez – Astruria; Scallabis (Santarém) – Emérita Augusta; Aeminium (Coimbra) – Vererium (Viseu). 62 Idem, ibidem. – p. 45. 63 Idem, ibidem. – pp. 72-73. 64 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LIX – p. 116-17. 65 Idem, ibidem. – CAP. LVIII - p. 114. 58 59 12 No entanto, o partido do Mestre dispunha de uma vantagem na questão da manutenção de Coimbra, porque como está apontado por Helena Monteiro, numa referência que faz de João Gouveia Monteiro: na Beira existem três linhas defensivas – uma primeira linha encostada à fronteira e junto da raia, uma segunda linha mais interior, orientada de norte a sul, e uma terceira linha de defesa em profundidade, situada em núcleos estratégicos e decisivos66 – Destas três, somente a última nos é relevante, pois não conhecemos muito daquilo que se sucede entre as outras duas neste período, mas conseguimos ver67, que as fortalezas da Terceira linha (Tentúgal, Montemor-o-Velho, Avô, Lousã, Soure e Penela) tinham um objetivo muito próprio: defender a cidade que providenciava a encruzilhada Centro-Norte68, ou seja, o acesso a Lisboa, - pois em meados do séc. XIV, o sistema de defesa ganhou mais coerência e intencionalidade, sendo reforçadas pelas intervenções de D. Fernando, na recuperação e melhoria de imensos castelos - mas também conferia acesso ao Porto, que já iremos analisar também a sua importância para o conflito. Concluindo, a Terceira linha tinha o papel de criar uma região tampão, para cortar acesso aos mais importantes centros urbanos quer dum lado, quer do outro. A defesa do eixo Entre Tejo e Guadiana Infelizmente para o partido do Mestre, Coimbra não era o único centro urbano que conferia acesso às principais redes viárias, servindo de encruzilhada para os diferentes eixos territoriais, pois Santarém também tinha esta característica, mas primeiro, voltamos a Lisboa, para ver que desafios aguardaram ao Mestre. Vide. MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval, op. cit. – p. 104. 67 Cf. Anexo – Figura 7. 68 Idem, ibidem. – p. 106. 66 13 Após o fracasso em Alenquer, a grande preocupação do Mestre foi centrada na angariação de mantimentos para o cerco que se avizinhava cada vez mais. Num certo dia, um pequeno grupo de navios de pesca, uma nau e uma galé foram avistados junto de Lisboa, sendo tomadas todas - menos a galé - que providenciou peixe seco, farinha e outros mantimentos. Eram necessários muitos mais, portanto, ele envia Nuno Álvares para Sintra, que tinha voz por Castela, para forragear o que pudesse, conseguindo uma boa surtida, levou muito gado, trigo e outros alimentos69. No entanto, quando Don Juan I se dirigia para Coimbra, no âmbito de iniciar a pressão a Lisboa, ele envia um contingente de 1000 lanças, comandado por Pero Fernandez Cabeza de Vaca – Mestre de Santiago – Pero Fernandez de Velasco e Pero Rodriguez de Enxarmiento, com ordens para impedirem a entrada de alimentos e começar a limitar os seus acessos 70. No dia 8 de fevereiro, eles cruzam a ponte de Loures e instalam-se em diversas aldeias, mas esta situação não podia continuar, era demasiado perigosa e comprometia as ações de forragem, portanto, no dia 24 do mesmo mês, o Mestre e Nuno Álvares partem com a intenção de os defrontar, mas com uma cilada planeada71: Um contingente de pões iria os alertar de um ataque e atraí-los para junto da muralha, isto foi conseguido, apesar de algumas morte; de seguida, um contingente comandado, possivelmente, por apenas Nuno Álvares72 – devido a ter táticas defensivas apeadas, que usará bastante – no entanto, as forças castelhanas, apercebendo-se que o campo de batalha não é favorável, não cometem as suas forças e voltam para o seu arraial73, daqui eles procedem a operações de razia, Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LXIX – pp. 135-136. Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 37. 71 Idem, ibidem. – p. 37-38. 72 Vide. ANÓNIMO, Crónica do Condestável de Portugal D. Nuno Álvares Pereira, Lisboa, Academia Portuguesa da História,1972 – CAP. XXV – p. 62-63. 73 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – p. 39. 69 70 14 destruindo tudo com as suas cavalgas, portanto, o Mestre, em finais de Março, marcha sobre o Lumiar e os castelhanos fogem para Torres Novas74. Com as atividades de forragem retomadas, os lisboetas conseguem respirar fundo, mesmo que estejam rodeados por inimigos. No entanto, o Mestre recebe uma carta dos habitantes de Alenquer a pedirem auxílio, portanto, inicia-se logo a retoma dos planos que tinham sido praticados na primeira tentativa contra a vila75. Agora será com um destacamento anfíbio, para não serem detetados pelas patrulhas de Santarém, nem dos do castelo da vila, para que não consigam montar a sua defesa, isto corre mal novamente, pois eles conseguem fechar os portões e não se consegue-os queimar devido ao forte vento, sendo obrigados a retirar quando chegam notícias do avanço das forças castelhanas76. Tal como foi destacado, Coimbra não é a única com as características de tampão, Santarém também tinha essas mesmas. A antiga Scallabis entra também na rede da Estrada da Geira, ligando-se a Mérida ao longo do Tejo77, que se conecta pela «majestosa» ponte de Alcântara, sendo uma rede muito bem defendida78. Santarém está também no eixo da Estrada Coimbrã, portanto, desbloqueia o acesso ao centro do reino, também, sendo apenas bloqueada pela cidade que lhe dá o nome [da estrada]. Adicionando a isto, Santarém tem agora um novo fio condutor: ao possuir uma ponte no Tejo, abriu-se caminho para os centros urbanos do Sul – Évora, Beja, Vila Viçosa, Elvas e às terras do Algarve79 – que lhe confere um papel mais determinante quanto à sua capacidade de ligação com a fronteira castelhana, pois agora abre o caminho de Badajoz Idem, ibidem. – p. 40. Idem, ibidem. – p. 40. 76 Idem, ibidem. – p. 41. 77 Vide. MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval, op. cit. – p. 36. 78 Idem, ibidem. – p. 37. 79 Cf. Anexo – Figura 8. 74 75 15 por Elvas80. Conferindo 3 caminhos de ligação de Lisboa para o exterior, Santarém pode ser vista como a Porta da Estremadura, sendo um ótimo ponto de partida para lançar contingentes defensivos para qualquer das estradas de ligação a Castela, ou de ataque direto para Lisboa, cortando todos os eixos terrestres de abastecimento à cidade. É também uma fortificação formidável, como Pedro López indica: (…) la villa de Santarén , que es la mas honrada villa é fuerte del Regno (…).81 É desta vila e da sua comarca, que Don Juan I instala a sua base de operações inicial, planeando e lançando daqui o seu exército contra a cidade de Lisboa82. Bloqueado da Estrada Coimbrã, por onde veio originalmente, Don Juan I começa a apostar mais nos caminhos disponíveis de Santarém para o Alentejo, para continuar a receber homens e mantimentos, enquanto aguarda pela chegada da sua frota83, tanto que, de acordo com Pedro López, o seu exército já se encontrava cheio de pestilência, morrendo já o Mestre de Santiago – havendo no seu conselho o debate se era sábio ou não cercar a cidade ou se deveriam de saquear o reino84 – portanto, era necessário reforçar a ligação a reforços constantes. Entretanto, o Mestre já armava naus e galés para se dirigirem ao Porto85 e tinha nomeado Nuno Álvares com seu fronteiro de Entre Tejo e Guadiana, partindo de Lisboa com 40 escudeiros - Estes e outros boõs escudeiros, assi dEvora como de Beja, que em esta sazom estavom em Lixboa (…)86 – sendo-lhe concedido soldo para 1 mês, um estandarte e poder para exercer funções em todas as fortalezas que tivessem voz pelo Mestre87. Idem, ibidem. – p. 48. Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 6 CAP. I – p. 187. 82 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. LXXXVI – pp. 163-165. 83 Idem, ibidem. – CAP LXXXVI – p. 165. 84 Vide. LÓPEZ DE AYALA, Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, op. cit. – Ano 6 CAP. VII – p. 193. 85 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CX – pp. 211-212. 86 Idem, ibidem. CAP. LXXXVII – p. 167. 87 Idem, ibidem. CAP. LXXXVIII – p. 168. 80 81 16 É no Alentejo que temos a descrição de uma frente muito animada, pois assim que Nuno Álvares pisa a Margem Sul do Tejo, ele prepara-se para combater uma força punitiva - comandada pelo Mestre de Alcântara e Pero Enxarmiento – que ia devastar e submeter a região88. Inicia logo preparativos para a recruta de soldados. Seguindo para Setúbal, que se mantém “neutra”, depois vai para Montemor-o-Novo, onde recruta alguns homens e, finalmente, chega a Évora, onde consegue juntar uma força que se totaliza em 230 lanças e 1000 entre peões e besteiros89. Sabe-se que ele ainda esperou por alguns recrutas vindos de Beja e Elvas, contando agora com cerca de 1400 homens no total90. Este exército, muito pequeno ainda, dirige-se para Fronteira, que estava a ser cercada pelas forças Castelhanas. Nuno Álvares - ao saber que o inimigo desmanchou o seu arraial para o defrontar – escolhe o campo de batalha91, e joga pela defensiva, com forças apeadas, detendo a carga de cavalaria, desbaratando-os.92 A Batalha dos Atoleiros vem semear uma série de consequências para o exército castelhanos: Para além de ter um exército desbaratado, refugiam-se em Monforte, de onde não saem; de seguida, Nuno Álvares toma as vilas de Arronches e Alegrete, colocando lá alcaides93, mas consegue-se perceber, que o exército castelhano no Alentejo tinha um objetivo definido para sufocar Lisboa: o plano não seria apenas dominar o Alentejo, mas sim controlar uma via muito importante, que liga o interior ibérico ao Atlântico no Sul: a estrada de Mérida – Alcácer do Sal, muito importante para o escoamento comercial da região, como também muito do ponto de vista militar, porque controlava-se toda a costa Vicentina, que poderia servir para facilitar as rotas marítimas de abastecimento do Idem, ibidem. CAP. LXXXVII – p. 165. Idem, ibidem. CAP. XCII – pp. 173-174. 90 Idem, ibidem. CAP. XCII – p. 175. 91 Cf. Anexo – Figura 9. 92 Idem. ibidem. CAP. XCV – p. 183. 93 Idem, ibidem. CAP. XCVII – pp. 183-185. 88 89 17 exército castelhano.94 No entanto, este exército, após dominar o Alentejo (possivelmente o Algarve também), teria a missão de submeter Palmela, Setúbal, Almada e toda a Margem Sul do Tejo, completamente estrangulando a cidade de todas as possíveis vias de abastecimento, levando à sua total capitulação. Isto é visível, pois quando já nos encontramos em pleno Cerco de Lisboa, é enviado um novo exército para a frente alentejana95, que toma a estrada de Santarém – Mérida, reforçando-se no Crato, mas não defronta o exército, muito mais pequeno, de Nuno Álvares, por razões que não se entendem (talvez a derrota em Atoleiros causou um receio em Pero Enxarmiento quanto a Nuno Álvares? Ou percebeu que era prioritário voltar ao arraial e colocar forças em Almada?)96 Se nós formos pela lógica de defesa dos grandes centros urbanos no litoral, percebemos que no Alentejo, a cidade de Évora é o coração desta frente, pois é de lá onde Nuno Álvares inicia as suas operações97, e todas as importantes redes viárias estão interligadas, tanto que, existe uma luta muito renhida por diversas destas redes secundárias, entre as vilas do Alandroal, Elvas, Estremoz, Olivença e Vila Viçosa98. Tudo na fronteira, claro, sendo uma área muito contestada, por estarem junto das linhas de Badajoz e Mérida, que Nuno Álvares consegue emboscar uma «carriagem» levemente armada, perto da Ribeira de Alperrão, numa estrada que os castelhanos usavam para sair e entrar em Portugal.99 Sendo estes caminhos muito movimentados, é apenas natural ver alguns exemplos de surtidas às regiões inimigas que gozavam dos saques trazidos principalmente do Ribatejo pois estava todo destruído – por estas vias: Como a cavalgada 94 Vide. MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval, op. cit. – p. 40. 95 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CXLV – pp. 294-295. 96 Idem, ibidem. CAP. CXLVI – pp. 296-299. 97 Vemos isso quando parte para Atoleiros e quando se coloca para defrontar o novo exército de Pero Enxarmiento. 98 Idem, ibidem. Conflitos descritos entre os Cap. XCVII a CVIII. 99 Idem, ibidem. – CAP. CXXVIII – pp. 249-250. 18 que Pedro Rodrigues e Álvaro Coitado fizeram a Castela, junto de Olivença, levando imenso gado, que foi a primeira incursão portuguesa em território castelhano100; também, em como se defendeu Évora com Pedro Rodrigues, contra as forças do Comendador de Calatrava, intercetando-os perto de Redondo, onde traziam imenso gado roubado - com tal seguramça tamgiam sua cavalgada, como sse estevessem em Castella101 – e começaram a escaramuçar com os desse castelo. As forças de Pedro Rodrigues, posicionadas numa serra, aproveitaram a dispersão das unidades castelãs e os atacaram em separado102;e do exemplo de Gil Fernandes, que seguiu por Olivença parando em Exarez (atual Jerez de los Caballeros?), com 100 cavaleiros e 400 peões, desbaratando uma força castelhana superior e saqueou as áreas vizinhas, voltando para Elvas103; Estas operações tinham todos um objetivo de pressionar a via de abastecimento mais usada pelos Castelhanos. Não sabemos até que ponto o exército de Don Juan I, sofreu com estas operações, mas para existirem tantas operações militares de ambos os lados, neste espaço é porque havia uma grande preocupação em manter esta via saudável. Talvez foi este também o plano de conquistar Almada, não só sufocar as forças lisboetas, mas também criar mais uma frente para os defensores do território. A verdade é que Almada era vista como uma grande ameaça para os sitiadores de Lisboa, pois poderia haver aqui uma acumulação de guerreiros capazes de cruzar o Tejo, o que era um problema muito grave para o arraial castelhano, que se encontrava em Santos104. Almada, que carecia de estruturas capazes de uma defesa eficaz, foi rapidamente cercada e nos dias 20 ou 21 de julho, a segunda fase do seu cerco tinha começado, em que o próprio rei Idem, ibidem. – CAP. XCVII – pp. 185-186. Idem, ibidem. - CAP. CI – p. 193. 102 Idem, ibidem. – CAP. CI – pp. 195-196. 103 Idem, ibidem. – CAP. CVII – pp. 206-207. 104 Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – pp. 67-68. 100 101 19 castelhano organizou o ataque, atacando-o com todo o seu arsenal (…) e foi cõbatido com gemtes darmas e de pee, e troõs, e beestaria, e fumdas de magueella, e mamtas, e outras artelharias de combato (…)105, mas estes ataques e um assalto em massa foram repelidos, custando imensos recursos à hoste castelhana, que opta matar a guarnição à sede106, conseguindo atingir a sua rendição total no dia 1 de Agosto107. Uma vitória suada, mas que fará os castelhanos respirarem melhor, por uns poucos dias pelo menos. A defesa do Norte O papel da cidade do Porto, no contexto deste cerco, fica sempre limitada à chegada da frota Lisboeta e depois da sua partida para a Batalha do Tejo. A cidade tem de ser vista como uma das razões pelas quais Lisboa conseguiu sobreviver ao cerco, vamos ver porquê. Graças às diversas reformas marítimas implementadas por D. Fernando, em que se estimulou a atividade mercantil e construção de navios, ao conceder uma série de privilégios quanto ao corte gratuito das matas reais para a construção de navios acima de 100 tonéis; bem como a isenção de dízima da madeira, ferro, cordame e navios importados; e financia a construção de navios de guerra: A Lisboa fernandina transformase num verdadeiro paraíso para os mercadores.108 Com isto, a frota que sai de Lisboa tem alguns navios estrangeiros, de mercadores e castelhanos, que tinham itinerário por lá, como umas de Génova.109 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CXXXV – p. 267. Vide. MARTINS, Miguel Gomes, A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, op. cit. – pp. 72-73. 107 Idem, ibidem. – p. 74. 108 Vide. MATTOSO, José, e outros, eds, Nova História Militar de Portugal, op. cit. – pp. 303-304. 109 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CIX – pp. 209-211. 105 106 20 D. Fernando também tinha criado o posto de capitão-mor110, que é concedido a Gonçalo Rodrigues, juntamente com um estandarte do Mestre, partindo em direção ao Porto com 12 navios armados e, duas das quais vieram do Algarve111. À medida que foram avançando em direção à cidade, eles foram atracar em Atouguia, onde capturaram alguns mantimentos e uns batéis baleeiros do tempo de D. Fernando I112. A cidade do Porto estava sob a chefia do Conde D. Pedro, que tinha fugido da hoste castelhana quando tentou assassinar Don Juan I. Este grande e poderoso centro urbano, era dos mais importantes de Portugal e também dispunha de uma cerca fernandina113. Eles estavam naquele momento a defrontar um exército de 2700 castelhanos - dos quais 700 eram lanças de cavalaria114 - comandados pelo Arcebispo de Santiago, que estavam a demonstrar uma missão muito parecida à daqueles que foram vencidos em Atoleiros, pois era uma expedição punitiva, para submeter o que restava do Norte, pois estava já quase todo tomado.115 O Arcebispo decidiu cercar a cidade, pois a guarnição não tinha ninguém com cavalos, portanto, eles estariam numa vantagem tremenda. Julgando que era melhor atacar do que ficar encurralado, D. Pedro começa a armar a população, elevando então: 700 homens de armas, 300 besteiros e 1500 peões116, que depois se juntam com os da frota de Lisboa, reforçando-os com 300 lanças, 500 besteiros e 3500 galeotes, totalizando 6800 soldados117. Forçando o exército do Arcebispo a retirar para a Galiza, os portugueses não seguem a perseguição por terra, mas sim por mar. Enquanto aguardavam a resposta do Vide. MATTOSO, José, e outros, eds, Nova História Militar de Portugal, op. cit. – p. 304. Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CIX – p. 212. 112 Idem, ibidem. – CAP. CIX - p. 213. 113 Cf. Anexo - Figura 10. 114 Idem, ibidem. – CAP CXVII – pp. 229-230. 115 Idem, ibidem. – CAP. CXVII - pp. 229-230. 116 Idem, ibidem. – CAP. CXIX – pp. 232. 117 Idem, ibidem. – CAP. CXX – pp. 234. 110 111 21 Conde D. Gonçalo, eles lançaram uma campanha de raides costeiros contra a Galiza, para debilitar a capacidade de resposta do Norte, mas também para conceder alguma experiência aos novos recrutas.118 A grande importância que a cidade do Porto demonstra durante este cerco, é que completa um sistema defensivo nos eixos da Estrada Coimbrã, garantido uma presença forte no Norte, onde já quase tudo fora consumido, principalmente no Minho, onde um sistema de pontes romanas, criavam pontos de bloqueio contra as forças portuguesas. Também, e possivelmente o mais importante, é que era na cidade do Porto, que estavam o maior número de Taracenas119, pois para se preparar uma frota era necessário empregar os serviços destas. Haviam estaleiros em todas as povoações com atividade marítima ou fluvial. Os mais importantes ficavam em Lisboa e no Porto: nesta última, estiveram a trabalhar cerca de 3 taracenas – em Lordelo do Ouro, na Praça da Ribeira e em Vila Nova120. Era aqui que se armavam os navios, construíam-se novos e reparavam os danificados. Foi graças aos profissionais destes estabelecimentos que se conseguiu preparar uma frota capaz de desbloquear o cerco de Lisboa por mar, pelo menos. Mesmo que o plano não tenha corrido como esperado121, a verdade é que foi a capacidade de respostas rápidas a todos os ataques, quer pelo Arcebispo, quer em raides na Galiza, quer na Batalha do Tejo, que conseguiu auxiliar a cidade em tempo para que se abastecesse, nem que fosse por um pouco, pois na questão de um cerco é mesmo um jogo de quem aguenta mais tempo. Idem, ibidem. – CAP. CXXIV – p. 242. Vide. MATTOSO, José, e outros, eds, Nova História Militar de Portugal, op. cit. – pp. 318-319. 120 Idem, ibidem. – p. 320. 121 Vide. LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, op. cit. – CAP. CXXXIII – pp. 259-263. 118 119 22 Conclusão A conclusão que se pode tomar deste trabalho é que - sendo Lisboa o centro e a chave do reino português – temos neste caso, de analisar todas as operações militares envolventes neste período, por mais longínquas que sejam do epicentro, como relevantes para a conjuntura e disposição de ambas as forças envolventes no cerco. O Mestre, estava sempre informado das sucessivas operações que decorriam por todo o reino e fora. Isto moralizava um exército, fazia-o querer perdurar, tentar comprar tempo. As ações que analisámos, bem como a organização das defesas territoriais, serviram, para este cerco pelo menos, ganhar tempo às forças portuguesas para que o exército castelhano, que já se encontrava severamente pressionado, desistisse. Porque o rei castelhano, ao ter entrado apressadamente para Portugal, comprometeu imenso a sua posição política no reino, originando uma série de fações que ele tinha de gerir. Mais, a cidade de Lisboa não tinha sido bloqueada de todos os acessos. A conquista de Almada conseguiu-lhe algum alívio, como indicámos, mas devido à enorme perda de recursos que custou, ele não foi capaz de assegurar essa linha, tanto que Nuno Álvares consegue lá chegar e, apesar de não tomar o castelo, retira-lhe a utilidade defensiva dos castelhanos e ameaça a sua posição com um possível ataque conjunto – que estava planeado – com os da cidade, a qualquer momento. Devemos de adicionar a luta renhida nas linhas de abastecimento diretas do exército castelhano, quer no Alentejo, quer no bloqueio em Coimbra. Porque um exército vasto consegue assegurar essas vias, mas não contingentes pequenos que transportam víveres; mas também a pestilência vívida na hoste, que já aparecera desde o retorno de Coimbra a Santarém, foi o que devastou. A situação de Coimbra atrasou imenso a hoste castelhana, e num cerco em que cada minuto conta, isto foi fatal. 23 Anexos Figura 1 - Cerco de Lisboa de 1373 e disposição da defesa e ataque.122 Imagem retirada de: MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – A Guerra na Idade Média – p. 270. 122 24 Figura 2 - Cerca fernandina de Lisboa, por A. H. Oliveira Marques. 123 123 Imagem retirada de: http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/?id=136 (Consultada a 15/11/2017). 25 Figura 3 – Um ariete com uma estrutura defensiva, uma "gata", a servir de cobertura para proteger os soldados de mísseis.124 124 Imagem retirada de: https://www.q-files.com/history/castles-knights/battering-ram/ (consultado a 16/11/2017). 26 Figura 4 - Reconstituição da cerca de Coimbra - Banco digital de cartografia da evolução urbanística de Coimbra, 2003.125 125 Imagem retirada de: https://www.researchgate.net/figure/236941927_Figura-02-Reconstituicao-docircuito-defensivo-muralha-e-castelo-de-Coimbra-t - (Consultado a 28/11/2017). 27 Figura 5 – Itinerário da Estrada da Beira.126 126 Imagem retirada de: MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval - p. 79. 28 Figura 6 – As mais importantes redes viárias romanas de Portugal.127 127 Imagem retirada de: MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval - p. 43. 29 Figura 7 - As três linhas defensivas na Beira.128 128 Imagem retirada de: MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval – p. 105. 30 Figura 8 – A rede viária medieval portuguesa.129 129 Imagem retirada de: MONTEIRO, Helena, A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval – p. 49. 31 Figura 9 – A Batalha de Atoleiros: Disposição dos exércitos.130 Figura 10 – A cerca fernandina da cidade do Porto, por Luís de Pina.131 130 Imagem retirada de: https://www.turismomilitar.pt/index.php?lang=pt&s=pois&idpoicategoria=3&title=Battle – (Consultada a 15/12/2017); 131 Imagem retirada de: http://www.markscholey.co.uk/lingua/porto_website/medieval/muralhas.html (Consultada a 23/12/2017). 32 Glossário: Homens bõos – Burgueses; Vera – Beira; Golpe-de-mão – Ataque surpresa; Taracenas – Estaleiros especializados. 33 Bibliografia e fontes Fontes literárias: ANÓNIMO. Crónica do Condestável de Portugal D. Nuno Álvares Pereira, Lisboa, Academia Portuguesa da História,1972. LOPES, Fernão, ed. Crónica de D. João I, 1ª edição, Volume I, Barcelos, Livraria Civilização,1983. LÓPEZ DE AYALA, Pedro, ed. Cronica de los Reyes de Castilla: Don Pedro, Don Enrique II, Don Juan I, Don Enrique III, Tomo II, imprenta de Don Antonio de Sancha, Madrid, 1780 – Disponível em: http://bibliotecadigital.jcyl.es. Bibliografia geral: MARTINS, Miguel Gomes. A Vitória do Quarto Cavaleiro – O Cerco de Lisboa de 1384, 1ª edição, Lisboa, Prefácio, 2005. MARTINS, Miguel Gomes. De Ourique a Aljubarrota – A Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2011. MATTOSO, José (coord.). História de Portugal: A Monarquia Feudal (1096-1480), 1ª Edição, Volume II, Lisboa, Editorial Estampa, 1994. MATTOSO, José (coord.) e outros, eds. Nova História Militar de Portugal, 1ª edição, Vol. 1, Círculo dos Leitores, Rio de Mouro, 2003. MONTEIRO, Helena. A Estrada da Beira: Reconstituição de um traçado medieval, Repositório da Universidade Nova, 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/10362/8340. TEIXEIRA, Nuno Severiano (coord.), MONTEIRO, João Gouveia, DOMINGUES, Francisco Contente. História Militar de Portugal, 1ª Edição, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2017. 34