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O CONFLITO NO IÊMEN: ANÁLISE DOS ATORES DOMÉSTICOS E REGIONAIS DE UM CONFLITO DESCONHECIDO Pesquisadora: Patrícia Graeff Machry (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) | Contato: pgmachry@gmail.com Orientador: Prof. Dr. Paulo Gilberto Fagundes Visentini INTRODUÇÃO OBJETIVOS O presente trabalho busca traçar um panorama do conflito atualmente em curso no Iêmen. O país vinha vivendo um período de instabilidade desde janeiro de 2011, quando irromperam os protestos da Primavera Árabe. O conflito atual, contudo, deflagrou-se em janeiro de 2015, quando o grupo rebelde Houthi cercou a residência do primeiroministro e tomou a capital do país, Sanaa. Em março, uma coalizão árabe invadiu o país em defesa do presidente e contra os Houthis, iniciando uma longa guerra civil que perdura até hoje. Identificar as partes em disputa no país e caracterizá-las, entendendo os interesses e objetivos em jogo. Assim, pretende-se compreender o papel dos seguintes grupos: i) os rebeldes Houthis; ii) as forças do governo central; iii) os grupos separatistas do Sul; iv) as dissidências das Forças Armadas em apoio ao ex-presidente; v) a atuação de grupos terroristas como a al-Qaeda e o Estado Islâmico; e vi) a atuação do Irã, em apoio aos Houthis, e da Arábia Saudita, que lidera a coalizão árabe em apoio ao atual presidente iemenita. RESULTADOS OBTIDOS ANSAR ALLAH (HOUTHIS) O GOVERNO HADI São oriundos da região de Saada e identificam-se com o ramo zaidita do xiismo. O conflito se intensificou quando tomaram a capital do país, Sanaa, e passaram a avançar posições ao Sul. O grupo foi fundado em 1997 com objetivos religiosos, mas conflitos com o governo levaram à radicalização e à adoção de um discurso político antiocidental. Desde então, atacam cidades de maioria sunita. O atual presidente do Iêmen é Abdu Rabbu Mansour Hadi. Com a escalada do conflito no início de 2015, ele fugiu para a Arábia Saudita e renunciou. Pouco tempo depois, porém, retornou a Aden, passando a reivindicar seu cargo e a se comprometer em combater os Houthis. É aliado dos Estados Unidos na Guerra ao Terror, e atualmente conta com apoio da coalizão saudita. Tradução livre IRÃ A ARÁBIA SAUDITA E A COALIZÃO ÁRABE Há pouca evidência de um apoio militar do Irã aos Houthis, mas o apoio político tem aumentado e é comumente visto como parte da disputa com a Arábia Saudita por áreas de influência na região. O Irã já enviou ajuda humanitária através do porto de Hodeida, controlado pelos Houthis. A Arábia Saudita historicamente exerce influência política, econômica e militar no Iêmen, e a estabilidade do país é de seu interesse direto. Em março de 2015, passou a liderar a coalizão de países que até hoje apoia Hadi, com forte amparo ocidental. Também estão na coalizão Bahrein, Jordânia, Kuwait, Marrocos, Egito, Catar, Emirados, Senegal e Sudão. Tradução livre AS FORÇAS ARMADAS E SALEH Atualmente, o ex-presidente Ali Abdullah Saleh é aliado dos Houthis, apesar de ter travado seis guerras contra eles durante seu governo. Conta com apoio de dissidentes das Forças Armadas iemenitas. O SEPARATISMO NO SUL AL-QAEDA NA PENÍNSULA ÁRABE (AQPA) Surgiu em 2002 na Arábia Saudita e, atualmente atuando no Iêmen, é o braço mais forte da alQaeda. Seu principal objetivo é livrar a região de influência não-muçulmana, embora também ataque os xiitas Houthis. É alvo constante de ataques aéreos dos Estados Unidos. Tradução livre Os movimentos separatistas do Sul do país se formaram em virtude da subrepresentação política das populações sulistas após a unificação do Iêmen do Sul e do Norte. Reúnem-se sob o grupo al-Hirak e são críticos a Hadi, mas tem os Houthis como principais inimigos. ESTADO ISLÂMICO Estabeleceu-se no Iêmen em 2015, a partir de dissidências da AQPA insatisfeitas com sua liderança, e fortaleceu-se muito desde então. Busca tirar a AQPA de sua posição dominante dentre os grupos jihadistas no país, inclusive infligindo ataques aos Houthis para desafiá-la. REFERÊNCIAS CORDESMAN, Anthony. America, Saudi Arabia and the strategic importance of Yemen. Center for Strategic and International Studies (CSIS), 26 March 2015. IHS Jane’s. Ansar Allah. Jane’s World Insurgency and Terrorism, 27 March 2015a. IHS Jane’s. Al-Qaeda in the Arabian Peninsula. Jane’s World Insurgency and Terrorism, 25 February 2015b. IHS Jane’s. Non-state armed groups. Jane’s World Insurgency and Terrorism, 15 January 2015c. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). Armed Conflict Survey. London: Routledge, 2016. MILANI, Monsen. Iran’s game in Yemen. Foreign Affairs, 19 April 2015. STRATFOR. Saudi Arabia and Iran compete in Yemen. Stratfor, 25 March 2015. VISENTINI, Paulo Fagundes. A Primavera Árabe: entre a democracia e a geopolítica do petróleo. Porto Alegre: Leitura XXI, 2012.