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CONSELHO SUL-AMERICANO DE DEFESA: ANTECEDENTES, CRIAÇÃO E
REALIZAÇÕES*1
Kleber Antonio Galerani
Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista
(UNESP). Bacharelado em Direito pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), em
andamento. Especialização, em andamento, em Direito Público pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMG). Professor de Direito Internacional,
Direito Constitucional, Ciência Política e Teoria Geral do Estado da Universidade de
Franca (UNIFRAN). Foi professor no Programa de Pós-Graduação em Gestão
Urbana da UNIFRAN e nas graduações em Relações Internacionais e Ciências
Econômicas do Centro Universitário Moura Lacerda (CUML), de Ribeirão Preto (SP).
Pesquisador na área de tecnologias digitais e metodologias ativas aplicadas ao
ensino superior.
4. CONSELHO SUL-AMERICANO DE DEFESA: OS ANTECEDENTES,
A CRIAÇÃO E AS REALIZAÇÕES
O Conselho Sul-Americano de Defesa foi criado em 16 de dezembro de
2008, como instituição vinculada à União Sul-Americana de Nações (UNASUL). O
objetivo de sua criação é o tratamento dos temas de defesa da região. Apesar de já
existirem mecanismos e estruturas institucionais no âmbito hemisférico 2, o governo
brasileiro propôs a criação de uma instituição exclusiva aos países sul-americanos
para fomentar e fortalecer o diálogo e a cooperação entre esses países nessa área.
O capítulo está dividido em três segmentos. Na primeira seção são
descritos os antecedentes da criação do CSD. Na segunda seção são abordados a
criação, os objetivos, os princípios, a estrutura e o funcionamento dessa instituição.
Por fim são descritas as principais realizações dos dois primeiros anos de
funcionamento do conselho (2008-2010).
* GALERANI, Kleber Antonio. CONSELHO SUL-AMERICANO DE DEFESA: ANTECEDENTES,
CRIAÇÃO E REALIZAÇÕES. In: Conselho Sul-Americano de Defesa: gênese, desenvolvimento
inicial e desafios. Dissertação de Mestrado. UFRGS: Porto Alegre, 2011. 111 p.
2 O sistema de defesa hemisférico de defesa é analisado no capítulo 3.
1
2
4.1 OS ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO DO CSD3
O CSD, criado em dezembro de 2008, foi fruto de um longo processo de
negociação. A idéia de criação de uma instituição que tratasse dos temas de defesa
e segurança foi lançada em 2007 pelo governo do Chile. Em 2008, em meio à crise
diplomática entre Colômbia, Equador e Venezuela, o governo brasileiro recuperou a
idéia chilena. A partir de então, o ministro da defesa brasileiro visitou todos os países
sul-americanos para explicar a proposta e os objetivos da criação do órgão. Em maio
de 2008, na reunião constitutiva da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL),
decidiu-se pela criação de um grupo de trabalho para verificar a viabilidade da
criação do CSD. Após quatro reuniões desse grupo, ficaram acertados os detalhes
da futura instituição. No final de 2008, na Cúpula da UNASUL, realizada na Costa do
Sauípe, foi criado o CSD.
4.1.1 As Reuniões Bilaterais Brasil-Chile e a Crise Diplomática na
Região Andina
Desde o ano 2000, os governos de Brasil e Chile acordaram realizar
reuniões bilaterais entre os ministros de defesa dos dois países. Em novembro de
2005, em uma dessas reuniões bilaterais, o Ministro de Defesa do Chile, Jaime
Ravinet, propôs a criação de um mecanismo que reunisse regularmente os ministros
de defesa em nível sub-regional. A sub-região a que se referia Ravinet era o
“MERCOSUL Ampliado”, ou seja, a união dos membros plenos do bloco com a
Bolívia e o Chile.
A proposta foi acatada pelo então Ministro da Defesa do Brasil José
Alencar, que propôs a realização da primeira reunião na cidade de Brasília. O
ministro brasileiro também apresentou duas outras iniciativas: a) a concretização de
um pacto regional para estimular a cooperação e o intercâmbio na questão dos
Nesta seção, as datas, os nomes de políticos e estudiosos e alguns fatos foram extraídos da
publicação EL CONSEJO DE DEFENSA SURAMERICANOS DE LA UNASUR: CRÓNICA DE SU
GESTACIÓN. Santiago de Chile: Ministerio de Defensa Nacional de Chile, jul/2009.
3
3
materiais militares, e b) a criação de uma Escola Sul-Americana de Defesa.
Contudo, até o fim de 2007, as propostas apresentadas pelos dois países não
resultaram em iniciativas práticas.
Em dezembro de 2007, o tema da criação do organismo sub-regional de
defesa foi retomado na reunião bilateral entre Brasil e Chile. O ex-Ministro da Defesa
do Chile José Goñi expôs ao seu homólogo brasileiro, Nelson Jobim, a pertinência
da criação dessa instituição. Goñi defendeu que a criação do mecanismo
proporcionaria um maior protagonismo regional aos países do MERCOSUL
Ampliado.
Três meses depois, no início de março de 2008, iniciou-se uma grave
crise diplomática entre Colômbia, Equador e Venezuela. A crise foi gerada após a
invasão das Forças Armadas da Colômbia ao espaço aéreo do Equador, durante a
realização de uma operação militar contra a guerrilha colombiana. Na ocasião, foram
mortos cerca de vinte guerrilheiros, dentre eles Raúl Reyes, importante membro do
secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
O governo do Equador alegou que suas fronteiras e sua soberania
haviam sido violadas. A atitude colombiana foi condenada pelos governos sulamericanos e suscitou manifestações acaloradas do Presidente da Venezuela Hugo
Chávez. O governo equatoriano liderado pelo Presidente Rafael Correa retirou seu
embaixador de Bogotá, expulsou o embaixador colombiano de Quito e rompeu
relações diplomáticas com o governo colombiano, do então Presidente Álvaro Uribe.
O governo venezuelano liderado pelo Presidente Hugo Chávez também expulsou o
embaixador colombiano de Caracas, bem como toda a delegação diplomática desse
país.
A crise somente foi arrefecida na XX Cúpula do Grupo do Rio4, realizada
em sete de março de 2008, em Santo Domingo, República Dominicana. Nela, o
Presidente da Colômbia pediu desculpas pela violação do território e da soberania
do Equador, tanto ao governo, quanto ao povo desse país.5
O Grupo do Rio é um mecanismo de consulta e concertação política composto por Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras,
México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Foi criado
em dezembro de 1986, pela declaração do Rio de Janeiro, por meio da união do Grupo de Contadora
(Colômbia, México, Venezuela e Panamá) e do Grupo de Apoio à Contadora (Argentina, Brasil, Peru e
Uruguai). Os grupos de Contadora e de Apoio à Contadora foram criados em resposta às crises que
ocorreram na América Central na década de 1980. (MRE, 2011)
5 Conforme item 3 da Declaração da XX Cúpula do Grupo do Rio: “Tomamos nota, con satisfacción,
de las plenas disculpas que el Presidente Álvaro Uribe ofreció al Gobierno y al pueblo de Ecuador, por
4
4
Diante da crise, o governo brasileiro não apenas resgatou a proposta
chilena, como a extrapolou. O ex-Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,
propôs a criação de uma instituição sul-americana para tratar dos temas de defesa,
para que crises como a que ocorrera fossem geridas no âmbito regional. A partir de
então, o Ministro Jobim iniciou visitas-reuniões aos países sul-americanos para
propor a criação da instituição. Iniciava-se a gestação do CSD.
4.1.2 A Evolução da Concertação Política em Defesa e Segurança na
América do Sul (1998-2006)
O fim das ditaduras militares, a retomada do poder pelos civis e o retorno
à democracia contribuíram para fomentar a aproximação entre os países sulamericanos. Essa aproximação produziu resultados importantes, dentre eles as
quatro declarações que definiram formalmente a América do Sul como uma Zona de
Paz.
Em 1998, foi firmada a Declaração de Ushuaia, que criou a Zona de Paz
do MERCOSUL. Em 2002, três outras declarações foram firmadas: a Carta Andina
para a Paz, a Segurança, a Limitação e o Controle dos Gastos Destinados à Defesa
Externa; a Declaração de Guayaquil sobre a Zona de Paz e Cooperação SulAmericana; e, a Declaração de São Francisco de Quito sobre o Estabelecimento e o
Desenvolvimento da Zona de Paz Andina. As declarações mencionadas objetivam a
concertação política na gestão de crises entre os países sul-americanos.
Alguns fóruns também contribuíram para fomentar o diálogo regional, que
culminaria na criação do CSD. A Conferência de Ministros de Defesa da
Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA)
6
e a I Reunião Ministerial sobre
Defesa e Segurança Integral da Amazônia são os principais deles.
A Conferência de Ministros de Defesa da Comunidade Sul-Americana de
Nações ocorreu na cidade de Bogotá, em junho de 2006. Os resultados dessa
la violación del territorio y la soberanía de esta hermana nación, el primero de marzo de 2008, por
parte de la fuerza pública de Colombia”. (GRUPO DO RIO, 2008)
6 A CASA foi estabelecida em Cuzco, no Peru, no dia 8 de dezembro de 2004, por ocasião da III
Reunião de Presidentes da América do Sul, como instituição sucessora da Área Livre Comércio das
Américas (ALCSA), criada em 1993; e, predecessora da UNASUL, criada em maio de 2008.
5
conferência foram sumarizados na Declaração de Bogotá, de julho de 2006. Como
escreveu Calderón (2010, p.17)
en dicho encuentro se planteó la discusión de una nueva
institucionalidad conjunta regional en defensa y, en la Declaración de
Bogotá, se asentó la coincidencia de los países respecto de la
necesidad de fortalecer la cooperación entre los Ministerios de
Defensa, las Fuerzas Armadas y las Fuerzas de Seguridad para
consolidar a Sudamérica como un área de paz y estabilidad, y luchar
con efectividad contra las amenazas.
A I Reunião Ministerial sobre Defesa e Segurança Integral da Amazônia7,
ocorreu em julho de 2006, também em Bogotá. O objetivo principal dessa reunião foi
tratar dos problemas e das possíveis soluções comuns para assuntos de defesa e de
segurança. Dentre esses assuntos, destacam-se o crime transnacional organizado e
o tráfico de drogas ilícitas, precursores químicos, armas, munições e explosivos. A
reunião também contribuiu para a consolidação de princípios e a definição de tarefas
comuns que deveriam ser executadas. (OTCA, 2011)
4.1.3 Brasil: As Mudanças na Política Interna e Externa (2003-2010)
As mudanças ocorridas na política interna e externa do Brasil também
contribuíram para que o país tomasse a decisão de propor o CSD. Em 2003, quando
assumiu a Presidência, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) entendeu
que o Brasil deveria buscar maior inserção e protagonismo nas relações
internacionais.
Nessa estratégia de Política Externa, a América do Sul passou a ser vista
como “o espaço natural para a atuação do Brasil” e “seus problemas reclamariam
soluções cooperativas dos governos da região”, sendo necessário então avançar no
processo de integração do subcontinente (PINTO et al., 2004, p. 120). O governo
Lula percebia o Brasil como o país “singularmente dotado para dar início a esse
processo, que haver [ia] de transformar o continente sul-americano num sistema
orgânico, um pólo de poder com voz própria nos assuntos mundiais” (SOARES,
Participaram da reunião os governos do Brasil, da Bolívia, da Colômbia, do Equador, da Guiana, do
Peru, do Suriname e da Venezuela.
7
6
2004, p. 154). Para além da integração econômica, os estímulos aos processos de
integração física, de integração energética e de integração em defesa são
conseqüências dessa busca pela integração subcontinental.
Quanto à defesa, o então Ministro das Relações Exteriores brasileiro,
Celso Amorim, declarou, em 2003, que “a América do Sul possu[ía] uma identidade
estratégica própria, que não se confundiria com a da América do Norte”. Os
elementos que assim a caracterizavam são
os gastos militares muito baixos, em comparação com outras regiões do
planeta; a inexistência de armas nucleares e de destruição em massa; e o
fato de nenhum dos nossos países participarem de alianças militares de
compatibilidade duvidosa com as Nações Unidas. Essa identidade própria
criaria necessidades e interesses específicos, que, muito embora possam e
devam ser abordados em foros mais amplos, seriam, naturalmente, melhor
equacionados a partir do próprio espaço sul-americano. (SOARES, 2004, p.
157.
Assim, na visão desse ministro, era necessária a conformação de uma
agenda de defesa e segurança para o subcontinente.
Os Ministérios da Defesa e de Ciência e Tecnologia e o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), promoveram, entre 2003 e 2004,
um ciclo de debates com acadêmicos, militares, políticos e jornalistas, para atualizar
o pensamento em matéria de defesa e segurança. O chamamento da sociedade civil
para contribuir com a atualização do pensamento em Defesa e Segurança, segundo
o Ex-Ministro da Defesa José Viegas Filho, teve como objetivo conhecer o que
pensam os segmentos sociais representativos do país, assim como a partir desse
conhecimento, aprimorar a atuação no curto e no longo prazo, “para que as políticas
de defesa nacional reflitam, de forma crescente, os valores, os interesses e as idéias
da sociedade brasileira em toda a sua complexidade” (VIEGAS FILHO, 2004, p. 1718).
Nesse ciclo de debates, intitulado “O Brasil no cenário internacional de
defesa e segurança”, ressaltou-se a importância do país buscar maior inserção no
cenário internacional e de promover a integração do subcontinente no campo da
defesa. O então Ministro Viegas, defendeu que o primeiro passo seria a integração
das indústrias de defesa do continente sul-americano, com vistas à redução da
dependência de fornecimentos externos, medida que conferiria aos países do
subcontinente
maior
autonomia
estratégica
e
incrementaria
a
capacidade
7
tecnológica. (SOARES, 2004, p. 170)
Também em 2004, o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE)
8
da
Presidência da República do Brasil, lançou o “Projeto Brasil 3 Tempos: 2007, 2015,
2022” 9. Esse projeto tinha por objetivo definir as metas estratégicas de longo prazo
e as formas de concretizá-las. Em 2006, o NAE atualizou suas ferramentas de
trabalho. A partir de então, passou a elaborar cenários prospectivos, a propor metas
e a identificar os possíveis caminhos para a consecução dessas. Nesse sentido,
foram identificados 50 temas estratégicos, nos quais o país deveria se mobilizar,
para que os objetivos do projeto pudessem ser cumpridos.
Dentre esses 50 temas, a defesa nacional foi contemplada como um dos
principais. Nesse tema, o objetivo definido foi o fortalecimento da capacidade de
defesa, pois dessa forma o país garantiria a proteção de seu território e teria “voz”
mais ativa no sistema internacional.
Esse fortalecimento poderia se dar de duas formas: isoladamente ou em
conjunto com os demais países da América do Sul, por meio de um sistema coletivo
de defesa. Dado que a segurança e a defesa são fenômenos relacionais e que as
relações interestatais são cada vez mais interdependentes, optou-se pela ênfase na
segunda alternativa.
O aperfeiçoamento da Política de Defesa Nacional (PDN) seria o primeiro
passo no sentido do fortalecimento da capacidade de defesa. Assim, a PDN
brasileira, publicada em 2005, baseou-se em muitas idéias debatidas naquele ciclo
de debates e no NAE. Nela ficou definido que o país deveria buscar “a projeção no
concerto das nações e sua maior inserção em processos decisórios internacionais”,
bem como “a promoção da estabilidade regional” (POLÍTICA DE DEFESA
NACIONAL, 2005). Para a consecução do segundo objetivo, a PDN propõe o
desenvolvimento integrado da América do Sul, estendido naturalmente à área de
defesa e segurança regionais, por meio da construção de uma Zona de Paz e de
O NAE, criado em outubro de 2007, foi substituído, em julho de 2008, pela Secretaria de Estudos
Estratégicos (SAE). A SAE tem como objetivos: realizar o planejamento nacional de desenvolvimento
de longo prazo; elaborar subsídios para a preparação de ações de governo; propor ações imediatas
de reforma do Estado com vistas a políticas futuras; debater e elaborar políticas públicas de Estado
em articulação com governo e sociedade civil. Para uma descrição detalhada ver site oficial do SAE.
Disponível em: <http://www.sae.gov.br/site/?page_id=659>. Acesso em: 28.02.2011.
9 Para melhor descrição do “Projeto Brasil 3 Tempos” ver NAE. Projeto Brasil 3 Tempos: 2007, 2015,
2022. Brasília: Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, caderno nº 1, jul. 2004.
Disponível
em:
<http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/01brasil3t.pdf>. Acesso
em:
28.02.2011.
8
8
Cooperação no Atlântico Sul. Dentre suas diretrizes, a PDN se propôs a intensificar
o intercâmbio com as Forças Armadas das nações amigas, particularmente com as
da América do Sul e da África; e, a contribuir ativamente para o fortalecimento, a
expansão e a consolidação da integração regional com ênfase no desenvolvimento
da base industrial de defesa.
Segundo Merke (2009, p. 21-22), a proposta brasileira de criação do CSD
obedeceu a três lógicas: a do poder, a do desenvolvimento e a da governança. Sob
a primeira lógica, a criação do CSD previne a insegurança, pois traz mais
estabilidade à região, e consolida a preferência brasileira de construir a “América do
Sul como região cognitiva e política”, excluindo dessa equação o México e os EUA.
Quanto à segunda lógica, “o Brasil cria o CSD para fomentar o desenvolvimento
industrial brasileiro, por meio da criação de um mercado regional de defesa, liderado
pelo Brasil”. Por fim, sob a lógica da governança, “o Brasil cria o CSD para canalizar
a cooperação no setor da defesa, para distribuir informação entre os membros, para
diminuir a incerteza e para promover uma estrutura de normas coletivas sobre o
papel dos militares e sobre o uso da força”.
A soma desses fatores culminou na proposta brasileira de criação da
instituição sul-americana para tratar os temas de defesa.
4.1.4 O Brasil e o CSD: Consulta aos Países Sul-Americanos, à JID e
aos EUA
Em março de 2008, iniciaram-se as visitas-reunião do Ministro da Defesa
do Brasil Nelson Jobim à JID, aos EUA e aos países sul-americanos para explicar a
proposta e os objetivos da criação do CSD.
Primeiramente, Jobim visitou a JID e os EUA. Na ocasião de entrega da
proposta de criação do CSD à JID, o ministro brasileiro também conversou sobre o
projeto com o Secretário de Defesa estado-unidense, Robert Gates, e com a
Secretária de Estado Condoleezza Rice. Nesses encontros, Jobim ressaltou que a
instituição não seria estruturada nos moldes da OTAN, ou seja, não seria uma
aliança militar. Também anunciou que a partir do mês seguinte faria visitas a todos
os países sul-americanos para apresentar a proposta.
9
A Venezuela foi o primeiro país que Jobim visitou. Em 15 de abril de 2008,
ele se reuniu com Hugo Chávez. Na reunião, o ministro expôs a proposta de criação
do conselho e ressaltou que a instituição não seria uma aliança militar clássica. A
ênfase dada a essa característica, pode ser explicada pelos anseios de Hugo
Chávez de criar uma Organização do Tratado do Atlântico Sul (OTAS), em referência
à OTAN, ou seja, uma força militar conjunta dos países sul-americanos. Ainda que a
proposta do governo brasileiro não contemplasse a aliança convencional desejada
pelo governo venezuelano, esse a acatou.
Posteriormente Jobim visitou a Guiana, em 21 de abril, e o Suriname, em
22 de abril. O presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo aprovou a proposta brasileira.
No Suriname, Jobim foi recebido pelo Presidente Ronald Venetiaan, que também
acatou a proposta.
Em 28 de abril, Jobim visitou a Colômbia. O ministro brasileiro se reuniu
com seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos10; com o Ministro das Relações
Exteriores Fernando Araújo; e, com o então presidente Álvaro Uribe. De forma
distinta dos três primeiros governos visitados, o governo colombiano não aceitou a
proposta brasileira de imediato. Uribe informou apenas que a avaliaria e
posteriormente tomaria uma decisão.
Na mesma data, Jobim visitou o Equador. Ele se reuniu com o Ministro da
Defesa Javier Ponce e com o Presidente Rafael Correa. Ambos asseguraram o
apoio do governo equatoriano à proposta.
O sexto país visitado foi o Peru. Em cinco de maio, Jobim se encontrou
com o Presidente Alan García, com seu homólogo Ántero Flores-Aráoz e com o
Ministro das Relações Exteriores José Antonio Garcia Belaúnde. Assim como o
governo colombiano, o governo peruano pediu tempo para avaliar a proposta.
Apesar do prazo solicitado, Jobim informou que houve uma boa aceitação da
proposta por esse país.
No dia 7 de maio, Jobim visitou o Paraguai. Reuniu-se com o presidente
eleito Fernando Lugo e explicou-lhe a proposta. Lugo e sua equipe de coordenação
aceitaram a proposta do governo brasileiro. No dia 13 de maio, o ministro viajou à
Argentina, onde se reuniu com a Presidenta Cristina Fernandez de Kirchner e com a
sua homóloga, Nilda Garré. Na reunião, Jobim expôs os benefícios que seriam
Juan Manuel Santos foi eleito em 2010 para ocupar o cargo de presidente da Colômbia, para a
gestão de 2010 a 2014.
10
10
obtidos por meio dessa concertação num tema tão sensível como a defesa. Após a
reunião, o governo argentino anunciou seu apoio à proposta.
O Chile foi o nono país visitado. Em 14 de maio, Jobim se encontrou com
a Presidenta Michelle Bachelet e com o Ministro da Defesa, José Goñi. Como as
conversações com o Chile a respeito do assunto já se desenvolviam desde as
reuniões bilaterais, não houve qualquer resistência à proposta. Jobim seguiu viagem
ao Uruguai, e, em 16 de maio, encontrou-se com os Ministros da Defesa José
Bayardi, e das Relações Exteriores, Gonzalo Fernandez. Ambos informaram a Jobim
que remeteriam a proposta para o Presidente Tabaré Vazquez. Acrescentaram que a
proposta era factível e provavelmente haveria apoio do governo uruguaio. A Bolívia
foi o último país visitado. Em 19 de maio, Jobim se reuniu com o Presidente Evo
Morales e com o Ministro da Defesa Walter San Miguel. De imediato o governo
boliviano acatou a proposta.
Após visitar a JID, os EUA e os onze países sul-americanos, Jobim
expressou confiança na viabilidade da criação do CSD. Para tanto, propôs a criação
de um grupo de trabalho composto de duas pessoas de cada país sul-americano,
para que fosse definida a arquitetura institucional do conselho.
Quadro 2
Visitas do Ministro da Defesa do Brasil aos países da América do Sul
País
Data da Visita
Venezuela 15/04/2008
Guiana
21/04/2008
Suriname
22/04/2008
Colômbia
28/04/2008
Equador
28/04/2008
Peru
05/05/2008
Paraguai
07/05/2008
Argentina
13/05/2008
Chile
14/05/2008
Uruguai
16/05/2008
Bolívia
19/05/2008
Resultado da Consulta
apoiou imediatamente a proposta
apoiou imediatamente a proposta
apoiou imediatamente a proposta
ficou de avaliar da proposta
apoiou imediatamente a proposta
ficou de avaliar da proposta
apoiou imediatamente a proposta
apoiou imediatamente a proposta
apoiou imediatamente a proposta
ficou de avaliar da proposta
apoiou imediatamente a proposta
Fonte: Elaborado pelo autor
4.1.5 A Criação da UNASUL e do Grupo de Trabalho do CSD
11
Em 23 de maio de 2008, quando da assinatura do Tratado de Brasília, que
constituiu a UNASUL, os governos dos doze países sul-americanos acordaram em
criar um grupo de trabalho para estudar a criação do CSD. Os presidentes
estabeleceram prazo de noventa dias para que o grupo apresentasse proposta
definitiva que contivesse os objetivos, os princípios e as primeiras ações a serem
tomadas pela futura instituição.11
Na ocasião, onze dos doze países sul-americanos aceitaram fazer parte
do CSD. Apenas o governo colombiano rejeitou integrar o conselho que seria criado.
Uribe alegou que a Colômbia vivia um momento distinto dos demais Estados sulamericanos. Na visão de seu governo, a Colômbia necessitava primeiro fortalecer
sua democracia e os demais países da América do Sul precisavam entender as
particularidades dos problemas enfrentados por seu país. Destacou que, de forma
distinta dos demais países da região, nos quais os grupos guerrilheiros combateram
a ditadura para instaurar a democracia, na Colômbia os grupos guerrilheiros há
muito tempo não têm o conteúdo ideológico como motivação para a luta. Na visão de
Uribe, esses grupos se desvirtuaram e, atualmente, não passariam de grupos
mercenários. Apesar da negativa em integrar o conselho, a Colômbia não se opôs a
criação do mesmo. (CHILE, 2009, p. 65)
Com a concordância dos demais países, o governo chileno, que detinha a
Presidência Pro Tempore da UNASUL, arrogou-se a tarefa de organizar o grupo de
trabalho.
Esse
grupo
se
reuniu
em
quatro
oportunidades,
nas
quais,
progressivamente, alcançaram-se os consensos necessários à criação da
instituição.
A primeira reunião ocorreu entre 23 e 24 de junho de 2008, na cidade de
Santiago do Chile. Nessa reunião, o representante brasileiro propôs que o Chile
fosse o Presidente do Grupo de Trabalho. Os demais países aprovaram por
consenso a indicação brasileira e o Sub-Secretário da Guerra do Ministério da
Defesa do Chile, Gonzalo Garcia Pino, foi eleito presidente do grupo de trabalho. Na
elaboração da agenda, acertou-se que a definição dos princípios constitutivos da
A defesa regional foi contemplada no tratado de criação da UNASUL. Nesse sentido, o Tratado de
Brasília prevê que a instituição teria como um de seus objetivos promover “o intercâmbio de
informação e de experiências em matéria de defesa”. Acordou-se também que a futura instituição se
inseriria no marco institucional da recém-criada UNASUL.
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12
futura instituição seria o primeiro assunto a ser debatido.
Quanto à definição dos princípios do CSD, entendeu-se que esses
deveriam estar em consonância com os princípios constitutivos da UNASUL. Assim,
princípios como gradualidade, flexibilidade, respeito irrestrito à soberania e a nãointervenção, também deveriam ser aplicados ao CSD.
Os
delegados sul-americanos enfatizaram
a heterogeneidade
de
percepções no tema da defesa entre os países sul-americanos. Na visão deles, para
se criar o CSD deveria se levar em conta essa heterogeneidade para definir uma
instituição inclusiva e representativa. Essa deveria atender aos dois princípios
norteadores que garantem o êxito das instituições internacionais: a legitimidade e a
eficácia.
Nessa primeira reunião, tratou-se da dificuldade em relação à definição de
temas de defesa e temas de segurança. No pós-Guerra Fria, os limites entre temas
de defesa e de segurança são cada vez mais tênues. Esse fenômeno dificulta o
tratamento dos temas, principalmente quando se busca abordá-los regionalmente.
Cientes dessas dificuldades, os delegados definiram que num primeiro momento
seriam identificadas as convergências entre os países. Essa abordagem permitiria
que se obtivesse um mínimo denominador comum, no qual haveria concordância
entre os países.
A segunda reunião do grupo de trabalho foi realizada entre 22 e 23 de
julho. A principal novidade da reunião foi apresentada pelo representante
colombiano. Ele retransmitiu uma mensagem de Uribe, a qual informava que a
Colômbia aceitaria integrar o CSD, caso três condições fossem atendidas: a) as
decisões deveriam ser tomadas por consenso; b) somente as forças institucionais
contempladas nas constituições dos países membros poderiam ser reconhecidas
como legítimas; e, c) os grupos violentos extra-constitucionais deveriam ser
repelidos. As delegações consideraram positiva a atitude do governo colombiano e
se propuseram a analisar as condições apresentadas.
Após amplos debates, a primeira condição foi acatada e as duas outras se
tornaram objeto de definição em reunião posterior do grupo de trabalho. Ficou
definido que todas as decisões seriam tomadas por consenso, a exceção seria a
convocação de reuniões extraordinárias, que poderia ser feita pela presidência,
desde que metade dos membros concordasse. Apesar de existir um amplo apoio das
delegações,
vários
representantes
decidiram
primeiramente
consultar
seus
13
respectivos governos quanto às duas outras condições12. Dessa forma, a decisão foi
postergada para a terceira reunião.
Na segunda reunião também foram definidos os objetivos de criação do
CSD. Optou-se pela divisão entre objetivos gerais e objetivos específicos. Assim, em
concordância com os princípios previamente debatidos, foram definidos quatro
objetivos gerais e onze específicos (UNASUL, 2008).13
A terceira reunião foi realizada em 26 de agosto. Nela foi estabelecida
uma nova rodada de negociações para tratar dos princípios que ficaram pendentes.
Os debates foram centralizados em três temas: a) o papel das forças armadas; b) o
rechaço à violência dos grupos armados ilegais; e, c) a participação cidadã em
matéria de defesa.
Os dois primeiros temas remetiam à discussão da reunião anterior, ou
seja, as condições impostas pela Colômbia para ingressar no conselho. Em relação
ao primeiro eixo, a Colômbia propunha que a frase “reconhecer as forças armadas
consagradas constitucionalmente pelos Estados membros como as únicas
instituições encarregadas da defesa nacional”, fosse inclusa no documento
constitutivo sob a forma de princípio. Os representantes dos demais países sulamericanos contestaram o pedido colombiano, informando que avaliar assuntos de
caráter constitucional extrapolava o mandato de atuação do conselho. O debate se
encerrou quando os representantes paraguaios propuseram a revisão do conteúdo
da frase. Assim, a frase proposta “afirmar o pleno reconhecimento das instituições
encarregadas da defesa nacional consagradas pelas constituições dos Estados
membros”, alcançou o consenso das delegações.
Em relação ao segundo tema, não se chegou a consenso na terceira
reunião. A Colômbia propunha que fosse incluído nos princípios do CSD o rechaço
aos grupos armados ilegais. Entretanto, os delegados da Bolívia, com o apoio dos
delegados da Venezuela, alegaram que a adoção desse princípio poderia incorrer no
descumprimento dos princípios de não-intervenção nos assuntos internos e de
autodeterminação dos povos. As duas delegações defendiam a inconveniência de se
adotar como um princípio geral a situação enfrentada por um Estado em específico.
Os demais países discordavam da posição da Bolívia e da Venezuela.
A Colômbia queria que o conteúdo dessas condições fosse consolidado no documento constitutivo
da futura instituição sob a forma de princípios.
13 Os objetivos gerais e específicos do CSD são descritos na subseção 4.2 deste capítulo.
12
14
Esses entendiam que a situação da Colômbia não era singular, pois também afetava
outros países sul-americanos. Ademais, na primeira reunião, outros temas
específicos já haviam sido contemplados nos princípios do CSD. Como não houve
consenso, postergou-se a decisão sobre o tema.
Em relação ao terceiro tema, após intensos debates, houve concordância
sobre a questão da participação cidadã. A proposta apresentada pelo Paraguai
alcançou consenso ao definir que seria um princípio do CSD “promover, em
conformidade com o ordenamento constitucional e legal dos Estados membros, a
responsabilidade e a participação cidadã nos temas de defesa, como bem público
que diz respeito ao conjunto da sociedade” (UNASUL, 2008).
Entre a terceira e a quarta reuniões do grupo de trabalho, no âmbito da
VIII Conferência de Ministros da Defesa das Américas, celebrada em Banff, Canadá,
foi realizada uma reunião informal de Ministros da Defesa da América do Sul. Apesar
de não terem sido tomadas decisões nessa ocasião, houve consenso entre as
delegações em relação a não conveniência de deixar a responsabilidade de
definição do texto final para os presidentes. Assim, requisitou-se que o grupo de
trabalho elaborasse um documento final na reunião que ocorreria em dezembro no
Chile.
Da terceira para a quarta reunião do grupo de trabalho, alguns temas
ficaram pendentes. O principal deles era a demanda colombiana em relação ao
rechaço aos grupos ilegais. Dessa forma, para dar celeridade ao processo, a
Presidência Pro Tempore elaborou um rascunho do documento final, em que se
tentava solver todas as pendências.
Entre 10 e 11 de dezembro de 2008 foi realizada a quarta reunião do
grupo de trabalho. Com objetivo de ao fim da reunião ter um documento final,
decidiu-se que não seriam agregados novos temas às discussões. Assim, os
delegados de cada país analisaram o documento enviado anteriormente pela
Presidência e, em conjunto, revisaram alguns artigos e foram aprovando-os. O
destaque foi o consenso que se chegou em relação à demanda colombiana.
Terminados os debates, chegou-se a um texto final para o artigo proposto
pela Colômbia. Nele, além da demanda colombiana, optou-se por agregar outros
princípios. O artigo ficou definido da seguinte forma: o CSD tem por objetivo
“reafirma [r] a convivência pacífica dos povos, a vigência dos sistemas democráticos
de governo e sua proteção, em matéria de defesa, frente a ameaças ou ações
15
externas ou internas, no marco das normativas nacionais. Da mesma forma, rechaça
a presença ou ação de grupos armados à margem da lei, que exerçam ou propiciem
a violência qualquer que seja sua origem” (UNASUL, 2008).
Após a definição da demanda colombiana, bem como a dos demais
artigos pendentes, chegou-se a um texto final, fruto do consenso dos delegados de
todos os países da América do Sul. O trabalho desenvolvido foi coroado com a
assinatura dos presidentes sul-americanos, em dezembro de 2008, no documento
constitutivo do CSD.
4.2
CSD: CRIAÇÃO, OBJETIVOS, PRINCÍPIOS, ESTRUTURA E
FUNCIONAMENTO
Em 16 de dezembro de 2008, na Cúpula Extraordinária da UNASUL,
realizada na Costa do Sauípe, foi assinado o documento constitutivo do CSD. A
assinatura foi o resultado de uma série de eventos anteriores. Primeiro, das reuniões
bilaterais entre Brasil e Chile. Segundo, da proposição de criação da instituição pelo
governo brasileiro, em meio à crise diplomática entre Colômbia, Equador e
Venezuela. Terceiro, das viagens-reunião do Ministro Jobim aos países sulamericanos para verificar a viabilidade da proposta. Quarto, da decisão tomada na
Cúpula de Brasília da UNASUL de criar um grupo de trabalho para tratar dos
objetivos, das funções e da estrutura da futura instituição. E, por fim, das quatro
reuniões formais e uma informal do grupo de trabalho, que deu forma ao documento
constitutivo assinado na cúpula da Costa do Sauípe.
O CSD foi criado como um “órgão de consulta, cooperação e
coordenação em matéria de Defesa” integrante da institucionalidade e dos princípios
da UNASUL. De acordo com o documento constitutivo, os objetivos principais de sua
criação são: a) a construção de uma Zona de Paz e Cooperação no subcontinente,
pois essa seria a base para a estabilidade democrática e para o desenvolvimento
integral dos povos sul-americanos, além de contribuir para a paz mundial; b) a
construção de uma identidade sul-americana em defesa, que considere as
características sub-regionais e nacionais e contribua para o fortalecimento da
unidade da América Latina e do Caribe; e, c) a geração de consensos para fortalecer
16
a cooperação regional em matéria de defesa. Além dos objetivos gerais, foram
definidos onze objetivos específicos14. (UNASUL, 2008)
O CSD é regido pelos princípios da Carta das Nações Unidas, da Carta
da OEA, do Tratado Constitutivo da UNASUL e das decisões posteriores que o
Conselho da UNASUL tomar. Dentre esses princípios estão incluídos o respeito
irrestrito à soberania, a não-intervenção em assuntos internos, a autodeterminação
dos povos, a democracia, a subordinação das instituições de defesa à autoridade
civil, a desnuclearização, a participação cidadã, a gradualidade e a flexibilidade, bem
como os princípios demandados pela Colômbia, já discutidos na seção anterior.
Quanto à estrutura, o CSD é composto pelos Ministros e Ministras da
Defesa dos países membros da UNASUL. A instância executiva da instituição fica a
cargo dos Vice-Ministros e Vice-Ministras da Defesa. A Presidência do CSD cabe ao
mesmo país que ocupa a Presidência Pro Tempore da UNASUL. Sua função é
coordenar as tarefas administrativas, como a elaboração da agenda e a difusão de
informações.
Quanto seu funcionamento, o CSD realiza uma reunião ordinária anual.
Entretanto, se houver consenso de metade dos membros, é possível convocar
reuniões extraordinárias. A instância executiva se reúne a cada seis meses. As
decisões são adotadas por consenso. A partir de cinco anos da entrada em vigor do
Tratado Constitutivo da UNASUL, novos Estados podem ser admitidos como
membros plenos do CSD, desde que o país em questão já seja um Estado
associado há pelo menos quatro anos15. Somente serão aceitos Estados da América
Conforme Artigo 5 do documento constitutivo, os objetivos específicos do Conselho de Defesa SulAmericano são: a) avançar gradualmente na análise e discussão dos elementos comuns de uma
visão conjunta em matéria de defesa; b) promover o intercâmbio de informação e análise sobre a
situação regional e internacional, com o propósito de identificar os fatores de risco e ameaça que
possam afetar a paz regional e mundial; c) contribuir para a articulação de posições conjuntas da
região em foros multilaterais sobre defesa, no marco do artigo 14 do Tratado Constitutivo da
UNASUL; d) avançar a construção de uma visão compartilhada a respeito das tarefas de defesa e
promover o diálogo e a cooperação preferencial com outros países da América Latina e do Caribe; e)
fortalecer a adoção de medidas de fomento da confiança e difundir as lições aprendidas; f) promover
o intercâmbio e a cooperação no âmbito da indústria de defesa; g) estimular o intercâmbio em matéria
de formação e capacitação militar, facilitar processos de treinamento entre as Forças Armadas e
promover a cooperação acadêmica entre os centros de estudo de defesa; h) compartilhar
experiências e apoiar ações humanitárias, como a desminagem, a prevenção e mitigação de
desastres naturais e a assistência às suas vítimas; i) compartilhar experiências em operações de
manutenção de paz das Nações Unidas; j) intercambiar experiências sobre os processos de
modernização dos Ministérios de Defesa e das Forças Armadas; k) promover a incorporação da
perspectiva de gênero no âmbito da defesa. (UNASUL, 2008)
15 A incorporação de novos membros pelo CSD está em consonância como o artigo 20 do Tratado
Constitutivo da UNASUL, qual seja: “a partir do quinto ano da entrada em vigor do presente Tratado e
levando em conta o propósito de fortalecer a unidade da América Latina e do Caribe, o Conselho de
14
17
Latina e do Caribe.
4.3
CSD: REUNIÕES E REALIZAÇÕES (2009-2010)
4.3.1 Presidência Pro Tempore do Chile (2009)
Durante o primeiro ano de operação do CSD, sob a Presidência Pro
Tempore do Chile, destacam-se três realizações: a) a definição do Plano de Ação
2009-2010; b) a realização de diversos eventos contidos nesse plano; e, c) o início
do processo de estabelecimento do mecanismo de confiança mútua em matéria de
defesa e segurança entre os países da região.
Após a constituição do CSD, foi celebrada entre 28 e 29 de janeiro de
2009, na cidade de Santiago do Chile, a reunião dos Vice-Ministros da Defesa.
Nesta reunião, buscou-se definir uma proposta de Plano de Ação para os anos de
2009 e 2010.
O objetivo foi elaborar um plano de ação “ambicioso pero realista, de
modo que se puedan mostrar resultados concretos que validen la instancia y
otorguen fuerza a la UNASUR” (CHILE, 2009). Dessa forma, foram designadas
quatro áreas temáticas e quatro grupos de trabalhos, um para cada área, quais
sejam: a) políticas de defesa; b) cooperação militar, ações humanitárias e operações
de paz; c) indústria e tecnologia de defesa; e, d) formação e capacitação. Dentro de
cada área foram definidas tarefas específicas, bem como os países responsáveis
por cada uma delas. A Proposta de Plano de Ação definida foi submetida aos
Ministros na reunião de março de 2009.
Entre 9 e 10 de março de 2009 foi realizada a primeira reunião de
Ministros do CSD. O principal tema da agenda foi a definição do Plano de Ação
2009-2010. Após os discursos e os debates, foi assinada uma declaração final do
encontro: a Declaração de Santiago do Chile. Nela foram enfatizados alguns
Chefas e Chefes de Estado e de Governo poderá examinar solicitações de adesão como Estados
Membros por parte de Estados Associados que tenham esse status por quatro (4) anos, mediante
recomendação por consenso do Conselho de Ministras e Ministros das Relações Exteriores”.
18
princípios e os objetivos de criação da instituição, e também descrito o Plano de
Ação definitivo para 2009 e 2010.
Conforme a proposta de Plano de Ação da reunião de Vice-Ministros,
foram aprovados no Plano definitivo os quatro eixos de ação e também as iniciativas
específicas para cada um deles16.
No eixo políticas de defesa, definiu-se que o objetivo era fortalecer o
diálogo, o intercâmbio de experiências e de informações entre os países. Nesse
sentido, dentre as tarefas específicas dessa área, decidiu-se por propiciar a
definição de enfoques conceituais comuns; promover a transparência de
informações sobre gastos e indicadores econômicos de defesa, bem como a
articulação conjunta da região nos fóruns multilaterais sobre defesa; e, criar uma
rede para favorecer o intercâmbio sobre políticas de defesa.
Quanto ao eixo cooperação militar, ações humanitárias e operações de
paz; definiu-se que o objetivo era disseminar conhecimentos e experiências para a
realização de ações futuras. Assim, dentre as tarefas específicas nessa área, ficou
definido que: a) seria feito um inventário das capacidades de defesa que os países
sul-americanos detêm para o apoio às ações humanitárias; b) seria realizada uma
conferência para compartilhar as lições aprendidas nas operações de paz; c) seria
planejado um exercício combinado de assistência no caso de catástrofes e
desastres naturais; d) seria fortalecido o intercâmbio de experiências no campo das
ações humanitárias, para estabelecer mecanismos de resposta imediata quando da
ocorrência de desastres naturais.
No eixo indústria e tecnologia de defesa foram definidas duas tarefas
específicas. A primeira propõe a elaboração de um diagnóstico da indústria de
defesa dos países membros, identificando capacidades e áreas de associação
estratégicas, com objetivo de promover a complementaridade, a pesquisa e a
transferência tecnológica. A segunda se refere à busca da promoção de iniciativas
bilaterais e multilaterais de cooperação e produção da indústria de defesa entre os
países membros do CSD.
Por fim, o eixo formação e capacitação está centrado na difusão de
Para detalhamento dos eixos ver: CSD. PRIMEIRA REUNIÃO DE MINISTRAS E MINISTROS DA
DEFESA DO CONSELHO DE DEFESA SUL-AMERICANO (CDS) DA UNASUL. Santiago de Chile:
10.03.2009.
Disponível
em:
<http://www.cdsunasur.org/consejo-de-defensasuramericano/documentos-oficiales/59-portugues/127-declaracao-final-primeira-reuniao-de-ministrase-ministros-da-defesa-do-conselho-de-defesa-sul-americano-cds-da-unasul>.
Acesso
em:
07.04.2009.
16
19
conhecimentos, a promoção da capacitação e o fomento à pesquisa em matéria de
defesa. Para tanto, foram definidas algumas tarefas específicas dentre as quais se
cita: a) a promoção de programas de intercâmbio docente e estudantil; b) a criação
do Centro Sul-Americano de Estudos Estratégicos de Defesa (CEED); c) a
realização do Primeiro Encontro Sul-Americano de Estudos Estratégicos; e, d) a
elaboração de um catálogo dos centros de estudos em defesa, para criar uma rede
sul-americana de capacitação e formação em defesa.
Foram realizados cinco eventos no cumprimento do Plano de Ação 20092010. Em 2009, foram realizados dois deles: o Primeiro Encontro Sul-Americano de
Estudos Estratégicos, de 10 a 13 de novembro, no Brasil; e o Seminário de
Modernização dos Ministérios da Defesa, celebrado entre 19 e 20 de novembro, no
Equador. Em 2010, foram realizados, de 26 a 29 de maio, na Venezuela, o
Seminário Visão dos Enfoques Conceituais de Defesa, Riscos e Ameaças na
Região; de 7 a 11 de junho, no Peru, o Seminário: Assistência em Caso de
Catástrofes e Desastres Naturais; e o Seminário: Indústria e Tecnologia de Defesa,
de 29 a 30 de junho, no Equador.
No dia 28 de agosto de 2009, foi realizada em Bariloche17, na Argentina, a
Cúpula Extraordinária de Chefes de Estado e Governo da UNASUL. Nela, decidiu-se
fortalecer a região como uma zona de paz. Para tanto, os governos decidiram pelo
estabelecimento de um mecanismo de confiança mútua em matéria de defesa e
segurança. Nesse sentido, instruíram a realização de uma reunião de Ministros de
Defesa e de Relações Exteriores, com objetivo de elaborar medidas de fomento à
confiança e à segurança, complementarmente às existentes no âmbito da OEA.
(UNASUL, 2009).
Nos dias 15 de setembro e 27 de novembro de 2009, foram celebradas
duas Reuniões Extraordinárias de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa da
UNASUL, na cidade de Quito, Equador. Nelas, os ministros cumpriram o mandato
recebido na Cúpula de Bariloche e estabeleceram um mecanismo de Medidas de
Fomento à Confiança e à Segurança (MFCS).
O mecanismo criado prevê o aumento da transparência e da troca de
A Cúpula Extraordinária de Bariloche foi convocada devido às divergências geradas quanto à
assinatura pelo governo da Colômbia de um acordo militar com os EUA, que previa a utilização
estadunidense de sete bases militares colombianas. O episódio acirrou a crise diplomática entre
Colômbia e Venezuela. Hugo Chávez acusou Uribe de ameaçar a segurança da América do Sul, ao
permitir o acesso norte-americano à bases na América do Sul.
17
20
informações entre os países sul-americanos. Para tanto, as seguintes medidas
devem ser tomadas: a) fortalecer a troca de informações sobre os sistemas de
defesa; b) aumentar a transparência sobre os gastos em defesa; c) aumentar o
controle e a informação sobre as atividades militares intra e extra-regionais; d) tomar
medidas no âmbito da segurança; e) estabelecer garantias quanto à manutenção da
paz na região18; e, f) estabelecer um mecanismo de cumprimento e verificação das
ações empreendidas. (UNASUL, 2009b)
Os Ministros definiram também que a materialização das medidas seria
executada pelo CSD, pelo Conselho de Ministros de Relações Exteriores e pelo
Conselho Sul-Americano de Luta contra o Narcotráfico (CSLN)
19,
de acordo com as
competências e atribuições de cada um.
Na ocasião, três Estados apresentaram propostas para apreciação dos
demais Estados sul-americanos. O governo do Peru apresentou o projeto de
Protocolo de Paz, Segurança e Cooperação da UNASUL. O Chile apresentou o
Projeto de Decisão sobre uma Arquitetura de Segurança para a UNASUL. Por fim, o
Equador apresentou o Projeto de Código de Conduta sobre questões de Defesa e
Segurança.
Diante das propostas, os Ministros presentes chegaram ao acordo de que
o CSD deveria ser responsável pela elaboração de “um Protocolo de Paz,
Segurança e Cooperação na UNASUL, que constitua também uma Arquitetura de
Segurança Sul-Americana e sirva de Código de Conduta para a região”. Dessa
forma, a decisão se converteu numa síntese das propostas apresentadas (UNASUL,
2009b).
4.3.2 Presidência Pro Tempore do Equador (2010)
Conforme ítem 1-IV do documento da reunião, foi proscrito “el uso o la amenaza del uso de la
fuerza, así como cualquier tipo de agresión militar o de amenazas a la estabilidad, la soberanía y la
integridad territorial” entre os Estados membros da UNASUL (UNASUL, 2009c)
19 “El Consejo Suramericano de Lucha contra el Narcotráfico (CSLCN) de la Unión de Naciones
Suramericanas (UNASUR), se creó en la reunión del Consejo de Jefes y Jefas de Estado y de
Gobierno de la UNASUR, que tuvo lugar en la ciudad de Quito, el 10 de agosto de 2009. El CSLCN,
es un foro de consulta, coordinación y cooperación en materia de prevención y lucha contra el
problema mundial de las drogas, en concordancia con las disposiciones del Tratado Constitutivo de
UNASUR.”
Disponível
em:
<http://www.pptunasur.com/contenidos.php?menu=3&submenu1=8&idiom=1>.
Acesso
em:
03.02.2011.
18
21
Em agosto de 2009, o Equador recebeu do Chile a Presidência Pro
Tempore da UNASUL. Em conseqüência, como o documento constitutivo do CSD
prevê que a presidência dessa instituição cabe ao país que detém a Presidência Pro
Tempore da UNASUL, em janeiro de 2010, o Ministro da Defesa equatoriano, Javier
Ponce Cevallos, assumiu a Presidência do CSD.
Os principais avanços do CSD no período da Presidência Pro Tempore do
Equador foram: a) a continuidade no processo de estabelecimento das MFCS; b) o
estabelecimento do CEED; c) a promoção da transparência nos gastos em defesa;
d) a definição do Plano de Ação 2010-2011; e, e) a realização de diversos eventos
contidos nesse plano.
De 26 a 28 de janeiro de 2010, no Equador, foi realizada no âmbito do
CSD, a Reunião de Especialistas em Medidas de Confiança Mútua, em conjunto
com a II Reunião da Instância Executiva, em cumprimento ao mandato da reunião
de Ministros de Relações Exteriores e de Defesa.
Na Reunião da Instância Executiva foram analisadas as MFCS propostas
nas Reuniões Extraordinárias de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa.
Conforme a ata da reunião (CSD, 2010a), a maioria dos procedimentos propostos
alcançou consenso, excetuando-se os temas das garantias da região ser uma zona
livre de armas nucleares e das medidas propostas no âmbito da segurança.
Alcançou-se consenso no tema das garantias, por meio da revisão textual das
medidas. As propostas no âmbito de segurança não tiveram o mesmo êxito, pois
havia divergências sobre se o CSD poderia atuar no âmbito da segurança. O
tratamento do tema foi postergado para a próxima reunião.
Também foi analisada a proposta de assinatura do Protocolo de Paz,
Segurança e Cooperação no âmbito da UNASUL. O Peru propôs a criação de um
grupo de trabalho, sob sua liderança, que reuniria especialistas, para elaborar a
proposta do Protocolo. O grupo de trabalho se reuniu em três oportunidades: 25 e 26
de março; e, 21 e 22 de junho, no Peru; e nos dias 4 e 5 de novembro, no Chile.
Na primeira reunião do grupo, realizada em Lima, as delegações
debateram o projeto de texto do Protocolo, conforme propostas apresentadas por
Brasil, Chile, Equador e Peru (CSD, 2010c). Também redigiram os quatro primeiros
capítulos e definiram os objetivos, quais sejam: a) avançar na construção e
consolidação da América do Sul como uma zona de paz e estabilidade; b) promover
22
a paz, a segurança e a cooperação regional na América do Sul; e, c) promover o
exercício pleno pelos habitantes da região de seu direito de viver em paz e com
segurança. (CSD, 2010e, p. 23-24)
Na segunda reunião, também realizada em Lima, discutiu-se sobre a
redação dos dois últimos capítulos do Protocolo. Por fim, foram consolidados em um
texto provisório os capítulos redigidos.
O texto foi remetido às delegações sul-
americanas para ser tratado na terceira reunião. (CSD, 2010e, p. 24)
Na última reunião do grupo, discutiu-se o documento enviado às
delegações, entretanto não se chegou a um consenso. Ao fim de 2010 ainda não se
havia chegado a um texto final e o Protocolo ainda não havia entrado em vigor.
Em maio de 2010, na cidade de Guayaquil, Equador, ocorreram três
eventos relevantes no âmbito do CSD. No dia 4, realizou-se a Reunião de Análise do
Projeto do Estatuto do CEED; no dia 5, foi realizada a I Reunião Extraordinária da
Instância Executiva; e, nos dias 6 e 7, foi realizada a II Reunião Ordinária dos
Ministros da Defesa.
Na II Reunião Ordinária foram aprovadas as MFCS propostas nas
Reuniões Extraordinárias de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa da
UNASUL e desenvolvidas nas Reuniões da Instância Executiva, de 28 e 29 de
janeiro e de 5 de maio; e nas Reuniões do Grupo de Trabalho de 8 e 9 de abril de
2010. (CSD, 2010c)
Entretanto, as medidas consideradas como pertencentes ao âmbito da
segurança, não foram objeto de aprovação20. Entendeu-se que as medidas
propostas pelos Ministros das Relações Exteriores e da Defesa nesse âmbito,
extrapolavam a competência do CSD. Para as delegações sul-americanas que
analisaram as MFCS, as medidas referentes à implantação de sistemas nacionais de
marcação e rastreio de armas; prevenção e neutralização da ação de grupos
armados à margem da lei; e luta contra o terrorismo, deveriam ser objeto de
tratamento de órgãos competentes para tais finalidades. Dessa forma, a Secretaria
do CSD enviou uma carta aos Ministros das Relações Exteriores da UNASUL
informando que não era de competência do CSD tratar dos temas supracitados
(SECDS, 2010).
Há um descompasso entre os países do CSD sobre quais temas pertencem ao âmbito da defesa e
quais pertencem ao âmbito da segurança. Nessas reuniões a Colômbia defendeu que todas as MFCS
pertenciam ao âmbito da defesa, já outros países como a Venezuela e o Brasil divergiram dessa
posição.
20
23
Após a Reunião de Análise do Projeto do Estatuto realizada no dia 4, na II
Reunião Ordinária dos Ministros da Defesa foi aprovado o Estatuto do CEED. O
objetivo da criação desse centro é a geração de conhecimento e a difusão do
pensamento estratégico sul-americano nos temas atinentes à defesa e à segurança
regional e internacional. (CSD, 2010c) O CEED atua como uma instância de
produção de estudos estratégicos e assessora o CSD (CSD, 2010e, p. 7).
Na II Reunião Ordinária, os Ministros da Defesa decidiram promover a
transparência nos gastos em defesa. Com esse fim, Argentina e Chile se
comprometeram a liderar um Grupo de Trabalho para desenvolver uma metodologia
destinada a solver os problemas técnicos de um sistema comum de medição dos
gastos de defesa.
Nessa reunião, Argentina, Chile e Peru receberam o mandato para
elaborar uma proposta que contivesse temas que pudessem ser incluídos na Agenda
Temática da IX Conferência de Ministros da Defesa das Américas, que foi realizada
entre 22 a 25 de novembro, na Bolívia. Essa proposta deveria ser encaminhada à
Instância Executiva, para que essa pudesse articular posições conjuntas para a
Reunião Preparatória de Vice-Ministros da Defesa das Américas, que ocorreu entre
19 e 20 de julho de 2010.
A Instância Executiva realizou sua terceira reunião entre os dias 14 e 15
de julho, em Quito, no Equador. Dentre os temas da pauta, foram abordados
assuntos como a metodologia destinada a solver os problemas técnicos de um
sistema comum de medição dos gastos de defesa; a articulação de posições
conjuntas em fóruns extra-regionais; e a definição de um Plano de Trabalho para
2010-2011.
Quanto ao tema da metodologia, o Vice-Ministro da Defesa do Chile
apresentou um plano para o grupo de trabalho, elaborado por Argentina, Chile e
Peru. Ressaltou a falta de uma metodologia consensuada, tanto no âmbito do
continente americano, quanto na região sul-americana. Definiu-se na ocasião um
cronograma de trabalho, dividido em duas etapas. Na primeira delas, seria feita a
recompilação da informação dos gastos de defesa dos países da UNASUL
(tomando-se por base a metodologia ONU) e da normativa dos ciclos orçamentários
de cada país do bloco. Na segunda, seria desenvolvida uma metodologia regional de
medição de gastos, e, posteriormente, sua verificação empírica em uma amostra de
países da região.
24
Nessa reunião foram definidos dois temas para articulação conjunta:
desastres naturais e defesa; e, medidas de fomento à confiança. No primeiro tema,
propôs-se que os países sul-americanos buscassem fomentar a troca de
experiências sobre respostas aos desastres naturais e a conformação de um
inventário de capacidades e meios existentes no setor de defesa, como instrumento
de resposta às situações de catástrofes e desastres naturais. No segundo tema, os
países deveriam atuar no sentido de consolidar e aprofundar as medidas de fomento
à confiança que extrapolassem o nível bilateral. (CSD, 2010f) 21
Por fim, nessa reunião da Instância Executiva foi aprovado o Plano de
Ação 2010-201122. Os Vice-Ministros definiram que no Plano de Ação 2010-2011
seriam mantidos os mesmos quatro eixos de atuação. Quanto à vigência do plano,
estabeleceu-se que seria de julho de 2010 a julho de 2011. (CSD, 2010d)
No eixo políticas de defesa, definiram-se algumas tarefas. Em primeiro
lugar, desenvolver a rede criada para a troca de informações de política de defesa.
Segundo, desenvolver a metodologia de medição de gastos. Terceiro, realizar um
novo seminário para se avançar na identificação dos fatores de riscos e ameaças e
na definição de conceitos. Quarto, criar um mecanismo para contribuir na articulação
de posições conjuntas da região em fóruns multilaterais sobre defesa. E, por fim,
propor o estabelecimento de um mecanismo de consulta, informação e avaliação
imediata de situações de riscos à paz dos países da região.
No eixo cooperação militar e ações humanitárias, definiram-se diversas
medidas com vistas a disseminar conhecimentos e experiências para a realização de
futuras ações conjuntas. Nesse sentido, propôs-se a realização de: a) uma
conferência sobre as lições aprendidas em operações de paz; b) um seminário sobre
os desafios na gestão de crises nas operações de manutenção da paz; c) dois
exercícios, um para promover a interoperabilidade militar combinada e outro sobre a
carta que trata dos desastres naturais; e d) a consolidação do inventário das
capacidades de defesa que os países podem oferecer para apoiar as ações
Na Reunião Preparatória da IX Conferência de Ministros de Defensa das Américas, realizada em
Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, entre os dias 19 e 20 de julho de 2010, os países sul-americanos
atuaram em conjunto nos temas pré-acordados na III Reunião Executiva do CSD. Como resultado, os
países sul-americanos foram convidados para a relatoria, a correlatoria e a moderação desses temas.
No documento final da reunião foi ressaltada a atuação do CSD na construção e consolidação das
MFCS, bem como o esforço empreendido no sentido de negociar um Protocolo de Paz, Segurança e
Cooperação no âmbito da UNASUL. (CSD, 2010e:8-9)
22 Para detalhamento do Plano de Ação 2010-2011 ver: CSD. ACTA DE LA III REUNIÓN DE LA
INSTANCIA EJECUTIVA DEL CONSEJO DE DEFENSA SURAMERICANO. Quito: 14-15.07.2010.
21
25
humanitárias.
No que tange ao eixo indústria e tecnologia de defesa, ficou definido que
o Plano de ação 2010-2011 seria dividido em três fases. Na primeira fase, o objetivo
principal é a coleta e a gestão de informações sobre a indústria e tecnologia de
defesa no âmbito regional. Na segunda fase, definiu-se como objetivo a identificação
das possíveis áreas de associação estratégica comuns, para promover a
complementaridade, a investigação, a cooperação técnica e a transferência de
tecnologia. Na terceira fase, os objetivos são a promoção da cooperação bilateral e
multilateral no âmbito da indústria e da tecnologia entre os países do CSD; e,
estudar a possibilidade de criação de um Centro de Pesquisas e Desenvolvimento
Tecnológico e Cooperação do CSD.
Para o quarto eixo, formação e capacitação, foram definidas três tarefas.
A primeira delas se refere à consolidação de uma base de dados sobre as
instituições militares e os centros de formação de especialistas civis no tema da
defesa. Essa base serviria para estabelecer uma rede de contatos regionais e
facilitaria a troca de informações e de experiências entre os militares e os
acadêmicos dos países da UNASUL. A segunda tarefa trata da elaboração de uma
proposta de criação de um programa sul-americano de formação em Defesa, que
teria como público-alvo os civis representantes dos Estados membros do CSD. A
terceira tarefa se refere à realização de um curso de defesa dirigido a civis e
militares.
Em cumprimento do Plano de Ação 2010-2011, até dezembro de 2010,
foram realizados quatro eventos. Em 27 de agosto, na Argentina, celebrou-se o
Seminário: Metodologia de Medição de Gastos de Defesa. Entre os dias 30 de
agosto e 3 de setembro, foi realizado no Uruguai o Seminário: Lições Aprendidas em
Operações de Paz no Âmbito Interno e Multilateral. Em 5 de novembro, foi realizado
no Chile a Reunião do Grupo Técnico para a Metodologia de Medição de Gastos
Militares. Por fim, de 13 a 15 de dezembro, foi realizado em Lima no Peru, o
Exercício: Carta sobre Desastres Naturais.
4.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
26
A criação do CSD resultou de um longo processo de consultas e
negociações entre os países sul-americanos. Optou-se por uma integração inclusiva
e consensuada, assim, superados os entraves, chegou-se a um mínimo
denominador comum, e, em maio de 2008, a instituição foi criada. Durante os dois
primeiros anos de funcionamento, as Presidências Pro Tempore de Chile e Equador
imprimiram um ritmo de trabalho intenso, que resultou em diversos avanços, tais
como a definição de dois Planos de Ação; a criação do CEED; o estabelecimento de
um mecanismo de confiança mútua; a promoção da transparência em gastos de
defesa; e o início das negociações para o estabelecimento do Protocolo de Paz e
Segurança no âmbito dos países da UNASUL.
Entretanto, a estratégia de se integrar por um mínimo denominador
comum pode comprometer o futuro da integração. Apesar dos notáveis avanços
iniciais, ao se insistir nessa estratégia, no médio e longo prazo, haverá grandes
dificuldades para o aprofundamento da integração, pois esta não terá uma dinâmica
própria.
Dessa forma, para que o CSD não se torne apenas mais uma sigla, no
emaranhado de siglas de instituições latino-americanas, faz-se necessário enfrentar
os desafios que se apresentam no cenário de defesa e segurança sul-americano. O
aumento substancial dos gastos em defesa pelos países da região e a relação entre
os EUA e os países da América do Sul são exemplos dos desafios que o CSD
enfrentará. No próximo capítulo trataremos mais detidamente de cada um deles.
27
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