Lugar Comum – No 58 | Agosto de 2020
O neoliberalismo arruinou o mundo e o fascismo arruinou o neoliberalismo?
Resenha de:
BROWN, Wendy. Nas Ruínas do Neoliberalismo: a ascensão da política
antidemocrática no ocidente. Tradução por Mario A. Marino, Eduardo Altheman C.
Santos - São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019, 256 p.
Por Caio Dayrell Santos1
Em seus Cursos de 1978-1979 sobre o nascimento da biopolítica, Michel
Foucault estuda os argumentos filosóficos e as preocupações históricas que inspiraram o
projeto político e econômico neoliberal. Ele observa que uma das principais
preocupações de seus idealizadores era conceber uma tecnologia de poder que, a sua
própria maneira, serviria como alternativa aos regimes totalitários que marcaram a
época. (COCCO, 2009). Apesar disso, décadas de hegemonia neoliberal não impediram
a volta de uma subjetividade violenta e irracional, em muitos aspectos similar aos
catastróficos fascismos dos anos 30. “O neoliberalismo produziu efeitos muito
diferentes daqueles imaginados e visados por seus arquitetos” escreve Wendy Brown
(2019, p. 26) em seu mais recente livro Nas Ruínas do Neoliberalismo: a ascensão da
política antidemocrática no ocidente, lançado em português pela editora Politeia. O
título não só remete à sensação de decadência cada vez mais presente no imaginário
popular, ele também sugere que estaríamos vivendo nas ruínas do republicanismo
moderno, mas que o próprio neoliberalismo, teria arruinado a si próprio, produzindo um
monstruoso filho bastardo encabeçado por figuras como Donald Trump e Jair
Bolsonaro. “Por que o „destronamento da política‟ neoliberal saiu tão fragorosamente
dos trilhos? O que ele deixou de considerar ou levar em conta, ou o que o envenenou
por fora?” (BROWN, 2019, p. 102-103).
Em seu trabalho anterior, Undoing the Demos: neoliberalism's stealth
revolution2, Wendy Brown se debruçava e atualizava a análise do neoliberalismo feita
por Foucault em O Nascimento da Biopolítica. Ao sistematizar de forma didática os
argumentos de Foucault, ela contextualiza historicamente sua perspectiva e aponta sua
singular perspicácia, porém sem deixar de indicar algumas carências. Brown enfatiza
1
Jornalista e Comunicólogo graduado pela UFMG, mestrando em Comunicação e Cultura pela UFRJ.
Estuda práticas e estéticas de movimentos políticos contemporâneos na América Latina. E-mail:
cdsantos99@hotmail.com.
2
Literalmente traduzido seria Desfazendo o Demos: a furtiva revolução do neoliberalismo.
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que o neoliberalismo não é um mero retorno ao liberalismo clássico, mas se aproxima
muito mais de um projeto imperialista: longe de apenas diminuir a competência do
Estado em prol de iniciativas privadas, ele é definido por uma ambição de
“economicizar” domínios até então não econômicos. Sob processos difusos organizados
a partir de um ethos financeiro, referido como a “razão neoliberal”, toda a dimensão da
vida humana se tornaria subjugada à lógica do mercado, que impõe valores, práticas e
métricas a virtualmente todas as relações sociais (BROWN, 2015). O principal mérito
dessa abordagem é oferecer uma conceituação teórica do neoliberalismo capaz de
apreender suas variações em diferentes países e épocas, assim como suas sutis
manifestações em diversas esferas do cotidiano. Brown, no entanto, indaga se essa
pretensão economicizante não confrontaria com os princípios que regem e inspiram a
democracia, tema ao qual Foucault nunca deu a merecida atenção. A partir do momento
em que a ação, tanto de indivíduos quanto de governos, se adequa aos caprichos do
mercado, o que resta das vocações próprias da política, como deliberação, reflexão
moral e julgamento do bem comum? Para Brown, o ethos político perderia cada vez
mais espaço, culminando em uma desdemocratização. Isso não significa que o
neoliberalismo fabrique regimes ditatoriais; as instituições da democracia liberal
seguem existindo, porém são cada vez mais esvaziadas, tornando-se impotentes para
realizar as funções para as quais foram concebidas, como servir de espaço de mediação
de conflitos e garantir a seguridade e integridade de seus cidadãos. Como observaram
Dardot e Laval (2016), em última instância essa desdemocratização se manifestaria pela
suspensão da lei, culminando em um estado de exceção permanente nos moldes
propostos por Giorgio Agamben (2004).
Brown desenhava uma sociedade friamente amoral, indiferente a qualquer
norma ou ideal a não ser a valorização de seu próprio capital; entretanto, o que emergiu
não foram tecnocratas sem princípios, mas sim boçais obscenos e turbas raivosas que
priorizam honrar preconceitos em detrimento de “imperativos econômicos” até então
tidos como incontestáveis. A título de exemplo, o que chocava no episódio da saída do
Reino Unido da União Europeia era que, pela primeira vez na história recente, o
governo britânico tomava uma importante decisão política com fortes impactos em sua
economia sem considerar qualquer avaliação econômica (HAY, 2018). A xenofobia
prevaleceu sobre o equilíbrio financeiro. Se havia alguma dúvida sobre o perigo desse
desdém por orientações técnicas, a pandemia de 2020 a eliminou: na data de submissão
dessa resenha, os três países que acumulavam mais números de mortos por coronavírus
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são governados por demagogos que negaram a gravidade da crise sanitária apesar dos
avisos de especialistas. Mesmo presidentes de direita, mas próximos do paradigma
neoliberal, como é o caso de Sebastián Piñera no Chile, não tardaram em aplicar
rigorosas quarentenas por meses assim como testagens em massa. A falta de bom senso
parece ser mais mortal do que a avareza capitalista - afinal, para que a população
consuma e trabalhe, ela deve permanecer minimamente viva. Mas, como chegamos até
aqui? De onde vêm esse fanatismo cego? E como 40 anos de uma ideologia que tanto
reforça um realismo austero produziram delírios suicidas?
Reconhecendo as insuficiências de Undoing the Demos, Brown investiga um
aspecto da racionalidade neoliberal relativamente pouco desenvolvido: sua relação com
o conservadorismo moral. Nas últimas décadas há Amoêdo, banqueiro e ex-candidato à
presidência pelo partido Novo, resumiu muito bem esse paradoxo ao se identificar como
“liberal na economia e conservador nos costumes”3, ou seja, para ele o Estado não
poderia regular o trabalho ou as empresas, mas deveria coibir a liberdade de indivíduos
ou grupos a fim de garantir a sobrevida de valores e tradições cristãs. Para Brown, não
se trata de uma aliança de conveniência ou pura demagogia eleitoral. Em sua visão, o
tradicionalismo é um dos alicerces do neoliberalismo.
Seguindo o exemplo de Foucault, ela lê e analisa os próprios teóricos
neoliberais. Apesar de tratar dos ordoliberais da Escola de Friburgo e do fundador da
Escola de Chicago, Milton Friedman, sua atenção se detém especialmente no autor de
cabeceira de Thatcher, Friedrich Hayek, cujos escritos assombram as Ruínas. Cético da
capacidade de qualquer sujeito ou grupo organizar um mundo infinitamente complexo,
Hayek descarta a deliberação como um mecanismo de planificar o comum. Sua aposta
está na reafirmação de arranjos que emergem organicamente com o tempo a partir da
ação e cooperação dos indivíduos. Para Hayek, essas “ordens espontâneas” seriam não
coercitivas, emergindo sem seguir qualquer decisão política ou transcendência divina e
se materializando na tradição moral e no mercado.
Já deve ter ficado claro que a antipatia de Hayek pela social-democracia ou
pelo socialismo não deriva unicamente de seu apreço pelo mercado, um
apreço que é ubíquo na história do liberalismo. E tampouco deriva de seu
medo do poder estatal expansivo [...] Para Hayek, o maior erro da socialdemocracia jaz em sua tentativa de substituir uma ordem espontânea evoluída
historicamente, suportada pela tradição e instalada no costume, por projetos
racionais mestres para a sociedade. Esse é o erro que denota incompreensão
quanto à natureza dos seres humanos, da história, da mudança e da
cooperação social, para não mencionar a justiça e a liberdade. O
3
Disponível em < https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,joao-amoedo-se-diz-liberalna-economia-mas-conservador-nos-costumes,70002318886 >, acesso 22/07/2020.
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neoliberalismo combate essa apreensão equivocada por meio da afirmação da
ordem enraizada na tradição e na liberdade; ele trava essa briga por meio de
um ethos e de uma prática desregulatória de longo alcance e por meio da
demonização dos esquemas de justiça estatal, do fortalecimento da tradição
contra tais esquemas e da oposição à própria ideia de soberania popular
(BROWN, 2019, p. 131-132).
Com o objetivo de respeitar a “conformidade voluntária” da tradição e do
mercado, os neoliberais abertamente se opunham à democracia. Brown que, por detrás
dos mantras do estado mínimo, a intervenção governamental não é de todo refutada.
Para alguém como Hayek, abusos e arbitrariedades não seriam necessariamente ruins
desde que o estadista permanecesse fiel à liberdade mercantil e aos costumes morais.
Um “autoritarismo liberal” seria, portanto, preferível que uma “democracia totalitária”
que atuasse contra essas ordens supostamente espontâneas. O resultado disso, aponta
Brown, não é apenas que neoliberais toleram ditaduras desde que sigam suas políticas
econômicas, como teria acontecido com o regime de Pinochet no Chile, mas também
adotam uma compreensão própria da liberdade, como algo separado das noções de
democracia, de sociedade e do cuidado com o outro. Na mente de Hayek, a tradição
seria um princípio integrador que funda a liberdade individual. O mercado e a moral são
projetados então como pactos não planejados, independentes de qualquer regra formal
ou interesse político, que regulariam as relações interpessoais sem assim violentar os
indivíduos. No entanto, o que aconteceu de fato é bem distinto do que ele imaginava.
“Os valores tradicionais, ao invés de integrar a vida social e ordenar a conduta
de modo espontâneo, são politizados, transformados em tática e comercializados”,
escreve Brown (2019, p. 144-145). “A moralidade, nesta forma, causa um curto-circuito
na tradição e, ademais, é desatrelada da autoridade natural que Hayek imaginava para
ela com seu avanço por meio de discursos e instrumentos libertários.” (Idem). O que o
neoliberalismo fez na prática é o que Brown conceitua, referenciando Nietzsche, como
niilismo. Para ela, a razão neoliberal desprende valores estruturantes de seus
fundamentos, ou seja, a liberdade deixa de implicar qualquer forma de emancipação ou
autonomia, assim como a tradição se afasta do respeito a uma ética coletiva. Os próprios
valores assim se desvalorizam, porém sem desaparecer completamente; seguem
existindo, mas são de tal maneira banalizados que perdem sua alçada como ideais
orientadores da política. Longe da âncora social que Hayek vislumbrava, a tradição é
reduzida a significantes vazios a serem usados descompromissadamente em slogans e
gritos de guerra. É esse niilismo que permitiria, por exemplo, o endosso cínico de
lideranças religiosas a devassos, que casaram e divorciaram múltiplas vezes, em nome
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da defesa da família. Sua própria fé se torna frívola, descolada de qualquer doutrina ou
disciplina, para se tornar uma manobra sofística, apenas um instrumento a ser
empregado - e descartado quando conveniente
- nas “guerras culturais”4
contemporâneas.
Brown não pretende insinuar que a economicização neoliberal explica sozinha a
extrema direita de hoje, porém, ao “tornar a venda da alma algo cotidiano, e não um
escândalo” (2019, p. 200), os neoliberais acidentalmente teriam inviabilizado um
mínimo de sociabilidade necessário para viabilizar suas próprias políticas. Isso se torna
particularmente problemático quando o rancor e a raiva parecem assumir o
protagonismo na política. Seguindo uma leitura nietzschiana, Brown desenvolve a
originalidade e perversidade do fenômeno contemporâneo a partir da revisão do
conceito de ressentimento, um sentimento intrinsecamente associado ao niilismo desde
a publicação de A Genealogia da Moral. Se para Nietzsche o ressentimento
tradicionalmente emergiria como uma espécie de reprodução negativa de um mesmo
sistema moral, sendo assim uma espécie de vingança dos dominados contra seus
dominadores sem que propriamente se livrassem da estrutura que os escravizam 5;
Brown destaca que o ressentimento da direita de hoje é protagonizado por aqueles que
historicamente sempre dominaram. Na medida em que a masculinidade e a branquitude
deixam de resguardá-los contra as perdas e deslocamentos do capitalismo, os angry
white men (KIMMEL, 2013) acusam e menosprezam os outros por seu suposto
desprestígio.
Em Nietzsche, o niilismo é dotado de uma inerente ambivalência. Como explica
Pelbart (2013), por um lado, ele leva à frustração com o mundo e à aversão pela
existência, por outro, a desintegração de valores pode promover a criação de novos
valores. Brown, no entanto, não parece conseguir ver uma saída para as mágoas
destrutivas do homem branco. Os seguidores de Trump não parecem oferecer uma
crítica produtiva às muitas deficiências e injustiças promovidas tanto pela democracia
representativa quanto pelo capitalismo. Eles não estão interessados em uma alternativa a
um sistema falho, mas sim em “uma política permanente de vingança” (BROWN, 2019,
4
“Guerra Cultural” foi diagnosticada pela primeira vez pelo pesquisador James Hunter nos anos 90 e se
referia a um processo em que a polarização política se deslocava de uma ênfase em como gerir a
economia em direção ao posicionamento de temas polêmicos, como o direito dos homossexuais, a
legalização do aborto, o controle de armas e a legalização das drogas.
5
Ironicamente, Brown (1993) utilizou anteriormente as noções de ressentimento em Nietzche para
criticar justamente os movimentos identitários que estão sendo perseguidos pelo extremismo
contemporâneo.
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p. 217). Para eles, a incompetência, corrupção e má conduta dos extremistas eleitos não
importam em nada. Os apoiam simplesmente por um prazer catártico em ver a represália
de sua presumida “dor” corporificada em um chefe de estado abominável. Qualquer
prejuízo que Trump e Bolsonaro oferecem à nação não é apenas absolvido, mas até
incentivado:
Um político não branco ou mulher não poderia praticar uma dessas atitudes
sem perder imediatamente o cargo - que é precisamente o ponto. A grosseria
e o rompimento de regras por Trump, longe de estarem em desacordo com os
valores tradicionais, consagram a supremacia branca masculina no seu
âmago, cujo declínio é um incentivo crucial para o apoio a Trump (BROWN,
2019, p. 213 -214).
Por outro lado, nesse contexto, a própria hipótese de que esse ressentimento não
seja apenas destrutivo, mas também possa ser produtivo parece levar a um cenário ainda
mais tenebroso. A proposta que Brown vê sendo construída não é nada mais que a
“supremacia agora como crua reivindicação de arrogação” (p. 220), isto é, um puro e
simples desejo de dominar pelo bem de dominar. Caso o retorno das benesses do
passado não possa ser entregue, esses homens e brancos indignados estariam dispostos a
sacrificar tudo e todos. “Se os homens brancos não podem ser donos da democracia,
então não haverá democracia nenhuma. Se homens brancos não podem dominar o
planeta, então não haverá mais planeta”, coloca Brown (2019, p. 220).
Nietzsche especulava com curiosidade sobre o que viria após os séculos da
desvalorização exponencial dos valores, porém chega a um ponto em que o niilismo
intersecciona com a misantropia. “E se não houver um „depois‟? E se a supremacia for o
rosário segurado apertado à medida que a própria civilização branca parece estar
acabada e leva consigo toda futuridade? E se for assim que tudo terminará?” (BROWN,
2019, p. 220). Esse tom apocalíptico sempre vai soar hiperbólico, o que diverge da
sobriedade e do rigor metodológico que orientam todo o livro; porém, o ano de 2020
nos presenteou com uma verdadeira catástrofe global e foram justamente os machos
com orgulho ferido que desobedeceram todas as recomendações de segurança e saúde
pública. Tanto Bolsonaro quanto Trump se recusaram por meses a usar máscaras em
público, uma das medidas mais básicas para conter a pandemia de coronavírus. No caso
brasileiro, isso ocorreu mesmo após o próprio presidente confirmar ser portador e, como
foi revelado pela jornalista Mônica Bergamo 6, ele se justificou no âmbito privado
6
Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2020/07/mascara-e-coisa-dev-dizia-bolsonaro-na-frente-de-visitas.shtml >, acesso 26 jul. 2020.
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afirmando que máscara “é coisa de viado”. Agarrando-se a uma masculinidade
decadente que despreza qualquer zelo e cuidado com o outro, o presidente expõe a si
próprio e aos demais a uma doença mortal. Coerentemente, no mesmo mês, Bolsonaro
vetou o uso obrigatório de máscara no comércio, em escolas e em igrejas 7. A
justificativa oficial foi que a imposição “incorre em possível violação de domicílio”. Se,
por um lado, o ressentimento masculino e branco estimula mortes em um ritmo
desenfreado, por outro, ele acaba sendo autorizado, em um nível retórico, pelo
raciocínio neoliberal tornado senso comum.
Há, no entanto, que fazer algumas ressalvas aos argumentos de Brown. Nas
Ruínas do Neoliberalismo se notabiliza por sua análise concisa do impulso
antidemocrático da visão política do neoliberalismo clássico e, especialmente, da leitura
hayekiana das tradições morais como fonte da ordem espontânea que promove a
extensão da racionalidade do mercado (MEDOVOI, 2019). No entanto, há momentos
em que o livro dá importância demais à própria doutrina econômica. Seu diagnóstico
parece pressupor que um passado muito mais democrático que o atual poderia ter sido
conservado se Hayek e seus colegas não escrevessem o que escreveram. Da mesma
maneira, ela não elucida quando, como e por que o ressentimento dos homens brancos
se desenvolveu de maneira tão tosca. Seria um revide às conquistas das lutas dos
movimentos negros, feministas e LGBT? Ou seria porque o neoliberalismo finalmente
atingiu um grupo que até então estava relativamente protegido de seus efeitos?
Essas dúvidas não significam que o livro desconsidera o papel e a força de
movimentos de resistência nesse horizonte pavoroso. Wendy Brown tende a se deter em
uma abordagem descritiva, não se propondo a dar orientações desde a academia de
como prosseguir com a luta. Sua façanha está em mostrar de forma acessível e
convincente como a subjetividade fascista emergiu, cresceu e elegeu seus candidatos. O
que fazer frente a essa ameaça é deixado em aberto, não propriamente como um silêncio
reticente, mas como um desafio para as novas esquerdas.
7
Disponível em < https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/07/03/bolsonaro-veta-usoobrigatorio-de-mascara-no-comercio-em-escolas-e-em-igrejas >, acesso 26 jul. 2020.
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Referências
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capítulo de Undoing the Demos. Doispontos, [s.l.], v. 14, n. 1, p.265-288, nov. 2017.
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MEDOVOI, Leerom. On Wendy Brown‟s In the Ruins of Neoliberalism: The Rise of
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https://socialtextjournal.org/on-wendy-browns-in-the-ruins-of-neoliberalism-the-rise-ofantidemocratic-politics-in-the-west/ >, acesso 28 de jul. 2020.
PELBART, Peter Pál. Travessias do Niilismo IN: PELBART, Peter Pál. O Avesso do
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