Artefatos Culturais

O objetivo deste artigo é apresentar bordados que transcendem a noção de mer-cadorias, tornando-se um objeto singular e um bem cultural, fruto de sobreposi-ções artísticas que unem materialidade e sensibilidade, mobilidades e diásporas, leituras pessoais e coletivas sobre as práticas artesanais de produção. Para isso, o ponto de partida deste ensaio são as narrativas das bordadeiras de Caicó-RN acerca dos discursos que elas organizam sobre as rotas estéticas de seus bordados e como se revelam nas representações estéticas dos tecidos. Por fim, propõe-se uma reflexão sobre a produção antropológica acerca de alguns elementos ligados à cul-tura material têxtil. Palavras-chave: cultura material têxtil, narrativas, diásporas, indumentária, artefatos Introdução Em 2013, ao visitar o museu Victoria & Albert, em Londres, no setor dedicado à cultura material indiana, deparei-me com um delicado pedacinho de linho finíssimo bordado com pe-quenas flores. O que me chamou a atenção, na verdade, foi o estilo da flor e forma da composi-ção daquele bordado. Imediatamente, aquele pedaço de pano ativou a minha memória, a minha experiência com os bordados e com os discursos que ouvi inúmeras vezes sobre a herança do bordado feito em Caicó, cidade conhecida por seus bordados coloridos, plenos de flores, folhas, pássaros e arabescos, revelando uma interpretação sui generis da natureza, por meio de represen-tações que subvertem a aridez usualmente projetada para a região (Brito 2011). 2 1 Contato da autora: tfsbrito@yahoo.com.br. 2 Caicó é parte da região do Seridó. Localiza-se na zona da caatinga do estado do Rio Grande do Norte, e compõe uma área também nomeada como Polígono das Secas. A cidade fica a 263 Km de Natal, capital do estado, um importante destino turístico brasileiro. Segundo o IBGE, tem uma população estimada 67.554 pessoas (2018), habitando uma área de 1.228,57 Km².

Entendemos que o jogo de contar piadas e histórias surdas
pode trazer a tona os indícios de resistência e oposição dos
surdos em contraste com o mundo de pessoas ouvintes. O grupo
majoritário ouvinte, que se confi gura como a norma estabelecida,
está posto, e aqueles que são diferentes ou abordados como
desiguais é que precisam se defi nir e mostrar que há outras
narrativas e formas de leitura do mundo. Utilizamos o referencial
teórico dos estudos de fofoca, rumor e escândalo (Gluckman,
1963, 1968) para compreensão deste modo de comunicação
insinuada, a piada, e da sociabilidade (Simmel, 1950) como veio
central a esta. Selecionamos piadas surdas reconhecidas pela
comunidade surda e que circulam entre os pares surdos-surdos
e surdos-ouvintes como nosso material de análise. Empregamos
a perspectiva dramatúrgica de Goffman (1985, 1981, 2011) para
discussão sobre o ritual de interação e os modos de regulação
por meio da piada, pois no movimento de intercâmbios em um
sistema social complexo e de circunstâncias variadas é que se
dão as jogadas para salvamento de fachada, de acordo com o
conceito defendido por Goffman, e que se encaixa perfeitamente
nas situações analisadas. Concluímos que a performance surda, o
poder de provocar e a habilidade de conquistar o opositor ouvinte
para que possa aderir aos conteúdos, assim como aos temas e aos
artefatos culturais importantes à comunidade surda, pode abrir
frentes de relação e de aceitação social para os surdos e uma
alternativa a homogeneização pelo mundo ouvinte.

Partindo de algumas experiências traumáticas cujas memórias são vetorizadas por elementos da cultura material, o capítulo discute desafios das ações envolvendo patrimônio cultural para que se tornem significativas para o público-alvo. Na discussão, são mobilizadas as categorias de "ressonância", "encantamento" e "performance", a partir de autores como Stephen Greenblatt e Diana Taylor.

O objetivo deste trabalho é apresentar um histórico pessoal de letramento, usando como conceito de letramento o conjunto de práticas sociais que “envolvem o texto escrito” (DIONÍSIO, 2007, p.210). Desta forma tentaremos explorar como essas práticas sociais se sucederam com uma senhora de 64 a-nos, durante seu período escolar e acadêmico, não se restringindo apenas ao âmbito escolar e acadêmico, mas incluindo as diversas agencias de letramento que atuaram sobre nossa entrevistada durante esse período, e quais foram as principais influências e contribuições que ocorreram para o desenvolvimento dos seus letramentos

"Coisa mais dura, de sustança" é uma seção de poemas, composta  por quatro textos líricos e todos empregam a anáfora como figura estilística predominante. Em suma, os poemas empregam o recurso anafórico para criar imagens poéticas que evidenciam a contradição do indivíduo, todas evidenciadas em rimas consoantes. Tais poemas são de grande teor filosófico, em grande parte, existencialista.

"Coisa dura, de mais sustença" abre um espetáculo poético (com um conjunto de poemas que se apoiam mutuamente) capaz de provocar o mais incípido papel, a mais insosa relação; essa intância provocativa é contruída a partir de movimentos rudes, simples, mas modernizantes, inquietantes, conforme a condensação da coisa, da poesia de "sustança", em uma poesia de indefinidos sentidos.

https://doi.org/10.46636/recital.v3i3