HIDRELÉTRICA

O objetivo do trabalho foi analisar impactos sociais após três décadas de operação da hidrelétrica. Os impactos foram analisados a partir de análise inferencial dos modos de vida, por meio da etnografia analítica. No entorno de Balbina, foram interpretados resultados de vieses de desfiliação territorial e afetiva, fragmentação de pertencimento, enfraquecimento de relações sociais e rebaixamento de ações práticas para a formação de grupos organizados na região. Como ações de enfrentamento e mitigadoras, optou-se por destacar: i) suspensão e cancelamento imediato, via ação judicial, dos passivos financeiros que tenham sido imputadas aos atingidos pela UHE Balbina, ii) reorganização da economia dentro dos ambientes de vivência para enfrentar a insegurança alimentar e a falta de renda, iii) implantação de um modelo de comércio agregador com uso de moeda social para os atingidos pela barragem e iv) a orientação da produção segundo a diversidade populacional a montante e jusante da represa.

Essa publicação é fruto e atende a basicamente dois objetivos. Em primeiro lugar, o objetivo de promover a democratização do processo decisório relativo à integração e ao desenvolvimento econômico atualmente em curso no Brasil e no território sul-americano. No centro desse debate estão a Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), anunciada oficialmente pelos governos da região no ano de 2000; e sua versão nacional, o denominado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo federal brasileiro no final de janeiro de 2007. Ambas são iniciativas focalizadas na realização de obras de infra-estrutura
dos setores de transporte, energia e comunicação. O segundo objetivo que essa publicação busca contemplar diz respeito à geração e divulgação de informações e conhecimentos que auxiliem no processo de articulação e incidência política da sociedade civil organizada nas instâncias de decisão nacional e internacional.

Este documento es el resultado de un primer esfuerzo exploratorio de pensar de forma sistemática la relación entre financiamiento de mega proyectos e implicaciones sociales, ambientales, económicas y políticas en diferentes niveles. El caso que analizaremos es el de la CH Cana Brava, construida en el curso del Río Tocantins, en el norte del estado de Goiás, porción central de Brasil, entre los años de 1999 y 2001. El caso Cana Brava tiene de especial el hecho de haber sido la primera gran represa construida totalmente por una empresa privada en el nuevo marco legal e institucional del Sector Eléctrico, resultante de las reformas neoliberales de los años 1990, y una de las primeras experiencias del Sector Eléctrico brasilero en financiar un Productor Independiente de Energía (PIE), o auto generador, de acuerdo con la modalidad de financiamiento conocido como Project Finance. Los números relativos a la población afectada y las compensaciones por las pérdidas son hasta hoy objeto de disputa entre la población local afectada, el Movimiento de los afectados por represas (MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens) un conjunto de ONGs que los asesoran con la empresa responsable por el proyecto (CEM/Tractebel) y los financiadores, particularmente el BID. En la imposibilidad de ver atendidas sus reivindicaciones junto a la empresa, la población afectada presionó el BID para que él colocara en práctica sus directrices operacionales, particularmente a la Política Operacional de Reasentamiento Involuntario (OP-710). Utilizaron para eso inclusive la táctica de la invasión de las instalaciones del Banco por más de una vez.

A Energia se operacionaliza em uma lógica de indústria com grande espectro e impacto na atividade econômica mundial e local, por servir de insumo para a geração de inúmeros produtos, e por participar em atividades humanas, tais como deslocamento, conforto e lazer. Os números dessa indústria são sobremaneira grandes, na dimensão, na oferta, no consumo, no volume financeiro movimentado e na influência em atores e no imaginário da sociedade. Dessa forma, compreende-se que a Energia é definidora dos rumos da sociedade, tanto positivos quanto negativos. A construção das hidrelétricas no rio Madeira será analisada a partir dessa referência teórica.

Resumo: A palavra de ordem do título exprime a bandeira defendida pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), de forma geral: o direito à terra e ao acesso à água. Esse movimento social, que nasceu sob o regime civil-militar brasileiro, tem um papel im-portante na constituição da waterscape, ou " paisagem de água " , brasileira, sobretudo, no que se refere à construção de hidrelétricas, pois se colocou e, ainda se coloca, contra as de-cisões governamentais empreendidas em nome de um certo modelo de desenvolvimento que, muitas vezes favorece o capital privado. O objetivo do artigo é analisar como o MAB foi gestado e legitimado durante o regime civil-militar enquanto ator social participante da alteração da waterscape. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica exploratória e analítica bem como o levantamento de informações, mediante entrevista com o coordenador nacional do MAB.

Abstract: The slogan in the title express the ideas advocated by the Movement of People Affected by Dams (MAB): the right to land and the access to water. This movement, which was born under the Brazilian civil-military regime, has an important role in the constitution of the current Brazilian waterscape. This role is especially influential with regard to the construction of hydroelectric power plants, as it stood and still stands against the decisions taken by the government in the name of a certain economic model of development. This article analyses how MAB was developed and legitimized during the civil-military regime as a social actor participating in changing the waterscape. The methodology used in this paper is an exploratory and analytical literature review and a collection of information through an interview with the National MAB coordinator.

O artigo pretende problematizar os interesses empresariais em torno do projeto da usina hidrelétrica de Tucuruí, construída durante a ditadura civil-militar brasileira. Indicando a falta de transparência na condução do projeto e do uso dos recursos públicos, analisamos a atuação dos diferentes beneficiários da obra, no que tange a aspectos como o financiamento, a realização da obra, a exploração da madeira da área inundada e o consumo da energia subsidiada por indústrias eletro-intensivas. Para proceder aos argumentos, acessamos fontes primárias produzidas por diversos agentes envolvidos no empreendimento. Concluímos que a usina de Tucuruí expressa em boa medida o perfil da ditadura brasileira, que, ao advogar por um discurso desenvolvimentista e nacionalista, escondia, por trás dele, interesses empresariais que se beneficiavam de seus projetos e do próprio caráter autoritário do regime, que garantia, dentre outras coisas, uma alta exploração da força de trabalho e elevadas margens de lucro às empresas.

Quando é necessário decidir que investimentos públicos fazer para a geração e conservação de energia elétrica, é importante calcular as emissões de gases de efeito estufa das barragens hidrelétricas. A proposta da hidrelétrica de Belo Monte e sua contrapartida rio acima, a ...

Resumo O presente trabalho propõe o estudo das experiências e memórias dos trabalhadores e seus fluxos migratórios na região de Tríplice Fronteira. Ao longo do século XX, os trabalhadores no contexto brasileiro, paraguaio e argentino têm vivenciado diferentes experiências de busca pela sobrevivência e por melhores condições de vida e de trabalho. Estudos a respeito da construção da usina entre o Paraguai e o Brasil na década de 70 têm procurado explorar questões como as expropriações, as condições de trabalho dos então denominados peões barrageiros, fluxo de migração de trabalhadores e alguns dos impactos sociais na região como, por exemplo, o acelerado crescimento demográfico, a falta de infraestrutura e da favelização na cidade de Foz do Iguaçu. Em parte desse território, a imigração em larga escala deu se no final da década de 70 contribuiu para o desenvolvimento de relações complexas entre identidades de classe, identidade étnica e identidade nacional no universo que envolve os trabalhadores. Esta pesquisa é sobre as origens e características das pessoas que vieram trabalhar na construção da Hidrelétrica: de quais regiões do país vieram; faixas etárias; acompanhados ou não pela família. O objetivo do trabalho é avaliar o processo de adaptação social e cultural em uma nova região, assim como o processo de instalação permanente de famílias de trabalhadores na cidade de Foz do Iguaçu e na região da Tríplice Fronteira. Palavra chave: Memória ; Trabalhadores ; Migração Introdução Foz do Iguaçu, estruturada no início do XX, é uma cidade com diversidade de acontecimentos marcantes ao longo do seu desenvolvimento. A proposta do trabalho é evidenciar de como a cidade passou por uma economia agrícola para a construção civil. A partir dos anos 60, o município começou a receber imigrantes primeiramente para a construção da Ponte da Amizade e posteriormente para construção da Hidrelétrica de Itaipú. O povoamento em grande proporção sobre a localidade trouxe novos arranjos sobre a memória da cidade. Como estudante de História e questionador da realidade local em que habito, meu primeiro contato sobre a construção da usina, foi conversando com os moradores mais antigos da região do oeste do Paraná e entender como era o funcionamento da Usina em larga escala no período em que era erguida. Através da visita guiada turística, tive o desejo de estudar como era a relação dos trabalhadores em um empreendimento que levou aproximadamente 18 anos para ser construída, a quantidade de empregados que foi utilizado, de quais regiões do país vieram e suas