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Mar 29, '09 4:08 PM


Vita Merlini (trecho) for everyone

O trecho da "Vita Merlini" ("Vida de Merlin") em que Geoffrey de Monmouth


menciona Avalon. Original em latim e tradução.
Insula pomorum que fortunata uocatur
Ex re nomen habet quia per se singula profert
Non opus est illi sulcantibus arua colonis
Omnis abest cultus nisi quem natura ministrat
Vltro fecundas segetes producit et uuas bellovesos
Nataque poma suis pretonso germine siluis
Omnia gignit humus uice graminis ultro redundans
Annis centenis aut ultra uiuiter illic Photos of Bellovesos
Illic iura nouem geniali lege sorores Personal Message
RSS Feed [?]
Dant his qui ueniunt nostris ex partibus ad se Report Abuse
Quarum que prior est fit doctior arte medendi
Excedit que suas forma prestante sorores
Morgen ei nomen didicit que quid utilitatis
Gramina cuncta ferant ut languida corpora curet
Ars quoque nota sibi qua scit mutare figuram
Et resecare nouis quasi dedalus aera pennis
Cum uult est bristi- carnoti- siue papie
Cum uult in uestris es aere labitur horis
Hanc que mathematicam dicunt didicisse sorores
Moronoe- mazoe- gliten- glitonea- gliton
Tyronoe- thiten- cithara notissima thiten
Illuc post bellum camblani uulnere lesum
Duximus arcturum nos conducente barintho
Equora cui fuerant et celi sydera nota
Hoc rectore ratis cum principe uenimus illuc
Et nos quo decuit morgen suscepit honore
Inque suis talamis posuit super aurea regem
Stulta manu que sibi detexit uulnus honesta
Inspexit que diu. tandem que redire salutem
Posse sibi dixit- si secum tempore Longo
Esset et ipsius uellet medicamine fungi
Gaudentes igitur regem commisimus illi
Et dedimus uentis redeundo uela secundis.
A  Ilha das Maçãs, que os homens chamam "Afortunada" recebe seu nome do fato de
produzir todas as coisas por si mesma; os campos ali não necessitam de arados de
lavradores e todo cultivo inexiste, exceto o que fornece a natureza. Por sua própria
fecundidade, produz grão e uvas e macieiras brotam da grama bem aparada em seus
bosques. O solo por si mesmo produz tudo o mais além de simples pasto e as pessoas
ali vivem uma centena de anos ou mais. Ali, nove irmãs regem através de um gentil
conjunto de leis aqueles que chegam a seu país. Aquela que é a primeira dentre elas é a
mais habilidosa na arte curativa e excede suas irmãs na beleza de sua pessoa. Morgen é

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


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seu nome e ela aprendeu quais propriedades benéficas todas as ervas possuem, de
forma que pode curar doenças físicas. Também conhece uma arte que permite mudar
sua forma e cortar o ar em novas asas como Dédalo. Assim que deseja, ela se encontra
em Brest, Chartres, ou Pávia, e, quando lhe apraz, suavemente desliza do ar em tuas
margens. E dizem os homens que ela ensinou as matemáticas a suas irmãs, Moronoe,
Mazoe, Gliten, Glitonea, Gliton, Tyronoe, Thitis, Thitis, mais conhecida por sua cítara.
Para lá, depois da batalha de Camlan, Levamos o ferido Arthur, guiados por Barinthus,
por quem as águas e as estrelas do céu são bem conhecidas. Com ele dirigindo o barco,
lá chegamos com o príncipe e Morgen recebeu-nos com as honras apropriadas e em
seu quarto acomodou o rei num leito de ouro e, com sua própria mão, expôs seu
respeitável ferimento e observou-o demoradamente. Por fim, disse que a saúde poderia
ser-lhe restaurada se com ela permanecesse por um longo tempo e ela pudesse fazer
uso de sua arte curativa. Regozijando-nos po isso, a ela confiamos o rei e, retornando,
desfraldamos nossas velas aos ventos favoráveis.
Tradução: Bellovesos /|\
Tags: mitologia céltica, história, geoffrey de monmouth

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“Gynaikôn Aretái” (“De Mulierum Virtutibus”, Sobre Mar 29, '09 4:02 PM
as Virtudes das Mulheres) for everyone

“Gynaikôn Aretái” (“De Mulierum Virtutibus”, Sobre as Virtudes das Mulheres)


Plútarkhos de Khairôneia (46 - 120  d. C.), “Êthiká” (“Moralia”,  Hábitos e Costumes)
– trechos
VI. As Mulheres Célticas
Antes de os celtas atravessarem os Alpes e estabelecerem-se naquela parte da Itália que
agora é  seu lar [Bellovesos: refere-se à Gallia Cisalpina, "Gália aquém dos Alpes", em
latim, ou seja, o norte da atual República Italiana], uma terrível e persistente discórdia
entre facções irrompeu entre eles, a qual prosseguiu ao ponto de uma guerra civil. As
mulheres, no entanto, interpuseram-se entre as forças armadas e, assumindo as
controvérsias, arbitraram e decidiram-nas com tão impecável justiça que uma
extraordinária amizade de todos para com todos surgiu entre os Estados e as famílias.
Como resultado disso, continuaram a consultar-se com as mulheres a respeito da
guerra e da paz e a decidir através delas quaisquer negócios controvertidos com seus
aliados. Em todas as ocasiões, em seu tratado com Haníbal eles escreveram a cláusula
de que, se os celtas reclamassem contra os cartagineses, os governadores e generais
dos cartagineses deveriam ser os juízes e, se os cartagineses reclamassem contra os
celtas, os juízes deveriam ser as mulheres célticas [Bellovesos: a fonte de Plútarkhos –
neste trecho e no seguinte, sobre Camma – é outro historiador grego, Polyainos, na
obra “Stratêgêmata”, Artifícios da Guerra, VII, 50].
XX. Camma
 
Havia na Galácia dois dos mais poderosos tetrarcas [Bellovesos: um príncipe
subordinado ou dependente, um soberano inferior, como Herodes Antipas na Palestina
romana], remotamente aparentados um ao outro. Um destes, Sinatus, tinha se casado
com uma jovem de nome Camma, notável por suas formas e beleza, porém ainda mais
admirada por suas virtudes. Não apenas era ela modesta e apaixonada por seu marido,
mas também espirituosa e de nobre caráter e notavelmente amável para com seus
subalternos por causa de sua afabilidade e benevolência. Uma coisa que a levou a
maior proeminência foi o fato de que ela era a sacerdotisa de Ártemis, a quem os
gálatas reverenciam especialmente, e era vista magnificamente trajada em ligação com
as procissões e sacrifícios.
       
Assim, Sinorix apaixonou-se por ela e, não sendo capaz de convencê-la fosse pela
persuasão ou pela força enquanto seu marido vivia,  ele realizou uma ação horrível e, 
traiçoeiramente, matou Sinatus. Então, sem deixar que decorresse muito tempo,
começou a cortejar Camma, que passava o tempo no templo e, tolerava a ilegal
violação de Sinorix de modo não lamentoso, nem miserável, mas com um ânimo que
demonstrava sagacidade e esperava pelo momento propício. Ele era persistente em seu
galanteio e de forma alguma parecia estar confundido por discussões que tivessem
alguma plausibilidade no sentido de que, em todos os aspectos, ele se mostrara um
homem melhor do que Sinatus e o matara por amor a Camma e não por qualquer outra

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


3

intenção execrável.
    
Inicialmente, as recusas da mulher não foram muito categóricas e, mais tarde, pouco a
pouco, ela pareceu abrandar-se, pois seus parentes e amigos também a pressionavam, a
fim de obsequiarem e favorecerem Sinorix, que possuía tamanho poder, e tentavam
persuadí-la e forçá-la. Finalmente, ela se rendeu e mandou uma mensagem para que ele
a procurasse, com a condição de que o consentimento e o compromisso ocorressem na
presença da deusa. Quando ele chegou, ela o recebeu gentilmente, e, tendo-o
conduzido ao altar, verteu uma libação de um vaso, então ela mesma bebeu uma parte
e disse-lhe que bebesse o resto; era uma mistura envenenada de leite e mel. Quando viu
que ele tinha bebido, ela soltou um distinto grito de alegria e, prostrando-se ante a
deusa, disse “Chamo-te a testemunhares, deusa muito reverenciada, que, por causa
deste dia, continuei a viver após o assasínio de Sinatus, e, durante todo esse tempo, não
obtive da vida nenhum consolo, senão a esperança de justiça; e, agora que a justiça é
minha, desço a meu marido. Porém, quanto a ti, mais perverso de todos os homens, que
teus parentes preparem uma sepultura em lugar de um quarto nupcial e um casamento.”
  
Quando o gálata ouviu essas palavras e sentiu o veneno já agindo e criando uma
perturbação em seu corpo, ele subiu numa carruagem como se tentasse sacudir-se e
balançar-se para obter alívio, mas saiu quase que imediatamente, mudou-se para uma
liteira e, ao entardecer, morreu. Camma resistiu durante a noite e, ao ouvir que ele
chegara ao seu fim, morreu satisfeita e feliz.
    
XXI. Stratonikê
A Galácia produziu também Stratonikê, a esposa de Deiotarus, e Khiomara, a esposa
de Ortiagon, mulheres que merecem ser lembradas.
Stratonikê, sabendo bem que seu marido desejava filhos dela para sucederem-no no
reino, mas não tendo filhos ela própria, convenceu-o a ter um filho com outra mulher e
a considerá-lo como se fosse dela mesma. Deiotarus pensou muito sobre a idéia e tudo
fez de acordo com o julgamento dela e ela obteve uma donzela graciosa entre as
prisioneiras, de nome Electra, e guardou-a para Deiotarus. As crianças que nasceram,
ela as criou com atenção amorosa e em condição real, como se tivessem sido dela
própria.  
     
XXII. Khiomara
Ocorreu que Khiomara, a esposa de Ortiagon, foi feita prisioneira de guerra junto com
o resto das mulheres na época em que os romanos comandados por Gnaeus venceram-
nos em batalha na Ásia [Bellovesos: refere-se ao general Gnaeus Manlius Vulso; essa
batalha ocorreu em 189 a. C.]. O oficial que obteve a posse dela usou sua boa sorte
como os soldados fazem e desonrou-a. Ele era, naturalmente, um homem ignorante
sem auto-controle quando se tratava de prazer ou dinheiro. Entretanto, caiu vítima de
seu amor ao dinheiro e, quando uma grande quantia de ouro tinha sido mutuamente
combinada como o preço pela mulher, ele a trouxe para trocá-la pelo resgate num lugar
onde um rio, atravessando-o, fazia uma fronteira. Quando os gálatas tinham
atravessado e dado o dinheiro e recebido Khiomara, ela, com um aceno de cabeça,
indicou a um homem que ele deveria golpear o romano enquanto este carinhosamente
a deixava partir. E, quando o homem obedientemente decepou a cabeça do romano, ela
a recolheu, e, enrolando-a nas dobras de suas vestes, partiu. Quando chegou a seu
marido e lançou a cabeça no chão diante dele, ele disse aturdido: “Uma nobre coisa,
querida esposa, é a fidelidade.” “Sim”, disse ela, “mas uma coisa mais nobre é que
apenas um único homem vivo tenha tido intimidade comigo.”
Tradução: Bellovesos /|\
Tags: mulheres célticas, história

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Mar 23, '09 7:30 AM


Kerd Veib am Llyr (Canção ante os Filhos de Llyr) for everyone

Kerd Veib am Llyr (Llyfr Taliesin XIV)


Golychafi gulwyd arglwyd pop echen.
Arbenhic toruoed yghyoed am orden.
Keint yn yspydawt uch gwirawt aglawen.
Keint rac meibon llyr in ebyr henuelen.

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Gueleis treis trydar ac auar ac aghen.


Yt lethrynt lafnawr ar pennawr disgowen
Keint rac wd clotleu. Yn doleu hafren.
Rac brochuael powys a garwys vy awen.
Yn ewyd am antraet gwaet ar dien.
Neut amuc yggkadeir opeir kerritwen.
Handit ryd vyn tafawt yn adawt gwawt ogyrwen.
Gwawt ogyrwen oferen twy digones
Arnunt a llefrith a gwlith a mes.
Ystryeim yn llwyr kyn clwyr cyffes.
Dyfot yn diheu agheu nessnes.
Ac am tired enlli dybi dylles.
Drychawr llogawr ar glawr aches.
A galwn arygwr an digones.
An nothwy rac gwyth llwyth aghes.
Pan alwer yeys von tiryon vaes.
Gwyn en byt wy gwleidon saesson artres.
Dodwyf deganhwy y amrysson.
A maelgwn uwyhaf y achwysson.
Ellygeis vy arglwyd yggwyd deon.
Elphin pendefic ryhodigyon.
Yssit imi teir kadeir dyweir kysson.
Ac yt vrawt parahawt gan gerdoryon.
Bum ygkat godeu gan lleu agwydyon.
Vy arithwys gwyd eluyd ac elestron.
Bum y gan vran yn Iwerdon.
Gweleis pan ladwyt mordwyt tyllon.
Kigleu gyfarfot am gerdolyon.
A gwydyl deifyl diferogyon.
O penren wleth hyt luch reon.
Kymry yn wnvryt gwrhyt wryon.
Gwret dy gymry ygkymelri.
Teir kenedyl gwythlawn o iawn teithi.
Gwydyl abrython aromani.
A wnahon dyhed adyuysci.
Ac am teruyn prydein kein y threfi.
Keint rac teyrned uch med lestri.
Ygkeinyon deon im aedyrodi.
An dwy pen sywet ket ryferthi.
Ys kyweir vyg kadeir ygkaer sidi.
Nys plawd neb heint a heneint a uo yndi.
Ys gwyr manawyt aphryderi.
Teir oryan y am tan a gan recdi.
Ac am y banneu ffrydyeu gweilgi.
Ar ffynnhawn ffrwythlawn yssydd o duchti.
Ys whegach nor gwin gwyn y llyn yndi
Agwedy ath iolaf oruchaf kyn gweryt
Gorot kymot athi.
Canção ante os Filhos de Llyr (Livro de Taliesin, 14)
Adorarei o Senhor de toda gente, que espalha o amor,
O soberano de multidões que evidentemente circunda o universo.
Uma contenda no festim por causa de uma bebedeira sem alegria,
Um combate contra os filhos de Llyr em Ebyr Henfelyn.
Vi a tirania do distúrbio e a raiva e a tribulação,
Cintilavam as espadas nos elmos resplendentes,
Contra Brochwel de Powys, que amava minha inspiração.
Cedo, uma batalha na aprazível rota contra Urien,
Caiu ali a nossos pés o sangue na carnificina.
Não será meu trono protegido pelo caldeirão de Carridwen?
Possa minha língua estar livre no santuário do louvor de Gogyrwen.
O louvor de Gogyrwen é uma oferenda que os satisfez
Com leite e orvalho e bolotas de carvalho.
Reflitamos profundamente, antes que seja ouvida a confissão,
Que a morte se está mais e mais aproximando.
Ao redor das terras de Enlli, o Dyfi precipitou-se,
Os barcos erguendo na superfície da campina.
Chamemos por aquele que nos fez

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


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Para que nos proteja da fúria de uma nação estrangeira.


Quando a ilha de Mona for chamada um agradável campo,
Venturosos sejam os de alma gentil, dos saxões tormento.
Vim a Deganwy para contender
Contra Maelgwn, o maior em delitos,
Libertei meu senhor na presença do Distribuidor.
Para mim há três assentos concordantes, harmoniosos,
E até o julgamento com os cantores permanecerão.
Estive na Batalha das Árvores com Lleu e Gwydion,
Eles mudaram a forma das árvores e arbustos fundamentais.
Estive com Bran na Irlanda.
Vi quando Morddwydtyllion foi morto.
Ouço uma reunião à volta dos menestréis
Com gaélicos, demônios e alambiqueiros.
De Penryn Wleth a Loch Reon
São os galeses de uma só alma, audazes heróis.
Três raças, cruéis por natural tendência,
Gaélicos, britanos e romanos,
Criam discórdia e confusão.
E perto dos limites de Prydein, belas suas cidades,
Há uma luta contra os chefes por cima das garrafas de hidromel,
Nos festejos do Distribuidor, que dons me concedeu.
Dádivas notáveis os principais astrólogos receberam.
Perfeito está meu trono em Caer Sidi,
Ninguém que lá esteja será afligido por doença ou velhice.
Manawyddan e Pryderi o sabem.
À volta do fogo, três sussurros diante dele cantará
E ao redor de suas margens estão as torrentes do oceano.
E a fonte fecunda está acima dele,
A bebida é mais doce que o vinho branco.
E quando Te houver adorado, Altíssimo, ante a verde terra
Seja eu encontrado em aliança contigo.
Tradução: Bellovesos /|\ 
Tags: mitologia céltica, medieval, poesia, galês, taliesin

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Mar 23, '09 7:28 AM


Cétnad nAíse (Uma Canção para a Vida Longa) for everyone

Cétnad nAíse (Uma Canção para a Vida Longa)


Ad-muiniur secht n-ingena trethan
dolbtae snáithi macc n-áesmar.
Tri bás flaimm ro-ucaiter,
tri áes dom do-rataiter,
secht tonna tocaid dom do-ra-dáilter!
Ním chollet messe fom chúairt
i llúrig Lasréin cen léiniud!
Ní nassar mo chlú ar chel!
dom-í-áes;
nim thi bás comba sen!
Ad-muiniur m'Argetnia
nád bá nád bebe;
amser dom do-r-indnastar
findruini febe!
Ro orthar mo richt,
ro saerthar mo recht,
ro mórthar mo nert,
nip ellam mo lecht,
nim thí bás for fecht,
ro firthar mo thecht!
Ním ragba nathair díchonn,
ná dorb dúrglass,
ná doel díchuinn!
Ním millither téol,

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ná cuire ban,
ná cuire buiden!
Dom-i urchar n-aimsire
ó Rig inna n-uile!
Ad-muiniur Senach sechtaimserach
con-altatar mná side
far bruinnib bdais.
Ní báitter mo shechtchaindel!
Am dun díthagail,
am all anscuichthe,
am ha lógmar,
am sen sechtmainech.
Roba chétach
cétbliadnach,
cach cét diib ar úair.
Cota-gaur cucum mo lessa;
ro bé rath in Spiurta Noíb formsa.
Damini est salus.
Christis est salus.
Super populum tuum, Domine, benedictio tua.
Invoco as sete filhas do mar,
Que moldam as linhas da vida longa,
Sejam três mortes levadas de mim,
Sejam-me dadas três vidas,
Sete ondas de abundância vertidas para mim.
Espectros não me firam em minha viagem,
Em meu radiante peitoral sem mácula,
Não chegue para mim a morte até que eu seja velho.
Invoco meu Herói de Prata,
Que não morreu e não morrerá;
Seja-me concedido tempo duradouro como o bronze.
Seja minha forma exaltada,
Seja minha lei enobrecida,
Seja minha força aumentada,
Não esteja pronta minha tumba,
Não morra eu em minha jornada,
Esteja minha volta assegurada para mim.
Que não me ataque a serpente de duas cabeças,
Nem o violento verme cinzento,
Nem o insensível besouro.
Não me ataque ladrão algum,
Nem uma companhia de mulheres,
Nem um bando de guerreiros.
Que eu obtenha do rei de tudo um acréscimo do meu tempo.
Invoco Senach das sete vidas,
A quem mulheres encantadas amamentaram com seios de boa sorte.
Não sejam minhas velas apagadas,
Sou uma fortaleza invencível,
Sou um rochedo inamovível,
Sou uma pedra preciosa,
Sou o símbolo das sete riquezas,
Seja eu o homem de centenas de posses,
De centenas de anos, cada centena depois da outra.
Invoco a mim minha boa sorte,
Esteja em mim a graça do Espírito Santo.
A salvação é do Senhor,
A salvação é de Cristo.
Tuas bençãos, Senhor, sobre teu povo.
Tradução: Bellovesos /|\
Tags: medieval, gaélico, poesia

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site acessado em sábado, 27 de março de 2010


7

Mar 16, '09 12:07 PM


Um texto de Proklos for everyone

Um texto de Proklos
"Ele [isto é, Proklos], fala primeiramente sobre as diferenças que separam os assim
chamados poderes divinos, como alguns são mais materiais e outros mais imateriais,
alguns alegres e outros solenes, alguns chegam trazendo dáimons e outros chegam
puros. Imediatamente depois, ele prossegue com as condições adequadas para a
invocação. Os lugares onde ocorrem, sobre aqueles homens e mulheres que veem a luz
divina e sobre os gestos e sinais divinos que eles executam. Nesse momento, ele faz
referência às teagogias da inspiração divina. Das quais, ele diz, algumas agem sobre
objetos inanimados e outras sobre seres animados; algumas sobre aqueles que são
racionais, outra sobre os irracionais. Objetos inanimados, ele continua, são com
freqüência preenchidos pela luz divina, como as estátuas que dão oráculos sob a
inspiração de um dos deuses ou bons dáimons. Assim, também há homens que são
possuídos e que recebem o espírito divino. Alguns recebem-no espontaneamente, como
aqueles dos quais se diz que são tomados pelo deus, seja em momentos particulares,
intermitentes, ou numa ocasião qualquer. Há outros que levam a si mesmos até um
estado de inspiração por ações deliberadas, como a profetisa de Delfos quando se senta
sobre a fenda, e outros que bebem da água divinatória. Em seguida, depois de dizer o
que eles têm de fazer, continua: quando essas coisas ocorrem, então, tendo em vista
que uma teagogia e sua inspiração efetivem-se, eles devem ser acompanhados por uma
mudança na consciência. Quando a inspiração divina chega, há alguns casos em que os
possuídos ficam completamente fora de si. Mas há outros em que, de algum modo
extraordinário, eles mantêm a consciência. Nesse caso, é possível para o sujeito
trabalhar a teagogia sobre si mesmo e, quando ele recebe a inspiração, está consciente
do que ela faz e do que diz e do que ele tem de fazer para soltar o mecanismo.
Contudo, quando a perda da consciência é total, é essencial que alguém, no pleno
comando de suas faculdades, assista o possuído. Então, depois de muitos detalhes
sobre os diferentes tipos de teagogia, ele finalmente conclui: é necessário começar por
remover todos os obstáculos que bloqueiam a chegada dos deuses e impor uma
absoluta calma ao redor de nós mesmos para que a manifestação dos espíritos que
invocamos tenha lugar sem tumulto e em paz. Ele acrescenta depois: as manifestações
dos deuses são muitas vezes acompanhadas por espíritos materiais que chegam e
movem-se com um certo grau de violência e a que os médiuns mais fracos não podem
resistir."
Esse texto se chama "Sobre a Possessão Divina" e é um resumo de um trabalho
perdido de Proklos Diadokhos. Proklos viveu no séc. V d. C. e foi o último grande
mestre da escola platônica. Numa mundo já cristianizado, ele defendeu abertamente o
paganismo e praticou a teurgia. Escreveu também sobre matemática, astronomia e
gramática.
O leitor conhecedor do espiritismo deve estar familiarizado não com as palavras, mas
com o conteúdo do texto acima, pois terá certamente percebido que o autor está
falando sobre mediunidade, inclusive sobre a produção de fenômenos físicos que eram
comuns nos primeiros tempos do espiritismo e ainda podem ser encontrados hoje. Esse
livro, "Sobre a Possessão Divina", foi um tipo de "Livro dos Médiuns" do último
período do paganismo grego, mostrando que os antigos já se ocupavam dessa questão
de forma sistemática.
Bellovesos /|\
Tags: ocultismo, proklos, grego

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Mar 16, '09 11:25 AM


Em gaulês 2 - Cadron Nemeton mou in Senomagies for everyone

Cadron Nemeton mou in Senomagies


 
Cadron nemeton mou in Senomagies,
Arduâ cletâ ejo, ûxeloduoron ejo
Nu moi sepete, a bardûs matûs,
Po etsi-i?

Cadron nemeton tou in Senomagies,

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


8

Arduâ cletâ ejo, duoron dercami,


Pennodonion balcon, cradii anextlon,
Duorocaleton in nertâcodûne.

Scêtos reginos, gaios exobnos,


Croworoudon sagon tou, a cinges,
Dêwogrimon exuinnâtejon,
Segosedlon inter dâu biliij.

Cadron nemeton mou in Senomagies,


Arduâ cletâ ejo, ûxeloduoron ejo
Nu moi sepete, a bardûs matûs,
Sosâs peis sent?

Cadron nemeton tou in Senomagies


Arduâ cletâ ejo, biliâs dercami,
Carantem Windi arii mapi Camuli
Gnatonc ejo, dâu ernô mârô.

Wimpî do dercobi, biwototosîros in ejâbi,


Widowes eis senisami, togisamos tumonos,
Bêmman welîte cladimon trutsmon
Au genoubi canaunobi cantlon lânowiriâs.

Cadron nemeton mou in Senomagies


Arduâ cletâ ejo, ûxeloduoron ejo,
Moi lawenû sepîtsete, a bardûs matûs,
Ancoreton essi duoron.

===============================

Cadron nemeton mou in Senomagies,


Arduâ cletâ ejo, ûxeloduoron ejo
Nu moi sepete, a bardûs matûs,
Po etsi-i?

Beautiful my temple in Sen Magh


High its enclosure, noble its gate,
Now tell me, oh wise bards,
Who is it?

Cadron nemeton tou in Senomagies,


Arduâ cletâ ejo, duoron dercami,
Pennodonion balcon, cradii anextlon,
Duorocaleton in nertâcodûne.

Beautiful your temple in Sen Magh


High its enclosure, the gate I see,
A strong chief, protection of heart
A hard to open door in the powerful castle.

Scêtos reginos, gaios exobnos,


Croworoudon sagon tou, a cinges,
Dêwogrimon exuinnâtejon,
Segosedlon inter dâu biliij.

Firm shield, fearless spear,


Blood-red your mantle, oh warrior,
That testifies a divine power,
An enduring seat between two tree trunks.

Cadron nemeton mou in Senomagies,


Arduâ cletâ ejo, ûxeloduoron ejo
Nu moi sepete, a bardûs matûs,
Sosâs peis sent?

Beautiful my temple in Sen Magh,


High its enclosure, noble its gate,

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


9

Now tell me, oh wise bards,


Who are these?

Cadron nemeton tou in Senomagies


Arduâ cletâ ejo, biliâs dercami,
Carantem Windi arii mapi Camuli
Gnatonc ejo, dâu ernô mârô.

Beautiful your temple in Sen Magh


High its enclosure, the trunks I see,
The friend of Finn excellent [Caílte Mac Ronan], son of Cumhall,
And his son [Oisín], two great eagles.

Wimpî do dercobi, biwototosîros in ejâbi,


Widowes eis senisami, togisamos tumonos,
Bêmman welîte cladimon trutsmon
Au genoubi canaunobi cantlon lânowiriâs.

Beautiful for the eyes, long life at them,


The oldest of woods, the most pleasant of growth,
See you the strike of heavy swords,
From mouths singing a song of perfect truth.

Cadron nemeton mou in Senomagies


Arduâ cletâ ejo, ûxeloduoron ejo,
Moi lawenû sepîtsete, a bardûs matûs,
Ancoreton essi duoron.

Beautiful my temple in Sen Magh,


High its enclosure, noble its gate,
Merrily you spoke, oh wise bards,
The door is open.
 
Bellovesos /|\
Tags: gaulês, druidismo, poesia

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Mar 16, '09 8:49 AM


Aumente a Percepção for everyone

Aumente a Percepção
Há um livro muito bom chamado "Memórias de Adriano", escrito por uma francesa,
Marguerite Yourcenar. Adriano foi um dos bons governantes que Roma teve. Ele
ocupou o trono do Império Romano de 117 a 138 E. C., ou seja na primeira metade do
séc. II da Era Cristã. O livro é uma "autobiografia", no sentido de que a autora
penetrou tão profundamente na psicologia do biografado que ela e o imperador
tornaram-se indiferenciáveis. É quase uma obra mediúnica.
 
Em uma passagem desse livro, Adriano, já sexagenário e enfermo (ele morreu de uma
moléstia cardíaca, penso eu), com a mobilidade reduzida, relembra que um dos
maiores prazeres de sua juventude havia sido a natação, uma atividade que, em seu
precário estado de saúde, já não podia praticar. Ele dizia que havia  nadado  com  tal 
paixão e tamanho prazer que era capaz não apenas de reviver suas sensações ao ver
outras pessoas nadarem, mas era também capaz de compreender a sensação da própria
onda que o nadador atravessava. Ele podia reviver o prazer de caçar e todas as suas
sensações - a atenção, o arco na mão do caçador, o galope do cavalo sob seu corpo - e,
ao mesmo tempo, participar do terror da presa, a urgência do instinto de preservação e
os mil artifícios de fuga que a mente animal inspira. Graças a suas experiências da
juventude, vividas com intensidade e total entrega, ele conseguia participar da natureza
do nadador e da onda, do caçador e da caça.
 
Em um artigo escrito pelo druida norte-americano Searles O'Dubhain, este expõe uma
teoria dos elementos na tradição irlandesa. Como você deve saber, os quatro elementos
da tradição ocidental mais difundida (água, fogo, terra e ar) têm origem no pensamento
grego. O'Dubhain apresenta nove elementos na tradição céltica, que se manifestam no
microcosmo, isto é, no ser humano (féinn, "si mesmo") e no macrocosmo ("bith",

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


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mundo). Ele  acredita  que,  para  a  magia dos druidas ser efetiva, é necessário que os
elementos do Féinn estejam em perfeita harmonia com os do Bith. Esse alinhamento
do indivíduo com o mundo foi o que deu origem ao poema Duan Amhairghine, A
Canção de Amhairgin, que começa assim:
 
Am gaeth i m-muir
Am tond trethan
Am fuaim mara
Am dam secht ndirend
Am séig i n-aill
 
Sou o vento sobre o mar
Sou a onda tempestuosa
Sou o som do oceano
Sou o touro com sete chifres
Sou o falcão no despenhadeiro
 
Você pode ouvir o original em gaélico antigo no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=MphBfoSUWrM
 
Graças a essa identificação entre as partes do seu próprio ser e os elementos do mundo,
Amhairghin, o primeiro druida gaélico da Irlanda, foi capaz de entrar em contato direto
com tudo que compõe a natureza. É algo muito mais profundo do que simples
empatia. É a percepção de fazer parte de um todo, de um contínuo de vida com muitos
núcleos interligados que interagem constantemente uns com os outros.
 
Quando essa percepção é alcançada, todas as coisas ficam em seus lugares. Há uma
grande quietude e um silêncio musical. É uma sensação rara. Eu a tive poucas vezes.
 
É necessário estar aberto para o mundo por meio dos sentidos. Quando estiver sentado
em um banco de praça, feche os olhos e tente ouvir tudo ao mesmo tempo: os pássaros
nas árvores, as vozes das pessoas, os automóveis que passam, a água do chafariz, mas
não detenha sua atenção em nada especificamente. Apenas deixe que os sons venham.
Faça isso com os outros sentidos, um pouco de cada vez. Os sentidos são as portas
pelas quais o mundo entra na consciência. As portas devem estar escancaradas para
que o mundo possa entrar. 
Bellovesos /|\
Tags: consciência, druidismo

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Mar 15, '09 2:32 PM


Mulheres Guerreiras for everyone

Keltria – Periódico de Druidismo e Magia Celta


Edição 34 – Beltaine/Verão 1997
Mulheres Guerreiras
por Daniel Hansen, Msc. D.
A história do antigo mundo céltico está coberta por sangue. Historiadores romanos
freqüentemente se referem aos celtas como muito belicosos. Eles eram temidos e
respeitados por seu heroísmo e bravura individuais. Pareciam gastar mais tempo
atacando uns aos outros do que com quaisquer guerras importantes. No continente
europeu, os romanos praticaram o método “dividir para conquistar” até finalmente
subjugarem os celtas. Não foi senão com a chegada do Cristianismo que o resto do
mundo céltico tornou-se mais
“pacífico”. Sendo isso apenas uma força de expressão, pois os celtas continuaram com
suas rixas familiares sangrentas até o fim do séc. XIX.
Em 697 d. C., houve uma assembléia de clérigos e laicos cristãos que se reuniram no
palácio do Grande Rei, em Tara, no centro da Irlanda. Eles ali estabeleceram o “Cain
Adamnan”, que proibiu mulheres e clérigos de tomarem parte na guerra. Algumas
pessoas citam isso como um dos benefícios do Cristianismo, uma vez que este liberou
as mulheres da árdua necessidade de servirem numa sociedade militar. Isso, é claro,
pressupõe que, antes dessa época, era uma exigência legal para as mulheres,

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


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presumivelmente para aquelas de alto nascimento, integrarem-se a uma sociedade


militar. Isso nos faz ficar curiosos quanto à espécie de precedente histórico que existe
para esse tipo de suposição.
Um historiador romano escreveu que as condições das mulheres celtas eram bem
miseráveis porque, quando os homens eram tomados de paixão pela guerra, eles
abandonavam o cultivo da terra e deixavam-no para as mulheres. Isso não era sempre
assim. Sabemos que as mulheres celtas iam para a guerra por meio de historiadores
como Políbios, que disse que as mulheres celtas seguiam seus maridos ao campo de
batalha em carroças. Ammianus Marcelinus disse que as mulheres celtas também
tomavam uma parte vigorosa na luta. Foi dito que um homem celta com sua esposa
poderia desbaratar uma tropa inteira de soldados romanos. Não foi registrado se as
mulheres iam nuas para as batalhas como os homens, nem se elas vestiam armadura e
elmo ou carregavam escudos. Contudo, dentro do mundo celta, as mulheres tinham
direitos iguais aos dos homens. Podiam herdar riqueza com plenos direitos de
propriedade e ser escolhidas para qualquer cargo. Rainhas tribais, tais como Boudicca
e Cartimandua, aparecem com proeminência nos registros históricos. As mulheres
eram admitidas nos conselhos de guerra e eram claramente influentes.
Na mitologia irlandesa e nos contos arturianos posteriores, mulheres guerreiras
ensinam aos famosos heróis a cavalaria, a sabedoria mística (possivelmente o
conhecimento druídico) e feitos de armas. A "Corte a Emer" é um desses contos.
Scáthach n-Uanaind ensinou ao grande herói irlandês Cúchulainn, na ilha de Skye,
como lutar. Skye era uma das muitas escolas ou academias de artes marciais dirigidas
por mulheres. Os mitos dizem que essas mulheres precisavam de um ano e um dia para
treinar um herói.
Essas mulheres guerreiras eram chamadas “banaisgedaig”, “ban feinnidi” e
“bantuathaig” e atribuíam-lhes o poder mágico da transformação, algo assim como o
frenesi berserker, em que o rosto se avermelha e o pescoço e os braços se avolumam.
Na maior parte, essas campeãs eram descritas como simultaneamente belas e corajosas.
Essas heroínas não eram apenas músculo e nada de cérebro; eram também peritas nas
artes e ciências. Às vezes mencionadas com o nome de “ban faith” ou “profetisa”, elas
eram especialistas na divinação e na sabedoria sobrenatural.
Se essas heroínas eram sem dúvida “ban faith”, então essas mulheres guerreiras eram
também uma sub-classe dos Druidas, assim como os Bardos e Ovates eram sub-classes
dos Druidas. Se isso é verdade, então não se explica porque elas não eram isentas do
serviço militar como os Druidas. Não temos certeza, mas elas podem ter sido
guerreiras sagradas tais como as da deusa Brigid, conhecidas como “Brigand” e estas
eram um caso à parte. Qualquer coisa é possível.
(fim da tradução)
Vamos ver agora uma outra tradução, um trecho do “Tain Bo Cuailgne” (versão do
“Book of Leinster”) em que a rainha Medb se depara com uma dessas druidisas
guerreiras.
(começo da tradução)
Quando o condutor da carruagem voltou-a para trás e eles estavam a ponto de descer,
viram diante de si uma donzela bem crescida. Tinha o cabelo amarelo. Vestia um
manto multi-colorido preso com um alfinete de ouro e uma túnica de capuz com
bordado vermelho. Tinha sapatos com prendedores de ouro. Sua face era oval, estreita
em baixo, larga em cima. Suas sobrancelhas eram escuras e negras. Seus belos cílios
negros lançavam uma sombra no meio de suas bochechas. Seus lábios pareciam feitos
de esmalte. Seus dentes eram como um chuveiro de pérolas entre seus lábios. Tinha
três tranças de cabelo: duas tranças enroladas em volta de sua cabeça, a terceira
pendurada descendo suas costas, tocando suas panturrilhas atrás. Em sua mão ela
carregava o fuso de uma tecelã, feito de bronze branco com aplicações de ouro. Havia
três pupilas em cada um de seus olhos. A donzela estava armada e sua carruagem era
puxada por dois cavalos negros.
‘Qual o teu nome’, perguntou Medb à donzela. ‘Sou Feidelm, a poetisa de Connacht’,
disse a donzela. ‘De onde vens?’, perguntou Medb. ‘De Albion, depois de aprender a
arte da divinação’, respondeu a donzela. ‘Tens o poder de profecia chamado imbas
forosna?’ ‘Sem dúvida tenho’, disse a donzela.‘Olha por mim e dize-me o que
acontecerá com meu exército’. Então a donzela olhou e Medb disse: ‘Ó Profetisa
Feidelm, como vês o destino do exército?’
Feidelm respondeu e disse: ‘Vejo-o sangrento, vejo-o vermelho’.

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


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(fim da tradução)
Seguindo a ordem da descrição, vou tirar umas conclusões bem simplórias.
Primeira: como eu já disse uma vez, druidismo era um bom negócio e os druidas
cobravam caro. As roupas que Feidelm usa seriam caríssimas em qualquer época e ter
uma carruagem com dois cavalos era um privilégio da mais alta nobreza. E tudo indica
que os druidas gostavam de aparecer bem.
Segunda: ela tem o cabelo amarelo mas longos cílios negros que lançam sombra sobre
o seu rosto. Provavelmente, os celtas irlandeses tingiam o cabelo para ficarem louros,
assim como faziam os gauleses. Os relatos dizem que Cúchulainn tinha o cabelo
amarelo nas pontas, vermelho no meio e preto na raiz, resultado evidente de um
tingimento mal feito ou não refeito.
Terceira: o significado das múltiplas pupilas não é conhecido atualmente. Talvez
indique uma percepção mais acurada.
Quarta: ela está armada, o que nos autoriza a supor que ela sabe o que fazer com as
armas.
Quinta: ela é uma poetisa. O termo no original gaélico é o “ban faith” que vimos na
tradução anterior. Ela é vate (“faith”), uma vidente.
Sexta: Feidelm é uma druidisa. Ela estava voltando de Albion, que é a Grã-Bretanha, lá
onde Caesar diz que estava a matriz do druidismo. E ela havia ido à Grã-Bretanha
justamente para aprender “Imbas Forosna”, “Ciência que Ilumina”, uma das principais
artes druídicas. O druida oferecia em sacrifício um cachorro, gato ou porco, mastigava
um pedaço da carne crua e colocava-o sobre uma pedra, entoava um encantamento e
invocava os deuses. Ia então dormir e esperava receber das divindades um sonho
revelador. Essa prática foi proibida por São Patrício.
Vemos que não apenas os gauleses - caso se dê crédito ao que Caesar escreveu - iam
para a Grã-Bretanha aprender mais sobre o druidismo, também os irlandeses faziam
isso.
Os estudiosos acreditam que a ação descrita no “Tain Bo Cuailgne” teria ocorrido entre
os sécs. I a. C. e I d. C. Imaginemos que fosse no séc. I d. C. É interessante especular
que Feidelm poderia ter estudado em Mona pouco antes de os romanos destruírem o
centro druídico ali existente.
Bellovesos /|\
Tags: druidismo, mulheres célticas, keltria

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Mar 15, '09 2:14 PM


Salve, Epona! for everyone

Salve, Epona!
 
Epona slane, Mara Matir Rigania!
Donion essi tei selgos anation,
diuedi anson tu berauna!
Ame nemnalu tei ualetia,
ualetia tei ame nemetu!

Mapone slane Leucoenepi,


Iouincouiromaglice!
Dunni ame tentias toberaunos,
leucaune tu sentos anson!
Ame nemnalu tei ualetia,
ualetiâ tei ame nemetu!
 
Salve, Epona, Grande Mãe e Rainha!
Tua é a caçada das almas dos homens,
És a portadora do nosso fim.
Bem-vinda a nossa celebração,
Bem-vinda ao nosso santuário!
 
Salve, Maponos do Rosto Brilhante,

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Jovem Príncipe!
Na escuridão nos dás o calor,
Ó tu, o iluminador de nossos caminhos.
Bem-vindo a nossa celebração,
Bem-vindo ao nosso santuário!
 
Bellovesos /|\  
Tags: gaulês, epona, druidismo, hino, poesia

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Mar 15, '09 1:47 PM


Sobre o renascimento 1 for everyone

Sobre o renascimento
A Janela de Fionn

 
Existem especulações sobre uma possível influência das doutrinas pitagóricas sobre o
druidismo antigo, ou, ao contrário, um influxo de idéias druídicas sobre o sistema de
Pitágoras. Mesmo escritores da Antiguidade apontavam as semelhanças entre os
ensinamentos dos druidas e os do mestre de Samos. A meu ver, os antigos sobretudo
confundiam a metempsicose do pitagorismo com o ensinamento druídico da
continuidade da existência num outro mundo mais ou menos semelhante a este.
 
Não creio que os druidas ensinassem a passagem da alma humana para os corpos de
animais outros que não o humano. O que a literatura de fato registra são casos de
metamorfoses em formas animais (p. ex., Tuan, na Irlanda, e Gwydion e Gilfaethwy,
em Gales). Há também o caso de Mongan, apontado como reencarnação do líder
feniano Fionn Mac Cumhaill.
 
Assim, a literatura nos oferece duas possibilidades: metamorfose do homem para uma
forma animal, sem a interveniência da morte; reencarnação numa forma humana em
casos excepcionais. O ensino tradicional parece ser que as almas dos mortos passam a
existir num Além comparável aos Campos Elíseos dos gregos, que se chamava Mag
Meld, Planície Feliz, Tír na n-Óg, Terra da Juventude, e vários outros nomes.
 
É necessário acrescentar que a crença na reencarnação provavelmente foi mais
difundida na época pré-cristã. Em seu livro The Faery Faith in Celtic Countries, Evans
-Wentz registra os depoimentos de vários irlandeses e galeses que professavam
discretamente a crença na reencarnação como parte de um conjunto de ensinamentos
transmitidos oralmente desde uma época que seria impossível precisar. Entretanto,
assim como a própria crença na existência e nos poderes das fadas é uma sobrevivência
do paganismo, também o seria a fé na pluralidade das existências. Portanto, para além
do que está registrado na literatura medieval, esses depoimentos são também sinal de
uma crença antiga.
 
Na minha opinião, pitagorismo e druidismo estão mais estreitamente relacionados na
ciência dos números.
 

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Há algum tempo, eu meditava utilizando o diagrama conhecido como Janela de Fionn,


formado por cinco círculos concêntricos sobre os quais estão dispostas as letras do
alfabeto ogâmico. A tradicional Roda do Ano aparece assim representada:
 
1. AE - Samhain - noroeste
2. A - Alban Arthan - norte
3. EA - Imbolc - nordeste
4. O - Alban Eilir - leste
5. OI - Beltane - sudeste
6. U - Alban Hefin - sul
7. UI - Lughnasadh - sudoeste
8. E - Alban Elfed - oeste
 
Essa disposição forma os seguintes pares de opostos:
 
a) norte - sul: infância/maturidade;
b) leste - oeste: juventude/velhice;
c) nordeste - sudoeste: Imbolc (lactação, amamentação, portanto, "adubagem" do
filhote)/Lughnasadh (a primeira colheita);
d) noroeste - sudeste: Samhain (metade escura do ano, outono/inverno)/Beltane
(metade clara do ano, primavera/verão).
 
Comecei então, distraidamente, a somar os traços que formam os caracteres das vogais:
um traço para o A, dois para o O, três para o U e quatro para o E: 1+2+3+4=10 traços.
Mas faltava ainda a última vogal, o I, que é composta por cinco traços e cinco é a
metade de 10.
 
Nesse momento, lembrei-me da afirmação de Caesar nos Comentários sobre a Guerra
Gaulesa, isto é, de que os gauleses usavam as letras gregas para as suas contas. Ora, a
letra I chama-se iota em grego e o seu valor numérico é dez! E a soma 1+2+3+4=10 é
a mesma que se encontra no símbolo pitagórico da Tetractys. Pensei: "Será a Roda de
Fionn uma espécie de Tetractys druídica? Mas onde vou encontrar a letra I repetida
para me dar o valor dez?"
 
Examinei novamente o diagrama e a resposta estava clara: a oposição entre Samhain e
Beltane.
 
Samhain é o ditongo AE e ele fica posicionado entre as letras A e E. Somando os
traços que compõem os caracteres dessas vogais, obtenho cinco. E o caráter simbólico
dessa soma é claro: E (velhice) passa por AE (Samhain, morte) e chega a A (infância).
Samhain funciona como um sinal de ligação entre a velhice e a infância, entre E e A.
Ele oculta a noção do renascimento.
 
Do mesmo modo, Beltane, a celebração do auge da vida, da fecundidade, reúne a
juventude (vogal O, dois traços) e a maturidade (vogal U, três traços), totalizando
cinco novamente.
 
Assim, somando o cinco de Samhain (o I da metade escura do ano) com o cinco de
Beltane (o I da metade clara do ano), posso obter o dez que estava buscando. Como
esse dez é a união das metades do ano (e de toda a vida), ele representa totalidade,
perfeição e fechamento de um ciclo, valores que também o pitagorismo associa ao dez,
que é representado em grego pela letra I.
 
Para ir ainda mais longe, lembro que o "ancestral" do alfabeto grego é o fenício. Ora,
era a mesma escrita usada pelos hebreus. Em hebraico, o iota chama-se yod, é a
primeira letra do nome do deus hebreu, significa "dedo", representa o princípio ativo
da criação e seu valor numérico também é dez. Podemos então recuar até Moisés e às
origens egípcias da Cabala.
 
O interessante nesse raciocínio é perceber como a totalidade não foi representada
diretamente (só um dez), porém mostrada de forma oculta e como resultante de uma
combinação de opostos complementares.
 
Na sua "qualidade cinco", a vogal I se manifesta invisível na metade pertencente a
Samhain e naquela de Beltane. É a raiz oculta da sombra e da luz, pois representa o
binário: 10/2=5.
 
Na Janela de Fionn, vamos então encontrar estas relações:
 
i+i=5+5=10: o Perfeito;
10/2=5: o Binário;

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O+E (juventude + velhice) ou 2+4=6, ou, dito de outro modo, 10/1+0=1 e 1+5=6, isto
é, o Perfeito, o Binário e o terceiro elemento que surge pela relação entre o Perfeito e o
Binário;
 
A+U (infância + maturidade) ou 1+3=4, representando firmeza, estabilidade;
 
10+5+6+4=25, 2+5=7 (as relações entre matéria e espírito) ou, se empregarmos a
adição teosófica:
 
1+2+3+4+5+6+7+8+9+10+11+12+13+14+15+
16+17+18+19+20+21+22+23+24+25=325 e 3+2+5=10 e 1+0=1, voltando assim à
origem de todas as coisas, o Primeiro Manifesto.
 
Acredito que seja no campo da matemática sagrada que realmente se dá o contato entre
druidismo e pitagorismo. Não saberia dizer se houve um contato direto entre a escola
pitagórica e a fraternidade druídica, mas estou firmemente convencido de que a origem
desse misticismo numérico somente pode ser encontrada nos templos do Egito, fonte
última da Cabala e onde os mais eminentes sábios da Antiguidade buscaram o
conhecimento, contando-se Pitágoras entre eles.
 
Bellovesos /|\ 
Tags: janela de fionn, ocultismo, consciência, mitologia céltica, druidismo

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Mar 13, '09 8:48 AM


O homem é uma criatura teleológica for everyone

O homem é uma criatura teleológica: toda ação humana tem uma finalidade.
 
Quando criamos leis de proteção ambiental, isso se dá em proveito do homem (não
para, em razão de ou sobre a natureza, uma vez que o ser humano não pode legislar
sobre a natureza - Ela se arranja admiravelmente bem sem o homem), porque se
percebe que a degradação do meio-ambiente compromete a qualidade de vida não
apenas das pessoas que hoje povoam o mundo, mas também a das gerações futuras. A
irresponsabilidade dos homens de hoje no trato com a natureza arruína o bem-estar dos
homens do futuro, rouba sua oportunidade de se desenvolverem com os mesmos
recursos de que seus antepassados desfrutaram.
 
Destruir (ou não conservar) a pureza da terra é um roubo, um ato de violência dos
homens presentes contra si mesmos e contra seus descendentes, o que o druidismo não
aprova - e, se alguém disser o contrário, está errado.
 
Independentemente de considerações de outra ordem, a natureza é importante para a
sensibilidade céltica. Vejamos um antigo poema sobre o inverno:
 
Scel lem duib:
dordaid dam,
snigid gaim,
ro-faith sam.
 
Gaeth ard uar,
isel grian,
gair a rith,
ruirthech rian.
 
Roruad rath,
ro-cleth cruth,
ro-gab gnath
gingrann guth.
 
Ro-gab uacht
etti en,
aigre re:
e mo scel.
 
Eis aqui uma canção:
Neve o inverno derrama,
Estrondeiam os gamos,
Vai-se o verão.
 
No alto sopra o frio,

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Baixo está o sol,


O dia é curto,
Revoltos os mares.
 
Moitas de samambaias avermelham-se,
Ocultas estão as formas.
Gansos selvagens elevam
Os gritos de costume.
 
Cinge agora o frio
As asas dos passarinhos.
Um tempo gélido:
Essa é minha rima.
 
A antiga lei céltica (tal como encontrada no "An Senchus Mór" e no "Crith Gablach")
lidava com a interação entre o homem e a natureza de forma tão abrangente como com
a interação do homem com outros homens. Extensos poemas legais (pois os textos
legais eram muitas vezes versificados) elencavam várias classes de árvores e as
penalidades por crimes cometidos contra elas, tais como abrir caminho
negligentemente por uma floresta (imagine então derrubar ou queimar uma floresta
inteira!).
 
Alguns desses poemas trazem títulos como "O Furto da Árvore Frutífera", "A
Mutilação do Espinheiro-Branco", "O Perigo do Amieiro", que, obviamente,
constituem crimes contra o homem, tanto quanto crimes contra a natureza, como se as
árvores fossem elas mesmas seres humanos (ou até mesmo maiores do que seres
humanos).
 
Pela lei céltica, a natureza não é somente objeto de direito, como ocorre na tradição
jurídica romano-germânica, que o Brasil integra. A natureza é também sujeito de
direitos que devem ser observados.
 
Um comentário adicional: os antigos textos legais dos "brithemuin" (juristas, árbitros,
juízes), esquecidos desde o séc. XVII, quando os ingleses impuseram suas leis à
Irlanda, têm sido invocados por juízes irlandeses desde a década de 60 do século
passado.
 
Bellovesos /|\
Tags: consciência, medieval, druidismo, lei céltica

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Mar 13, '09 8:41 AM


Em gaulês for everyone

Em gaulês
 
Lâmiin moi, puella, dâtie
Eti butsuton au minî tou,
Inter prennâ exetus mou
Wenaunâ, a wimpi, welsiesi.
 
Samali bekon in blâtû
Mî te ambi, koima, ollodiû;
Rosiin tou moi suantû,
Kainisamâ tû gartû in sindû.
 
Me dê sua mão, menina,
e um beijo dos seus lábios.
Você vai me ver sorrindo,
voando entre as árvores.
 
Como uma abelha na flor
estou a sua volta o dia todo, amor.
Quero uma rosa sua para mim,
você,  a mais linda neste jardim.
 
Bellovesos /|\
Tags: gaulês, druidismo, poesia

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site acessado em sábado, 27 de março de 2010


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Mar 13, '09 1:15 AM


O conhecimento é um dom dos Deuses for everyone

O conhecimento é um dom dos Deuses


 
Guerreiros, artesão, bardos, todos faziam parte de suas "corporações" específicas e não
iriam iniciar suas atividades sem rogar inspiração, auxílio e proteção das divindades
regentes do seu ofício particular. O conhecimento é um dom dos Deuses, que são a sua
fonte, e o seu uso se faz com a permissão e a ajuda prestadas pelas deidades. Desse
modo, o exercício de qualquer profissão tradicional, de qualquer técnica, teria um
componente religioso subjacente básico. Invocar as deidades exigiria um rito
específico. O conjunto dos ritos é o domínio dos druidas. É nessa necessidade da
intervenção divina que o druidismo encontrava seu caminho para projetar-se sobre
qualquer atividade.
 
 
Quanto aos celtas serem todos adeptos do druidismo... Toda generalização é sempre
inexata. Os druidas não eram unanimidade ("toda unanimidade é burra"). Sem dúvida,
era o druidismo que fazia os reis e representava o "stablishment" céltico. Mas existiam
também, à margem do druidismo e tolerados por este, outros cultos independentes.
Cito como exemplo a veneração de Crom Cruach ("Crescente Sangrento") na Irlanda, à
época da evangelização, e o grupo de mulheres (citado pelo grego Strabon) que
habitava a ilha na desembocadura do rio Loire, adeptas de um culto dionisíaco. Esses
eram cultos célticos, mas não druídicos. Vale também lembrar que os celtas
dominaram regiões como a Península Ibérica e a Galácia, na Ásia Menor, onde não há
o menor registro da existência de druidas (o que não significa que não existissem).
Nem por isso deixaram de ter algum tipo de religião, pois o nome de um dos reis
gálatas era Deiotaurus, ou seja, "Touro Divino", indicando a sacralidade desse animal.
 
Mesmo entre os celtas que estavam na região onde se praticava o druidismo e ouviam
os ensinamentos dos druidas, não eram estes os intermediários exclusivos entre
homens e deuses. Os deuses poderiam se mostrar a qualquer um no momento que
quisessem e sob o aspecto que desejassem: um raio, um animal, uma árvore, uma
fonte, um objeto qualquer; sua principal característica era a capacidade para a
metamorfose. Qualquer um poderia entrar em contato com os deuses através da oração,
qualquer um que tivesse conhecimento suficiente poderia realizar encantamentos e o
responsável pela maioria dos ritos tribais era o rei, personagem semidivino unido em
matrimônio com a deusa da terra, estando os druidas presentes apenas nos grandes ritos
comunais (como festas das estações).
 
 
Na verdade, o papel dos druidas junto aos reis era o mesmo dos especialistas que são
chamados pelos governos de hoje para opinarem sobre questões de direito, economia,
ciência ou qualquer outra. Os druidas eram os conselheiros dos reis e prestavam esse
serviço usando seu conhecimento pessoal, a vidência e a divinação. Suas habilidades
mágicas seriam utilizadas na aplicação da justiça, na cura de doenças e na guerra.
Devemos sempre lembrar que os druidas não eram como padres, eles não pregavam
para uma congregação de fiéis. Suas lições se limitavam a seus aprendizes. Ao povo,
eles prestariam os mesmos serviços que à realeza (aconselhamento, justiça e magia)
mediante uma remuneração. Sim, os druidas eram pagos, ainda que não
necessariamente em dinheiro, afinal de contas tinham famílias que precisavam ser
sustentadas. E ser druida, ao que parece, era uma profissão bem rendosa.
 
Bellovesos /|\
Tags: consciência, druidismo

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Mar 13, '09 12:51 AM


Druidismo – Xamanismo 3 for everyone

Druidismo – Xamanismo 3
 
Há um certo número de práticas e experiências relativamente comuns no xamanismo
que estão em curso de investigação por pesquisadores modernos. Enquanto alguns
pesquisadores ignoram as práticas tradicionais, outros começaram a explorar as
técnicas mais antigas. A emergência do novo campo da “antropologia da consciência”
e o estabelecimento da Psicologia Transpessoal como a “Quarta força” na psicologia
abriram à investigação dos pesquisadores a natureza e a história da consciência de
modos que não eram antes possíveis. Fora dos círculos acadêmicos, um número

site acessado em sábado, 27 de março de 2010


18

crescente de pessoas começou a fazer sérias indagações a respeito das antigas técnicas
xamânicas para entrar em estados alterados de consciência.
 
Os xamãs tradicionais desenvolveram técnicas para obter sonhos lúcidos e também
aquilo que hoje se chama “experiência fora do corpo”. Tais métodos para explorar a
paisagem interior estão sendo investigados por uma grande variedade de pessoas.
Alguns são acadêmicos, alguns vêm de sociedades tradicionais e outros são praticantes
modernos do xamanismo não-tradicional ou neo-xamanismo. Juntamente com essas
técnicas, as “experiências no limiar da morte” (NDE, “near death experiences”)
desempenharam um papel significativo na prática e iniciação xamânicas por milênios.
Isso está extensivamente documentado em estudos etnográficos do xamanismo
tradicional. Com o interesse renovado nessas tradições mais antigas, tais métodos
xamânicos de trabalhar com sonhos e permanecer consciente e desperto ao sonhar
estão recebendo maior atenção.
 
A capacidade de mover-se conscientemente para além do corpo físico é a especialidade
particular do xamã tradicional. Tais jornadas da alma podem levar o xamã aos reinos
inferiores, a níveis mais altos da existência, a mundos físicos paralelos ou a outras
regiões deste mundo. O “vôo xamânico” é, como ocorre em muitos exemplos, uma
experiência não de uma paisagem imaginária, mas é relatado por muitos xamãs como
um vôo além dos limites do corpo físico.
 
Como indicado acima, o “chamado para xamanizar” é muitas vezes relacionado a uma
NDE vivida pelo futuro xamã. Entre os exemplos tradicionais contam-se: ser atingido
por um raio, cair de uma grande altura, uma doença muito grave ou experiências de
sonhos lúcidos em que o candidato morre ou alguns de seus órgãos são consumidos e
substituídos, depois do que ele renasce. A sobrevivência a esses encontros iniciais
externos e internos com a morte fornece ao xamã experiências pessoais que fortalecem
sua capacidade de trabalhar efetivamente com os demais. Tendo ele próprio
experimentado algo, é mais provável que um xamã compreenda o que deve ser feito
para corrigir uma determinada situação ou condição.
 
Enquanto o xamanismo pode ser prontamente identificado em muitas sociedades
caçadoras e coletoras e em algumas sociedades pastoris tradicionais, identificar grupos
específicos de indivíduos que possam ser chamados de xamãs é uma tarefa difícil em
sociedades agrícolas e manufatureiras mais estratificadas. Pode-se dizer que uma
sociedade é PÓS-XAMÂNICA quando há a presença de motivos xamânicos em seu
folclore ou suas práticas espirituais indicam um claro padrão de tradições de ascensão
ao céu, descida aos reinos inferiores, movimento entre este mundo e um Outro Mundo
paralelo. Tal sociedade ou tradição pode ter se tornado muito especializada e
recombinado aspectos de misticismo, profecia e xamanismo em práticas “mais
desenvolvidas” e pode tê-las atribuído a funcionários altamente especializados.
Quando tais práticas e funcionários estão presentes ou substituíram os xamãs
tradicionais encontrados no xamanismo histórico, é então apropriado o uso do termo
pós-xamanismo.
 
Mais especificamente, pode-se dizer que uma sociedade é pós-xamânica quando ao
menos 6 das seguintes 8 condições forem encontradas:
 
a) o êxtase xamânico está ainda presente, mas técnicas de transe leve são usadas para
acessar o Outro Mundo;
 
b) a agricultura e algumas formas de manufatura substituíram a caça e a coleta com
bases primárias da vida econômica da comunidade;
 
c) a sociedade desenvolveu-se numa estrutura altamente estratificada e com ocupações
muito especializadas;
 
d) a religião e a metodologia espiritual tornaram-se mais elaboradas e já não podem ser
adequadamente consideradas “arcaicas”. Isso é especialmente importante para os
rituais, cerimônias e técnicas extáticas que tinham sido, tradicionalmente, o domínio
dos xamãs;
 
e) o êxtase místico e visões de união tornaram-se experiências e doutrinas esotéricas
pelo menos tão importantes quanto o êxtase xamânico, a ascensão e a descida, na vida
religiosa da comunidade;
 
f) o xamã já não é o acompanhante primordial das almas dos mortos (psicopompo) ao
lugar que ocuparão no Outro Mundo. Esse papel geralmente passa seja a um
sacerdócio ou clero, que o executa através de um ritual, seja oração  individual  ou 

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grupal, ou se acredita que seja desempenhado pelos Deuses, espíritos guardiães, anjos
ou demônios;
 
g) um clero profissional está presente, regulando a vida religiosa da comunidade;
 
h) outras formas de cura, divinação e aconselhamento fazem-se presentes e
substituíram o xamã como fonte primordial de tais serviços.
 
Motivos pós-xamânicos podem ser encontrados em muitas sociedades indo-européias,
asiáticas, africanas e em alguns povos nativos norte-americanos. O uso da expressão
“pós-xamânico” faz mais fácil o exame dessas tradições paralelas e de possíveis
sobrevivências de tradições xamânicas primitivas.
 
Se o/a leitor/a considerar adequadas as considerações acima e, lembrando-se da
posição ocupada pelos druidas antigos e do seu sistema de treinamento, responder à
pergunta “Era pós-xamânica a religião céltica no período anterior à ocupação romana e
à conversão ao Cristianismo?” com um “sim”, teremos então estabelecido as relações
entre druidismo e xamanismo de um ponto de vista prático.
 
Bellovesos /|\
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Mar 13, '09 12:48 AM


Druidismo – Xamanismo 2 for everyone

Druidismo – Xamanismo 2
 
Há um site onde se podem ler boas obras sobre xamanismo (embora um pouco
datadas):
 
http://www.sacred-texts.com/
 
É possível encontrar ali os textos sagrados dos cristãos, budistas, muçulmanos, judeus,
parses, mitologia grega, romana, nórdica, céltica (com títulos como “The Faery Faith
in Celtic Countries”, do Evans-Wentz, um “must”), Wicca, Thelema, Ufologia, etc.,
etc., etc. É uma lástima que não exista (até onde sei) nada tão abrangente em
português.
 
Pois bem. Que é, afinal de contas, o tão falado xamanismo?
 
O xamanismo é classificado pelos antropólogos como um FENÔMENO ARCAICO
MÁGICO-RELIGIOSO em que o xamã é o grande mestre do êxtase. O próprio
Xamanismo foi definido por Mircea Eliade (“Shamanism: Archaic Techniques of
Ecstasy”; Londres, Arkana, 1989) como uma técnica de êxtase. Um xamã pode
demonstrar uma especialidade mágica particular (tal como o controle sobre o fogo, o
vento ou o vôo mágico). Quando uma especialização está presente, a mais comum é a
capacidade curadora. O caractere distintivo do xamanismo é seu foco no estado de
transe extático em que se acredita que a alma do xamã deixe seu corpo e suba ao céu
ou desça para dentro da terra (mundo inferior). O xamã utiliza espíritos auxiliares, com
os quais ele se comunica, mantendo durante todo o tempo o controle sobre sua própria
consciência. Ocorrem exemplos de possessão, porém são mais exceções do que regra.
É também importante notar que, enquanto muitos xamãs nas sociedades tradicionais
são homens, tanto homens quanto mulheres podem se tornar e tornam-se xamãs.
 
Bellovesos /|\
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Mar 13, '09 12:31 AM


Druidismo – Xamanismo: observações for everyone

Druidismo – Xamanismo: observações


 
Erynn Laurie escreveu esse texto há vários anos, logo que começou a lista de discussão
Nemeton-L (em 1997, eu acho), uma das primeiras, senão a primeira entre as
dedicadas ao Reconstrucionismo Celta. O texto dela merece reparos. Vou citar apenas
um: os romanos enviavam os seus filhos aos druidas da Gália para que aprendessem
oratória. Qualquer um que se tenha dado ao trabalho de estudar a história sabe que, já
em meados do séc. I d. C., o governo imperial tinha promulgado decretos que proibiam

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a prática do druidismo sob pena de morte. Antes disso, Augusto já tinha proibido que
cidadãos romanos participassem do culto dos druidas. Então como se explica que lhes
enviassem os filhos como alunos? A autora na verdade se refere (pelo menos eu assim
espero) aos professores de retórica que lecionavam nas universidades de Burdígala
(Bordeaux) e Lugdunum (Lyon), na Gália, muitos dos quais, como o Phoebicius citado
por Ausonius, seriam descendentes de druidas. Mas isso já nos sécs. III e IV d. C., uma
época em que o poder dos druidas gauleses era só uma lembrança remota. Quanto à
posição que ela atribui aos xamãs... Ela confunde viver fora de um núcleo urbano com
estar à margem da sociedade, para dizer o mínimo.
 
Bellovesos /|\
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Mar 13, '09 12:24 AM


Druidismo - Xamanismo for everyone

Druidismo - Xamanismo
 
Esta é a tradução que fiz de um artigo do druida Brendan “Cathbad” Myers, onde ele
cita as opiniões de outros dois estudiosos a respeito da relação entre xamanismo e
druidismo. Um deles (uma reconstrucionista, a culta Erynn Laurie) opina que o
druidismo não é xamânico; o outro (Searles O’Dubhain) diz que os druidas eram
xamãs e Cathbad encerra dizendo que nem tanto ao céu, nem tanto à terra, o druidismo
apresenta características de práticas xamânicas, extáticas, e de uma religião não-
xamânica, votiva. Para aqueles que desejarem o texto original, em inglês, a URL é:
 
http://www.wildideas.net/cathbad/pagan/dr-guide4.html
 
Aqui começa o artigo.
 
“19. Eram os druidas xamãs?
 
“Essa é uma matéria de debate extremamente controvertida, sobretudo porque questões
célticas e xamanismo são agora muito populares e uma síntese das duas foi buscada
por muitos autores de ficção e alguns estudiosos. O druidismo realmente apresenta
algumas características semelhantes às do xamanismo, particularmente em alguns dos
feitos mágicos que se diz terem os druidas realizado. É a opinião deste autor que uma
questão mais significativa é se os druidas eram semelhantes aos xamãs (e a resposta é,
provavelmente, sim), porque os druidas evoluíram de uma cultura indo-européia que
tinha o xamanismo. Mas eles eram também algo mais. Para responder a questão, eu
cederei a duas pessoas que sabem mais do que eu, as quais acredito representarem os
dois lados do problema .
 
“De: Erynn Laurie, citado com permissão. Sua posição: Não, os druidas não eram
xamãs.
 
“Os celtas tinham algumas palavras muito específicas para os seus funcionários
religiosos e seus visionários. “Xamã” não era uma dessas palavras. Há algo errado com
os termos que nossos ancestrais usavam, de modo que tenhamos de sair e procurar
novas palavras com que rotular nossos videntes e poetas? Os druidas são, firmemente,
uma parte da ordem social e classe governante nobres, ao invés de estarem às margens
da sociedade. Os poetas com mais freqüência viviam à margem, como fazem os xamãs.
Os druidas podiam barrar e barravam pessoas da participação nos sacrifícios e ritos
comunitários. Não acredito que isso fosse parte de uma prática xamânica.
 
“O treinamento formal por muitos anos em escolas de druidas ou poetas não parece ser
uma parte do padrão xamânico, embora eu possa estar errada a esse respeito. O
xamanismo é comumente ensinado seja sob um único mestre com um ou poucos
estudantes, ou pelos próprios espíritos. Os druidas e poetas são descritos com se
reunindo em números consideráveis em “colégios” com o propósito de instrução em
muitas matérias, particularmente nas cidades da Gália.
 
“Os druidas e os filidh eram considerados oradores formais muito bem treinados pelos
romanos, que, às vezes, enviavam seus jovens filhos para serem treinados em oratória
pelos druidas gauleses. Os gregos e os romanos pensavam nos druidas como filósofos
naturais pitagóricos, com uma firme e delicada percepção da matemática. Não acredito
que os xamãs altaicos sejam conhecidos por seu domínio da matemática, nem acredito
que tenham uma compreensão dos ciclos metônicos do sol e da lua. Os druidas
gauleses tinham um calendário muito complexo que está preservado nos fragmentos de

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Coligny. Jamais vi qualquer referência de os xamãs terem calendários com essa


complexidade. Eu poderia estar simplesmente perdendo alguma coisa aqui.
 
“Muitos contos de “viagens ao Outro Mundo” célticos são sobre pessoas que foram até
lá contra sua vontade e sem qualquer controle sobre a experiência. O xamã é um
mestre do controle e sempre decide quando e onde ele/ela irá ou não irá aos outros
mundos. Os xamãs não podem ser raptados contra sua própria vontade.
 
“As sociedades célticas eram sociedades letradas. Embora se diga que os druidas não
anotassem coisas importantes, eles eram capazes e desejavam manter outros registros
na escrita, usando o grego para muitas finalidades. Conta-se que Patrício queimou
“centenas de livros druídicos” durante sua conversão da Irlanda. Os druidas e poetas
são descritos escrevendo contos e poemas em bastões. Nenhuma das sociedades
xamânicas que eu conheço era letrada. Muitas ainda não têm linguagens escritas. Isso
não quer dizer que todas as sociedades pré-letradas fosse, portanto, xamânicas.
 
“No xamanismo, há um tema comum de ascensão aos mundos superiores ou reinos
celestes, enquanto eu não conheço nenhum conto céltico restante a respeito de quem
quer que fosse subindo aos mundos superiores para confrontar Deuses ou espíritos.
Sim, os Deuses vêm de lá, mas quais humanos vão até lá? O “vôo do espírito” através
dos reinos intermediários para espionar os inimigos ou o vôo sobre as copas das
árvores na floresta não são exatamente a mesma coisa. Conheço apenas um relato que
pode ser considerado como um conto de crise e doença xamânicas (a Doença de
Cuchulainn), mas Cuchulainn envia o condutor de sua carruagem ao reino do Sidhe
para investigá-lo antes que ele próprio vá até lá. O xamã em crise cura a si mesmo.
Cuchulainn foi curado pela mesma mulher fada que o atingiu em primeiro lugar.
 
“Enquanto temos um certo número de elementos xamânicos aparecendo na mitologia
céltica, geralmente não temos mais do que dois ou três temas no mesmo conto. É a
minha compreensão que a maioria dos temas têm de aparecer na mesma pessoa para
que ela seja vista como xamã. Isso pode ser o meu próprio preconceito quanto a essa
matéria. E, outra vez, é inteiramente possível ter um espírito guardião animal, ter
visões e fazer viagens para outros mundos sem ser um xamã. Isso acontece todo o
tempo em muitas sociedades tribais. Dormir numa caverna, comer bagas e salmão e
vestir pele também não transformam uma pessoa num urso.
 
“De Searles O’Dubhain, citado com permissão. Sua posição: Sim, os druidas eram
xamãs.
 
“Os druidas eram mestres do fogo. Eram eles que criavam as fogueiras rituais. Eram
eles que velavam pelas chamas sagradas dos Deuses. Eles até mesmo tinham seus
próprios “fogos druídicos” com os quais travavam batalhas. Muitos druidas podiam
“voar magicamente”. Os druidas Ciothruadh e Mogh Ruith voaram nas nuvens para
lutar uma batalha xamânica. Para realizar esse ‘vôo mágico’, eles iriam vestir
coberturas de cabeça de penas de pássaros e couros de touro e subir no calor, chamas e
fumaça de seus próprios fogos druídicos mágicos. Mogh Ruith era fisicamente cego,
embora ele ascendesse às nuvens para ‘ver’ o inimigo. Essa ‘visão’ implica no uso do
‘terceiro olho’ e em deixar o corpo. A cerimônia do ‘Tarb Feis’ é muito semelhante a
uma jornada xamânica. O druida iria deitar-se sob o couro de um touro sacrificial e
‘sonhar’ um sonho profético. Quatro outros druidas iriam posicionar-se nos quatro
‘quadrantes’ e dedicar-se à execução de cantos mágicos.
 
“Os druidas freqüentemente se deitavam ou dormiam em sepulturas para comunicar-se
e/ou invocar os espíritos dos mortos. ‘Como o Tain foi Redescoberto’ é somente um
exemplo dessa técnica.
 
“Os druidas não ‘canalizavam’ seus deuses ou falavam com as vozes de Entidades
como fazem os “canalizadores” e wiccanos da atualidade [como no ritual wiccano
‘Drawing Dawn the Moon’ – Cathbad]. Os druidas iam a seus Deuses durante
‘amruns’, períodos de cantos mágicos quando eles conversavam e aprendiam com os
Deuses. Esses ‘amruns’ eram períodos de êxtase! Os druidas eram também capazes de
caminhar nos caminhos dos sonhos e até mesmo no próprio Outro Mundo. Eram
também mestres da natureza. Quem iria discutir que os druidas eram capazes de falar
com os espíritos da natureza, árvores e fontes? Qual druida não sentiria o pulso da terra
e o bater do coração da natureza? Qual druida não leria os escritos do destino nas
nuvens do céu? Os druidas eram os Mestres da Magia. Eram os guardiães do Poder
Místico. Viviam com um pé neste mundo e no Outro. Eram os poetas, curadores,
advogados e magos dos celtas.
 

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“Os druidas eram também os supremos juízes dos povos célticos, primordialmente
porque podiam ver claramente a realidade (toda ela). Esperava-se que um druida visse
o passado, o presente e o futuro de qualquer pessoa, objeto ou situação dados. É por
isso que eles eram os conselheiros escolhidos dos reis. É por isso que eles se sentavam
à direita do rei. É por isso que lhes era confiado o bem-estar mágico da tribo. É por
isso que eles ensinavam as tradições e técnicas do povo em seus nemetons.
 
“O cerne da questão parece estar em se o druidismo é essencialmente uma religião
votiva ou uma religião extática. Uma religião votiva é aquela que tenta comunicar-se e
influenciar os poderes divinos por meio de oferendas, preces, sacrifícios, tabus rituais e
outros meios físicos. Uma religião extática tenta comunicar-se e influenciar os poderes
divinos por meio de transes, possessões espirituais, visões e encontro não-intelectual
direto com os espíritos. Por exemplo, a experiência cristã fundamentalista de ‘ser
salvo’ ou ‘nascer de novo’ é extática, enquanto a partilha ritual do pão e sua
distribuição, tal como praticadas por cristãos católicos e protestantes, são votivas. Com
relação ao druidismo, há elementos de ambas. A prática moderna do druidismo oscila
através do espectro. A visão mágica que se esperava os druidas possuíssem é,
provavelmente, extática, ao passo que suas responsabilidades legais e intelectuais são
claramente votivas, na medida em que são minimamente religiosas.”
 
Bellovesos /|\
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Mar 13, '09 12:02 AM


Gwynn ap Nudd e Arawn for everyone

Gwynn ap Nudd e Arawn


 
Na tradição céltica britânica, há dois nomes que vamos encontrar relacionados à
soberania do Outro Mundo dos Mortos e do Povo das Fadas: Gwynn ap Nudd e
Arawn.
 
Existe um conto do “Mabinogion”, a obra-prima da literatura galesa medieval,
chamado “Culhwch e Olwen, ou o Twrch Trwyth”. Nesse conto, Gwynn ap Nudd é
mencionado na seguinte passagem:
 
“Um pouco antes disso, Creiddylad, a filha de Llud Llaw Ereint, e Gwythyr, o filho de
Greidawl, estavam prometidos. Antes que ela se tornasse sua noiva, Gwynn ap Nudd
veio e raptou-a pela força; e Gwythyr, o filho de Greidawl, reuniu seus homens e foi
lutar com Gwyn ap Nudd. Mas Gwynn superou-o e capturou Greid, o filho de Eri, e
Glinneu, o filho de Taran, e Gwrgwst Ledlwn e Dynarth, seu filho. E ele capturou
Penn, o filho de Nethawg, e Nwython e Cyledyr Wyllt, seu filho. E ele matou
Nwython e arrancou seu coração e obrigou Cyledyr a comer o coração de seu pai. E a
partir daí Cyledyr tornou-se louco. Quando Arthur ouviu falar a esse respeito, ele foi
para o norte e convocou Gwynn ap Nudd a comparecer perante ele e libertar os nobres
que havia aprisionado e a fazer a paz entre Gwyn ap Nudd e Gwythir, o filho de
Greidawl. E esta foi a paz feita: a donzela permaneceria na casa de seu pai sem
vantagem para qualquer deles e Gwynn ap Nudd e Gwythyr, o filho de Greidawl,
lutariam a cada primeiro de maio, daquela data até o Dia do Julgamento, e qualquer
deles que fosse então o vencedor obteria a donzela.”
 
Vamos examinar alguns desses personagens. Mirella Faur (“Anuário da Grande Mãe”,
Ed. Gaia, 1999) apresenta Creiddylad (Cordélia) como uma deusa da terra e da
natureza. Já vi (mas não me lembro onde) o seu nome citado como deusa do amor.
 
Lludd Llaw Ereint é mais interessante. Llaw Ereint significa “Mão de Prata”. Assim,
ele é o correspondente do irlandês Nuada Argetlamh, pois Argetlamh também quer
dizer “Mão de Prata”. A lenda conta que Lludd era o filho de Beli (que passa por ser o
deus da morte) e foi um dos antigos reis da Grã-Bretanha, como seu pai. Aliás, foi ele
quem construiu Londres, cujo antigo nome galês é Caer Lludd, ou seja, o “Castelo de
Lludd”, como se narra em “Lludd e Llefelys”, do “Mabinogion”. London ou Lwndrys
(de onde vem o português Londres) foi o nome que os saxões mais tarde deram a essa
cidade. Ainda existe em Londres um lugar chamado Ludgate, o “portal de Llud”, onde
a tradição diz que foram colocadas as cinzas desse soberano. Entretanto, o Lludd
britânico e o Nuada gaélico são ambos transformações de uma divindade mais antiga,
Nodens, um deus da cura, cujos cães mágicos também se acreditava fossem capazes de
curar os doentes. As ruínas de um grande templo dedicado a ele, datando do período da
ocupação romana, foram encontradas nas proximidades do rio Severn (Arthur

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Cotterell, “The Encyclopedia of Mithology”, Lorenz Books, New York, 1999). Veja
que interessante: Nodens – Nuada (Irlanda) – Lludd (Grã-Bretanha). O outro nome de
Lludd é Nudd (Nodens). Desse modo, ele próprio é o pai de Gwynn, a não ser, é claro,
que exista um outro Nudd. Mas penso que não.
 
“Glineu ap Taran”, Glineu, filho (ou descendente) de Taran. Essa é uma das raras
passagens da literatura céltica britânica em que uma divindade dos celtas continentais é
lembrada. Geralmente, deuses continentais surgem de forma muito modificada na
literatura insular (na Irlanda, Connall Cernach, por exemplo, experimentalmente
identificado com Cernunnos), desempenhando funções muito secundárias ou então
apenas seus nomes são mencionados, como é o caso aqui. “Taran” é Taranis, o
“Trovejante”, deus gaulês do céu, das tempestades e raios, que os romanos
equipararam ao seu Júpiter. Seus símbolos são a roda e o tridente, ou lança de três
pontas.
 
Por fim, o próprio Gwynn ap Nudd. Gwynn foi o deus galês da caça, ou seja, o
guardião da vida selvagem, aquele que permite aos humanos alimentarem-se do seu
rebanho e providencia para que a vida sempre se renove. Ele é o deus caçador e o deus
a quem oravam os caçadores ao penetrarem na floresta, domínio de Gwynn, para
buscarem a carne que iria sustentá-los e às suas famílias, as peles com que se cobririam
nos meses frios de inverno. Porém, se um dia é do caçador, o outro é da caça... Lembra
-se do mito de Adônis, que foi morto por um javali? O mesmo terá acontecido a muitos
caçadores célticos. Nesse caso, o deus exigiu um sacrifício pelos dons que foram
concedidos em outras ocasiões. Gwynn é um deus selvagem e poderoso, daí a crueza
do seu comportamento, tal como registrado no conto do “Mabinogion”. Também por
isso foi ele escolhido, ao firmar-se o cristianismo, como aquele que é capaz de
controlar os demônios e mantê-los dentro de certos limites. Sua capacidade de tomar as
vidas dos caçadores como tributo é lembrada em seu papel de líder da “Wild Hunt”, a
“Caçada Selvagem”, em que, diz-se, Gwynn ap Nudd lidera as forças do mal e do caos
numa busca frenética de viajantes solitários cujas almas serão capturadas e levadas ao
inferno. Mas fique isto claro: Gwynn não é o deus que governa o mundo dos mortos,
ele é uma divindade guardiã, um protetor dos limites. Não é incomum, em grupos
mágicos que trabalham numa orientação céltica, que Gwyn ap Nudd seja invocado
para guardar o exterior do círculo mágico.
 
Quem é, então, o deus que efetivamente governa o Além? Na tradição irlandesa, a
Terra da Juventude (“Tir na n-Óg”) é governada pelo Senhor das Brumas, Manannan
mac Lir. Na tradição galesa, por Arawn, o Rei de Annwfyn. Como estamos tratando de
temas galeses, é neste que me deterei.
 
Arawn (“Língua Prateada”?) é mencionado também no “Mabinogion”, no assim
chamado “Primeiro Ramo”, a história de “Pwyll, Pendeuig Dyfed”, “Pwyll, Príncipe
de Dyfed”. Certa vez, Pwyll saiu para caçar. Ele se distanciou de seus companheiros e
viu um veado numa clareira, sendo encurralado por cães puramente brancos de orelhas
vermelhas (‘Cwn Annwn’, ‘Cães de Annwn’).”
 
Ele espantou esses cães e atiçou os seus próprios sobre o veado. Surgiu então Arawn,
um cavaleiro montando um cavalo cinzento e vestindo roupas de caçar cinzentas, com
um chifre de soprar ao redor do pescoço. Arawn censurou Pwyll pela sua falta de
cortesia, depois se apresentando como um soberano de Annwfyn [an-nú-vin), isto é, o
Outro Mundo. Pwyll lhe pede que indique um modo de desculpar-se pelo seu
procedimento grosseiro e Arawn diz que o perdoará se ele enfrentar Hafgan (“Verão
Branco”), um outro soberano do Além que todos os anos o desafia. Mas adverte Pwyll
de que Hafgan tem de ser derrotado com um único golpe, pois, se for golpeado uma
segunda vez, recuperará todo o seu vigor. Pwyll acompanha Arawn até o seu reino
sobrenatural e lá eles trocam de forma: Arawn retorna a Dyfed (a região sul de Gales)
com a aparência de Pwyll, enquanto este reinará sobre Annwfyn por um ano com a
aparência de Arawn, compartilhando inclusive do leito da esposa dele (embora o autor
da versão atual do conto, a fim de poupar a decência cristã, esclareça que nunca houve
nada entre eles). É assim que Annwfyn é descrito nesse conto:
 
“Assim, Arawn conduziu-o até avistarem o palácio e suas habitações. ‘Vede’, disse
Arawn, ‘a Corte e o reino em vosso poder. Entrai na Corte, ninguém lá vos
reconhecerá e, quando virdes os serviços lá feitos, sabereis quais são seus costumes.’
 
“Pwyll então se adiantou para a Corte e, quando entrou, contemplou dormitórios e
salões e câmaras e os mais belos edifícios jamais vistos. Ele entrou no salão para
desmontar, vindo jovens e pajens auxiliá-lo, os quais os saudaram ao adentrarem as
dependências do palácio. Vieram dois cavaleiros e tiraram-lhes as roupas de caça,
vestindo-o com uma túnica de seda e ouro. O salão estava preparado e Pwyll viu a

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mansão e o anfitrião que nela entrava. Este era o mais gracioso dos anfitriões e o mais
bem equipado que Pwyll havia conhecido. Com eles entrou igualmente a rainha e ele
nunca vira mulher tão formosa. Ela trajava uma túnica de brilhante cetim amarelo. Eles
se lavaram, foram para a mesa e sentaram-se, a rainha a um lado de Pwyll e do outro
um que parecia ser um conde.
 
"Ele começou a conversar com a rainha e pensou, em razão de suas palavras, que ela
era a senhora mais decente e de mais nobre conversação, bem como a mais alegre que
já houvera. Partilharam a carne e a bebida, cantando e festejando. De todas as Cortes
na terra, era esta a melhor provida de comida e bebida e recipientes de ouro e jóias
reais.
 
"Quando chegou a hora de dormir, Pwyll e sua rainha foram para o leito. Ele virou seu
rosto para a beira da cama e deu-lhe as costas, não lhe dizendo palavra alguma antes
que amanhecesse. No dia seguinte, o carinho e a afeição voltavam à conversação deles,
embora durante o ano que se seguiu noite alguma fosse diferente da primeira.”
 
Essa é uma das descrições que os celtas britânicos faziam do Outro Mundo, nada
diferente dos “Sidhe” da tradição irlandesa, as colinas ocas (“hollow hills”) onde os
Tuatha Dé Danann, derrotados pelos mortais gaélicos, refugiaram-se para levar uma
existência encantada e de onde saíam em cavalgada na noite de Beltane para juntar-se
aos humanos e, talvez, levar consigo uns poucos escolhidos que desfrutariam da
mesma vida mágica, sem doenças ou velhice, dos Filhos de Danu.
 
Arawn é também mencionado em duas importantes obras do bardo Taliesin (séc. VI d.
C.). O poema “Cadd Goddeu”, “A Batalha das Árvores”, e “Preiddeu Annwn”, “Os
Espólios de Annwn”. O primeiro narra o combate movido por Arawn contra Amaethon
ap Don, que lhe havia roubado um pássaro, um cão e um cervo. Nesse combate, o
mago Gwydion ap Don usou seus poderes para transformar árvores em guerreiros, daí
o nome do poema. Em “Os Espólios de Annwn”, Taliesin conta a viagem de Arthur e
companheiros ao Outro Mundo (aí chamado “Caer Sidi”) para conseguirem o caldeirão
mágico possuído por Arawn.
 
Já sabemos, então, quem é Gwynn ap Nudd, quem é Arawn e qual a descrição de
Annwn ou Annwfyn. Resta apenas dizer que, de acordo com alguns estudiosos, Gwynn
e Arawn são o mesmo. De acordo com outros, Gwyn seria o deus do Além em uma
parte de Gales, enquanto na outra seria Arawn. E, de acordo com uma terceira corrente,
“Arawn” seria apenas um título que poderia ser aplicado a mais de um personagem
mítico. Se alguém me perguntasse o que penso, eu diria: dado o aspecto
predominantemente local da maioria dos cultos e divindades célticos, o mais provável
é que as três posições estejam corretas (ou nenhuma delas!!!), dependendo do celta a
quem você perguntasse.
 
Bellovesos /|\
Tags: gwynn ap nudd, pwyll, mitologia céltica, druidismo, galês, arawn

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