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A Morte Dos 12 Pares de França

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Editor — Proprietário:

J0SÉ BERNARDO DA SILVA


E D I T O R
OPRIETARIO
José Bernardo da Silve

A MORTE DOS
DOZE PARESDEFRANCA
Amigas e caros leitores
dê-me um pouco de atenção
leiam este minha história
som calma e meditação
verão que não é mentira
nem lenda de ilusão
Os leitores devem saber
das proêsas da Roldão
e de Oliveiros seu amigo
sabem os feitos então
e também a falsidade
que lhes fez o Galalão

Fôram todos cavalheiros


de muito alto louvor
Rolião Ríbarte, Oliveiras
eram os três da mais valor
Roldão sendo o mais querido
do seu tio imperador

Galalãoeraumcovarde
infame,vil,traiçoeiro
q u e se vendia aos turcos
p o r muito pouoo dinheiro
mastavaumamortetrágica
porque Deus é justiceiro

Nêste t e m p o imperador
estava mais descansado
seus reinos todos em paz
vivia mais sossegado
e também os doze pares
vivendo junto a seu lado

Foi aí por este tempo


que deu-se a fatalidade
Carlos Magao se a c h a v a
bem perto duma cidade
de Saragoça chamada
naquelallocalidade
Habitava em Saragoça
dois irmãos,reis coroados
e r a m dois turcos valentes
pelos seus feitos pelados
Carlos Magao quiz fazer
dêles cristãos batisados

Carlos Migao e n t o disse:


vou uma abaixada mandar
p a r a Marcírio e Belande
-3-
e nela lhe declarar
quedeixasseseus idolos
para aJesusadorar
Então Carlos Magao fez
ali uma reunião
e foi logo nomeado
para isto Galalão
pra levar a embaixada
a Belande, rei pagão

PartiuGalalãoarmado
com honra de embaixador
chegando em Saragoça
ao rei se apresentou
e entregouaembaixada
que Carlos Magao madou
Foimuitobemrecebido
pois dos reis era o dever
osdoislheperguntaram
oquequeriamsaber
de Carlos Magao e os p a r e s
corno era seu viver

Galaãocontoudireito
quem era o imperador
os reis 1ago conheceram
qua êle era traidor
pela sua fisionomia
viram que não tinha valor
-4—

Disseram um para o outro:


êle é capaz de vileza
portanto convêm que nós
lhe falemos com franqueza
Carlos Magao e os pares
êla vende com certeza
Como de fato, falaram
facilmente êle aceitou
de entreger os cavalheiros
e também o imperador
deram-lhe muita riqueza
muitas jóias de valor
Galalão disse aos reis
qua seus exércitos preparassem
efôssempraRoncesvalhes
e por lá se ocultassem
que êle entregava os pares
para que êles os matassem

O rei chamou Galalão


disse confiadameate
pra levar a Carlos Magno
um muito rico preeeate
para assim êles poderem
pegar-lhe mais facilmente

Oh! maldito Galalão


máudesventurado homem
nascestedesanguenobre
—5-
a a v a r e z a te consome
sendo ríco te vendeste
botando em lama teu nome!

Tu sendo um príncipe nobre


d e tão alta distinção
fôste escolhido entre todos
para tão fina missão
porém com tua vileza
neste a negra traição!
O imperador confiando-te
em l e v a r a embaixada
não j o g a n d o que tu fôsses
uma alma sesesperada
vendendo o teu senhor
e todos teua camaradas!

Se dos pares tinhas q u e i x a i s


p o r q u e eram bons g u e r r e i r o s
porque então vendeste
os inocentas cavalheiros?
tua pessoa demonstra
os teus gestos traiçoeiros!

Cometeste contra Deus


a mais infame maldade
de vender teus companheiros
as monstros sem piedade
tu, covarde, hás de sentir
e pago disto mais tarde!
6

Tu erassempretraidor
em tudo o mais vagabundo
vendeste a valia mental
do quetudonêstemundo
botaste teus companheiros
noabismomaisprofundo
Por avarezavendeujoias
aJesusnossoRendetor
por avareza foi Adão
desobediente so Criador
poravarezavendeu
Galalão o seu senhor!

Então nêstemesmodia
regressara Galalão
obrigando a Carlos Magno
contou a sua intenção
disse que os reis queriam
se batisar,sercristão

Entregou-lhe os presentes
que os reis tinham mandado
CarlosMagnor e c e b e u
ficando muito obrigado
e repartiuospresestas
com todos do seu reinado

Depois disto os cavalheiros


pra Roncesvalhes partiram
levandocincomilpraças
- 7—
e sem demora seguiram
Carlos Magao indo a t r a z
porém os pares não viram
Estavam os dois reis turcos
com noventa mil guerreiros
então deixaram entrar
todos dez cavalheiros
e fizzram-lhe um cêrco
a seus modos traíçoeiros
Então todos cavalheiros
começaram a batalhar
era tanta a mortandade
que fazia admirar
os cristãos muito cansados
trataram em se retirar

Estendo todos os cristãos


retírados dos inimigos
viram outro exército turco;
conhecendo do perigo
Roldão entãosejuntou
com Oliveiros,seuamigo

Roldão tocou a c o m e t a
pensando que avisava
a seu tio Carlos magno
quemuitolongeestava
Deus fez que êla não ouvisse
pois da glória lhe chamava
-8-
Deus quiz lhe dar a conta
lá na bemaventurança
pelos trabalhos que fez
era esta a sua h e r a n ç a
pois era 1 dos maie temidos
dos doze pares de F r a n ç a

Pôs Roldão logo os seus


em ordem bem prevenidos
e investiram aos turcos
como lôbas enraivecidos
os turcos entraram em combate
com vozes e alaridos
Roldão disse a seus amigos
que sem receio de morrer
e n t r a r e m todos em luta
Deus havia de os s o c o r r e r
entrou pela direita
como adiante vamos v e r

Então a segunda vez


Roldão ainda tocou
e n c o m e n d o - s e a Deus
na horrenda batalha entrou
com tanta fôrça e coragem
que seis mil turcos matou
Chegaram vinte mil turcos
com desaspêros fatais
acometerem os cristãos
q u e já não podiam mais
Roldão saindo ferido
com quatro feridas mortais
Cem cavalheiros cristâos
e n t r a r a m ali sem t e m e r
Roldão avistando êles
julgando que podia ser
Carlos Magao com seu povo
que vinha lhe s o c o r r e r
Ecomêstepensamento
na batalha se meteu
logo no primeiro encontro
s e u s cavalheiros perdeu
e s c a p a n d o apenas deis
que na luta não morreu

Um era o duque de Trietre


cavalheiro de a t e n ç ã o
e outro era Valdivinos
que era irmão da Roldão
estavam todos íeridos
sem acharem remissão
Vendo Roldão e derrota
começou a exclamar:
ohl Carlos Magno onde estás
q u e não me vens ajudar?
deixeis-me então despresado
sem teu auxílio me dar?!
-10—

Roldão ali conhecendo


que havia de morrer
pois Carlos Magno e os outros
não lhe vinham s o c o r r e r
perdendo tôda esperança
de seus companheiros ver
E desejando vingar-se
daquela fatalidade
pegou um turco e lhe disse:
monstro vil, sem piedade
ou mestras o rei Balande
ou eu te mato, covarde !
Então o turco lhe disse
montrando grande terror:
vês aquele cavalheiro
que eu te mostrando estou?
aquele é o rei Balande
que a todos vocês comprou

Êle quem deu riqueza


a um teu embaidor
que se chama Galalão...
ai Roldão suspirou
a foisse então para o rei
que o turco lhe mostrou
Beijando a cruz da espada
cobriu-se com seu escudo
entrou pelo meio dos turcos
—11-

ia derrubando tudo
encontrouorei Balande
que lhe olhou bem s i z a l o
Roldão deu um golpe nêle
que abriu até a cintura
os turcos tomaram mêi o
e horror a esta bravura
que partiram para longe
temaudo a desventura

Roldão saiu da batalha


já muito d e f i g u r a d o
deitou-se ao pé duma pedra
de dôres atormentado
e ali êle seria
depressa por Deus chamado

O i m p e r a d o r Carlos Magao
de nada disto sabia
o traidor Galalão
com êle se divertia
jogando o jogo das tábulas
em risos se desfazia

OreiMarcíriocommêdo
queCarlosMgãochegasse
junto com seu exercito
para daquilo vingar-se
partiu para Sarágoça
onde p ô l e ocultar-se
-12-

Estando Roldão ferido


já no último da vida
das mortes dos seus amigos
sua alma estava sentida
sentia mais do que da sua
que estava a ser concluída

Consolava-se em morrer
na santa fé de Jesus
que por nós êle morreu
crucificado na cruz
e pedia ao Criador
que lhe mostrasse uma luz
Tinha pena de morrer
só, na última hora
num monte desamparado
dos seus amigos de outrora
Carlos Magno,o seu tio
onde é que estava agora?

Dava infinitas graças


a Deus, nosso criador
pois um dia antes disso
êla se sacramentou
pois era êste o costume
dos p a r e s e do Imperador
Pedia perdão a Jesus
dizendo: pai amoroso
perdoai os meus pecados
-13—

dai-me o e t e r n o r e p o u s o
guiai-me pra vosso reino
meu Jesus, rei poderoso!

Cmeçou logo a dizer:


Senhor Deus meu c r i a l o r
fllho daMãeGloriosa
vóss a b e i s ,meu Redentor
de todos os meus pecados
perdoai-me, ó Senhor!

Assim te peço, ó meu Deus


que meus êrros e pecados
s e j a m por ti, ó meu pai
todos êles perdoados
p a r a que tu me coloques
e n t r e os b e m a v e c t u r a d o s
— S e n h o r vâde lá da glória
me dais arrependimento
que eu tenho, e meus pecados
já no último momento
d e s p r e s a d o nêste bosque
que e n c e r r a meu sofrimento

— Vós, Senhor, sois poderoso


Iivrai-me da perdição
m e olhai como olhastes
na cruz o Bom Ladrão
perdeai me os pecados
por vossa SantaPaixão!
-14-
Se pôs a ver sua espada
por esta forma exclamou:
oh! espada Durindana
aço de grande valor
como tu em todo mundo
nãoexistesuperior

Grande esfôrço me davas


quando estavas a meu lado
comigo muitos a r n e z e s
eu tenho deepedaçado
e os mais duros capacêtes
contigo eu tenho cortado
— Contigo eu tenho morto
g r a n d e número de traidor
numca jamais faltaste
com teu exemplar valor
contigo tenho defendido
a lei do meu C r i d o r
— Oh! quanto temor e mêdo
tinham os turcos de te ver
temiam os infiéis
não ousavam aparecer
diante da minha pessoa
para me contra-fazer
— Contigo eu tenho defendido
a fé de meu Criador
a o qual humilde peço
- l5 -

por teu infinito valor


que te legra algum cristão
s e j a teu possuidor
Disse tornando a falar
com tua esspada querida:
grande dor e sentimento
tenho eu desta partida
d e d e i x a r - t e ,oh!minhaespada
nêstedesertoperdido!

E pegando a espada
apertou-se nos seus braços
dizendo: quero fazer-te
aqui tôda em pedaços
pra que os outrso não causem
aoscristãosembaraçados
Eatão ali levantou-se
cheio de dor cruciante
e pagando na e s p a l a
dando dois pascos avante
dando com ela na pedra
mas o aço era c o r t a n t e

Fez na pedra grande estrago


semomenor resultado
pois a espada Durindana
era dum aço temperado
não teve o minimo perigo
nem seu gomo foi cortado
—16—
Veado Roldão que era asneira
que a espada não quebrava
tomou a sua cornêta
p a r a ver se avisava
aoscristãos que pelos montes
dos turcos se ocultavam

E tangendo duas vêzes


com a fôrça que lhe restava
e na segunda lhe abriram
a s feridas que lhe matava
eficandotão prostrado
que grande lástima causava
Então a terceira vez
ainda tocou Roldão
e Carlos Magno ouviu
e bateu-lhe o c o r a ç ã o
estava no jogo das tabelas
jogando com Galalão

Carlos Magno conheceu


q u e quem tocava era Roldão
e querendo lhe acudir
mas lhe disse Galulão:
senhor, Roldão sem dúvida
talvez ande em distração
Carlos Magno lhe deu crédito,
r e c o m e ç o u a jogar
com o traidor que com risos
-17-
p u n h a - s e a disfarçar
contanto que Carlos Magno
não viesse desconfiar

E estando já Roldão
no último da sua vida
chegou então Valdivinos
com muitas lágrimas sentidas
abraçou-se com Roldão
era a última despedida

Roldão disse a Valdivinos


q u a s e sem poder falar:
busca-me um pouco d'água
p a r a esta sêde aclamar
e depois se houver tempo
p r o c u r a então me tratar
Valdivinos saiu logo
ver se água encontrava
e correndo todo monte
nenhumafonte e chave
e pra junto de Roldão
muito ligeiro voltava

Quando chegou encontrou


Roldão j á se ultimando
então pegou um cavalo
e como quem ia voando
foi dar parte a Carlos Magno
que inda estava jogando
- 18 -
Logo chegou T r i s t e
aonde estava Roldão
e querendo-lhe falar
mas faltou-lhe animaç
e caindo de joelhos
junto doseucapitão

Quando Roldéao viu Trietre


teve uma consolação
e perguntou: a quem olhas?
não ê êste o Roldão,
e teu fiel companheiro ?
tende de mím compaixão!

—Não é este o que vencia


os mais ferozes gigantes?
não é êstequenaslutas
ia às batalhas auantes
e defendia os cristãos
dos turcos r e p u g n a t e s ?
- N ã o é êste que nas batalhas
dos mais ferozes inimigos
vencia os traidores
junto com os seus amigos?
é êste o Roldão sem sorte
enfrentador do perigo!

—Não é êste o que defendia


a lei do nosso Criador
e nenhum perigo temia
em se tornar m a t a l o r
em matar os que queriam
ofender o imperador

- É êste o homem que não


pôde conhecer a ventura
e só via a negra sorte
que lhe foi fatal e dura
e o fim da sua vida
s ó foi repleta de agrura?!
—Foi tanta a sua desgraça
q u e não sòmente privou
da companhia dos seus
edoseu sobre senhor
agora na última hora
a sorte lhe despresou!
- Não são êsses os braços que

nâo são estas as mãos que


os mais fortes golpes devam?
q u e arnezas e duros elmos
tudo se espedaçavam
Tomandoaespadadisse:
oh! minha companheira
Sorte espada D u r i n d a
não nego es a primeira!
e a b r a ç o u - s e com ela
nasuahora d e r r a d e i r a
- 20—

Trietre que presenciava


e espetáculo lastimoso
ouvindo as lamentações
ficava mais pesaroso,
não podia suster as lágrimas
daquele ato penoso
Trietre chegou pra perto
para desarmar Reldão
desaboíoando a farda
mais fazia compaixão
então tornou a fechá-la
com a maior precaução

Roldão tornando a si
a Jesus pediu perdão
então pediu a Tietre
que o ouvisse em confissão
êle fez muito contrito
de todo seu coração
E pôs a mão na espada
olhandoo céu exclamou:
et-in carne mes videco Deum
que diz: verei meu Salvador
s a v a t o r u m meum
olhai-ma me Redentor

Pondo a mão eôbre os olhos


disse com muito prezer:
etmeicompecturi sun
-21-

que diz: meus olhos hão da ver


a Jesus, meu criador

Fazendo um supremo esfôrço


morreu o herói do mundo
e homem que em coragem
não encontrou um segundo
deixando então Carlos Magao
no negro sofrer profundo

Leitores, eu vou agora


fazer outra descrição
do Arcebispo de Turpim
o qual viu uma visão
estado dizendo missa
quando morria Roldão
Era o arcebispo de Turpim
um homem da santa vida
estando dizendo missa
à Maria Concebida
ouviu u'a suave música
e uma voz terna e querida

Eram os anjos que cantavam


com muita satisfação
vinham mandados por Deus
cumprir aquela missão
e dar parte a Turpim
dizendo: morreu Roldão
-22-

O arcebispo Tarpim
ao saber do escrito
correu a Carlos Magno
contou-lheo quetinhaouvido
os anjos anumciaram
que Roldão tinha morrido
E estando nesta prática
Valdivinos então chegou
arrancando os cabelos
em vozes altas exclamou
dizendo: morr-eu Roldão!...
e para apenhaapontou

E os outros cavalheiros
que com êletinhamido
tinhamperecidotodos
êle pois tlnha saido
só com eduqueTrietre
que haviam e s c a p a d o
O exército de Carlos Magno
sebendo do acontecimentos
chorava como criança
e com puro sentimento
se puzeram a caminho
com um profundo lamento

Carlos Magao foi o primeiro


que chegou onde êle estava
vendo ali morto Roldão
-23-
em soluços se afogava
e prostrando se por terra
como que se desmaiava
Tornando, recomeçou
a chorar e a dizer:
Roldão, meu caro Roldão
fui eu que te fiz morrer
em mandar-te para guerra
e não vir te socorrer!
—-Oh! meu amado sobrinho
braços que não se curvavam
semelhantes a Macabau
emproêsanãote igualava
houve de todo francês
homem que todos amavam!

—Quantas dôres tu sofreste!


tu me deixas nesta vida
eras o herói do mundo
em proêsas desmedida
eras o defensor do mundo
de nossa Mae Concebida!
- Tu eras o defensor
de tôda humanidade
eras amparo dos cristãos
g ia puro da verdade
elunaforte da igreja
almadehonestidade
—Tu eras a alma mais nobre
que o mundo já criou
guia dos desveaturados
tu e r a s o defensor
da santa lei de J e s u s
e da fê alentadorl
---Ah! desgraçado de mim
que te trouxe a morrer
nestes lugares selvagens
e não vim te ocorrer
oh! quanto sofrer e n c e r r a
no meu infeliz viver!
—Oh! meu amado Roldão
se eu tivesse sabido
do perigo em que te a c h a v a s
eu te tiaha socorrido
embora que na batalha
tambem tivesse morrido!

— P a r a mim seria glória


eu morrer junto a teu lado
porém o fatal destino
a o s faz disto s e p a r a d o
deixou-me cheio de dores
edemáguadesolado!
— Oh! meu nobre cavalheiro
tua morte deixou-me triste
p a r a que hoje vivar
...25...
cem dores que não resiste
semti,meu caro Roldão
jamais a vida persiste!
-—Triste assim o que farei?
ah! velho desconsolado
perdi o meu braço forte
fiquei então desarmado
talvezz a g o r a os turcos
sejam de tudo vingados!

—Tu estás na santa glória


oh! meu amigo Roldão
e me deixaste no abandono
de tua separação
nêste deferível muado
sem ter mais colsolação

—Eu ficarei cá na terra


que é o vale da tribulação
e tu ganhaste o céu
pois tinhas bom c o a ç ã o
J e s u s te perdoará
por sua santa paixão!

---Então tristes os cristãos


e Deus bastante gostoso
por ver-te na sua glória
junto ao pai poderoso
tu r e c e b e r á s um trono
janto a Jesus glorioso!
--26

— A Deus peço com fervor


por sua Santa Paixão
que te queira perdoar
e dar-te a salvação
pois tu na terra cumpriste
a tua santa missão

Os anjos rogam a Deus


por tua felicidade
es mártires invoquem e chamem
àDivinaMajestade
para êle conceder-te
a suprema eternidade
- Vai que aqui ficarei
sofrendo a desilusão
nunca mais tenho descanso
na minha atribulação
e tu vais pra glória eterna
r e c e b e r o galardão
— Os dias que eu viver
nesta miserável vida
gastarei-os em contínuo
a chorar tua partida
talvez que breve também
eu termine a minha vida

Carlos Magno dizendo estas


e outras muitas razões
que fazia penalizar
a t o d o soscorações
da guerra, só seu exêrcito
que estava em lamentações
Então logo uma b a r r a c a
êle mandou levantar
e fazer grandes gueiras
para a Roldão vigiar
e no outro dia esdinho
o aço corpo embalsamar
L e i t o r e s retrocedamos
vamos uma pausa fazer
vou descançar um pouquinho
para poder escrever
outrosaomomumentos
como todos hão de ver
Logo que chegou a manhã
era grande a anciedade
de Carlos Magno e os outros
que com muíta atividade
fôram correr toda campo
era grarnde a mortandade
Então Carlos Magno disse,
para melhor vingar
que pegassem Galalão
num pau tô sem a m a r r a r
para no dia seguinte
sua morte executar
- 2 8 -

Acharam o nobre Oliveiros


numa á r v o r e pendurado
dos dedos das mãos aos pés
estava todo esfolado
com 12 lanças metidas
no seu corpo inanimado

Logo então se renovou


o chôro e sentimento
Carlos Magno, êste estava
em grande desolamento
eram tristíssimas as cenas
daquele acontecimento

Carlos Magno teve ali


tanta lástima de Oliveiros
que fez Juramento a Deus
de matar o traiçoeiro
e dos reis de Saragoça
ia atraz do paradeiro

Disse: embora que eu perca


com os turcos a minha vida
estas mortes dos meus pares
por fôrça há de ser punida
hei dê exterminá-los todos
juro à-Virgem Concebida!

E logo o imperador
soube onde êles estavsm
na margem do Rio Mbra
pois ali se a c a m p a v a m
Carlos Magno seguiu pra lá
t o d o s dispostos a v a n ç a v a m

Pôs logo seu p e s s o a l


era ordem bem p r e v e n i d o
f ô r a m de e n c o n t r o aos t u r c o s
com talento desmedido
q u e m a t a r a m sete mil
e o r e s t o foi ferido

Veado o rei Carlos Magno


que tinha muito p o u c a g e n t e
e não podia s e g u i r
com ela mais para f r e n t e
voltou para R o n c e s v a l h e s
mui desconsoladamente

E logo o rei Carlos Magno


à sua gente e x a m i n o u
para s a b e r da traição
T r i e t r e então lhe falou
d i z e n d o a Carlos Magno
e que o t u r c o l h e contou

E s p e c i a l m e n t e se soube
quero fez a trágioa t r a i ç ã o
T r i e t r e disse qua foi
o d e s a l m a d o Galalão
e que não tendo e s c r ú p u l o
f e z pior que um vilão
- 30--
Então o imperador
ficou muito indignado
seu corpo tremia todo
em olhar o desgraçado
e às dez horas da noite
Galalão foi condenado
Quatro ferozes cavalos
Carlos Magno madou b u s c a r
epegaramGalaão
enêlefôramamarrar
em todo cavalo um membro
era para estraçalhar

Entãoo os quatro cavalos


partiram com ferocidade
edeinfameGalalão
cada um levou
era o fimdodesgraçado
queusoudefalsidade

Depois que Carlos Magno


deu cabo do traidor
fôram juntarosmortos
ealimesmoossepultou
e ocorpodeRoldão
CarlosMagaoembalsamou

O imperador fez levar


logo o corpo de Roldão
com honra numas andilhas
—31-
a igreja de S. Romão
pra lá dizer uma missa
em sua dedicação

Em cima da sepultura
êle botou sua espada
aseuspès sua corneta
pois de Roldão era amada
efezaliuma igreja
e m seu nome batisada

Em Bordéus f i enterrado
o grande e nobre Oliveiros
Guardebôa, rei de Friza
emaisoutros cavalheiros
e grande Gurgel de Danos
com todos seus

Em Arles fôram enterrados


Guarim, duquedeLorenda
Guy de BorgonhaeR
poistodossofreramapena
fôram os acontecimentos
d a q u e l a horrorosa cena

Morreram todos os pares


assim nêste sofrimento
r e iCarlosMagnoficou
consternado em sentimento
oimperadornãoesperava
s e r tão grande seu tormento
32 -
Sem mais agora peço
a todos pra desoulpar
a minha história sem arte
para não a criticar
inspirações competentes
onde quer que vá achar?

FIM — Juàzeiro, 10 6 - 6 1

Preço: 50 Cruzeiros

CONCLUSÃO GERAL
Nada resiste à vontade do
homem, quando êste sabe a
v e r d a d e e quer bem.
Querer o mal é querer a
morte. Uma vontade p e r d e r -
se é um começo de suicídio.
Querer o bem com violên-
cia é querer o mal; pois a
violência causa desordens, e
a desordem produz o mal.
Um variado sortimento de
Romances, Folhetos, No
e Orações.

REVENDEDORES

Rua Santa Luzia, 263-269

Juâzeiro do Norte Ceará

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