CTG Recomendaçoes
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Monitorização
fetal intraparto
Sheila Koettker Silveira1, Alberto Trapani Júnior1
Descritores
Monitorização intraparto; INTRODUÇÃO
Ausculta intermitente;
Cardiotocografia; Sistemas de A monitorização fetal intraparto, por meio da avaliação da frequência car-
classificação CTG; Interpretação díaca fetal, visa diferenciar os fetos bem-oxigenados, que não necessitam
da frequência cardíaca fetal de intervenções, daqueles mal-oxigenados, que necessitam de intervenções
rápidas para evitar lesão permanente do sistema nervoso central, especial-
mente paralisia cerebral e óbito fetal.(1) A manutenção da frequência cardíaca
fetal é complexa, sendo regulada pelo sistema nervoso somático e autônomo
mediante ativação do sistema nervoso simpático e parassimpático e estímu-
lo dos quimio e barorreceptores.(1) A monitorização fetal intraparto pode ser
realizada por ausculta intermitente dos batimentos cardiofetais, cardiotoco-
grafia contínua (externa ou interna), ou intercalando os dois métodos pe-
riodicamente. Outros métodos de monitorização, tais como cardiotocografia
interna com avaliação do segmento ST, oximetria de pulso e coleta sangue
do escalpe fetal para mensuração do pH e/ou lactato, ainda, necessitam de
comprovação de sua utilidade na prática clínica. A determinação do volume
e do aspecto do líquido amniótico também pode auxiliar na avaliação do
bem-estar. O termo “sofrimento fetal” é inespecífico e não deve ser emprega-
do rotineiramente sem a confirmação de que o feto está acidótico, devendo
ser substituído pela expressão “situação fetal não tranquilizadora’’.(2) O feto
vive em ambiente relativamente hipóxico. O suprimento adequado de oxigê-
nio e de nutrientes (especialmente de glicose) e a remoção de metabólitos
através da placenta são fundamentais para manter a vida intrauterina.(3) Ape-
sar da glicose poder ser armazenada e metabolizada quando necessária, o
suprimento de oxigênio deve ser contínuo, pois sua interrupção, mesmo que
por poucos minutos, pode colocar o feto em risco. Qualquer alteração que
interfira nesse equilíbrio pode levar o feto à hipóxia/acidose. Na ausência
de oxigênio, a produção de energia a partir da glicólise cai drasticamente.(4) O
trabalho de parto é um processo estressante que exige que o feto se adapte
Como citar? às mudanças no suprimento de oxigênio. A resposta cardiovascular fetal à hi-
Silveira SK, Trapani Júnior A. póxia depende da intensidade, da frequência e da velocidade de instalação
Monitorização fetal intraparto.
São Paulo: Federação Brasileira
do insulto hipóxico e da reserva fetal e placentária.(5) É importante rastrear
das Associações de Ginecologia desde o início do trabalho de parto, com base em fatores de risco, aqueles
e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. fetos com pouca reserva de oxigênio que requerem maior atenção durante o
(Protocolo Febrasgo – Obstetrícia, trabalho de parto por tolerarem mal as contrações uterinas e apresentarem
nº 100/Comissão Nacional
maior risco de evoluir com hipóxia e acidose metabólica.(6)
Especializada em Assistência ao
Abortamento, Parto e Puerpério).
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL INTRAPARTO
1. Hospital Universitário,
Universidade Federal de Santa Ausculta intermitente
Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
Método mais utilizado de monitorização fetal intraparto. A ausculta intermiten-
te pode ser realizada com estetoscópio de Pinard ou de DeLee ou com a avalia-
* Este protocolo foi validado pelos
membros da Comissão Nacional ção da frequência pelo detector Doppler dos batimentos cardiofetais. Existem
Especializada em Assistência ao diversas técnicas descritas de como realizar o monitoramento. De modo geral, a
Abortamento, Parto e Puerpério frequência cardíaca fetal deve ser avaliada a cada 15 a 30 minutos, no primeiro
e referendado pela Diretoria período, e a cada 5 a 15 minutos, no segundo período do trabalho de parto,
Executiva como Documento Oficial
da Febrasgo. Protocolo Febrasgo de
durante 1 minuto antes, durante e após duas contrações (pelo menos 30 segun-
Obstetrícia nº 100, acesse: dos após a contração).(7,8) É importante mensurar a frequência cardíaca basal e
www.febrasgo.org.br/protocolos observar a presença de acelerações, desacelerações e movimentos fetais.
NICHD/ACOG FIGO
Média aproximada dos valores da frequência cardíaca Média de nível menos oscilatório da FCF
Linha de base
10 minutos; considerada prolongada se durar entre 2 e 10 minutos. Em fetos com menos de 32 semanas, a amplitude
pode ser menor (10 bpm com duração de pelo menos 10 segundos). Geralmente associadas ao movimento fetal.
Queda da FCF. Podem ser periódicas (quando associadas Queda de 15 bpm por pelo menos 15 segundos. Recorrentes
Desacelerações
às contrações) ou episódicas (quando não associadas se presentes em pelo menos 50% das contrações.
às contrações); recorrentes (em mais de 50% das
Precoce: rasas, curtas, com variabilidade normal durante
contrações em 20 minutos) ou intermitentes (em
a desaceleração e coincidentes com as contrações.
menos de 50% das contrações em 20 minutos).
Tardia (forma de U e/ou com variabilidade reduzida):
Precoce: queda e recuperação lenta da linha de base
queda e/ou recuperação lenta da linha de base (mais
(mais de 30 segundos); simétrica; coincidente com a
de 30 segundos) e/ou variabilidade reduzida durante
contração; duração de 15 segundos a 2 minutos.
a desaceleração; inicia após 20 segundos do início
Tardia: queda e recuperação lenta da linha de base; simétrica; da contração com nadir após o pico da contração e
início, nadir e recuperação ocorrem após início, pico e retorno da linha de base após o término da contração.
final da contração; duração de 15 segundos a 2 minutos. Em traçados com variabilidade reduzida e sem
aceleração, também, é considerada desaceleração
Variável: queda e recuperação abrupta da linha de
tardia quando a queda for de 10 a 15 bpm.
base (menos de 30 segundos); queda de pelo menos
15 batimentos com duração de 15 segundos a 2 Variável (forma de V): queda e recuperação rápida
minutos; quando associada à contração, apresenta da linha de base (menos de 30 segundos); boa
aparência variável em contrações sucessivas. variabilidade durante a desaceleração, variando em
formato, tamanho e relação com a contração uterina.
Prolongada: queda de 15 bpm, por 2 a 10 minutos.
Prolongada: queda por mais de 3 minutos. Está
associada à hipóxia se duração maior que 5 minutos,
atingindo e mantendo 80 bpm ou menos e com
variabilidade reduzida durante a desaceleração.
Normal até 5 contrações em 10 minutos.
Contrações
Padrão sinusoidal: 3 a 5 ondas regulares por minuto em forma Padrão sinusoidal: padrão regular, semelhantes a
Observação
de sino, de pequena amplitude, que persiste por 20 minutos. sinos com amplitude de 5 a 15 bpm e frequência de
3 a 5 ciclos por minuto com duração de mais de 30
minutos e coincide com acelerações ausentes.
Padrão pseudossinusoidal: aspecto mais dentilhado
que o sinusoidal, duração geralmente menor que 30
minutos, precedido e seguido de padrão normal.
FCF: frequência cardíaca fetal; bpm: batimentos por minuto.
Fonte: Ayres-de-Campos D, Arulkumaran S; FIGO Intrapartum Fetal Monitoring Expert Consensus Panel. FIGO consensus guidelines on intrapartum
fetal monitoring: physiology of fetal oxygenation and the main goals of intrapartum fetal monitoring. Int J Gynaecol Obstet. 2015;131:5-8. (3)
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cardiotocografia apresenta alta
2. A 11. Alfirevic Z, Devane D, Gyte GM, Cuthbert A. Continuous
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concordância intra e interobservador. 12. Ayres-de-Campos D, Spong CY, Chandraharan E; FIGO Intrapartum
iante de traçado alterado, deve-se
3. D Fetal Monitoring Expert Consensus Panel. FIGO consensus
guidelines on intrapartum fetal monitoring: cardiotocography. Int J
tentar elucidar a causa, instituir medidas Gynaecol Obstet. 2015;131(1):13-24.
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