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Trabalho de Direito - 12.° Ano o Direito e A Organização Da Sociedade

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1

Escola Secundária D. Egas Moniz

Trabalho realizado por:


Gonçalo Daniel Pereira Dias nº9 12ºA

Disciplina: Direito

Domínio 1:

Domínio 2:

Domínio 3:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A1 pág.


2

Tema:

O Direito e Organização da
Sociedade

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A2 pág.


3

Índice:

Capa 1
Tema 2
Índice 3
Introdução 4
Estado- sociedade politicamente organizada 5
Direito Público e Direito Privado 6
Ramos de Direito 12
Noção de Estado 14
Elementos do Estado 16
Poderes e Funções do Estado 26
Funções do Estado 29
Orgãos de Soberania 32
Do Estado de direito ao Estado social de direito 46
Conclusão 49
Bibliografia e Webgrafia 50

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A3 pág.


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Introdução:

Atualmente, graças a todos os progressos a que estamos diariamente


habituados, o ser humano vive em sociedade, para assim podermos viver e
conviver de forma aberta e organizada com as várias pessoas e sociedades
que nos rodeiam, porém, por vezes as relações que se estabelecem entre
as pessoas está sujeita a conflitos, tornando necessário a existência de
regras que solucionem as suas desavenças.

É para isso que existem as normas jurídicas. O direito tem a função de


organizar a sociedade e de manter a sua funcionalidade e estabilidade.

Neste trabalho tenho como objetivo abordar o assunto: Estado, uma


sociedade politicamente organizada, assim como os seguintes subtemas:
a distinção entre Direito público e Direito privado; poderes e as funções do
Estado; os órgãos de soberania em Portugal.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A4 pág.


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Estado- sociedade politicamente organizada:

O Estado, que representa a forma mais complexa e avançada da


organização da sociedade, é o resultado de um longo processo de
evolução através dos tempos, com o objetivo de atingir o aperfeiçoamento
da vida social.

Tendo em conta os diferentes interesses que surgem através das


relações sociais, houve necessidade de criar uma organização forte e sólida
dotada de uma autoridade legítima, com capacidade para impor regras
que regulassem e disciplinassem a atividade de todos e, simultaneamente
assegurassem a própria sobrevivência da comunidade.

Surge assim, o Estado e o Direito. O Estado, como sociedade política


mais complexa da História e característica dos últimos séculos, tem a
função de organizar a sociedade. O Direito, como resposta às exigências da
sociedade, tem como objetivo manter a funcionalidade e estabilidade da
sociedade.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A5 pág.


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Direito Público e Direito Privado:

Direito público e Direito privado não são a mesma coisa. A sua


distinção já vem desde a antiga Roma, com Ulpiano, e baseia-se num
trecho contido no Digesto (coletânea de leis romanas):

“Publicum ius est quod ad statum rei romanae spectat, privatus, quod ad
singularum utilitatem”

que significa, o Direito público respeita à organização do Estado Romano,


o privado, à utilidade dos particulares.

Assim sendo, os jurisconsultores romanos distinguem os dois tipos


de direito da seguinte forma:

 Direito Público: tudo aquilo que era tornado público, do


conhecimento de todos e a todos se aplicava pertencia.

 Direito Privado: todas as cláusulas insertas nos contratos,


testamentos, cujo conhecimento se limitava às pessoas que
outorgavam o contrato e só a estas vinculava.

Porém, este critério de distinção não é completamente correto e


aceitado nos dias de hoje. De facto, a diferenciação entre Direito público e
Direito privado tem sido um assunto polémico e controverso ao longo dos
tempos.
Existem vários critérios apresentados pelos diversos autores, dos
quais passarei agora a apresentar os três principais:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A6 pág.


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 Critério da natureza dos interesses:

Este critério tem como base a qualidade dos interesses que a norma
visa tutelar. Assim, para este critério:
 Direito público tem em vista a satisfação e o contentamento dos
interesses públicos;

 Direito privado tem a intuição a satisfação de interesses privados.

Esta metodologia levanta algumas críticas, uma vez que, em algumas


situações, é difícil afirmar-se se uma norma regula interesses públicos ou
privados, isto porque todas as normas jurídicas são elaboradas tendo em
conta interesses públicos, dado que todos os interesses protegidos pelo
Direito, mesmo os individuais, devem relevância pública.

Para perceber melhor, tomemos conhecimento do seguinte


exemplo:

 As normas reguladoras do contrato de arrendamento, embora


defendam interesses particulares de senhorios e inquilinos, não deixam
de tutelar interesses públicos, nomeadamente a existência de uma
disciplina, o mais uniforme possível, para haver imparcialidade,
proteção e paz social.

Em contrapartida, as normas do Direito público pretendem proteger


os interesses públicos, mas também tutelam interesses privados. Desta
forma, o prosseguimento dos interesses públicos e privados é, de modo
frequente, efetuado em simultâneo.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A7 pág.


8

Um bom exemplo disso é:

 As normas que fixam as penas para os diversos crimes têm como


intuito defender a segurança da sociedade e garantir a paz social e,
tenda em vista o seu propósito, tutelam interesses públicos ao mesmo
tempo que asseguram a defesa dos interesses individuais, a segurança
de cada um de nós e o interesse moral e material de todo aquele que
se considere lesado com a prática do crime.

Através dos exemplos dados, é normal declarar que este critério


revela alguma insuficiência no que toca à separação entre o Direito
público e o Direito privado e, por isso, procedeu-se à reformulação do
mesmo, baseando a distinção entre estes dois ramos do Direito na
natureza do interesse maioritariamente tutelado pela norma.
Deste modo:

 o Direito público seria constituído pelo conjunto de normas que


tutelassem predominantemente os interesses da coletividade;

 o Direito privado seria constituído pelo conjunto das normas que


tutelassem predominantemente os interesses particulares.

Contudo, também este critério revela algumas adversidades, o que


impossibilita uma diferenciação clara entre as várias normas, dado que, na
generalidade das vezes, é complicado saber qual é o interesse
predominantemente salvaguardado em determinadas normas, se o
público se o privado, passando a distinção a estar dependente de critério
de valoração. Desta maneira, o que para alguns autores prevalece em

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A8 pág.


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determinada norma um interesse público, para outros autores poderá


sobrelevar um interesse particular.
 Critério qualidade dos sujeitos:

De acordo com este:

 o Direito público é formado com normas que regulam as relações em


que intervenha o Estado ou qualquer entre público em geral.

 o Direito privado é composto pelas normas que regulam as relações


entre particulares.

Porém, está, de igual modo, suscetível a críticas, na medida em que o


Estado e os restantes elementos públicos podem agir, o que acontece com
frequência, despidos do imperium (ao Estado é-lhe concebida autoridade,
que lhe permite intervir nas variadas relações jurídicas em situação de
superioridade), isto é, podem agir nos mesmo modos que qualquer
particular.
Para perceber o porquê das críticas feitas, passaremos a um
exemplo:

 Quando o Estado celebra com outro ente público um contrato de


compra e venda, as normas que regulam o contrato são normas de
Direito privado.

 Existem, ainda, atos privados em livros de registo públicos, como por


exemplo para se casar é necessário o registo no Cartório civil do ato.

Por exemplos como estes, as críticas afirmam que é difícil saber se se


trata de Direito público ou privado.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A9 pág.


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 Critério da posição dos sujeitos na relação jurídica:

Segundo este, a distinção entre Direito público e privado faz-se a


partir da posição relativa que os sujeitos ocupam na relação jurídica.
Desta forma:

 o Direito público é constituído pelo conjunto de normas que regulam


as relações em que intervenha o Estado ou qualquer ente público (
como autarquias locais, regiões autónomas e associações públicas ),
desde que investido de imperium.

 o Direito privado é formado por um conjunto de normas que regulam


as relações entre cidadãos, ou entre estes e o Estado ou entes públicos,
contudo desprovidos do seu imperium.

Assim, os sujeitos da relação encontram-se em pé de igualdade.

Este critério mostra-se ser o mais apropriado à atualidade e, por isso,


é o que traduz maior consenso entre os autores na divisão convencional
entre Direito público e Direito privado.

Para poder explicar melhor, apresentarei um exemplo:

 Quando o Estado executa um contrato de arrendamento com o


proprietário de um prédio para lá instalar um serviço, ele atua em pé
de igualdade com o proprietário do prédio, não exercendo nessa
relação nenhuma função soberana.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A10 pág.


11

Tal exemplo representa uma relação de Direito privado.

 Por outro lado, relações tributárias que se instituem entre particulares


e o Estado, estando este a exercer a sua soberania ( Imperium ), dizem-
se de Direito público.

Apesar de tudo isto, é óbvio que estes dois ramos de Direito, o


público e privado, não são dois termos separados de forma plena e
absoluta. Na verdade, existem diversos pontos de conexão entre eles.

 Por exemplo, para um indivíduo ser obrigado a pagar o IUC é


necessário que tenha adquirido um determinado veículo.
O contrato de compra e venda conceba uma relação de Direito
privado, por seu turno a associação tributária que se estabeleceu entre o
particular e o Estado, revestido este de poder soberano, é uma relação de
Direito público.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A11 pág.


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Ramos de Direito:

Existe uma enorme lista de normas jurídicas.


Há as que regulam as relações entre os povos; as que fixam a
organização e a estrutura do Estado; as que presidem à gestão dos
interesses públicos; as que reprimem e combatem os crimes; as que
estabelecem os termos segundo os quais se desenvolve a atividade dos
tribunais; as que dirigem a vida privada dos cidadãos, como comerciantes,
industriais ou meros particulares; todas as relações do Homem em
sociedade são abrangidas.
O Direito reflete a variedade dessas relações e tem de se cindir em
tantos ramos quantos os seus grupos fundamentais. Sucede-se então que,
tanto no âmbito do Direito público como do Direito Privado, é necessário
distinguir-se outros ramos de Direito para cada situação específica.

Direito constitucional
Direito administrativo
Direito financeiro (direito fiscal )
Direito Público Direito
Direito civil
penal ( direito das
obrigações, direitos reais,
Direito processual direitos
( civil, penal,
Direito Privado da
do família,
trabalho,direitos das sucessões)
administrativo e fiscal)
Direito comercial
Direito do trabalho
Direito agrário

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A12 pág.


13

Para além destes, há também os novos ramos de direito, isto é, o


direito do consumo, do ambiente e da informação, estes podem ser tanto
de cariz público como privado, acabando por não pertencer de modo fixo
nem ao Direito público nem ao Direito privado, pois, por exemplo:

 Alguns autores situam o direito do consumidor na área privada, por


tratar de relações entre particulares (consumidor e fornecedor),
portanto não há interesse público imediato em tais relações.

 Por sua vez, em razão da constante intervenção estatal nas relações de


consumo, para alguns autores, prevalece o interesse público
instantâneo na tutela do consumidor.

Noção de Estado:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A13 pág.


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O instinto gregário do ser humano cedo o levou a procurar formas de


associativismo que lhe possibilitassem triunfar e tirar proveito das forças
da natureza, porém, o seu espírito individualista também o impulsionou a
buscar alguns mecanismos que disciplinassem a atividade de cada um em
proveito da comunidade em geral.
A vida em sociedade obriga a existência de diversos interesses
individuais, provocando conflitos uns com os outros e, geralmente, com
predisposição a sobreporem-se aos interesses coletivos da comunidade.

O Direito aparece, deste modo, como um mecanismo de regulação


para as relações que se instituem entre os membros da sociedade , quando
os banais e puros laços de sangue se tornam insuficientes para regular os
seus membros menos razoáveis e cuja ação poderia colocar em risco a
existência da própria sociedade

Com isto, tornou-se também necessária a existência de uma


entidade com funções de administração e coordenação da vida social que
revestida de autoridade, fosse capaz de fazer cumprir a lei imposta à
sociedade e que ao mesmo tempo conciliasse os choques entre os
interesses individuais, para assim criar bem-estar comum.
Esta entidade, que foi progredindo ao longo do tempo, é o Estado e
representa a mais evoluída e complexa maneira de organização política de
uma sociedade.

Resumindo, define-se como Estado uma sociedade, fixa num


determinado território, onde se organizou politicamente estabelecendo
um poder político autónomo e independente.
Para além do seu papel de regulador dos interesses públicos, o
Estado é também uma entidade política que exerce poder soberano
dentro de um determinado território, e esse poder soberano é geralmente

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A14 pág.


15

aceito como legítimo pelas pessoas que a ele se submetem (no caso de
uma democracia, os cidadãos).

Atualmente, o Estado é constituído por um conjunto de instituições


permanentes que possuem os três poderes (executivo, legislativo e
judiciário) que têm o objetivo de organizar e controlar o funcionamento da
sociedade.

O Estado é uma entidade governadora de um povo dentro de uma


área territorial específica, portanto podemos concluir que os elementos
constitutivos do Estado são: poder, povo, território, governo e leis.

Elementos do Estado:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A15 pág.


16

Perante a criação de uma entidade com poder reguladora, está


subentendido que a sociedade concordou em abdicar de parte da sua
liberdade em favor de um grupo ( normalmente formado pelos mais
competentes, mais ricos ou mais velhos) que passou a comandar os
destinos da sociedade.

A divisão da sociedade em dois grupos, governantes e governados, é


considerada por muitos autores como um dos elementos cruciais do
Estado. Para a maioria dos autores de Direito e da Ciência Política,
também o território se apresenta como meio vital para a fundação do
Estado.

Para a existência de um Estado são precisos três elementos


essenciais :

 A comunidade ou povo;
 O território;
 O poder político;

 Comunidade ou povo

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A16 pág.


17

O povo pode ser considerado o conjunto de habitantes de uma


nação, região ou país, que constituem uma comunidade pelo facto de
terem tradições, costumes e um passado cultural em comum. É sobre este
que o Estado exerce o seu poder.

O vínculo jurídico que liga os cidadãos ao Estado é a cidadania ou


nacionalidade.

No entanto, a nacionalidade não é necessariamente uma condição


particular dos habitantes de uma nação, uma vez que numa mesmo país
podem habitar pessoas das mais diversas origens.

 Um exemplo disso é a Suíça,


um pequeno país em termos
territoriais mas que porém
possui cidadãos de mais de
70 nacionalidades diferentes.

 Um outro exemplo são as sociedades nómadas como a cigana, por


exemplo, que não se encontra estabelecida em nenhum estado
próprio.

A determinação de quem faz parte em concreto de determinado


povo decorre das leis vigentes no Direito interno de cada Estado, que
instituem os requisitos de aquisição e perda de nacionalidade.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A17 pág.


18

Os fundamentos que administram a atribuição da cidadania ou


nacionalidade por parte das distintas ordens jurídicas podem ser
agrupados em dois tipos:

 Ius sanguinis, em que a nacionalidade é concebida na sequência dos


laços sanguíneos ou de filiação relativamente a nacionais de
determinado Estado;

 Ius soli, segundo o qual a nacionalidade é fornecida em função do local


de nascimento;

O direito à nacionalidade é um direito vital dos cidadãos. desta forma


o mesmo encontra-se como sagrado quer na ordem jurídica interna dos
Estados quer no direito Internacional.

No caso da Constituição da República portuguesa, a cidadania está


consagrada no artigo 4.º em:

 São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam


considerados pela lei ou pela convenção Internacional.
- Artigo4º. da C.R.P.

Por sua vez, a Declaração Universal dos Direitos do Homem declara


no seu artigo 15 que:

 1. Todo indivíduo tem direito a uma nacionalidade.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A18 pág.


19

 2. Ninguém pode ser arbitrariamente proibido da sua nacionalidade,


nem no direito de mudar de nacionalidade.

De igual modo, o pacto internacional de Direitos Civis e Políticos


estabelece que «todas as crianças têm o direito de adquirir uma
nacionalidade» (n.º 3 do artigo24.º).

 Nação:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A19 pág.


20

Por nação perceba-se uma comunidade firme de natureza cultural,


com uma identidade de origem étnica, de língua, de história, de tradições,
estimulada pelos mesmos desejos materiais e espirituais, pelos mesmos
ideais coletivos, e que tem, quase sempre, por base um território.

Apesar de que a nação se identifique normalmente com o Estado,


nem sempre há eventualidade entre nação e estado. Há casos de Nações
que não são Estados (é, por exemplo, o caso dos judeus até a criação do
Estado de Israel em 1948) e de Estados que compreendem várias nações,
como, por exemplo, a Rússia ou a Espanha.

 População

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A20 pág.


21

A designação população identifica-se, cada vez mais, como o


conjunto de pessoas que residem geralmente num determinado território
e que integra, por norma, cidadãos de outras nacionalidades, o que faz
com que este seja um termo predominantemente quantitativo.

A população é uma realidade mutável que não pode formar


elemento da definição de Estado. Na verdade, não é lógico designar-se
cidadãos de um Estado indivíduos que a ele estão ligados apenas por laços
meramente económicos, uma vez que, à partida, só deverão ser
considerados pelo Estado como cidadãos os indivíduos que a ele estão
ligados por vínculo jurídico da cidadania ou nacionalidade.

 Território

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A21 pág.


22

O segundo pressuposto da existência do Estado é o território uma


vez que que não se pode conceber a existência de um Estado moderno
sem um território onde aquele exerça o seu poder soberano.

O território do Estado engloba o solo e o subsolo (território


terreste), o espaço aéreo (território aéreo) e, no caso dos estados que
confinam com o mar, o mar territorial (território marítimo).

 território terrestre: é delimitado pelas fronteiras naturais ou


convencionais do Estado e engloba todo o subsolo que lhe confere.

 território aéreo: abrange todo o espaço aéreo compreendido entre as


verticais traçadas através de fronteiras e, no caso do Estado á beira
mar, inclui ainda o espaço sobre o mar territorial.

 território marítimo: abrange uma extensão de doze milhas, contadas a


partir da linha da baixa-mar ao longo da costa. Nestas 12 milhas, o
Estado exerce também a sua jurisdição.

Na terceira conferência do Direito do mar, patrocinada pela ONU em


1973, surgiu o conceito de «zona económica exclusiva». Esta compreende
uma extensão de 200 milhas contadas a partir da costa, onde o Estado
apenas pratica certos poderes específicos, tais como:
 Direito à exploração económica dos recursos marítimos;
 Controlo da pesca por barcos estrangeiros;
 Preservação e investigação científica dos recursos naturais;

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A22 pág.


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Fazem também parte do território do Estado os navios, aeronaves e


veículos sob bandeira nacional, mesmo que estejam em território de um
Estado estrangeiro, e os consulados e embaixadas localizados em países
estrangeiros.

O território do Estado português abrange não só o território


historicamente definido no continente europeu,mas também os
arquipélagos dos Açores e da Madeira, consoante está afirmado no artigo
5º. Da C.R.P:

1. Portugal abrange o território historicamente definido no continente


europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
2. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona
económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos
contíguos.
3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos
direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da
retificação de fronteiras.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A23 pág.


24

 Poder político

O poder político é a par da comunidade e do território, o outro


elemento fundamental para a existência do Estado.

Pode-se definir poder político como:

“a faculdade exercida por um povo de, por autoridade própria,


instituir órgãos que exerçam com relativa autonomia a jurisdição sobre um
território, nele criando e executando normas jurídicas, usando par o efeito
os necessários meios de coação”
- Marcelo Rebelo de Sousa, Direito Constitucional, Livraria Cruz

Esta autoridade que um povo estável e fixo pratica num território por
direito próprio, estabelecendo órgãos governativos, é a característica
essencial do poder político.

O poder político pode assumir várias modalidades, uma das quais é o


poder político soberano, ou soberania. Esta caracteriza-se por ser um
poder político supremo e independente.

 Supremo, uma vez que não se encontra limitado por nenhum outro na
ordem interna de um determinado Estado.

 Independente, pois na ordem internacional não tem de cumprir ou


obedecer a normas que não sejam voluntariamente aceites e está ao
mesmo nível dos poderes supremos dos outros Estados.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A24 pág.


25

Em todos os Estados há poder político, contudo nem sempre os


Estados são soberanos, isto é, nem sempre possuem soberania.

Neste género de Estado, o funcionamento do poder político está


condicionado por um poder distinto e superior e, por esta razão, são
conhecidos como Estados não soberanos. É o que ocorre nos Estados
federados. Igualmente, verificou-se com os denominados Estados
protegidos, de que são exemplos clássicos os protetorados franceses e
espanhol sobre o império marroquino, até 1956.

Conclui-se, assim, que o conceito de Estado pode ter vários sentidos:

 Num sentido restringido, o Estado pode estipular-se como uma


sociedade politicamente organizada, fixa em determinado território,
que lhe é privativo, e tendo soberania ou independência como
qualidades.

 Num sentido lato, colocam-se isoladamente estas peculiaridades e


aborda-se de Estados não soberanos. Incorporado nesta noção, os
Estados federados dos EUA, do Brasil e da Suíça são Estados.

Estes Estados federados detêm uma Constituição particular e


específica, o Governo próprio e, no que diz respeito à sua competência,
legislam e têm mecanismos ( como polícia, funcionalismo, tribunais) para,
assim, assegurar o cumprimento das suas leis dentro do território que lhes
compete.
Todavia, não são Estados soberanos, dado que, as suas leis não
podem contradizer a Constituição Federal. A soberania está presente
somente no Estado federal. O Estado federal é aquele que é formado por
diversos Estados federados.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A25 pág.


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Poderes e funções do Estado

A teoria dos poderes do Estado apareceu no século XVII, esta foi


elaborada pelo filósofo inglês John Locke, que percebeu que em Inglaterra,
onde as funções política, executiva e jurisdicional eram praticadas por
órgãos distintos (o Rei, o Parlamento e os Juízes ) não se verificavam os
abusos de poder que se registavam, por exemplo, em França, onde os três
poderes se encontravam concentrados num órgão singular, o Rei.

Locke, na sua obra Two Treatises of Government, publicada em 1690,


postulava a separação dos poderes, tendo como objetivo atacar o
absolutismo real.

Após ele, Montesquieu, influenciado pelo ensaio de Locke, redigiu,


em 1748, o notável tratado De l’Esprit des Lois, no qual constatou que:

“Não há liberdade se o poder de julgar não está separado do poder


legislagtivo e do poder executivo. Tudo estará perdido se o mesmo
Homem ou o mesmo corpo da magistratura exercerem os três poderes”

 O de fazer leis- poder legislativo;


 O de executar as resoluções públicas- poder executivo;
 O de julgar os crimes e os diferendos entre os indivíduos- o poder
judicial.

Montesquieu defendia a apologia das instituições políticas e dos


governos que protegessem a liberdade dos indivíduos e que respeitassem
os seus direitos. Para ele, o respeito dos direitos só era possível mediante
o exercício partilhado do poder político. Consequentemente, via no
absolutismo monárquico, baseado na origem divina do poder, um regime

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A26 pág.


27

condenável, na medida em que o exercício dos poderes políticos se


confundia, pois estavam concentrados.
Montesquieu foi um defensor da necessidade de limitar os regimes
políticos por considerar que se não existirem limites ação dos governos,
estes degeneravam e, como tal, provocavam a desordem.
Assim, um bom governo era aquele em que as leis promovessem e
garantissem a liberdade, ou seja, um governo moderado que dava aos
indivíduos a possibilidade de fazerem tudo o que fosse permitido pelas
leis.

Estes princípios nortearam a Revolução Francesa de 1789, fazendo


com que na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão do mesmo
ano, se afirme:

«Toda a sociedade na qual não esteja assegurada a garantia dos


direitos, nem determinada s separação dos poderes, não tem
Constituição.»

A teoria de Montesquieu foi evoluindo e este princípio da separação


de poderes não invalida a necessária complementaridade e
interdependência entre eles. Daí que hoje em dia não se fale na
«separação de poderes», mas sim na «divisão dos poderes do Estado»
por órgãos com competência própria.
Tal simboliza a divisão de cada funcionalidade por vários órgãos
diferentes, de maneira a ser necessária à sua colaboração para praticar
qualquer ato fundamental ao Estado.

Assim, os vários poderes do Estado são entre nós praticados pelos


órgãos de soberania definidos no artigo 110º. da C.R.P.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A27 pág.


28

O artigo 111º. estabelece que aqueles órgãos devem observar a


separação e interdependência:

1. Os órgãos de soberania devem observar a separação e a


interdependência estabelecidas na Constituição.
2.
3. Nenhum órgão de soberania, de região autónoma ou de poder local,
pode delegar os seus poderes noutros órgãos, a não ser nos casos e
nos termos expressamente previstos na Constituição e na Lei.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A28 pág.


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Funções do Estado

Cabe ao Estado garantir a independência nacional; as liberdades e


garantias dos cidadãos; defender a democracia; promover a qualidade de
vida do povo; a efetivação dos seus direitos económicos, culturais e
ambientais; defender a natureza; promover o desenvolvimento
harmonioso do território.
Para atingir os fins a que se propõe necessita de desenvolver, através
dos seus órgãos, um conjunto de atividades a que se chama funções do
Estado.
Desta forma, as funções do Estado normalmente consideradas são:
 A função política ou governativa;
 A função legislativa;
 A função administrativa;
 A função social;
 A função judicial.

A função política ou governativa consiste na prática dos atos em


que se realiza a política geral do país. Esta função, segundo a Constituição
da República Portuguesa, é exercida pelo Presidente da República, pela
Assembleia da República e pelo Governo.

A função legislativa consiste na atividade pela qual o Estado cria o


seu Direito positivo, estabelecendo o quadro legal pelo qual se irá pautar a

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A29 pág.


30

atuação dos órgãos de soberania, dos restantes órgãos públicos e dos


cidadãos, disciplinando as relações que se estabelecem entre eles. Em
Portugal, a função legislativa encontra-se primordialmente repartida entre
a Assembleia da República e o Governo.

A função judicial traduz-se no conjunto de atividades que são


exercidas por órgãos colocados numa posição de imparcialidade e
independência, que são os tribunais, e que têm como intenção assegurar a
defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos,
dirimir os conflitos de interesses públicos e privados, assim como punir a
violação da Constituição e das leis.
Todavia, esta separação de poderes é mais teórica do que prática,
uma vez que a realidade contemporânea mostra-nos que ela não é rígida,
averiguando-se, assim, uma interdependência entre eles. Na verdade, por
exemplo, a Assembleia da República, órgão legislativo por excelência,
poderá exercer funções de fiscalização (artigo 162.º da C.R.P.)
Por sua vez, o Governo, órgão superior da Administração Pública,
também tem competência legislativa, nos termos do artigo 198.º da C.R.P.

(Competência legislativa)
1. Compete ao Governo, no exercício de funções legislativas:
a) Fazer decretos-lei em matérias não reservadas à Assembleia da
República (…).

Em síntese, verifica-se que os poderes são interdependentes,


nomeadamente o poder governativo e o poder legislativo. Efetivamente, o
poder legislativo pode controlar o poder executivo, quer pela exigência da
confiança da Assembleia, quer pela aprovação ou não do orçamento do
Estado, o que vai determinar, em última instância, a possibilidade de o
Governo exercer ou não a sua função.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A30 pág.


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É o que se verifica em Portugal, conforme preceituam os artigos da


Constituição que a seguir se transcrevem:

 Artigo 161.º da C.R.P. (Competência política e legislativa)


Compete à Assembleia da República: (...)
a) Aprovar as leis das grandes opções dos planos nacionais e o Orçamento
do Estado, sob proposta do Governo. (…)

 Artigo 163.º da C.R.P. (Competência quanto a outros órgãos)


Compete à Assembleia da República, relativamente a outros órgãos: (..)
a) apreciar o programa do Governo;
b) votar moções de confiança e de censura ao Governo. (..)

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A31 pág.


32

Órgãos de soberania

Existem certos órgãos que se encontram em posição dominante no


Estado, que decidem independentemente de obediência a ordens de
outros órgãos e que são órgãos de soberania. É a partir deles que, num
estado democrático, o povo exerce a soberania.

Estes órgãos são, assim, os centros de formação e manifestação da


vontade soberana do povo. A comunidade, através de eleições, confere
representação a algum ou alguns cidadãos que, nos diferentes órgãos,
terão competência para exercer os correspondentes cargos.

Podemos definir órgão de Estado como «o cargo singular, o colégio


ou a assembleia que, por força do Direito constitucional vigente, tem
competência para participar no processo de manifestação de uma vontade
funcional imediata ou mediatamente imputável do Estado (…)».

 Exemplos
Órgão singular: o Presidente da República.
Órgão colegial de tipo Assembleia: a Assembleia da República.
Órgão colegial de tipo colégio: o Conselho de ministros.

Não se deve, todavia, confundir o órgão de Estado com o seu titular.


O órgão permanece sempre o mesmo, ainda que os seus titulares, que são
os cidadãos que a cada instante preenchem esse órgão, mudem ao longo
do tempo.
Pode mesmo acontecer que um órgão esteja temporariamente
desprovido de titular e isso não origina o desaparecimento desse órgão.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A32 pág.


33

De acordo com o artigo 110.º, n. º1, da Constituição da República


portuguesa, são órgãos de soberania:
 Presidente da República;
 Assembleia da República;
 Governo;
 Tribunais;

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A33 pág.


34

 Presidente da República

O Presidente da República representa a República Portuguesa,


garante a Independência nacional, a unidade do Estado e o regular
funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência,
comandante das forças armadas (artigo120. Da C.R.P).

O Presidente da República é eleito por sufrágio universal direto e


secreto dos cidadãos portugueses eleitores recenseados no território
nacional, bem como dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro,
devendo neste caso ter-se em conta a existência de laços de efetiva
ligação à comunidade nacional (n.º 1 e 2, artigo 121.º). O direito de voto
no território nacional é exercido presencialmente (n.º 3 do artigo 121.º)

Na eleição do Presidente da República, o sufrágio considera-se:


 Universal, dado que é extensivo a todos os cidadãos portugueses
com capacidade eleitoral, isto é, que preencham os requisitos
exigidos por lei para votar;
 Direto, uma vez que os eleitores elegem diretamente o Presidente
da República (no sufrágio indireto os eleitores votam noutras
pessoas que, por sua vez, elegem o candidato);
 Secreto, pois nenhum eleitor é obrigado a revelar o sentido do seu
voto.

Só podem ser eleitos para o cargo de Presidente da República os


cidadãos eleitores portugueses de origem, maiores de 35 anos (artigo
122.º). Não é permitida reeleição para um terceiro mandato consecutivo
nem durante o quinquénio imediatamente subsequente ao termo do
segundo mandato consecutivo (artigo 123.º). Com este preceito procura-

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A34 pág.


35

se evitar a permanência longa da mesma pessoa no cargo e respeita se o


princípio da renovação, estabelecido no artigo 118.º da C.R.P.

Para resumir pode-se dizer que o Presidente da República é o chefe


de Estado. É eleito pela população e o seu dever é fazer cumprir a
Constituição. Ele representa a República e é também o Comandante
Supremo das Forças Armadas.

Uma de suas funções é nomear o Primeiro-Ministro, tendo em conta


as eleições e a opinião dos partidos da Assembleia da República.

Na prática, ele é o símbolo do país e representa Portugal.

O atual presidente da República é


Marcelo Rebelo de Sousa:

Já o primeiro ministro português


é António Costa:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A35 pág.


36

 Assembleia da República

A Assembleia da República é representativa de todos os cidadãos


portugueses (artigo 147.º da C.R.P.).

As competências da mesma de acordo com a C.R.P., são as seguintes:

 Competência política e legislativa (artigo 161.º da C.R.P.);


 Competência de fiscalização (artigo 162.º da C.R.P.);
 Competência quanto a outros órgãos (artigo 163 da C.R.P.);
 Reserva absoluta de competência legislativa- são reserva absoluta de
competência legislativa as matérias referidas no artigo 164 da C.R.P.,
não podendo, por isso, a Assembleia da República conceder
autorização ao governo para legislar sobre elas;
 Reserva relativa de competência legislativa- de acordo com um artigo
165.º da C.R.P., a Assembleia da República tem competência
exclusiva para legislar sobre as matérias nele previstas, salvo
autorização concedida ao Governo.

A Assembleia da República é composta por um mínimo de 180 e um


máximo de 230 deputados, nos termos da lei eleitoral (artigo 168.º da
C.R.P.).

Os deputados são eleitos por círculos eleitorais definidos na lei


(artigo 149.º da C.R.P.). São elegíveis os cidadãos portugueses eleitores,
salvas as restrições que ele é eleitoral estabelecer por virtude de
incompatibilidades locais ou de exercício de certos cargos (artigo 150.º da
C.R.P.).

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A36 pág.


37

Por exemplo, não podem ser eleitos magistrados judiciais e os do


Ministério Público em efetividade de serviço, os militares elementos das
forças militarizadas pertencentes aos quadros permanentes, enquanto
prestam serviço ativo.

A legislatura tem a duração de 4 sessões legislativas (n.º 1 do artigo


171.º da C.R.P.). A sessão legislativa tem a duração de 1 ano e inicia-se a
15 de setembro (artigo 174.º da C.R.P.).

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A37 pág.


38

 Governo

O Governo é o órgão de condução da política geral do país e o órgão


superior da Administração Pública (artigo 182.º da C.R.P).

Este é composto por:


 um primeiro-ministro,
 pelos ministros
 pelos secretários e subsecretários de Estado

O governo pode incluir um ou mais vice-Primeiros-Ministros (n.º 1 e


2 do artigo 183, C.R.P).

O governo forma-se a partir do momento que o Primeiro-Ministro é


nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados
na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais- n.º
1 do artigo 187, C.R.P.
O Governo é responsável perante o Presidente da República e a
Assembleia da República- artigo 190.º, da C.R.P.

O programa do governo é submetido à apreciação da Assembleia da


República, através de uma declaração do primeiro-ministro, no prazo
máximo de 10 dias após a sua nomeação- n.º 192.º, da C.R.P.
A rejeição do programa do governo exige maioria absoluta dos
deputados em efetividade de funções- n.º 4 do artigo 192.º, C.R.P e se o
programa que foi rejeitado, o governo terá de se demitir- alínea d) do n.º
195.º, da C.R.P.
O governo de acordo com a C.R.P., têm competência:

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A38 pág.


39

 Política (artigo 197.º);


 Legislativa (artigo 198.º);
 Administrativa (artigo 199.º).

A competência do Conselho de Ministros e dos membros do governo


vem definida respetivamente nos artigos 200.º e 201.º da C.R.P.

Em suma, pode-se concluir que:

O Governo conduz a política em geral e administra o país.


Exerce funções políticas, legislativas e administrativas, tais como:

 Negociar com outros Estados ou organizações internacionais;


 Propor leis à Assembleia da República;
 Estudar problemas e decidir sobre as melhores soluções
(normalmente fazendo leis);
 Fazer regulamentos técnicos para que as leis possam ser cumpridas;
 Decidir onde se investe o dinheiro público.

Um Governo é dissolvido quando quando:

 Apresenta um voto de confiança ao Parlamento e este o rejeita;


 A maioria absoluta dos deputados aprova uma moção de censura ao
Governo;
 O seu programa não é aprovado pela Assembleia da República;
 O Presidente da República o demite para assegurar o regular
funcionamento das instituições democráticas portuguesas;
 O Primeiro-Ministro deixa de ser exercer a sua função, por iniciativa
própria, quando morre ou fica física ou mentalmente
impossibilitado.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A39 pág.


40

 Tribunais

Os tribunais são órgãos de soberania com competência para


administrar a justiça em nome do povo- n.º 1 do artigo 202.º, da C.R.P. e
nos termos do n.º 2, compete-lhes:

 Assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos


dos cidadãos;
 reprimir a violação da legalidade democrática;
 diminuir os conflitos de interesses públicos e privados;

Os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei- artigo


203.º da C.R.P.
A independência do poder judicial perante os poderes executivo e
legislativo é uma condição indispensável à existência de um verdadeiro
Estado democrático.
Esta dependência traduz-se no facto de o juiz não estar submetido a
quaisquer ordens ou instruções quanto à sua maneira de julgar as causas.

As decisões dos tribunais são obrigatórias para todas as entidades


públicas e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer outras
autoridades- n.º 2 do artigo 205.º, da C.R.P.
De igual modo, a lei n.º 62/2013, de 20.08 (LOSJ- Lei da Organização
do Sistema Judiciário) nos artigos 22.º e 4.º, referem-se à independência
dos tribunais e de juízes.

 Artigos 22.º da Lei n.º 62/2013, de 26.08-


(Independência dos tribunais)
Os tribunais judiciais são independentes e apenas estão sujeito à
lei.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A40 pág.


41

 Artigo 4.º da Lei n.º 62/2013, de 26.08-


(Independência de juízes)
1. Os juízes julgam apenas segundo a Constituição e a lei e não
estão sujeitos a quaisquer ordens ou instruções, salvo o dever de
acatamento das decisões proferidas em via de recurso por tribunais
superiores.
2. Os juízes não podem ser responsabilizados pelas suas decisões,
salvas as exceções consignadas na lei.

A independência de juízes é reforçada pelos atributos de


inamovibilidade, responsabilidade e imparcialidade dos juízes que se
encontra igualmente consignados no artigo 216.º da C.R.P. e nos artigos
4.º, 5.º, 6.º e 7.º do Estatuto dos Magistrados Judiciais e contribuem para
garantir a independência dos tribunais.

 Artigo 216.º da C.R.P. (Garantias e incompatibilidades)


1. Os juízes são inamovíveis, não podendo ser transferidos,
suspensos, aposentados ou demitidos senão nos casos previstos na lei.
2. Prejuízos não podem ser responsabilizados pelas suas ações,
salvas as exceções consignadas na lei.
3. Os juízes em exercício não podem desempenhar qualquer
outra função pública ou privada, salvo as funções docentes ou de
investigação científica de natureza jurídica, não remuneradas, nos termos
da lei (…)

A confiança na justiça dos tribunais garante-se também pelo facto de


as audiências desde serem públicas, exceto quando o próprio tribunal
decidir o contrário, em despacho devidamente fundamentado, para

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A41 pág.


42

salvaguarda da dignidade das pessoas e da moral pública ou para garantir


o seu normal funcionamento- artigo 206.º da C.R.P.

 Artigo 206.º da C.R.P- (Audiências dos tribunais)


As audiências dos tribunais são públicas, salvo quando o próprio
tribunal decidir o contrário, em despacho fundamentado, para
salvaguarda da dignidade das pessoas e da moral pública ou para garantir
o seu normal funcionamento.

De acordo com o n.º 1 do artigo da C.R.P. e artigo 29.º da Lei n.º


62/2013, de 26.08 existem as seguintes categorias de tribunais:

 O Tribunal Constitucional;

 O Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais judiciais de primeira e


de segunda instância;

 O Supremo Tribunal Administrativo e os demais tribunais


administrativos e fiscais;

 O Tribunal de Contas;

Nos termos do previsto no n.º 2 e n.º 4, respetivamente, dos citados


artigos podem ainda existir: tribunais marítimos; tribunais arbitrais,
julgados de paz.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A42 pág.


43

Hierarquia dos Tribunais:

Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados, mas tão somente


para efeito de recurso das suas decisões- artigo 210.º da C.R.P. e n.º 1 do
artigo 42.º da citada Lei n.º 62/2013.
A hierarquia dos tribunais é a seguinte:

1. O Supremo Tribunal de Justiça, é o órgão da hierarquia dos tribunais


judiciais, sem prejuízo da competência própria do Tribunal
Constitucional, tem sede em Lisboa e competência em todo o
território nacional. O Supremo Tribunal de Justiça funciona sob a
direção de um presidente, em plenário do tribunal, em pleno de
secções especializadas e por secções. O juiz presidente é eleito pelos
juízes que compõem o quadro deste tribunal, de entre si, e por
escrutínio secreto, e o seu mandato tem a duração de cinco anos,
não sendo admitida a reeleição. O plenário é constituído por todos
os juízes que compõem as secções e só pode funcionar com a
presença de, pelo menos, três quartos de juízes em exercício. Os
juízes que exercem funções neste tribunal designam-se juízes
conselheiros.

2. Os tribunais de relação são, em regra, os tribunais de segunda


instância e designam-se pelo nome do município em que se
encontram instalados. Atualmente existem tribunais da relação em
Guimarães, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora, a sua competência
territorial determina-se por referência a agrupamentos de comarcas
que se encontra definida no Anexo I da citada Lei n.º 62/2013. Os
tribunais da relação, à semelhança do Supremo Tribunal de Justiça,
funcionam sob a direção de um presidente, em plenário e por
secções. Os tribunais da relação compreendem secções em matéria
cível, em matéria penal, em matéria social, em matéria de família e

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A43 pág.


44

menores, em matéria de comércio, de propriedade intelectual e de


concorrência, regulação e supervisão. Os juízes que exercem funções
neste tribunal têm o título de juízes desembargadores.

3. Os tribunais judiciais de primeira instância são, em regra, tribunais


de comarca e designam-se pelo nome da circunscrição em que se
encontram instalados e de acordo com o n.º 2 do artigo 33.º da LOSJ,
incluem: os tribunais de comarca e os tribunais de competência
territorial alargada.

4. Tribunais de comarca: de acordo com o n.º 2 do citado artigo 33.º e


Anexo II da LOSJ e para efeitos de organização judiciária, o território
português divide-se em 23 comarcas (Açores, Aveiro, Beja, Braga,
Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria,
Setúbal, Viana de Castelo, Vila Real e Viseu).
A estrutura do tribunal de primeira instância encontra-se previsto
no artigo 81.º da citada lei.

Tribunais de competência territorial alargada: Podem existir tribunais


de primeira instância com competência para mais do que uma comarca ou
sobre áreas especialmente referidas na lei, designados por tribunais de
competência territorial alargada (artigo 83.º da LOSJ).
Estes tribunais são de competência especializada e conhecem de
matérias determinadas, independentemente da forma de processo
aplicável.
São, nomeadamente, tribunais de competência territorial alargada:
 o tribunal da propriedade intelectual;
 o tribunal da concorrência, regulação e supervisão;
 o tribunal marítimo;
 o tribunal de execução das penas;
 o tribunal central de instrução criminal;

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A44 pág.


45

Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados para efeitos de


recurso das suas decisões (artigo 42.º da LOSJ). Assim, regra geral, em
matéria cível:

 Das decisões proferidas em causas cujo valor exceda a alçada dos


tribunais da primeira instância cabe recurso para o tribunal da
relação- segunda instância;

 Das decisões proferidas em causas cujo valor exceda a alçada do


tribunal da relação cabe recurso para o Supremo Tribunal de Justiça.

Esta hierarquia nada tem a ver com relações de dependência de uns


tribunais em relação aos outros. O que se verifica é a possibilidade de se
recorrer para um tribunal superior de uma decisão proferida por um
tribunal inferior.
Em matéria criminal não existe alçada, todavia, a legislação
processual penal prevê as circunstâncias em que é admissível interpor
recurso.
A definição e as competências do Supremo Tribunal Administrativo e
dos demais tribunais administrativos e fiscais estão estipuladas no artigo
212.º da C.R.P.
O artigo 214.º da C.R.P. dá a definição e estabelece as competências
do Tribunal de Contas.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A45 pág.


46

Do Estado de direito ao Estado social de direito

 Estado Liberal de Direito

É com a Revolução Francesa que surge o Estado liberal de direito,


que foi criado nas conceções filosóficas do pensamento liberal.

O Estado liberal de direito marca a primeira grande tentativa da


aplicação do Estado de direito e surge como reação ao poder despótico do
absolutismo régio.

Este estado assentava principalmente nos seguintes princípis:


 Império da lei
 Salvaguarda dos direitos individuais tidos como direitos naturais
 Defesa do princípio da separação de poderes
 Atribuição aos tribunais da competência de zelar pela legalidade
 Possibilidade de recurso dos cidadãos para os tribunais, sempre que se
julguem prejudicados pela Administração Pública

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A46 pág.


47

 Estado social de direito

O Estado social de direito procurou evitar as características


demasiado individualistas e abstencionistas do Estado liberal de direito,
exercendo uma função corretiva das desigualdades sociais e supletiva em
relação á iniciativa privada sem, contudo, deixar de reconhecer a iniciativa
e as liberdades privadas.

Neste estado surge uma nova categoria de direitos genericamente


conhecidos como “direitos sociais”, tais como:
 Direito á saúde
 Á educação
 À habitação
 À proteção do ambiente
 À segurança

Tradicionalmente, são apontados como requisitos do Estado de


direito os seguintes:

 Império da lei
 Separação de poderes: legislativo, executivo e judicial
 Legalidade da administração
 Direitos e liberdades fundamentais: garantia jurídico-formal e efetiva
realização material

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A47 pág.


48

 Estado de direito democrático

O Estado de direito, hoje em dia, postula a democracia


representativa e pluralista, considerando-se, assim, mais adequado
falar-se em Estado de direito democrático.

A Constituição Portuguesa acolheu a designaçãode Estado de direito


democrático ( artigo 2.º).

Artigo 2.º da C.R.P.- ( Estado de direito democrático )


A República Portuguesa é um estado de direito democrático,
baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização
política democráticas, no respeito e na garantia de efetivação dos direitos
e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes,
visando a realização da democracia económica, social e cultural e o
aprofundamento da democracia participativa.

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A48 pág.


49

Conclusão:

Após a conclusão deste trabalho, desenvolvi os meus conhecimentos


sobre o tema abordado, e apercebi-me do quão complexo e bem
estruturado é, quer a organização do Estado e as suas tarefas, como a
organização e encargos das várias entidades públicas estaduais com que
todos convivemos no nosso dia a dia.

Achei que foi um tema desafiador, porém interessante e sem dúvida


acho que fiz um bom trabalho a explorá-lo,

Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A49 pág.


50

Bibliografia e Webgrafia:

Todas as informações para o meu trabalho foram retiradas:

 do manual da disciplina de Direito 12.º Ano;

 Do site: Wikipedia- https://pt.wikipedia.org

 Do site: swissinfo.ch- https://www.swissinfo.ch/por

As imagens que utilizei foram todas pesquisadas e retiradas do Google.

FIM
Gonçalo Daniel Pereira Dias N.º 9 12.º A50 pág.

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