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Formaçao Do Cânon - Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

WILSON ALMEIDA CABRAL NETO

PESQUISA

FORMAÇAO DO CÂNON

HISTORIA DO CRISTIANISMO I - 2020

BRASÍLIA – DF
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

WILSON ALMEIDA CABRAL NETO

PESQUISA

FORMAÇAO DO CÂNON

Trabalho apresentado como avaliação à


disciplina de Historia do Cristianismo I - 2020,
do Curso de Teologia do Seminário Teológico
Evangélico Betel Brasileiro
Prof. Pr. Francisco Mario

BRASÍLIA – DF
A FORMAÇÃO DO CÂNON ................................................................................................ 4
Cânon do Velho Testamento ............................................................................................. 5
Como os Livros Foram Canonizados? ........................................................................... 6
Por Que Foi Feito? ............................................................................................................... 6
Quem Organizou o Cânon? ............................................................................................... 6
Cânon do Novo Testamento ............................................................................................ 10
Influência de Márcion Sobre o Cânon ........................................................................... 11
Divergências na Introdução de Alguns Livros ........................................................... 13
Fixação do Cânon .............................................................................................................. 13
Critérios Para a Canonização.......................................................................................... 14
Quatro Evangelhos ou Um? ............................................................................................ 15
Livros Não Introduzidos no Cânon ................................................................................ 15
Ordem Cronológica dos livros do Velho Testamento .............................................. 15
O Cânon do Antigo Testamento ..................................................................................... 20
I – Divisão Judaica (24 livros) ..................................................................................... 20
II – Divisão Cristã (39 livros)........................................................................................ 21
Divisão do Cânon do Novo Testamento ....................................................................... 21
A FORMAÇÃO DO CÂNON

A palavra cânon, desde a sua etimologia, até o atual sentido de conjunto de livros da
Bíblia, conserva o sentido de medida diretiva ordenadora.

O termo grego "Cânon" é de origem semítica, pois em hebraico "ganeh", significa


regra, régua para medir, varinha direita.

O grego clássico acentua o sentido figurado da palavra e cânon designa a vara, o nível,
o esquadro, o braço da balança, norma, padrão, depois a meta a ser atingida, a medida
infalível. Aristóteles chama o homem bom de cânon ou métron da verdade. Em português o
termo é usado também no sentido de norma, como nesta frase de Aquilino Ribeiro. "Havendo
fugido ao cânon da beleza consagrada."

Na linguagem profana a ideia essencial da palavra é de linha reta ou direita, como se


conclui de outras palavras que têm a mesma raiz: cana, canal, canhão.

Dentre os prelados da igreja aparece um grupo chamado de cônegos, porque estes


deveriam conformar-se com as regras da fé e do procedimento.

Os cristãos do II século denominavam os ensinos sagrados da seguinte maneira: "o


cânon (regra) da Igreja", "o cânon da fé", "o cânon da verdade." Estas expressões nos fazem
compreender porque os Pais da Igreja utilizaram a palavra para designar tudo quanto serve
de fundamento à religião, regra da fé e da verdade e por fim o livro que contém as normas
diretivas para uma correta vida cristã. Em meados do quarto século toda a coleção dos livros
sagrados passou a ser designada como o cânon. Foi Atanásio quem lhe deu, pela primeira
vez, este nome. A princípio a palavra cânon designava apenas a lista dos livros sagrados,
mas depois passou a designar os próprios escritos, indicando assim que as Escrituras são a
regra de ação investida com autoridade divina.

Quanto à datação limite dos textos, a delimitação rabínica, baseada no pressuposto


de que a profecia se apagou pouco depois do exílio babilônico (o livro de Daniel, considerado
o último texto sagrado, de 164 a.C., era situado pelos antigos no exílio babilônico), limitou o
período da redação.

No Novo Testamento a palavra aparece em 5 passagens: Gálatas 6:16; II Coríntios


10:13, 15, 16 e Filipenses 3:16 (esta última não aparece em todos os manuscritos gregos,
como indica o Aparato Crítico). Em Gál, 6:16, Paulo a usou no sentido grego de "uma regra",
mas que em sentido religioso seria "norma da verdadeira vida cristã."
O SDABC, vol. I, pág. 36, declara:
"Uma compreensão correta da história da
Bíblia e a coleção de seus livros não somente é de
grande interesse para o leitor da Palavra de Deus, mas
é necessária para refutar as falsas alegações dos que
estão influenciados em seu pensamento pela alta
crítica. Desde que, às vezes, se tem afirmado que a
coleção dos livros do Antigo Testamento foi feita pouco
antes do ministério de Jesus Cristo, ou no Concílio
Judeu de Jânia, depois da destruição de Jerusalém
pelos romanos, no ano 70 DC, é necessário conhecer
os fatos para ver a falácia de tais afirmações."

Cânon do Velho Testamento

Este estudo envolve algumas perguntas que tanto podem ser feitas para o Velho
Testamento quanto para o Novo Testamento, tais como:

• Quem organizou o cânon?


• Como foi ele organizado?
• Quando foi feito este trabalho?
• Por que foi feito?

Nas explicações que se seguem são encontradas de maneira bem explícita ou latente
respostas para cada uma destas inquirições.

No sentido religioso canonizar um livro significa:

1º) Reconhecimento de que o seu ensino era divino;


2º) Consequente aceitação que o escrito possui autoridade religiosa reconhecida por
uma comunidade ou pelos seus dirigentes.

Está claro que o antigo Israel não tinha desde o início um livro sagrado (cf. Êxodo
17.14; 24.4; 34.27-28; Números 33.2; Deuteronômio 31.9). A fixação definitiva das “Escrituras
Sagradas” aconteceu apenas nos séculos III-IV d.C., mesmo havendo desde o final do século
III a.C. rolos da Bíblia hebraica/Primeiro Testamento assegurados, mas não definitivamente
fixados, como demonstra a leitura da Torah em Neemias 8.5-8 (Esdras abriu o livro à vista de
todo o povo...).

Como os Livros Foram Canonizados?

Foi um processo de acrescentamento gradual. E a divisão em Lei, Profetas e Escritos


confirma esta afirmação. Foi o resultado do trabalho de um conjunto de pessoas. Não foi a
autoridade eclesiástica que o criou, esta apenas sancionou e fixou a coleção de escritos que
vinham sendo reconhecidos como divinos.

Por Que Foi Feito?

Porque Deus orientou Sua Igreja diante das necessidades prementes, como o aparecimento
de heresias e de livros não inspirados.
O cânon reduzido de Marcion mostrou a necessidade de uma coleção de todos os livros
inspirados do Novo Testamento.
A difusão do cristianismo entre outros povos indicou a indispensabilidade de se traduzir a
Bíblia para outras línguas. Como fazer se os vários livros ainda não se encontravam
definitivamente fixados.

Quem Organizou o Cânon?

Muitos livros fazem referências à "A Grande Sinagoga" um Conselho, do qual Esdras
era o presidente, e que incluía entre os seus 120 membros, Neemias, Ageu, Zacarias,
Malaquias, Daniel e Simão o Justo. Embora o Talmude atribua a ratificação do cânon hebraico
aos membros desta sinagoga, alguns eruditos afirmam que a Grande Sinagoga não passa de
uma lenda que surgiu no século XVI, sendo ela o produto de uma ficção rabínica.
Quase todos os estudiosos deste assunto concluem que Esdras e Neemias colecionaram os
livros sagrados do Velho Testamento e fecharam o cânon, entre os anos 430 e 420 a.C.
Alguns autores mais precisos fixam a data em 432 a.C.

Isto é evidente das seguintes conclusões:


• Os livros históricos da Bíblia registram acontecimentos que se realizaram até o
sexto e quinto séculos a.C. e não mais tarde;
• O historiador Flávio Josefo (70 S.D.) em sua catilinária Contra Ápion 1: 8 nos
afirma que os judeus no tempo de Cristo estavam convictos de que o cânon
tinha sido fixado no tempo de Esdras e Neemias.

No livro Profetas e Reis, página 609, há esta elucidativa explicação:

"Os esforços de Esdras para reavivar o


interesse no estudo das Escrituras receberam forma
permanente, graças ao seu laborioso e constante
esforço no sentido de preservar e multiplicar os
Sagrados Escritos. Ele reuniu todos os exemplares da
lei que pôde encontrar, mandando-os transcrever e
distribuir. A Palavra pura, assim multiplicada e posta
nas mãos de muitos, proveu o conhecimento que era
de inestimável valor."

Na mesma sátira Contra Ápion, já citada acima, Josefo apresenta a teoria dos judeus
sobre o cânon, cujas principais características são:

1. Inspiração divina;
2. A santidade objetiva dos livros, comparados com a literatura profana;
3. A limitação numérica em 22 livros (os 24 livros se originaram da separação de
Rute de Juízes, e de Lamentações de Jeremias;
4. A inviolabilidade do texto. Todos os escritos teriam sido compostos entre
Moisés e Artaxerxes I (falecido em 424 a.C.).

Os judeus haviam estabelecido outros princípios para os livros do Velho Testamento


figurarem ou não no cânon, e estes eram:

o Estar em conformidade com a Lei;


o Ter sido escrito na Palestina;
o Redigido na língua hebraica.

Alguns estranham que Flávio Josefo fale em 22 livros e não em 24 como normalmente
são citados para o cânon do Velho Testamento.
O cânon apresentado por Josefo divide os livros do Antigo Testamento em três partes:
5 livros de Moisés, 13 livros dos profetas e 4 livros contendo hinos e regras de vida. Origenes
também fala em 22 livros.
O próprio Jerônimo também se refere a 22 livros, mas conhece o arranjo que leva a
24 livros.
Parece-nos pelo estudo feito que os 22 não foram divididos para chegar a 24, mas
estes agrupados para terem apenas 22.
Conclui-se que o intuito de Josefo era o mesmo de alguns rabinos, de obterem uma
correspondência entre o número dos livros e o das letras do alfabeto hebraico. Para chegar a
22 anexaram o livro de Rute a Juízes e as Lamentações ao de Jeremias. Como o alfabeto
hebraico tem mais cinco letras finais, não faltou quem contasse 27 livros, fazendo para isso
subdivisões em Reis, Esdras e outros livros.
A divisão que temos hoje de 39 livros tem sua origem na Septuaginta, tradução do
hebraico para o grego.
Os judeus dividiam os 24 livros em seções:

1. A Lei (Torah), contendo os primeiros cinco livros, que os Setenta chamaram de


Pentateuco: a) Gênesis, b) Êxodo, c) Levítico, d) Números, e) Deuteronômio.
2. Os Profetas (Nebilim), num total de oito livros, subdivididos em:
a. Quatro antigos ou anteriores – Josué, Juízes, Samuel e Reis;
b. Quatro posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas
menores num só livro.
3. Os Escritos (Ketubim), chamados no texto grego "hagiógrafos" (escritos
sagrados) são formados de três grupos, num total de 11 livros:
a. Livros Poéticos – Salmos, Provérbios e Jó;
b. Os Cinco Megilotes (rolos) – Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações,
Eclesiastes, Ester;
c. Os outros livros – sem uma nomenclatura específica – Daniel, Esdras e
Neemias, Crônicas.

Os judeus modernos gostam de designar sua Bíblia com a palavra TeNaK, vocábulo
criado com a aproximação das letras iniciais das três partes: T de Torá, N de Nebilim e K de
Ketubim.
A Alta Crítica afirma que a divisão do cânon nestas três partes, indica três estágios
diferentes ou períodos de tempo de canonização. Para ela o Pentateuco foi canonizado depois
do exílio Babilônico, 432 a.C., nos dias de Esdras e Neemias; os profetas foram canonizados
entre 300 e 200 a.C.; os Escritos o foram no período de 160 a 150 a.C.
O cânon completo foi oficialmente ratificado em 90 A.D. pelo Concílio de Jânia.
Estas asseverações nos fazem lembrar das palavras de Ellen G. White em Atos dos
Apóstolos, página 474:
"Como nos dias dos apóstolos os homens
procuravam destruir a fé nas Escrituras pelas tradições
e filosofias, assim hoje, pelos aprazíveis sentimentos
da 'alta crítica', evolução, espiritismo, teosofia e
panteísmo, o inimigo da justiça está procurando levar
as almas para caminhos proibidos. Para muitos a
Bíblia é uma lâmpada sem óleo, porque voltaram suas
mentes para canais de crenças especulativas que
produzem má compreensão e confusão. A obra da 'alta
crítica', em dissecar, conjecturar, reconstruir, está
destruindo a fé na Bíblia como uma revelação divina."

A divisão em três partes não visa indicar três fases da canonização, mas antes a
posição oficial ou a ocupação de seus autores,

1. A parte inicial é obra do grande legislador do povo de Israel.


2. A segunda parte foi redigida por pessoas escolhidas por Deus para o sublime
trabalho de profetizar.
3. A terceira parte foi produzida por homens privilegiados com o dom profético,
mas que se dedicavam a outros trabalhos, como Davi, Salomão, Esdras,
Neemias e Daniel.

A divisão do Antigo Testamento em três partes foi confirmada pelo próprio Cristo. . .
importava que se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos
Profetas e nos Salmos, que é o primeiro livro da terceira divisão. (Lucas 24:22).

No texto grego da Septuaginta, o cânon do Velho Testamento foi dividido em quatro


seções:
1. A Tora, a Lei, ou seja o Pentateuco, com os cinco primeiros livros;
2. Os livros históricos – de Josué até Crônicas e mais outros como Esdras,
Neemias, Ester;
3. Os livros poéticos – Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares;
4. Os livros proféticos – os quatro maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e
os doze menores.
Cristo e os apóstolos aceitaram o cânon do Velho Testamento, como se pode deduzir
de inúmeras passagens: Luc. 24:44, João 5:46-47, II Tim. 3:15-16, II Ped. 1:19, 21. A Igreja
Cristã também aceitou todos os 24 livros canônicos do Velho Testamento. Destes livros não
foram citados no Novo Testamento apenas os seguintes: Ester, Eclesiastes, Esdras, Neemias,
Obadias, Naum e Sofonias.

Mais de uma vez ouvimos a afirmação de que o sínodo de Jânia – cerca de 90 A.D.,
encerrou o cânon do Velho Testamento. Esta afirmação não corresponde à realidade, porque
dentre os dois problemas principais ventilados neste Concílio, um dizia respeito a alguns
livros, que certos eruditos achavam que não deviam estar incluídos no cânon. Este concílio
defendeu a canonicidade de quatro livros contra os ataques da "Escola de Shammai", que
não queria que eles figurassem entre os demais. Os livros eram os seguintes:

o Ester, por não fazer menção do nome de Deus;


o Cantares, por ser considerado por muitos, mero canto de amor;
o Eclesiastes, por causa do espírito pessimista que permeia o livro;
o Provérbios, por possuir capítulos de autores desconhecidos.

Cânon do Novo Testamento

As mesmas perguntas já formuladas quanto ao cânon do Velho Testamento podem ser


repetidas aqui:
• Quem coligiu os escritos?

A igreja cristã crê firmemente que foi o Espírito Santo que orientou os servos de Deus
dos primeiros séculos na seleção dos livros neotestamentários.
Convém recordar que os primeiros cristãos que constituíam os diversos núcleos ou
igrejas da Palestina, da África, da Ásia Menor, de Roma, etc., acreditavam que a volta de
Cristo seria para breve, por isso não se preocuparam em registrar por escrito os empolgantes
acontecimentos relacionados com a vida de Cristo e Seus sublimes ensinos. Os apóstolos e
primeiros discípulos perpetuavam, sobretudo, a tradição oral composta quase exclusivamente
de fatos da vida de Jesus. Com o correr do tempo, foram, naturalmente, compostos escritos
fragmentários, que divulgaram palavras de Jesus (as Logias) e outros, mais cuidados e
ampliados, que assinalavam fatos, milagres, acontecimentos da vida de Jesus.
Os livros do Novo Testamento foram surgindo sem desígnio, sem previsão, sendo
coligidas as palavras de Jesus, as narrações de Sua vida, os atos dos apóstolos, as cartas
apostólicas, o livro de Apocalipse.
Embora haja intermináveis controvérsias concernentes a data em que foram escritos
alguns livros do Novo Testamento, os estudiosos parecem estar mais ou menos de acordo
que o primeiro livro escrito foi I Tessalonicenses em 51; e em 96 ou 97 João escreveu o
Apocalipse.
É questão também muito aceitável entre os eruditos que o Evangelho de Marcos é o
mais antigo, escrito entre os anos 65 e 67. São Mateus data aproximadamente do ano 70.
Lucas mais ou menos, dessa mesma época e João na última década do primeiro século.

F. F. Bruce, no livro Merece Confiança o Novo Testamento?, atribui as seguintes datas às


epístolas paulinas:
o Gálatas 48 A.D.,
o I e II Tessalonicenses 50,
o Filipenses 54,
o I e II Coríntios 54-56,
o Romanos 57,
o Colossenses, Filemon e Efésios 60, aproximadamente.
o As Epístolas Pastorais, em virtude do seu conteúdo, são posteriores às paulinas 63-
64.

De acordo com a Crítica Textual, e esta ideia é aceita pela maioria dos comentaristas –
Mateus e Lucas se abeberaram em Marcos, o primeiro Evangelho a ser escrito, mas
recolheram material de outras fontes, como o notável documento "Q" (do alemão Quelle,
fonte). Este documento "Q" original nunca foi encontrado, mas o notável exegeta Harnack
tentou reconstituí-lo. É bom notar que há neste sentido muitas conjecturas baseadas em
tradições.
Note bem: Outras ideias e datas são apresentadas e também as conhecemos, como por
exemplo que o livro de Mateus foi o primeiro Evangelho escrito e que João escreveu o seu
Evangelho depois do Apocalipse, etc., etc.
Não há aqui afirmações definidas e taxativas.

Influência de Márcion Sobre o Cânon

O mais antigo catálogo de livros neotestamentários de que temos conhecimento direto,


foi elaborado em Roma pelo herege Márcion, cerca do ano 140 A.D. O desafio dos mestres
heréticos, especialmente Márcion, que rompeu com a Igreja de Roma cerca de 150 D.C.,
serviu de estímulo e de motivo para a Igreja tomar consciência da necessidade de fixar o
cânon.
Márcion, não compreendendo bem os ensinos paulinos, pregava uma doutrina de dois
deuses: o Deus do Antigo Testamento: Justo, o Criador, juiz severo dos homens; Jesus,
superior ao Deus Justo, enviado para libertar os homens da escravidão àquele Deus. Cristo
foi crucificado através da malícia do Deus Justo. Por crer neste dualismo rejeitou o Deus do
Velho Testamento e também o cânon desta parte da Bíblia. O cânon apresentado por ele à
Igreja consistia apenas do Evangelho do Lucas, purificado de todas as citações do Antigo
Testamento e de dez epístolas paulinas, deixando fora I e II Timóteo e Tito. Para ele apenas
Paulo tinha sido o único e verdadeiro apóstolo de Cristo.

Mesmo dos livros conservados em seu cânon ele removeu todas as frases que
pareciam favorecer o Deus do Velho Testamento. Foi o primeiro cristão a fazer parte da Alta
Crítica. Afirmava ele: "Eliminemos a lei e fiquemos apenas com a graça!" E como os cristãos
primitivos apreciavam a idéia, Márcion exercia grande influência sobre eles. Justino Mártir
afirmou que quinze anos após a publicação do seu cânon e de seu livro Antítese ele possuía
seguidores ao redor do mundo.
Márcion nasceu numa localidade chamada Ponto. Tertuliano escreveu o seguinte a respeito
desse lugar:
"Habitam ali os povos mais ferozes. .. Suas
mulheres preferem a guerra ao casamento, e, o clima
é tão rude como o povo. Nada, porém, é tão bárbaro e
atroz, em Ponto, como o fato de Márcion haver nascido
ali." (Contra Márcion 1:1).

Por causa de suas ideias heréticas foi excomungado pelo próprio pai, que era bispo.
Foi cognominado por Policarpo como sendo o primogênito de Satanás.
Além da heresia marciana houve outros movimentos discordantes com os ensinos
escriturísticos, como o docetismo, o gnosticismo e o montanismo, que levaram a igreja
primitiva a apressar a catalogação dos livros sagrados.

O cânon do Novo Testamento foi ainda criado para proteger os escritos dos apóstolos
de muitos escritos apócrifos. A partir do fim do segundo século A. D. a igreja começou a
organizar o verdadeiro cânon cristão. O documento mais antigo e mais importante que mostra
isto é o chamado Fragmento Muratoriano, escrito mais ou menos no ano 200 (esta é a data
aceita, porque seu autor diz que o Pastor de Hermas não podia ser lido na Igreja, por ter sido
escrito recentemente), mas descoberto somente em 1740 por Muratori.

Este documento apontava a como livros correntemente aceitos, os quatro Evangelhos,


Atos, treze Epístolas de Paulo, três Epístolas de João, uma Epístola de Judas, duas de Pedro
e o Apocalipse de São Pedro (este considerado apócrifo mais tarde).

Os responsáveis pela organização do cânon do Novo Testamento tiveram como norma


e inspiração os livros canônicos do Antigo Testamento. Neste trabalho houve um processo de
seleção efetuado por meio de agentes humanos, mas inspirados pelo Espírito Santo.
Antes da existência do Volume Sagrado, cada livro, individualmente, circulou pelas
comunidades cristãs, para que estas fizessem um trabalho de seleção, baseado no seu autor,
na qualidade literária e no seu conteúdo intrínseco.
No início o cânon se preocupava com os livros que contavam a história de Cristo, por
isso os quatro Evangelhos e Atos dos Apóstolos foram os primeiros a serem reconhecidos
como sagrados, inspirados por Deus, porém, a aprovação dos Evangelhos abriu caminho para
a aceitação das Epístolas.

Divergências na Introdução de Alguns Livros

Houve uma profunda polêmica a propósito da introdução de alguns livros no cânon do


Novo Testamento, como II Pedro, I e II João, Tiago, Hebreus, Judas e Apocalipse. De todos
estes foi o Apocalipse o que ofereceu maior dificuldade para ser enumerado no Cânon
Eclesiástico. Aqueles que se opunham a introdução destes livros criaram um termo para esta
discussão – Antilegômena, isto é, debatido, contestado, controvertido.
Hebreus foi difícil ser colocado no cânon por crerem alguns que seu autor não era
Paulo, mas esta ideia é contestada por outros. Finalmente foi colocado porque os estudiosos
concluíram que o livro possui profundo valor espiritual.
Nem todas as cartas de Paulo foram publicadas, mas as que foram são suficientes para o
qualificarem como o mais produtivo autor do Novo Testamento.

Fixação do Cânon

De acordo com F. F. Bruce:


"Os primeiros passos no sentido da formação
de um cânon de livros cristãos havidos como dotados
de autoridade, dignos de figurar ao lado do cânon do
Velho Testamento, a Bíblia do Senhor Jesus e Seus
apóstolos, parecem haver sido tomados por volta do
começo do segundo século, época em que há
evidência da circulação de duas coleções de escritos
cristãos na Igreja." (Merece Confiança o Novo
Testamento? p. 31).

O quarto século viu a fixação definitiva do cânon dentro dos limites a que estamos
acostumados, tanto no setor Ocidental como no Oriental da cristandade. Apenas no quarto
século é que o termo cânon passou a designar os escritos sagrados.
Numa carta de Atanásio, a trigésima nona, do ano 367, dirigida a seus bispos, está
uma lista dos livros da Bíblia, a primeira a conter os 27 livros do Novo Testamento como os
temos hoje. Destes ninguém deveria tirar, nem a eles acrescentar coisa alguma. Esta carta
foi muito importante para as igrejas gregas no Oriente, quanto à aceitação do cânon, e sua
influência logo se fez sentir na Igreja Latina, pois sabemos que as Igrejas do Oriente e do
Ocidente divergiam quanto aos livros canônicos. Assim o Apocalipse de João era aceito no
Ocidente, mas não no Oriente, Hebreus e Tiago eram aceitos no Oriente, mas não no
Ocidente. Jerônimo e Agostinho acataram a orientação dada por Atanásio.

O cânon apresentado por Atanásio prevaleceu sobre o de Euzébio de 26 livros e


obteve a vitória final daí por diante.

Os Concílios de Hipona (393) ao norte da África e o de Cartago (397), ratificaram este cânon,
proibindo o uso de outros livros pelas igrejas, como Didaquê, Pastoral de Hermas e Epístola
de Barnabé.

Foi a Igreja, que guiada por Deus, formou o cânon, determinando depois de longos debates
que livros deveriam ser rejeitados e que livros deveriam ser recebidos.

Critérios Para a Canonização

De modo sintético os critérios usados para a canonicidade foram os seguintes:

1. Inspiração dos livros que estavam sendo considerados, I Pedro 1:21. Após a leitura do
livro, este era julgado pelo próprio conteúdo.
2. Catolicidade do livro. Escrito para todas as pessoas da época. Deveria também ser
conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas as igrejas.
3. Coerência na doutrina. Graças a este critério alguns livros foram deixados de fora.
4. Apostolicidade do Escrito. Deveria ser de fonte apostólica ou de assessor direto do
apóstolo.

Quatro Evangelhos ou Um?

Desde o fim do segundo século os Pais da Igreja sentenciaram que só existe um único
evangelho, por isso, devemos dizer: Evangelho "segundo" São Mateus, "segundo" São
Marcos, "segundo" São Lucas, "segundo" São João, a fim de bem assinalar que se trata de
um único comunicado aos homens, segundo manifestações diversas.

Livros Não Introduzidos no Cânon

Até meados do quarto século alguns livros eram agregados aos demais do Novo
Testamento, mas que posteriormente foram retirados como nos provam manuscritos antigos.

O Códice Sinaítico, mais ou menos do ano 350 A.D., incluía a Epístola de Barnabé e
o Pastor de Hermas, obra escrita mais ou menos no ano 110. O manuscrito Alexandrino
contém a Primeira e a Segunda Epistolas de Clemente. A colocação destes escritos é uma
prova de que naqueles idos lhe atribuíam certo grau de canonicidade.
Pela leitura atenta da Bíblia se conclui da existência de outros livros que se perderam,
mas estão mencionados nos livros canônicos. Dizem os eruditos, que destes pelo menos 16
foram citados em Josué 10:13; II Samuel 1:18; I Reis 4:32, 33; 11:41; 14:29; II Reis 1:18; I
Crônicas 29:29; II Crônicas 9:29; 12:15; 20:34; 26:22; Judas 14, 15.
Estes livros foram escritos para situações especiais, com aplicações locais, e em
virtude destas circunstâncias não foram introduzidos no cânon. Suas mensagens, embora
úteis para necessidades locais, não foram reputadas de transcendental importância para as
gerações futuras.

Ordem Cronológica dos livros do Velho Testamento

A familiarização com a ordem cronológica dos livros do Velho Testamento é desejável,


a fim de obter um acurado conhecimento do tempo ou colocação do ministério de cada profeta
em relação com os movimentos e crises principais em Israel, juntamente com os das nações
vizinhas.
Segundo as autoridades mais dignas de confiança, é geralmente aceito que o livro de
Jó seja o mais antigo do Velho Testamento, escrito por volta do ano 1600 A.C.; e Malaquias,
o último dos profetas do Velho Testamento a escrever, ao passo que Neemias provavelmente
escreveu bem pouco antes de Malaquias – mais ou menos em 400 A.C.

JÓ. – "Antes que os primeiros poetas do mundo houvessem cantado, o pastor de Midiã
registrou as . . . palavras de Deus a Jó." – Educação, pág. 158. A autoria de Moisés lhe é
amplamente atribuída pelos exegetas. Supõe-se ser o mais antigo dos livros da Bíblia. A
composição é inteiramente patriarcal. É inconcebível que, tratando do pecado, do governo
divino e da relação do homem para com Deus, nenhuma alusão à lei e ao sistema mosaico
nele aparecesse, se já estes houvessem sido dados. Quanto ao tempo, vem
cronologicamente depois de Gênesis 11.

Há uniformidade da parte de todas as autoridades no tocante à ordem dos livros do


Pentateuco, chamado pelos judeus "A Lei" ou "torah", a primeira seção dos sagrados escritos.

PENTATEUCO. – A autoria mosaica do Pentateuco é reconhecida por todos os


exegetas conservadores. "O Pentateuco, como obra de Moisés, . . . formou uma divisão do
cânon e em conformidade cronológica ocupou o primeiro lugar na coleção." – Davis. "Nas
cópias do manuscrito, que antecedem a era da imprensa, a ordem dos livros da Torah . . . é
universalmente a mesma:" – Margolis. Assim se chamavam eles: Gênesis (princípio das
coisas); Levítico (Levitas, Sacerdotes, Leis e Ordenanças); Números (Recenseamento e
Peregrinações); e Deuteronômio (Repetição da Lei).

JOSUÉ. – Primeiro livro da segunda divisão judaica: "Os profetas" ou Nebilim, os


quais, por sua vez, estão divididos em "Primeiros" (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e "Últimos."
"A ordem . . . dos primeiros profetas é universalmente a mesma." Margolis, pág. 13. "Não há
variação na . . . seqüência de Josué, Juízes, Samuel e Reis." Enciclopédia Judaica, vol. 3,
pág. 144.

JUÍZES. – Este livro cita os nomes dos juízes que se levantaram para livrar a Israel do
declínio na desunião que seguiram à morte de Josué. Registra sete apostasias, sete servidões
a sete nações pagãs, e sete livramentos. Autor desconhecido, mas possivelmente Samuel.

RUTE. – O tempo dos eventos é afirmado ser "nos dias em que julgavam os juízes"
(cap. 1:1). Deveria ser lido em conexão com a primeira metade de Juízes. A genealogia
termina com Davi. Autor: possivelmente Samuel.
I e II SAMUEL. – No cânon hebraico os dois são considerados um só. I Samuel 1 a
24, escritos por Samuel; o restante, provavelmente por Natã e Gade (I Crôn. 29:29). Registam
o estabelecimento do centro político de Israel em Jerusalém (II Sam. 5:6-12) e o centro
religioso em Sião (II Sam. 6:1-17; comparar com o Cap. 5:17). Sião e Moriá eram eminências
distintas. II Samuel marca a restauração da ordem por intermédio da entronização de Davi
como rei. Com Samuel começa notável linha de profetas-escritores, que continua até
Malaquias.

I e II REIS. – Também considerado outrora um livro em duas partes. Registam os


reinados de todos os reis, de Salomão até o cativeiro. Elias, Eliseu, Jonas, Joel, Amós, Oséias,
Isaías, Miquéias, Obadias, Naum, Jeremias, Sofonias e Habacuque profetizaram durante esse
período. Também aparece dentro desse período um grupo inteiro de profetas orais. Não se
descobre a identidade do autor, possivelmente tenha sido Jeremias.

I e II CRÔNICAS. – Semelhantemente, um só e livro no cânon judaico. Conquanto


sejam principalmente uma repetição, suplementam o relato dos Reis, omitindo certos
aspectos, mas apresentando registro mais completo de Judá e, por assim dizer, nenhuma
história de Israel. Supõem muitos haver sido Esdras o compilador. O livro de Isaías já existia
quando estes foram escritos (II Crôn. 32:32). Provavelmente o último dos livros históricos,
com exceção de Esdras, Neemias e Ester. Fazem uma série de monografias de Natã, Samuel,
Gade, Ido, Jeú e numerosos outros profetas orais. Cumpre observar que os eventos e seu
registro nem sempre são sincrônicos, como no caso de Gênesis e Jó. As Crônicas são
colocadas em último lugar no cânon judaico.

SALMOS. – O nome significa "louvores". Pertence à terceira seção conhecida entre


os judeus por "Os Escritos" ou kethubhim. Muitos deles têm que ver com experiências
especais ou crises. Vinte e um se referem definidamente a episódios na história de Israel,
desde Moisés até a Restauração. Davi é o autor da grande maioria, apesar de os títulos no
alto dos capítulos atribuírem salmos a Moisés, Salomão, filhos de Asafe e Etã. Autoridades
declaram que estes títulos são parte integrante dos salmos.

CANTARES DE SALOMÃO. – "Cânticos" é outro título. Este livro acha-se em todas


as listas antigas. Atribuído a Salomão (Cap. 1:11).
PROVÉRBIOS – Pronunciados e compilados por Salomão. Ele os colocou em ordem.
Os capítulos 25-29 foram transcritos no tempo de Ezequias. Os capítulos 30 e 31 são,
respectivamente, de Agur e Lemuel.

ECLESIASTES – O nome significa "O Pregador", Indubitavelmente, foi escrito perto


do fim da vida de Salomão, e trata do problema da vida.
JONAS. – Provavelmente o primeiro dos profetas "menores" (assim chamados porque
seus escritos são mais curtos do que os dos profetas "maiores", e não por serem de menor
importância, ou por haverem profetizado depois destes). Viveu e profetizou durante o reinado
de Jeroboão II (II Reis 14:25).

JOEL. – Começa a grande era da composição poética. Um dos primeiros dentre os


profetas "menores". Não existe indicação direta quanto à data. O peso da evidência haveria
de colocá-lo pouco antes do ano 800 A.C. Possivelmente contemporâneo de Eliseu, e não
muito distante do período de Oséias e Amós.
AMÓS – Escrito quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1).
Ambos os monarcas tiveram reinados longos. Limitando sua profecia ao reinado destes reis,
a data mais provável de sua autoria deve ser, aproximadamente, de 780-730 A.C.

OSÉIAS. – Contemporâneo mais novo de Amós, continuando até depois do cativeiro


de Israel. Seu ministério foi longo. Profetizou no reinado de Uzias, João, Acaz e Ezequias, de
Judá, e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Uzias e Jeroboão foram contemporâneos por vários
anos. Colocado entre os profetas menores em primeiro lugar, porque seu escrito é um dos
maiores.

ISAÍAS – O primeiro dos profetas "maiores". A visão inaugural data do ano da morte
de Uzias. Seus trabalhos se estenderam através de longo período – cerca de sessenta anos.
Contemporâneo de vários profetas.

MIQUÉIAS. – Contemporâneo mais novo de Isaías (Cap. 1:1; comparar com Isa. 1:1).
Profetizou antes da queda de Samaria (1:1 e 6; Jer. 26:18), e durante o reinado de Peca e
Oséias, em Israel, e de Jotão, Acaz e Ezequias, em Judá,

NAUM. – Profetizou pouco antes da queda de Nínive, ou apenas bem pouco antes do
ano 600 A.D. Relata a destruição de Nô-Amom (Tebas), ocorrida cerca de meio século antes
dessa data.
SOFONIAS. – Viveu na primeira parte do reinado de Josias (Cap. 1:1) e foi
contemporâneo, em parte, de Jeremias. Fala da destruição de Nínive como estando no futuro
(2:13).

JEREMIAS. – Recebeu o chamado para profetizar quando ainda jovem, no décimo


terceiro ano de Josias (1: 2), enquanto Sofonias estava proclamando mensagens vibrantes.
Durante anos seus ensinos foram orais; então lhe foi ordenado que escrevesse (36:1 e 2).
Trabalhou durante longo período – mais que quarenta anos. Contemporâneo de Habacuque,
Ezequiel e Daniel. Testemunhou o fim de Judá e a queda de Jerusalém.

LAMENTAÇÕES. – Hinos fúnebres de Jeremias, quando em meio às ruínas de


Jerusalém, e testemunhando-lhe a subversão, com a alma comovida à vista dessa desolação.

HABACUQUE. – Profetizou nos últimos anos de Josias, na véspera do cativeiro, isto


é, pouco antes de 600 A.C.

EZEQUIEL. – Levado para Babilônia durante a segunda parte do cativeiro, no reinado


de Joaquim (cap. 1:2), pouco depois da deportação de Daniel. Profetizou durante vinte e dois
anos (1:2 e 29:17). Contemporâneo de Jeremias e Daniel.

DANIEL. – Levado para Babilônia durante o reinado de Jeoaquim (1:1). Profetizou


durante o período do cativeiro. Contemporâneo de Ezequiel e Jeremias. Provavelmente, sua
profecia foi colocada entre "Os Escritos" porque, embora Daniel tivesse o dom de profecia,
não exercia oficialmente o cargo de profeta. "Em todos os catálogos dos escritos do Velho
Testamento, fornecidos pelos primeiros Pais, até o tempo de Jerônimo, Daniel é classificado
entre os profetas, geralmente na posição que ocupa na versão comum. Na Versão dos
Setenta, também é classificado entre os profetas, depois de Ezequiel. . . . O lugar designado
a Daniel não foi, pois, . . , o que teve no período precedente ou o que ocupou originalmente."
– McClontock e Stong.

OBADIAS. – É difícil precisar a data: antes ou pouco depois da queda de Jerusalém.


As evidências internas dão preferentemente crédito à última.

ESDRAS – História parcial da restauração depois do Exílio. Primeiramente unido a


Neemias como um só livro, em duas partes. Cronologicamente, segue pouco depois de
Daniel. Abrange a História desde a queda de Babilônia até 456 A.C., ao passo que Neemias
narra os eventos ocorridos até perto de 432 A.C. Evidentemente, o cânon foi organizado no
tempo de Esdras.

AGEU – Profetizou aos restantes depois do Exílio, a data exata é o segundo ano de
Dario (1:1).
ZACARIAS – Começou logo depois de Ageu (comparar o Cap. 1:1 com Ageu 1:1), e
certamente sobreviveu a seu contemporâneo. A primeira data que aparece no livro é o
segundo ano de Dario (1:1 e 7); a última, é o quarto ano do reinado do mesmo rei (7:1).

ESTER – Cronologicamente, o livro segue Esdras 6. Os eventos deram-se no reinado


de Xerxes I, entre as duas expedições. Autor desconhecido.

NEEMIAS – Provavelmente escreveu pouco antes de Malaquias, seu contemporâneo.


Continua e completa o registro de Esdras. O uso da primeira pessoa denota sua autoria.

MALAQUIAS – O último dos profetas do Velho Testamento que se dirigiu aos


restantes vindos do exílio, como Neemias é o último dos historiadores desse período.
Contemporâneo de Esdras e Neemias. Profetizou durante a ausência deste último que estava
na Pérsia." (Este artigo foi publicado na Revista Adventista, novembro de 1971, págs. 4-6).

O Cânon do Antigo Testamento

I – Divisão Judaica (24 livros)

§ A Lei (Torah) (5-Pentateuco) - Os Profetas (Nebilim) (8) - Gênesis Anteriores (4) -


Posteriores (4)
o Êxodo, Josué, Isaías, Levítico, Juízes, Jeremias, Números, Samuel (I, II),
Ezequiel, Deuteronômio, Reis (I, II),
§ 12 Prof. Menores
o Oséias, Naum, Joel, Habacuque, Amós, Sofonias, Obadias, Ageu, Jonas,
Zacarias, Miquéias, Malaquias
§ Os Escritores (Hagiógrafos) (Ketubim) (11)
o Poéticos (3), Profético (1)
o Salmos, Provérbios, Jó
o Daniel
§ Históricos (2)
o Esdras, Neemias
§ Rolos (5)
o Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester

II – Divisão Cristã (39 livros)

§ A Let (Torah) (5-Pentateuco) - Históricos (12) - Poéticos (6)


o Gênesis, Êxodo, Josué, Jó, Juízes, Salmos, Levítico, Rute, Provérbios,
Números I e II, Samuel, Eclesiastes, Deuteronômio, I e II Reis, Cantares, I e II
Crônicas, Lamentações, Esdras, Neemias, Ester
§ Proféticos (16) - Maiores (4) Menores (12)
o Isaías, Oséias, Jeremias, Joel, Ezequiel, Amós, Daniel, Obadias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias

Divisão do Cânon do Novo Testamento

§ Evangelhos (4) - Históricos (1)


o Mateus, Marcos, Lucas, João
o Atos
(Mateus, Marcos e João são chamados Sinóticos)

§ Epistolas (21) Profético (1)


Paulinas (14) Universais (7) Apocalipse
o Romanos, Tiago, I e II Coríntios, I e II Pedro, Gálatas, I, II e III João, Efésios,
Judas, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito,
Filemon, Hebreus

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