Cult 239 - Graciliano Ramos
Cult 239 - Graciliano Ramos
Cult 239 - Graciliano Ramos
coluna
Bianca Santana
Wilson Gomes
história
Sobre uma Democracia sem República
estante cult
É preciso mergulhar
BIANCA SANTANA
Georg Lukács sugeriu que muitas vezes obras de arte são revitalizadas
quando respondem a ansiedades ou preocupações semelhantes àquelas
da época em que foram originalmente produzidas. Isto é certamente o
caso com as mais marcantes adaptações de Graciliano Ramos. Quando o
Cinema Novo surgiu nos anos 1960, encontrou modelos culturais
internos no movimento modernista dos anos 1920, com sua
experimentação com a linguagem artística e seu nacionalismo cultural, e
no romance social dos anos 1930, com o seu engajamento político.
Nessa veia, a obra de Graciliano Ramos foi central. Três adaptações de
livros de Graciliano, dirigidos por dois dos fundadores do Cinema Novo,
são obras-primas do cinema brasileiro: Vidas secas (Nelson Pereira dos
Santos, 1963), São Bernardo (Leon Hirszman, 1972) e Memórias do c
árcere (Nelson Pereira dos Santos, 1984). Vale lembrar que outras obras
de Graciliano também foram levadas ao cinema ou à televisão, caso de
Insônia (1980), longa composto de três curtas baseados em contos, e
Alexandre e outros heróis (TV; Luiz Fernando Carvalho, 2013).
Esses filmes são exemplares por sua intervenção em circunstâncias
sociopolíticas específicas em três momentos da história recente do país.
Vidas secas foi lançado no período antes do golpe de Estado de 1964.
São Bernardo surgiu no período mais repressivo da ditadura militar. E
Memórias do cárcere foi produzido durante a abertura política que
levaria à redemocratização. Juntos, os três revelam a atualidade de
Graciliano, as conexões importantes entre a produção cinematográfica
do período pós-1960 e o romance social dos anos 1930, e as
semelhanças entre as duas épocas.
Quando Nelson Pereira dos Santos filmou Vidas secas (1938), seu
objetivo era não apenas fazer uma homenagem ao romancista e uma
adaptação de uma obra-prima literária; também queria participar do
debate, que acontecia na época, sobre a reforma agrária: “Naquele
momento havia grandes discussões no Brasil sobre o problema agrário.
Pensei que o cinema também devia participar do debate, e que a minha
contribuição poderia ser a de um cineasta que rejeitasse uma visão
sentimentalizada”.
No filme, o diretor reorganiza o material básico do romance numa
narrativa algo mais linear. Ao mesmo tempo, encontra equivalências
criativas ao estilo de Graciliano, particularmente em relação ao ponto de
vista narrativo. O romance usa um estilo indireto livre que permite ao
narrador captar os pensamentos e sentimentos das personagens, inclusive
da cachorra Baleia, sem sair da terceira pessoa, o que resulta numa
combinação eficaz de objetividade e subjetividade.
No filme, o discurso indireto livre dá lugar a imagens da incapacidade
das personagens de articularem verbalmente os seus pensamentos,
porque mal falam. Ao mesmo tempo, consegue transmitir a perspectiva
de todos os membros da família através do uso de câmera subjetiva e do
campo contracampo. Também usa o movimento da câmera, ângulo, foco
e exposição para realçar esta visão subjetiva.
Vidas secas representa perfeitamente o que Glauber Rocha descreveu
como uma “estética da fome”. Lida com a questão da fome desde as
primeiras sequências, mas também incorpora a escassez de recursos
como parte da sua elaboração estética. Como escreveu Ismail Xavier, em
vez de imitar o cinema dominante, o que faria o seu trabalho apenas
sintomático do subdesenvolvimento, os cinema-novistas resolveram
resistir, transformando a escassez em elemento significante. O filme de
Nelson Pereira dos Santos, com seu sóbrio realismo crítico, representa o
melhor da primeira fase do Cinema Novo. Consegue levar o romance de
Graciliano à tela de forma altamente criativa, mantendo as preocupações
centrais do romance ao mesmo tempo que mostra a sua relevância para a
conjuntura sociopolítica do começo dos anos 1960.
Em 1971, três anos depois da imposição do AI-5, Leon Hirszman
embarcou na produção de uma versão de S. Bernardo . Por causa da
censura, discussões diretas de questões sociais e políticas eram difíceis,
e o cinema brasileiro muitas vezes se caracterizava por um discurso
alegórico e às vezes hermético. São Bernardo marca uma volta ao
realismo crítico que caracterizava alguns dos melhores filmes do Cinema
Novo nos anos 1960.
Completado em 1972, o filme foi lançado em 1973, depois de ser
detido pela censura por sete meses. Em suas negociações com os
censores, Hirszman argumentou que o filme era uma adaptação fiel de
um clássico da literatura brasileira e um tributo apropriado ao Graciliano
no octogésimo aniversário do seu nascimento. De certo modo, o que
tornou o lançamento do filme problemático foi exatamente a sua
fidelidade ao romance. Se por um lado São Bernardo faz uma
declaração universal a respeito das relações entre propriedade e
personalidade, por outro faz uma asserção a respeito do Brasil do
chamado “milagre econômico”. Como o diretor disse: “O romance de
Graciliano Ramos é tão rico que ultrapassa suas limitações temporais e
chega a nossos dias com seu relato de um homem que se dedica ao
processo de acumulação capitalista”.
Tanto o romance quanto o filme abrem com uma metáfora econômica.
No primeiro capítulo do romance, o protagonista Paulo Honório conta
que havia proposto a composição de um romance baseada numa divisão
de trabalho entre vários amigos. O filme, por sua vez, abre com a
imagem de uma cédula de cinco mil-réis, assim enfatizando o tema
central das duas obras: a obsessão pela acumulação de propriedade e
capital e a resultante reificação de seres humanos. A obsessão de Paulo
Honório com a propriedade leva não apenas ao suicídio de Madalena,
mas também a sua própria destruição como ser humano e a sua solidão
existencial. A última imagem do filme contrasta Paulo Honório, sozinho,
com os trabalhadores, que trabalham e cantam juntos.
São Bernardo se compõe em grande parte de planos-sequência
filmados com uma câmera estática, o que traduz a imobilidade final do
protagonista e abre espaço para a reflexão por parte do espectador. Ao
mesmo tempo, expressa cinematograficamente o estilo esparso,
econômico, e autorreflexivo do romance. O filme São Bernardo – assim
como o romance original – analisa os efeitos do processo de acumulação
no ser humano, inclusive a alienação, violência e destruição, de si
mesmo e dos outros, que fazem parte do sistema econômico regente nos
anos 1930 assim como nos anos 1970.
A adaptação de Memórias do cárcere (1953), por Nelson Pereira dos
Santos, continua a tradição política dos dois filmes anteriores,
transformando-se num símbolo cinematográfico do processo que levaria
à volta da democracia. No livro, Graciliano relata sua experiência como
prisioneiro político entre março de 1936 e janeiro de 1937, sem nunca
ter sido acusado formalmente. É uma denúncia eloquente do abuso do
poder sob o autoritarismo e das condições degradantes e abjetas a que
foram submetidos o autor e muitos outros opositores do regime. O filme
dá novo alento ao relato de Graciliano, de modo a refletir criticamente
sobre o Brasil e sua história de autoritarismo. Memórias do cárcere
oferece a prisão como metáfora da sociedade brasileira, criando um
paralelo entre o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) e a
ditadura militar que se impôs no país em 1964.
A série de prisões que aparecem no filme confinam homens e
mulheres de todas as classes e profissões: intelectuais, soldados,
trabalhadores manuais, ladrões, políticos, religiosos, e assassinos.
Apesar das suas muitas diferenças, eles têm em comum o fato de serem
oprimidos por um sistema político arbitrário e autoritário que impõe sua
vontade através da força, submetendo-os a um mundo subterrâneo de
intolerância e violência, tão representativo dos porões da ditadura pós-
1964 quanto do regime Vargas nos anos 1930.
Memórias do cárcere é um de vários filmes que expressam o desejo
de liberdade política num momento da abertura – e coincidente com o
movimento Diretas Já – que levaria à redemocratização. Como o livro,
denuncia o autoritarismo em todas as suas formas. A trilha sonora, por
exemplo, recupera para o movimento democrático o Hino Nacional, que
havia sido usado durante a ditadura para tachar a oposição de não
patriótica.
Mas os temas centrais de Memórias do cárcere são a liberdade, não a
opressão; a resistência, e não a submissão. A cabeça raspada de
Graciliano é um símbolo do tratamento ignominioso que regimes
autoritários impõem aos dissidentes, suspeitos ou reais. A determinação
de Graciliano de registrar a sua experiência, de resistir, representa uma
reafirmação da sua fé na participação política e na democracia. Sua
liberação é uma conquista coletiva, não individual.
No filme, Nelson Pereira dos Santos discute não apenas a natureza
autoritária da sociedade brasileira, mas também o papel do escritor e
artista no debate e na resistência política. Como Ismail Xavier observa,
ao focalizar o escritor, que é frequentemente visto isolado dos outros
presos, pelo menos em termos de espírito se não de espaço, o filme
parece afirmar a missão da literatura – e, por extensão, do cinema –
como meio de documentar a época, a memória e a história. Reforça a
importância do ato de escrever e do intelectual no processo social. É
significativo que, perto do final do filme, os outros presos se unem com
o escritor, escondendo as suas memórias dos guardas. Assim, Graciliano
deixa a prisão em triunfo, já que a brutalidade dos guardas e a opressão
da vida na prisão deram um novo sentido a sua vida e a sua literatura.
Como escreveu a sua filha, Clara Ramos, ele saiu da prisão outro
Graciliano, “um homem reestruturado ideologicamente”.
Com a sua visão crítica e sua dedicação intransigente a sua arte, que é
exemplar por sua combinação do político e do estético, Graciliano serviu
de modelo importante para novas gerações de artistas e fonte de
inspiração para intelectuais e artistas em décadas subsequentes que
tentaram entender os mecanismos operantes da sociedade brasileira. Os
três filmes mencionados aqui são exemplos perfeitos do impacto e da
importância duradouros do escritor.
Heróis subestimados
LILLIÂN ALVES BORGES E EDMAR MONTEIRO FILHO
Em 1962, nove anos após a morte de seu autor, surgiu a primeira edição
de Alexandre e outros heróis , de Graciliano Ramos. Tratado como
“obra póstuma” à época, o livro reúne três textos direcionados ao
público infantil, dois dos quais já haviam sido publicados anteriormente.
Histórias de Alexandre , que abre a coletânea, foi concluído em 1940 e
publicado quatro anos depois; A terra dos meninos pelados , de 1937,
saiu em livro no ano de 1939, e Pequena história da República , escrito
em 1940, foi o único publicado postumamente, em 1960.
Tais escritos receberam pouca atenção por parte da crítica,
dificultando seu conhecimento pelo público leitor. Entretanto, Alexandre
e outros heróis desmente a opinião de estudiosos da literatura que o
consideraram um livro menor, momento de impasse ou recreio dentro da
obra do escritor. Pelo grau de inventividade com que Graciliano aborda
diferentes gêneros, como o folclore, o conto fantástico e o texto
histórico, o livro merece vencer o preconceito que ainda acompanha a
produção voltada para o público infantil e figurar entre aqueles que
consagraram Graciliano como um dos maiores escritores da literatura
brasileira do século 20.
Em A terra dos meninos pelados , Graciliano apresenta Raimundo, um
menino que possui a cabeça calva, um olho preto e outro azul.
Ridicularizado por seus colegas por ser diferente, Raimundo cria, no
passeio de sua casa, o país de Tatipirun, habitado por animais e objetos
fantásticos, onde não há violência, o ambiente é aconchegante e todas as
crianças têm aparência semelhante à dele. Assim, o menino deixa uma
realidade adversa e mergulha num espaço de aceitação, igualdade e
respeito. Entretanto, essa fábula, que parece elogiar o uso da imaginação
como forma de fugir às dolorosas condições do real, sofre uma decisiva
mudança quando Raimundo prefere enfrentar seus problemas em vez de
seguir vivendo em uma terra utópica, demonstrando a segura opção de
seu autor pelo repúdio à literatura escapista praticada tanto pelos
românticos quanto por inúmeros romancistas de sua geração.
Especialmente a partir da experiência no cárcere, Graciliano pautava-se
em uma literatura combativa, de denúncia da miséria e da desigualdade;
portanto, nada mais inadequado para tais posições que a atitude do
menino humilhado que decide se refugiar num país imaginário como
forma de se ver livre das agruras e crueldades do mundo. O
menino/escritor conhece esse país onde imperam a igualdade e o
respeito, espaço onde nada tem a temer. Entretanto, convidado a
permanecer ali, vem a recusa, em função das obrigações deixadas em
sua Cambacará natal. Raimundo despe-se dos trajes do país de Tatipirun
e dá adeus aos habitantes da terra dos meninos pelados, consciente de
que retorna mais fortalecido para suas responsabilidades, sintetizadas
nas “lições de geografia” que precisa estudar e, sobretudo, ensinar.
Em Histórias de Alexandre , temos a narrativa das façanhas de um
sertanejo velho, pobre, com um olho torto, que desfia histórias para uma
plateia fiel, contando com a cumplicidade de sua mulher, Cesária. Assim
como Alexandre, protagonista invariável das histórias que narra, o
público é formado por excluídos, invisíveis sociais: um curandeiro, um
cantador, uma benzedeira e um cego. E é na tentativa de fugir a essa
invisibilidade que Alexandre imagina suas histórias, repletas de animais
falantes, objetos mágicos e toda sorte de acontecimentos fabulosos. As
efabulações fantásticas sobre o seu passado de riqueza e glórias são
desmentidas pela condição de pobreza em que vive. Dessa forma, a
palavra de Alexandre tem o condão de construir para si um prestígio e
um espaço social negados pela realidade. E se o exímio vaqueiro, o rico
proprietário e o negociante habilidoso que protagonizam as narrativas
fantasiosas sobre o passado de Alexandre não deixaram sinais no
sertanejo pobre, Graciliano aproveita-se desse espaço para inserir uma
dura crítica às condições de penúria do Nordeste brasileiro, às voltas
com a decadência e a miséria promovidas pela seca e pelo descaso
governamental. Misto de texto folclórico e conto maravilhoso, Histórias
de Alexandre encanta pela potencialidade das discussões que vislumbra,
fazendo uma espécie de síntese da obra adulta do escritor. Nesse jogo
fascinante, em que imperam a ironia, o insólito e a crítica social, cabem
ainda abordagens sobre o próprio fazer literário.
Pequena história da República , por sua vez, não traz uma narrativa
em que a imaginação impera, nem muito menos mundos utópicos; ao
contrário, em breves pinceladas, surge um retrato do período republicano
em registro de crônica, marcado pela ironia, pelo sarcasmo e pela
impressão memorialística, diferentemente de um discurso histórico
sustentado pela documentação e pelo rigor metodológico. Se a história
oficial já havia contado a história dos vencedores, Graciliano adota um
ponto de vista distinto. Elabora um híbrido de enciclopédia da Primeira
República com texto literário, mostrando uma visão multifacetada do
período, direcionada às crianças. Graciliano repudia o moralismo, brinca
com personagens históricas, como no verbete “Os homens”, no qual
imagina o ditador Getúlio Vargas ainda criança, cavalgando cabos de
vassoura. Em linguagem fácil – e não facilitadora – o livro não se nega a
identificar “safadezas”, “bagunças” e “azedumes” entre os fatos
narrados; rebaixa o registro historiográfico ao mesmo tempo em que
confere ares de farsa trágica ao pretenso texto histórico. Políticos astutos
são “raposas”; os chamados “Dezoito do Forte” são qualificados como
“doidos”; as revoluções são apresentadas como “encrencas”; as batalhas
tornam-se “confusões medonhas”; os sobreviventes de Canudos são
“fanáticos inúteis”, e o próprio Antônio Conselheiro nasce “numa
família de malucos”. A narrativa episódica, com trechos que muitas
vezes não atingem dez linhas, desconstrói o texto histórico ao desfazer o
sentido de continuidade que a disposição cronológica dos
acontecimentos tenderia a construir, destruindo qualquer ilusão de
cientificidade e pretensa objetividade discursiva.
Raimundo, com um olho azul e outro preto, e Alexandre, com seu
olho torto, representam o olhar crítico, enviesado, que Graciliano Ramos
utiliza para esgarçar a realidade. Pelos caminhos tortuosos da fantasia,
surge em paradoxo um mundo real: repleto de injustiças, invisibilidade
social, desmandos políticos, histórias oficiais inventadas. É com os olhos
de Raimundo e Alexandre que Graciliano cria a Pequena história da
República e subverte o esquema clássico do livro de História para
crianças, pois sua abordagem subjetiva, marcada pelas experiências de
encarceramento físico e intelectual, traduz a visão daqueles que sempre
estiveram à margem da sociedade.
A literatura infantil de Graciliano Ramos não representa uma fuga de
seu percurso estético-literário. Suas obras dirigidas às crianças dão
continuidade às reflexões de um autor sempre incomodado com a
desigualdade. Os personagens a quem o autor concede vida em seus
textos literários, tanto em Vidas secas e S. Bernardo , como em
Histórias de Alexandre ou A terra dos meninos pelados , são sujeitos
castigados e humilhados, seja pelo mecanismo cruel da sociedade
capitalista, seja pela modernização insensível, seja pelo preconceito que
esmaga a diferença. Por isso, não se pode falar em dispersão ou
irreflexão na trajetória artística de Graciliano, mas em uma tentativa
lúcida e coerente de demonstrar para adultos, jovens e crianças que o
mundo não é feito de uma única verdade, de uma História única. Sendo
assim, Pequena história da República também se insere com perfeição
nesse projeto, uma vez que traz um olhar renovador, leve, sobre os fatos
sempre tratados de forma engessada, segundo a visão dos donos do
poder.
Em Alexandre e outros heróis , Graciliano demonstra como é possível
produzir uma literatura infantil sem infantilizar ou facilitar a linguagem,
incluindo a criança no processo de construção de sentido. Para isso,
utiliza-se do fantástico e do humor como formas de buscar uma
identificação entre o leitor mirim e o imaginativo Alexandre, o sofrido
menino Raimundo ou o narrador debochado de episódios da história do
Brasil.
Quando a crítica literária coloca à margem uma parcela significativa
da literatura de Graciliano Ramos, considerando-a menor, justamente
por ser voltada às crianças, perde de vista a riqueza e a diversidade desse
conjunto criativo. Dialogando continuamente com os excluídos, o
escritor mantém sua coerência ao eleger o público infantil como foco
desses importantes e subestimados textos. Mas que não se imagine que
Alexandre e outros heróis limita seus atrativos ao gosto infantil. Nascido
sob a ditadura do Estado Novo, o livro aborda com sutileza alguns temas
essenciais para a compreensão do Brasil do seu tempo, sujeito aos
rigores da censura, aos debates intelectuais em torno da realidade
brasileira e às profundas transformações que agitavam o país. Assim, ao
mesmo tempo que presta importante homenagem à inteligência das
crianças, encanta também os adultos sensíveis, capazes de enxergar nas
histórias bordadas de fantasia e em sua sarcástica apreciação da história
política brasileira um refinado espaço literário de denúncia e crítica
social.
Vida, literatura e engajamento
JEAN PIERRE CHAUVIN E RODRIGO JORGE RIBEIRO NEVES
Graciliano Ramos
Maceió, 5-4-1935
Rua do Macena, 159
entrevista Oswaldo Akamine Jr.
Exceção de ocasião
AMANDA MASSUELA