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Revista Amazônica de Ensino de Ciências | ISSN: 1984-7505

RELATO DE EXPERIÊNCIA

AS CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DA PÓS-


GRADUAÇÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA
EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS
The conceptions of graduate students about the
importance of experimentation in Science
education
Rita de Cássia Silva Costa1
Régia Chacon Pessoa de Lima2
Oscar Tintorer Delgado3
Juciel Silva Souza4
Ivanise Maria Rizzatti5
Josimara Cristina de Carvalho Oliveira6
(Recebido em 17/10/2015; aceito em 14/01/2016)
Resumo: Este trabalho teve por objetivo investigar a concepção de estudantes da pós-graduação em
ensino de ciências sobre o uso de experimentação com materiais alternativos, no intuito de colaborar
com o ensino-aprendizagem na educação básica. A pesquisa ocorreu no ano de 2014 no laboratório
de química da Universidade Estadual de Roraima, durante as aulas da disciplina “A experimentação
no Ensino de ciências”, com a participação de 08 estudantes, com formações nas áreas de química,
física e pedagogia. A atividade consistiu na demonstração de dois experimentos, cujos conceitos
abordados foram debatidos a partir dos conhecimentos prévios dos sujeitos. Após a atividade aplicou-
se um questionário, com o qual comprovou-se a importância das aulas experimentais numa
perspectiva de aprendizagem participativa e significativa. Os resultados obtidos demonstraram que
grande parte do material foi considerado interessante e que o uso da experimentação é uma atividade
importante para o processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: ensino de ciências. ensino-aprendizagem. laboratório.
Abstract: This study aims to investigate the conception of graduate students in science education
about the use of experimentation with alternative materials in practical classes, in order to contribute
to the teaching and learning of Science in basic education. This research was carried out in 2014 in
the chemistry laboratory of the State University of Roraima, during the classes of the subject
"Experimentation in Science Education" with the participation of 8 graduate students from the areas of
Chemistry, Physics, and Pedagogy. The activity consisted of the development of two experiments,
which addressed concepts were discussed based on previous knowledge of the participants. After the
activity, a questionnaire was applied, which analysis revealed the importance of experimental classes
in a participatory and meaningful learning perspective. The results showed that most of the material
was considered interesting and the use of experimentation is an important activity for the teaching-
learning process.
Keywords: Science teaching. Teaching-learning. Laboratories.

1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências na Universidade Estadual de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. E-mail: risosta@yahoo.com.br
2
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade Estadual de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil E-mail: regiachacon@ig.com.br
3
Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade Estadual de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. E-mail: tintorer@bol.com
4
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências na Universidade Estadual de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. E-mail: juciel.souza@hotmail.com
5
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade Estadual de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. E-mail: niserizzatti@gmail.com
6
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade Estadual de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. E-mail: josi903@yahoo.com.br
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RELATO DE EXPERIÊNCIA

Introdução
O ensino de ciências na atualidade tem sido um tema amplamente discutido, tanto
na formação de professores nos cursos de licenciatura, bem como nos cursos de
pós-graduação, acadêmico ou profissional, em ensino de ciências. Estas discussões
tentam de certa forma compreender e, a partir dessa compreensão, vislumbrar
melhorias futuras no processo de ensino-aprendizagem em ciências. Uma vez que
as aulas de ciências nas escolas públicas são, em sua grande maioria, meras
reproduções do material didático transcritos na lousa.
Com o objetivo de contribuir de forma significativa para a melhoria no processo de
ensino-aprendizagem em ciências, este trabalho visou avaliar as concepções dos
estudantes de pós-graduação sobre a experimentação com materiais alternativos,
como proposta metodológica para a melhoria na formação complementar dos
profissionais em educação em ciências.
A proposta, em questão, apresenta dois experimentos, onde se buscou organizar as
informações a partir de elementos teóricos que compõem suas estruturas científicas.
Nesse contexto, o primeiro discute o processo de “Descontaminação da água por
eletrofloculação”; abordando em sua estrutura os conceitos de oxidação, catodo,
anodo, entre outros conceitos da eletroquímica. E o segundo experimento, “as cores
que se movem”; no qual estão envolvidos os conceitos de interações
intermoleculares, micelas, dentre outros.
Cada experimento foi dividido em três etapas: consistindo na primeira, a discussão
sobre os conhecimentos prévios dos sujeitos e o conteúdo em questão. Na segunda
etapa, a realização do experimento e, na terceira e última fase, a aplicação de um
questionário com perguntas abertas e fechadas.
Assim, procurou-se investigar a concepção dos estudantes de pós-graduação sobre
a importância das atividades experimentais no ensino de ciências, sua contribuição
para o aprendizado e as dificuldades encontradas no uso do laboratório de ciências.

O Experimento contribui para a aprendizagem nas aulas de Ciências?


O mundo está em pleno desenvolvimento científico, e o ensino de ciências deve
propor situações-problema e trabalhos que gerem reflexões, permitindo a
participação ativa dos alunos em assuntos que tenham relação com o dia-a-dia. O
procedimento experimental tomou rumos mais abrangentes, destacando-se neste
universo de mudanças por intermédio do professor.
Nesse contexto, Giordan (1999), afirma que os professores de ciências conhecem a
experimentação como aliada no processo de ensino e a consideram como
importante, seja para despertar o interesse, seja para ampliar a capacidade de
aprendizado dos estudantes, em todos os níveis de escolarização.
Axt e Moreira (1991) concordam que os experimentos com materiais alternativos
despertam nos estudantes, grande interesse, por serem mais acessíveis
economicamente e com isso os estudantes entendem que podem fazê-los em outro
contexto. Outra vantagem desse tipo de experimentação é a maior possibilidade de
manipulação, podendo modificá-los, permitindo, assim, as inovações nas aulas e
melhorando o aproveitamento por parte de estudantes e professores.
Assim, compreende-se que o experimento é uma importante ferramenta de
interpretação, deixando de ser somente propriedade do professor, tornando-se de
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uso dos educandos. É nesse contexto que a experimentação é de fato motivadora.


Ativando as curiosidades dos alunos, em momentos do processo de ensino,
utilizando experimentos com formato cativante, que atraiam e prendam a atenção
(LABURU, 2006).
Essas contribuições no processo de ensino podem ser atingidas a partir do uso do
procedimento experimental que, ao longo dos anos, tornou-se uma atividade muito
incentivada no meio educacional, visto que as práticas docentes vêm valorizando-o
cada vez mais. Para Espinoza, (2010) até meados do século XX, o trabalho
experimental na escola se restringia a “explicação” que o professor dava aos alunos,
para confirmar ou ilustrar seu discurso. Essa modalidade conferia um caráter
verossímil ao saber que ele tentava transmitir e lhe outorgava autoridade, uma vez
que com isso mantinha os alunos a uma distância prudente passiva.
Desta forma, a prática constitui-se como uma proposta experimental, no contexto de
uma sequência de ensino, pode se converter num instrumento para chegarmos a
diferença entre descrever e explicar e, dessa forma, entendermos as relações
estabelecidas entre experimento e teoria, questões estas que muitas vezes
aparecem como aspectos totalmente dissociados e, portanto, distorcidos
(ESPINOZA, 2010).
No ensino de Ciências, podemos destacar a dificuldade do aluno em relacionar a
teoria desenvolvida em sala com a realidade a sua volta. Considerando que a teoria
é feita de conceitos que são abstrações da realidade (SERAFIM, 2001), podemos
inferir que o aluno que não reconhece o conhecimento científico em situações do
seu cotidiano, não foi capaz de compreender a teoria.
Por esse motivo, Guimarães, (2009) aprova a experimentação e a tem como uma
preciosa ferramenta de ensino-aprendizagem, que vem sendo há muito tempo
discutida em inúmeros trabalhos na área de ensino de ciências, e que possibilita ao
estudante uma melhor compreensão do mundo a sua volta a partir da aproximação
com a experimentação.
Assim sendo, fazer o uso da experimentação é trazer para o contexto da realidade
aquilo que os estudantes já sabem na teoria, fazendo com que os mesmos possam
levantar questionamentos sobre os conteúdos já estudados e desta forma,
compreender com mais facilidade. O uso dos métodos experimentais juntamente
com o uso de jogo é uma forma de aperfeiçoar o aprendizado dos alunos, fazendo
com que o aprendizado possa ser mais significativo, argumentativo e interativo
(Guimarães, 2009).
As compreensões sobre a experimentação aqui expressas sugerem a importância
de investigar a concepção dos alunos de pós-graduação de diferentes níveis
escolares, em relação ao conceito que atribuem à experimentação, bem como a
relevância em suas aulas de ciências na relação com a construção do conhecimento
científico. Analisar estas concepções a partir do referencial da área de Educação em
ciências é o objetivo deste texto.

Procedimentos Metodológicos
O trabalho foi desenvolvido no laboratório de química da Universidade Estadual de
Roraima com 8 estudantes do Programa de Pós-Graduação em Ensino de ciências,
mais especificamente nas atividades da disciplina de Experimentação no Ensino de

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ciências; consistindo estes no desenvolvimento de dois experimentos com materiais


alternativos, posteriormente, solicitou-se que fosse respondido um questionário.
O questionário foi aplicado após os experimentos realizados no laboratório,
compostos por três etapas, sendo que a primeira formada por um conjunto de 12
questões objetivas, abrangendo os diferentes aspectos relacionados às atividades
experimentais realizadas no laboratório de química, vinculada a disciplina de
Experimentação; a segunda, composta por três perguntas em que foi abordado, o
papel da experimentação no ensino de ciências; e a terceira formada por duas
questões que tiveram como objetivo avaliar o grau de satisfação ao se utilizar
materiais alternativos para o ensino.
Assim, para tornar o processo de experimentação com materiais alternativos um
processo mais simples foi selecionado dois experimentos, estando o primeiro
descrito a seguir:
a) Descontaminação da água por eletrofloculação.
Este primeiro experimento foi desenvolvido tendo como base a sua descrição
original no livro “A química perto de você: experimentos de baixo custo para a sala
de aula do ensino fundamental e médio”; organizado pela Sociedade Brasileira de
Química no ano de 2010.
Para o desenvolvimento das atividades foram necessários os seguintes materiais:
uma bateria de 09 Volts, dois pregos comuns, dois fios de cobre medindo
aproximadamente 20 cm de comprimento, duas garras do tipo “jacaré”, dois
béqueres com capacidade para 50 mL, uma colher de cloreto de sódio (sal de
cozinha), um frasco de corante alimentício de preferência na cor verde para que se
possa ter uma boa visualização do resultado final do experimento, papel filtro para
café.
O procedimento experimental foi condicionado de acordo com as etapas descritas a
seguir:
1. Nessa primeira etapa foi adicionado aproximadamente 30 mL de água (H2O) em
um béquer com capacidade para 50 mL (que pode ser substituído por um copo
pequeno); em seguida, adicionou-se cerca de 100 mg (01colher de café) de sal de
cozinha (NaCl - cloreto de sódio), que atua como eletrólito ou “carregador dos
elétrons”, e algumas gotas de corante alimentício.
2. Em seguida foi esquematizado um sistema de maneira que os dois pregos
ficassem completamente imersos na solução em lados opostos.
3. Em seguida, os pregos conectados a uma fonte de corrente contínua (DC, uma
bateria de 09 V) foram interligados por meio dos fios de cobre comuns utilizando
garras do tipo “jacaré”. Os pregos não devem ser tocados para impedir a ocorrência
de um curto-circuito.
A medida que o corante começa a mudar de cor ao redor do catodo (prego), uma
espécie de lama (contendo hidróxido de ferro) começa a se formar. Dentro de
poucos minutos formará lama suficiente para absorver a maior parte do corante e o
experimento então é encerrado.
Em outro momento foi realizado o segundo experimento descrito a seguir:

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b) Cores que se movem:


O experimento foi conduzido numa proposta abordada no livro: “Química na cabeça:
experiências espetaculares para você fazer em casa ou na escola”. Do autor Alfredo
Luis Mateus, 2010, que utiliza materiais alternativos de simples manuseio.
Os materiais utilizados foram: 100 mL de leite integral, um prato de porcelana na cor
branca, três corantes alimentícios nas cores verde, vermelho e azul, 10 mL de
detergente neutro e um conta-gotas. O desenvolvimento experimental consistiu em
adicionar o leite no prato, e aguardou-se um momento para que o leite pudesse
estar equilibrado, ou seja, sem movimento. Adicionou-se o corante alimentício no
leite e se observou a formação das manchas coloridas e diferentes. Em seguida,
com o conta-gotas, foram adicionadas gotas de detergente em cima das manchas
de tinta e observado a movimentação das cores.

Resultados e Discussão
Dos 17 questionamentos propostos, todas as questões foram respondidas pelos oito
mestrandos, possibilitando desse modo à obtenção de uma base de dados,
contendo 17 respostas, sendo reservado o direito do anonimato.
Assim, para cada uma das questões avaliadas, destacamos neste trabalho a área de
formação como critério, para melhor compreensão dos resultados obtidos no
procedimento experimental.
Os estudantes com formação em pedagogia foram identificados com as letras A,B,
C, D, os estudantes com formação em física com as letras E, F e os estudantes com
formação em química G e H; totalizando um grupo de oito estudantes de pós-
graduação em ensino de ciências.
Na primeira etapa do questionário, todos os mestrandos responderam que acharam
interessante participar da aula sobre experimentos de eletrofloculação e de interação
molecular. Além disso, todos afirmaram que gostariam de ter outras aulas usando o
método experimental, conseguiram observar com a experimentação que a química
faz parte do seu dia a dia e que a atividade de experimentação contribui com o seu
aprendizado.
Tabela1: Primeira etapa do questionário.
Perguntas Sim Não Estudantes
1ªVocê achou interessante participar da aula sobre 100% Química, Física
experimentos de eletrofloculação? e Pedagogia
2ªVocê gostaria de ter outras aulas usando o método 100% Química, Física
experimental? e Pedagogia
3ªVocê notou com a experimentação que a química 100% Química, Física
faz parte do seu dia a dia? e Pedagogia
4ª A atividade de experimentação contribui com o seu 100% Química, Física
aprendizado? e Pedagogia
5ªAs atividades experimentais podem ser realizadas 12,5% 87,5% Química, Física
somente nos laboratórios? e Pedagogia
6ªAs atividades experimentais pouco estimulam o 12,5% 87,5% Química, Física
aprendizado? e Pedagogia

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7ª)As atividades experimentais também podem ser 100% Química, Física


realizadas nas salas de aula? e Pedagogia
8ªÉ necessário realizar atividades experimentais nas 100% Química, Física
aulas de ciências? e Pedagogia
9ªÉ possível realizar atividades experimentais com Química, Física
materiais de baixo custo, nas aulas de ciência? e Pedagogia
10ªÉ pouco necessário realizar atividades 12,5% 87,5% Química, Física
experimentais no ensino de ciências? e Pedagogia
11ª O tempo que você gasta para realizar atividades 100% Química, Física
experimentais é bastante compensador? e Pedagogia
12ª O tempo que você gasta para realizar atividades 100% Química, Física
experimentais é pouco compensador? e Pedagogia

Contudo, os estudantes com formação em pedagogia quando questionados sobre o


local onde podem ser realizadas as atividades experimentais, responderam que
estas somente podiam ser realizadas em laboratório, talvez por terem poucas
informações sobre os procedimentos experimentais com materiais alternativos,
enquanto os formados em química e física responderam que não necessita apenas
de laboratório para executar este tipo de atividade. Os pedagogos também
afirmaram que as atividades experimentais pouco estimulam o aprendizado,
enquanto os demais mestrandos acreditam no potencial da experimentação no
processo de aprendizagem.
Ademais todos os sujeitos pesquisados concordaram afirmativamente que as
atividades experimentais também podem ser realizadas nas salas de aula, que é
necessário realizar atividades experimentais nas aulas de ciências. Além disso
apontaram que é possível realizar atividades experimentais com materiais de baixo
custo, nas aulas de ciências e consideraram o tempo gasto para realizar as
atividades experimentais como bastante compensador.
Porém, na questão 10, os graduados em pedagogia, química e um em física
responderam que é necessário realizar atividades experimentais para que as aulas
de ciências possam ser mais atrativas, apenas um graduado em física discordou.
Para a questão de nº 12 “O tempo que você gasta para realizar atividades
experimentais é pouco compensador? ” Todos os estudantes afirmaram que “Não”,
apesar da prática não fazer parte da vivência de alguns professores.
Na segunda etapa do questionário foi perguntado qual o papel da experimentação
no ensino de ciências, e para os pedagogos a experimentação tem o sentido de
explicitar positivamente no sentido de contribuir de maneira significativa no processo
de ensino-aprendizagem. Para o estudante A, tem o papel de “explicar
cientificamente os acontecimentos do dia-a-dia de maneira visual”.

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Tabela 2: Segunda etapa do questionário.


Perguntas Cursos
Física Pedagogia Química
1ªQual o papel da Melhorar a Contribuir de maneira Demonstrar
experimentação no compreensão dos significativa no visualmente os
ensino de ciências? fenômenos vistos processo de ensino- conceitos
de forma teórica, aprendizagem, ministrados,
pois sendo algo explicando de forma apresentados nos
expressivo, científica os livros didáticos
requer uma boa acontecimentos do
organização do dia-a-dia.
professor.
2ªQuais as Aproximação Aumenta o estímulo, Contribuição
potencialidades que a entre os conceitos interesse, facilidade significativa na
experimentação abordados nos de entender os assimilação dos
possui? experimentos e os conceitos, conceitos.
conceitos dos curiosidade, fixação
livros didáticos, do conteúdo,
além de despertar aprendizagem mais
a curiosidade dos sólida,
alunos no campo contextualizada e
da significativa.
experimentação
3ªQuais as maiores Falta de material Conhecimento na O tempo é um fator
dificuldades para a nos laboratórios e área, apoio na limitante, além da
execução de uma aula o despreparo de aquisição de material falta de material
experimental? alguns, enquanto para o necessário e
professores. desenvolvimento da disponibilidade do
atividade, deficiência professor.
na formação no
ensino de ciências.

Para os estudantes com formação em física os procedimentos experimentais podem


ser vistos como algo expressivo e que requer uma boa dose de organização do
professor o que para o estudante E, ao afirmar que processo experimental precisa
ser bem feito “A experimentação e fazer sempre bem feito”. Já para o estudante F, o
processo experimental pode “proporciona uma melhor compreensão dos fenômenos
vistos de forma teórica”. Assim sendo, precisamos melhorar o desempenho dos
estudantes nas disciplinas estudadas uma vez que á muitas reclamações dos
estudantes sobre o modo maçante que as aulas acontecem.
Para os estudantes com formação em química, os procedimentos experimentais
com materiais alternativos demonstram por meio de suas características conforme
afirma o estudante G, “demonstrar visualmente os conceitos ministrados”. O que
reforçado pelo estudante H, “demonstrar visualmente os conceitos apresentados nos
livros didáticos”.
Esta questão dois da segunda etapa “Quais as potencialidades que a
experimentação possui?”, foi elaborada para compreender as potencialidades do
ponto de vista de estudantes em relação ás potencialidades da experimentação no
sentido de contribuir para o melhor entendimento dos conceitos relacionados.
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Os aspectos apresentados em suas respectivas respostas, os estudantes com


formação em pedagogia argumentaram os seguintes pontos importantes conforme a
resposta descrita pelo estudante A, “Muita: mais estímulo para os alunos, maior
facilidade de entender os conceitos, maior fixação do conteúdo”. Estas
potencialidades podem de acordo com estudante B, “Numa das grandes
potencialidades é levar aos alunos uma aprendizagem mais significativa”.
Sendo esta aprendizagem mais atrativa de acordo com estudante C que afirma
“Despertar o interesse dos alunos, atenção curiosidade e uma aprendizagem sólida
e contextualizada”. Assim sendo acarretara uma nova maneira de compreender o
mundo e buscar novos conhecimentos afirmando o estudante D, “Despertar no
estudante o interesse de novos conhecimentos”.
O movimento defendido pelos estudantes com formação em física dialoga no sentido
de aproximação entre os conceitos abordados nos experimentos e os conceitos
trazidos nos livros didáticos. Como descreve o estudante E, “mais conhecimento
para o dia a dia”. Deixando esta um legado para que posteriormente possam utilizar
no conhecimento necessário diariamente. Já para o estudante o processo
experimental tem a função de F “despertar a curiosidade dos alunos no campo da
experimentação”.
Os estudantes com formação em química argumentaram as seguintes propostas
tendo como base o desafio em desenvolver uma atividade de experimentação que
contribua conforme o estudante G, “assimilação dos conceitos”. No entanto para o
estudante os conceitos podem ser reforçados numa lógica muito importante no
processo de assimilação dos conceitos H, “contribuir significativamente para a
assimilação dos conceitos”.
A 3ª Pergunta: Quais as maiores dificuldades para a execução de uma aula
experimental? Para o estudante A, “Para o pedagogo é a falta de conhecimento na
área”, ou seja, á não formação na área pode ser uma barreira no momento de
executar uma aula desta magnitude inviabilizando o bom andamento do processo de
ensino-aprendizagem. Já o estudante B, destaca a “Falta de materiais e financeiro”.
O que acarreta no processo e que o mesmo pode ser comprometido pela falta de
apoio na aquisição de material para o desenvolvimento da atividade. O estudante C
argumenta o processo de organização da atividade “Acredito que é realizar a
explicação detalhada com clareza e objetividade de modo que os alunos
compreendam todas as etapas”. O estudante D destaca a falha no processo de
formação e a falta de informação nas unidades de ensino, uma vez que o ensino de
ciências ocorre nas séries iniciais, “Falta de informação e também deficiência na
formação”.
Esta concepção de material também está descrita pelos estudantes com formação
em física conforme descrito pelo E, “ter mais material nos laboratórios”.
Eventualmente no decorrer das aulas. O estudante F argumenta que além da falta
de material e alerta para a falta de preparo de alguns professores. “ falta de material
e o despreparo de alguns, enquanto professores”.
Os estudantes com formação em química concordam que o tempo é fator limitante,
além da falta de material necessário ao desenvolvimento de uma aula experimental;
defende o estudante G argumentando o seguinte “tempo, materiais necessários para
a experimentação”. Possa tornar o procedimento algo taxativo sem muitas

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novidades. Seguido do estudante H “tempo das aulas, os materiais necessários e a


disponibilidade de material e de pessoal”.
Esta terceira etapa teve como objetivo avaliar o grau de satisfação se utilizar
materiais alternativos para o ensino e o que poderia ser melhorado.
Tabela 3: Terceira etapa do questionário.
1º Pergunta Quanto ao grau de satisfação com a aula experimental com
materiais alternativos para o ensino de ciências?
Classificação Muito bom Bom Regular Ruim Péssimo
Cursos Física 50% 50%
Pedagogia 100%
Química 100%
2ª Pergunta Na sua opinião faltou algo que pudesse ser melhorado?
Cursos Física 50% - “Sim, no entanto a quantidade de tempo e limitada! ”
50% - “Não, todos os experimentos foram bem feitos”.
Pedagogia 25% - “Sim, pois o tempo poderia ser maior! ”
75% - “Não, foi perfeito! ”
Química 100% - Não.

1ª Pergunta: Quanto ao grau de satisfação com a aula experimental com materiais


alternativos para o ensino de ciências? Os estudantes com formação em pedagogia
concordaram que a experimento foi significativo, marcando na opção “muito bom”,
considerando que o procedimento experimental foi um sucesso e que o objetivo foi
alcançado, já os estudantes com formação em física as respostas variaram de
“Bom” a “muito bom”. Já os estudantes com formação em química assinalaram à
opção, “muito bom”.
2ª Pergunta: Em sua opinião faltou algo que pudesse ser melhorado? Justifique.
Os estudantes com formação em pedagogia afirmaram que A “Não. Perfeito”, B
“Sim. Aumentar o tempo da disciplina”, C “Não”, D “Não”. Para os estudantes com
formação em física os procedimentos de acordo com o estudante E “sim, no entanto
a quantidade de tempo e limitada” e F “não, todos os experimentos foram bem
feitos”. Na opinião dos estudantes com formação em química não houve nada que
pudesse ser melhorada uma vez que G e H responderam “Não”.

Conclusões
Concluem-se, portanto que o procedimento experimental realizado com estudantes
de pós-graduação em ensino de ciências, foi considerado satisfatório visto que, esta
prática possibilitou ampliar novos horizontes, levando a compreensão do conteúdo
científico, gerando curiosidade e um sentimento de satisfação, diferenciada da rotina
de sala de aula na qual estão acostumados. Além disso, a pesquisa mostrou que as
aulas não precisam necessariamente contemplar experimentos no laboratório, sendo
que é possível realizá-los em sala de aula, onde atenderia a demanda das escolas
que não dispõem de um espaço adequado. Este trabalho também possibilitou uma

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reflexão crítica sobre a prática dos professores, ampliando assim, outras habilidades
em elaborar atividades cada vez mais construtivas.

Referências
AXT. R.; MOREIRA, M. A. O ensino experimental e a questão do equipamento
de baixo custo. Porto Alegre, vol. 13. dez /1991. p. 97- 103. Disponível em:
<http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/vol13a08.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2014.
ESPINOZA, A. M. Ciências na escola: novas perspectivas para a formação dos
alunos. Tradução Camila Bogéa São Paulo: Ática, 2010.
GIORDAN, M. O papel da Experimentação no Ensino de Ciências. química nova
na escola. n.10, p.43-49, 1999. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc10/pesquisa.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2015.
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química: caminhos e
descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química Nova na Escola. v.31,
n.3, p.198-202,2009. Disponível em:
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LABURÚ, C. E. Fundamentos para um Experimento Cativante. Caderno
Brasileiro de Ensino de Física, v.23, n.3, p. 382-404, 2006.
MATEUS, A. L. Química na cabeça: experiências espetaculares para você fazer em
casa ou na escola. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.
SERAFIM, M. C. A falácia da dicotomia teoria-prática. Rev. Espaço Acadêmico,7.
Disponível em: <www.espacoacademico.com.br/007/07mauricio.htm>. 2001. Acesso
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Sociedade Brasileira de Química. A química perto de você: experimentos de baixo
custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio. / Organizador: Sociedade
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