Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

A Bíblia É A Palavra de Deus

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 6

SHIRLEY KAISERLição 8

Título: A Bíblia é a Palavra de Deus


Leitura Bíblica em Classe: Salmos 119.1-12.
Esboço
Introdução
I. A Transmissão da Bíblia
II. Composição dos livros da Bíblia
III. Inspiração e revelação da Bíblia
Conclusão

Título deste Subsídio: O Cânon e a Inspiração da Bíblia


Autor: Esdras Bentho (autor dos livros Hermenêutica Fácil e Descomplicad e a Família no Antigo
Testamento – www.teologiaegraca.blogspot.com).

O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO
Cedo, na sua história, a Igreja teve que se definir a respeito das Escrituras. Como a Bíblia veio a ser composta de
66 livros? Por que algumas Bíblias possuem mais de 66 livros? Por que a estrutura da Escritura Judaica diverge da
cristã? Esse assunto intitula-se “Critérios de Canonicidade” e é sobre esse tema que estudaremos.

DEFINIÇÃO DE CÂNON

Etimologia
A palavra “cânon” deriva do grego “kanõn”1 que, por sua vez, origina do hebraico “qãneh” 2, termo das Escrituras
veterotestamentárias que significa “vara ou cana de medir” (Ez 40.3). O junco ou a cana era usado como
instrumento para medir; por isso, “kanõn” passou a significar “regra ou padrão” (Gl 6.16; Fp 3.16; 2 Co 10.13-16).
O uso de cânon representando o conceito de padrão já era conhecido antes mesmo da era cristã. Os clássicos
gregos usavam o termo no sentido de regra, norma ou padrão. Aristóteles chama o homem bom de kanon da
verdade. Os clássicos eram chamados kanones ou modelos de excelência 3.

Evolução do Conceito “Cânon”


No ano de 350 a.D., o termo foi aplicado por Atanásio à Bíblia, referindo-se aos livros que a igreja reconhecia
oficialmente como padrão e conduta de fé. O Concílio de Laodicéia em 363 a.D. usou o vocábulo no mesmo sentido
em que foi empregado por Atanásio: “Nenhum salmo de autoria privada pode ser lido nas Igrejas, nem livros não
canônicos do Antigo ou Novo Testamento”.

Significado do Cânon para a Igreja


Por meio da declaração do Concílio de Laodicéia, o Cânon passou a designar a coleção de livros aprovados pelo uso
regular no culto público e no ensino da igreja (Canônica). Portanto, do ponto de vista cristão, o Cânon contém os
escritos dados à Igreja pela operação de Deus - a Sua palavra, Seu Evangelho, Seu apelo, Suas promessas. Toda
esta revelação é Cristocêntrica. Nela a Igreja encontra a base de sua fé, seu culto, suas doutrinas e sua vida.

Canônica e Canonização
Chama-se “Canônica” o estudo da fixação histórica do Cânon Sagrado. “Canonização” significa “ser oficialmente
reconhecido como guia ou regra de fé autorizada em matéria de fé ou de prática”.

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CÂNON


Em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD), explicamos que o processo da origem e
desenvolvimento do Cânon envolve três aspectos:

1
No grego 
2
No hebraico qãneh, junco, haste.
3
Cf. B.P.BITTENCOURT, O Novo Testamento – metodologia da pesquisa textual, 1993,p.23
a) Revelação: Revelação é a manifestação que Deus faz de Si mesmo e de Sua vontade aos homens. Essa
revelação, de acordo com a origem e desenvolvimento do Cânon Sagrado, é a comunicação sobrenatural
desconhecida do hagiógrafo4. Por meio da revelação, verdades anteriormente ignoradas pelo hagiógrafo foram
reveladas, como por exemplo: Zacarias 12.10, Miquéias 5.2 e Isaías 50.4-10. Certamente os autores sagrados não
adquiriram essas notícias por estudo ou por vias meramente humanas.

b) Inspiração: O sentido teológico de “inspiração divina” é derivado da expressão paulina de 2 Timóteo 3.16. A
expressão “divinamente inspirada”, no grego “theopneustos”5 é formada por dois vocábulos “theos” (Deus) e
“pneustos” (inspiração, influxo). A Vulgata traduz por “divinitus inspirata”. Isto posto, 2 Timóteo 3.16 quer dizer que
as Escrituras são produtos do sopro criador de Deus. Por meio da Inspiração Divina, o conteúdo das Sagradas
Escrituras não é proveniente da sabedoria e aferimento humano, não sendo produto pessoal da mente do escritor (2
Pe 1.19-21). Paulo reconhece seus escritos como inspirados por Deus quando assevera: “... não em palavras
ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo [didakitois pneumatos]” (1 Co
2.13; cf 1 Co 14.34; Gl 1.6-12). Dessa forma, inspiração é a influência sobrenatural exercida pelo Espírito Santo
sobre os hagiógrafos, em virtude da qual seus escritos conseguem veracidade divina, e constituem suficiente e
infalível regra de fé e prática.

Diferença entre Inspiração e Revelação


A inspiração distingue-se da revelação no sentido restrito de imediata comunicação. Os textos de Zacarias 12.10,
Miquéias 5.2 e Isaías 50.4-10, foram redigidos sob a influência de dois dons sobrenaturais:
a)- O da Inspiração Bíblica, visto que deviam fazer parte das Escrituras;
b)- O da Revelação, pois certamente os autores sagrados não conheciam estas informações. A Inspiração garante
infalibilidade ao ensino exposto pelas Escrituras, enquanto a Revelação acrescenta o tesouro de conhecimento.
Ambos, porém, são modos de revelação de Deus em sentido amplo, isto é, maneiras pelas quais Deus fez conhecer
ao homem a Sua vontade, obras e propósitos.

A Abrangência da Inspiração
Em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD), página 43, explicamos que a inspiração abrange:
a) - Todo o Antigo Testamento: (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.19-21; Lc 11.51; 12.3,39-41). É significativo o argumento de
Cristo em Lucas 11.51. Ao citar “de Abel até o sangue de Zacarias”, Jesus está referindo-se ao Cânon Judaico da
“Tanach”. “Abel” encontra-se no livro de Bereshith (Gênesis) que é o primeiro livro da primeira divisão conhecida
como Torá ou Lei; “até Zacarias”, encontra-se no livro de Drive Hayamim (1 e 2 Crônicas) e corresponde ao último
livro da terceira divisão da “Tanach”, conhecida como “Kethuvim” ou Escritos. Em Lucas 24.44 e 45, Cristo refere-se
à tríplice divisão da “Tanach”, referindo-se à Lei de Moisés (Torá-1ª divisão), Profetas (2ª divisão) e Salmos (o
primeiro livro da 3ª terceira divisão). Assim, Cristo confirma toda a Inspiração Bíblica do Antigo Testamento.

b) Todo o Novo Testamento


No próprio texto dos livros do Novo Testamento há numerosos indícios de sua autoridade divina. Como já foi
observado, o Apóstolo Paulo estava cônscio de que:

a) Seus ensinos procediam do Espírito Santo (1 Co 2.13);

b) Sua vocação ao apostolado era por iniciativa divina (Rm 1.1-3).

Por isso, o que escrevia era mandamento divino (1 Co 14.37) e, quando escrevia ou falava, estava credenciado por
Deus, tendo recebido por revelação (Gl 1.12; Ef 3.2,3 cf 1 Ts 2.13; 1 Tm 4.11,13; Cl 4.16). Pedro equipara os
escritos paulinos às Escrituras Veterotestamentárias (2 Pe 3.15,16). O apóstolo João descreve que recebeu de Deus

4
Procede de dois termos gregos  (hagios), santo, puro ou separado e(grapho)
escrever, registrar. Literalmente escritor sagrado. Os judeus helenistas chamavam os seus escritos
sagrados de (hagiografoi).
5
No grego formado por dois vocábulos gregos (Theós), Deus, e
(pneustos), influxo, inspiração.
as Revelações de Jesus Cristo, e admoesta à reverência e aceitação ao seu escrito (Ap 1.1-3). As mesmas
evidências podem ser encontradas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos (Mt 1.22; 2.15,17; Mc 1.2; Lc 1.1-2; Jo
20.31; At 1.1). O Novo Testamento reivindica a autoridade inspirativa e revelativa (Hermenêutica Fácil e
Descompligada, p.47).

Pressuposto da Inspiração
A Inspiração Bíblica pressupõe:

a) - Inerrância: Por inerrância das Escrituras entende-se a propriedade da Bíblia, pela qual ela é de fato
e de direito, imune de erro nas suas afirmações autênticas, qualquer que seja o objeto destas. Está excluída das
Escrituras Sagradas a própria possibilidade de erro, porque é impossível que Deus (autor principal das Escrituras)
erre. Entende-se por erro, aqui, não o lapso material, fruto da imperícia do hagiógrafo ou dos diversos MSS, e sim o
erro lógico, doutrinário. Participam dessa inerrância:

1º - As afirmações autênticas do hagiógrafo: São as contidas no autógrafo, que só ele é diretamente


inspirado: cópias e traduções participam dessa inerrância na proporção de sua conformidade com o original. A
inerrância cabe somente às afirmações do hagiógrafo enquanto tal, ou ao menos por ele aprovada e entendida no
sentido intencionado pelo autor;

2º - Qualquer que seja seu objeto: Não só de fé e moral, mas também histórico, científico, etc... Há
duas observações quanto a essas afirmações:

a) - Deve-se distinguir entre doutrina divina inerrante contida nas Escrituras, e interpretação falível que
os homens podem dar ao texto;
b) - As asserções de que as Escrituras são, em todo sentido, infalivelmente inspiradas, referem-se
somente aos autógrafos, e não no mesmo sentido aos manuscritos que hoje possuímos, as atuais edições e
traduções da Bíblia. Se estiverem coerentemente corretos com os autógrafos originais possuem o mesmo
“Imprimatur” divino, mas se as disparidades afetarem o conteúdo e a doutrina, não participam da mesma
inspiração6.

Canonização
É o reconhecimento dos escritos que contêm a divina revelação e que são divinamente inspirados. A igreja
não criou o Cânon, apenas o recebeu, reconhecendo a autoridade que ele possui em si mesmo, como já foi
observado na inspiração. A função da Igreja, a respeito do Cânon, foi a de reconhecer e não escolher.

ESTÁGIOS NO PROCESSO DE CANONIZAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO


A formação do cânon das Escrituras Veterotestamentárias foi gradual, enquanto que o Novo Testamento foi formado
praticamente no período de duas gerações. O Antigo Testamento exigiu cerca de 2.000 anos. Apesar do Antigo
Testamento não nos informar sobre o processo da canonização de seus livros, perfila de como foram preservados
(Êx 24.3-8; 25.16; 40.20). Preservação, porém, não é canonização. Todavia, as duas idéias estão intimamente
relacionadas. O extremo cuidado em preservar testifica do extremo valor dessas obras (Dt 31.26; 10.2; Js
24.25,26).
Há três estágios definidos no processo da canonização do Antigo Testamento.

A Proclamação e Formação Oral do Conteúdo dos Livros do Antigo Testamento (Jó 1.18)
Nisto a história da literatura hebraica é perfeitamente igual à de qualquer outro povo, começando sempre
sob a forma de tradição oral.

Exemplos:

a) - História sobre a origem do mundo;

b) - Os anais dos reis;

c) - Os feitos dos heróis;

6
Cf. Teodorico BALLARINI, Introdução à Bíblia, vl. I – Introdução Geral, 1968,p. 69
d) - As liturgias religiosas e os cantos sagrados, etc...

Todos esses aspectos culturais foram transmitidos oralmente de geração a geração, muito antes de
serem postos em forma escrita (escritura).

Não é necessário frisar que as revelações ativas de Deus foram transmitidas verbalmente antes de tomarem
o formato que hoje conhecemos, e também, com a máxima probabilidade, fizeram-se registros escritos de muitos
fatos (Gn 26.5).

Redação e Compilação dessa Revelação na Forma Presente

Em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD), citamos os seguintes processos:

- Moisés (1491-1451 a.C.) Por meio de Moisés iniciou-se a “revelação autorizada”, isto é, a ordem divina
para que a revelação verbal fosse escrita (Êx 17.14; 24.4,7; 34.27; Dt 33.2).
Moisés utilizou-se da revelação ativa e da tradição existente (oral e escrita) para compor o Pentateuco.
Entretanto, observam-se inserções posteriores, que serviam como adendo explicativo ou informativo (Êx 11.3;
16.35; Dt 34.1-12).

- Josué (1433 a.C.) Josué inseriu “...no livro da Lei de Deus” o concerto firmado com o povo (Js 24.26).
- Samuel (905 a.C.) Samuel, sacerdote, profeta e também o último juiz de Israel escreveu e pôs seus
escritos “perante o Senhor” (1 Sm 10.25). Isto sugere que seus escritos foram depositados na Arca do Concerto
com os demais livros sagrados ali depositados (Êx 25.21; Hb 9.4).

Muitos outros exemplos poderiam ser obtidos a partir do testemunho das Escrituras, a saber:

a) - Isaías (770 a.C.): Faz referência ao período de formação do Cânon (Is 29.18; 34.16);
b) - Jeremias (626 a.C.): Registrou a revelação divina (Jr 30.1,2; 36.1,2,28,32; 45.1);
c) - Zacarias (520 a.C.): Ratifica a autenticidade do Cânon sagrado (Zc 7.12);
d) - Esdras (445 a.C.): Selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando dessa forma, o Cânon
do Antigo Testamento. A Esdras é atribuída a tríplice formação do Cânon Judaico (Tanach): Lei; Profetas; Escritos.

4.3 - Fixação e Acolhimento do Cânon do Antigo Testamento


O Antigo Testamento foi acolhido como canônico na cidade de Jabneh (Jâmnia) em 90 a.D., tendo como
figura destacada o rabino Yohanan Ben Zakkai, pertencente à escola de Hilel - um grupo dentro da seita dos
fariseus. O trabalho do concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos.

5- OS LIMITES DO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO


Antes da fixação e acolhimento do Cânon do Antigo Testamento pelo concílio de Jabneh, já por algum tempo,
tinha-se reconhecido três divisões dentro das Escrituras Sagradas:

1º) - Lei; 2º) - Profetas; 3º) - Escritos (Lc 24.44).

Em hebraico chama-se TANACH. Isso ocorre porque as três consoantes hebraicas TN e CH, que compõem a
abreviação da palavra, representam as três divisões das Escrituras: T de Torah - Pentateuco ou Cinco Livros de
Moisés; N de Neviin – Profetas; CH de Chetubin ou K de ketubin – Escritos. Daí TNCH. A palavra é pronunciada,
quando são acrescentadas vogais adequadas, como Tanach.

CÂNON JUDAICO DA TANACH


1. Gênesis (Bereshith, “No princípio”)
2. Êxodo (Shemoth, “Nomes”)
3. Levítico (Wayiqra “E ele chamou”) LEI (TORÁ)
4. Números (Bemidbar, “No deserto”)
5. Deuteronômio (Devarim, “Palavras”)
6. Josué (Yehoshua)
7. Juízes(Shophetim) Primeiros Profetas
8. 1 e 2 Samuel (Shemuel) (Nevi’im Rishonim)
9. 1 e 2 Reis (Melakim)

10. Isaías (Yeshayahu)


11. Jeremias (Yeremiyahu)
12. Ezequiel (Yehezkel)
13. Os Doze (Tere Asar)
Oséias (Hoshea) Últimos Profetas
Joel (Yoel) (Nevi’im Aharonim)
Amós (Amos) PROFETA
Obadias (Ovadyah) (NEVI’IM)
Jonas (Yonah)
Miquéias (Micah)
Naum (Nahum)
Habacuque (Havakkuk)
Sofonias (Tsephanyah)
Ageu (Haggai)
Zacarias (Zekaryah)
Malaquias (Malaki)

14. Salmos (Tehillim, "Louvores")


15. Jó (Iyyov)
16. Provérbios (Mishle, "Provérbios de")
17. Rute (Ruth) ESCRITOS
18. Cântico dos Cânticos (Shir Hashirim ) (KETHUVIM)
19. Eclesiastes (Qoheleth, "Pregador")
20. Lamentações (Ekah, "Oh Como!")
21. Ester (Esther)
22. Daniel (Daniel)
23. Esdras-Neemias (Ezra-Nehemyah)
24. 1 e 2 Crônicas (Drivre Hayamim, "Crônicas")

O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO
Como o Antigo Testamento, homens inspirados por Deus escreveram aos poucos os livros que compõem o Cânon do
Novo Testamento7. Os livros do Novo Testamento foram aceitos pela igreja logo de início, sem objeções. Tais livros
foram chamados de homologoumena, porque todos os pais da igreja se pronunciaram favoravelmente pela sua
canonicidade. Os homologoumenas aparecem em quase todas as principais traduções e cânones da igreja
primitiva.

Reconhecimento e Fixação do Cânon do Novo Testamento


A formação do Novo Testamento levou-se a efeito em apenas duas gerações, aproximadamente 100 anos. Em 100
d.C., todos os livros do Novo Testamento estavam escritos. O que demorou foi o reconhecimento canônico,
motivado pelo cuidado e escrúpulo das igrejas de então, que exigiam provas concludentes da inspiração divina de
cada um desses livros.

O Sínodo de Hipona (393 a.D.)


Segundo o erudito F.F. Bruce, o Sínodo de Hipona elaborou uma lista dos vinte e sete livros do Novo Testamento tal
qual possuímos hoje, não conferindo-lhes qualquer autoridade que já não possuíssem, mas simplesmente

7
Cf. O Cânon do Antigo Testamento - Inspiração 3.2
registrando a canonicidade previamente estabelecida. Quatro anos depois, no III Sínodo de Cartago (397 a.D.) a
decisão do Sínodo de Hipona sobre os vinte e sete livros do Novo Testamento foi repromulgada. Levou cerca de 400
anos para que o Cânon do Novo Testamento fosse finalizado, desde a sua composição até a sua fixação. Desde
então não tem havido qualquer restrição séria aos 27 livros aceitos quer por católicos-romanos quer por
protestantes.

NECESSIDADE DE DEFINIR O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO


Três razões levaram a igreja a se pronunciar sobre os livros que deveriam ser aceitos como regra de fé e prática:

O CÂNON DE MARCIÃO
Marcião, partindo da idéia de que Paulo foi o verdadeiro intérprete e pregoeiro do pensamento de Jesus, pretendeu
chegar ao texto original da mensagem cristã, rejeitando integralmente os livros do Antigo Testamento. Aceitou as
epístolas paulinas com exceção de 1 e 2 Timóteo, Tito, Gálatas e 2 Tessalonicenses. Rejeitou três evangelhos,
aceitando somente o de Lucas. Marcião preparou e divulgou seu próprio cânon. A igreja, então, precisava
contrabalançar essa influência, decidindo qual era o verdadeiro cânon das Escrituras Neotestamentárias.

O USO DE LIVROS PSEUDEPÍGRAFOS


Durante os séculos II e III, numerosos livros espúrios e heréticos surgiram e receberam o nome de
pseudepígrafos, ou seja, falsos escritos. Eusébio chamava-os de livros “totalmente absurdos e ímpios”. O número
exato desses livros é difícil de apurar. Por volta do século XIX, Fótio havia relacionado cerca de 280 obras. Muitas
igrejas orientais, entretanto, estavam empregando nos cultos livros que eram claramente espúrios. Isso requeria
uma decisão concernente ao cânon. O Cânon Muratoriano apresenta quatro séries de livros:
1º - Livros que são considerados sagrados por todos e devem ser lidos publicamente na igreja:
os quatro evangelhos, os Atos, as 13 epístolas de Paulo, o Apocalipse, Judas, as duas epístolas de João e as duas
epístolas de Pedro;
2º - Livros que não são considerados sagrados por todos e que, portanto, nem todos lêem
publicamente na igreja: desse grupo faz parte o Apocalipse de Pedro;
3º - Livros que podem ser lidos privadamente, mas que não é lícito lê-los publicamente na
igreja: Pastor de Hermas e o livro da Sabedoria;
4º - Livros que não podem ser recebidos pela Igreja porque são apócrifos e escritos por
hereges: desse grupo fazem parte a epístola de Paulo aos Laodicenses e aos Alexandrinos, e muitos outros 8.

O EDITO DE DIOCLECIANO (303 a.D.)


O imperador Diocleciano, ao perseguir a igreja, determinou a destruição dos livros sagrados dos cristãos. Se
uma pessoa possuísse um único livro religioso, poderia ser levada ao martírio. Era necessário determinar quais
seriam os livros inspirados por Deus.
Quem desejava morrer por um simples livro religioso? Eles precisavam saber quais eram os verdadeiros
livros.

VISITE O BLOG DO AUTOR


www.teologiaegraca.blogspot.com

8
BALLARINI, Id.Ibidem,p.118

Você também pode gostar