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9º ANO CADERNO VERSÃO ESPECIAL PROVISORIA REDE PARCIAL PA-cc56b

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Caderno do Professor

Aulas de
Projeto de Vida

Anos Finais do
Ensino Fundamental
Edição Jornada Parcial
9º ano
Realização

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO

CONSELHO CONSULTIVO
Marcos Magalhães
Alberto Chinen
André Régis
Kei Ikeda

CO-CEO
Juliana Zimmerman
Sérgio Magalhães

DIRETORIA EXECUTIVA
Iran Freitas - IQE
Liane Muniz - ICE
Leonardo Michelon - STEM Brasil

DIRETORIA PEDAGÓGICA
Thereza Barreto - ICE

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Johanna Faller e Solange Leal
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Thereza Barreto
Leitura Crítica: Regina Lima
Revisão Ortográfica: Cristiane Schmidt
Projeto Gráfico/Diagramação: Korá Design/Instituto Qualidade no Ensino

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO


JCPM Trade Center
Av. Engenheiro Antônio de Góes, 60 - Pina | Sala 1702
CEP: 51010-000 | Recife, PE
Tel: +55 81 3327 8582
www.icebrasil.org.br
icebrasil@icebrasil.org.br

2ª Edição | 2022
© Copyright 2024 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. “Todos os direitos reservados”

2 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 6º ano


Caro Professor!

Os Cadernos de Aulas de Projeto de Vida que aqui apresentamos foram originalmente


concebidos para apoiar os professores que atuam nas escolas constituintes da política de
educação integral, ora em processo de implantação junto à Secretaria de Estado de
Educação do Pará. No entanto, também estendemos este apoio aos professores das
escolas não abrangidas por essa política a partir de algumas considerações:

- ainda que os currículos não tenham as mesmas referências quanto aos Princípios Educativos que
orientam a política de educação integral, as aulas que apoiam os professores e estimulam os
estudantes na construção de um projeto para as suas vidas, pode ser aplicado;

- a construção de um Projeto de vida pressupõe um “marco zero” que no ICE refere-se aos sonhos e
desejos dos estudantes e esta condição independe se eles estão matriculados em uma escola que
oferece ou não a educação integral em tempo integral.

Assim, ao oferecer este conjunto de aulas aos professores, esperamos estar contribuindo para apoiá-
los e desta maneira. estimulando os estudantes a ingressarem em uma tarefa
importantíssima que é a construção deste refinado projeto.

Para a consecução dos trabalhos, professor, recomendamos fortemente a leitura e os estudos das
referências teóricas apresentadas em cada aula, bem como as que seguem como anexo deste
caderno que devem constar no seu roteiro de estudos para compreensão dos fundamentos desta
Metodologia de Êxito.

Apresentadas estas considerações iniciais, convidamos você, professor, a conhecer os Cadernos de


Aulas e as orientações para a sua aplicação.

Desejamos muito sucesso!!!

* Este Caderno de Aulas de Projeto de Vida é uma versão provisória para atendimento das
aulas que ora se iniciam até que a versão definitiva seja encaminhada à Secretaria de
Educação. A numeração das páginas deve ser desconsiderada nesta versão.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 3


Considerações sobre Currículo e Projeto de Vida

Uma breve leitura sobre a história da humanidade nos revela que nenhuma sociedade se desenvolve se não
investir em todas as áreas da convivência humana. Tampouco um país atinge pleno desenvolvimento se não
der oportunidade a todos os cidadãos para alcançar uma vida digna e com qualidade.

A educação tem um papel fundamental nesse cenário. A escola é o lugar onde todas as crianças,
adolescentes e jovens devem encontrar as condições para construir conhecimen-to e desenvolver suas
potencialidades e competências.

A estruturação curricular do Ensino Fundamental deve utilizar diferentes linguagens (verbal, matemática,
gráfica, plástica, corporal) para expressar e comunicar ideias, interpretar as produções e informações
disponíveis nos diferentes veículos de comunicação atuais e delas usufruir. De acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCNs, 1998), a escola, para cumprir seu
papel primordial, deve pensar o currículo como instrumentação da cidadania democrática. Para isso,
os conteúdos e estratégias de aprendizagem devem ser selecionados com a finalidade de dar ao
estudante condições de tornar-se mais capaz para realizar atividades nos três domínios da ação humana: a
experiência subjetiva (di-mensão pessoal), a vida em sociedade (dimensão social) e a atividade produtiva
(dimen-são profissional). Além disso, devem ser incorporadas ao currículo, como diretrizes gerais e
orientadoras, as quatro premissas apontadas pela UNESCO para a educação na sociedade contemporânea:

• APRENDER A CONHECER - Adquirir saberes que permitem compreender


o mundo;
• APRENDER A FAZER - Desenvolver habilidades e receber estímulo para o surgimento
de novas aptidões;

• APRENDER A CONVIVER - Aprender a viver juntos, desenvolvendo o conhe-cimento do


outro e a percepção das interdependências;
• APRENDER A SER - Preparar-se para elaborar pensamentos autônomos e críticos;
exercitar a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação.

A partir desses princípios gerais, o currículo deve ser articulado em torno de eixos básicos que orientem a
seleção de conteúdos significativos, tendo em vista as competências e habilidades que se pretendem
desenvolver no Ensino Fundamental. É indispensável fazer isso levando em consideração o contexto
social de mudança constante e a relevância social desse currículo para a vida futura do estudante, que
atuará em um mundo cheio de desafios.

Isso exige que a escola ofereça condições para que o estudante se enxergue atuando no
mundo como ser humano autônomo, solidário e competente. Dessa maneira, ele desenvolverá
habilidades para organizar e sistematizar seus sentimentos e suas atitu-des, harmonizando valor e
ações. Consequentemente, ele se tornará capaz de adotar um comportamento coerente e correto,
que facilite a tomada de consciência dos valores, das crenças e das opções vitais de cada pessoa.

Ao estudante devem também ser oferecidos espaços para as aprendizagens que lhe deem condições
para projetar a vida a partir de uma visão que ele construirá do próprio futuro.

4 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


Essas condições devem contribuir para a formação do jovem e para o seu projeto mais importante: o
Projeto de Vida.

Ser parceiro de um adolescente na construção do seu Projeto de Vida é uma experiência única, que nos
transforma profundamente, porque este é o tempo das histórias fascinantes, dos infindáveis aprendizados,
das dores e alegrias das descobertas, das doces memórias e despedidas e das mais altas expectativas.

Significa, por um lado, viver mais uma vez o adolescente que fomos um dia e, por outro, acolher a pessoa
que vive sua adolescência e que está diante de nós, portadora de sonhos, desejos, planos, vida. Eles, os
adolescentes, e suas múltiplas juventudes, são essenciais para nossas vidas; são a nossa chance de
futuro.

As orientações aqui apresentadas fazem parte do processo de implantação das inovações em conteúdo,
método e gestão do Modelo Escola da Escolha para os Anos Finais do Ensino Fundamental. O Projeto de
Vida é uma das inovações do Modelo e compõe a Parte Diversificada do currículo. Ele é a representação
do caminho traçado pelo adolescente entre aquele que ele “é” e aquele que ele “quer ser”, resultado da
projeção que ele faz de si próprio no futuro. Em outras palavras: a visão que ele constrói de si e que
trabalhará para realizar.

Projeto de Vida não é um “projeto de carreira”, nem o resultado de um teste de vocações, menos ainda
no Ensino Fundamental. A vida se realiza em diversas dimensões, e a carreira profissional é um dos
elementos fundamentais das decisões. Outros elementos são o estilo de vida que se quer ter, os valores
que vão nortear os relacionamentos que se estabelecerão ao longo da vida pessoal e social, e muitos
outros mais que se ordenam e reordenam nos ce-nários de cada um. Só assim será possível questionar
os fatores que condicionam as formas de se viver para decidir por quais vias seguir para alcançar a
plenitude e a alegria de viver.

Por isso, a elaboração do Projeto de Vida exige uma formação na qual os elementos cognitivos e
socioemocionais e as experiências pessoais devem constituir uma ampla base, a partir da qual o
adolescente consolida seus valores, conhecimentos e competências e pode se sentir apoiado para a
construção do projeto da sua vida.
Um projeto é a representação daquilo que é, face ao que potencialmente será. O Projeto de Vida na
Escola da Escolha é uma espécie de primeiro projeto para um projeto para uma vida toda, uma tarefa
para a vida inteira que se inicia nesta escola que oferece as condições para sua elaboração, que
corresponde, certamente, à mais sofisticada e elaborada narrativa de si mesmo.

Com apoio do material que aqui apresentamos, a intenção é convidar os estudantes a faze-rem essa
travessia do ponto “onde estão” para aquele “onde projetam estar”. É fundamental que o convite seja
acompanhado de um trabalho forte, baseado no desenvolvimento de um conjunto de competências e
habilidades socioemocionais.

Uma vasta literatura tem nos mostrado e comprovado que no desenvolvimento de uma pessoa,
desde os seus primeiros anos de vida, têm muito mais importância qualidades ou competências, tais
como autoconhecimento, autocontrole, persistência, determinação, que a quantidade de
informações recebidas. Mas que isso não se confunda com a apologia do não desenvolvimento do
currículo escolar! Um Projeto de Vida se constrói a partir de alguém que sonha, que tem ambição e
que quer realizar seu sonho. Para essas pessoas devem-se oferecer condições para uma formação
acadêmica de excelência, associada, no mesmo nível da escala de importância, a uma sólida
formação em valores fundamentais que sirvam de apoio às decisões que tomarão ao longo de suas
vidas, e, igualmente, ao desenvolvimento de competências para a atuação cidadã, diante dos
imensos desafios da sociedade contemporânea.

Caderno do Professor • Pro do Ensino Fundamental • 9º ano 5


Aulas de Projeto de Vida – O que você precisa
saber.

O Caderno de Aulas de Projeto de Vida está organizado


em 72 aulas, distribuídas ao longo dos quatro anos do
Ensino Fundamental.
As aulas não obedecem rigorosamente à distribuição de tempo do horário escolar, ou seja,
podem se estender para além do tempo de 50 minutos determinado por aula. Há também
uma indicação de duração de cada atividade, que serve como parâmetro para a orientação
do planejamento do professor.

Para que você possa planejar e flexibilizar o tempo das aulas a partir das necessidades da sua
turma, consulte o GPS1 das aulas que se encontra no final da introdução deste Caderno. Lá,
você encontrará o número mínimo de tempo previsto por aulas.

As aulas têm uma ordem de ensino que precisa ser seguida.


A ordem a seguir quando você desenvolver as aulas deve respeitar o seguinte itinerário
formativo: identidade, valores e competências para o século XXI.

Nos 6º e 7º anos, exploram-se conteúdos relacionados a identidade, valores e competên-


cias para o século XXI. Os pontos de partida são o autoconhecimento, o reconhecimento
da existência e da importância dos valores e as competências fundamentais, que se
relacionam, integram e estão presentes nas várias dimensões da vida.

Espera-se que, ao final de cada ano, os adolescentes reconheçam e consolidem os conhe-


cimentos e valores essenciais para o processo de decisão sobre o futuro.

Nos 8º e 9º anos, os estudantes são estimulados e orientados para compreender que toda
realização é precedida pela idealização de um sonho e pelo aprendizado dos mecanismos
necessários à sua realização, ou seja, pelo planejamento.

1 GPS (Sistema de Posicionamento Global traduzido do Inglês global positioning system) é um sistema de radiona-
vegação por satélite que permite determinar a posição, velocidade e o fuso horário dos utilizadores em terra, mar
e aerotransportados 24 horas por dia, em todas as condições climatéricas e em qualquer parte do mundo.

6 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Fundamental • 9º ano


Ao final do 9º, espera-se que eles sejam capazes de projetar os seus sonhos e pautar
suas escolhas pela continuidade dos seus estudos no Ensino Médio, qualquer que seja a
modalidade (carreira militar, ensino técnico, ensino médio integral, educação profissional,
etc.).

Durante e após as aulas os estudantes são avaliados.


Você é responsável por observar e fazer registro da aprendizagem da turma e dos
estudan-tes durante as aulas, principalmente após o desenvolvimento das atividades
propostas. É importante levar em conta que não existe avaliação final ou concluída sem
que o estudante tenha alcançado o resultado esperado. Considere que a construção do
Projeto de Vida é um processo, e que, a todo o momento, o estudante pode ser
reavaliado, pode demandar um novo olhar seu ou ainda manifestar outras
necessidades de aprendizagem, que você precisa estar atento para atender.

Durante as aulas é importante:


• Promover atividades que levem os estudantes a compreender que a realização
de sonhos tem uma relação direta com dedicação, apoio de muitas pessoas,
conhecimento adquirido e planejamento entre o hoje e o amanhã;
• Contribuir para a compreensão de que os valores e princípios norteiam a
tomada de decisões de maneira consciente e consequente, e que cada um
deve ser responsável pelas escolhas que faz;
• Estimular aqueles que sequer têm sonhos;
• Considerar como ponto de partida não o grau de maturidade, mas a percep-
ção construída sobre si mesmo e sobre o vir-a-ser, ou seja, aquilo que ainda
não é e a trajetória a percorrer para aproximar o “eu presente” do “eu futuro”;
• Contribuir para a capacidade de planejamento e de execução, essenciais
para transformar ambições em projetos, desenvolvendo um conjunto amplo
de outras habilidades, tais como o autoconhecimento (que deve assegurar
o reconhecimento de si próprio, de suas forças, das limitações a superar),
a autoconfiança (que é diferente da autossuficiência) e a autodeterminação
(como base da autodisciplina).

Essas habilidades deverão somar-se a outras relativas às competências sociais, que ajudarão
os estudantes a ampliar a capacidade de convivência por meio da construção e da preserva-
ção de bons relacionamentos. Além disso, deverão combinar-se a competências que levarão
o estudante a desenvolver a capacidade de continuar a aprender ao longo da vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 7


Ao final do Ensino Fundamental, espera-se que os
estudantes sejam capazes de:
- Criar boas expectativas em relação ao futuro;
- Compreender que a elaboração de um Projeto de Vida supõe considerar todos
os aspectos de sua formação, e é fruto de uma análise consciente e individual;
- Agir a partir da convicção de que os processos de escolha e decisão sobre os
diversos âmbitos da vida são atos de responsabilidade pessoal;
- Despertar para seus sonhos, suas ambições e desejos para as suas vidas, e
perceber com mais clareza onde almejam chegar e que tipo de pessoa preten-
dem ser, e usando como referência os mecanismos necessários para chegar
onde desejam;
- Conceber etapas e passos para a transformação dos seus sonhos em realidade;
- Compreender que os sonhos podem se modificar à medida que os seres
humanos se desenvolvem e experimentam novas dimensões da própria
vida, e que o projeto de suas vidas – uma tarefa para a vida inteira – não se
encerra no 9º ano.

As aulas devem ser conduzidas por você tendo em mente


estes pontos fundamentais:
• A realização de sonhos tem uma relação direta com dedicação, apoio de muitas
pessoas, conhecimento adquirido e planejamento entre o hoje e o amanhã;
• Os valores e princípios norteiam a tomada de decisões de maneira consciente e
consequente, e cada um deve ser responsável pelas escolhas que faz;
• É preciso estimular aqueles que sequer têm sonhos;
• O ponto de partida do Projeto de Vida não deve ser o grau de maturidade,
mas a percepção construída sobre si e sobre o vir-a-ser, ou seja, aquilo que
ainda não é e a trajetória a ser percorrida para aproximar o “eu presente” do
“eu futuro”;
• A capacidade de planejamento e de execução são essenciais para transformar
ambições em projetos, desenvolvendo um conjunto amplo de outras habilida-
des, como o autoconhecimento (que deverá assegurar o reconhecimento de si
próprio, de forças, de limitações a superar), a autoconfiança (que é diferente
da autossuficiência) e a autodeterminação (como base da autodisciplina).

8 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


A essas habilidades devem somar-se outras relativas às competências sociais, que ajudam
os estudantes a ampliar a capacidade de convivência com a construção e a preservação
de bons relacionamentos, e também às competências ligadas à capacidade de continuar a
aprender ao longo da vida.

Nossa equipe sempre estará à disposição para mais esclarecimentos sobre este material.
Assim, não hesite em solicitar o esclarecimento de eventuais dúvidas à Equipe de Implanta-
ção do Programa de Educação Integral da Secretaria de Educação do seu Estado. Por meio
desse fluxo de comunicação, você poderá contar com nosso apoio.

Contamos com a sua dedicação e estudo para o uso desse Caderno de Aulas.

Bom trabalho!

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 9


A Parte Que Vem Antes

• Aula 1: Você escolhe ser quem é?

• Aula 2: O que é futuro?

• Aula 3: Ou isto ou aquilo. Escolher é deixar alguma coisa no caminho

• Aula 4: A vida é cheia de curvas, mas eu posso aprender a dirigir

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 13


Aula 1
Você escolhe ser quem é?

Sendo o objetivo do curso de Projeto de Vida a formação do ser autônomo, solidário e com-
petente, as sequências iniciais das aulas do 7º ano visam aprofundar as relações existentes
entre o indivíduo e a sociedade. E, para isto, é importante relembrar as reflexões e práticas
vivenciadas durante as aulas do 6º ano. Reflexões estas que se pautam na percepção do
olhar sobre si mesmo e também do outro, que neste caderno de aulas terão continuidade.

De acordo com o que foi trabalhado no ano anterior, os estudantes foram estimulados a
pensarem e enxergarem os fatos a partir da diversidade de opiniões, valores e emoções, o
que os inseriu no processo de valorização da vida a partir da interação com o outro. Dando
continuidade, esta primeira aula reinaugura os aspectos da coletividade na identificação das
características pessoais que resultam na formação de um ser que elabora sua singularidade,
processo que se dá ao considerarem que podem escolher quem querem ser.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 15


Partindo deste pressuposto, esta aula estimula a autoconfiança e a determinação como
habilidades a serem desenvolvidas para a formação da autonomia dos estudantes, bem
como a humildade como virtude necessária para o reconhecimento de si e do outro. Dessa
forma, espera-se desenvolver a autoconfiança dos estudantes sobre sua individualidade e
o potencial a ser desenvolvido.

Para saber mais


A existência da expressão UMBUNTU caracteriza bem a relação entre indivíduo na
sua singularidade e a coletividade. Com origem na língua Zulu, do grupo linguístico
banto, a expressão possui alguns significados, entre eles destaca-se: “Humanidade
para os outros” e “Sou o que sou pelo que nós somos”. Portanto, é nesta relação do
indivíduo- sociedade que se caracteriza a identidade de cada um e são nas trocas
existentes do convívio em sociedade que se configuram os valores e atitudes que
compõem o indivíduo.

Objetivo Geral
• Desenvolver o potencial que se tem e que o representa.

Materiais Necessários
Os itens relacionados abaixo são para os figurinos e objetos cênicos na realização do
exercício teatral:

• Diversas peças de vestuário, calças, blusas, vestidos, saias, bermudas;


• Acessórios como bolsas, mochilas, sapatos, cintos, lenços;
• Máscaras (pode ser de carnaval);
• Maquiagens de rosto para se pintar;
• Jornais, revistas e livros;
• Folhas de sulfite – 5 por grupo para realização de roteiro;
• Canetinhas, hidrocor – 1 estojo por grupo.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


16
Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Exercício teatral. 50 minutos


O Outro que vive
em mim, aquele Apresentação da peça teatral: O outro que
45 minutos
que escolho ser! existe em mim, aquele que escolho ser!

Avaliação. Observação do professor. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: O OUTRO EU QUE VIVE EM MIM!

Objetivo

• Acreditar em si e seguir os propósitos da vida.

Desenvolvimento

Para o exercício teatral que visa explorar as percepções sobre quem é e escolhe ser, a
organização dos materiais necessários para a aula (figurinos e objetos cênicos) se encon-
tram no centro da Roda de Conversa para estimular a criatividade na representação de si
mesmo. Partindo da ideia que representar a si mesmo deve ser muito mais que se vestir
e utilizar adereços disponíveis, espera-se que os estudantes busquem o significado inter-
no de cada figurino e objeto para si, na relação com as próprias emoções e sentimentos
para composição de um personagem. Portanto, espera-se que encontrem uma maneira
de apresentar a sua projeção criativa sobre quem são e escolheram ser.

As reflexões realizadas durante as aulas do 6º ano podem ser retomadas durante uma
conversa inicial para compor a vivência deste momento da atividade. Reflexões que foram
feitas em torno da formação da identidade de cada um ou sobre como cada indivíduo tam-
bém carrega referências de outras pessoas devem ser rememoradas e, a partir de então, o
levante de novas e mais aprofundadas questões deve ser feito.

O uso da imagem inicial desta aula, o quadro de ilustração abstrata A alegre liberdade de
ser eu, de Acácio Viegas, oferece um ponto de partida para essas retomadas de conteúdo
também, pois sugere a ideia alegre do encontro consigo mesmo, assim como, proporciona

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 17


várias maneiras de enxergar a obra, dando diferentes sentidos ao que é visto a partir do
olhar de quem vê. Isso reforça a ideia da singularidade de cada pessoa. Ampliando ainda
mais o autoconhecimento dos estudantes, algumas questões precisam ser mediadas pelo
professor na Roda de Conversa, como: Consigo expressar as emoções que sinto? Consi-
dero que expresso as minhas emoções de forma adequada, sem magoar as pessoas? Eu
fico numa situação confortável quando consigo expressar o que sinto? Sempre procuro
expressar o que sinto? Eu escolho o que faço, assim como quem sou e quero ser? Eu con-
sidero que é sempre uma escolha ser o que sou? Eu gosto de ser quem sou? Eu tenho um
jeito único de ser em todas as situações? Além dessas questões, o professor pode trazer
outras que perpassam pela questão do autoconhecimento e autoconfiança na reafirmação
da identidade do estudante e na vontade de transformação de si mesmo.

Feito isso, em grupos de quatro ou cinco estudantes, se torna possível iniciar o processo
de elaboração da peça teatral, cujo título da peça é O outro eu que vive em mim, aquele
que escolho ser! Além das questões pontuadas no início da aula, a peça precisa envolver
outras, que a princípio podem até delimitar o campo de ação, mas o intuito é favorecer
a compreensão do que precisa ser executado. Todos os estudantes precisam se envolver
como personagem da peça. Assim sendo, aqui seguem mais questões norteadoras a serem
mediadas pelo professor: observando a si mesmo, diante da composição com os figurinos
e objetos que foram capazes de fazer, o que ela representa? É possível pontuar algumas
sensações relacionadas ao personagem que construíram sobre si mesmos? O personagem
tem relação com o que sou, com o que quero ser ou escolho ser? A proposta é que a partir
dessas questões, os estudantes, mesmo que simbolicamente, por meio da construção de
um personagem, acreditem em si e no que também podem ser. E isso não quer dizer que
já não sejam, o que é importante frisar. É por isso que este momento da atividade é um dos
mais significativos.

Assim, tanto na construção dos personagens, como nas discussões sobre o que eles re-
presentam, cabe ao professor estimular a imaginação e o autocontrole dos estudantes,
bem como potencializar as capacidades de cada um a partir do que pensarem sobre si e
conseguirem projetar.

Durante a montagem da peça teatral, os estudantes necessitam muitas vezes de auxílio para
a composição artística. A valorização da escolha dos figurinos e objetos cênicos pode ser
reforçada com mais algum incremento de adereço ou objeto. Além disso, é bem provável
que precisem de ajuda na distribuição das folhas sulfite e canetinhas para a realização de
um roteiro e organização das ideias. Como é fundamental em toda peça teatral, o roteiro
deve ser bem escrito, o que exige atenção aos estudantes que necessitarem de ajuda com
a escrita. Cabe ao professor, também, orientar quanto à distribuição do tempo e sequência
da peça (começo, meio e fim).

Quando estiverem nessa etapa da atividade é importante manter os diálogos entre os es-
tudantes à medida que vão escrevendo o roteiro (quem apresenta a peça, a mensagem

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


18
principal a ser passada, como todos entram em cena e o contexto delas, as falas que terão,
etc.), sendo o professor o mediador do grupo para que os estudantes não percam o foco da
peça – como criar um roteiro coerente, em que eu represente a mim mesmo, no conjunto
de tantos “eus” que representam os meus colegas?

Na elaboração do roteiro, é preciso traduzir as emoções, os desejos, medos e potenciais


identificados pelos estudantes. Isso precisa ser bem explorado para que os estudantes
busquem a melhor forma de retratá-los na peça, sendo este um exercício autêntico da
consciência e vontade dos estudantes. O grande desafio que compete ao professor está em
prover a junção de todo o processo criativo dos estudantes na peça. Porém, isso faz parte
da reflexão necessária que deve ser promovida junto aos estudantes - como me constituo
enquanto eu, no universo de “diversos eus”.

Para a apresentação da peça, a Roda de Conversa é a organização mais indicada, já que


também é utilizada nos teatros de arena, onde se elimina a chamada 4ª parede e assim
favorece uma aproximação com o público, ideal para aprimorar as aproximações entre os
estudantes e o público que, neste caso, acontecerá na próxima aula ou em outro momento
articulado com a equipe escolar para que mais pessoas da escola possam assisti-la.

Mais que a apresentação final, nesta aula, o processo de criação do “o outro eu que vive
em mim, aquele que escolho ser!” tem grande importância ao ampliar e potencializar as
possibilidades de escolhas dos estudantes.

A finalização da aula ocorre após a encenação da peça e reunião dos estudantes em Roda
de Conversa para um bate-papo sobre suas percepções individuais, as descobertas que
fizeram, as dificuldades encontradas durante o processo de pensar sobre o que escolhem
ser e também não ser, já que pensar sobre o que não querem ser é bem mais fácil.

Avaliação

Ao considerar a participação no desenvolvimento da atividade e a capacidade argumen-


tativa sobre a temática proposta, o professor está, por meio da observação, realizando um
processo avaliativo contínuo. Pode-se observar nesse processo de construção o repertório
dos estudantes sobre si mesmos, a criatividade e autoestima na identificação daquilo que
os caracterizam, a confiança e otimismo na busca daquilo que querem ser ou acreditam
que podem melhorar, além da clareza na compreensão de que existe uma relação entre o
que querem ser e as escolhas que fazem, bem como, a capacidade de relacionar tudo isso
com os seus propósitos de vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 19


Na estante

VALE A PENA LER

Livro: A princesa que queria ser rei


Autora: Sara Monteiro
Editora: Ambar
Ano: 2007
Número de páginas: 40
O livro conta a história da princesa que não tinha as características
desejadas por seu pai para assumir o reino. Uma menina muito forte
com cabelos longos e muito peluda se mostrava extremamente bondosa. O que se revela é sua
vontade e persistência em superar as dificuldades e preconceitos ao mostrar a todos, inclusive ao
seu pai, o rei, que era possível assumir todos os papéis sociais, para os quais a sociedade só des-
tinava aos homens.

Livro: Do jeito que a gente é


Autora: Márcia Leite
Editora: Ática
Ano: 2009
Número de páginas: 184
Com muitas dúvidas e desgostos de sua aparência, Beá, uma garota
adolescente não consegue se entender com sua mãe, que tenta sempre
moldar os gostos da menina. É por meio da amizade com Chico, um rapaz de 17 anos que
assume ser homoafetivo, que possíveis afinidades de visões de mundo se encontram quando
a mãe dela resolve se casar com o pai dele.

Referência Iconográfica
VIEGAS, Acácio. Alegre liberdade de Ser Eu. 2015. 1 pintura. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?8b32a5.
Acesso em julho de 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?300753. Acesso em julho de 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?960dcd. Acesso em julho de 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


20
Aula 2
O que é futuro?

Todos nós queremos alcançar, no futuro, nossos objetivos e metas, sejam eles pessoais ou
profissionais; mas, afinal, o que é futuro? O dicionário Michaelis assim define “futuro”:

1 Que há de vir a ser. 2 Que está para ser ou acontecer. sm 1 O que há de suceder depois
do presente. 2 Gram Tempo dos verbos que designa uma ação que está por vir. 3 Noivo,
homem que está para se casar (com referência à noiva). 4 Destino, fado. 5 Posteridade.
6 Bem-estar: Cuidar do futuro dos filhos. 7 Probabilidade ou possibilidade de progre-
dir: Homem sem futuro. De futuro: de ora em diante. Ter futuro: ser prometedor, ter
probabilidade de progresso.

O sentido que mais corresponde ao nosso estudo é o que transmite a ideia de futuro como
algo que está para acontecer. No entanto, a incerteza sobre o que vai acontecer conduz
alguns jovens a viverem o imediatismo, o hoje, o agora, sem muita reflexão sobre o amanhã.

Este estudo busca levar os estudantes a compreender a importância de pensar o seu futuro
e de esboçar o roteiro da sua própria história, a partir da reflexão sobre as escolhas feitas
na vida e suas consequências, levando-os a imaginar que tipo de pessoa querem ser e quais
escolhas e atitudes deverão ter para alcançar o “eu futuro”, na construção do seu Projeto
de Vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 15


Objetivo Geral
• Compreender a importância de pensar o futuro para a construção do Projeto
de Vida.

Materiais Necessários
• Caneta, lápis e borracha para cada estudante;
• Cópia do Anexo A para todos.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

1º Momento: Reflexão e registro pelos estu-


dantes de como se veem no futuro e do que
50 minutos
precisarão mudar para o alcance de seus
objetivos. (Roda de Conversa)

2º Momento: Divididos em três grupos,


cada um recebe uma tarefa:
Atividade: 1º grupo – analisar os registros feitos no
E então, como primeiro momento pelo 3º grupo e elaborar
será? argumentos que promovam positivamente o
alcance de seus objetivos. 45 minutos
2º grupo – idem ao 1º grupo, mas com ela-
boração de argumentos que distanciem os
elementos do 3º grupo de seus objetivos.

3º grupo – cada elemento decide o caminho


a tomar, propostos pelos outros grupos.

Avaliação. Conversa sobre as decisões tomadas. 5 minutos

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


16
Orientações para as atividades

ATIVIDADE: E ENTÃO, COMO SERÁ?

Objetivos

• Compreender a importância de levar o futuro em consideração;


• Identificar atitudes e hábitos que devem ser mantidos e/ou desenvolvidos no
presente que aproximam do futuro sonhado.
• Compreender que as decisões tomadas no presente influenciam e podem
direcionar o futuro;
• Compreender que há influências de várias pessoas na vida de todos, mas que
cada um é responsável pelas escolhas feitas e suas consequências.

Desenvolvimento

1º Momento

Em Roda de Conversa, os estudantes receberão informações sobre os objetivos do estudo


e trocarão ideias em relação ao futuro: como se veem, o que pretendem, a importância de
projetar algo para o futuro. Onde se está e aonde se quer chegar é o ponto de partida para
refletir sobre quais atitudes e escolhas devem ser tomadas no presente que irão interferir,
aproximando ou afastando o “eu do futuro”.

A atividade terá início com as questões propostas em Meu futuro (Anexo A), que deverão
ser respondidas individualmente, com a finalidade de que os estudantes reflitam sobre:

1. Como se veem no futuro;


2. Quais hábitos e atitudes precisam ser deixados para trás;
3. Quais mudanças são necessárias para alcançar o seu sonho.

As respostas devem permitir aos estudantes uma reflexão sobre como as decisões influenciam
e direcionam o futuro, a partir daquilo que são e sobre o que gostariam de ser, contribuindo
para a construção do seu Projeto de Vida.

Após a finalização da atividade, novamente em Roda de Conversa, é importante que os


estudantes troquem ideias entre si; tal situação favorece a ampliação das possibilidades
que cada um tem em mente. É fundamental que todos se escutem, observando, com isso,
a necessidade de incorporar novos hábitos e atitudes para suas vidas.

Ao final, é importante ressaltar que pensar o futuro de maneira ativa, refletindo sobre suas
escolhas, hábitos e atitudes, é uma forma de alcançar o que se deseja e perceber que está
no caminho certo para tornar o futuro sonhado mais próximo de si.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 17


2º Momento

Esta atividade pretende conduzir os estudantes a uma reflexão sobre as consequências


das escolhas feitas. Algumas delas, muitas vezes, passam despercebidas devido à natureza
simples de uma decisão; outras, entretanto, vão determinar toda a nossa vida e o nosso
futuro: são consequências das decisões mais complexas.

A atividade Escolhas × consequências tem o intuito de auxiliar os estudantes a compreen-


derem que as decisões devem ser tomadas com muito critério, pois suas consequências
afetam a própria vida e as de outras pessoas, influenciam e direcionam o futuro.

Para a realização da atividade, os estudantes serão divididos em três grupos: dois grupos
terão a função de influenciar, um para o “mal” e outro para “bem”; e o terceiro grupo, com
no máximo seis integrantes, terá a função de fazer a escolha de qual caminho irá seguir.
Para isso, a atividade Meu futuro, feita individualmente pelos seis integrantes do terceiro
grupo, deverá ser entregue aos participantes dos grupos que irão influenciá-los.

Com base nas declarações feitas pelos integrantes no Anexo Meu futuro, o primeiro e o se-
gundo grupos listarão três argumentos, cada um, para tentar influenciar os estudantes do
terceiro grupo. Os argumentos do grupo que irá influenciar positivamente precisam ter como
base atitudes e hábitos que aproximem os estudantes do futuro almejado, por exemplo, fazer
parte de algum grupo de estudo, ser monitor do grupo ou, até mesmo, entregar as atividades
de alguma disciplina com mais frequência, tudo com o objetivo de ajudar os colegas.

O grupo que irá influenciar negativamente tentará afastar os colegas de seus sonhos, utili-
zando argumentos como: estudante x, você já está aprovado em matemática, vamos ficar
aqui conversando para nos distrairmos um pouco; vem jogar bola conosco, falta à aula só
um dia, parece que você não considera os amigos; você não deveria apresentar o seminá-
rio, ninguém do grupo estudou; entre outros pontos que distanciem os estudantes do seu
futuro.

Logo após, cada estudante do terceiro grupo terá que decidir qual caminho seguir e juntar-se ao
grupo escolhido. Outras rodadas poderão ser feitas, sendo interessante fazer um revezamento:
quem influenciou negativamente na primeira rodada, passará a influenciar positivamente na
outra rodada e vice-versa.

Após a conclusão, em Roda de Conversa, os estudantes deverão comentar se é fácil tomar


uma decisão, o que levaram em conta na sua escolha e quais seriam as consequências
se escolhessem o outro caminho. Também deverão expor se é comum as pessoas serem
influenciadas e como perceber quando uma influência é positiva ou negativa.

Ao encerramento da discussão, é interessante abrir espaço para que os estudantes que


desejarem comentem o que acharam da atividade e o que foi possível concluir por meio de
sua realização. Nesse momento, é importante que cada um escute o outro, principalmente
atento às respostas com colocações diferentes das suas, a fim de avaliar a necessidade de
incorporar novos valores em suas vidas.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


18
Avaliação

Observe se os estudantes compreendem a importância de pensar seu futuro, durante a


realização das atividades e das discussões. Observe, também, que tipo de pessoa eles
querem ser, por meio das atitudes e dos hábitos descritos na atividade e praticados no
cotidiano. Verifique se conseguem compreender quais escolhas os aproximam ou os
afastam do futuro sonhado e se, durante os debates, demonstram a compreensão de que
toda escolha feita tem suas consequências, direcionam e influenciam o futuro.

Caso algum estudante apresente resistência para participar das atividades, você deverá
fazer uma análise cuidadosa da recusa, a fim de verificar se houve constrangimento em
relação às informações pessoais que são solicitadas.

Na estante

VALE A PENA LER

Livro: Construindo um futuro de sucesso


Autora: Marcia Luz
Editora: Qualitymark
Ano: 2009
Número de páginas: 138
Nossas escolhas são essenciais para alcançarmos o que planejamos
para o futuro. Se fizermos as seleções certas, podemos atingir o su-
cesso; se nos equivocarmos, teremos consequências, muitas vezes negativas. Como, então,
colocar os pés no chão e estabelecer diretrizes para vencermos em todos os campos de
nossas vidas? Esse é o foco do livro Construindo um futuro de sucesso, de Marcia Luz, que
analisa o ato de fazer escolhas e suas variáveis. Nesse sentido, este livro contribui para a
construção do Projeto de Vida na busca pela realização dos sonhos.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 19
VALE A PENA ASSISTIR

Filme: Click
Direção: Frank Coraci
País: Estados Unidos
Ano: 2006
Duração: 1h47min
O filme Click traz a história de um arquiteto, Michael Newman (Adam Sandler), que
descobre um controle remoto universal capaz de controlar os acontecimentos em sua
vida. Os problemas surgem quando o objeto começa a controlar, também, as escolhas
de Michael. O filme possibilita a compreensão da importância de se ter um Projeto de
Vida, ser disciplinado, organizado e procurar sempre estar preparado para o futuro.

Texto de apoio ao professor

O PENSAMENTO ABSTRATO NA ADOLESCÊNCIA

Anderson Moço
Ilustrações: Daniella Domingues

Adolescentes são rebeldes. Se alguém diz algo de que


não gostam ou impõe proibições com as quais não
concordam, eles rebatem, contestam e até gritam para
defender suas opiniões. Também gostam de inovar.
Querem mudar o mundo, mesmo não sabendo direito
como fazer isso. E quando o assunto é sonho, então...
Pensam no futuro e se imaginam fazendo milhões de
coisas diferentes, da engenharia aeronáutica ao estre- FERNANDO Por que não pode?
lato do rock. Não é difícil encontrar essas atitudes na
Minha mãe me proíbe de sair para os
maioria dos jovens — aliás, será que você não encaixou lugares e de ter piercing. Tb diz que na
nas descrições acima alguns de seus alunos? escola não pode beijar. Pq não pode???
Fico bravo com isso, brigo, falo um monte!
Q coisa loka!
A explicação para esse jeito de agir é uma importante
É PROIBIDO PROIBIR Rejeitar argumentos
mudança cognitiva da moçada: a conquista do pensa- dos pais indica que o jovem começa a
mento abstrato. Em linhas gerais, é a capacidade de pensar com autonomia
pensar sobre coisas que ainda não conhecem ou que

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


20
não são concretas (como o amor, o futuro e as regras morais) e de estabelecer hipóteses so-
bre fatos imaginários, o que lhes permite avaliar e escolher alternativas. “O novo pensar torna
possível desafiar o mundo, redefinir conceitos fundamentais para a formação da identidade
e ampliar o aprendizado de conteúdos escolares”, explica Luciene Tognetta, professora do
Departamento de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Foi a partir da segunda metade do século 20 que se iniciaram as pesquisas sobre como
a criança e o adolescente pensam. Até hoje, o suíço Jean Piaget (1896-1980) é uma das
maiores referências no tema. Dos quatro estágios de desenvolvimento cognitivo propostos
por ele, o chamado operatório abstrato (que ele também denomina de hipotético-dedutivo)
é o último. Inicia-se por volta dos 12 anos e se caracteriza pela habilidade de pensar nas
relações entre acontecimentos ou entre coisas sem precisar experimentá-las de fato.

Um pequeno problema lógico ajuda a entender melhor essa mudança na forma de pensar:
galinhas brancas produzem ovos brancos, e galinhas vermelhas, ovos vermelhos: Qual a cor
dos ovos das galinhas azuis? A criança certamente dirá que não existem ovos e galinhas
azuis ou irá fantasiar uma história. Já o jovem seguirá o raciocínio lógico da fala e responde-
rá: “Azuis”. “As crianças também são capazes de formular hipóteses e efetivamente fazem
isso, mas ainda precisam de um referencial concreto para pensar. Os jovens, não: eles po-
dem criar hipóteses sobre aquilo que não conhecem ou não existe concretamente”, explica
Luciano de Lemos Meira, docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE).

Novo raciocínio influencia o juízo moral e a obediência a regras

Para Piaget, essa conquista não está relacionada simplesmente à maturação biológica e
à idade cronológica, mas também aos estímulos que o indivíduo recebe. E é aí que entra o
papel da escola. “Situações-problema, desafios e oportunidades diárias para as crianças
e os jovens pensarem são fundamentais.
Algumas pessoas passam a vida toda
BRUNA A luta continua sem conseguir sair do estágio concreto,
Qdo eu posso fazer alguma coisa para anterior ao abstrato. Para elas, é muito di-
salvar o mundo eu faço... Participo de fícil entender conteúdos científicos e até
várias campanhas. Na de lixo, nós saí-
mesmo nuances dos relacionamentos
mos em grupo para falar da importân-
cia de não jogar na rua. Na de água e sociais e emocionais”, ressalta Luciene.
energia, colamos cartazes com alertas
sobre gastar o mínimo possível.
Por meio do pensamento abstrato, muda
ENGAJAMENTO SOCIAL Ao refletir a forma de encarar normas sociais e
sobre a vida, os jovens se revoltam
com os problemas e lutam para regras de conduta. “A diferença básica
resolvê-los é que, diferentemente dos tempos de
criança, a regra não é mais seguida às
cegas — sua validade começa a ser dis-
cutida. As implicações passam a depender de um contexto”, explica Antonio Carlos Amador
Pereira, professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP).

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 21
A fala de Fernando*, 14 anos [...], dá contornos mais nítidos a essa noção. E outra situação-pro-
blema ajuda a ilustrar a diferença entre o pensamento infantil e o juvenil. Pergunte a um jovem
e a uma criança o que seria justo fazer com criminosos que foram capturados. “Colocá-los na
cadeia” seria a provável resposta de um pequeno. Trata-se de um pensamento tipicamente
concreto, sem grande reflexão sobre as circunstâncias do ocorrido. Por outro lado, um ado-
lescente que já domine o pensamento abstrato poderia dizer: “Primeiro, é preciso tentar saber
os motivos que levaram ao roubo. A punição pode ser diferente se os ladrões estavam uma
semana sem comer ou se apenas tinham preguiça de encontrar trabalho”.

Justamente por começarem a se ver capazes de analisar as coisas de maneira ampla, os


adolescentes têm um senso de justiça muito forte. Num cenário em que surgem em cena a
contestação e até as brigas em nome dessa convicção, o professor deve entender que não
se trata de mera provocação. O jovem está saindo de uma moral tipicamente heterônoma,
na qual segue as regras por medo da repreensão, e começa a operar uma moral autônoma,
na qual a regra é seguida por se respeitar um valor próprio, uma moral introjetada e que
gera prazer e recompensa em seguir. “O jovem já consegue situar a lei fora da autoridade.
Por essa razão, ele precisa de muito mais justificativas para acatar qualquer norma. Nessa
fase, não costuma aceitar nada imposto”, explica Luciene.

A mudança de comportamento também traz grandes implicações para a formação da


identidade. É verdade que a forma como cada um se vê e enxerga o mundo é um processo
que dura desde o momento em que nascemos até a morte. Na adolescência, entretanto,
ele é ainda mais agudo e latente, pois a entrada no mundo adulto está ligada à necessidade
de definir valores pessoais, morais, políticos e religiosos. Ao buscar novas referências, o
adolescente concebe um universo que, em geral, não bate com a realidade que o rodeia.
“Perceber que a vida não é perfeita os choca”, afirma Meira. Daí nasce o desejo de transfor-
mar a realidade, que se manifesta no engajamento em campanhas sociais e políticas,
como sugere a fala de Bruna, 14 anos (leia o destaque acima).

Com a experiência da abstração, mudam os modos


de aprender

A forma como se aprende também sofre alterações impor-


tantes: já se torna possível a compreensão de conteúdos,
procedimentos que exigem ligação entre diferentes conhe-
cimentos. Isso é fundamental, por exemplo, para aprender
História: como entender, sem simplificar, o que significa
CAIO Vai, Corinthians!
democracia? Isso só é possível com a compreensão de
Quero fazer faculdade de engenharia e ser
tudo que rodeia esse conceito: voto direto, liberdade de
executivo. Meu tio fez isso e se deu mó bem.
imprensa, multipartidarismo, equidade etc. todas noções Quero seguir os passos dele. Qdo eu for
abstratas, fundamentais para entender o conceito em velho, vou ficar em casa sem fazer nada. Vou
ser um velhinho corinthiano gordo.
questão. “Com o tempo, as abstrações vão se tornando
ESTE SOU EU AMANHÃ O pensamento abs-
mais independentes de uma imagem visual. O resultado é
trato permite imaginar situações no futuro e
uma compreensão mais ampla da natureza e das relações fazer escolhas
humanas”, conta Luciene.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


22
A Matemática também nos fornece exemplos interessantes. Enquanto um aluno das séries
iniciais precisa de referenciais concretos (frutas, figuras, brinquedos etc.) e dados numéricos
para resolver problemas, um jovem já consegue lidar com desafios mais sofisticados, como
as equações e suas incógnitas. Para uma criança pequena, é praticamente inconcebível que
X seja um número desconhecido qualquer — afinal, é uma letra e não um número. “Para tra-
balhar com dois sistemas com significados diferentes (é letra e é número), é preciso um alto
grau de abstração”, ressalta Pereira. Não à toa, o ensino de álgebra só ganha força por volta
do 6º ano, quando os alunos têm em média 12 anos de idade.

Não se pode deixar de ressaltar a influência que o pensamento abstrato exerce na noção
de futuro que os jovens constroem. Falas como a de Caio, 14 anos (leia o destaque acima),
indicam a capacidade de vivenciar as possibilidades por meio da imaginação - não mais
apenas como sonho distante, como na época de criança, mas levando em conta as reais
condições de vida.

De certa forma, a juventude é o momento em que quase tudo parece possível. Na vida adulta,
quando a maioria das coisas já é realidade e não projeto, o ímpeto de transformação parece
se acomodar. Mas, toda vez que o pensamento abstrato é convocado, readquirimos, mesmo
por um breve momento, uma capacidade que nunca deveríamos ter perdido: a possibilidade
de mudar nossa vida e nosso mundo.

* Os destaques desta reportagem trazem depoimentos por um programa de troca de mensagens


instantâneas pela internet de alunos do 9º ano da EMEF Victor Civita, em São Paulo. Os nomes foram
trocados para preservar a identidade dos entrevistados.

Referência Bibliográfica
GAVRAS, Douglas. Criatividade abre as portas para melhor aprendizagem. Nova escola. 22 ago 2018.
Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?4c403c. Acesso em agosto de 2020.

Referência Iconográfica
DURANT, Zac. Sunshine bath. 4 jul 2017. 1 fotografia. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?183cc9.
Acesso em agosto de 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?943d6e. Acesso em agosto de 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?b660e8. Acesso em agosto de 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 23
Anexo A - Meu futuro!

Como você se vê no futuro?

Quais as mudanças necessárias


para alcançar seu sonho?

Quais os hábitos ou atitudes que


precisam ser deixados para trás?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


24
Aula 3
Ou isto ou aquilo. Escolher é deixar alguma
coisa no caminho

Desde os primeiros anos de vida, a tomada de decisões sobre as diferentes possibilida-


des que se apresentam torna-se um fato rotineiro. Bebês pequenos já vivenciam essas
experiências cotidianamente, podendo escolher entre um brinquedo ou outro a pegar, um
espaço ou outro a se dirigir. Com o crescimento, ampliam-se as situações de escolha, e
algumas delas passam a ser feitas, gradativamente, por cada indivíduo, como: ir à escola,
cuidar da higiene, ter horários para algumas atividades, por exemplo. Decisões estas que,
em princípio, parecem simples, mas que pouco a pouco vão desenvolvendo a capacidade
de selecionar, optar e de se responsabilizar pelas consequências.

Na adolescência, as oportunidades de tomada de decisões se multiplicam exponencialmente,


pois os adolescentes estão em franco processo de construção da identidade. No entanto, não
é um processo simples, nem fácil. Em geral, é um período fértil para a experimentação de
coisas diferentes e, muitas vezes, arriscadas. Bem se sabe que agir pelo impulso, sem a devida
consciência dos riscos, pode causar prejuízos à segurança individual e coletiva, além de mudar
os propósitos do Projeto de Vida.

Na aula anterior, os estudantes refletiram sobre situações que envolviam a importância


das escolhas na vida das pessoas, o que deve ter motivado a reflexão sobre seus próprios
processos de escolha. Em continuidade a isto, esta aula amplia os critérios sobre as opções
de escolhas dos estudantes, com o intuito de oferecer a eles maior domínio sobre seus
Projetos de Vida. Escolher, nesta aula, é ter maior clareza sobre os ganhos e as perdas
envolvidas no processo.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


82
Objetivo Geral
• Fazer escolhas conscientes e alinhadas com o Projeto de Vida.

Materiais Necessários
• Cópia do Anexo A - Texto: Os perigos de estar sempre conectado – 1 por
estudante;
• Cópia do Anexo B - Questões para os grupos – 1 por grupo;
• Cópia do Anexo C - Um grande sonho – 1 por estudante.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

1º Momento: Leitura e interpretação do texto:


50 minutos
Os perigos de estar sempre conectado.
Atividade: Os
prós e contras
2° Momento: Reflexão sobre a necessidade
de uma escolha.
de estabelecer critérios antes da tomada de 45 minutos
decisões.

Avaliação. Observação do professor. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: OS PRÓS E CONTRAS DE UMA ESCOLHA

Objetivo

• Estabelecer critérios sobre as opções de escolhas para ampliar a capacidade


de tomar decisões.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 83


Desenvolvimento

1º Momento

A aula tem início com a retomada das conclusões a que os estudantes chegaram na aula
anterior, O poder da escolha, sobre a questão: “Como as oportunidades de escolha são
determinantes para os Projetos de Vida de cada um?”. Assim, durante a conversa, pode-se
solicitar que os estudantes falem sobre escolhas importantes que já fizeram e as conse-
quências decorrentes delas. Se possível destacar as positivas, mas também, as que alegam
não terem sido tão acertadas ou que poderiam ter tido efeitos melhores se acaso tivessem
estabelecido outros critérios.

Com a turma dividida em dois grupos – um dos EXECUTORES e outro dos OBSERVADORES
– ambos grupos recebem o texto para leitura: Os perigos de estar sempre conectado - Anexo
A. A proposta é que, feita a leitura e interpretação do texto, o grupo dos executores forme um
círculo com as carteiras, para que respondam e discutam as questões do Anexo B – Grupo
dos executores. Enquanto isso, o grupo dos observadores também forma um círculo, só que
este deve ser em volta do grupo dos executores – ver também Anexo B – Grupo dos obser-
vadores. É necessário que ambos grupos respondam as questões propostas neste momento,
pois mesmo o grupo dos observadores pode ir acompanhando as respostas do outro grupo e
ir respondendo as questões.

Com o encerramento das respostas e a discussão entre os executores, o grupo dos ob-
servadores conversa sobre as suas questões definidas para validação dos seus pontos de
vista, apresentando-os para a turma. O fato de observarem as respostas do outro grupo e
de terem um tempo para discutir as questões favorece a reflexão em nível mais elaborado,
em que acrescentam ideias e critérios mais aprofundados, inclusive, sobre a realização
de seus Projetos de Vida. Ou seja, as respostas do grupo de executores serve como um
“aquecimento” para toda a turma refletir sobre seus Projetos de Vida, cabendo assim, a
mediação do professor para que isto aconteça.

Espera-se que os estudantes analisem as condições que os aproximam da realização de


seus sonhos e quais os critérios por eles estabelecidos para isso, o que será aprofundado
no 2º momento da atividade, na próxima aula.

2º momento

Para iniciar esse momento, os estudantes relembram, com o apoio do professor, as discus-
sões iniciais da atividade, para que possam refletir sobre as consequências do uso excessivo
da tecnologia na vida de uma pessoa, de acordo com o Projeto de Vida. Com base nisso
seguem abaixo algumas questões para mediar as discussões com os estudantes:

a. Como você relaciona as consequências do uso excessivo de tecnologia com


a consecução de um Projeto de Vida?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


84
b. Você acredita que o uso excessivo da tecnologia pode tirar o foco das ações
a serem realizadas por uma pessoa, independentemente de qual seja o seu
Projeto de Vida?
c. Se você tivesse que estabelecer alguns critérios sobre o uso da tecnologia
para gerar impacto positivo na vida de uma pessoa, quais seriam?

Para cada questão apresentada, os estudantes precisam justificar suas respostas. É impor-
tante que o professor estabeleça a mediação necessária.

A partir disso, de posse do Anexo C - Um grande sonho, os estudantes retomam seus sonhos
descritos nas aulas anteriores: Quando é o futuro? e O poder da escolha, e, individualmente,
registram algo relacionado ao sonho que desejam que aconteça em suas vidas em curto prazo
e quais critérios estabelecem ou que vêm direcionando suas escolhas até o momento. A pro-
posta é que reflitam sobre o que perpassa pelas próprias decisões que pode estar dificultando
ou contribuindo para a realização de seus Projetos de Vida.

Para estimular as reflexões necessárias, o professor pode abordar coletivamente, as


seguintes questões:

• É fácil tomar uma decisão?


• O que pode tornar uma decisão complicada?
• É possível que algo dê errado? E se algo não sai como o esperado, o que
fazer, então?

Essas questões também têm a finalidade de ajudá-los a compreender que decisões podem
ser bastante complexas; que erros, enganos, arrependimentos podem acontecer, o que inau-
gura um novo ciclo de decisões: a necessidade de se fazer novas escolhas e de estabelecer
novos critérios.

Avaliação

No primeiro momento é importante observar as respostas apresentadas às questões re-


ferentes ao texto, a fim de perceber se todos compreendem a importância de estabelecer
critérios para saber qual é a melhor escolha a se fazer. Isso vai desde o uso excessivo ou não
da tecnologia, como trata o texto da atividade, a escolhas mais complexas, como namorar
ou não, estudar ou trabalhar, por exemplo.

No segundo momento, o importante é que os estudantes consigam aprofundar ainda mais


a discussão sobre as escolhas, mas refletindo sobre a relação com a consecução dos seus
Projetos de Vida. Haja vista que quanto mais conscientes dos seus sonhos, mais fácil fica
escolher, que possam aperfeiçoar a capacidade de tomar decisões considerando que a
dúvida numa escolha, geralmente, leva a decisões erradas. Assim, observar e registrar os
comentários dos estudantes que demonstram esse alinhamento.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 85


Em linhas gerais é fundamental observar se os estudantes compreendem a complexidade
do que pode envolver uma decisão. Assim como, se consideram a possibilidade de que algo,
mesmo com um criterioso processo de análise das escolhas, pode dar errado. Neste senti-
do, é importante observar se as falas dos estudantes demonstram coragem, determinação
e esforço a serem desprendidos na consecução de seus Projetos, se possuem o intuito de
acertar e fazer sempre as melhores escolhas para a realização dos seus sonhos.

Texto de apoio ao professor

A SÍNTESE ENRIQUECEDORA DAS IDADES

Georges Snyders

A escola é uma obra comum dos jovens e dos adultos, os adultos que lá estão em carne e
osso, aqueles que instituíram a vida escolar e constituíram o saber escolar para que os jovens,
pouco a pouco, se apropriem da cultura adulta. Contudo, os jovens também abordam essa
cultura com sua especificidade, insuflando-lhe sua maneira de serem jovens.

Já falei da união das alegrias e das incertezas, com, apesar de tudo, um certo predomínio da
alegria. A segunda condição que possibilita a alegria na escola é a vivência enriquecedora
da síntese entre as idades.

“Olhares da infância, ricos por ainda não saberem... olhares densos para tudo o que lhes
escapa, enriquecidos pelo ainda indecifrado.” (Henri Michaux, Passages, 1950.) E o poeta
pode propor: “As carências da criança constituem sua genialidade” (Henri Michaux, Dépla-
cements Dégagements, 1985.).

Gostaria de refletir sobre o ponto de junção entre as carências e a genialidade, salva-


guardando a genialidade da criança sem com isso negar suas carências. É certo que os
conflitos e as oposições entre jovens e adultos subsistem e devem subsistir. Mas não se
pode, ao mesmo tempo, trabalhar para uma síntese entre eles? O jovem leva para a escola
a “genialidade” da qual necessita para vir a ser a escola de alegria, e as “carências”, que
fazem com que ele necessite da escola para buscar mais alegria.

A alegria na escola significaria ao mesmo tempo felicidade por ser jovem e felicidade por
tornar-se ”adulto”, lançando mão da mediação do adulto que ensina. Felicidade por crescer
e continuar a viver seu passado infantil sem amargura.

[...]

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


86
A infância não é uma coisa que morre em nós e seca assim que cumpre seu ciclo. Não é
uma lembrança. É o mais vivo dos tesouros e continua a nos enriquecer sem que o sai-
bamos. A infância deita raízes e ramos até em nossas mais estruturadas construções
de pedra e aí se dá uma invasão deliciosa. (Hellens, Documents Secrets, 1978, p. 104.)

Isso é dito aqui como um dado, um fato a ser constatado: os psicólogos observam que
permanece em nós uma criança que nunca cresce realmente, uma porção de imaturidade.
Nós a lamentamos ao mesmo tempo que suspeitamos que ela nos é preciosa.

Da minha parte, vejo aí principalmente uma tarefa a ser cumprida: forjar como que uma uni-
dade progressiva entre as idades de um mesmo indivíduo, para não dizer uma coexistência.
Unir o arrebatamento, o calor da infância às atitudes elaboradas do adulto. [...]

Tais sínteses seriam possíveis? Elas permanecem difíceis e instáveis. Os riscos de que um
termo destrua ou invalide o outro são enormes. Gostaria simplesmente de citar alguns
exemplos onde se realizou essa feliz junção entre as idades.

a. O adulto ajudando os jovens a tomar consciência de seu valor.

Muitas vezes os jovens aceitam, a respeito de si mesmos e sua geração, muitas ideias e
juízos que lhes são desfavoráveis e que, em última instância, justificariam sua autodepre-
ciação. Alguns adultos, no entanto, são capazes de fazer com que os jovens se levem pro-
fundamente a sério. O novo professor de filosofia, por exemplo, incita os alunos a adquirir
uma “consciência mais nítida de sua dignidade”. Um aluno começa a rir, pois “nunca lhe
ocorrera que ele, um colegial, pudesse ter dignidade”, o que leva o professor a exclamar:
“Que o inconveniente se retire”.

Em circunstâncias como essa é o adulto que faz com que os jovens reconheçam o valor
daquilo que estão vivendo – e, principalmente, daquilo que estão fazendo e produzindo. [...]

b. “Ajudemos a juventude a se conhecer; ela nos restituirá o dom de amar.” (Michelet, Le


Peuple, 3ª parte, cap. VIII, 1846.)

Os adultos têm o que ensinar aos jovens, como ordenar seus sonhos, dominar seus sonhos (o
que não significa de modo algum renunciar a eles), ir além de sua história pessoal e das ten-
tações do narcisismo, esforçando-se para serem objetivos. Existe como uma efervescência
da juventude, que pode se perder e cair no ceticismo. A influência adulta pode contribuir para
transformá-la em impulso autoconsciente, em tarefas possíveis e necessárias, consideradas
certas condições históricas. Mas é com a juventude que se conta para insuflar como que uma
febre criadora. É a capacidade de amar o mundo, de animá-lo, contra tudo e contra todos, que
os jovens têm a transmitir aos adultos. “Quando a juventude esfria, o resto do mundo treme.”
(Bernanos, Les Grands Cimetières sous la Lune. La Pléiade, 1938, p. 494.)

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 87


É pela influência, pela ação dos jovens que os mais velhos têm uma chance de escapar a um
dos mais graves riscos que os ameaça: a indiferença. [...]

Conseguiríamos gostar de nós mesmos através das diferentes idades da vida: felizes por
nos sentirmos jovens e felizes por estarmos indo para a vida adulta. A juventude como válida
em si e como etapa a ultrapassar – o que supõe que a vida adulta não seja apresentada aos
jovens e principalmente não se apresente como repugnante.

c. Unir assim o fim ao início da vida.

Encontrar, enfim, a solução do problema que a infância lançou: “O que é uma grande vida
senão um pensamento de juventude executado pela vida madura?” (Alfred de Vigny, Cinq
Mars, XX, La Lecture, 1826.). A juventude sonha e muitas vezes sonha certo, mas na falta de
meios e instrumentos eficazes, permanece em estado de sonho. A vida adulta, para que o
imaginado assuma formas efetivas, torna-se criação, construção, cultura, conservando os
gostos da criança que brinca, do jovem que deseja.

Segundo o ponto de vista que nos guia neste momento, a alegria da escola pode tor-
nar-se realidade na medida em que a oposição psicológica entre as idades se dilua,
proporcionando trocas produtivas entre elas. O que torna esse resultado difícil é o fato
de que o adulto, em particular, se constrói a partir das múltiplas promessas de sua
infância, escolhendo e acentuando potencialidades que ele sente em si (sempre chega
um momento em que é preciso se especializar) e arriscando-se a sufocar e a se provar
de outras – em última instância, mutilando o jovem que era. Por isso, ele ficaria ainda
menos permeável às relações com aqueles que vivem a juventude.

[...]

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


88
Na estante

VALE A PENA LER

Livro: A trágica escolha de Lupicínio João


Autora: Maria José Silveira
Editora: Scipione
Ano: 2012
Número de páginas: 130
Lupi, Lupicínio João, nasce com uma herança misteriosa de seu
avô, cujos primeiros sinais aparecem na adolescência: olfato muito
apurado, incrível velocidade de movimentos, grande poder de sedução.

Um sinal em seu corpo revela que é um lobisomem. E aí tem de decidir permanecer como
tal ou abrir mão dessa condição.

VALE A PENA ASSISTIR

Filme: Capitão Fantástico


Direção: Matt Ross
País de origem: Estados Unidos
Ano: 2016
Duração: 1h58
Capitão Fantástico não retrata propriamente escolhas feitas por
adolescentes, mas oferece a possibilidade de reflexão sobre as que
fazemos ao definirmos nossos estilos de vida.

A história gira em torno de uma família com seis filhos, que vive longe da civilização. As crianças
são cercadas de hábitos saudáveis, físicos e intelectuais, de acordo com as convicções dos
pais. Com a morte prematura da mãe, pai e filhos devem deixar o isolamento em que vivem
para reencontrar outros parentes. E aí, muitos conflitos decorrentes das escolhas, vêm à tona.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 89


Anexo A - Os perigos de estar sempre conecta-
do

1. O texto que segue abaixo traz questões importantes sobre o uso do celular. Leia-o aten-
tamente para discutir com seus colegas algumas questões. Aguarde as orientações de seu
professor para os próximos momentos da atividade.

OS PERIGOS DE ESTAR SEMPRE CONECTADO

Jairo Bouer

Quem acha que o comportamento dos jovens tirar até os mais “brilhantes” do rumo.
– e de muitos adultos – que não desgrudam
os olhos e os dedos da tela de um celular Outro grande estudo, a Pesquisa nacional
quando estão em grupo é apenas sinal de de comportamentos de risco do jovem, fei-
falta de educação ou de respeito com quem to a cada dois anos pelo Centro de Controle
está em volta pode começar a se preocupar de Doenças, de Atlanta, nos EUA, com mais
com outras questões mais sérias. de 13 mil alunos de 42 estados americanos,
investigou, pela primeira vez, o fenômeno
Um estudo da Universidade Estadual de das mensagens pelo celular (texting), entre
Michigan, nos Estados Unidos, noticiado outros hábitos.
recentemente pelo jornal britânico Daily
News, mostra que mesmo os alunos mais O resultado mostrou que 41% dos jovens
inteligentes podem piorar seu desempenho que já dirigem admitiram ter mandado
acadêmico quando o uso de celulares, ta- um texto ou um e-mail enquanto guiavam
blets ou notebooks torna-se frequente em seu carro, no mês anterior à pesquisa. Em
sala de aula. Foram avaliados 500 alunos de alguns estados, esse índice ultrapassou
psicologia. Todos eles (mesmo aqueles com 60%. Claramente trata-se de um compor-
melhores habilidades intelectuais) tiveram tamento cada vez mais comum entre eles. A
uma queda de rendimento e notas, à me- questão aqui é a habilidade em conduzir um
dida que crescia o uso de internet durante veículo de maneira segura quando o foco de
as aulas – olhando notícias, respondendo a atenção do motorista, além dos olhos e das
e-mails ou publicando nas redes sociais. mãos, está longe do volante. Os jovens, que
tendem a ter comportamentos mais impul-
Se o fenômeno ocorre com os mais jovens – sivos, correm maior risco de acidentes.
em teoria, mais bem adaptados a administrar
múltiplas tarefas ao mesmo tempo –, não é Como não é possível imaginar um mundo e
difícil imaginar que os mais velhos enfrentem uma escola em que os celulares e a internet
o mesmo tipo de problema em seu trabalho, não sejam onipresentes, é importante discu-
quando pulverizam sua atenção em estímu- tir com os jovens o momento mais adequado
los vindos do celular e dos computadores. Os e seguro para usar essas tecnologias. Que tal
resultados desse trabalho da Universidade desligar o aparelho e prestar um pouco mais
de Michigan sugerem que as atividades ex- de atenção à aula e ao trânsito?
tremamente envolventes da internet podem

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


90
Anexo B - Questões para os grupos

1. Após ler o texto, de acordo com o grupo ao qual você pertence, discuta as questões que
seguem abaixo:

Questões para o grupo dos executores

a) Que prejuízos o excesso de uso da tecnologia pode causar para uma pessoa?
b) Que consequências o excesso de uso da tecnologia pode trazer para a conse-
cução do Projeto de Vida?
c) Como é possível manter-se conectado ao mundo por meio da tecnologia sem
exagerar no uso ou criar um vício que comprometa escolhas importantes
na vida?

Questões para o grupo dos observadores

1. Após ler o texto, observe a discussão entre os participantes do grupo dos executores e
discuta com seu grupo. Para isso, veja também se você e seus colegas concordam com
as respostas dadas pelo grupo dos executores de acordo com as questões abaixo. Caso
achem necessário, podem acrescentar outras questões para discutir.

a) Que prejuízos o excesso de uso da tecnologia pode causar para uma pessoa?
b) Que consequências e/ou prejuízos o excesso de uso da tecnologia pode trazer
para a consecução do Projeto de Vida?
c) Como é possível manter-se conectado ao mundo por meio da tecnologia sem
exagerar no uso ou criar um vício que comprometa escolhas importantes
na vida?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 91


Anexo C - Um grande sonho

1. Lembre-se do que você discutiu com os seus colegas de turma a respeito da necessidade
de se estabelecer critérios para que as escolhas sejam as melhores possíveis. Com base
nisso, responda o que é solicitado no quadro abaixo.
O que preciso decidir para
realizá-lo?
3

O que pode dificultar sua


realização?
2

O que me faz saber que quero


isso?
1

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


92
Referência Bibliográfica
SNYDERS, G. Alunos felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários.
São Paulo: Paz e Terra, 1993.

BOUER, J. Os perigos de estar sempre conectado. Época. 26 out 2016. Disponível em: icebrasil.org.br/
surl/?871f82. Acesso em setembro de 2020.

Referência Iconográfica
PIXABAY. [sala com portas]. 1 ilustração. 24 dez 2016. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?732aa0.
Acesso em setembro de 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?1d2459. Acesso em setembro de 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?a6d42f. Acesso em setembro de 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano 93


Aula 4
A vida é cheia de curvas, mas eu posso aprender
a dirigir

Se a vida fosse um caminho reto, sem surpresas e indecisões, não teria a menor graça.
Nasceríamos, cresceríamos e morreríamos apenas andando para frente, em um processo
direto do começo ao fim, sem curvas ou imprevistos.

Mas, seguramente, ela não é assim. É estar o tempo todo se defrontando com o inesperado,
o imponderável. Às vezes, é possível seguir em frente; outras vezes, é necessário retornar ou
tomar novos rumos, principalmente quando se sente a insegurança acompanhando os passos.

Entretanto, há situações em que a tomada de decisões pode ser guiada por critérios que são
racionalmente admitidos, no sentido de ponderar as consequências, os ganhos e as perdas
decorrentes das escolhas. Ao saber que amanhã fará frio e se as baixas temperaturas inco-
modam, pode-se decidir levar um agasalho, por exemplo. Ou, ao saber que a alimentação é
um aspecto importante para a qualidade de vida, pode-se decidir por um suco natural, no
lugar de um refrigerante.

O modo como essas pequenas decisões são pensadas pode ser a referência para aquelas
muito mais determinantes no Projeto de Vida. É preciso considerar o que, de fato, se quer

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


104
e quais as ações que aproximarão da realização dos sonhos. Evidente que toda escolha
encerra ganhos e perdas. Quando se decide estudar, porque se pretende determinada car-
reira como Projeto de Vida, em vez de assistir à TV ou ficar no celular, ganha-se a condição
de preparo para o que se pretende e perde-se, nesse momento, o prazer de ficar relaxado
ou de se comunicar com os amigos pela internet. Mas essa condição é temporária, caso se
consiga equilibrar o tempo para priorizar diferentes coisas em diferentes momentos.

E isso é tomar as rédeas, é aprender a dirigir a vida, incluindo nela os sonhos, aquilo que é
preciso fazer para realizá-los, a diversão, o prazer, as amizades... Quase tudo cabe, se houver
consciência e planejamento e a capacidade de compreender que há um tempo para tudo.
Para isso, é preciso desenvolver uma qualidade muito importante chamada temperança, ou
seja, o domínio sobre si próprio.

Objetivo Geral
• Aprimorar a capacidade de tomar decisões.

Materiais Necessários
• Cópias da ilustração Escolhas – Anexo A - 1 por estudante.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

1º Momento: Escolha de uma imagem ou


palavra definida na aula Quando é o futuro?,
para ponderar o que devem fazer e o que de- 50 minutos
Atividade: vem deixar de lado na busca de seus sonhos.
O futuro começa Trocas de ideias entre duplas e grupos.
hoje.
2º Momento: Registro de palavras que
representem ganhos na direção à realização 45 minutos
do Projeto de Vida.

Avaliação. Observação do professor. 5 minutos

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 105
Orientações para as atividades

ATIVIDADE: O FUTURO COMEÇA HOJE

Objetivos

• Tomar consciência da progressiva necessidade de decidir sobre os próprios


caminhos;
• Ponderar sobre as escolhas, suas consequências, os ganhos e as perdas.

Desenvolvimento

1º Momento

Em Roda de Conversa, os estudantes discutirão sobre como veem a necessidade progressiva


de tomarem decisões que os encaminhem para a realização dos sonhos projetados para suas
vidas. É fácil tomar decisões? O que implica cada decisão tomada (consequências, ganhos,
perdas)? O que pode ajudar a tomar as decisões mais acertadas?

Em seguida, individualmente, retomarão as imagens ou palavras que colaram na ponte


elaborada na aula Quando é o futuro?, escolhendo uma representação dentre elas, consi-
derada a mais importante para o alcance de seus sonhos.

No Anexo A, Escolhas, vão desenhar figuras ou cenas que representam cada aspecto
solicitado: o que quero, o que preciso fazer, o que devo deixar de lado, no momento, para
chegar aonde quero.

Ao terminarem a tarefa, em duplas, cada estudante expõe sua produção ao colega, trocando
ideias sobre o que os dois registraram em cada aspecto determinado na folha.

Em seguida, cada dupla se juntará a mais uma dupla, com o mesmo propósito: trocar ideias
sobre suas produções.

2º Momento

Em Roda de Conversa, os estudantes exporão o que discutiram no momento em que as


duas duplas se encontraram, com o objetivo de encontrar pontos comuns e diferenças entre
suas ideias, sempre com foco em o que querem, o que precisam fazer e o que devem deixar
de lado para chegarem aonde pretendem. Importante que possam expor os sentimentos
quanto ao prazer de poderem vislumbrar o alcance de seus sonhos, como também quanto
ao que deverão deixar de lado, o peso que cada decisão tem em suas vidas.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


106
Ao final da Roda de Conversa, individualmente, os estudantes pensarão em uma palavra
que represente os sentimentos de ganho, nas escolhas que fizeram durante a atividade. Em
seguida, cada um escreve, na lousa ou em um painel, a palavra escolhida. Todos lerão, em
voz alta, as palavras escritas.

Avaliação

Os dois momentos da aula solicitam ações diferentes, mas complementares. No primeiro


momento, a observação do professor deve estar voltada para a retomada do que foi feito
na aula Quando é o futuro. Lembram-se do que registraram? As ideias permanecem as
mesmas? Essa observação é importante para que se tenha noção da continuidade ou
descontinuidade dos sonhos, o que evidencia se encontraram o que querem fazer ou se
estão em busca, o que é perfeitamente plausível no processo de construção do Projeto
de Vida.

Ainda no primeiro momento, os estudantes deverão esboçar o que precisam fazer e o que
devem deixar de lado para conseguirem o que pretendem. O foco da observação deverá
ser, então, a consciência que têm sobre essas decisões: definem os dois aspectos com
segurança? Demonstram dúvidas? Estão dispostos a abrir mão do que consideram que
devem deixar de lado?

Nas duplas e nos quartetos, é importante que o professor observe como ocorre a interação,
se trocam ideias de maneira clara, se se dispõem a explicar suas anotações aos outros,
se manifestam concordância ou discordância ou se expressam ampliar suas escolhas ao
escutar as apresentações dos colegas.

No segundo momento da aula, as mesmas observações devem ser feitas, agora com todo o
grupo. Espera-se que, ao final, as palavras escolhidas para serem escritas na lousa manifestem
sentimentos positivos, tais como otimismo, força interior, dedicação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 107
Na estante

VALE A PENA LER

Livro: Diário do Outro


Autor: Ronald Claver
Editora: Atual
Ano: 2004
Número de páginas: 103
Carlos, o protagonista do livro, já adulto recebe de seu irmão os
bilhetinhos e as memórias que escrevia em seu diário. Relembra
seus sentimentos de adolescente, inclusive a descoberta de seu amor por Carol, entre
outros fatos marcantes de sua vida nessa época.

A trama se desenrola nos momentos iniciais da Ditadura Militar, em 1964. Misturando a


história do país com os acontecimentos da adolescência de Carlos, o Diário do Outro traz
os conflitos próprios da adolescência.

VALE A PENA ASSISTIR

Filme: Lion, uma jornada para casa


Direção: Garth Davis
País de origem: Austrália/EUA/Grã-Bretanha
Ano: 2016
Duração: 118 minutos
Lion é um belíssimo filme, baseado na história real de um menino
indiano que, ao acompanhar o irmão em seu trabalho de catador de
carvão, perde-se numa estação de trem. Nas diversas tentativas de reencontrar a mãe e o
irmão, é adotado por uma família australiana, assim como outra criança indiana.

O filme relata as escolhas de Lion, promovidas por sua família adotiva, até que a vontade de
reencontrar a família o leva a deixar suas conquistas para trás e sair à procura desesperada
de suas memórias.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


108
Paralelamente, o filme mostra as escolhas erradas do irmão adotivo de Lion, que lhe trazem
consequências negativas.

Texto de apoio ao professor

A LUTA PELO SIGNIFICADO

Bruno Bettelheim

Se esperamos viver não só cada momento, mas ter verdadeira consciência de nossa exis-
tência, nossa maior necessidade e mais difícil realização será encontrar um significado
em nossas vidas. É bem sabido que muitos perderam o desejo de viver, e pararam de
tentá-lo, porque tal significado lhe escapou. Uma compreensão do significado da própria
vida não é subitamente adquirida numa certa idade, nem mesmo quando se alcança a
maturidade cronológica. Ao contrário, a aquisição de uma compreensão segura do que
o significado da própria vida pode ou deveria ser é o que constitui a maturidade psico-
lógica. E esta realização é o resultado final de um longo desenvolvimento: a cada idade
buscamos e devemos ser capazes de achar alguma quantidade módica de significado
congruente com o “quanto” nossa mente e compreensão já se desenvolveram.

Ao contrário do que diz o mito antigo, a sabedoria não irrompe integralmente desenvolvi-
da como Atenas saindo da cabeça de Zeus; é construída por pequenos passos a partir do
começo mais irracional. Apenas na idade adulta podemos obter uma compreensão inte-
ligente do significado da própria existência neste mundo a partir da própria experiência
nele vivida. Infelizmente, muitos pais querem que as mentes dos filhos funcionem como as
suas – como se uma compreensão madura sobre nós mesmos e o mundo, e nossas ideias
sobre o significado da vida não tivessem que se desenvolver tão lentamente quanto nossos
corpos e mentes.

Hoje, como no passado, a tarefa mais importante e também mais difícil na criação de uma
criança é ajudá-la a encontrar significado na vida. Muitas experiências são necessárias para
se chegar a isso. A criança, à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se
entender melhor: com isto, torna-se mais capaz de entender os outros, e, eventualmente
pode-se relacionar com eles de forma mutuamente satisfatória e significativa.

Para encontrar um significado mais profundo, devemos ser capazes de transcender os li-
mites estreitos de uma existência autocentrada e acreditar que daremos uma contribuição
significativa para a vida – senão imediatamente agora, pelo menos em algum tempo futuro.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 109
Este sentimento é necessário para uma pessoa estar satisfeita consigo mesma e com o
que está fazendo. Para não ficar à mercê dos acasos da vida, devemos desenvolver nossos
recursos interiores, de modo que nossas emoções, imaginação e intelecto se ajudem e se
enriqueçam mutuamente. Nossos sentimentos positivos dão-nos força para desenvolver
nossa racionalidade; só a esperança no futuro pode sustentar-nos nas adversidades que
encontramos inevitavelmente.

[...]

Referência Bibliográfica
BETTELHEIM, B. Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 11-12 p.

Referência Iconográfica
PLENIO, J. [woman walking on the rail road]. 1 fotografia. 5 jun 2017. Disponível em: icebrasil.org.br/
surl/?46dcc5. Acesso em: set 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?d0ca71. Acesso em: set 2020.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?006536. Acesso em: set 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano


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Anexo A - Escolhas

O que quero

O que é preciso
deixar de lado

O que preciso fazer

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental •9º ano 111
Atenção, Professor.
Você chegou ao fim do Caderno provisório de Aulas de Projeto de Vida. Ele deve ter atendido o seu
planejamento enquanto aguarda o envio do Caderno de Aulas de Projeto de Vida em sua versão
completa e definitiva a ser encaminhado pela Secretaria de Educação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Anos finais do Ensino Fundamental • 9º ano

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